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"Ai, balanços do meu galho, "Balanços do berço meu; "Ai, claras gotas de orvalho "Caídas do azul do céu!... Chorava a flor, e gemia, Branca, branca de terror, E a fonte, sonora e fria Rolava levando a flor. "Adeus, sombra das ramadas, "Cantigas do rouxinol; "Ai, festa das madrugadas, "Doçuras do pôr do sol; "Carícia das brisas leves "Que abrem rasgões de luar... "Fonte, fonte, não me leves, "Não me leves para o mar!..." As correntezas da vida E os restos do meu amor Resvalam numa descida Como a da fonte e da flor... Fonte [3] No caso de Alberto de Oliveira, apresentamos comentários ilustrados com trechos de um de seus mais belos poemas, “Alma em flor”. Os comentários são de Sânzio de Azevedo, em artigo intitulado “Alberto de Oliveira: duas efemérides”, publicado pela Academia Brasileira de Letras. Transcrevemos abaixo trechos do ensaio: Como afirmamos linhas atrás, é vasta a obra do poeta; vasta e rica. Além do helenismo e da presença da morte, pode ser lembrado o erotismo, flagrado por Araripe Júnior e recentemente aprofundado por Ivan Junqueira. Mas não podemos deixar de aludir ao lirismo quase romântico de inúmeros dos seus poemas. Exemplo dos mais eloquentes é “Alma em flor”, datado de 1900, e que, fazendo parte da segunda série de Poesias, é na nossa opinião não apenas um dos mais felizes textos poéticos do autor, mas de todo o Parnasianismo brasileiro. 46