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1
SUMÁRIO
PLANO DE LEITURA 1
TÍTULO I - DOS DIREITOS DO CONSUMIDOR 3
CAPÍTULO I - DISPOSIÇÕES GERAIS 3
CAPÍTULO II - DA POLÍTICA NACIONAL DE
RELAÇÕES DE CONSUMO 6
CAPÍTULO III - DOS DIREITOS BÁSICOS DO
CONSUMIDOR 7
CAPÍTULO IV - DA QUALIDADE DE PRODUTOS
E SERVIÇOS, DA PREVENÇÃO E DA
REPARAÇÃO DOS DANOS 9
SEÇÃO I - DA PROTEÇÃO À SAÚDE E
SEGURANÇA 9
SEÇÃO II - DA RESPONSABILIDADE PELO
FATO DO PRODUTO E DO SERVIÇO 10
SEÇÃO III - DA RESPONSABILIDADE POR
VÍCIO DO PRODUTO E DO SERVIÇO 15
SEÇÃO IV - DA DECADÊNCIA E DA
PRESCRIÇÃO 17
SEÇÃO V - DA DESCONSIDERAÇÃO DA
PERSONALIDADE JURÍDICA 18
CAPÍTULO V - DAS PRÁTICAS COMERCIAIS 19
SEÇÃO I - DAS DISPOSIÇÕES GERAIS 19
SEÇÃO II - DA OFERTA 19
SEÇÃO III - DA PUBLICIDADE 20
SEÇÃO IV - DAS PRÁTICAS ABUSIVAS 22
SEÇÃO V - DA COBRANÇA DE DÍVIDAS 24
SEÇÃO VI - DOS BANCOS DE DADOS E
CADASTROS DE CONSUMIDORES 24
CAPÍTULO VI - DA PROTEÇÃO CONTRATUAL 26
SEÇÃO I - DISPOSIÇÕES GERAIS 26
SEÇÃO II - DAS CLÁUSULAS ABUSIVAS 27
SEÇÃO III - DOS CONTRATOS DE ADESÃO
28
CAPÍTULO VI-A - DA PREVENÇÃO E DO
TRATAMENTO DO SUPERENDIVIDAMENTO 29
CAPÍTULO VII - DAS SANÇÕES
ADMINISTRATIVAS 32
TÍTULO II - DAS INFRAÇÕES PENAIS 33
TÍTULO III - DA DEFESA DO CONSUMIDOR EM
JUÍZO 35
CAPÍTULO I - DISPOSIÇÕES GERAIS 35
CAPÍTULO II - DAS AÇÕES COLETIVAS PARA A
DEFESA DE INTERESSES INDIVIDUAIS
HOMOGÊNEOS 37
CAPÍTULO III - DAS AÇÕES DE
RESPONSABILIDADE DO FORNECEDOR DE
PRODUTOS E SERVIÇOS 39
CAPÍTULO IV - DA COISA JULGADA 40
CAPÍTULO V - DA CONCILIAÇÃO NO
SUPERENDIVIDAMENTO 41
TÍTULO IV - DO SISTEMA NACIONAL DE DEFESA
DO CONSUMIDOR 43
TÍTULO V - DA CONVENÇÃO COLETIVA DE
CONSUMO 44
2
PLANO DE LEITURA
CDC em 6 dias
ARTIGOS LEITURA RELEITURA
Art. 1-10
Art. 12-27
Art. 28-50
Art. 51-80
Art. 81-104
Art. 104-107
3
CÓDIGO DE DEFESA DO
CONSUMIDOR
DIREITO DO CONSUMIDOR1
DIREITO
FUNDAMENTAL
Art. 5º, XXXII, da CF
PRINCÍPIO DA ORDEM
ECONÔMICA
Art. 170, V, da CF
PRAZO DE 120 DIAS
PARA CODIFICAR
Art. 48 do ADCT
CARACTERÍSTICAS DO CDC2
LEI PRINCIPIOLÓGICA
É considerado uma lei principiológica, isto é, está
constituído de uma série de princípios que possuem
como objetivo maior conferir direitos aos
consumidores, que são os vulneráveis da relação, e
impor deveres aos fornecedores.
NORMAS DE ORDEM PÚBLICA E INTERESSE
SOCIAL
Consequência:
■ as decisões decorrentes das relações de consumo
não se limitam às partes envolvidas em litígio;
■ as partes não poderão derrogar os direitos do
consumidor;
■ juiz pode reconhecer de ofício direitos do
consumidor.
MICROSSISTEMA MULTIDISCIPLINAR
É considerado um microssistema multidisciplinar
porque alberga em seu conteúdo as mais diversas
disciplinas jurídicas com o objetivo maior de tutelar o
consumidor, que é a parte mais fraca — o vulnerável
— da relação jurídica de consumo.
2Almeida, Fabricio Bolzan de. Direito do consumidor esquematizado / Fabricio Bolzan
de Almeida. - Coleção esquematizado® / coordenador Pedro Lenza – 8. ed. – São
Paulo : Saraiva Educação, 2020, pag. 62/68
As tabelas foram feitas com base no livro Leis Especiais para Concursos, do autor
Leonardo Garcia
1Almeida, Fabricio Bolzan de. Direito do consumidor esquematizado / Fabricio Bolzan
de Almeida. - Coleção esquematizado® / coordenador Pedro Lenza – 8. ed. – São
Paulo : Saraiva Educação, 2020, pag. 61
TÍTULO I - DOS DIREITOS DO CONSUMIDOR
CAPÍTULO I - DISPOSIÇÕES GERAIS
Art. 1° O presente código estabelece normas de
proteção e defesa do consumidor, de ordem pública
e interesse social, nos termos dos arts. 5°, inciso
XXXII, 170, inciso V, da Constituição Federal e art. 48
de suas Disposições Transitórias.
“Nos termos do art. 178 da Constituição da
República, as normas e os tratados internacionais
limitadores da responsabilidade das transportadoras
aéreas de passageiros, especialmente as Convenções
de Varsóvia e Montreal, têm prevalência em
relação ao Código de Defesa do Consumidor. O
presente entendimento não se aplica às hipóteses
de danos extrapatrimoniais.” STF, ARE 766.618
ED/SP, relator Ministro Luís Roberto Barroso,
julgamento finalizado em 30.11.2023. (Info 1119)
Art. 2° Consumidor é toda pessoa física ou jurídica
que adquire ou utiliza produto ou serviço como
destinatário final.
Parágrafo único. Equipara-se a consumidor a
coletividade de pessoas, ainda que
indetermináveis, que haja intervindo nas relações de
consumo.
É possível aplicar o CDC ao adquirente de unidade
imobiliária, mesmo não sendo o destinatário final
do bem e apenas possuindo o intuito de investir
ou auferir lucro, com base na teoria finalista
mitigada se tiver agido de boa-fé e não detiver
conhecimentos de mercado imobiliário nem
expertise em incorporação, construção e venda de
imóveis, sendo evidente a sua vulnerabilidade. Em
outras palavras, o CDC poderá ser utilizado para
amparar concretamente o investidor ocasional
(figura do consumidor investidor)” STJ. 4ª Turma.
AgInt no AREsp 1786252/RJ, Rel. Min. Antonio Carlos
Ferreira, julgado em 17/05/2021
No contrato de compra e venda de insumos
agrícolas, o produtor rural não pode ser
4
considerado destinatário final, razão pela qual,
nesses casos, não incide o Código de Defesa do
Consumidor.” STJ. 4ª Turma. AgInt no AREsp
363.209/RS, Rel. Min. Raul Araújo, julgado em
15/06/2020.
“Ressalvadas circunstâncias especiais, sobressai a
natureza jurídica de relação de consumo havida
entre locador e administradora, atraindo, por
conseguinte, a incidência do CDC.” STJ. 3ª Turma.
REsp 1846331/DF, Rel. Min. Nancy Andrighi, julgado
em 10/03/2020
É possível a aplicação do CDC na relação jurídica
entre investidores e a B3 pelo fornecimento de
serviços para acesso direto, pessoal e exclusivo
do investidor. STJ, REsp 2.092.096-SP, Rel. Ministra
Nancy Andrighi, Terceira Turma, por unanimidade,
julgado em 12/12/2023, DJe 15/12/2023. (info 799)
CONSUMIDOR - TEORIAS
TEORIA FINALISTA
(SUBJETIVA)
TEORIA MAXIMALISTA
(OBJETIVA)
Consumidor seria o não
profissional (aquele que
adquire ou utiliza um
produto para uso próprio
ou de sua família).
É o que retira o bem do
mercado ao adquirir ou
simplesmente utilizá-lo
(destinatário final fático),
e coloca um fim na
cadeia de produção
(destinatário final
econômico)- STJ
CONSUMIDOR =
DESTINATÁRIO FÁTICO +
ECONÔMICO
Consumidor seria apenas
o destinatário fático,
pouco importando a
destinação econômica
que o bem venha a
sofrer.
CONSUMIDOR =
DESTINATÁRIO FÁTICO
STJ – CDC adotou teoria finalista. Admite mitigação
(vulnerabilidade no caso concreto – vulnerabilidade
técnica, jurídica, econômica ou informacional).
TEORIA DO FINALISMO APROFUNDADO/
MITIGADO / ATENUADO.
CONSUMIDOR STRICTO SENSU OU STANDARD
1. Toda PF/PJ que adquire ou utiliza
produto/serviço como destinatário final.
CONSUMIDOR EQUIPARADO
1. Coletividade de pessoas, ainda que
indetermináveis, que haja intervindo nas
relações de consumo.
2. Todas as vítimas de danos ocasionados pelo
fornecimento de produto/serviço defeituoso –
bystanders.
3. Toda as pessoas determináveis ou não,
expostas às práticas comerciais ou contratuais
abusivas
VULNERABILIDADE – STJ
1. TÉCNICA: Não possui conhecimentos
específicos sobre o produto/serviço;
2. JURÍDICA ou CIENTÍFICA: Falta de
conhecimento jurídico, contábil, econômico,
matemático financeiro;
3. ECONÔMICA ou FÁTICA: Vulnerabilidade real
diante do parceiro contratual. Posição de
superioridade;
4. INFORMACIONAL: Dados insuficientes sobre o
produto ou serviço capazes de influenciar no
processo decisório de compra.
PJDPúblico pode ser consumidora, desde que
presente a vulnerabilidade.
Art. 3° Fornecedor é toda pessoa física ou jurídica,
pública ou privada, nacional ou estrangeira, bem
como os entes despersonalizados, que desenvolvem
atividade de produção, montagem, criação,
construção, transformação, importação, exportação,
distribuição ou comercialização de produtos ou
prestação de serviços.
§ 1° Produto é qualquer bem, móvel ou imóvel,
material ou imaterial.
§ 2° Serviço é qualquer atividade fornecida no
mercado de consumo, MEDIANTE REMUNERAÇÃO
(ainda que indireta - STJ), inclusive as de natureza
bancária, financeira,de crédito e securitária, salvo
as decorrentes das relações de caráter trabalhista.
5
FORNECEDOR
1. REAL: Fabricante, produtor e construtor;
2. APARENTE: Detentor do nome, marca ou signo
aposto no produto final;
3. PRESUMIDO: Importador de produto
industrializado ou in natura e o comerciante de
produto anônimo.
RELAÇÃO DE CONSUMO3
EXISTÊNCIA INEXISTÊNCIA
1. Relação entre
entidade (abertas)
de previdência
privada e seus
participantes;
2. Relação entre
bancos de sangue e
doador;
3. Relação entre
emissora de TV e
telespectador (em
alguns casos, como
no jogo “Show do
Milhão”);
4. Relação entre
cooperativa de
assistência à saúde e
filiados;
5. Relação entre
sociedades
cooperativas de
empreendimentos
habitacionais e
compradores;
6. Relação entre agente
financeiro do
Sistema de
Habitação — SFH —
e mutuário;
1. Relação entre
associações
desportivas e
condomínios com os
respectivos
associados e
condôminos
(exceção é o Estatuto
do Torcedor);
2. Relação entre
atividade bancária e
os beneficiários do
crédito educativo;
3. Relação entre
Advogado e cliente
(ao menos nas
questões contratuais
para a maioria no
STJ);
4. Relação entre
locador e locatário
de imóveis;
5. Relação envolvendo
contrato de
edificação por
condomínio;
6. Relação entre
franqueador e
franqueado;
3Almeida, Fabricio Bolzan de. Direito do consumidor esquematizado / Fabricio Bolzan
de Almeida. - Coleção esquematizado® / coordenador Pedro Lenza – 8. ed. – São
Paulo : Saraiva Educação, 2020, pag. 231/232
7. Sociedade civil sem
fins lucrativos e
associados.
7. Relação entre seguro
obrigatório DPVAT e
beneficiário.
RELAÇÃO ENTRE AS ENTIDADES ABERTAS DE
PREVIDÊNCIA PRIVADA E A SÚM. 563 DO STJ4
Inicialmente, vejamos o que diz a súmula 563 do
STJ: O Código de Defesa do Consumidor é
aplicável às entidades abertas de previdência
complementar, não incidindo nos contratos
previdenciários celebrados com entidades
fechadas.
É importante ressaltar que a súmula 321 do STJ foi
cancelada após a aprovação da súmula 563, uma
vez que aquela não fazia distinção entre
entidades abertas e fechadas.
ENTIDADES ABERTAS
DE PREVIDÊNCIA
PRIVADA
ENTIDADES
FECHADAS DE
PREVIDÊNCIA
PRIVADA
As entidades abertas
são empresas privadas
constituídas sob a
forma de sociedade
anônima, que
oferecem planos de
previdência privada
que podem ser
contratados por
qualquer pessoa física
ou jurídica. As
entidades abertas
normalmente fazem
parte do mesmo grupo
econômico de um banco
ou seguradora. São
aquelas que possuem a
finalidade de lucro.
As entidades fechadas
são pessoas jurídicas,
organizadas sob a
forma de fundação ou
sociedade civil,
mantidas por grandes
empresas ou grupos de
empresa, para oferecer
planos de previdência
privada aos seus
funcionários.
Essas entidades são
conhecidas como
“fundos de pensão”. Não
possuem fins lucrativos.
4CAVALCANTE, Márcio André Lopes. Súmula 563-STJ. Buscador Dizer o Direito,
Manaus. Disponível em:
<https://www.buscadordizerodireito.com.br/jurisprudencia/detalhes/440924c5948e05
070663f88e69e8242b>. Acesso em: 16/05/2023
6
As entidades fechadas não comercializam os
seus benefícios ao público em geral nem os
distribuem no mercado de consumo, não podendo,
por isso mesmo, ser enquadradas no conceito
legal de fornecedor (REsp. 1421951). A pessoa que
celebra um contrato com uma entidade de
previdência complementar aberta certamente se
enquadra na definição porque “consumidor é
toda pessoa física ou jurídica que adquire ou
utiliza produto ou serviço como destinatário
final” (art. 2º). Como o indivíduo contrata o plano
de previdência para uso próprio (ou de sua família),
e não para revendê-lo, pode-se dizer que ele é o
destinatário final do serviço. Por outro lado, a
entidade complementar aberta amolda-se ao
conceito de fornecedor, oferecendo um serviço
oneroso aos seus clientes.
NA AUSÊNCIA DE NORMA ESPECÍFICA NAS LC
108/01 E LC 109/01, É POSSÍVEL A APLICAÇÃO
DO CDC DE FORMA SUBSIDIÁRIA?
Não havendo norma específica nas Leis
Complementares 108/2001 e 109/2001, o intérprete
deverá se valer da legislação previdenciária, do
Código Civil e de outras leis que regem as relações
civis em geral. Não se aplica nem mesmo
subsidiariamente o CDC porque este diploma
rege ummicrossistema próprio.
JDC 686. Aplica-se o sistema de proteção e defesa
do consumidor, conforme disciplinado pela Lei n.
8.078, de 11 de setembro de 1990, às relações
contratuais formadas entre os aplicativos de
transporte de passageiros e os usuários dos
serviços correlatos.
Não se aplica o Código de Defesa do Consumidor
aos contratos de empréstimo tomados por
sociedade empresária para implementar ou
incrementar suas atividades negociais. REsp
1.497.574-SC, Rel. Ministro Raul Araújo, Quarta
Turma, por unanimidade, julgado em 24/10/2023,
DJe 3/11/2023. (Info 795 STJ)
CAPÍTULO II - DA POLÍTICA NACIONAL DE
RELAÇÕES DE CONSUMO
Art. 4º A Política Nacional das Relações de Consumo
tem por OBJETIVO o atendimento das necessidades
dos consumidores, o respeito à sua dignidade,
saúde e segurança, a proteção de seus interesses
econômicos, a melhoria da sua qualidade de vida,
bem como a transparência e harmonia das
relações de consumo, atendidos os seguintes
PRINCÍPIOS:
I - reconhecimento da vulnerabilidade do
consumidor no mercado de consumo;
II - ação governamental no sentido de proteger
efetivamente o consumidor:
a) por iniciativa direta;
b) por incentivos à criação e desenvolvimento de
associações representativas;
c) pela presença do Estado no mercado de
consumo;
d) pela garantia dos produtos e serviços com
padrões adequados de qualidade, segurança,
durabilidade e desempenho.
III - harmonização dos interesses dos participantes das
relações de consumo e compatibilização da
proteção do consumidor com a necessidade de
desenvolvimento econômico e tecnológico, de
modo a viabilizar os princípios nos quais se funda a
ordem econômica (art. 170, da Constituição Federal),
sempre com base na boa-fé e equilíbrio nas relações
entre consumidores e fornecedores;
IV - educação e informação de fornecedores e
consumidores, quanto aos seus direitos e deveres,
com vistas à melhoria do mercado de consumo;
V - incentivo à criação pelos fornecedores de meios
eficientes de controle de qualidade e segurança de
produtos e serviços, assim como de mecanismos
alternativos de solução de conflitos de consumo;
VI - coibição e repressão eficientes de todos os
abusos praticados no mercado de consumo,
inclusive a concorrência desleal e utilização indevida
de inventos e criações industriais das marcas e nomes
comerciais e signos distintivos, que possam causar
prejuízos aos consumidores;
VII - racionalização e melhoria dos serviços
públicos;
VIII - estudo constante das modificações do mercado
de consumo.
7
IX - fomento de ações direcionadas à educação
financeira e ambiental dos consumidores; (LEI
14181/21)
X - prevenção e tratamento do
superendividamento como forma de evitar a
exclusão social do consumidor. (LEI 14181/21)
VULNERABILIDADE HIPOSSUFICIÊNCIA
Fenômeno de ordem
material com presunção
absoluta – jure et de juris
Fenômeno de ordem
processual que deve ser
analisado no caso
concreto.
CONSUMIDOR PESSOA
FÍSICA: Vulnerabilidade
presumida
CONSUMIDOR PESSOA
JURÍDICA:
Vulnerabilidade a ser
comprovada
FUNÇÕES DA BOA-FÉ OBJETIVA
TELEOLÓGICA ou INTERPRETATIVA
Serve de orientação para o juiz, devendo este
sempre prestigiar, diante de convenções e contratos,
a teoria da confiança, segundo a qual as partes
agem com lealdade na busca do adimplemento
contratual.
CONTROLE ou LIMITADORA DE DIREITOS
Evitar abuso do direito subjetivo, limitando
condutas e práticas comerciais abusivas, reduzindo,
de certa forma, a autonomia dos contratantes.
INTEGRATIVA OU CRIADORA DE DEVERES
LATERAIS (ANEXOS)
Insere novos deveres para as partes diante das
relações de consumo, pois além da verificação da
obrigação principal, surgem novas condutas a serem
também observadas. São os denominados deveres
anexos ou deveres laterais pela doutrina e
jurisprudência. A violação dos deveres anexos
implica em inadimplemento contratual.Art. 5° Para a execução da Política Nacional das
Relações de Consumo, contará o poder público com
os seguintes INSTRUMENTOS, entre outros:
I - manutenção de assistência jurídica, integral e
gratuita para o consumidor carente;
II - instituição de Promotorias de Justiça de Defesa
do Consumidor, no âmbito do Ministério Público;
III - criação de delegacias de polícia especializadas no
atendimento de consumidores vítimas de infrações
penais de consumo;
IV - criação de Juizados Especiais de Pequenas
Causas e Varas Especializadas para a solução de
litígios de consumo;
V - concessão de estímulos à criação e
desenvolvimento das Associações de Defesa do
Consumidor.
VI - instituição de mecanismos de prevenção e
tratamento extrajudicial e judicial do
superendividamento e de proteção do consumidor
pessoa natural; (LEI 14181/21)
VII - instituição de núcleos de conciliação e
mediação de conflitos oriundos de
superendividamento. (LEI 14181/21)
CAPÍTULO III - DOS DIREITOS BÁSICOS DO
CONSUMIDOR
Art. 6º São direitos básicos do consumidor:
I - a proteção da vida, saúde e segurança contra os
riscos provocados por práticas no fornecimento de
produtos e serviços considerados perigosos ou
nocivos;
II - a educação e divulgação sobre o consumo
adequado dos produtos e serviços, asseguradas a
liberdade de escolha e a igualdade nas contratações;
III - a informação adequada e clara sobre os
diferentes produtos e serviços, com especificação
correta de quantidade, características, composição,
qualidade, tributos incidentes e preço, bem como
sobre os riscos que apresentem;
IV - a proteção contra a publicidade enganosa e
abusiva, métodos comerciais coercitivos ou desleais,
bem como contra práticas e cláusulas abusivas ou
impostas no fornecimento de produtos e serviços;
V - a MODIFICAÇÃO das cláusulas contratuais que
estabeleçam prestações desproporcionais ou sua
8
REVISÃO em razão de fatos supervenientes que as
tornem excessivamente onerosas;
VI - a efetiva prevenção e reparação de danos
patrimoniais e morais, individuais, coletivos e
difusos;
VII - o acesso aos órgãos judiciários e administrativos
com vistas à prevenção ou reparação de danos
patrimoniais e morais, individuais, coletivos ou
difusos, assegurada a proteção Jurídica, administrativa
e técnica aos necessitados;
VIII - a facilitação da defesa de seus direitos, inclusive
com a inversão do ônus da prova, a seu favor, no
processo civil, quando, a critério do juiz, for
verossímil a alegação OU quando for ele
hipossuficiente, segundo as regras ordinárias de
experiências;
A inversão do ônus da prova prevista no art. 6º, VIII,
do Código de Defesa do Consumidor é regra de
instrução e não regra de julgamento, motivo pelo
qual a decisão judicial que a determina deve ocorrer
antes da etapa instrutória ou, quando proferida em
momento posterior, há que se garantir à parte a
quem foi imposto o ônus a oportunidade de
apresentar suas provas, sob pena de absoluto
cerceamento de defesa. STJ. 4ª Turma. REsp
1.286.273-SP, Rel. Min. Marco Buzzi, julgado em
08/06/2021 (Info 701)
X - a adequada e eficaz prestação dos serviços
públicos em geral.
XI - a garantia de práticas de crédito responsável,
de educação financeira e de prevenção e tratamento
de situações de superendividamento, preservado o
mínimo existencial, nos termos da regulamentação,
por meio da revisão e da repactuação da dívida, entre
outras medidas; (LEI 14181/21)
XII - a preservação do mínimo existencial, nos
termos da regulamentação, na repactuação de dívidas
e na concessão de crédito; (LEI 14181/21)
XIII - a informação acerca dos preços dos produtos
por unidade de medida, tal como por quilo, por litro,
por metro ou por outra unidade, conforme o caso.
(LEI 14181/21)
Parágrafo único. A informação de que trata o inciso
III do caput deste artigo deve ser acessível à pessoa
com deficiência, observado o disposto em
regulamento.
MODIFICAÇÃO REVISÃO
Prestações
desproporcionais
Fatos supervenientes que
as tornem
excessivamente
onerosas;
TEORIA DA
IMPREVISÃO –
CÓDIGO CIVIL
TEORIA DO
ROMPIMENTO DA
BASE OBJETIVA DO
NEGÓCIO JURÍDICO –
CDC
Exige a
imprevisibilidade e a
extraordinariedade do
fato superveniente
Não exige
Exige a extrema
vantagem para o credor
Não exige
Implica resolução (a
revisão somente com a
voluntariedade do
credor)
Implica revisão
(resolução somente
quando não houver
possibilidade de revisão –
princípio da
conservação dos
contratos)
O CDC adotou a DISTRIBUIÇÃO DINÂMICA DO
ÔNUS DA PROVA (magistrado tem o poder de
redistribuição – inversão – caso verificada
verossimilhança da alegação ou hipossuficiência do
consumidor). O CPC adotou a regra da
DISTRIBUIÇÃO ESTÁTICA DO ÔNUS DA PROVA,
distribuindo prévia e abstratamente o encargo
probatório (autor – fatos constitutivos; réu – fatos
modificativos, extintivos ou impeditivos). Importante
esclarecer que o NCPC prevê a possibilidade de
aplicação da distribuição dinâmica do ônus da
prova pelo juiz no caso concreto – art. 373, §1°.
É constitucional — por não violar as regras do
sistema constitucional de repartição de
competências — lei estadual que fixa limite de
tempo proporcional e razoável para o
atendimento de consumidores em
estabelecimentos públicos e privados, bem como
9
prevê a cominação de sanções progressivas na
hipótese de descumprimento. ADI 2.879/SC, relator
Ministro Nunes Marques, julgamento virtual
finalizado em 15.9.2023 (sexta-feira), às 23:59 (Info
1108 STF)
INVERSÃO DO ÔNUS DA PROVA
OPE IUDICIS OPE LEGIS
Art. 6°, VIII - verossímil a
alegação OU quando for
ele hipossuficiente
Art. 12, § 3º, II -O
fabricante, o construtor,
o produtor ou
importador só não será
responsabilizado
quando provar que,
embora haja colocado o
produto no mercado, o
defeito inexiste
Art. 14, § 3º, I - O
fornecedor de serviços só
não será
responsabilizado
quando provar que,
tendo prestado o
serviço, o defeito
inexiste
Art. 38 - O ônus da prova
da veracidade e
correção da informação
ou comunicação
publicitária cabe a
quem as patrocina.
Art. 7° Os direitos previstos neste código não excluem
outros decorrentes de tratados ou convenções
internacionais de que o Brasil seja signatário, da
legislação interna ordinária, de regulamentos
expedidos pelas autoridades administrativas
competentes, bem como dos que derivem dos
princípios gerais do direito, analogia, costumes e
equidade.
Parágrafo único. Tendo mais de um autor a ofensa,
todos responderão solidariamente pela reparação
dos danos previstos nas normas de consumo.
CAPÍTULO IV - DA QUALIDADE DE
PRODUTOS E SERVIÇOS, DA PREVENÇÃO E
DA REPARAÇÃO DOS DANOS
SEÇÃO I - DA PROTEÇÃO À SAÚDE E
SEGURANÇA
Art. 8° Os produtos e serviços colocados no mercado
de consumo não acarretarão riscos à saúde ou
segurança dos consumidores, exceto os
considerados normais e previsíveis em decorrência
de sua natureza e fruição, obrigando-se os
fornecedores, em qualquer hipótese, a dar as
informações necessárias e adequadas a seu respeito.
§ 1º Em se tratando de produto industrial, ao
fabricante cabe prestar as informações a que se
refere este artigo, através de impressos apropriados
que devam acompanhar o produto.
§ 2º O fornecedor deverá higienizar os
equipamentos e utensílios utilizados no
fornecimento de produtos ou serviços, ou colocados à
disposição do consumidor, e informar, de maneira
ostensiva e adequada, quando for o caso, sobre o
risco de contaminação.
Art. 9° O fornecedor de produtos e serviços
potencialmente nocivos ou perigosos à saúde ou
segurança deverá informar, de maneira ostensiva e
adequada, a respeito da sua nocividade ou
periculosidade, sem prejuízo da adoção de outras
medidas cabíveis em cada caso concreto.
Art. 10. O fornecedor não poderá colocar no
mercado de consumo produto ou serviço que sabe
ou deveria saber apresentar alto grau de nocividade
ou periculosidade à saúde ou segurança.
§ 1° O fornecedor de produtos e serviços que,
posteriormente à sua introdução no mercado de
consumo, tiver conhecimento da periculosidade
que apresentem, deverá comunicar o fato
10
imediatamente às autoridades competentese aos
consumidores, mediante anúncios publicitários.
§ 2° Os anúncios publicitários a que se refere o
parágrafo anterior serão veiculados na imprensa,
rádio e televisão, às expensas do fornecedor do
produto ou serviço.
§ 3° Sempre que tiverem conhecimento de
periculosidade de produtos ou serviços à saúde ou
segurança dos consumidores, a União, os Estados, o
Distrito Federal e os Municípios deverão informá-los a
respeito.
SEÇÃO II - DA RESPONSABILIDADE PELO
FATO DO PRODUTO E DO SERVIÇO
FATO VÍCIO
Responsabilidade por
VÍCIOS DE SEGURANÇA
(atinge a incolumidade
física do consumidor)
Responsabilidade por
VÍCIOS DE ADEQUAÇÃO
A utilização do
produto/serviço é capaz
de ocasionar um evento
danoso – acidente de
consumo
Produtos/serviços não
correspondem às
expectativas geradas pelo
consumidor quando da
utilização/fruição,
afetando a
prestabilidade,
tornando-os
inadequados.
Garantia da
INCOLUMIDADE
FÍSICO-PSÍQUICA do
consumidor, protegendo
sua segurança
Garantia da
INCOLUMIDADE
ECONÔMICA do
consumidor
O prejuízo é extrínseco
ao bem
O prejuízo é intrínseco
ao bem
Prescrição Decadência
VÍCIO DEFEITO
O vício pertence ao
produto/serviço,
tornando-o inadequado,
mas não atinge o
É o vício acrescido de
um problema extra.
Gera não só
inadequação do
consumidor ou outras
pessoas
produto/serviço, mas
dano ao consumidor ou
a outras pessoas.
Geram acidente de
consumo
Há vício sem defeito, mas não há defeito sem vício.
Art. 12. O fabricante, o produtor, o construtor,
nacional ou estrangeiro, e o importador respondem,
independentemente da existência de culpa
(responsabilidade objetiva), pela reparação dos
danos causados aos consumidores por defeitos
decorrentes de projeto, fabricação, construção,
montagem, fórmulas, manipulação, apresentação ou
acondicionamento de seus produtos, bem como por
informações insuficientes ou inadequadas sobre sua
utilização e riscos.
§ 1° O produto é defeituoso quando não oferece a
segurança que dele legitimamente se espera,
levando-se em consideração as circunstâncias
relevantes, entre as quais:
I - sua apresentação;
II - o uso e os riscos que razoavelmente dele se
esperam;
O laboratório tem responsabilidade objetiva na
ausência de prévia informação qualificada quanto
aos possíveis efeitos colaterais da medicação,
ainda que se trate do chamado risco de
desenvolvimento.” STJ. 3ª Turma. REsp 1.774.372-RS,
Rel. Min. Nancy Andrighi, julgado em 05/05/2020
(Info 671)
Não é possível responsabilizar o fabricante de
medicamento por reação adversa descrita na
bula, risco inerente ou intrínseco à sua própria
utilização. REsp 1.402.929-DF, Rel. Ministra Maria
Isabel Gallotti, Quarta Turma, por unanimidade,
julgado em 11/4/2023. (info 771 STJ)
III - a época em que foi colocado em circulação.
§ 2º O produto não é considerado defeituoso pelo
fato de outro de melhor qualidade ter sido colocado
no mercado.
§ 3° O fabricante, o construtor, o produtor ou
importador só não será responsabilizado quando
provar:
11
I - que não colocou o produto no mercado;
II - que, embora haja colocado o produto no
mercado, o defeito inexiste;
III - a culpa exclusiva do consumidor ou de terceiro.
Demonstrada, pelo consumidor, a relação de causa e
efeito entre o produto e o dano, incumbe ao
fornecedor o ônus de comprovar a inexistência
de defeito do produto ou a configuração de outra
excludente de responsabilidade consagrada no §
3º do art. 12 do CDC. STJ. 3ª Turma. REsp
1.955.890-SP, Rel. Min. Nancy Andrighi, julgado em
05/10/2021 (Info 714)
A infecção hospitalar que, reconhecidamente tem
liame causal com os danos sofridos por
recém-nascido, impõe o afastamento das concausas
- a prematuridade e o baixo peso do bebê
recém-nascido -, atraindo assim a responsabilidade
do hospital pelo pagamento integral das
indenizações, à luz da teoria da causalidade
adequada (dano direto e imediato). Processo em
Segredo de Justiça, Rel. Ministro Marco Buzzi, Quarta
Turma, por unanimidade, julgado em 6/6/2023. (Info
778 STJ)
PERICULOSIDADE INERENTE (LATENTE)5
“Os bens de consumo de periculosidade inerente
ou latente (unavoidably unsafe product or service)
trazem um risco intrínseco atado a sua própria
qualidade ou modo de funcionamento. Embora se
mostre capaz de causar acidentes, a periculosidade
dos produtos e serviços, nesses casos, diz-se normal
e previsível em decorrência de sua natureza ou
fruição, ou seja, está em sintonia com as
expectativas legítimas dos consumidores.” Ex.: facas.
PERICULOSIDADE ADQUIRIDA
“Os chamados produtos ou serviços de
periculosidade adquirida tornam-se perigosos em
decorrência de um defeito que, por qualquer razão,
apresentam. São bens de consumo que, se ausente o
vício de qualidade por insegurança que trazem, não
manifestam risco superior àquele legitimamente
esperado pelo consumidor. A característica principal
5Almeida, Fabricio Bolzan de. Direito do consumidor esquematizado / Fabricio Bolzan
de Almeida. - Coleção esquematizado® / coordenador Pedro Lenza – 8. ed. – São
Paulo : Saraiva Educação, 2020, pag. 507
da periculosidade adquirida é exatamente a sua
imprevisibilidade para o consumidor. É impossível
(ou, quando possível, inútil) qualquer modalidade de
advertência, já que esta não tem o condão de
eliminá-la.”
PERICULOSIDADE EXAGERADA
“Estes são, em verdade, uma espécie dos bens de
consumo de periculosidade inerente embora Eike
von Hippel (Verbraucherschutz, p. 50) prefira
situá-los como portadores de defeito de concepção.
Só que, ao contrário dos bens de periculosidade
inerente, a informação adequada aos consumidores
não produz maior resultado na mitigação de seus
riscos. Seu potencial danoso é tamanho que o
requisito da previsibilidade não consegue ser
totalmente preenchido pelas informações prestadas
pelos fornecedores.”
Art. 13. O comerciante é igualmente responsável,
nos termos do artigo anterior, quando:
I - o fabricante, o construtor, o produtor ou o
importador não puderem ser identificados;
II - o produto for fornecido sem identificação clara
do seu fabricante, produtor, construtor ou
importador;
III - não conservar adequadamente os produtos
perecíveis.
Parágrafo único. Aquele que efetivar o pagamento ao
prejudicado poderá exercer o direito de regresso
contra os demais responsáveis, segundo sua
participação na causação do evento danoso.
A inexistência de responsabilidade solidária por
fato do produto entre os fornecedores da cadeia
de consumo impede a extensão do acordo feito
por um réu em benefício do outro. Exemplo:
Marina adquiriu um suco de caixinha industrializado
no supermercado e, depois de tomar o primeiro
gole, percebeu que o produto estava contaminado
com um corpo estranho. A consumidora ajuizou ação
de indenização por danos morais contra a fabricante
do suco e o supermercado. O comerciante
(supermercado) resolveu fazer um acordo com a
consumidora e pagou R$ 4 mil à autora. A fabricante,
por sua vez, não participou da transação. O juiz, ao
12
homologar a transação, irá extinguir o processo
apenas no que tange ao supermercado,
prosseguindo o feito com relação à fabricante. A
ingestão parcial de produto contaminado configura
hipótese de fato do produto, situação na qual o
comerciante não possui responsabilidade solidária,
mas sim subsidiária (art. 13 do CDC). Sendo a
responsabilidade do supermercado subsidiária, o
acordo por ele firmado não se estende
necessariamente à fabricante porque não se aplica o
§ 3º do art. 844 do CC (este dispositivo afirma que se
a transação foi feita entre um dos devedores
solidários e seu credor, ela extingue a dívida em
relação aos codevedores). STJ. 3ª Turma. REsp
1.968.143-RJ, Rel. Min. Marco Aurélio Bellizze, julgado
em 08/02/2022 (Info 724).
Art. 14. O fornecedor de serviços responde,
independentemente da existência de culpa
(responsabilidade objetiva), pela reparação dos
danos causados aos consumidores por defeitos
relativos à prestação dos serviços, bem como por
informações insuficientes ou inadequadas sobre sua
fruição e riscos.
§ 1° O serviço é defeituoso quando não fornece a
segurança que o consumidor dele pode esperar,levando-se em consideração as circunstâncias
relevantes, entre as quais:
I - omodo de seu fornecimento;
II - o resultado e os riscos que razoavelmente dele se
esperam;
III - a época em que foi fornecido.
§ 2º O serviço não é considerado defeituoso pela
adoção de novas técnicas.
§ 3° O fornecedor de serviços só não será
responsabilizado quando provar:
I - que, tendo prestado o serviço, o defeito inexiste;
II - a culpa exclusiva do consumidor ou de terceiro.
§ 4° A responsabilidade pessoal dos profissionais
liberais será apurada mediante a verificação de culpa
(responsabilidade subjetiva).
O ATRASO NA ENTREGA DO IMÓVEL GERA
DIREITO À INDENIZAÇÃO?6
DANOS MORAIS
Em regra, não são devidos. O mero descumprimento
do prazo de entrega previsto no contrato não
acarreta, por si só danos morais.
Em situações excepcionais é possível haver a
condenação em danos morais, desde que
devidamente comprovada a ocorrência de uma
significativa e anormal situação que repercuta na
esfera de dignidade do comprador. Ex1: atraso muito
grande (2 anos); Ex2: teve que adiar o casamento por
conta do atraso. STJ. 3ª Turma. REsp 1654843/SP, Rel.
Min. Ricardo Villas Bôas Cueva, julgado em
27/02/2018. STJ. 3ª Turma. AgInt-REsp 1.870.773, Rel.
Min. Paulo de Tarso Sansenverino, julgado em
26/03/2021. STJ. 3ª Turma. AgInt-REsp 1.913.570, Rel.
Min. Ricardo Villas Boas Cueva, julgado em
15/06/2021
DANOS MATERIAIS
O atraso pode acarretar a condenação da
construtora/imobiliária ao pagamento de:
1. Dano emergente (precisa ser provado pelo
adquirente);
2. Lucros cessantes (são presumidos; o adquirente
não precisa provar). Os lucros cessantes devem
ser calculados como sendo o valor do aluguel do
imóvel atrasado.
Isso porque:
• o adquirente está morando em um imóvel
alugado, enquanto aguarda o seu; ou
• o adquirente não está morando de aluguel
mas comprou o novo imóvel para investir. Está
perdendo “dinheiro” porque poderia estar
alugando para alguém. STJ. 3ª Turma. REsp
1662322/RJ, Rel. Min. Nancy Andrighi, julgado
em 10/10/2017.
A concessionária de serviço público de transporte
não tem responsabilidade civil em caso de
assédio sexual cometido por terceiro em suas
6CAVALCANTE, Márcio André Lopes. Se a construtora atrasar a entrega do imóvel o
adquirente terá direito de ser indenizado por danos materiais e morais?. Buscador
Dizer o Direito, Manaus. Disponível em:
<https://www.buscadordizerodireito.com.br/jurisprudencia/detalhes/a10a26631d4592
8cb8be4ebabbee8b8d>
13
dependências. A importunação sexual no transporte
de passageiros, cometida por pessoa estranha à
empresa, configura fato de terceiro, que rompe o
nexo de causalidade entre o dano e o serviço
prestado pela concessionária – excluindo, para o
transportador, o dever de indenizar. O crime era
inevitável, quando muito previsível apenas em tese,
de forma abstrata, com alto grau de generalização.
Por mais que se saiba da possibilidade de sua
ocorrência, não se sabe quando, nem onde, nem
como e nem quem o praticará. Apenas se sabe que,
em algum momento, em algum lugar, em alguma
oportunidade, algum malvado o consumará. Então,
só pode ter por responsável o próprio criminoso.”
STJ. 2ª Seção. REsp 1.833.722/SP, Rel. Min. Raul
Araújo, julgado em 03/12/2020
O banco envolvido na portabilidade de crédito
possui o dever de apurar a regularidade do
consentimento e da transferência da operação,
respondendo solidariamente pelas falhas na
prestação do serviço.” STJ. 3ª Turma. REsp
1.771.984-RJ, Rel. Min. Marco Aurélio Bellizze, julgado
em 20/10/2020 (Info 682).
As indenizações por danos morais decorrentes de
extravio de bagagem e de atraso de voo
internacional não estão submetidas à tarifação
prevista na Convenção de Montreal, devendo-se
observar, nesses casos, a efetiva reparação do
consumidor preceituada pelo CDC. A tese fixada pelo
STF no RE 636331/RJ (Tema 210) tem aplicação
apenas aos pedidos de reparação por danos
materiais.” STJ. 3ª Turma. REsp 1842066-RS, Rel. Min.
Moura Ribeiro, julgado em 09/06/2020 (Info 673).
O site intermediador do comércio eletrônico não
pode ser responsabilizado por fraude quando o
fraudador não tiver usufruído da plataforma utilizada
na intermediação.” STJ. 3ª Turma. REsp 1880344/SP,
Rel. Min. Nancy Andrighi, julgado em 09/03/2021.
Em regra, o desconto indevido em conta corrente,
posteriormente ressarcido ao correntista, não
gera, por si só, dano moral, sendo necessária a
demonstração, no caso concreto, do dano
eventualmente sofrido. Em outras palavras, não há
dano moral in re ipsa. Ou seja, o prejuízo não é
presumido. Deve-se comprovar o abalo à honra.
Assim, para que haja dano moral é necessária a
demonstração, no caso concreto, do dano
eventualmente sofrido ou violação ao direito da
personalidade (exemplo: inscrição indevida em
cadastro de inadimplentes ou cobrança vexatória).”
STJ. 4ª Turma. AgInt no AREsp 1701311/GO, Rel. Min.
Raul Araújo, julgado em 01/03/2021.
As Convenções de Varsóvia e Montreal não
regularam o dano moral no transporte aéreo
internacional, ao qual deve ser aplicada a lei
geral interna, no caso, o Código de Defesa do
Consumidor. AgInt no REsp 1.944.528-SP, Rel.
Ministro Raul Araújo, Quarta Turma, por
unanimidade, julgado em 12/12/2022, DJe
14/12/2022. (Info 764 STJ)
Aplica-se o Código de Defesa do Consumidor em
detrimento das Convenções de Varsóvia e
Montreal nos casos em que se discute a
responsabilidade das empresas de transporte
aéreo internacional por dano moral resultante de
atraso ou cancelamento de voo e de extravio de
bagagem. RE 1.394.401/SP (Tema 1.240 RG) (Info
1080 STF)
O shopping center e o estacionamento vinculado a
ele podem ser responsabilizados por roubo à mão
armada ocorrido na cancela para ingresso no
estabelecimento comercial, em via pública. REsp
2.031.816-RJ, Rel. Ministra Nancy Andrighi, Terceira
Turma, por unanimidade, julgado em 14/3/2023.
(Info 767 STJ)
A notificação do consumidor acerca da inscrição de
seu nome em cadastro restritivo de crédito exige o
prévio envio de correspondência ao seu
endereço, sendo vedada a notificação exclusiva
por meio de e-mail ou mensagem de texto de
celular (SMS). REsp 2.056.285-RS, Rel. Ministra Nancy
Andrighi, Terceira Turma, por unanimidade, julgado
em 25/4/2023, DJe 27/4/2023. (Info 773 STJ)
Não se pode responsabilizar instituição
financeira em caso de transações realizadas
mediante a apresentação de cartão físico com
chip e a senha pessoal do correntista, sem
indícios de fraude. REsp 1.898.812-SP, Rel. Ministra
Maria Isabel Gallotti, Quarta Turma, por
unanimidade, julgado em 15/8/2023. (Info 784 STJ)
14
A instituição financeira responde objetivamente
por falha na prestação de serviços bancários ao
permitir a contratação de empréstimo por
estelionatário. REsp 2.052.228-DF, Rel. Ministra
Nancy Andrighi, Terceira Turma, por unanimidade,
julgado em 12/9/2023, DJe 15/9/2023 (Info 788 STJ)
A vendedora de passagem aérea não responde
solidariamente com a companhia aérea pelos
danos morais e materiais experimentados pelo
passageiro em razão do cancelamento do voo.
REsp 2.082.256-SP, Rel. Ministro Marco Aurélio
Bellizze, Terceira Turma, por maioria, julgado em
12/9/2023, DJe 21/9/2023. (Info 788 STJ)
FORTUITO INTERNO7 FORTUITO EXTERNO
Está relacionado com a
organização da empresa.
É um fato ligado aos
riscos da atividade
desenvolvida pelo
fornecedor.
Não está relacionado
com a organização da
empresa.
É um fato que não guarda
nenhuma relação de
causalidade com a
atividade desenvolvida
pelo fornecedor.
É uma situação
absolutamente estranha
ao produto ou ao serviço
fornecido.
Ex1: o estouro de um
pneu do ônibus da
empresa de transporte
coletivo;
Ex2: cracker invade o
sistema do banco e
consegue transferir
dinheiro da conta de um
cliente.
Ex3: durante o transporte
da matriz para uma das
agências, ocorre um
roubo e são subtraídos
diversos talões de cheque
(trata-se de um fato que
se liga à organização da
Ex1: assalto à mão
armada no interior de
ônibus coletivo (não é
parte da organização da
empresa de ônibus
garantir a segurança dos
passageiros contra
assaltos);
Ex2:um terremoto faz
com que o telhado do
banco caia, causando
danos aos clientes que lá
estavam.
7
https://www.buscadordizerodireito.com.br/teses/detalhes/8f53295a73878494e9bc8dd
6c3c7104f?palavra-chave=EDI%C3%87%C3%83O+N.+39%3A+DIREITO+DO+CONSUMID
OR+I+&criterio-pesquisa=e
empresa e aos riscos da
própria atividade
desenvolvida).
O fortuito interno NÃO
exclui a obrigação do
fornecedor de indenizar o
consumidor.
O fortuito externo é uma
causa excludente de
responsabilidade
EXISTE DEVER DE INDENIZAR EM CASO DE
ROUBO MEDIANTE USO DE ARMA DE FOGO?8
REGRA
NÃO. Em caso de roubo mediante uso de arma de
fogo, em regra, não há dever de indenizar, ainda que
no âmbito da responsabilidade civil objetiva. Isso
porque se trata de fato inevitável e irresistível,
acarretando uma impossibilidade quase absoluta de
não ocorrência do dano.
EXCEÇÕES
1. Serviços que, em sua natureza, envolvem risco à
segurança. Aqui o risco é um evento previsível.
Ex: atividades bancárias.
2. Quando há exploração econômica direta da
atividade.
Ex: estacionamentos pagos.
3. Quando, em troca dos benefícios financeiros
indiretos, o fornecedor assume, ainda que
implicitamente, o dever de lealdade e
segurança.
Ex: estacionamentos gratuitos de shoppings e
hipermercados.
4. Quando o empreendedor acaba atraindo para si
tal responsabilidade.
Ex: se o fornecedor divulga essa segurança em
oferta ou publicidade.
Art. 17. Para os efeitos desta Seção, equiparam-se
aos consumidores todas as vítimas do evento.
8https://www.buscadordizerodireito.com.br/teses/detalhes/8f53295a73878494e9bc8d
d6c3c7104f?palavra-chave=EDI%C3%87%C3%83O+N.+39%3A+DIREITO+DO+CONSUMI
DOR+I+&criterio-pesquisa=e
15
SEÇÃO III - DA RESPONSABILIDADE POR
VÍCIO DO PRODUTO E DO SERVIÇO
Art. 18. Os fornecedores de produtos de consumo
duráveis ou não duráveis respondem solidariamente
pelos vícios de qualidade ou quantidade que os
tornem impróprios ou inadequados ao consumo a
que se destinam ou lhes diminuam o valor, assim
como por aqueles decorrentes da disparidade, com a
indicações constantes do recipiente, da embalagem,
rotulagem ou mensagem publicitária, respeitadas as
variações decorrentes de sua natureza, podendo o
consumidor exigir a substituição das partes viciadas.
O comerciante tem a obrigação de intermediar a
reparação ou a substituição de produtos nele
adquiridos e que apresentem defeitos de fabricação
(vício oculto de inadequação), com a coleta em suas
lojas e remessa ao fabricante e posterior devolução.”
STJ. 3ª Turma. REsp 1568938-RS, Rel. Min. Moura
Ribeiro, julgado em 25/08/2020 (Info 678).
§ 1° Não sendo o vício sanado no prazo máximo de
30 dias, pode o consumidor exigir,
alternativamente e à sua escolha:
I - a substituição do produto por outro da mesma
espécie, em perfeitas condições de uso;
II - a restituição imediata da quantia paga,
monetariamente atualizada, sem prejuízo de
eventuais perdas e danos;
III - o abatimento proporcional do preço.
É obrigatória a devolução de veículo considerado
inadequado ao uso após a restituição do preço
pelo fornecedor no cumprimento de sentença
prolatada em ação redibitória.” STJ. 3ª Turma. REsp
1.823.284-SP, Rel. Min. Paulo de Tarso Sanseverino,
julgado em 13/10/2020 (Info 681).
§ 2° Poderão as partes convencionar a redução ou
ampliação do prazo previsto no parágrafo anterior,
não podendo ser inferior a 7 nem superior a 180
dias. Nos contratos de adesão, a cláusula de prazo
deverá ser convencionada em separado, por meio
de manifestação expressa do consumidor.
§ 3° O consumidor poderá fazer uso imediato das
alternativas do § 1° deste artigo sempre que, em
razão da extensão do vício, a substituição das partes
viciadas puder comprometer a qualidade ou
características do produto, diminuir-lhe o valor ou
se tratar de produto essencial.
§ 4° Tendo o consumidor optado pela alternativa do
inciso I do § 1° deste artigo, e não sendo possível a
substituição do bem, poderá haver substituição por
outro de espécie, marca ou modelo diversos,
mediante complementação ou restituição de eventual
diferença de preço, sem prejuízo do disposto nos
incisos II e III do § 1° deste artigo.
§ 5° No caso de fornecimento de produtos in
natura, será responsável perante o consumidor o
FORNECEDOR IMEDIATO, exceto quando
identificado claramente seu produtor.
§ 6° São impróprios ao uso e consumo:
I - os produtos cujos prazos de validade estejam
vencidos;
II - os produtos deteriorados, alterados,
adulterados, avariados, falsificados, corrompidos,
fraudados, nocivos à vida ou à saúde, perigosos ou,
ainda, aqueles em desacordo com as normas
regulamentares de fabricação, distribuição ou
apresentação;
III - os produtos que, por qualquer motivo, se
revelem inadequados ao fim a que se destinam.
É devida a devolução integral do valor atualizado
pago pelo produto, não sendo cabível a
restituição de seu valor como usado, no caso de
objeto que teve vício redibitório reconhecido,
ultrapassado o prazo para sanar o vício, nos
termos do art. 18 do CDC. STJ, AgInt no AREsp
2.233.500-DF, Rel. Ministro João Otávio de Noronha,
Quarta Turma, por unanimidade, julgado em
11/9/2023, DJe 13/9/2023.(Ed Extraord 15)
Art. 19. Os fornecedores respondem solidariamente
pelos vícios de QUANTIDADE do produto sempre
que, respeitadas as variações decorrentes de sua
natureza, seu conteúdo líquido for inferior às
indicações constantes do recipiente, da embalagem,
rotulagem ou de mensagem publicitária, podendo o
consumidor exigir, alternativamente e à sua
escolha:
I - o abatimento proporcional do preço;
II - complementação do peso ou medida;
16
III - a substituição do produto por outro da mesma
espécie, marca ou modelo, sem os aludidos vícios;
IV - a restituição imediata da quantia paga,
monetariamente atualizada, sem prejuízo de
eventuais perdas e danos.
§ 1° Aplica-se a este artigo o disposto no § 4° do artigo
anterior.
§ 2° O fornecedor imediato será responsável
quando fizer a pesagem ou a medição e o
instrumento utilizado não estiver aferido segundo
os padrões oficiais.
Há responsabilidade solidária de todos os
integrantes da cadeia de fornecimento por vício
no produto adquirido pelo consumidor, aí
incluindo-se o fornecedor direto (ex:
concessionária de veículos) e o fornecedor
indireto (ex: o fabricante do automóvel). Os
integrantes da cadeia de consumo, em ação
indenizatória consumerista, também são
responsáveis pelos danos gerados ao consumidor,
não cabendo a alegação de que o dano foi gerado
por culpa exclusiva de um dos seus integrantes. STJ.
3ª Turma. REsp 1684132/CE, Rel. Min. Nancy
Andrighi, julgado em 02/10/2018. STJ. 4ª Turma. AgInt
no AREsp 1183072/SP, Rel. Min. Maria Isabel Gallotti,
julgado em 02/10/2018.
Art. 20. O fornecedor de serviços responde pelos
vícios de QUALIDADE que os tornem impróprios ao
consumo ou lhes diminuam o valor, assim como por
aqueles decorrentes da disparidade com as
indicações constantes da oferta ou mensagem
publicitária, podendo o consumidor exigir,
alternativamente e à sua escolha:
I - a reexecução dos serviços, sem custo adicional e
quando cabível;
II - a restituição imediata da quantia paga,
monetariamente atualizada, sem prejuízo de
eventuais perdas e danos;
III - o abatimento proporcional do preço.
§ 1° A reexecução dos serviços poderá ser confiada
a terceiros devidamente capacitados, por conta e
risco do fornecedor.
§ 2° São impróprios os serviços que se mostrem
inadequados para os fins que razoavelmente deles
se esperam, bem como aqueles que não atendam
as normas regulamentares de prestabilidade.
Art. 21. No fornecimento de serviços que tenham
por objetivo a reparação de qualquer produto
considerar-se-á implícita a obrigação do fornecedor
de empregar componentes de reposição originais
adequados e novos, ou que mantenham as
especificações técnicas do fabricante, salvo, quanto a
estes últimos, autorização em contrário do
consumidor.
Art. 70. Empregar na reparação de produtos, peça ou
componentes de reposição usados, sem autorização
do consumidor: Pena Detenção de três meses a um
ano e multa.
Art. 22. Os órgãos públicos, porsi ou suas
empresas, concessionárias, permissionárias ou sob
qualquer outra forma de empreendimento, são
obrigados a fornecer serviços adequados,
eficientes, seguros e, quanto aos essenciais,
contínuos.
Parágrafo único. Nos casos de descumprimento, total
ou parcial, das obrigações referidas neste artigo, serão
as pessoas jurídicas compelidas a cumpri-las e a
reparar os danos causados, na forma prevista neste
código.
Os serviços públicos estão sujeitos ao CDC.
Entretanto, não é todo serviço público que se
submete às regras do CDC, mas somente aqueles
realizados mediante uma contraprestação ou
remuneração diretamente efetuada pelo
consumidor ao fornecedor.
O serviço público realizado mediante o pagamento
de tributos, prestado a toda a coletividade, não se
submete aos preceitos consumeristas.
Para o STJ, somente os serviços uti singuli estão
abrangidos pelo CDC.
Art. 23. A ignorância do fornecedor sobre os vícios
de qualidade por inadequação dos produtos e
serviços não o exime de responsabilidade.
17
Art. 24. A garantia legal de adequação do produto ou
serviço independe de termo expresso, vedada a
exoneração contratual do fornecedor.
GARANTIA LEGAL GARANTIA
CONTRATUAL
É obrigatória, não
podendo o fornecedor
dela se exonerar.
É complementar à legal e
será facultativa.
Independe de termo
escrito.
É nula qualquer cláusula
exoneratória.
Será conferida mediante
termo escrito.
Art. 25. É vedada a estipulação contratual de cláusula
que impossibilite, exonere ou atenue a obrigação
de indenizar prevista nesta e nas seções anteriores.
§ 1° Havendo mais de um responsável pela causação
do dano, todos responderão solidariamente pela
reparação prevista nesta e nas seções anteriores.
§ 2° Sendo o dano causado por componente ou peça
incorporada ao produto ou serviço, são responsáveis
solidários seu fabricante, construtor ou importador e
o que realizou a incorporação.
A previsão de solidariedade prevista no art. 25,
§1º, do CDC deve ser interpretada
restritivamente. REsp 1.647.238-RJ, Rel. Min. Gurgel
de Faria, Primeira Turma, por unanimidade, julgado
em 17/05/2022. (Info 737)
SEÇÃO IV - DA DECADÊNCIA E DA
PRESCRIÇÃO
Art. 26. O direito de reclamar pelos vícios aparentes
ou de fácil constatação caduca em:
I - 30 dias, tratando-se de fornecimento de serviço e
de produtos não duráveis;
II - 90 dias, tratando-se de fornecimento de serviço e
de produtos duráveis.
§ 1° Inicia-se a contagem do prazo decadencial a
partir da entrega efetiva do produto ou do término
da execução dos serviços.
§ 2° Obstam a decadência:
I - a reclamação comprovadamente formulada pelo
consumidor perante o fornecedor de produtos e
serviços até a resposta negativa correspondente,
que deve ser transmitida de forma inequívoca (A
reclamação pode ser feita de forma documental
ou verbalmente – STJ, Info 614);
III - a instauração de inquérito civil, até seu
encerramento.
§ 3° Tratando-se de vício oculto, o prazo decadencial
inicia-se no momento em que ficar evidenciado o
defeito.
PRAZO DE DECADÊNCIA
VÍCIOS APARENTES OU DE FÁCIL
CONSTATAÇÃO
Produtos ou
serviços
Prazo Início da
contagem
Não duráveis 30 d Entrega efetiva
do produto ou
do término da
execução dos
serviços.
Duráveis
90 d
VÍCIOS OCULTOS
Produtos ou
serviços
Prazo Início da
contagem
Não duráveis 30 d Momento em
que ficar
evidenciado o
defeito.
Duráveis
90 d
Art. 27. Prescreve em 5 anos a pretensão à
reparação pelos danos causados por fato do
produto ou do serviço prevista na Seção II deste
Capítulo, iniciando-se a contagem do prazo a partir
do conhecimento do dano e de sua autoria.
DECADÊNCIA PRESCRIÇÃO
18
Vícios do produto/serviço Fato do produto/serviço
SEÇÃO V - DA DESCONSIDERAÇÃO DA
PERSONALIDADE JURÍDICA
Art. 28. O juiz poderá desconsiderar a personalidade
jurídica da sociedade quando, em detrimento do
consumidor, houver abuso de direito, excesso de
poder, infração da lei, fato ou ato ilícito ou
violação dos estatutos ou contrato social. A
desconsideração também será efetivada quando
houver falência, estado de insolvência,
encerramento ou inatividade da pessoa jurídica
provocados por má administração.
§ 2° As sociedades integrantes dos grupos
societários e as sociedades controladas, são
subsidiariamente responsáveis pelas obrigações
decorrentes deste código.
§ 3° As sociedades consorciadas são solidariamente
responsáveis pelas obrigações decorrentes deste
código.
§ 4° As sociedades coligadas só responderão por
culpa.
§ 5° Também poderá ser desconsiderada a pessoa
jurídica sempre que sua personalidade for, de
alguma forma, obstáculo ao ressarcimento de
prejuízos causados aos consumidores.
Para fins de aplicação da Teoria Menor da
desconsideração da personalidade jurídica, o § 5º
do art. 28 do CDC não dá margem para admitir a
responsabilização pessoal de quem não integra
o quadro societário da empresa (administrador
não sócio). REsp 1.860.333-DF, Rel. Min. Marco
Buzzi, Quarta Turma, por unanimidade, julgado em
11/10/2022. (Info 754 STJ)
A despeito de não se exigir prova de abuso ou
fraude para aplicação da Teoria Menor da
desconsideração da personalidade jurídica, não
é possível a responsabilização pessoal de sócio
que não desempenhe atos de gestão, ressalvada
a prova de que contribuiu, ao menos
culposamente, para a prática de atos de
administração. REsp 1.900.843-DF, Rel. Ministro
Paulo de Tarso Sanseverino (in memorian), Rel. para
acórdão Ministro Ricardo Villas Bôas Cueva, Terceira
Turma, por maioria julgado em 23/5/2023, DJe
30/5/2023. (Info 777 STJ).
TEORIA MAIOR9 TEORIA MENOR
O Direito Civil brasileiro
adotou, como regra geral,
a chamada teoria maior
da desconsideração. Isso
porque o art. 50 exige
que se prove o desvio de
finalidade (teoria maior
subjetiva) ou a confusão
patrimonial (teoria maior
objetiva).
No Direito do
Consumidor e no Direito
Ambiental, adotou-se a
teoria menor da
desconsideração. Isso
porque, para que haja a
desconsideração da
personalidade jurídica
nas relações jurídicas
envolvendo consumo ou
responsabilidade civil
ambiental não se exige
desvio de finalidade nem
confusão patrimonial.
Deve-se provar:
1) Abuso da
personalidade (desvio de
finalidade ou confusão
patrimonial);
2) Que os
administradores ou
sócios da pessoa jurídica
foram beneficiados direta
ou indiretamente pelo
abuso (novo requisito
trazido pela Lei nº
13.874/2019).
De acordo com a Teoria
Menor, a incidência da
desconsideração se
justifica:
a) pela comprovação da
insolvência da pessoa
jurídica para o
pagamento de suas
obrigações, somada à má
administração da
empresa (art. 28, caput,
do CDC); ou
b) pelo mero fato de a
personalidade jurídica
representar um
obstáculo ao
ressarcimento de
prejuízos causados aos
consumidores, nos
termos do § 5º do art. 28
do CDC.
STJ. 3ª Turma. REsp
1735004/SP, Rel. Min.
Nancy Andrighi, julgado
em 26/06/2018.
9Tabela retirada do site www.dizerodireito.com.br
19
Adotada pelo art. 50 do
CC.
Prevista no art. 4º da Lei
nº 9.605/98 (Lei
Ambiental) e no art. 28, §
5º do CDC.
SOCIEDADES INTEGRANTES DE GRUPOS
SOCIETÁRIOS
Formado pela sociedade controladora e suas
controladas, mediante convenção, pela qual se
obrigam a combinar recursos ou esforços para a
realização dos respectivos objetos, ou a participar
de atividades ou empreendimentos comuns.
Responsabilidade SUBSIDIÁRIA.
SOCIEDADES CONTROLADAS
É aquela cuja preponderância nas deliberações e
decisões pertencem à outra sociedade, dita
controladora.
Responsabilidade SUBSIDIÁRIA.
SOCIEDADES CONSORCIADAS
Reunião de sociedades que se agrupam para
executar um determinado empreendimento.
Responsabilidade SOLIDÁRIA.
SOCIEDADES COLIGADAS
Quando uma participa com 10% ou mais do capital
da outra, porém, sem controlá-la.
Só responde por culpa.
CAPÍTULO V - DAS PRÁTICAS COMERCIAIS
SEÇÃO I - DAS DISPOSIÇÕES GERAIS
Art. 29. Para os fins deste Capítulo e do seguinte,
equiparam-se aos consumidores todas as pessoas
determináveis ou não, expostas às práticas nele
previstas.
SEÇÃO II - DA OFERTA
Art. 30. Toda informação ou publicidade,
suficientemente precisa, veiculada por qualquer
formaou meio de comunicação com relação a
produtos e serviços oferecidos ou apresentados,
obriga o fornecedor que a fizer veicular ou dela se
utilizar e integra o contrato que vier a ser celebrado.
O erro sistêmico grosseiro no carregamento de
preços e a rápida comunicação ao consumidor
podem afastar a falha na prestação do serviço e o
princípio da vinculação da oferta.” STJ. 3ª Turma.
REsp 1.794.991-SE, Rel. Min. Nancy Andrighi, julgado
em 05/05/2020 (Info 671).
Art. 31. A oferta e apresentação de produtos ou
serviços devem assegurar informações corretas,
claras, precisas, ostensivas e em língua portuguesa
sobre suas características, qualidades, quantidade,
composição, preço, garantia, prazos de validade e
origem, entre outros dados, bem como sobre os riscos
que apresentam à saúde e segurança dos
consumidores.
Parágrafo único. As informações de que trata este
artigo, nos produtos refrigerados oferecidos ao
consumidor, serão gravadas de forma indelével.
Art. 32. Os fabricantes e importadores deverão
assegurar a oferta de componentes e peças de
reposição enquanto não cessar a fabricação ou
importação do produto.
Parágrafo único. Cessadas a produção ou importação,
a oferta deverá ser mantida por período razoável de
tempo, na forma da lei.
Art. 33. Em caso de oferta ou venda por telefone ou
reembolso postal, deve constar o nome do fabricante
e endereço na embalagem, publicidade e em todos os
impressos utilizados na transação comercial.
Parágrafo único. É proibida a publicidade de bens e
serviços por telefone, quando a chamada for
onerosa ao consumidor que a origina.
20
Art. 34. O fornecedor do produto ou serviço é
solidariamente responsável pelos atos de seus
prepostos ou representantes autônomos.
Art. 35. Se o fornecedor de produtos ou serviços
recusar cumprimento à oferta, apresentação ou
publicidade, o consumidor poderá,
alternativamente e à sua livre escolha:
I - exigir o cumprimento forçado da obrigação, nos
termos da oferta, apresentação ou publicidade;
II - aceitar outro produto ou prestação de serviço
equivalente;
III - rescindir o contrato, com direito à restituição de
quantia eventualmente antecipada, monetariamente
atualizada, e a perdas e danos.
O mero fato de o fornecedor do produto não o
possuir em estoque no momento da contratação
não é condição suficiente para eximi-lo do
cumprimento forçado da obrigação.” STJ. 3ª Turma.
REsp 1.872.048-RS, Rel. Min. Nancy Andrighi, julgado
em 23/02/2021 (Info 686).
Se for uma situação de urgência, o plano de
saúde é obrigado a custear o parto mesmo que,
no caso concreto, o plano da mãe não inclua
serviços de obstetrícia. A operadora de plano de
saúde tem o dever de cobrir parto de urgência, por
complicações no processo gestacional, ainda que o
plano tenha sido contratado na segmentação
hospitalar sem obstetrícia. STJ. 3ª Turma. REsp
1.947.757-RJ, Rel. Min. Nancy Andrighi, julgado em
08/03/2022 (Info 728).
SEÇÃO III - DA PUBLICIDADE
Art. 36. A publicidade deve ser veiculada de tal
forma que o consumidor, fácil e imediatamente, a
identifique como tal.
Parágrafo único. O fornecedor, na publicidade de seus
produtos ou serviços, manterá, em seu poder, para
informação dos legítimos interessados, os dados
fáticos, técnicos e científicos que dão sustentação à
mensagem.
MERCHANDISING
Técnica utilizada para veicular produtos e serviços de
forma camuflada, inserindo-o em programas de TV,
rádio.
TEASER
Criar expectativa ou curiosidade em relação aos
produtos ou serviços que serão lançados. Dar um
maior impacto ao anúncio. Dispensa identificação do
anunciante, do produto ou do serviço.
PUFFING
Exagero publicitário.
Não pode induzir o consumidor a erro.
2. Mesmo na atual quadra de desenvolvimento do
direito consumerista, afirmar-se, em propaganda,
que aparelhos de ar condicionado são
"silenciosos" pode ser considerado mero puffing,
ou seja, técnica publicitária de lícita utilização de
exagero, para enaltecer certa característica do
produto. (REsp n. 1.370.677/SP, relator Ministro Raul
Araújo, Quarta Turma, julgado em 17/10/2023, DJe
de 3/11/2023.)
4. Não há ilicitude na assertiva publicitária "O
melhor em tudo que faz", tendo em vista
caracterizar-se como puffing, mero exagero
tolerável, conduta amplamente aceita no
mercado publicitário brasileiro e praticada pela
própria recorrente. Tal frase não é passível de
avaliação objetiva e advém de uma crítica subjetiva
do produto. Portanto, é razoável permitir ao
fabricante ou prestador de serviço que se declare
o melhor naquilo que faz, mormente porque esta é
a auto avaliação do seu produto e aquilo que se
busca alcançar, ainda mais quando não há qualquer
mensagem depreciativa no tocante aos seus
concorrentes.
5. As expressões utilizadas pela recorrida - "O
ketchup mais vendido do mundo" e "O melhor
em tudo que faz" - são lícitas, bem como não há
prova de dano material pela ocorrência de suposta
vantagem competitiva, em decorrência do uso das
mencionadas assertivas, nos autos, o que afasta a
obrigação de indenizar. (REsp n. 1.759.745/SP, relator
21
Ministro Marco Buzzi, Quarta Turma, julgado em
28/2/2023, DJe de 29/3/2023.)
É lícita a peça publicitária em que o fabricante ou
o prestador de serviço se autoavalia como o
melhor naquilo que faz, prática caracterizada como
puffing. REsp 1.759.745-SP, Rel. Ministro Marco Buzzi,
Quarta Turma, por unanimidade, julgado em
28/2/2023 (Info 765 STJ)
A publicidade do tipo puffing, cuja mensagem
enaltece o fato de um aparelho de ar
condicionado ser "silencioso", não tem aptidão
para ser fonte de dano difuso, pois não ostenta
qualquer gravidade intolerável em prejuízo dos
consumidores em geral. REsp 1.370.677-SP, Rel.
Ministro Raul Araújo, Quarta Turma, por
unanimidade, julgado em 17/10/2023. (Info 792 STJ)
Art. 37. É proibida toda publicidade enganosa ou
abusiva.
§ 1° É ENGANOSA qualquer modalidade de
informação ou comunicação de caráter publicitário,
inteira ou parcialmente falsa, ou, por qualquer
outro modo, mesmo por omissão, capaz de induzir
em erro o consumidor a respeito da natureza,
características, qualidade, quantidade, propriedades,
origem, preço e quaisquer outros dados sobre
produtos e serviços.
§ 2° É ABUSIVA, dentre outras a publicidade
discriminatória de qualquer natureza, a que incite
à violência, explore o medo ou a superstição, se
aproveite da deficiência de julgamento e experiência
da criança, desrespeita valores ambientais, ou que
seja capaz de induzir o consumidor a se comportar
de forma prejudicial ou perigosa à sua saúde ou
segurança.
§ 3° Para os efeitos deste código, a publicidade é
enganosa por omissão quando deixar de informar
sobre dado essencial do produto ou serviço.
A ausência de informação relativa ao preço, por si
só, não caracteriza publicidade enganosa. Para a
caracterização da ilegalidade omissiva, a ocultação
deve ser de qualidade essencial do produto, do
serviço ou de suas reais condições de contratação,
considerando, na análise do caso concreto, o público
alvo do anúncio publicitário. STJ. 4ª Turma. REsp
1705278-MA, Rel. Min. Antonio Carlos Ferreira,
julgado em 19/11/2019 (Info 663).
No contexto de propaganda comparativa ofensiva,
não é viável impor a obrigação de indenização
por danos materiais sem a devida demonstração
de prejuízo. AgInt nos EDcl no REsp 1.770.411-RJ,
Rel. Ministro João Otávio de Noronha, Rel. para
acórdão Ministro Raul Araújo, Quarta Turma, por
maioria, julgado em 14/2/2023, DJe 5/7/2023 (Info
781 do STJ)
Art. 38. O ônus da prova da veracidade e correção
da informação ou comunicação publicitária cabe a
quem as patrocina.
A disposição do Código de Defesa do Consumidor
acerca do ônus probatório da veracidade e
correção da informação ou comunicação
publicitária, a princípio, não se aplica em
demanda envolvendo concorrência desleal. REsp
1.866.232-SP, Rel. Ministro Paulo de Tarso
Sanseverino, Terceira Turma, por unanimidade,
julgado em 21/3/2023, DJe 23/3/2023. (Info 768 STJ)
PUBLICIDADE ILÍCITA10
PUBLICIDADE
ENGANOSA
PUBLICIDADE
ABUSIVA
É a publicidade falsa ou
que possa induzir em
erro o consumidora
respeito da natureza,
características, qualidade,
quantidade,
propriedades, origem,
preço e quaisquer outros
dados sobre produtos e
serviços. Pode ser:
• por comissão: quando o
fornecedor faz uma
É a publicidade...
• discriminatória;
• que incita violência;
• que explora o medo ou
a superstição;
• que se aproveita da
deficiência de julgamento
e experiência da criança;
• que desrespeita valores
ambientais
• que seja capaz de
induzir o consumidor a se
10CAVALCANTE, Márcio André Lopes. A ausência de informação relativa ao preço, por si
só, não caracteriza publicidade enganosa. Buscador Dizer o Direito, Manaus.
Disponível em:
<https://www.buscadordizerodireito.com.br/jurisprudencia/detalhes/6084e82a08cb97
9cf75ae28aed37ecd4>.
22
afirmação não
verdadeira, parcial ou
total, sobre o produto ou
serviço;
• por omissão: que é
quando deixa de
informar sobre dado
essencial do produto ou
serviço.
comportar de forma
prejudicial ou perigosa à
sua saúde ou segurança.
PUBLICIDADE DISSIMULADA11
É mensagem com conotação jornalística, de cunho
redacional. Nela geralmente ocorre uma entrevista
ou pesquisa em que o ator principal da publicidade
se passa por um jornalista, mas o objetivo comercial
de promover um produto ou um serviço é o seu
enfoque principal.
Desde que este tipo de publicidade venha
acompanhado de avisos, por exemplo “informe
publicitário”, a mensagem estará compatível com o
princípio da identificação fácil e imediata da
publicidade.
PUBLICIDADE SUBLIMINAR
É a mensagem que não é percebida pelo
consciente, mas é captada pelo inconsciente do
consumidor.
Esse tipo de mensagem publicitária, quando passível
de ser comprovada, será violador do princípio da
fácil e imediata identificação da publicidade.
PUBLICIDADE CLANDESTINA
(MERCHANDISING)
A técnica de veiculação indireta de produtos ou
serviços por meio da respectiva inserção no
cotidiano da vida de personagens de novelas, filmes,
programas de rádio ou TV, dentre outros. É o caso do
galã da novela que aparece em determinada cena,
sentado a uma mesa de bar, tomando certa marca
de refrigerante que aparece com seu rótulo no plano
central da imagem.
O Código de Defesa do Consumidor não veda
expressamente a veiculação do merchandising,
mas a doutrina entende pela necessidade de
11Almeida, Fabricio Bolzan de. Direito do consumidor esquematizado / Fabricio Bolzan
de Almeida. - Coleção esquematizado® / coordenador Pedro Lenza – 8. ed. – São
Paulo : Saraiva Educação, 2020, pag. 432/438; 780
compatibilizá-lo com o princípio da identificação
fácil e imediata da publicidade.
Segundo Herman Benjamin, a melhor forma de se
atingir tal intento seria por meio da “utilização de
‘créditos’, ou seja, a veiculação antecipada de uma
informação comunicando que, naquele programa,
peça ou filme, ocorrerá merchandising de tais e tais
produtos ou serviços. Não vejo aí violação do
requisito da imediatidade. Esta tem por ratio evitar a
identificação a posteriori.
PUBLICIDADE POR CORREIO ELETRÔNICO
(SPAM)
O spam é a denominação dada à mensagem
comercial não desejada e enviada por meio
eletrônico — o e-mail — aos consumidores
potenciais de determinado produto ou serviço. Para
Herman Benjamin, trata-se de exemplo de
publicidade abusiva, pois, em apertada síntese:
■ viola a garantia constitucional da intimidade e da
privacidade;
■ viola a liberdade de escolha;
■ causa danos diretos e indiretos, patrimoniais e
morais — aos consumidores, que são obrigados a
gastar tempo e dinheiro em atividades como, por
exemplo, apagar as mensagens indesejáveis e
técnicas do tipo aquisição e instalação de programas
antispam.
A jurisprudência do Superior Tribunal de Justiça
não reconheceu responsabilidade por dano moral
no ônus de o consumidor deletar spam.
SEÇÃO IV - DAS PRÁTICAS ABUSIVAS
Art. 39. É vedado ao fornecedor de produtos ou
serviços, dentre outras PRÁTICAS ABUSIVAS (rol
exemplificativo):
I - condicionar o fornecimento de produto ou de
serviço ao fornecimento de outro produto ou
serviço, bem como, sem justa causa, a limites
quantitativos;
II - recusar atendimento às demandas dos
consumidores, na exata medida de suas
disponibilidades de estoque, e, ainda, de
conformidade com os usos e costumes;
23
III - enviar ou entregar ao consumidor, sem
solicitação prévia, qualquer produto, ou fornecer
qualquer serviço (caso envie, será equiparado a
amostra grátis);
IV - prevalecer-se da fraqueza ou ignorância do
consumidor, tendo em vista sua idade, saúde,
conhecimento ou condição social, para impingir-lhe
seus produtos ou serviços;
V - exigir do consumidor vantagemmanifestamente
excessiva;
VI - executar serviços sem a prévia elaboração de
orçamento e autorização expressa do consumidor,
ressalvadas as decorrentes de práticas anteriores
entre as partes;
VII - repassar informação depreciativa, referente a ato
praticado pelo consumidor no exercício de seus
direitos;
VIII - colocar, no mercado de consumo, qualquer
produto ou serviço em desacordo com as normas
expedidas pelos órgãos oficiais competentes ou, se
normas específicas não existirem, pela Associação
Brasileira de Normas Técnicas ou outra entidade
credenciada pelo Conselho Nacional de Metrologia,
Normalização e Qualidade Industrial (Conmetro);
IX - recusar a venda de bens ou a prestação de
serviços, diretamente a quem se disponha a
adquiri-los mediante pronto pagamento,
ressalvados os casos de intermediação regulados
em leis especiais;
O art. 39, IX, do CDC é inaplicável às instituições
financeiras quando do encerramento unilateral
de conta bancária, afastando-se a
obrigatoriedade de manutenção do contrato de
conta-corrente. Isto porque, o encerramento do
contrato de conta corrente consiste em um direito
subjetivo exercitável por qualquer das partes
contratantes, desde que observada a prévia e regular
notificação.” STJ. 4ª Turma. AgInt no REsp 1473795/RJ,
Rel. Min. Antonio Carlos Ferreira, julgado em
29/06/2020
X - elevar sem justa causa o preço de produtos ou
serviços.
É válida a intermediação, pela internet, da venda
de ingressos para eventos culturais e de
entretenimento mediante cobrança de “taxa de
conveniência”, desde que o consumidor seja
previamente informado do preço total da aquisição
do ingresso, com o destaque do valor da referida
taxa.” STJ. 3ª Turma. EDcl no REsp 1.737.428-RS, Rel.
Min. Nancy Andrighi, Rel. Acd. Min. Paulo de Tarso
Sanseverino, julgado em 06/10/2020 (Info 683).
XII - deixar de estipular prazo para o cumprimento
de sua obrigação ou deixar a fixação de seu termo
inicial a seu exclusivo critério
XIII - aplicar fórmula ou índice de reajuste diverso do
legal ou contratualmente estabelecido.
XIV - permitir o ingresso em estabelecimentos
comerciais ou de serviços de um número maior de
consumidores que o fixado pela autoridade
administrativa como máximo (caracteriza CRIME
– art. 65, §2°)
Parágrafo único. Os serviços prestados e os produtos
remetidos ou entregues ao consumidor, na hipótese
prevista no inciso III, equiparam-se às amostras
grátis, inexistindo obrigação de pagamento.
Art. 40. O fornecedor de serviço será obrigado a
entregar ao consumidor orçamento prévio
discriminando o valor da mão de obra, dos materiais e
equipamentos a serem empregados, as condições de
pagamento, bem como as datas de início e término
dos serviços.
§ 1º Salvo estipulação em contrário, o valor orçado
terá validade pelo prazo de 10 dias, contado de seu
recebimento pelo consumidor.
§ 2° Uma vez aprovado pelo consumidor, o
orçamento obriga os contraentes e somente pode
ser alterado mediante livre negociação das partes.
§ 3° O consumidor não responde por quaisquer ônus
ou acréscimos decorrentes da contratação de serviços
de terceiros não previstos no orçamento prévio.
Art. 41. No caso de fornecimento de produtos ou de
serviços sujeitos ao regime de controle ou de
tabelamento de preços, os fornecedores deverão
respeitar os limites oficiais sob pena de não o fazendo,
responderem pela restituição da quantia recebida em
excesso, monetariamente atualizada, podendo o
24
consumidor exigir à sua escolha, o desfazimento do
negócio,sem prejuízo de outras sanções cabíveis.
SEÇÃO V - DA COBRANÇA DE DÍVIDAS
Art. 42. Na cobrança de débitos, o consumidor
inadimplente não será exposto a ridículo, nem será
submetido a qualquer tipo de constrangimento ou
ameaça.
Parágrafo único. O consumidor cobrado em quantia
indevida tem direito à repetição do indébito, por
valor igual ao dobro do que pagou em excesso,
acrescido de correção monetária e juros legais, salvo
hipótese de engano justificável.
A repetição em dobro, prevista no parágrafo único
do art. 42 do CDC, é cabível quando a cobrança
indevida consubstanciar conduta contrária à
boa-fé objetiva, ou seja, deve ocorrer
independentemente da natureza do elemento
volitivo. STJ, EAREsp 1.501.756-SC, Rel. Ministro
Herman Benjamin, Corte Especial, por unanimidade,
julgado em 21/2/2024.
Art. 42-A. Em todos os documentos de cobrança de
débitos apresentados ao consumidor, deverão constar
o nome, o endereço e o número de inscrição no
Cadastro de Pessoas Físicas – CPF ou no Cadastro
Nacional de Pessoa Jurídica – CNPJ do fornecedor do
produto ou serviço correspondente.
SEÇÃO VI - DOS BANCOS DE DADOS E
CADASTROS DE CONSUMIDORES
Art. 43. O consumidor, sem prejuízo do disposto no
art. 86, terá acesso às informações existentes em
cadastros, fichas, registros e dados pessoais e de
consumo arquivados sobre ele, bem como sobre as
suas respectivas fontes. (DIREITO DE ACESSO)
§ 1° Os cadastros e dados de consumidores devem
ser objetivos, claros, verdadeiros e em linguagem
de fácil compreensão, não podendo conter
informações negativas referentes a período superior
a 5 anos. (DIREITO À EXCLUSÃO)
§ 2° A abertura de cadastro, ficha, registro e dados
pessoais e de consumo deverá ser comunicada por
escrito ao consumidor, quando não solicitada por
ele. (DIREITO À INFORMAÇÃO)
§ 3° O consumidor, sempre que encontrar
inexatidão nos seus dados e cadastros, poderá
exigir sua imediata correção, devendo o arquivista,
no prazo de 5 dias úteis, comunicar a alteração aos
eventuais destinatários das informações incorretas.
(DIREITO À RETIFICAÇÃO)
§ 4° Os bancos de dados e cadastros relativos a
consumidores, os serviços de proteção ao crédito e
congêneres SÃO CONSIDERADOS ENTIDADES DE
CARÁTER PÚBLICO.
§ 5° Consumada a prescrição relativa à cobrança de
débitos do consumidor, não serão fornecidas, pelos
respectivos Sistemas de Proteção ao Crédito,
quaisquer informações que possam impedir ou
dificultar novo acesso ao crédito junto aos
fornecedores. (DIREITO À EXCLUSÃO)
§ 6o Todas as informações de que trata o caput deste
artigo devem ser disponibilizadas em formatos
acessíveis, inclusive para a pessoa com deficiência,
mediante solicitação do consumidor.
BANCO DE DADOS CADASTROS DE
CONSUMIDORES
Aleatoriedade da coleta Não aleatório (é
particularizado no
interesse da atividade
comercial)
Organização permanente
das informações
A permanência das
informações é acessória
Transmissibilidade
externa (beneficia
terceiros)
Transmissibilidade
interna (circula e
beneficia somente o
fornecedor e não
terceiro)
Inexistência de
autorização ou
conhecimento do
consumidor
Geralmente, há o
conhecimento e
anuência do
consumidor
25
Configura dano moral in re ipsa a ausência de
comunicação acerca da
disponibilização/comercialização de informações
pessoais em bancos de dados do consumidor. STJ. 3ª
Turma. REsp 1758799-MG, Rel. Min. Nancy Andrighi,
julgado em 12/11/2019 (Info 660).
A notificação do consumidor acerca da inscrição de
seu nome em cadastro restritivo de crédito exige o
prévio envio de correspondência ao seu
endereço, sendo vedada a notificação exclusiva
por meio de e-mail ou mensagem de texto de
celular (SMS). REsp 2.056.285-RS, Rel. Ministra Nancy
Andrighi, Terceira Turma, por unanimidade, julgado
em 25/4/2023, DJe 27/4/2023. (Info 773 STJ)
Art. 44. Os órgãos públicos de defesa do consumidor
manterão cadastros atualizados de reclamações
fundamentadas contra fornecedores de produtos e
serviços, devendo divulgá-lo pública e anualmente. A
divulgação indicará se a reclamação foi atendida ou
não pelo fornecedor.
§ 1° É facultado o acesso às informações lá constantes
para orientação e consulta por qualquer interessado.
§ 2° Aplicam-se a este artigo, no que couber, as
mesmas regras enunciadas no artigo anterior e as do
parágrafo único do art. 22 deste código.
A manutenção do nome de devedor no cadastro
de inadimplentes, após a quitação do débito
perante o credor originário em favor do endossante,
pode ser oposta ao endossatário se for
comprovado que este tinha conhecimento sobre
tais fatos, devendo ser afastada sua presunção
de boa-fé. REsp 2.069.003-MS, Rel. Ministra Nancy
Andrighi, Terceira Turma, por unanimidade, julgado
em 17/10/2023, DJe 23/10/2023 (Info 793 STJ)
JURISPRUDÊNCIA EM TESES DO STJ
EDIÇÃO N. 59: CADASTRO DE INADIMPLENTES
1) A inscrição indevida em cadastro de inadimplentes
configura dano moral in re ipsa.
2) É possível que o magistrado, no âmbito da
execução de alimentos, adote as medidas
executivas do protesto e da inscrição do nome do
devedor nos cadastros de restrição ao crédito, caso
se revelem eficazes para o pagamento da dívida.
5) Os órgãos mantenedores de cadastros possuem
legitimidade passiva para as ações que buscam a
reparação dos danos morais e materiais
decorrentes da inscrição, sem prévia notificação,
do nome de devedor em seus cadastros restritivos,
inclusive quando os dados utilizados para a
negativação são oriundos do CCF do Banco Central ou
de outros cadastros mantidos por entidades diversas.
(Tese julgada sob o rito do art. 543-C do CPC/73 -
Temas 37 e 38)
6) Somente após a concessão da recuperação
judicial, com a homologação do plano e a novação
dos créditos, é possível promover a retirada do nome
da recuperanda dos cadastros de inadimplentes.
8) O entendimento da Súmula n. 385/STJ é aplicável
às ações opostas em face do suposto credor que
efetivou a inscrição irregular. (Tese julgada sob o
rito do art. 543-C do CPC/73 - Tema 922)
10) É cabível a aplicação de multa diária como meio
coercitivo para o cumprimento de decisão judicial
que determina a exclusão ou impede a inscrição do
nome do devedor em cadastro de restrição de crédito.
11) Diante da presunção legal de veracidade e
publicidade inerente aos registros do cartório de
distribuição judicial e cartório de protesto, a
reprodução objetiva, fiel, atualizada e clara desses
dados na base de órgão de proteção ao crédito - ainda
que sem a ciência do consumidor-, não tem o condão
de ensejar obrigação de reparação de danos. (Tese
julgada sob o rito do art. 543-C do CPC/73 - Temas 793
e 806)
12) A abstenção da inscrição/manutenção em
cadastro de inadimplentes, requerida em
antecipação de tutela e/ou medida cautelar, somente
será deferida se, cumulativamente:
a) a ação for fundada em questionamento integral
ou parcial do débito;
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b) houver demonstração de que a cobrança
indevida se funda na aparência do bom direito e
em jurisprudência consolidada do STF ou STJ;
c) houver depósito da parcela incontroversa ou for
prestada a caução fixada conforme o prudente
arbítrio do juiz. (Tese julgada sob o rito do art. 543-C
do CPC/73 - Temas 31 a 34)
14) A inscrição do nome do devedor nos cadastros de
inadimplência é ilícita quando descaracterizada a
mora em razão de abusividades na cobrança dos
encargos contratuais no período de normalidade.
(Tese julgada sob o rito do art. 543-C do CPC/73 -
Temas 31 e 32)
15) Os débitos de natureza tributária, inscritos em
dívida ativa, podem ser inseridos nos cadastros de
proteção ao crédito, independentemente de sua
cobrança mediante execução fiscal.
16) O Sistema de Informações de Crédito do Banco
Central - Sisbacen possui natureza semelhante aos
cadastros de inadimplentes, tendo suas informações
potencialidade de restringir a concessão de crédito ao
consumidor.
17) A data em que o consumidor tem ciência do
registro indevido de seu nome nos cadastros de
inadimplentes é o termo inicial da prescrição para o
ajuizamento da demanda indenizatória.
18) A ação de indenização por danos morais
decorrente

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