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CONTABILIDADE
Daiane Lolatto
Introdução à contabilidade
Objetivos de aprendizagem
Ao final deste texto, você deve apresentar os seguintes aprendizados:
 � Reconhecer a origem e a evolução do pensamento contábil.
 � Definir os conceitos da contabilidade e seus objetivos.
 � Identificar o papel da contabilidade na gestão empresarial.
Introdução
A origem da contabilidade data de antes mesmo da civilização de forma 
rústica. Com o desenvolvimento das atividades comerciais, a ciência 
contábil também evoluiu, tornando-se fundamental para a sobrevivência 
das empresas.
A contabilidade é uma ciência social cujo objetivo é controlar as 
variações patrimoniais da entidade, fornecendo informações essen-
ciais para a tomada de decisões. Essas informações são registradas por 
meio de relatórios contábeis, que atendem aos usuários de forma geral. 
Os usuários são pessoas que possuem algum interesse econômico-finan-
ceiro na empresa, sendo classificados em usuários internos e externos. 
Os gestores, como usuários internos da informação contábil, utilizam as 
informações patrimoniais na gestão empresarial, a fim de obter melhores 
resultados econômico-financeiros. 
Neste capítulo, você conhecerá a origem e a evolução do pensamento 
contábil, bem como a definição e os objetivos da contabilidade. Além 
disso, verá a importância dessa ciência na gestão empresarial.
1 Origem e evolução da contabilidade
A contabilidade surgiu antes mesmo da civilização. Na Antiguidade, a ciência con-
tábil era realizada de forma rústica pelo homem, pois não se conhecia os números 
e a escrita. A preocupação com o patrimônio foi uma das primeiras evidências da 
contabilidade, evidências estas que podem ser notadas quando o homem deixa a 
caça e a pesca e começa a desenvolver a atividade agrícola e do pastoreio.
O homem sabia quando o inverno estava chegando porque as folhas das 
árvores ficavam amarelas e caíam. O inverno era rigoroso, e o preparo para o 
sustento das ovelhas era imprescindível. Então, antes de cair a primeira neve, 
o homem recolhia o seu rebanho em um aprisco, para protegê-lo do frio. Era 
um período ocioso. Enquanto esperava o inverno passar, ele questionava-se se 
o rebanho havia crescido. Assim, o homem teve a ideia de contar e registrar 
o rebanho por meio de pedras: para cada cabeça de ovelha, era separada uma 
pedra. Esse registro era denominado contabilidade de inventário.
Com o inventário, o homem poderia saber se o rebanho havia crescido. 
Então, antes de se iniciar o próximo inverno, o homem começou a contar as 
ovelhas e tudo o que havia produzido, marcando a quantidade com uma pedra. 
Após o fim do inverno, ele realizava novamente a contagem, e o processo se 
repetia. Logo, a contabilidade era, e ainda é, utilizada para controlar a riqueza 
do homem e avaliar os seus aumentos e as diminuições. O Quadro 1, a seguir, 
demonstra como o processo de contabilidade de inventário acontecia.
Fonte: Adaptado de Iudícibus, Marion e Faria (2017).
Controle patrimonial
Cada cabeça de ovelha é representada por um símbolo (pedra)
Primeiro inverno Segundo inverno
Comparação entre 
os invernos
 
Quadro 1. Inventário inicial
Introdução à contabilidade2
Conforme o Quadro 1, o inventário do rebanho no primeiro inverno foi 
menor do que no segundo inverno. Sendo assim, houve um resultado positivo 
de seis ovelhas, isto é, de doze ovelhas que havia no primeiro inverno, o ho-
mem passou a ter dezoito ovelhas no segundo inverno. O resultado positivo 
é chamado de lucro. O controle patrimonial também pode ser realizado de 
acordo com os bens de troca das ovelhas. Por exemplo, o pastor precisaria da 
produção de lã de três ovelhas para trocar por agasalhos, ou de quatro ovelhas 
para trocar por instrumentos de caça e pesca. O Quadro 2, a seguir, apresenta 
o inventário final com os bens de troca.
Fonte: Adaptado de Iudícibus, Marion e Faria (2017).
Primeiro 
inverno
Segundo 
inverno
Patrimônio adicional
Agasalhos
Instrumentos 
de caça e pesca
Estoque 
de lã
 
 
 
Primeiro 
inventário
Segundo 
inventário
Equivale a 
3 ovelhas
Equivale a 
4 ovelhas
Equivale a 
6 ovelhas
Total do rebanho = 
21 ovelhas
Resultado da operação do período = 
13 ovelhas
Total da riqueza à disposição do pastor = 34 ovelhas
Quadro 2. Inventário final
3Introdução à contabilidade
Dessa forma, o inventário das ovelhas poderia ser elaborado conforme o 
Quadro 3, a seguir.
Fonte: Adaptado de Iudícibus, Marion e Faria (2017).
Itens Inventário 1 Inventário 2
Rebanho de ovelhas 15 ovelhas 21 ovelhas
Agasalhos 3 ovelhas
Instrumentos de caça e pesca 4 ovelhas
Estoque de lã 6 ovelhas
Total 15 ovelhas 34 ovelhas
Quadro 3. Inventário das ovelhas
O total de itens que o pastor possui é de 34 ovelhas, pois os bens de troca 
compõem o seu inventário.
Todavia, essa forma rústica de controlar o patrimônio teve de ser aprimorada 
a partir do desenvolvimento das operações comerciais. Assim, as operações 
deixaram de ser de troca e foram substituídas pela compra e venda de merca-
dorias, além do fato de que nem todas as operações eram realizadas à vista. 
O papiro e o cálamo marcaram um novo momento na escrituração 
dos fatos. A primeira literatura relevante foi escrita por Frei Luca Pacioli, 
em 1494, considerado o pai da contabilidade. Embora não tenha sido o criador 
do método das partidas dobradas, foi ele quem o difundiu. A obra Summa de 
arithmetica, geometria, proportioni et proportionalità (em tradução literal, 
Coleção de conhecimentos de aritmética, geometria, proporção e proporcio-
nalidade), no capítulo Particulario de computies et Scripturis (em tradução 
literal, Contabilidade por partidas dobradas), apresenta a teoria contábil do 
débito e do crédito. Essa obra marcou o início do pensamento científico da 
contabilidade, representado por uma balança, ou seja, o saldo devedor será 
sempre igual ao sado credor. 
Introdução à contabilidade4
O método das partidas dobradas determina que, para cada débito, existe um crédito 
de igual valor, isto é, para cada origem de recursos, há uma aplicação. Dessa forma, a 
figura de uma balança representa esse equilíbrio: os bens e os direitos do lado esquerdo 
da balança sempre serão iguais às obrigações exigíveis e não exigíveis do lado direito.
Correntes de pensamento no século XIX e 
início do século XX
Desde o início do século XIX até o fim do século XX, surgiram grandes 
autores e doutrinas contábeis na Itália. Esses pensadores constituíram a escola 
europeia de contabilidade, que estava mais voltada a explicar os fenômenos 
relacionados à vida patrimonial das organizações, uma vez que não havia 
preocupação com o utilitarismo das informações geradas. Como consequência, 
com a ascensão econômica norte-americana, o mundo contábil direcionou a 
sua atenção para os Estados Unidos, onde surgia a escola norte-americana de 
contabilidade. Em virtude de ter um olhar mais prático sobre a contabilidade, 
a escola norte-americana assumiu o lugar da escola europeia.
Conforme Iudícibus, Marion e Faria (2017, p. 15), alguns dos motivos que 
levaram à queda da escola europeia foram: excessiva devoção à personalidade 
de grandes pensadores da contabilidade; foco na contabilidade teórica; mínima 
importância atribuída à auditoria; e desvalorização das principais faculdades.
A escola norte-americana, por sua vez, deu maior importância para os 
usuários da informação contábil, focou na contabilidade aplicada, maximizou 
a importância da auditoria e buscou a melhoria da qualidade das universidades 
(IUDÍCIBUS; MARION; FARIA, 2017, p. 15). Desde então, o pensamento 
contábil da escola norte-americana tem sido objeto de estudo.
Para saber mais sobre a história da contabilidade, leia o artigo “A contabilidade enquanto 
uma instituição moderna: reflexões e apontamentos sobre sua trajetória histórica”, 
de Rosaly Machado e Fabio Vizeu Ferreira.
5Introdução à contabilidade
Contabilidade no Brasil
O Brasil teve uma forte influência da escola europeia, em razão de sua colo-nização. Iudícibus (2015, p. 23) menciona que a primeira escola especializada 
no ensino da contabilidade, possivelmente, foi fundada em 1902, quando a 
Escola Politécnica de São Paulo incluiu a disciplina de Escrituração Mercantil 
em seu Curso Preliminar, porém não exatamente no curso de contabilidade. 
Foi somente em 1946 que a fundação da Faculdade de Ciências Econômicas 
e Administrativas da USP criou o Curso de Ciências Contábeis e Atuariais.
O Curso de Ciências Contábeis e Atuariais tinha como modelo de pes-
quisa contábil a escola norte-americana, a qual começou a ter influência no 
Brasil com a vinda de algumas firmas de auditoria e de grandes empresas que 
ofertavam treinamento em contabilidade. Dessa forma, a influência da escola 
europeia foi substituída pela escola norte-americana.
Entretanto, o escândalo da empresa Enron, em 2002, fez os processos 
de contabilidade e auditoria das empresas serem questionados, pois havia 
sinais de manipulação das informações contábeis e corrupção. Com o es-
cândalo, houve mudanças significativas no contexto das práticas contábeis. 
Por exemplo, foram criadas as International Financial Reporting Standards 
(IFRS), que introduziram as normas internacionais da contabilidade. No Brasil, 
a Lei nº. 6.404/76 foi alterada pelas Leis nº. 11.638/2007 e 11.941/2009, com 
as respectivas mudanças das normas internacionais.
Em 2007, com a globalização das empresas, houve a convergência às normas 
internacionais da contabilidade, traduzidas no Brasil pelo Comitê de Pronun-
ciamentos Contábeis (CPC). Essas normas trouxeram diversas vantagens, tais 
como: maior facilidade na comparação das informações contábeis com outros 
países, maior qualidade das informações e mais segurança aos investidores.
A contabilidade passou, e ainda passa, por constantes mudanças. Em 10 de dezem-
bro de 2019, o CPC 00 (R2) — Estrutura Conceitual para Relatório Financeiro — foi 
alterado, com o objetivo de auxiliar os usuários a obter uma melhor compreensão 
das informações contábeis.
Introdução à contabilidade6
2 Conceitos e finalidades da contabilidade
A contabilidade é uma ciência social que tem como objeto de estudo o pa-
trimônio das entidades, sejam elas pessoas físicas (indivíduos) ou jurídicas 
(empresas). É considerada uma ciência social aplicada, pois controla as mo-
dificações patrimoniais decorrentes de ações humanas e analisa os aspectos 
quanti e qualitativos da informação. Nesse sentido, o objetivo da contabilidade 
é controlar as variações patrimoniais, fornecendo informações econômico-
-financeiras indispensáveis para a tomada de decisões dos usuários. 
As informações são registradas por meio de relatórios contábeis, que 
atendem aos usuários de forma geral. Entretanto, os usuários podem solicitar 
informações adicionais para atender a seus próprios interesses. Por exemplo, 
os bancos podem solicitar a relação de faturamento dos últimos 12 meses 
para saber se a empresa terá condições de cumprir com suas obrigações. 
No entanto, essas exigências não devem influenciar as demonstrações contá-
beis, que, obrigatoriamente, devem obedecer às normas vigentes. Mas quem 
são os usuários?
Os usuários são pessoas que possuem algum interesse econômico-finan-
ceiro na empresa, podendo ser classificados em usuários internos e externos. 
A distinção entre esses dois grupos de usuários está na relação que eles possuem 
com a empresa. Enquanto os usuários internos estão diretamente relacionados 
às atividades operacionais da empresa, os usuários externos se interessam 
pelos dados contábeis, sem se envolver nos processos da empresa. Portanto, 
os usuários internos necessitam de informações gerenciais, ao passo que os 
usuários externos precisam de informações financeiras.
A Figura 1, a seguir, apresenta alguns dos usuários da informação contábil.
7Introdução à contabilidade
Figura 1. Usuários da informação contábil.
Considerando-se que os usuários internos são aqueles de dentro da em-
presa, eles podem ser contadores, investidores, proprietários ou empregados. 
Já os usuários externos são credores por empréstimos, fornecedores e outros 
credores comerciais, clientes, governo e sociedade.
Os contadores são responsáveis por produzir a informação contábil e 
auxiliar os administradores na gestão e na elaboração do planejamento futuro 
da empresa. Assim, eles devem ter acesso a todas as informações que geraram 
alterações no patrimônio, para que sejam capazes de auxiliar nesse processo.
Os investidores são aqueles que realizam aportes de capital na empresa, 
ou seja, são sócios/acionistas ou proprietários das organizações. O interesse 
dos investidores compreende o resultado econômico-financeiro da empresa, 
pois, se o resultado for positivo, haverá retorno sobre o valor investido. 
A informação para esses usuários é de cunho gerencial.
Os empregados também possuem interesse na informação contábil, visto 
que seu emprego depende do andamento do negócio. Outro motivo importante 
para eles acompanharem as demonstrações contábeis é que a participação nos 
lucros depende do resultado da empresa. Por exemplo, imagine que você está 
trabalhando em uma empresa que vem apurando prejuízos ao longo de três anos 
e, nas reuniões, os gestores informam a necessidade de contenção de gastos. 
Introdução à contabilidade8
Qual seria a sua percepção? Inicialmente, o resultado negativo apurado durante 
três anos e a restrição de gastos causaria certa insegurança em relação à sua 
continuidade na empresa. No entanto, as demonstrações contábeis devem ser 
apreciadas para uma melhor conclusão. Caso a descontinuidade do negócio se 
confirme, o mais indicado seria procurar um novo trabalho imediatamente. 
Assim, é possível compreender a relevância da análise das demonstrações 
contábeis na atuação profissional.
Em geral, os credores por empréstimos (bancos) fazem parte dos negó-
cios das empresas, pois concedem recursos, quando solicitado. A análise do 
crédito a ser fornecida pelos credores por empréstimos é fundamentada nas 
demonstrações contábeis, uma vez que eles precisam saber se a empresa terá 
dinheiro para honrar com suas obrigações. 
Outro importante usuário que está presente nas atividades das empresas 
são os fornecedores ou credores comerciais, os quais fornecem bens a outras 
empresas com condições de pagamento a prazo. Dessa forma, os fornecedores 
precisam verificar se a empresa terá condições de pagar as duplicatas decor-
rentes das operações comerciais. 
Os clientes buscam analisar a continuidade da empresa que lhes provê 
bens ou serviços, pois estes podem estar associados a operações comerciais 
subsequentes. Por exemplo, imagine que você (cliente) depende exclusiva-
mente de um fornecedor para produzir determinado produto. Entretanto, 
o seu fornecedor começa a atrasar as entregas e diz que está com alta demanda 
e que entregará os produtos em breve. Então, você decide analisar as demons-
trações contábeis do fornecedor para entender o que está acontecendo de fato. 
Ao observar o capital de giro, você detecta que a empresa está com dificuldades 
financeiras. Nesse caso, você procura um novo fornecedor para lhe atender, 
pois as demonstrações indicam que há indícios de descontinuidade.
O governo é um dos principias interessados nas informações contábeis, 
pois é com base nelas que os tributos são recolhidos. Nesse sentido, o governo 
tem investido significativamente para inibir as fraudes tributárias. As infor-
mações geradas são averiguadas, e as empresas são autuadas se não estiverem 
cumprindo as exigências legais. Desse modo, o governo consegue acompanhar 
de forma ativa as informações contábeis.
Por fim, a sociedade participa dos resultados auferidos pelas empresas 
por meio das benfeitorias realizadas na comunidade. Além disso, ela pode 
beneficiar-se da empregabilidade gerada. Logo, a divulgação das informações 
contábeis pode influenciar na permanência de um indivíduo em determinado 
município.
9Introdução à contabilidade
Como visto, o interessepelas informações das empresas é variado e, 
de alguma forma, todos os usuários são influenciados. A contabilidade está 
presente na vida de todos os cidadãos, tendo como foco o patrimônio individual, 
das empresas ou o patrimônio público. 
Para saber um pouco mais sobre as características da informação contábil, leia a 
publicação “Contabilidade Geral – Características da informação contábil”, disponível 
no site do Conselho Regional de Contabilidade do Estado da Bahia (CRCBA). 
3 Papel da contabilidade na gestão empresarial
A competitividade do mercado está cada vez mais intensa e tem exigido dos 
gestores decisões mais assertivas e decisivas para a continuidade das empresas. 
Desse modo, faz-se necessário que os gestores tenham acesso às informações 
gerenciais em tempo hábil, informações estas que devem ser representadas 
de forma fidedigna para a tomada de decisões.
O papel da contabilidade vai além de fornecer informações a terceiros 
— área denominada contabilidade financeira —, uma vez que ela fornece 
informações de cunho gerencial, isto é, descreve as atividades de dentro 
da empresa para que os gestores tomem as decisões. Segundo Iudícibus, 
Marion e Faria (2017, p. 37), “[…] a informação contábil estruturada, fidedigna, 
tempestiva e completa pode ser a diferença entre o sucesso e o fracasso da 
organização”. Diante disso, um bom sistema de informação contábil contribui 
para um planejamento e controle eficientes.
Mas de que forma o gestor utiliza a contabilidade para o seu planejamento 
e controle? Segundo Crepaldi e Crepaldi (2017, p. 5), os gestores, de posse das 
informações contábeis, podem realizar as seguintes ações:
 � Confrontar as compras e vendas de mercadorias: por meio dos livros 
de entradas e saídas, o gestor pode verificar se há estoque excedente 
que pode causar problemas de caixa. O excesso de mercadorias em 
estoque diminui a liquidez da empresa, podendo resultar em perdas 
decorrentes de ação da natureza ou obsolescência. 
Introdução à contabilidade10
 � Calcular o preço de venda: é necessário considerar os impostos, 
os custos, as despesas e o lucro desejado.
 � Planejar o fluxo de caixa: considera-se o saldo atual de caixa e 
equivalente de caixa e a previsão das entradas e saídas de recursos. 
A previsão de entradas são os valores que a empresa receberá no futuro, 
como duplicatas a receber e vendas futuras, ao passo que a previsão 
de saídas são os desembolsos futuros, como gastos com mercadorias, 
folha de pagamento, tributos e outras despesas.
 � Acompanhar mensalmente nos livros fiscais a apuração e o reco-
lhimento dos tributos: cumprimento dos prazos estabelecidos pelos 
órgãos governamentais. Esse controle evita a falta de recolhimento, que 
gera multa e juros, e o recolhimento em duplicidade.
 � Controlar periodicamente o estoque (quantidades e valor) e o volume 
de compras: isso possibilita planejar a necessidade de novas compras 
para atender a pedidos adicionais.
 � Controlar periodicamente o estoque (quantidades e valor) e o volume 
de vendas: possibilita planejar a produção, as vendas ou os serviços.
 � Acompanhar mensalmente o balancete de verificação contábil: 
é possível acompanhar esse balancete ou qualquer outro relatório que 
contenha o valor das receitas, menos impostos, menos custos das mer-
cadorias, menos as despesas, para saber se houve lucro ou prejuízo 
no mês. Esse resultado demonstra se o preço de venda foi calculado 
corretamente ou se os gastos estão dentro do planejado. Além disso, 
é possível verificar se as vendas foram suficientes para pagar os gastos 
do mês, se não estão sendo vendidas apenas mercadorias de baixa lu-
cratividade e se não se deveria impulsionar mercadorias mais rentáveis.
 � Analisar o equilíbrio dos custos de produtos, mercadorias ou ser-
viços vendidos: ou seja, verificar se não houve aumento no decorrer 
do tempo, além de analisar a variação do valor da folha de pagamento 
e dos gastos gerais.
 � Avaliar a proporção de cada despesa administrativa e comercial: 
isso possibilita saber quais despesas devem ser controladas. Por exemplo, 
pode-se calcular qual é a proporção dos gastos da folha de pagamento 
em relação ao total das despesas administrativas. 
11Introdução à contabilidade
As informações sobre provisão para o futuro, fluxo de caixa, projetos de 
compras de bens de grande valor, etc., preparam a empresa para eventuais 
crises que venham a prejudicar os investimentos realizados. Dessa forma, 
a contabilidade gerencial é fundamental para o planejamento e o controle 
dos negócios da empresa, independentemente do porte desta ou da atividade 
desenvolvida. O Quadro 4, a seguir, apresenta as principais características 
das contabilidades financeira e gerencial.
Fonte: Adaptado de Crepaldi e Crepaldi (2017).
Itens Contabilidade financeira Contabilidade gerencial
Usuários 
das 
informações
Externos: credores por 
empréstimos, autoridades 
fiscais (governo), etc.
Internos: proprietário, 
empregados, gestores, etc.
Objetivo Apresentar o desempenho 
passado para os usuários 
externos; fixar contratos 
com proprietários e 
credores diversos
Gerar informações para a 
tomada de decisões dos usuários 
internos; promover feedback e 
controle do desempenho das 
operações
Temporali-
dade
Histórica; passada Corrente; orientada para o futuro
Diretrizes 
restritivas
Reguladas: regras dirigidas 
por princípios de contabi-
lidade e por autoridades 
governamentais
Não há regras estabelecidas, as in-
formações são geradas de acordo 
com as necessidades estratégicas 
e operacionais dos gestores
Tipo de 
informação
Medidas financeiras 
exclusivamente
Medidas financeiras, operacio-
nais e físicas sobre processos, 
tecnologias, fornecedores, 
clientes e concorrentes
Natureza da 
informação
Objetiva, auditável, confiá-
vel, consistente, precisa
Mais subjetiva e de opinião, 
válida, relevante, precisa
Escopo Informações conjuntas; 
relatórios sobre toda a 
organização
Informações fragmentadas, de 
informação a ações e decisões 
pontuais
Unidade de 
mensuração
Padrão monetário do país Qualquer unidade física ou 
padrão monetário
Quadro 4. Contabilidade financeira versus contabilidade gerencial
Introdução à contabilidade12
A contabilidade gerencial é utilizada por vários setores da empresa, como 
custos, contas a receber e a pagar, fiscal, entre outros. Essas informações aju-
dam a empresa a maximizar os seus resultados ou a garantir que ela continue 
operando. Sendo assim, a contabilidade está presente na vida de todos os 
cidadãos, sejam eles usuários internos ou externos. De alguma forma, você 
certamente utiliza as informações contábeis para gerenciar os seus recursos 
financeiros ou para solicitar recursos junto a credores. O conhecimento con-
tábil contribui para a interpretação da sua saúde econômico-financeira ou de 
qualquer empresa.
Imagine que você é proprietário de uma indústria têxtil e que o mercado financeiro 
está em crise. O faturamento dos últimos meses reduziu significativamente, porém os 
gastos continuaram os mesmos. Então, você decide recorrer a recursos de terceiros, 
realizando um empréstimo para cobrir esses gastos. A decisão tomada foi a correta? 
Quais informações contábeis poderiam ter sido analisadas? O empréstimo poderia 
ser a solução para cumprir com as obrigações de curtíssimo prazo, mas você, como 
proprietário e gestor do negócio, precisava analisar quais gastos poderiam ser reduzidos 
ou, então, de que forma a empresa poderia aumentar o faturamento, mesmo em 
períodos de crise. Essas informações são geradas por meio de relatórios contábeis. 
CREPALDI, S. A.; CREPALDI, G. S. Contabilidade gerencial: teoria e prática. 8. ed. São 
Paulo: Atlas, 2017. 640 p.
IUDÍCIBUS, S. Teoria da contabilidade. 11. ed. São Paulo: Atlas, 2015. 368 p.
IUDÍCIBUS, S.; MARION, J. C.; FARIA, A. C. Introdução à teoria da contabilidade. 6. ed. São 
Paulo: Atlas, 2017. 320 p.
Leituras recomendadas
BRASIL. Lei n° 6.404, de 15 de dezembro de 1976. Dispõe sobre as Sociedadespor Ações. 
Brasília: Presidência da República, 1976. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/
ccivil_03/leis/l6404consol.htm. Acesso em: 16 set. 2020.
13Introdução à contabilidade
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COMITÊ DE PRONUNCIAMENTOS CONTÁBEIS. CPC 00 (R2) - Estrutura Conceitual para 
Relatório Financeiro. CPC, Brasília, 10 dez. 2019. Disponível em: http://www.cpc.org.
br/CPC/Documentos-Emitidos/Pronunciamentos/Pronunciamento?Id=80. Acesso 
em: 16 set. 2020.
CONSELHO REGIONAL DE CONTABILIDADE DO ESTADO DA BAHIA. Vice-Presidência 
de Fiscalização. Contabilidade Geral - Características da informação contábil. Boletim 
Eletrônico CRCBA, Salvador, n. 109, 2 mar. 2007. Disponível em: http://www.crcba.org.
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INTERNATIONAL FINANCIAL REPORTING STANDARDS. IFRS Foundation, London, 2017. 
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IUDÍCIBUS, S. (coord.). Contabilidade introdutória. 12. ed. São Paulo: Atlas, 2019. 250 p.
MACHADO, R.; FERREIRA, F. V. A contabilidade enquanto uma instituição moderna: 
reflexões e apontamentos sobre sua trajetória histórica. Brazilian Journal of Develop-
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RIBEIRO, O. M. Contabilidade básica. 4. ed. São Paulo: Saraiva Educação, 2017. 368 p.
Introdução à contabilidade14

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