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Unidade Terapia cognitivo-comportamental e atuação do psicólogo

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Terapia cognitivo-comportamental e 
atuação do psicólogo
Apresentação
Em uma sociedade cada vez mais complexa e desafiadora, tem-se a capacidade de constantemente 
aprender, perceber situações novas, pensar e tomar decisões que exigem muito mais dos processos 
mentais, podendo gerar experiências com significados negativos e positivos. No entanto, por vezes, 
há um foco naquilo que é negativo, havendo resistência e/ou dificuldade para dimensionar o que 
pode ser positivo no sentido de ressignificarmos a nossa existência.
Nesse caminho, no âmbito da psicologia enquanto ciência do comportamento e dos processos 
mentais humanos e enquanto profissão que engloba a aplicação de diferentes conhecimentos 
científicos, traduzidos em técnicas e abordagens de intervenção, o psicólogo pode diagnosticar, 
conceitualizar, acolher e contribuir para o desenvolvimento de estratégias que respondam a essas e 
a outras questões do indivíduo, na medida em que seu ciclo vital se desenrola.
Em que pese a multiplicidade de abordagens e técnicas para o campo de atuação do profissional 
psicólogo, é importante destacar as contribuições da terapia cognitivo-comportamental para 
diferentes contextos. A prática de intervenções cognitivas e comportamentais sobre transtornos 
emocionais, que se inicia com Aaron Beck, na década de 1960, por meio de estudos sobre o 
processamento desajustado de informações (cognição) em quadros de ansiedade e depressão, 
contribui muito para o trabalho do psicólogo.
Com base nessas pesquisas, Beck propõe uma terapia cognitiva orientada para alterar essas 
cognições desestruturadas, diminuindo a intensidade de seus sintomas, buscando estabelecer 
relações entre cognição e comportamento. Assim, o foco se volta para essas atividades cognitivas 
que geram emoções e respostas psicológicas disfuncionais, e a terapia auxilia no reconhecimento 
desses esquemas como influenciadores de autoestima e do próprio comportamento por meio, por 
exemplo, do estabelecimento de uma relação terapêutica colaborativa.
Nesta Unidade de Aprendizagem, você vai conhecer de que forma a atuação do profissional de 
psicologia pode contribuir para reestruturar cognitivamente essas experiências, em vários 
contextos vivenciais, por meio de abordagens ou técnicas que fazem examinar os pensamentos de 
modo mais realista e adequado às aspirações de cada indivíduo. Também vai saber como se 
desenvolve hoje, no Brasil, a pesquisa nessa área.
Bons estudos.
Ao final desta Unidade de Aprendizagem, você deve apresentar os seguintes aprendizados:
Reconhecer boas práticas para atuação no campo da terapia cognitivo-comportamental.•
Descrever diferentes contextos de atuação profissional para o psicólogo que usa a abordagem 
cognitivo-comportamental.
•
Mapear a pesquisa científica em terapia cognitivo-comportamental. •
Desafio
Dores psicológicas afetam cada vez mais as pessoas, e a falta de informação sobre tais dores, de 
modo geral, faz com que não tenham, por vezes, um tratamento capaz de romper com o 
conformismo, especialmente quando não recorrem à ajuda profissional adequada.
Dentre as múltiplas disfuncionalidades e transtornos, em termos teóricos, a fobia social, ou 
transtorno de ansiedade social (TAS), pode ser compreendida como o medo excessivo e 
persistente, reconhecido como irracional, de situações sociais ou de desempenho (falar ou comer 
em público) nas quais o indivíduo é submetido a pessoas (estranhas ou não) ou ao seu provável 
julgamento.
Os psicólogos em atuação clínica e com formação em terapia cognitivo-comportamental podem 
desenvolver diferentes planejamentos terapêuticos para indivíduos com esse tipo de 
acometimento, contemplando avaliação, psicoeducação, identificação de pensamentos 
disfuncionais, reestruturação cognitiva, exposição gradual, treinamento de habilidades sociais, 
prevenção e manutenção do progresso.
A TCC trabalha diretiva e colaborativamente na reestruturação cognitiva que, antes da intervenção, 
causou algum tipo de sofrimento psicológico no indivíduo. Pensamentos automáticos e/ou crenças 
distorcidas impedem esse indivíduo de ser protagonista em sua vida, identificando e buscando o 
seu bem-estar, ou seja, geram comportamentos disfuncionais. Por isso, esse ciclo pensamento-
emoção-comportamento precisa ser reconstruído quando, fundado em sofrimento, impede o 
indivíduo de desenvolver até as suas habilidades sociais.
Analise o caso descrito a seguir:
Você é o terapeuta de Fernanda e busca ressignificar os padrões de pensamento da paciente nessa 
situação específica de falar em público (queixa). Sabendo que, nesse processo, o comportamento 
confirma o pensamento, como faria isso por meio do mesmo esquema?
Infográfico
Várias abordagens, em psicologia, podem auxiliar a trabalhar com um único problema. As terapias 
comportamentais, como modos de intervenção, operam com modelos empíricos e mediações 
fundadas em evidências. Suas influências, concordâncias e divergências são fundamentais na 
escolha, pelo profissional, da modalidade de tratamento indicada para problemas específicos.
Neste Infográfico, você identificará essas semelhanças e diferenças e verá como elas influenciam na 
definição do tratamento.
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Conteúdo do livro
Desde o seu surgimento, entre as décadas de 1960 e 1970, a terapia cognitivo-comportamental 
(TCC) vem se desenvolvendo de forma constante e crescente no Brasil e no mundo, tanto na 
pesquisa científica quanto na prática profissional. Ela se constitui em uma base robusta para 
atuação, com procedimentos e técnicas de diagnóstico e de intervenção com embasamento em 
evidências e que geram resultados importantes para indivíduos com dificuldades em suas vivências 
em diferentes contextos.
A TCC é um modelo de psicoterapia com base na premissa geral de que a forma como o indivíduo 
organiza as suas experiências influencia no modo como ele sente e vai se comportar. Dessa forma, 
parte da concepção de que cognições influenciam emoções e comportamentos, gerando muitos 
dos problemas emocionais, como depressão, transtornos alimentares, de sono, de ansiedade, para 
citar alguns.
Esses problemas também são oriundos dos contextos vivenciais dos pacientes que a ela recorrem 
(além de fatores genéticos, biológicos, por exemplo), aprisionados aos seus sofrimentos emocionais. 
O repertório da TCC, dessa forma, pode tanto orientar práticas clínicas em diferentes contextos de 
atuação para o profissional psicólogo, como hospitais, escolas, empresas e clínicas de saúde mental, 
quanto ser elicitado como objeto de diferentes pesquisas científicas.
No capítulo Terapia cognitivo-comportamental e atuação do psicólogo, base teórica desta Unidade 
de Aprendizagem, você vai identificar, na reconhecida eficácia da TCC, a importância da relação 
empírico-colaborativa entre psicoterapeuta e cliente no processo terapêutico, os vários contextos 
em que ela é utilizada para solução de diferentes transtornos psicológicos e como as pesquisas em 
TCC desafiam o estudo do comportamento humano, ampliando e criando estratégias de 
tratamento.
Boa leitura.
 
TERAPIA COGNITIVO-
-COMPORTAMENTAL
OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM
 > Reconhecer boas práticas para atuação no campo da terapia cognitivo-
-comportamental.
 > Descrever diferentes contextos de atuação profissional para o psicólogo 
que usa a abordagem cognitivo-comportamental.
 > Mapear a pesquisa científica em terapia cognitivo-comportamental.
Introdução
Desde que foi introduzida por Aaron Beck, na década de 1960, a terapia cognitivo-
-comportamental (TCC) passou a ser amplamente utilizada como abordagem 
eficaz para reestruturação cognitiva, atualização comportamental e resolução de 
problemas, por exemplo. Pode, portanto, ser utilizada em diferentes contextos, 
bem como mobilizar competênciasprofissionais específicas.
Na prática, quando se considera o contexto da atuação clínica, emerge uma 
série de questões que, às vezes, transcendem a direta relação terapêutica, como 
encaminhamentos, supervisão e relação com outros profissionais. Em uníssono, 
é importante considerar que o campo de atuação do psicólogo é cada vez mais 
abrangente, contemplando clínicas de saúde mental, hospitais, escolas, univer-
sidades, empresas, sistema prisional, centros de atenção psicossocial (CAPS) e 
postos de saúde, pesquisa acadêmica, etc.
Terapia cognitivo- 
-comportamental e 
atuação do psicólogo
Alice Nogueira de Moura
Neste capítulo, você vai ler sobre boas práticas profissionais para atuação 
no campo da TCC. Especificamente, você verá a amplitude de sua aplicação em 
diferentes ambientes e finalidades, bem como a evolução das pesquisas científicas 
na área.
Terapia cognitivo-comportamental em 
prática
Na prática, a atuação do psicólogo que utiliza a terapia cognitivo-comporta-
mental (TCC) vai muito além da relação direta com o cliente. Entre a escolha 
por essa abordagem, a especialização e o encontro com o cliente, com estabe-
lecimento de vínculo, o campo de trabalho do profissional psicólogo abrange 
uma série de questões, ações e decisões que devem estar alinhadas tanto com 
os princípios éticos que orientam a atuação do profissional em saúde mental 
quanto com as questões específicas da TCC. Nesta seção, você lerá sobre a 
TCC na prática clínica do psicólogo, como relação terapêutica, bem como 
sobre as competências sociais e técnicas necessárias a encaminhamentos, 
acordos sobre pagamento das sessões, relações com outros profissionais de 
saúde mental no mercado, treinamento e supervisão. 
Nas últimas décadas, em função de sua base em evidências e de seus 
elevados índices de validação científica, a TCC tem se destacado por sua 
eficácia no tratamento de variados transtornos emocionais (RANGÉ; PAVAN-
-CÂNDIDO; NEUFELD, 2017). Porém a literatura vem registrando um hiato entre 
as pesquisas empíricas testadas e a prática clínica atual, o que ressalta a 
questão de sua aplicabilidade. Em função disso, surge a preocupação sobre o 
processo de formação e treinamento de terapeutas como forma de assegurar 
requisitos para o avanço das devidas competências profissionais, ainda 
que ela seja embrionária em nível nacional e latino-americano (SCOTTON; 
BARLETTA; NEUFELD, 2021).
Com relação à competência geral, um conceito bastante utilizado é a com-
binação de conhecimentos, habilidades e atitudes (CHAs), que se manifestam 
por meio do desempenho profissional e podem ser aprendidos. Essa associa-
ção (CHAs) consiste, respectivamente (SCOTTON; BARLETTA; NEUFELD, 2021):
 � no entendimento dos princípios teóricos e seus objetivos (saber por 
que fazer);
 � na capacidade de utilizar produtivamente o conhecimento (saber como 
fazer);
Terapia cognitivo-comportamental e atuação do psicólogo2
 � nos aspectos sociais e afetivos referentes ao nível de aceitação e 
rejeição do indivíduo em relação aos outros (querer fazer).
Já com relação à competência clínica, Barreto e Barletta (2010) afirmam que 
as competências teórica, técnica, interpessoal e ética são os componentes 
basilares da formação de um bom psicoterapeuta. Ainda segundo os autores, 
também a maturidade emocional do terapeuta é um elemento fundamental 
no desenvolvimento de habilidades terapêuticas para que sua ansiedade, 
por exemplo, não prejudique a eficácia do tratamento, uma vez que seus 
pensamentos e sentimentos não podem se tornar obstáculos nesse processo 
(BARLETTA; FONSECA; DELABRIDA, 2012). Alguns estudos identificam duas clas-
ses de competências, técnicas e interpessoais, enquanto outros distinguem 
competências gerais (as que todo terapeuta deve ter, independentemente 
da abordagem) de competências específicas (resultantes da prática de cada 
abordagem teórica) (KAPLOWITZ; SAFRAN; MURAN, 2011).
Na prática clínica, a questão do encaminhamento de clientes entre psi-
cólogos está associada à competência profissional. Dobson e Dobson (2010, 
p. 215) explicam que, para “obter e aceitar encaminhamentos, é preciso ter 
em mente o ambiente em que você trabalha, o treinamento que recebeu, a 
clientela e os tipos de problemas com que você lida com competência”. Como 
avaliar, contudo, os limites para a mobilização da competência profissional? É 
possível que o psicólogo estabeleça fronteiras para seu trabalho limitando-o a:
 � uma faixa etária específica, como crianças, adolescentes, adultos ou 
idosos; 
 � uma modalidade, presencial e/ou on-line; 
 � problemas específicos, como transtornos alimentares, casais ou de-
pendência química, por exemplo. 
Essa clareza é importante para que o profissional não aceite encaminha-
mentos ou receba clientes cujo tratamento demande uma formação diferente 
e/ou supervisão específica.
Para o psicólogo que deseja fazer atender on-line, é obrigatório o 
cadastro no e-Psi, por meio do site do Conselho Federal de Psicologia 
(CFP). A partir de um cadastro simplificado, o profissional pode atuar utilizando 
algum tipo de tecnologia da informação e comunicação (TICs) para prestar 
serviços psicológicos (CFP, 2020). No site também é possível consultar a lista 
dos profissionais devidamente cadastrados no e-Psi.
Terapia cognitivo-comportamental e atuação do psicólogo 3
A supervisão ocorre quando o psicólogo formado ou em processo forma-
tivo conta com a orientação de um professor, outro profissional com mais 
experiência clínica, ou mesmo de um grupo de profissionais para discutir 
seus casos, considerando as especificidades diagnósticas e terapêuticas 
com as quais ele pode se deparar. O supervisor também pode auxiliar seu 
supervisando em relação a questões emocionais individuais e à relação 
terapêutica, quando necessário. Um exemplo da relação de supervisão no 
processo formativo no âmbito da TCC seria a prática de supervisão em uma 
clínica-escola. Segundo Sousa e Padovani (2015, p. 463), “o aluno deve ser 
treinado para entender a relação entre as crenças, as emoções, os comporta-
mentos, a fisiologia, o ambiente e os problemas apresentados pelo paciente, 
isto é, desenvolver a habilidade de fazer a conceitualização de pacientes”.
Outra questão importante diz respeito à comunicação do profissional 
de saúde mental com seu mercado. Quando atua em clínica particular, após 
mapear suas competências e tomar decisões, é importante que o psicó-
logo informe suas capacidades por meio de diferentes meios, como sites e 
cartões de visita, demarcando um nicho de atuação: potenciais clientes e 
colegas (ou instituições) que recebem ou emitem encaminhamentos. Esse 
tipo de avaliação contribui sobremaneira para a eficiência da clínica em TCC. 
Nas palavras de Dobson e Dobson (2010, p. 219), “construir uma boa terapia 
cognitivo-comportamental inclui desenvolver excelentes habilidades de 
comunicação e discutir claramente os serviços que você oferece e não oferece 
aos seus clientes”.
A essa altura, cabe questionar: como aprender essas habilidades consi-
deradas essenciais para o terapeuta clínico da TCC? Para diminuir as lacunas 
entre a pesquisa e a prática correntes, Barletta, Fonseca e Nobre-Sandoval 
(2018) ressaltam a relevância da análise sobre a prática terapêutica, além 
da exigência de sistematização da avaliação do ensino em TCC e da prática 
clínica. Conforme Dobson e Dobson (2010, p. 185):
Tanto o cliente quanto o terapeuta trazem seus atributos e história para a sala da 
terapia, local em que conjuntamente tentam resolver problemas. Esse processo 
de resolução de problemas envolve o cliente e o terapeuta como indivíduos, 
questões de relacionamento e métodos de tratamento; todos são necessários, 
mas nenhum é suficiente.
Terapia cognitivo-comportamental e atuação do psicólogo4
Toda aliança terapêutica é fundamental para a prática terapêutica. 
Sem ela, não há como estabelecer as condições necessárias para 
aprender, executar e mobilizar as técnicas utilizadas em psicoterapia.Mais do 
que um acordo, é um vínculo por meio do qual são trabalhadas as demandas 
do paciente.
Dobson e Dobson (2010) esclarecem que a TCC é um processo colaborativo, 
que compreende relacionamento e uma série de atividades ou intervenções 
que devem coexistir para se atingir o resultado clínico. Wright et al. (2019) 
chamam de empirismo colaborativo essa aliança terapêutica, muito específica 
da TCC, orientada para a modificação cognitiva e comportamental. Não é algo 
simples, porque cada cliente exige decisões clínicas peculiares para o caso. 
Essa colaboração participativa e ativa instiga o paciente a se tornar efetivo 
no processo terapêutico. 
Wright et al. (2019) também ressaltam que, se o vínculo terapêutico, em 
outros tipos de psicoterapia, tem confirmado o resultado do tratamento, na 
TCC também se observa que a peculiaridade da aliança terapêutica cognitivo-
-comportamental tem influência direta e decisiva nos resultados exatamente 
pelo tipo empírico-colaborativo dessa aliança. Em suas palavras, “o terapeuta 
envolve o paciente em um processo altamente colaborativo no qual existe uma 
responsabilidade compartilhada pelo estabelecimento de metas e agendas, 
por dar e receber feedback e por colocar em prática os métodos de TCC na 
vida cotidiana” (WRIGHT et al., 2019, p. 33).
Nesse contexto, a ação deve ser inerente ao terapeuta cognitivo-com-
portamental. Ele precisa dela para “estruturar a terapia, dar compasso às 
sessões para aproveitar ao máximo o tempo disponível, desenvolver uma 
formulação de caso sempre em evolução e implementar os métodos de 
TCC” (WRIGHT et al., 2019, p. 34). Os registros de humor, queixa, revisão da 
sessão anterior e da semana, feedback, etc., também constituem uma agenda 
importante nas sessões estruturadas da TCC, pois, com o passar do tempo, 
o terapeuta estimula o paciente a participar delas ativamente, contribuindo 
para sua elaboração.
Outra característica importante do terapeuta é a de orientador colabo-
rativo, incentivando o paciente a se envolver integralmente no processo 
de aprendizagem, já que esse processo jamais é passivo, mas um trabalho 
conjunto, entre terapeuta e paciente, visando à aquisição de conhecimentos 
que serão postos em ação em situações reais (BECK, 2022). Se empatia, afeto 
e atenção são elementos fundamentais em qualquer processo terapêutico, na 
Terapia cognitivo-comportamental e atuação do psicólogo 5
TCC favorecem o desenvolvimento da colaboração entre terapeuta e paciente, 
que é primordial, já que o exercício de se colocar no lugar do paciente facilita 
a identificação das dificuldades que ele possa enfrentar durante o tratamento 
(BECK, 2022). Isso, contudo, não deve impedir a objetividade necessária para 
identificar cognições e padrões de comportamentos disfuncionais.
Na TCC, empatia não é apenas preocupação com o paciente, mas in-
tensa busca de soluções para diminuir seu sofrimento e instrumentá-
-lo para o enfrentamento de seus problemas vivenciais.
Wenzel (2018, p. 14) chama a atenção para o grau de eficiência e efetividade 
de um tratamento. O grau de eficiência seria a aplicação de um tratamento de-
corrente de resultados positivos sob circunstâncias promissoras e altamente 
controladas. Já o grau de efetividade seria a “aplicação de um tratamento [que] 
resulta em desfechos positivos em contextos da vida real, sob circunstâncias 
do mundo”. Em relação a pesquisas sobre esses dois graus de aplicação em TCC, 
a autora declara que “a TCC é generalizável para ambientes clínicos reais com 
terapeutas e clientes da vida real, o que, por meio de divulgação, aumentará 
a acessibilidade dessa abordagem psicoterapêutica para os indivíduos em 
busca de tratamento por todo o mundo” (WENZEL, 2018, p. 14).
Assim, ainda que se reconheça a necessidade de métodos precisos e 
eficientes de avaliação da competência da TCC, esse progresso tem se mos-
trado limitado por causa da ausência de consonância da área, em função da 
complexidade e das variadas dimensões inter-relacionadas para se estabelecer 
as competências do terapeuta (MUSE; MCMANUS, 2016). Outros aspectos são 
apontados por Scotton, Barletta e Neufeld (2021): 
 � modelos e frameworks recentes de supervisão clínica em TCC;
 � concepções equivocadas sobre a função da supervisão clínica;
 � incentivo recente para a formação do supervisor clínico; 
 � falta de estabelecimento de metas educativas em treinamento e su-
pervisão clínica.
Segundo as autoras, também se deve levar em consideração o contexto do 
qual a supervisão e o treinamento fazem parte, como questões instrucionais, 
público-alvo e questões culturais (SCOTTON; BARLETTA; NEUFELD, 2021). Os 
estudos sobre essas lacunas continuam.
Terapia cognitivo-comportamental e atuação do psicólogo6
Nesta seção, você viu que elementos não específicos e específicos com-
põem a aliança de trabalho tão importante entre terapeuta e cliente em 
qualquer abordagem, mas principalmente na TCC. Também viu as competências 
heterogêneas que o profissional psicólogo precisa desenvolver e mobilizar em 
sua rotina profissional, como as de empreendedor (o que inclui publicidade) 
e de gestor de relações de trabalho, que transcendem a relação direta com 
seu cliente, no escopo da aliança terapêutica.
A seguir, você lerá sobre os campos de atuação do terapeuta e como eles 
vêm se ampliando em função da eficácia e popularidade da TCC no enfren-
tamento de diferentes problemas psicológicos. Profissionais que trabalham 
com a TCC têm explorado variados campos de trabalho, bem como coordenado 
pesquisas experimentais para apontar modelos de intervenção específicos.
A atuação do terapeuta cognitivo-
comportamental 
Desde o surgimento da TCC, novas gerações de terapeutas e pesquisadores 
coordenaram investigações básicas do modelo conceitual da psicopatologia 
e, em sua aplicação, deslocaram a TCC para além do indício de transtornos 
psiquiátricos. Nesta seção, você verá que o profissional de TCC, além de atuar 
em clínicas, também pode atuar em hospitais, escolas e organizações, bem 
como oferecer consultorias e treinamentos. Isso porque a aplicação da TCC 
pode se dar em qualquer tipo de interação humana.
Inicialmente, é fundamental destacar que as principais abordagens te-
rapêuticas elaboradas ao longo do tempo compreendiam os estudos do 
comportamento dos indivíduos e suas percepções, e que as várias TCCs 
comungam princípios, mas também compartilham diferenças importantes, 
parte delas decorrentes das distintas formações e bases teóricas de seus 
mentores (KNAPP; BECK, 2008; BECK, 2022). É de Wright et al. (2019, p. 34) a 
afirmação sempre atual de que “um estilo saudável de pensamento pode 
reduzir a angústia ou dar uma maior sensação de bem-estar”, pois esse é 
um tema comum entre muitas gerações e culturas. Essa afirmação confirma 
o que as TCCs têm em comum: a compreensão de que os sintomas e os com-
portamentos inadaptados são mediados pela cognição. Por isso o tratamento 
precisa acontecer pela modificação de pensamentos e crenças inadequados.
Terapia cognitivo-comportamental e atuação do psicólogo 7
Em uma tarefa desenvolvida para crianças visando a identificar 
eventos estressores de curta e longa duração e a orientá-las na 
reestruturação cognitiva, pede-se que a criança liste seus problemas e depois 
identifique se esses problemas ocorrem/ocorrerão “por enquanto” ou “para 
sempre”. Posteriormente, ajuda-se a criança a compreender essas diferenças 
e a reagir emocionalmente de forma positiva, desenvolvendo suas habilidades 
sociais (GONÇALVES et al., 2021).
Se a ênfase da TCC foi dada, primeiramente, ao tratamento da depressão, 
Wenzel (2018) ressalta que tanto a terapia cognitiva de Aaron Beck quanto a de 
Albert Ellis ampliaram seu tratamento para transtornos de ansiedade, raiva, 
abuso de substâncias, transtornos alimentares, transtornos da personalidade e 
comportamento suicida. Atualmente, a TCC também desenvolve tratamento au-
xiliar para casos psiquiátricos graves, como transtorno bipolar e esquizofrenia.Wenzel (2018) também reforça a adaptação da TCC para o tratamento de 
pacientes que não necessariamente haviam sido diagnosticados com proble-
mas de saúde mental, mas com outros problemas, como doenças médicas, dor 
crônica, obesidade e disfunção sexual. Ela também corrobora a adequação 
da TCC a todo tipo de sofrimento, emocional ou não, ou de adaptação, ou 
mesmo a abordagens de enfrentamento ineficientes.
Steven Hayes, principal nome associado à terapia de aceitação e compro-
misso (TAC), é apontado como o responsável por divulgar a ideia da evolução 
da TCC em três gerações, ou ondas, consecutivas. O Quadro 1 resume esse 
percurso, que vai se ampliando e diversificando (WENZEL, 2018).
Quadro 1. Terapias comportamentais e cognitivas no tempo
Primeira 
onda (1950)
Foco no comportamento observável, não no pensamento. 
Mudanças de comportamento por meio de condicionamento 
clássico e aprendizagem operante.
Segunda 
onda (1960)
Foco nos componentes cognitivos. Modelo que reúne técnicas 
comportamentais e cognitivas. Mudança de comportamentos 
disfuncionais por meio de intervenção terapêutica.
Terceira 
onda (1990)
Foco além dos resultados, considerando o contexto e as 
funções dos fenômenos psicológicos. Fundamentada em 
abordagem empírica e princípios, com variados modelos de 
intervenção (foco nos princípios de aceitação, mindfulness 
e consciência plena, livre de julgamentos). Mudança 
de comportamento mais voltada, e ampliada, para os 
sofrimentos humanos.
Fonte: Adaptado de Beck (2022) e Wenzel (2018).
Terapia cognitivo-comportamental e atuação do psicólogo8
Essa ampliação, principalmente representada pela chamada terceira 
onda, muda o foco do conteúdo para o processo por meio do qual o indivíduo 
vive. As transformações realizadas pelas fases anteriores não são rejeitadas, 
mas ampliadas e interconectadas (HAYES, 2004). Mais especificamente, essa 
terceira geração, ou onda, foi definida por Hayes da seguinte forma: 
[... ] enraizada numa abordagem empírica e focada em princípios, a 3ª onda de 
terapias cognitivo-comportamentais é particularmente sensível ao contexto e 
às funções dos fenômenos psicológicos, não somente nas suas formas, e assim 
tende a enfatizar estratégias de mudança contextuais e experienciais em adição 
às estratégias mais diretas e didáticas (HAYES, 2004, p. 658).
Wenzel (2018), ao se referir a essa ampliação, ressalta que uma caracte-
rística relevante que diferencia as TCCs da terceira geração daquelas mais 
tradicionais é a mudança de foco: do conteúdo para o funcionamento. A 
preocupação de muitos terapeutas que trabalham com psicoterapias contextu-
ais volta-se mais para a mudança da relação da própria pessoa com a própria 
cognição pelo processo por meio do qual uma pessoa constrói e vive sua vida. 
Mas ela também destaca que especialistas da área divergem a respeito da 
dimensão da representatividade dessas abordagens como uma nova onda 
e sobre até que ponto devem ser integradas ao conjunto das TCCs, já que 
seriam muito diferentes. Contudo, não nega a grande influência que exercem 
inclusive em terapeutas cognitivo-comportamentais mais tradicionais.
Assim, a TCC, hoje, é aplicada em vários contextos, seja no atendimento 
individual (como em casos de depressão, ansiedade, fobias, transtorno bipolar, 
etc.), seja em grupos, terapia de casais e familiar, e na educação, integrando-se 
a outras atividades, como terapia ocupacional e fisioterapia. Cada vez mais, 
portanto, adapta-se para o tratamento de todo tipo de sofrimento emocional 
e dificuldades de adaptação que os indivíduos possam ter, transcendendo o 
contexto de psicoterapia individual (BECK, 2022).
Um exemplo que vai além da clínica individual ou grupal é a intervenção 
da TCC nas empresas. A visão fraturada de indivíduo, que atua como um cola-
borador dentro da empresa e outro fora dela, há muito foi ultrapassada pelo 
reconhecimento da influência de pensamentos e emoções dos colaboradores 
em sua atividade laboral, ou seja, da relação entre o que pensavam e como 
se sentiam com o que realizavam no trabalho, sistemicamente. 
Por sua objetividade e diretividade, a TCC possibilita que o profissional de 
psicologia identifique as crenças presentes na empresa e utilize técnicas que 
aumentem o desempenho de todos os envolvidos. Essas técnicas identificam 
estímulos indutores de estresse, ansiedade ou pressão, avaliam emocional-
Terapia cognitivo-comportamental e atuação do psicólogo 9
mente os colaboradores, estimulam mudanças no estilo de vida, auxiliam no 
domínio de suas emoções e ajudam em treinamentos de solução de conflitos 
(BECK, 2022). Assim, a TCC em empresas aumenta a produtividade e o com-
prometimento e diminui a rotatividade dos colaboradores, possibilitando a 
satisfação cognitiva no ambiente laboral.
As vantagens da TCC em ambiente empresarial começam pela própria 
saúde do colaborador em saber identificar e buscar qualidade de 
vida e crescimento profissional. Em nível grupal, a TCC forma habilidades im-
portantes para todos os que estruturam a empresa na obtenção de resultados, 
estabelecendo relações de maneira positiva, de modo que os colaboradores 
identifiquem suas emoções e reações, para um ambiente organizacional mais 
saudável (BECK, 2022). 
Outro contexto de intervenção é o ambiente hospitalar, que, por suas 
demandas (como trabalho multidisciplinar efetivo, comunicação clara, objetiva 
e assertiva com as equipes de trabalho, foco na resolução de problemas, etc.), 
exige uma abordagem ativa, diretiva, breve, de autogestão e capaz de esta-
belecer relações de colaboração entre pacientes e equipe de saúde (ALMEIDA; 
MALAGRIS, 2015). Um paciente, por exemplo, pode identificar soluções alter-
nativas para enfrentar a enfermidade com a ajuda da TCC pelo atendimento 
tanto individual quanto em grupo, uma vez adaptado às especificidades da 
instituição e dos pacientes. Além do mais, a família também pode e deve ser 
amparada nesse processo, compreendendo a importância do tratamento e 
estabelecendo uma relação mais positiva com o cenário hospitalar.
Por fim, no contexto escolar, a TCC pode trabalhar, por exemplo, com 
(ALVES, 2018):
 � as crenças do educador sobre seu papel e desempenho no processo 
educacional;
 � crianças ou adolescentes vítimas de violência, ressignificando suas 
percepções sobre situações afetivas e comportamentais;
 � a preparação dos alunos para o Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) 
ou vestibular, diminuindo a ansiedade e o estresse decorrentes desses 
eventos;
 � a interdisciplinaridade, contribuindo, com outras áreas e ciências, para 
o diálogo sobre a aprendizagem.
Terapia cognitivo-comportamental e atuação do psicólogo10
O campo da TCC também se volta para aspectos sensíveis à cultura 
dos indivíduos, adaptando cada vez mais as estratégias de inter-
venção a fatores ambientais externos, como problemas e tensões a serem 
enfrentados e ressignificados (p. ex.: racismo) (BECK, 2022).
Nesta seção, você viu o quanto a aplicação da TCC se expandiu do trata-
mento da depressão e de casos psiquiátricos mais graves para todo e qualquer 
sofrimento humano, emocional ou não, o que, por consequência, cada vez 
mais amplia sua área de atuação para qualquer tipo de interação humana, 
em diferentes contextos. A seguir, você verá que seu controle metodológico 
e sua eficácia como intervenção terapêutica impulsionam novos estudos e 
pesquisas.
Pesquisa científica na terapia cognitivo-
comportamental
A TCC, ao longo do tempo, tem construído, desenvolvido e conservado um 
programa de pesquisas de largo alcance e com diferentes intervenções. O 
que você vai ver a seguir é o interesse crescente no modelo cognitivo de 
intervenção motivado pelo grande número de resultados de pesquisa com 
evidências de eficácia desse modelo de tratamento psicoterápico. Assim 
como a abordagem cognitiva de Aaron Beck representou um marco na virada 
teórica na compreensão e no tratamento de transtornos emocionais, o cons-
tante progresso na pesquisa e na práticadas TCCs contribui para avanços 
contínuos (BECK, 2022).
As TCCs têm se tornado um segmento das práticas psicológicas no Brasil, 
mas o contexto que fomentou condições para seu advento e desenvolvi-
mento foi diferente no país. O Brasil acompanhou as tendências mundiais de 
insatisfação com os modelos psicanalítico e comportamental, direcionando 
os interesses teóricos e clínicos para a aplicabilidade da teoria cognitiva 
na psicologia clínica. Por consequência, desenvolveu-se uma variedade de 
modelos e técnicas cognitivo-comportamentais, cujo crescimento e propa-
gação podem ser observados no cenário mundial (DOBSON; SCHERRER, 2004; 
KNAPP et al., 2004).
A prática e a pesquisa da TCC no Brasil, de acordo com Rangé et al. (2011), 
assim como a difusão da teoria e de suas técnicas, começaram logo com as 
primeiras proposições do americano Aaron Beck e seus colaboradores, nos 
Terapia cognitivo-comportamental e atuação do psicólogo 11
anos 1960, muito em função da tradução de literatura especializada, por meio 
de livros ou produções textuais de congressos. Já com uma produção científica 
substancial, os terapeutas brasileiros começaram a participar significativa-
mente do Congresso Mundial de Terapias Cognitivas e Comportamentais, e a 
formação, em 1998, da Sociedade Brasileira de Terapias Cognitivas (SBTC), hoje 
Federação Brasileira de Terapias Cognitivas (FBTC), impulsionou as pesquisas 
e contribuiu para o crescimento das TCCs no Brasil. Rangé et al. (2020, p. 9) 
também esclarecem que:
A efetividade da TCC é apoiada pelo The National Institute of Health Care and 
Excelence (NICE), que é o sistema britânico de orientação da população no que diz 
respeito a tratamentos efetivos; pelo National Institute of Mental Health (NIMH), 
dos EUA; pelo Institut National de La Santé et de La Recherche Médicale, da França, 
e por muitos outros centros de pesquisa clínica do mundo.
Rangé et al. (2011) ainda assinalam três aspectos que contribuíram para 
consolidar e difundir a TCC no país: 
 � a confiabilidade nos resultados da pesquisa clínica;
 � a publicação da produção científica em revistas especializadas;
 � a popularidade alcançada na mídia com a comunicação, para os leigos, 
de seus princípios. 
Também é de Rangé et al. (2011) a afirmação de que tratamentos com 
base na aplicação de métodos e descobertas científicas na prática clínica 
rotineira fazem da pesquisa clínica um elemento primordial na tomada de 
decisões clínicas.
Com o surgimento da TCC no Brasil no fim dos anos 1960, em uníssono 
ao questionamento sobre a efetividade dos modelos psicodinâmicos, abre-
-se um olhar importante para a investigação dos elementos cognitivos do 
comportamento humano. Por consequência, tem início a integração entre os 
modelos cognitivo e comportamental a partir dos anos de 1970, mas só entre 
o fim da década de 1980 e o início da década de 1990 é que, como movimento, 
esses dois modelos se integram com estudos sobre a ansiedade. No mesmo 
período, cresce a popularidade das terapias cognitivas no país. Foram pre-
dominantes as vertentes construtivista e cognitivo-comportamental em São 
Paulo, e de reestruturação cognitiva e cognitivo-comportamental no Rio de 
Janeiro (RANGÉ et al., 2011). 
Os estudos iniciais de Aaron Beck fecundaram o campo para a realização 
de diferentes pesquisas e publicações. Até hoje, isso representa a qualidade 
Terapia cognitivo-comportamental e atuação do psicólogo12
do pensamento e da prática psicoterápica, muito em função da validação de 
sua eficácia, que a reveste de importância e confiabilidade. Além disso, seu 
modelo é realizável e reproduzível para várias categorias de profissionais 
(como educadores, empresários e terapeutas ocupacionais), principalmente 
para aqueles que precisam se adaptar a contextos e necessidades. A varie-
dade de técnicas (como psicoeducação, registro de pensamentos disfuncio-
nais, enfrentamento do estresse, habilidades sociais, etc.) tanto individuais 
quanto grupais, trabalhando com habilidades de relacionamento, redução 
de estresse, resolução de problemas, ajustamento social, etc., corrobora 
isso e possibilita um controle maior sobre as situações-problema (CORDIOLI; 
TECHE; GOMES, 2019).
Outro aspecto importante está relacionado a um campo de estudo con-
temporâneo e em rápida expansão, que é a aplicação da TCC pela internet 
(TCCi) (ANDERSSON et al., 2014). Wenzel (2018, p. 12) esclarece que: 
A TCCi inclui o conteúdo tradicional, como psicoeducação; “lições” em aumento 
sequencialmente progressivo para ajudar os clientes a adquirir a habilidade de 
modificar pensamentos, emoções e comportamentos que não ajudam; e tarefas 
de casa para consolidar a aprendizagem e permitir a prática do que foi aprendido.
Os programas TCCi geralmente são regulares para reproduzir o ritmo 
de desenvolvimento da TCC tradicional. Segundo Wenzel (2018), suporte e 
orientação ao terapeuta são viabilizados por e-mail, bate-papo, vídeo e/ou 
consultas telefônicas, com a intenção de facilitar o envolvimento e conter 
o abandono do tratamento. Entre as numerosas vantagens da TCCi, estão: 
 � disponibilidade permanente de acesso;
 � sequência de características interativas atraentes;
 � fidelidade;
 � confiabilidade e validade da abordagem psicoterapêutica.
Sua eficácia é bastante estudada e comprovada, sobretudo se comparada 
a nenhum tratamento ou ao tratamento tradicional, e em casos de depressão 
severa com ideação suicida contínua (WENZEL, 2018).
As pesquisas sobre terapia comportamental continuam sendo um desafio 
para o estudo do comportamento humano, pois é uma área em que terapeuta 
e paciente trabalham em conjunto na aplicação dos princípios básicos do 
comportamento e na verificação de quaisquer mudanças originadas ou não 
desses princípios. Além desse desafio, há o de vencer a hegemonia de ou-
tras abordagens no país, como a psicanalítica, por exemplo, e, na estrutura 
Terapia cognitivo-comportamental e atuação do psicólogo 13
curricular dos cursos de psicologia, os modelos clássicos da área (NEUFELD; 
XAVIER; STOCKMANN, 2010). 
Wenzel (2018) destaca o constante desafio a ser enfrentado no que se refere 
a treinamento e a ensino e supervisão como competências em TCC. Sobre o 
treinamento, Barletta et al. (2023) apontam que há uma enorme necessidade de 
difundir e analisar estratégias para a eficiência de treinamentos e supervisão 
em psicoterapias embasadas em evidências, destacando dois obstáculos: 
 � profissionais que querem trabalhar com essas terapias, que são con-
vocados como treinadores e supervisores, mas que nunca tiveram 
treinamento em métodos educacionais baseado em evidências; 
 � profissionais que reproduzem suas experiências de treinamento sem 
considerar estratégias e técnicas mais atualizadas. 
Assim, quando, a essa realidade, somam-se as necessidades de tecnologia 
e de competência cultural, há ausência de informações precisas sobre a 
evolução de programas de treinamento e supervisão mais efetivos.
Segundo Barletta et al. (2023), a supervisão é a pedra fundamental do 
tratamento clínico e o elemento essencial para interpretar e compreender 
as habilidades práticas aprendidas em sala de aula e aplicar técnicas em 
simulações de atendimentos reais. Supervisores e supervisionados esta-
belecem uma aliança de supervisão na qual se promove um engajamento 
emocional mais adequado, auxiliando a aprendizagem de se aproximar e 
proceder perante situações novas com curiosidade e pensamento crítico. 
Contudo, mesmo a TCC sendo farta em tradição de evidências empíricas, há 
escassez de produção científica sobre o efeito mediador e moderador na 
supervisão e no treinamento (BARLETTA et al., 2023).
Estudos mais recentes apontam que a supervisão clínica é um fe-
nômeno mais complexo do que se analisava inicialmente, havendo 
uma ausência de rigor conceitual e de evidência empírica que fundamente 
o tema. Um estudo de revisão foi realizado por Ellis (2010; ELLIS et al., 2014) 
desmascarando alguns mitos sobre a supervisãoe chamando atenção para a 
função e o propósito dos modelos de supervisão na formação profissional, o 
que também ajuda bastante os novos profissionais em TCC.
Assim, ainda que haja discussões sobre a validade de determinados mo-
delos, essas discussões e divergências só vêm enriquecendo o campo da 
prática e da pesquisa, porque o mantém em movimento para novas aplicações 
Terapia cognitivo-comportamental e atuação do psicólogo14
e tecnologias, já que cada modelo tem as próprias indicações e restrições. 
Esse campo, no futuro, parece intentar a busca mais de aproximações do 
que divergências. Como aponta Rangé et al. (2020, p. 9), “talvez a orientação 
de práticas baseadas em evidências deva ser um norte de uma prática mais 
efetiva para o bem-estar da população”.
Na abertura do Seminário da Federação Latino-Americana de Psicote-
rapias Cognitivas e Comportamentais (Sialapcco) de 2021, a presidente 
da Federação Latino-Americana de Psicoterapias Cognitivas e Comportamentais 
(Alapcco), professora Dra. Carmem Beatriz Neufeld, apontou que os desafios 
comuns da psicologia latino-americana consistem (II SIALAPCCO 2021, 2022):
 � na atitude apenas receptiva dos profissionais frente ao conhecimento que 
vem do exterior;
 � na divulgação insuficiente da prática baseada em evidências;
 � no foco na intuição ou em inferências do terapeuta;
 � na ausência de investimentos regulares em capacitação e supervisão.
Em contrapartida, suas expectativas para a psicologia incluem (II SIALAPCCO 
2021, 2022):
 � tolerância entre os vários enfoques teóricos;
 � avanço da prática baseada em evidências e das intervenções fundadas em 
processos, orientadas por conceitos cognitivos e/ou análises funcionais, 
focadas no bem-estar das pessoas, não no gosto pessoal do terapeuta, 
prática baseada no social e cultural;
 � prática voltada para a democratização do conhecimento e de acesso à saúde, 
com o protagonismo das pessoas em suas vidas. 
Neste capítulo, você leu sobre a atuação do profissional em saúde mental 
no campo da TCC. Em detalhes, viu como a aliança terapêutica na TCC extra-
pola os aspectos formais, que existem em qualquer psicoterapia, por meio 
de seu processo empírico-colaborativo. Você também viu como a prática 
profissional do psicólogo se expande para além da relação direta com seu 
cliente, contemplando outras decisões e atuações que mobilizam diferentes 
competências sociais. 
Além disso, foram abordados diferentes contextos para utilização da 
TCC, como empresas e escolas, com base na objetividade e diretividade do 
tratamento de todo tipo de sofrimento emocional e dificuldades de adap-
tação, ultrapassando o contexto de psicoterapia individual no consultório. 
Por fim, você viu que as pesquisas em sua área de atuação continuam sendo 
um desafio para o estudo do comportamento humano em uma sociedade 
Terapia cognitivo-comportamental e atuação do psicólogo 15
sempre em movimento, na busca por protagonismo e pelo bem-estar das 
pessoas em suas vidas.
Referências
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Terapia cognitivo-comportamental e atuação do psicólogo 17
Leituras recomendadas
BARLETTA, J. B.; DELABRIDA, Z. N. C.; FONSECA, A. L. B. Conhecimento, habilidades e 
atitude em TCC: percepção de terapeutas iniciantes. Revista Brasileira de Terapias 
Cognitivas, v. 7, n. 1, p. 21-29, 2011. 
BARLETTA, J. B.; FONSECA, A. L. B.; OLIVEIRA, M. I. S. Transcrição e observação como 
estratégias para aprimoramento da competência clínica. Revista Brasileira de Terapias 
Cognitivas, v. 7, n. 2, p. 17-24, 2011. 
CIZIL, M. J.; BELUCO, A. C. R. As contribuições da terapia cognitivo comportamental no 
tratamento da depressão. Revista Uningá, v. 56, n. S1, p. 10, 2019.
FIDELIS, P. C. B.; NEUFELD, C. B. Review do Seminário ALAPCCO 25 anos: o crescimento 
das TCCs. Blog Artmed, 2021. Disponível em: https://blog.artmed.com.br/psiquiatria/
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HAYS, P. A. Addressing cultural complexities in practice: assessment, diagnosis, and 
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LEAHY, R. L. Livre de ansiedade. Porto Alegre: Artmed, 2010.
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publicação do material. No entanto, a rede é extremamente dinâmica; suas 
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Terapia cognitivo-comportamental e atuação do psicólogo18
Dica do professor
Reconhecer as contribuições da terapia cognitivo-comportamental (TCC) no controle de 
pensamentos suicidas é poder quebrar a sequência cognitiva (pensamento-emoção-
comportamento) que eles formam e buscar estratégias dessa terapia no tratamento desses 
pacientes.
Nesta Dica do Professor, você verá como a terapia cognitivo-comportamental pode diminuir esse 
sofrimento psicológico.
Aponte a câmera para o código e acesse o link do conteúdo ou clique no código para acessar.
https://fast.player.liquidplatform.com/pApiv2/embed/cee29914fad5b594d8f5918df1e801fd/2785afee21df4a519390a18d861c97f6
Exercícios
1) A prática clínica abrange uma série de decisões e ações ao profissional psicólogo no âmbito 
das relações com o seu contexto, incluindo instituições, pares ou futuros clientes. Ao atuar 
em clínica particular, após mapear suas competências e tomar decisões, é importante para o 
psicólogo que utiliza a terapia cognitivo-comportamental informar e publicizar suas 
capacidades.
Isso inclui:
A) aumentar o número de clientes sem restrições ou direcionamento para um nicho de atuação 
específico.
B) atender presencialmente, pois o Conselho Federal de Psicologia ainda não regulamentou 
atendimento on-line para psicólogos.
C) demarcar um nicho de atuação específico, informando quais problemas e populações atende 
para atrair potenciais clientes e colegas.
D) a divulgação de seus conhecimentos teóricos e técnicos, enfatizando sua superioridade em 
relação a outros profissionais.
E) utilizar apenas a comunicação pessoal e boca a boca para atrair novos clientes, evitando a 
divulgação on-line.
Uma das práticas que constituem a relação entre profissionais de saúde mental é a 
supervisão, pois ela é uma atividade profissional diferente de outras atuações do psicólogo e 
exige competências próprias. Por isso, considera-se necessário o treinamento do supervisor 
tanto em competências específicas para essa prática quanto em competências clínicas.
Sobre a supervisão, acompanhe o diálogo a seguir:
Supervisionado: Olá, bom dia! Hoje, eu gostaria de discutir um caso que estou atendendo há 
algumas semanas. É uma cliente que apresenta sintomas de ansiedade social e tem 
dificuldades em interagir com outras pessoas em ambientes sociais.
Supervisor: Bom dia! Claro, podemos discutir o caso. Fale um pouco mais sobre essa cliente 
e como tem sido o tratamento até o momento.
Supervisionado: [...] ela é uma mulher de 30 anos, e sua ansiedade social tem sido bastante 
debilitante para ela. Ela evita situações sociais, mesmo em contextos mais informais, e isso 
2) 
tem afetado seu trabalho e relacionamentos pessoais. Inicialmente, trabalhamos na 
identificação de seus pensamentos automáticos negativos durante as interações sociais.
Supervisor: Foi um bom início [...], identificar os pensamentos automáticos é fundamental na 
TCC. Ela tem sido receptiva com o tratamento, de forma geral? Ela está conseguindo aplicar 
as estratégias que vocês trabalham nas sessões?
[...]
A supervisão clínica na terapia cognitivo-comportamental (TCC) é um processo:
A) voltado apenas para psicólogos em formação, não sendo relevante para profissionais 
experientes.
B) que deve ocorrer apenas em situações de dificuldades e desafios no atendimento ao cliente.
C) no qual o supervisor desconsidera as experiências pessoais do supervisionado para focar 
apenas aspectos técnicos.
D) colaborativo, em que o supervisor e o supervisionado trabalham em conjunto para discutir 
casos, técnicas terapêuticas e aprimorar habilidades.
E) no qual o supervisor deve se limitar a oferecer respostas prontas e soluções para os 
problemas apresentados pelo supervisionado.
3) Na prática clínica em terapia cognitivo-comportamental, por meio da técnica mindfulness, ou 
atenção plena, o terapeuta ensina o cliente a cultivar uma atitude de curiosidade e aceitação 
em relação aos seus pensamentos, emoções e sensações físicas no momento presente, sem 
julgamentos e atravessamentos.
Isso pode ocorrer, por exemplo, quando o cliente está enfrentando ansiedade social e medo 
de falar em público. Durante a terapia, ele pratica mindfulness, concentrando-se no momento 
presente e observando suas sensações corporais, pensamentos e emoções relacionados a 
essa situação.
Ele não julga essas experiências, apenas as observa com curiosidade e aceitação. Ao praticar 
regularmente, ele desenvolve uma maior consciência de seus padrões de pensamento e 
emoções em relação à ansiedade social.
Com o tempo, o cliente se torna menos identificado com seus pensamentos ansiosos e 
ganha mais controle sobre suas respostas emocionais. Isso permite que ele enfrente a 
ansiedade social de maneira mais adaptativa, reduzindo seu impacto negativo e permitindo 
uma abordagem mais tranquila e equilibrada ao falar em público.
No percurso histórico de evolução da TCC em três ondas, é possível situar a utilização da 
técnica de mindfulness na:
A) primeira onda, que foca modelos cognitivos e técnicas comportamentais.
B) primeira onda, porque foca no condicionamento clássico.
C) segunda onda, especialmente relacionada ao princípio da aceitação.
D) segunda onda, fundamentada em abordagem empírica.
E) terceira onda, que considera contexto e funções dos fenômenos psicológicos.
4) A TCCi, ou terapia cognitivo-comportamental pela internet, é uma modalidade de 
tratamento psicoterapêutico que utiliza recursos on-line para fornecer suporte terapêutico e 
intervenções com base nos princípios da TCC. Essa abordagem terapêutica utiliza a 
tecnologia da internet paraoferecer psicoterapia de forma acessível e flexível, permitindo 
que os pacientes tenham acesso ao tratamento em qualquer lugar e a qualquer momento.
Sobre a TCCi, assinale a alternativa correta:
A) É uma modalidade que não requer supervisão, tornando o tratamento mais acessível e 
econômico.
B) Substitui a presença do terapeuta por um sistema de computador que conduzirá as sessões e 
interações com o paciente.
C) Oferece apenas psicoeducação, sem a possibilidade de interação com o terapeuta, de modo 
síncrono.
D) Postula a aplicação associada dos princípios básicos do comportamento em conjunto com 
outras abordagens terapêuticas, como a psicanálise.
E) Possibilita o acesso permanente, oferece interação atrativa e inclui suporte e orientação do 
terapeuta em diferentes meios de comunicação.
Desde os anos 1960, quando foi introduzida no campo teórico e prático da psicologia, a TCC 
experimenta avanços importantes. Inicialmente desenvolvida por Aaron Beck, a TCC 
representou uma mudança teórica significativa na compreensão e no tratamento de 
transtornos emocionais, concentrando-se na relação entre pensamentos, emoções e 
comportamentos.
Desde então, a abordagem cognitivo-comportamental tem se consolidado como uma das 
principais correntes terapêuticas, sendo amplamente aplicada em diversos contextos e 
transtornos psicológicos, incluindo depressão, ansiedade, fobias, transtorno bipolar, entre 
outros.
5) 
Sobre pesquisa e prática em TCC, assinale a alternativa correta:
A) Ainda precisa avançar para ser reconhecida como uma abordagem com base em evidências.
B) No Brasil, somente a partir dos anos 2000 avançamos em direção à integração do modelo 
cognitivo com o comportamental.
C) A difusão da TCC no Brasil está relacionada com a tradução e publicização de seus princípios 
ao senso comum.
D) Na TCC, o terapeuta é responsável por conduzir o processo terapêutico, o papel do paciente 
deve ser passivo nesse sentido.
E) A TCC pode ser utilizada em clínicas e hospitais, mas ainda não demonstra eficácia para o 
contexto da escola.
Na prática
Pesquisa e prática clínica demonstram a eficácia da TCC no enfrentamento da ansiedade, com ou 
sem prescrição medicamentosa. O aumento da consciência do paciente a respeito de seus 
pensamentos automáticos e de suas crenças elementares e encobertas, sob a orientação do 
terapeuta, faz com que esse paciente avalie seu modo disfuncional de perceber os acontecimentos 
e que atua sobre suas emoções e seus comportamentos.
Neste Na Prática, você conhecerá um caso sobre ansiedade que se torna um transtorno, e veja 
como é possível lidar com isso por meio da TCC.
 
Conteúdo interativo disponível na plataforma de ensino!
Saiba +
Para ampliar o seu conhecimento a respeito desse assunto, veja abaixo as sugestões do professor:
Aprendendo a terapia cognitivo-comportamental
Jesse Wright aborda no vídeo a modificação de pensamentos automáticos. Todos nós os temos, 
pois não são exclusividade de pessoas com depressão, ansiedade ou outros transtornos emocionais. 
Como terapeutas, é importante reconhecê-los e utilizar outros processos cognitivo-
comportamentais para aumentar a empatia com os pacientes e melhorar nossa consciência sobre 
como poderiam influenciar a relação terapêutica.
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Terapia cognitivo-comportamental de alto rendimento para 
sessões breves: guia ilustrado
O autor aborda neste livro um elemento importante do processo terapêutico: o tempo. E o que é 
mais interessante: o tempo no sistema de saúde, considerado um desafio para o atendimento em 
psicoterapia. Nos capítulos 1 e 2, você verá as características e a aplicação das chamadas terapias 
breves em TCC, que podem auxiliar no atendimento em ambulatórios públicos na rede de saúde. 
Um novo cenário para nós, psicólogos.
Conteúdo interativo disponível na plataforma de ensino!
Vencendo a ansiedade e a preocupação com a terapia cognitivo-
comportamental – Manual do paciente
Nesta obra, os autores elaboraram o primeiro manual de estratégias práticas e acompanhamento à 
terapia cognitiva guiada para trabalhar com a ansiedade. O Capítulo 1 (Indicações e formatos para 
sessões breves de TCC) trata de possíveis situações clínicas nas quais sessões breves de TCC 
podem ser utilizadas. O que chama a atenção nesse capítulo é exatamente a variedade de 
ambientes e a multidisciplinaridade, além da discussão de casos nos quais se pode observar os seus 
resultados.
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https://www.youtube.com/embed/EcRawwCuvYk

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