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TEORIA GERAL DO DIREITO PENAL CAUSAS EXTINTIVAS DE PUNIBILIDADE

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TEORIA GERAL DO DIREITO PENAL
CAUSAS EXTINTIVAS DA PUNIBILIDADE
ANISTIA, GRAÇA E INDULTO
ESSES INSTITUTOS SÃO UMA ESPÉCIE DE CLEMÊNCIA, DE INDULGÊNCIA ESTATAL QUE POR RAZÕESES POLÍTICAS , RENUNCIA AO DIREITO DE PUNIR EM RELAÇÃO A DELITOS JÁ PRATICADOS
ANISTIA
CONCEITO
Lei penal de efeito retroativo que retira as consequências de alguns crimes já praticados, promovendo o seu esquecimento jurídico; na conceituação de Alberto Silva Franco, “é o ato legislativo com que o Estado renuncia ao jus puniendi”
ESPÉCIES
São elas269:
(i) especial: para crimes políticos;
(ii) comum: para crimes não políticos;
(iii) própria: antes do trânsito em julgado;
(iv) imprópria: após o trânsito em julgado;
(v) geral ou plena: menciona apenas os fatos, atingindo a todos
que os cometeram;
(vi) parcial ou restrita: menciona fatos, mas exige o
preenchimento de algum requisito (por exemplo, anistia que só
atinge réus primários);
(vii) incondicionada: não exige a prática de nenhum ato como
condição;
(viii) condicionada: exige a prática de algum ato como condição
(por exemplo, deposição de armas).
COMPETÊNCIA
É exclusiva da União (CF, art. 21, XVII) e privativa do Congresso Nacional (CF, art. 48, VIII), com a sanção do Presidente da República, só podendo ser concedida por lei federal.
EFEITOS
A anistia retira todos os efeitos penais, principais e secundários, mas não os efeitos extrapenais. Desse modo, a sentença condenatória definitiva, mesmo em face da anistia, pode ser executada no juízo cível, pois constitui título executivo judicial.
CRIMES INSUSCETÍVEIS DE ANISTIA
De acordo com a Lei n. 8.072, de 25 de julho de 1990, são insuscetíveis de anistia os crimes hediondos, a prática de tortura, o tráfico de drogas e o terrorismo, consumados ou tentados
CABIMENTO DE ANISTIA EM AÇÃO PENAL PRIVADA
É possível, porque o Estado só delegou ao particular a iniciativa da ação, permanecendo com o direito de punir, do qual pode renunciar por essa forma (anistia).
REVOGAÇÃO
Uma vez concedida, não pode a anistia ser revogada, porque a lei posterior revogadora prejudicaria os anistiados, em clara violação ao princípio constitucional de que a lei não pode retroagir para prejudicar o acusado (CF, art. 5º, XL).
INDULTO E GRAÇA EM SENTIDO ESTRITO
CONCEITO
A graça é um benefício individual concedido mediante provocação da parte interessada; o indulto é de caráter coletivo e concedido espontaneamente.
A Constituição Federal não se refere mais à graça, mas apenas ao indulto (CF, art. 84, XII). A LEP passou, assim, a considerar a graça como indulto individual
COMPETÊNCIA
São de competência privativa do presidente da República (CF, art. 84, XII), que pode delegá-la aos ministros de Estado, ao procurador geral da República ou ao advogado-geral da União (parágrafo único
do art. 84).
EFEITOS
Só atingem os efeitos principais da condenação, subsistindo todos os efeitos secundários penais e extrapenais. Nesse sentido, a Súmula 631 do STJ: “O indulto atinge os efeitos primários da condenação (pretensão executória), mas não atinge os efeitos
secundários, penas ou extrapenais”. Por exemplo, o indultado que venha a cometer novo delito será considerado reincidente, pois o benefício não lhe restitui a condição de primário. A sentença definitiva condenatória pode ser executada no juízo cível.
FORMAS
Plenas, quando extinguem toda a pena, e parciais, quando apenas diminuem a pena ou a comutam (transformar em outra de menor gravidade).
INDULTO CONDICIONAL
É o indulto submetido ao preenchimento de condição ou exigência futura, por parte do indultado, tal como boa conduta social, obtenção de ocupação lícita, exercício de atividade benéfica à comunidade durante certo prazo etc. Caso a condição seja descumprida, deixa de subsistir o favor, devendo o juiz determinar o reinício da
execução da pena.
RECUSA DA GRAÇA OU INDULTO
Só se admite no indulto e graça parciais, sendo inaceitável a recusa da graça ou do indulto, quando plenos (CPP, art. 739).
PROCEDIMENTO DO INDULTO INDIVIDUAL
A graça, também chamada de indulto individual, em regra, deve ser solicitada (LEP, art. 188):
(i) o requerimento pode ser feito pelo próprio condenado, pelo Ministério Público, pelo Conselho Penitenciário ou pela autoridade administrativa responsável pelo estabelecimento onde a pena é cumprida;
(ii) os autos vão com vista ao Conselho Penitenciário para parecer (a menos que este tenha sido o autor do requerimento). De acordo com a redação do art. 70, I, da LEP, determinada pela Lei n. 10.792/2003, incumbe ao Conselho Penitenciário “emitir parecer sobre indulto e comutação de pena, excetuada a hipótese de pedido
de indulto com base no estado de saúde do preso”.
(iii) em seguida, o Ministério Público dará seu parecer (LEP, art. 67);
(iv) os autos são encaminhados ao Ministério da Justiça e, de lá, submetidos a despacho do Presidente da República ou das autoridades a quem delegou competência (CF, art. 84, parágrafo único);
(v) concedido o indulto individual, o juiz o cumprirá, extinguindo a pena (indulto pleno), reduzindo-a ou comutando-a (indulto parcial).
PROCEDIMENTO DO INDULTO COLETIVO
O indulto coletivo é concedido espontaneamente por decreto presidencial. Segundo Mirabete, “ele abrange sempre um grupo de sentenciados e normalmente inclui os beneficiários tendo em vista a duração das penas que lhe foram aplicadas, embora se exijam certos requisitos subjetivos (primariedade etc.) e objetivos (cumprimento de parte da pena, exclusão dos autores da prática de
algumas espécies de crimes etc.)”
MOMENTO DA CONCESSÃO
Só após o trânsito em julgado da condenação
CRIMES INSUSCETÍVEIS DE GRAÇA OU INDULTO
De acordo com a Lei n. 8.072, de 25 de julho de 1990, são insuscetíveis de graça ou indulto os crimes hediondos, a prática de tortura, o tráfico de drogas e o terrorismo, consumados ou tentados
LEI POSTERIOR QUE DEIXA DE CONSIDERAR O FATO CRIMINOSO (ABOLITIO CRIMINIS)
A lei penal retroage, atingindo fatos ocorridos antes de sua entrada em vigor, sempre que beneficiar o agente de qualquer modo (CF, art. 5º, XL). Se a lei posterior deixa de considerar o fato como criminoso, isto é, se lei posterior extingue o tipo penal, retroage e
torna extinta a punibilidade de todos os autores da conduta, antes tida por delituosa.
Se o processo estiver em andamento, será o juiz de primeira
instância que julgará e declarará extinta a punibilidade do agente,
nos termos do art. 61 do CPP. Se o processo estiver em grau de
recurso, será o tribunal incumbido de julgar tal recurso, que irá
extinguir a punibilidade do agente. Se já se tiver operado o trânsito
em julgado da condenação, a competência para extinguir a
punibilidade será do juízo da execução, nos termos do art. 66, II, da
Lei de Execução Penal; do art. 13 da Lei de Introdução ao CPP; da
Súmula 611 do STF; e em obediência ao princípio do duplo grau de
jurisdição, que seria violado pela extinção da punibilidade declarada
diretamente pelo tribunal, por meio de revisão criminal (cf.
comentário ao art. 2º do CP).

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