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Gabarito Unidade Terapia cognitivo-comportamental para transtornos de ansiedade

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Gabarito Unidade Terapia cognitivo-comportamental para transtornos de ansiedade
Desafio
​​​​​​​​​​​​​​Algumas situações pelas quais o indivíduo passa na vida podem ser marcantes, e, a depender de como ele interpreta determinado evento, este pode ser considerado muito ameaçador, a ponto de o indivíduo passar a evitá-lo sempre que possível (BECK, 2022).
Analise o caso descrito a seguir:
Como você interviria no caso de Juliana, considerando o modelo da TCC para transtornos de ansiedade? Explore o modelo cognitivo da ansiedade e as formas de avaliação e de intervenções da TCC.
Padrão de resposta esperado
Nesse caso, posso acolher a paciente e tranquilizá-la, realizando psicoeducação explicando a ela o que é ansiedade, quando a ansiedade pode se transformar em um transtorno e como manejá-la. Além disso, posso aplicar uma escala de autorrelato a fim de verificar a intensidade e a frequência dos sintomas apresentados.
Diante da formulação do caso, e de posse de dados como histórico familiar e o histórico de vida de Juliana, posso rastrear informações acerca das situações/ambientes que desencadeiam os sintomas, identificando as cognições típicas, as estratégias comportamentais e os fatores de manutenção.
De acordo com os sintomas apresentados, é possível propor técnicas de relaxamento para ajudar Juliana a lidar com os sintomas físicos. Já as técnicas como dessensibilização sistemática podem auxiliá-la a se expor à situação de modo gradual para que aprenda a manejar sua ansiedade em situações como a que relata na qual precisa se apresentar. Por fim, posso sugerir que ela se apresente de forma gradual, ao longo do tempo, para colegas e familiares para que se sinta mais segura.
Exercícios
1. Segundo a última atualização da Classificação internacional de doenças e problemas relacionados à saúde (CID-11), a ansiedade é considerada patológica quando resulta em sofrimento ou prejuízos funcionais importantes (MARTINS et al., 2023).
Analise o caso descrito a seguir:
Certo dia, Catarina estava em sua casa e escutou um barulho alto vindo da rua devido a uma obra da prefeitura no espaço público e se assustou com o estrondo. Seu coração disparou, ela teve sudorese, e as mãos ficaram suadas. Já tem mais de um ano que esse episódio ocorreu, e, desde então, Catarina tem-se sentido incomodada em locais barulhentos, apresentando as mesmas reações fisiológicas. Isso tem feito ela evitar qualquer tipo de situação dessa natureza.
Dois meses após o ocorrido, ela se mudou de casa, pois a obra ainda continuava, e o barulho a fazia sentir-se mal. Ela evita até mesmo sair na rua barulhenta e, quando o faz, sente que vai desmaiar. Catarina já pegou, inclusive, vários atestados médicos que a mantiveram afastada do trabalho por muito tempo. Isso tem deixado sua vida cada vez mais limitada, bem como suas relações pessoais, já que ela não sai mais com os amigos.
Com relação ao caso, avalie as alternativas e assinale a única alternativa correta.
D. A interpretação que Catarina faz acerca das situações caracteriza ansiedade.
Aspectos fisiológicos que se apresentam em uma situação de perigo presente referem-se a medo. Já a ansiedade envolve um aspecto cognitivo, ou seja, uma avaliação acerca da situação com duração maior do que uma simples resposta de medo.
Sendo o medo sobre algo iminente, presente, a situação de Catarina, que já dura mais de um ano, configura um caso de transtorno de ansiedade, e não um simples medo. Ou seja, Catarina passou a avaliar situações parecidas com a situação inicial (barulho na obra) como ameaçadoras.
2. De acordo com o DSM-5 (AMERICAN PSYCHIATRIC ASSOCIATION, 2014) e a CID-10 (ORGANIZAÇÃO MUNDIAL DA SAÚDE, 1996), os transtornos de ansiedade estão classificados em categorias diagnósticas, que são agrupadas em cinco categorias de transtornos: ansiedade generalizada, pânico, transtorno obsessivo-compulsivo, fobias e estresse pós-traumático (LENHARDTK; CALVETTI, 2017).
Analise o caso descrito a seguir:
Há seis anos, Carlos, 37 anos de idade, sofreu um assalto enquanto estava na fila de um banco. Um dos assaltantes o ameaçou com uma arma em sua cabeça e o agrediu fisicamente. Ele entregou seus pertences por medo de ser morto. Conta que ficou sob a mira dos assaltantes junto com outras pessoas que estavam na agência por cerca de 3 horas. Com a chegada da polícia e a prisão dos assaltantes, todos foram soltos, e não houve pessoas gravemente feridas.
No entanto, nos dias seguintes ao ocorrido, para conseguir sair de casa, Carlos demorava cerca de 1 hora, pois tremia e sentia calafrios. Desde o assalto, há seis anos, sente-se sobressaltado e assustado o tempo todo, como se estivesse em estado de alerta. Relata que quase o tempo todo tem a sensação de estar sendo seguido. Nessas ocasiões, o coração fica acelerado, e ele tem dificuldade de respirar e mal-estar.
Ele passou a evitar bancos, pois sente-se muito inseguro, e, quando precisar ir, sente-se mal como se fosse desmaiar. Conta que frequentemente tem pesadelos com o assalto e evita ler notícias sobre o tema. Já procurou psiquiatra, mas relata que os medicamentos não o ajudam muito. Com o passar dos anos, foi se afastando de seu círculo social e perdeu vários empregos por conta das faltas devido às crises de choro e à dificuldade de concentração. Refere que já teve ideação suicida.
Sobre os transtornos de ansiedade, assinale a opção correta.
B. O caso refere-se a um transtorno de estresse pós-traumático.
Em casos de pessoas que foram expostas a situações que envolveram ameaça à vida ou uma ameaça de danos e ferimentos, a ansiedade surge em virtude de sentimentos como medo intenso, horror, repugnância, choque e desamparo, caracterizando o chamado transtorno de estresse pós-traumático (TEPT), que é o caso de Carlos em razão do que viveu no assalto.
Não se trata de transtorno de pânico, porque não há relato de presença recorrente e inesperada de ataques de pânico.
Não indica fobia específica, porque não há ansiedade com relação a algum objeto ou situação específica (medo de avião, animais, etc.).
Também não se trata de transtorno de ansiedade social (ou fobia social), pois não há referência ao temor ou ansiedade acentuados e excessivos que ocorrem em situações de interação social ou desempenho diante de outros.
Por fim, não caracteriza o TOC, pois, nesses casos, as pessoas experimentam pensamentos desagradáveis de forma intrusiva (obsessões), o que as leva a uma urgência em fazer algo (compulsões), e isso não está presente no caso de Carlos.
3. Um dos objetivos iniciais da TCC consiste em ajudar o paciente a ter mais consciência da sua forma automática de pensar e agir. Em um momento posterior, trabalham-se habilidades que serão importantes para que ele enfrente o dia a dia.
Analise o caso descrito a seguir:
Juliana foi a uma psicóloga cognitivo-comportamental encaminhada por um psiquiatra. Ela chegou à consulta muito apreensiva, pois disse que o médico apenas a informou que ela tinha o diagnóstico de TOC e que deveria buscar psicoterapia.
A psicoterapeuta a acolheu e explicou a ela as características do TOC, as possíveis consequências dele em sua vida se não for tratado e as técnicas com as quais elas iriam trabalhar juntas na psicoterapia para melhorar as compulsões e as obsessões.
No que se refere ao tipo de intervenção feito pela psicoterapeuta nesse primeiro momento, assinale a alternativa correta.
A. A psicoterapeuta realizou psicoeducação com Juliana.
A psicoeducação tem como objetivo informar o paciente acerca das principais questões sobre o seu transtorno, explicando sua maneira de funcionamento e as possíveis e reais consequências em sua vida, a fim de buscar formas alternativas de lidar com as situações. Essa prática visa a familiarizá-lo com o modelo de intervenção da TCC.
Como Juliana chegou apreensiva, sem saber o que exatamente era o seu diagnóstico, a psicoterapeuta fez uma psicoeducação, que idealmente é a primeira ação a ser realizada, precedendo outras intervenções dentro do planejamento específico.
Já as técnicas de reestruturaçãocognitiva e distração cognitiva visam a atuar nos pensamentos disfuncionais e automáticos, ajudando o paciente a focar em outros aspectos da situação além daqueles que ele considera ameaçadores.
As técnicas de respiração e exposição gradual têm por objetivo ajudar o paciente a se habituar com as situações ansiogênicas, tendo controle das respostas fisiológicas e autônomas de seu corpo. Isso não caberia, em princípio, nesse caso, uma vez que a principal demanda relatada inicialmente era não saber o que era o exatamente o diagnóstico recebido.
4. O DSM é um documento criado pela APA para auxiliar profissionais treinados da área de saúde mental a fazer uma avaliação criteriosa dos sintomas apresentados visando a uma avaliação confiável e uma tomada de decisão melhor sobre a intervenção a ser feita em casos de transtornos mentais.
Analise o caso descrito a seguir:
Carlos passou por uma avaliação psicológica na qual foi submetido a uma série de escalas e entrevistas específicas com relação aos sintomas apresentados. Ao final das quatro sessões, recebeu um relatório do psicólogo cujo diagnóstico foi de transtorno de ansiedade generalizada (TAG).
Com relação à avaliação dos transtornos de ansiedade, analise as asserções a seguir e assinale V para as verdadeiras e F para as falsas:
( ) A avaliação deve começar pela frequência e intensidade dos sintomas a fim de identificar quando a ansiedade ultrapassa a linha do normal e passa a ter implicações na vida do indivíduo.
( ) A formulação cognitiva é uma medida de autorrelato que avalia aspectos fisiológicos e cognitivos.
( ) Entrevistas semiestruturadas ou estruturadas apresentam mais precisão e confiabilidade para avaliação dos que as não estruturadas.
( ) A avaliação visa apenas ao diagnóstico, e não ao planejamento do tratamento.
( ) O Inventário de Ansiedade de Beck (BAI) é uma das escalas mais conhecidas e utilizadas para esses casos.
Assinale a alternativa que indica o preenchimento correto das afirmativas.
E. V, F, V, F, V.
Para a avalição de qualquer transtorno, deve-se sempre levar em consideração a frequência e a intensidade dos sintomas a fim de identificar quando a ansiedade ultrapassa a linha do normal e passa a ter implicações na vida do indivíduo.
Essa avaliação pode ser feita com o uso de entrevistas semiestruturadas ou estruturadas e com escalas.
As entrevistas estruturadas ou semiestruturadas são significativamente mais precisas com relação à confiabilidade para avaliar sintomas do que entrevistas não estruturadas, levando, assim, os profissionais a avaliarem aspectos fundamentais para o diagnóstico e diminuindo possíveis erros.
Já as escalas de sintomas de ansiedade geral são usadas para uma avaliação de sua gravidade, o que é fundamental para o planejamento das intervenções e para avaliação e monitoramento do tratamento. A escala mais conhecida e utilizada é o Inventário de Ansiedade de Beck (BAI).
A formulação cognitiva visa a identificar os pensamentos típicos, as estratégias comportamentais e os fatores de manutenção levando em conta o diagnóstico apresentado pelo paciente.
Para além disso, é importante coletar também outros dados do paciente, como histórico familiar, histórico de doenças, bem como rastrear informações acerca das situações/ambientes que desencadeiam os sintomas.
5. As pessoas diagnosticadas com algum transtorno de ansiedade apresentam um estado de vulnerabilidade pessoal aumentada, ou seja, o sujeito, ante estímulos internos e externos, tem uma visão sobre si mesmo distorcida como se estivesse em uma situação de perigo, da qual ele não tem controle ou é incapaz de enfrentar. Por isso, a TCC tem a intenção de preparar os pacientes com a mobilização de técnicas e estratégias para resolver seus conflitos, de modo a enfrentarem por si próprios as dificuldades que porventura venham a surgir.
Com relação às características dos transtornos de ansiedade e às técnicas utilizadas pela TCC nesses casos, avalie os itens a seguir:
I. Pessoas com diagnóstico de transtorno de ansiedade social (TAS) têm medo e evitam situações como falar em público de maneira formal, expressar seus posicionamentos em relação a alguma situação e ser observadas por outras.
II. Na técnica de registro de pensamentos, o paciente acessa seus pensamentos automáticos por meio de registros que o ajudam a identificar interpretações equivocadas das situações.
III. A técnica de dessensibilização sistemática tem como objetivo atuar os pensamentos disfuncionais do paciente.
É correto o que se afirma em:
C. I e II.
O transtorno de ansiedade social (ou fobia social) refere-se ao temor ou ansiedade acentuados e excessivos que ocorrem em situações de interação social ou desempenho diante de outros, podendo surgir após experiências estressantes e/ou humilhantes ou ao mesmo ao longo do tempo.
Com relação às formas de intervenção propostas pela TCC, a técnica de registro de pensamentos permite que o paciente acesse seus pensamentos automáticos por meio de registros que o ajudam a identificar interpretações equivocadas das situações. Por sua vez, a técnica de dessensibilização sistemática visa a habituar o paciente a situações que considere ansiogênicas. Essa exposição pode ser de forma gradual ou abrupta (chamada de "implosão" ou "inundação"), por meio de imagens ou in vivo (situação real).
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