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120 Os demais entendimentos variaram entre um extremo e outro, mas a tendência foi de dar relevância ao controle especialmente pela expressividade das cifras envolvidas, não estando presente a coocorrência de accountability e educação. Ou seja, em regra, os gestores não entendem como um diferencial o fato de o SiGPC – Contas Online aplicar-se às PPEs. Quanto ao conceito de accountability em si, apenas dois entrevistados manifestaram seu entendimento sobre o conceito, um associando accountability a responsabilização – o que, conforme já estudamos, alinha-se às principais abordagens – e outro, em entendimento que remete mais à accountability em sua modalidade vertical, destacou especialmente a necessidade de que “a sociedade tenha acesso e compreenda aquilo que é disponibilizado”. De todo modo, em todas as abordagens ficou evidente a preocupação quanto à transparência para a sociedade do que está sendo feito com o uso do recurso público, bem como a necessidade de responsabilizar-se (o FNDE) e responsabilizar àqueles que receberam os recursos transferidos, a fim de garantir que sejam utilizados na finalidade prevista. Ou seja, o termo accountability não está claro para a maioria dos entrevistados, mas há em suas preocupações alguns elementos similares aos que compõem a accountability. 6.1.2 Eixo 2: Motivos da implantação do SiGPC – Contas Online Em relação à motivação para investir no SiGPC – Contas Online, houve pleno alinhamento no posicionamento dos entrevistados. Em suma, os gestores entendem que a investida vem para superar “problemas que nunca foram enfrentados como deveriam”, de que o FNDE, e também o MEC, “não conhece os resultados das políticas públicas”, e que em outros momentos “o que era acenado como possibilidade de resolver os nossos problemas acabava deixando um problema muito maior”, reflexo de que “decisões mal tomadas também proporcionaram esse acúmulo de prestação de contas”. Ou seja, “durante todos estes anos nunca se teve condições de verificar o uso dos recursos tempestivamente”. Em contrapartida a uma visão pessimista do passado, é comum aos gestores o posicionamento confiante de que o Contas Online “traz a mudança de um paradigma”, que “vai ser a solução para o nosso problema”. 121 Interessa destacar ainda que os gestores têm em comum a percepção de que o sistema não se destina apenas ao controle, mas também será ferramenta de sistematização de resultados para avaliação das políticas públicas e retroalimentação do processo de planejamento, a partir da utilização das informações para tomada de decisão e replanejamento das políticas públicas. Recorrente entre os entrevistados é também a percepção de que cada uma dessas potencialidades “vai depender muito de como o sistema está sendo construído, pra você, inclusive, poder medir a efetividade dos programas”. Percebe-se que essa preocupação por vezes vem no sentido de destacar refinada preocupação, mas também surge acompanhada de incerteza, sugerindo que não há, por parte de alguns entrevistados, conhecimento preciso do que de fato é ou não comportado pelo sistema. 6.1.3 Eixo 3: Objetivos de gestão associados ao SiGPC – Contas Online No terceiro Eixo, são incorporados os elementos que permitem conhecer os objetivos associados à gestão das PPEs que compete ao FNDE. Uníssona também entre os gestores a visão de que primordialmente se pretende obter “eficiência na análise das prestações de contas”, onde o termo eficiência é utilizado em seu sentido estrito, ou seja, ser eficaz com economia de recursos e de tempo. A partir disso, o objetivo é exercer devidamente o controle, onde se reconhece que “o bom uso do recurso público, ele precisa também ser induzido”, o que evidencia a preocupação em garantir a existência da responsabilidade objetiva, que, como já se viu, é um pressuposto da accountability. Além disso, há a percepção de que a eficiência do FNDE no controle dos recursos pode, por um lado, gerar sanção, mas, por outro, também pode servir de premiação, nos casos em que o gestor dispuser do parecer favorável quanto aos recursos por ele executados, o que servirá como uma espécie de “atestado de aprovação”, passível de utilização para promoção eleitoral, ou seja, há projeção de impacto na dimensão enforcement, com presença do elemento premiação, ainda que de forma indireta. 6.1.4 Eixo 4: Participação dos órgãos de controle interno e externo 122 No Eixo 4, incorporaram-se os elementos associados à questão da participação dos órgãos de controle interno e externo no advento do SiGPC – Contas Online. Para compreender essa discussão, vale relembrar o capítulo anterior, onde ficou evidenciada a pressão exercida especialmente pelo TCU para que o FNDE qualificasse sua atuação no controle dos recursos descentralizados. Em que pese a elucidação que traçamos anteriormente, a regra entre os entrevistados foi reconhecer o advento do SiGPC – Contas Online como o momento em que o FNDE estaria “oferecendo um instrumento capaz de permitir que os controles, tanto o externo quanto o interno, possam desempenhar o seu papel de uma maneira muito mais eficiente”, e com isso se estaria “facilitando a vida dos órgãos de controle”. Apenas um dos entrevistados reconhece – e o faz de modo enfático – que, “se não fossem os órgãos de controle, eu acho que a coisa estaria assim muito pior, pois há um grande interesse em mandar recursos”, e que “eles, de certa forma, até forçaram o FNDE a caminhar para desenvolver esse sistema”. Nesta entrevista, é salientado que o receio de que o controle impusesse sanções ao FNDE fez com que se investisse de forma mais contundente na solução do problema histórico. Ainda que esse apontamento tenha sido feito apenas por um dos entrevistados, as discussões traçadas anteriormente tornam evidente que, enquanto ainda investigamos se o SiGPC – Contas Online pode contribuir para a accountability, é possível concluir que a sua implantação é resultado de ações que evidenciam a presença da accountability horizontal. Porém, ainda que esta presença se mostre na ação dos órgãos de controle em exigir que o FNDE apresente soluções ao problema crônico, fica evidente também a morosidade com que esta atuação ocorreu, haja vista o decurso de mais de uma década de consecutivas recomendações do TCU sem que estas fossem devidamente observadas. 6.1.5 Eixo 5: O modo de atuação e a finalidade do controle social No Eixo 5 couberam os elementos associados ao controle social. Neste ponto, as abordagens demonstraram vasta amplitude. O posicionamento dominante em relação ao tema consistiu em associar o controle social à participação da sociedade, mas que essa participação haveria de ser feita por meio dos conselhos do controle social, especificamente CAE e CACS. A visão predominante apontou no sentido de que ao FNDE cabe garantir a transparência das informações, às quais 123 seriam então base para o posicionamento do controle social, notadamente na ação regular dos conselhos. Se por um lado a discussão foi além do controle social, chegando-se a aspirar a aspectos de uma gestão social na implementação das PPEs, com efetiva “participação da sociedade num processo de gestão pública”, por outro lado, diagnosticou-se que “o controle é exercido, no FNDE, como se fosse um controle híbrido”. Esse último posicionamento em razão de que as leis que tratam da atuação dos conselhos do controle social em alguns programas vêm para “impor responsabilidade, responsabilidade pelo seu próprio controle”. Assim, ao mesmo tempo em que o controle é adjetivado como social, ele é exercido por conselhos instituídos formalmente, na forma da lei, os quais ficam obrigados a atuar, o que contradiz significativamente os pressupostos da accountability vertical tratada no Capítulo II, a qual se caracteriza pelo uso da prerrogativade atuação, e não pela obrigação de agir, o que faz com que esse modelo de controle social se confunda com controle horizontal, especialmente quando se leva em consideração o que destacamos anteriormente, sobre a baixa representatividade da sociedade em tais conselhos. Ou seja, a prática percebida aproxima-se da percepção de Mainwaring (2003) acerca da accountability, e que exclui o que seria uma participação efetivamente social, restando apenas os agentes legalmente incumbidos (e obrigados) a atuar. Outro elemento instigante presente na visão dos gestores é o de que o compromisso do FNDE direciona-se muito mais no sentido de oferecer informação aos conselhos. Entretanto, quando se fala em controle social, fator primordial é contar com as informações que os atores desse tipo de controle possuem por estarem próximos ao local de implementação da política pública e conhecerem de forma especial os efeitos causados ante os beneficiários e os problemas enfrentados. Com isso, se por um lado desenha-se um cenário em que uma possível accountability se aproximaria do conceito de Mainwaring (2013), por outro é dada pouca relevância a um aspecto que é prioritário para este autor: a efetividade da política pública na prestação de serviço e satisfação das demandas sociais. Interessante constatar a percepção de que, “se o Brasil pensasse em amadurecer um conceito de gestão social, ele teria primeiro que pensar em educar muito a sua população: população educada é uma população capaz de entender e de promover a gestão social”. Esse gênero de colocação alinha-se também com a 124 premissa de que a accountability existe quando se tem cidadãos capazes e dispostos a exercê-la. Porém, mesmo ficando evidente esta consciência por parte dos gestores, não se mostra presente nos entrevistados a percepção de que o FNDE é ator determinante na promoção desta educação. Ou seja, embora frequentemente se exalte a expressividade das cifras geridas, não é da mesma forma presente o reconhecimento do compromisso com a qualidade e universalidade da educação oferecida, que representaria, em último termo, a efetividade da ação da Autarquia. Esse mesmo condão fica perceptível quando os gestores reconhecem que “o acesso à internet pode ser um limitador” para a maior expressão do controle social, mas que o estrato da sociedade que tem acesso à internet supostamente seria também o estrato mais interessado em exercer o controle social e que deteria maior capacidade de compreensão das informações disponibilizadas. Ou seja, na Autarquia que busca exercer a missão de contribuir para “educação de qualidade e para todos”, e que interage diretamente com ações do que se tem tratado como modelo pioneiro de controle social, baseado nos conselhos, há a visão de que esse controle ainda é apenas para alguns, sem que haja posicionamento no sentido de que o FNDE comunga a incumbência de superar essa desigualdade. 6.1.6 Eixo 6: A efetividade na implementação das PPEs Neste eixo são incorporados os elementos associados à efetividade das políticas públicas. Embora presente em todas as falas, a questão da efetividade em regra foi tratada com certo embaraço, sendo explícito o reconhecimento da falta de capacidade da Autarquia em dispor de informações relativas aos resultados de sua ação, por exemplo, quando se diz que “muitos erros que eu percebo ocorrem até por falta desses resultados. Erros assim de estratégia mesmo e de tomada de decisão, porque quando você conhece o problema, ele já está muito avançado”. Foi dominante nas falas certo constrangimento por parte dos gestores em desconhecer se as PPEs geridas pelo FNDE são ou não efetivas, em contraponto sendo apresentada a expectativa de que o sistema permita que sejam realizadas as ações de controle que atualmente, na prática, não chegam a ser representativas. Dois elementos ficaram visíveis: 1º) que o FNDE ainda não vislumbra claramente os parâmetros que precisa utilizar para aferir a efetividade das PPEs nas 125 quais assume responsabilidade; 2º) os gestores percebem o sistema como um meio para tornarem mais efetivas suas ações de controle e, com isso, veem que o “Contas Online pode ser um instrumento de indução de um processo de efetividade”. Não houve significativas associações da efetividade com o controle social, exceto pela menção de um dos gestores, o qual considerou que “a efetividade só tem como ser comprovada – e acredito que em 100% dos programas – com análise técnica ou parecer dos conselhos (a parte financeira atesta a regularidade, mas não a efetividade)”. Mesmo assim, nada específico foi mencionado quanto à recepção de informações do controle social capazes de serem associadas à efetividade, conforme ficou evidente ao tratarmos do tópico anterior. Ou seja, embora a efetividade deva estar associada à efetiva oferta do serviço público de qualidade à sociedade, não esteve presente no posicionamento dos gestores o interesse de conhecer o grau de satisfação dos beneficiários das PPEs a fim de verificar se os programas e projetos financiados pelo FNDE estão gerando os efeitos esperados, o que restringe o espectro de avaliação de resultados, sugerindo ainda forte presença de um Estado auto-referente ao invés de focado nas demandas da sociedade, característica marcante do modelo burocrático-racional de administração pública. 6.1.7 Eixo 7: O momento de exercício do controle e seu foco Como último Eixo, e também no intuito de identificar o modelo de gestão mais presente na visão dos gestores, tratou-se dos elementos associados ao momento em que se vislumbra o exercício do controle e o foco que deve ser dado a esta dimensão da gestão. Em relação ao tema, fica evidente a pretensão no FNDE de se abarcar uma espécie de controle contínuo, que se estenderia do prévio, com ênfase no concomitante, chegando ao controle a posteriori. Contrariamente ao que se poderia esperar, em razão da inclinação atual da administração pública na direção do modelo gerencial, há evidente expectativa dos gestores de se distanciarem do controle a posteriori, havendo aspirações de controle a priori, no sentido de que a existência de uma melhor sistemática de controle haveria de gerar um efeito indutor de boas práticas, “um efeito educativo no gestor”. Porém, o controle mencionado – direta ou indiretamente – como ideal no posicionamento dos gestores seria o controle concomitante. Um entrevistado 126 entende que se “busca mesmo é, durante a execução, fazer com que ela ocorra de forma correta”; outro crê que o controle “tenha a tendência de se tornar concomitante”. Ou seja, há clara preferência pelo controle concomitante, mas de forma geral entende-se que, “em qualquer que seja o estágio, anterior, concomitante, ou a posterior, você tem as informações no sistema”. Outro elemento interessante, quanto ao modelo de controle, é a percepção do FNDE de que a transparência, por si só, gera efeitos na gestão da coisa pública. Embora sem que os gestores tenham incluído em suas colocações a participação dos cidadãos por meio dos pleitos eleitorais, esse efeito está comportado na visão de que fortalecer a dimensão da informação à sociedade, de forma ampla, pode fortalecer a accountability vertical, especificamente na modalidade eleitoral. Além disso, ainda que em poucas menções explícitas, percebe-se que os gestores consideram que a disponibilidade das informações poderá potencializar a ação de instituições civis organizadas, bem como da mídia. Em síntese, percebe-se a crença de que o Contas Online: Vai trazer mais preocupação, porque tudo o que está aberto, tudo que está à vista, ele obriga que você adote uma providência, porque você é o responsável, você está enxergando uma situação que obrigada que você adote uma providência. Então acho que vai trazer mais preocupação, porque uma coisa é você ter essas informaçõespúblicas, onde todos estão olhando, onde todos estão vendo o problema, outra coisa é você ter esse amontoado de recursos em papéis dentro do arquivo e o sistema não foi pensado pra trazer só um resultado. O pensamento do sistema foi pra abarcar todas essas três vertentes. Essa visão reforça o enquadramento que fizemos da análise do sistema em si na matriz de classificação conceitual, onde se percebeu que a dimensão mais impactada pelo sistema é a da informação. Embora o direcionamento seja para uma única das dimensões, o impacto não se restringe a ela, pois, como tratado no Capítulo II, quando se discutiu o conceito de accountability, a assimetria de informação entre os agentes do poder público e os cidadãos é tanto uma premissa quanto, em níveis elevados, uma limitação ao exercício da accountability. Além disso, resta clara a percepção de que a visibilidade dada às informações gerará mais questionamentos e potencializará o risco de sanções. Assim, o tempo em que se disseminam informações sobre a gestão pública é o mesmo em que se estimula a sociedade a usufruir de outros institutos já existentes e capazes de requerer 127 justificações dos agentes públicos, bem como de impor-lhes sanções, seja por mecanismos horizontais ou verticais, notadamente no eleitoral. Elemento limitador desta lógica, porém, encontra-se no fato de que as informações atualmente tratadas no SiGPC – Contas Online estão mais focadas no processo do que nos resultados gerados, o que pode reduzir a potencialidade de qualquer ação vertical. Ou seja, projeta-se abundante disponibilidade de informações, porém, grande parte dos dados registrados no sistema podem ser pouco representativos para sociedade, vez que esta se interessa mais pelo resultado e menos pelo processo seguido para alcançá-lo. 6.1.8 Enquadramento das entrevistas na matriz de classificação conceitual Com base na visão percebida dos gestores, podemos então qualificar o enquadramento preliminarmente feito do sistema na matriz conceitual. Com as devidas ponderações, faz-se necessário registrar na matriz os seguintes efeitos, em comparação aos resultados anteriores: a) Na medida em que o FNDE se coloca mais no papel de fornecedor e menos de consumidor de informações em relação à sociedade de modo geral e aos conselhos de modo particular, abdica ele próprio de obter informações importantes. Dessa forma, caberia reduzir a dimensão da informação disponível na direção horizontal classificada como “Forte”. Mesmo assim, os impactos neste atributo são de tal forma relevantes que persiste a forte relação, havendo de ser mantida a classificação; b) Como reflexo natural do item anterior, caberia reduzir o atributo da Justificação de moderado para fraco, pois, se há menor disponibilidade de informações, haverá menor possibilidade de inquirição e, inclusive, de sanção, a qual porém já resta classificada como “Moderado”. c) Na mesma ótica, porém, de que a disponibilidade de informações permite a justificação e a sanção, não se pode manter como “ausente” o atributo Justificação relacionado à accountability eleitoral, ainda que ela se mantenha fraca. Considerando ainda que, além da presença da possibilidade de sanção, o sistema viabiliza o 128 bônus indireto, de favorecimento eleitoral pelo “atestado de regularidade” tempestivo, amplia-se o alcance na dimensão enforcement, mas não quanto à sanção simples e sim também com a bonificação. Alterou-se de “Fraco” para “Moderado”. d) Em relação ao espaço societal – no qual mantemos os conselhos do controle social – percebe-se que o sistema, ao dispor informações aos conselhos de forma facilitada, gera maior autonomia dos conselhos em relação aos entes da federação, o que amplia as possibilidades de impor sanções, tais como não aprovação de contas. Assim, esse ponto há de ser alterado de “Ausente” para “Moderado”. e) Quanto à disponibilidade de informações, percebe-se que a proposta reside na grande oferta de informações aos conselhos, fortalecendo-se este atributo no espaço societal. Por isso, altera-se este ponto de “Moderado” para “Forte”. f) Ainda em relação à accountability societal, contrariamente ao que ocorre com os outros atributos, não há impactos significativos do atributo de justificação, pois não está prevista a demanda de informações específicas aos gestores. Com isso, tem-se reflexos que se resumem àqueles que são consequência da maior disponibilidade de informações, por isso, a classificação adequada é como fraco. Quadro 17: Classificação Conceitual Final do SiGPC – Contas Online Classificação conceitual do Contas Online CASOS DE USO DIMENSÕES ATRIBUTOS LOCAÇÃO Horizontal Vertical Eleitoral Societal SiGPC – Síntese Answerability Informação Forte Moderado Forte Justificação Moderado Fraco Fraco Enforcement Sanção Moderado Moderado Moderado Pelos resultados explicitados no Quadro 17, pode-se compreender que a contribuição do SiGPC – Contas Online para alimentação de um processo de accountability é moderada, sendo seu maior impacto percebido pela projeção da 129 disponibilidade de informações, tanto na direção horizontal quanto na vertical. Além disso, percebe-se moderado impacto na dimensão sanção, e efeito fraco na dimensão justificação. Assim, poder-se-ia concluir que é significativa a relação entre o alcance do SiGPC – Contas Online e a accountability. Para melhor leitura, porém, é preciso considerar que a accountability não depende simplesmente da presença de informação e sanção, mas de um processo de interação entre agentes públicos, ou entre estes e a sociedade: depende da relação dialógica entre os agentes, como discutido no Capítulo II. A fraca presença do atributo justificação, especialmente na direção vertical, pode comprometer o diálogo entre sociedade e seus representantes e isso, ainda que possa ser caracterizado como controle, não tem os traços da accountability, inclusive por abrir margem para que a leitura da informação seja inadequada e que se gerem sanções impróprias. Com isso, pode-se concluir que o SiGPC – Contas Online apresenta aproximações ao conceito de accountability de forma moderada a forte na modalidade horizontal e de maneira moderada a fraca na modalidade vertical. Porém, a baixa presença de elementos relativos ao atributo justificação compromete sua identificação como instrumento de accountability.