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CONTABILIDADE BÁSICA Fabiana Tramontin Bonho Notas explicativas Objetivos de aprendizagem Ao final deste texto, você deve apresentar os seguintes aprendizados: Esclarecer o que são notas explicativas. Explicar como eram as notas antes das Normas Internacionais de Contabilidade. Estabelecer como são as notas explicativas conforme a NTG 1.000 (R1) para pequenas e médias empresas. Introdução As demonstrações contábeis devem ser preparadas e apresentadas de acordo com normas de órgãos regulamentadores, a fim de servirem com qualidade a todos os usuários. Assim, buscando resolver o desafio entre qualidade e quantidade de informações, as notas explicativas surgiram como complemento necessário dessas demonstrações. Neste capítulo, você vai estudar o conceito de notas explicativas, vai verificar como eram antes das Normas Internacionais de Contabilidade e vai explicar seu uso na contabilidade das pequenas e médias empresas (PMEs), conforme a NTG 1.000 (R1). O que são notas explicativas As notas explicativas oferecem informações complementares àquelas apresen- tadas no balanço patrimonial e nas demonstrações de resultado, de resultado abrangente, de lucros ou prejuízos acumulados (se apresentada), de mutações do patrimônio líquido e de fl uxos de caixa. Fornecem descrições narrativas e detalhes de itens apresentados nessas demonstrações, versando sobre situações não suficientemente evidenciadas ou esclarecidas. A função deste complemento é oferecer informações que esclareçam dúvidas quanto às operações que da empresa durante o ano. Marion (2006) diz que as notas explicativas são uma das formas de eviden- ciação ou disclosure e trazem informações complementares com o objetivo de enriquecer os relatórios e evitar que eles se tornem enganosos. Almeida (2005), afirma que as notas explicativas constituem informações para que os leitores tenham perfeito entendimento sobre as demonstrações contábeis. Neves e Viceconti (2006, p. 384) reforçam esse caráter complementar e esclarecedor ao estabelecer que “[...] as notas explicativas (NE) complemen- tam as demonstrações financeiras, esclarecendo os métodos e os critérios utilizados para avaliação do patrimônio e os elementos que contribuíram para a formação do resultado”. Bruni e Famá (2006, p. 142) esclarecem: As notas explicativas correspondem a um complemento das demonstrações contábeis, que, geralmente, detalham as informações contidas nesses relatórios de forma a esclarecer a situação patrimonial e dos resultados do exercício. Podem ser expressas sob a forma descritiva ou sob a forma de quadros analíticos. Podem, também, englobar outras demonstrações contábeis, caso sejam necessárias para um melhor esclarecimento das demonstrações financeiras. As notas explicativas também podem ser empregadas para descrever práticas contábeis empregadas pela empresa, fornecer explicações adicionais sobre determinadas contas ou operações específicas e, também, destacar a composição e os detalhes de certas contas. Assim, o objetivo principal das notas explicativas é apresentar informa- ções que, geralmente por conta de sua natureza não quantitativa, o corpo da demonstração não consegue expressar. Outro aspecto importante a ser consi- derado na formação desse conceito é que elas servem também para expandir as informações sobre fatos ocorridos que, de alguma forma, impactaram ou podem impactar na avaliação da companhia (MACHADO; NUNES, 2006). A melhor elaboração das notas explicativas é aquela que atinge o objetivo das demonstrações, ou seja, que, ao acrescentar informações relevantes e imperceptíveis quando apenas os números são examinados, contribui para a análise e avaliação de quem está apreciando os relatórios. A Resolução do CFC 1.185/09 — NBC TG 26 (R5), que trata da apresentação das demonstrações, faz menção à forma de estruturar as referidas notas explicativas e o que deve constar das mesmas. Assim, as notas explicativas devem oferecer informações sobre as bases de elaboração das demonstrações contábeis e das práticas utilizadas; divulgando as informações exigidas que não tenham sido apresentadas em outras partes do documento, mas sejam relevantes para compreendê-lo. Notas explicativas2 Apesar de não serem consideradas uma demonstração contábil, essas notas têm fundamental importância no conjunto da obra, pelo fato de trazerem à luz uma interpretação das informações contidas nas demonstrações. As notas explicativas devem ser apresentadas na seguinte ordem: 1. resumo das principais práticas contábeis utilizadas; 2. informações de auxílio aos itens apresentados nas demonstrações con- tábeis, na ordem em que cada uma é apresentada e na ordem em que cada conta aparece na demonstração; 3. quaisquer outras divulgações. Além disso, as empresas devem divulgar, no resumo das principais polí- ticas contábeis, a base de mensuração utilizada em sua elaboração e outras práticas que sejam relevantes para a compreensão do balanço. Também devem ser informados os critérios para julgamentos e estimativas empregados nas práticas da entidade e que tenham repercussão mais significativa sobre os valores reconhecidos nas demonstrações contábeis. Ainda, as notas explicativas devem informar sobre os principais pressu- postos frente ao futuro e a fontes importantes de incerteza das estimativas na data de divulgação, sempre que exista risco significativo de que provoquem modificação material nos valores contabilizados de ativos e passivos durante o próximo exercício financeiro. Também são necessárias informações que permitam aos usuários das demonstrações contábeis avaliarem seus objetivos, políticas e processos de gestão de capital. Assim, as entidades devem divulgar (na extensão em que isso não tiver sido feito em outro lugar no balanço): a) dados quantitativos resumidos sobre os valores classificados no patrimônio líquido; b) objetivos, políticas e processos de gerenciamento de sua obrigação de recompra ou resgate dos instrumentos quando requeridas a fazê-lo pelos detentores desses instrumentos, incluindo quaisquer alterações em relação a período anterior; c) fluxo de caixa de saída esperado na recompra ou no resgate dessa classe de instrumentos financeiros; d) informação sobre como esse fluxo de caixa foi determinado. 3Notas explicativas Com as notas explicativas, compõe-se o conjunto das demonstrações con- tábeis, que devem ser elaboradas em comprimento às exigências das Normas Brasileiras de Contabilidade. Outras divulgações em notas explicativas, conforme a resolução do CFC 1.185/09 — NBC TG 26 (R5) (CONSELHO FEDERAL DE CONTABILIDADE, 2017, documento on- line): 137. A entidade deve divulgar nas notas explicativas: (a) o montante de dividendos propostos ou declarados antes da data em que as demonstrações contábeis foram autorizadas para serem emitidas e não reconhecido como uma distribuição aos proprietários durante o período abrangido pelas demonstrações contábeis, bem como o respectivo valor por ação ou equivalente; (b) a quantia de qualquer dividendo preferencial cumulativo não re- conhecido. 138. A entidade deve divulgar, caso não for divulgado em outro local entre as informações publicadas com as demonstrações contábeis, as seguintes informações: (a) o domicílio e a forma jurídica da entidade, o seu país de registro e o endereço da sede registrada (ou o local principal dos negócios, se diferente da sede registrada); (b) a descrição da natureza das operações da entidade e das suas prin- cipais atividades; (c) o nome da entidade controladora e a entidade controladora do grupo em última instância; (d) se uma entidade constituída por tempo determinado, informação a respeito do tempo de duração. Notas explicativas e normas internacionais de contabilidade O setor público não possui obrigatoriedade na elaboração de notas explicativas. Em 2000, foi promulgada a Lei de Responsabilidade Fiscal – (LRF) (LC 101) que reforçou a necessidade de reconhecimento da despesa porcompetência (art. 50, II). No tocante às notas explicativas, somente as previu para os balanços Notas explicativas4 trimestrais do Banco Central do Brasil. A falta de exigência de notas explicativas nas principais leis que regem a contabilidade aplicada ao setor público desmotivou sua elaboração por parte dos contadores que atuavam nessa área. Em 2008, o Conselho Federal de Contabilidade - (CFC) emitiu as primeiras normas brasileiras de contabilidade aplicadas ao setor público, e, em 2016 as atualizou. Essas normas, que foram emitidas em contexto de alinhamento às IPSAS (normas internacionais de contabilidade aplicadas ao setor público), preencheram uma lacuna que existia na legislação do CFC e passaram a exigir a elaboração de notas explicativas nas demonstrações contábeis públicas. Portanto, desde a vigência da NBC T 16.6 (R1), os profissionais da contabilidade do setor público devem apresentar as notas explicativas como parte integrante das demonstrações contábeis. É mais antiga esta exigência para os profissionais que atuam no setor privado, pois a lei societária (Lei Federal nº. 6.404/76) prevê expressamente notas explicativas para essas demonstrações contábeis, em seu artigo 176. Art. 176 da Lei Federal nº. 6.404/76 (BRASIL, 1976, documento on-line): § 4º As demonstrações serão complementadas por notas explicativas e outros quadros analíticos ou demonstrações contábeis necessários para esclarecimento da situação patrimonial e dos resultados do exercício. § 5º As notas explicativas devem: (Redação dada pela Lei nº 11.941, de 2009) I — apresentar informações sobre a base de preparação das demonstrações financeiras e das práticas contábeis específicas selecionadas e aplicadas para negócios e eventos significativos; (Incluído pela Lei nº 11.941, de 2009) II — divulgar as informações exigidas pelas práticas contábeis adota- das no Brasil que não estejam apresentadas em nenhuma outra parte das demonstrações financeiras; (Incluído pela Lei nº 11.941, de 2009) III — fornecer informações adicionais não indicadas nas próprias demonstrações financeiras e consideradas necessárias para uma apre- sentação adequada; e (Incluído pela Lei nº 11.941, de 2009) IV — indicar: (Incluído pela Lei nº 11.941, de 2009) a) os principais critérios de avaliação dos elementos patrimoniais, especialmente estoques, dos cálculos de depreciação, amortização e exaustão, de constituição de provisões para encargos ou riscos, e dos ajustes para atender a perdas prováveis na realização de elementos do ativo; (Incluído pela Lei nº 11.941, de 2009) 5Notas explicativas A CVM — Comissão de Valores Mobiliários, a fim de orientar as empre- sas de capital aberto ou que possuem títulos negociados na bolsa de valores, também se manifestou sobre a importância das notas explicativas ao emitir o OFIC-CIRC 309/86, que reza o seguinte: Sendo a evidenciação (disclosure) um dos objetivos básicos da Contabi- lidade, de modo a garantir aos usuários informações completas e confi- áveis sobre a situação financeira e os resultados da companhia, as notas explicativas que integram as demonstrações financeiras devem apresentar informações quantitativas de maneira ordenada e clara. As notas explica- tivas deverão discriminar, com clareza e objetividade, os esclarecimentos necessários ao correto entendimento do conteúdo das demonstrações fi- nanceiras, a partir dos itens previstos no § 5º do art. 176 da Lei nº 6.404/76. Todas as responsabilidades não ref letidas nas demonstrações financeiras serão evidenciadas em notas ou em quadros demonstrativos. Os quadros demonstrativos deverão ser utilizados para discriminar investimentos rele- vantes, arrendamento mercantil, garantias, empréstimos e financiamentos e outras informações em que haja predominância do aspecto quantitativo. (COMISSÃO DE VALORES MOBILIÁRIOS, 1986, documento on-line). Neves e Viceconti (2006, p. 609) elucidam o conteúdo mínimo das notas explicativas exigido pela CVM — Comissão de Valores Mobiliários, destacando, a identificação das subsidi-árias; informações sobre o patrimônio b) os investimentos em outras sociedades, quando relevantes (art. 247, parágrafo único); (Incluído pela Lei nº 11.941, de 2009) c) o aumento de valor de elementos do ativo resultante de novas avalia- ções (art. 182, § 3o ); (Incluído pela Lei nº 11.941, de 2009) d) os ônus reais constituídos sobre elementos do ativo, as garantias pres- tadas a terceiros e outras responsabilidades eventuais ou contingentes; (Incluído pela Lei nº 11.941, de 2009) e) a taxa de juros, as datas de vencimento e as garantias das obrigações a longo prazo; (Incluído pela Lei nº 11.941, de 2009) f) o número, espécies e classes das ações do capital social; (Incluído pela Lei nº 11.941, de 2009) g) as opções de compra de ações outorgadas e exercidas no exercício; (Incluído pela Lei nº 11.941, de 2009) h) os ajustes de exercícios anteriores (art. 186, § 1º); e (Incluído pela Lei nº 11.941, de 2009) i) os eventos subsequentes à data de encerramento do exercício que te- nham, ou possam vir a ter, efeito relevante sobre a situação financeira e os resultados futuros da companhia. (Incluído pela Lei nº 11.941, de 2009). Notas explicativas6 líquido; lucro ou prejuízo líquido das empresas do grupo; créditos e obrigações envolvendo investidoras, coligadas e controladas; dentre outras informações relevantes para que o usuário da informação contábil tenha uma visão ampla dos negócios existentes entre empresas de um mesmo grupo econômico. Com o advento das Leis nº. 11.638/07 e 11.941/09, as notas explicativas passaram a ter maior importância para o conjunto de demonstrações con-tábeis, devido à convergência das normas brasileiras de contabilidade com os padrões internacionais do IFRS, em que se contempla a contabilidade societária. São importantes principalmente para os usuários externos da con-tabilidade (bancos, acionistas, investidores, etc.) que não tem conhecimento das operações da empresa em dado período. Nessa época, o CPC (Comitê de Pronunciamentos Contábeis) passou a emitir os seus pronunciamentos, também orientando as companhias a divulgar, em notas explicativas, as in-formações que completam as demonstrações contábeis, gerando informações adicionais de suma importância. Assim, atualmente, as informações contábeis devem ser plenamente desenvolvidas conforme os padrões contábeis aceitos internacionalmente, os denominados IFRS (Internacional Financial Reporting Standards) no sentido de que se tenha o mínimo de divergências futuras, num processo que busca a conciliação dos sistemas contábeis dos diversos países (FRATTI; NAIDON, 2011). O processo de convergência das normas internacionais de contabilidade tem o envolvimento de diversos organismos em nível mundial, como o IASB (International Accounting Standards Board) órgão responsável pela intro-dução das IFRS, relatórios financeiros que objetivam a comparabilidade das informações contábeis produzidas pelas empresas situadas em países distintos, permitindo a compreensão e interpretação dos dados gerados por entidades de diferentes economias e tradições (NIYAMA, 2010). Conforme Hungarato et al. (2004), com a internacionalização da contabili-dade, tendem a minimizar-se as diferenças entre as demonstrações contábeis pelas empresas em todos os países que adotaram essas normas, principalmente as companhias estrangeiras que investem no Brasil e agora podem adotar uma única visão da contabilidade, aplicada aqui e em seu país de origem. 7Notas explicativas Notas explicativas para pequenas e médias empresas As pequenas e médias empresas (PMEs) aderiram às IFRS após o CPC aprovar e o Conselho Federal de Contabilidade homologar a resolução nº. 1.255/09, aprovada pela NBC TG 1000 (CONSELHO FEDERAL DE CONTABILIDADE, 2009). Assim, o CPC emitiu a norma para PMEs em separado, para aplicação às demonstrações contábeis para fins gerais de empresas de pequeno e médio porte, conjunto composto por sociedades fechadase sociedades às quais não sejam requeridas prestações públicas de suas contas (COMITÊ DE PRO- NUNCIAMENTOS CONTÁBEIS, 2009). Atualmente a contabilidade brasileira passa por um processo de convergência às normas internacionais de contabilidade. Nesse sentido, o CFC editou, entre outras tantas, a Resolução nº. 1.255/09, aprovando a NBC TG 1.000 (R1) - Contabilidade para Pequenas e Médias Empresas. Em seu item 3.17, temos a identificação do conjunto completo das demonstrações contábeis que essas entidades devem elaborar, contemplando, na letra “f”, a inclusão das notas explicativas. Os itens 8.1 e seguintes dispõem sobre a sua estruturação: O item 8.1, da NTG 1000 (R1), dispõe sobre os princípios subjacentes às informações nas notas explicativas e como apresentá-las. As notas devem conter informa-ções adicionais àquelas apresentadas no balanço patrimonial, na demonstração do resultado, na demonstração do resultado abrangente, na demonstração dos lucros ou prejuízos acumulados (se apresentada), na demonstração das mutações do patrimônio líquido e na demonstração dos fluxos de caixa. Além disso, devem fornecer descrições narrativas e detalhes sobre itens que não se qualificam para reconhecimento nessas demonstrações. A norma refere, ainda, que, além das exigências desta seção, quase todas as outras seções exigem divulgações que são normalmente contempladas pelas notas explicativas. Estrutura das notas explicativas Segundo o item 8.2, as notas explicativas devem: (a) apresentar informações acerca das bases de elaboração das demonstrações contábeis e das práticas contábeis específicas utilizadas, de acordo com os itens 8.5 a 8.7; (b) divulgar as informações exigidas por esta norma que não tenham sido apresentadas em outras partes das demonstrações contábeis; e (c) prover informações que não tenham sido apresentadas em outras partes das demonstrações contábeis, mas que sejam relevantes para sua compreensão. Notas explicativas8 Dispõe o item 8.3, que a entidade deve, tanto quanto seja praticável, apre- sentar as notas explicativas de forma sistemática. Deve, ainda, indicar em cada item das demonstrações contábeis, a referência com a respectiva informação nas notas explicativas. No item 8.4, a norma faz referência à ordem que em que a entidade nor- malmente deve apresentar as notas explicativas: (a) declaração de que as demonstrações contábeis foram elaboradas em con- formidade com esta norma (ver item 3.3); (b) resumo das principais práticas contábeis utilizadas (ver item 8.5); (c) informações de auxílio aos itens apresentados nas demonstrações contá- beis, na ordem em que cada demonstração é apresentada e na ordem em que cada conta é apresentada na demonstração; (d) quaisquer outras divulgações. Divulgação das práticas contábeis O item 8.5 estipula que a entidade deve divulgar no resumo as principais práticas contábeis: (a) a base de mensuração utilizada na elaboração das demonstrações contábeis; (b) as outras práticas contábeis utilizadas que sejam relevantes para a com- preensão das demonstrações contábeis. Informação sobre julgamento Segundo o item 8.6, a entidade deve divulgar, no resumo das principais práticas contábeis ou em outras notas explicativas, os julgamentos, separadamente daqueles envolvendo estimativas (ver item 8.7), que a administração utilizou no processo de aplicação das práticas contábeis da entidade e que exerçam efeito mais signifi cativo nos valores reconhecidos nas demonstrações contábeis. Informação sobre principais fontes de incerteza das estimativas A entidade deve divulgar, nas notas explicativas, conforme o item 8.7, infor- mações sobre os principais pressupostos relativos ao futuro e outras fontes importantes de incerteza das estimativas na data de divulgação, que ofereçam 9Notas explicativas risco signifi cativo de provocar modifi cação material nos valores contabilizados de ativos e passivos durante o próximo exercício fi nanceiro. Com respeito a esses ativos e passivos, as notas explicativas devem incluir detalhes sobre: sua natureza; seus valores contabilizados ao final do período de divulgação. O Conselho Federal de Contabilidade (CFC) colocou recentemente em Audiência Pública a ITG 1.000 que trata do Modelo Contábil Simplificado para Microempresas e Empresas de Pequeno Porte. A ITG 1.000 visa desobrigar esse grupo de empresas da adoção da NBC TG .1000 (R1) — Contabilidade para PME (equivalente ao IFRS para PME). No entanto, menciona como demonstrações contábeis obrigatórias, além do balanço patrimonial e da demonstração do resultado do exercício, também as notas explicativas. Para as microempresas e empresas de pequeno porte, conforme a ITG 1.000, há algumas situações mínimas que precisam ser consideradas em notas explicativas, mas é recomendável que sejam atendidas outras situações relevantes para a correta interpretação da posição patrimonial da entidade. Assim, as notas explicativas devem incluir, no mínimo: declaração explícita e não reservada de conformidade com a ITG 1.000; descrição resumida das operações da entidade e suas principais atividades; referência às principais práticas contábeis adotadas na elaboração das demons- trações contábeis; descrição resumida das políticas contábeis significativas utilizadas pela entidade; descrição resumida das contingências passivas, quando houver; qualquer outra informação relevante para a adequada compreensão das demons- trações contábeis. Fonte: Zafra (2017); Conselho Federal de Contabilidade (2012, documento on-line). Assim, com base nos textos legais mencionados e de acordo com os novos entendimentos do próprio CFC, podemos afirmar que, desde a implantação do IFRS no Brasil, não existem mais demonstrações contábeis que não devam ser complementadas por notas explicativas. Essas passam a ser de elaboração obrigatória para todas as entidades, independentemente de porte, atividade ou forma de tributação. Notas explicativas10 O item 39 da ITG 1.000 estabelece a divulgação mínima de informações que a microempresa e a empresa de pequeno porte devem fazer por meio de notas explicativas, relacionando aquelas que, em geral, devem ser evidenciadas juntamente com as demonstrações contábeis anuais. ALMEIDA, M. C. Curso básico de contabilidade. 5. ed. São Paulo: Atlas, 2005. BRASIL. Lei nº. 6.404, de 15 de dezembro de 1976. Diário Oficial [da] República Federativa do Brasil, Brasília, DF, 17 dez. 1976. BRUNI, A. L.; FAMÁ, R. A contabilidade empresarial: com aplicações na HP 12C e Excel. São Paulo: Atlas, 2006. COMISSÃO DE VALORES MOBILIÁRIOS. Ofício-Circular/CVM/PTE/nº 309/86 de 17.12.86. Disponível em: <http://sistemas.cvm.gov.br/port/atos/oficios/OF_CIRC_CVM_PTE_309. asp>. Acesso em: 16 dez. 2018. COMITÊ DE PRONUNCIAMENTOS CONTÁBEIS. 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