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FILOSOFIA DO DIREITO 
 
Professor: Agiar 
Aula 02/19 
 
O que é Direito – Adjetivo 
1. que segue a lei e os bons costumes; justo, correto, honesto. 
 
2. de acordo com os costumes, o senso comum, as normas morais e éticas etc.; 
certo, correto, justo. 
 
 
A palavra Direito - A palavra direito possui mais de um significado correlato: 
• É o sistema de normas de conduta e princípios criado e imposto por um conjunto 
de instituições para regular as relações sociais: é o que os juristas chamam de direito objetivo. É a que 
os leigos se referem quando dizem, por exemplo, "o direito proíbe a poligamia". Neste sentido, equivale 
ao conceito de "ordem jurídica". Este significado da palavra pode ter outras ramificações: 
• é o sistema ou conjunto de normas jurídicas de um determinado país ou jurisdição (o direito 
português); ou 
• é o conjunto de normas jurídicas de um determinado ramo do direito ("o direito penal", o "direito 
constitucional", o "direito da família", o direito tributário e outros). 
• é a faculdade que tem uma pessoa de mover a ordem jurídica segundo seus interesses:[1] é o 
que os juristas chamam de direitos subjetivos. É a que os leigos se referem quando dizem, por 
exemplo, "eu tenho o direito de falar o que eu quiser" ou "ele tinha direito àquelas terras". 
• é o ramo das ciências sociais que estuda o sistema de normas que regulam as relações sociais: 
é o que os juristas chamam de "ciência do direito". É a que os leigos se referem quando dizem, por 
exemplo, "eu preciso estudar direito comercial para conseguir um bom emprego".[carece de fontes] 
A sociedade humana é o meio em que o direito surge e se desenvolve[2] (costuma-se dizer que "onde está 
a sociedade, ali está o direito"). É essencial à vida em sociedade, ao definir direitos e obrigações entre as 
pessoas e ao resolver os conflitos de interesse. Seus efeitos sobre o quotidiano das pessoas vão desde 
uma simples corrida de táxi até a compra de um imóvel, desde uma eleição presidencial até a punição de 
um crime, dentre outros exemplos. 
O direito é um fenômeno de regulação social de enorme importância e, ao mesmo tempo, de grande 
ambiguidade, pois mantém-se relacionado com inúmeros outros fenômenos sociais, tais como a religião, a 
política, a economia, a cultura, a moral, a linguagem. 
O direito é, ademais, um conceito enormemente disputado, confirmando sua importância social. Por isso, 
alguns autores dizem: "É inerente, portanto, à condição do Direito positivado exercer simultaneamente 
pretensão de validade formal (correção formal), pretensão de justeza moral (correção axiológica), pretensão 
de legitimidade na adesão das vontades individuais (correção política) e pretensão de vinculação da 
conduta (correção impositiva)".[3] 
O direito é tradicionalmente dividido em ramos, como o direito civil, direito penal, direito comercial, direito 
constitucional, direito administrativo e outros, cada um destes responsável por regular as relações 
interpessoais nos diversos aspectos da vida em sociedade. 
No mundo, cada Estado adota um direito próprio ao seu país, donde se fala em "direito brasileiro", direito 
português”, "direito chinês" e outros. Aqueles "direitos nacionais" costumam ser reunidos pelos juristas em 
grandes grupos: os principais são o grupo dos direitos de origem romano-germânica (com base no 
antigo direito romano; o direito português e o direito brasileiro fazem parte deste grupo) e o grupo dos 
direitos de origem anglo-saxónica (Common Law (ver Direito comparado). Há também direitos 
supranacionais, como o direito da União Europeia. Por sua vez, o direito internacional regula as relações 
entre Estados no plano internacional. 
https://pt.wikipedia.org/wiki/Sistema
https://pt.wikipedia.org/wiki/Norma_jur%C3%ADdica
https://pt.wikipedia.org/wiki/Institui%C3%A7%C3%A3o
https://pt.wikipedia.org/wiki/Rela%C3%A7%C3%A3o_social
https://pt.wikipedia.org/wiki/Jurista
https://pt.wikipedia.org/wiki/Direito_objetivo
https://pt.wikipedia.org/wiki/Poligamia
https://pt.wikipedia.org/wiki/Ordem_jur%C3%ADdica
https://pt.wikipedia.org/wiki/Norma_jur%C3%ADdica
https://pt.wikipedia.org/wiki/Jurisdi%C3%A7%C3%A3o
https://pt.wikipedia.org/wiki/Direito_penal
https://pt.wikipedia.org/wiki/Direito_constitucional
https://pt.wikipedia.org/wiki/Direito_constitucional
https://pt.wikipedia.org/wiki/Direito_de_fam%C3%ADlia
https://pt.wikipedia.org/wiki/Direito_tribut%C3%A1rio
https://pt.wikipedia.org/wiki/Direito#cite_note-Hermes_Lima,_cap%C3%ADtulo_III-1
https://pt.wikipedia.org/wiki/Direito_subjetivo
https://pt.wikipedia.org/wiki/Ci%C3%AAncias_sociais
https://pt.wikipedia.org/wiki/Ci%C3%AAncia_do_direito
https://pt.wikipedia.org/wiki/Wikip%C3%A9dia:Livro_de_estilo/Cite_as_fontes
https://pt.wikipedia.org/wiki/Direito#cite_note-2
https://pt.wikipedia.org/wiki/Im%C3%B3vel
https://pt.wikipedia.org/wiki/Elei%C3%A7%C3%A3o
https://pt.wikipedia.org/wiki/Presidente
https://pt.wikipedia.org/wiki/Crime
https://pt.wikipedia.org/wiki/Direito#cite_note-3
https://pt.wikipedia.org/wiki/Direito_civil
https://pt.wikipedia.org/wiki/Direito_comercial
https://pt.wikipedia.org/wiki/Direito_administrativo
https://pt.wikipedia.org/wiki/Estado
https://pt.wikipedia.org/wiki/Direito_romano
https://pt.wikipedia.org/wiki/Common_Law
https://pt.wikipedia.org/wiki/Direito_comparado
https://pt.wikipedia.org/wiki/Uni%C3%A3o_Europeia
https://pt.wikipedia.org/wiki/Direito_internacional
 
 
 
 
 
 
Etimologia[editar | editar código-fonte] 
A palavra "direito" vem do latim directus, a, um, "que segue regras pré-determinadas ou um dado preceito", 
do particípio passado do verbo dirigere. O termo evoluiu em portuguêsda forma "directo" (1277) a "dereyto" 
(1292), até chegar à grafia atual (documentada no século XIII). 
Para outros autores(Sebastião Cruz), a palavra faz referência à deusa romana da justiça, "Justitia", que segurava, 
em suas mãos, uma balança com fiel. Dizia-se que havia "justiça" quando o fiel estava absolutamente 
perpendicular em relação ao solo: de-rectum, perfeitamente reto. Tal termo surgiu entre as classes 
populares e fontes extrajurídicas antes de tornar-se erudito, o que ocorreu com o uso dessas palavras pelos 
juízes do Baixo Império Romano. 
As línguas românicas descrevem o conceito de "direito" com termos que possuem a mesma origem: diritto, 
em italiano, derecho, em espanhol, droit, em francês, dret, em catalão, drech, em occitano, drept, 
em romeno. Os vocábulos right, em inglês e Recht, em alemão, têm origem germânica (riht), do indo-
europeu *reg-to- "movido em linha reta". O termo indo-europeu é a origem do latim rectus, a, um (ver acima) 
e do grego ὀρεκτός. 
Em latim clássico, empregava-se o termo IVS (grafado também ius ou jus), que originalmente significava 
"fórmula religiosa"[4] e que por derivação de sentido veio a ser usado pelos antigos romanos na acepção 
equivalente aos modernos "direito objetivo" (ius est norma agendi) e "direito subjetivo" (ius est facultas 
agendi). Segundo alguns estudiosos, o termo ius relacionar-se-ia com iussum, particípio passado do 
verbo iubere,[nota 2] que quer dizer "mandar", "ordenar", da raiz sânscrita ju, "ligar". Mais tarde, ainda no 
período romano, o termo directum (ver acima) passou a ser mais empregado para referir o direito. Como já 
se viu, directum vem do verbo dirigere que, por sua vez, tem origem em regere, "reger", "governar", donde 
os termos latinos rex, regula e outros. 
O latim clássico ius, por sua vez, gerou em português os termos "justo", "justiça", "jurídico", "juiz" e muitos 
outros. 
 
❖ Pensar - Agir 
❖ Refletir - Sentir 
❖ Perguntar – Duvidar 
❖ Questionar 
 
Teoria Circulo 
 
 
 
A TEORIA DO MÍNIMO ÉTICO, de George Jellinek, que diz que tudo que é direito é moral, mas 
nem tudo que é moral é direito. E, finalmente, a TEORIA DOS CÍRCULOS SECANTES, de 
Claude de Pasqueir, utilizada pelo nosso ordenamento jurídico, onde há uma intersecção entre 
diversos pontos entre direito e moral. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
https://pt.wikipedia.org/w/index.php?title=Direito&veaction=edit&section=1https://pt.wikipedia.org/w/index.php?title=Direito&action=edit&section=1
https://pt.wikipedia.org/wiki/Latim
https://pt.wikipedia.org/wiki/Partic%C3%ADpio
https://pt.wikipedia.org/wiki/L%C3%ADngua_portuguesa
https://pt.wikipedia.org/wiki/S%C3%A9culo_XIII
https://pt.wikipedia.org/wiki/Direito#endnote_Cruz,_Sebasti%C3%A3o_(1988)
https://pt.wikipedia.org/wiki/Mitologia_romana
https://pt.wikipedia.org/wiki/Justitia
https://pt.wikipedia.org/wiki/Balan%C3%A7a
https://pt.wikipedia.org/wiki/L%C3%ADnguas_rom%C3%A2nicas
https://pt.wikipedia.org/wiki/L%C3%ADngua_italiana
https://pt.wikipedia.org/wiki/L%C3%ADngua_espanhola
https://pt.wikipedia.org/wiki/L%C3%ADngua_francesa
https://pt.wikipedia.org/wiki/L%C3%ADngua_catal%C3%A3
https://pt.wikipedia.org/wiki/Occitano
https://pt.wikipedia.org/wiki/L%C3%ADngua_romena
https://pt.wiktionary.org/wiki/right
https://pt.wikipedia.org/wiki/L%C3%ADngua_inglesa
https://pt.wikipedia.org/wiki/L%C3%ADngua_alem%C3%A3
https://pt.wikipedia.org/wiki/L%C3%ADnguas_germ%C3%A2nicas
https://pt.wikipedia.org/wiki/L%C3%ADnguas_indo-europeias
https://pt.wikipedia.org/wiki/L%C3%ADnguas_indo-europeias
https://pt.wikipedia.org/wiki/L%C3%ADngua_grega
https://pt.wikipedia.org/wiki/Latim_cl%C3%A1ssico
https://pt.wikipedia.org/wiki/Direito#cite_note-ReferenceA-5
https://pt.wikipedia.org/wiki/Roma_Antiga
https://pt.wikipedia.org/wiki/Direito#cite_note-6
https://pt.wikipedia.org/wiki/S%C3%A2nscrito
 
 
 
 
 
 
Mentira vem do latim mentiri, “enganar, dizer falsidade”, de menda, “falha, defeito”. Os estudiosos se 
referem à palavra *mentionica, do latim tardio do século XI, que por sua vez teria vindo do baixo 
latim mentire, remetendo ao latim clássico mendacium, termo ligado à palavra mens. 
A palavra mens está na raiz da mentira. Mens significa “mente”, “inteligência”, “discernimento”, o que 
poderia nos fazer concluir que o mentiroso precisa ter uma boa cabeça. Um mentecapto não sabe mentir. 
Mas há ainda um significado especial para mens — “intenção”. O que tem em mente o mentiroso ao lançar 
mão da mentira? A verdadeira mentira jamais acontece por inadvertência ou em nome de boas intenções. 
É fruto de uma vontade empenhada em enganar. 
Verdade ou mentira? 
Confira a análise das possibilidades que podem ser definidas como razoáveis e adequadas aos termos 
Uma das evidências que o ouvinte tem para crer que o falante seja confiável é a ausência de sinais claros 
de mentira; isso fornece ao ouvinte alguma evidência sobre a confiabilidade do seu interlocutor. 
No entanto, queremos demonstrar que, em muitos casos, não é tão simples o ouvinte detectar sinais de 
mentira no comportamento do falante, de modo a não obter fortes evidências sobre sua confiabilidade; pelo 
menos não o suficiente para tornar o ouvinte justificado em crer que o seu interlocutor seja ou não confiável. 
Aqui, certamente, seria necessária uma abordagem mais aprofundada sobre o conceito de 
mentira/erro/engano, mas não teremos espaço para tanto. Vamos assumir, a princípio, de acordo com The 
Oxford Dictionary of Philosophy, que mentira é o ato de “deliberadamente declarar uma falsidade com 
intenção de enganar ou induzir ao erro. Dizer algo falso, sabendo que o ouvinte irá interpretar como algo 
que é, de fato, verdadeiro” (BLACKBURN, 2005, p. 218.). 
Corroborado pela lexicografia brasileira, Antônio Houaiss argumenta nesse mesmo sentido que mentir é 
dizer ser verdadeiro aquilo que se sabe falso, como também dar informação falsa a alguém afim de induzir 
ao erro (cf. HOUAISS, 2001, p. 1895.). 
Como se nota, nessas concepções de mentira se inclui a questão da intencionalidade do falante mentiroso. 
No entanto, é preciso informar que tal concepção não é consensual entre as diferentes áreas do saber 
científico. 
Para a psiquiatria, por exemplo, a análise do comportamento mentiroso deve incluir não somente a atitude 
do falante, mas, inclusive, o seu contexto cultural, as circunstâncias do ato e os propósitos que 
acompanham tal comportamento (cf. DIKE, 2008.). 
História 
Na filosofia antiga, Aristóteles (384-322 a.C.) se ocupa do tema da mentira, em principal, na obra Ética a 
Nicômaco. Na filosofia medieval, Tomás de Aquino (1225-1274) também estuda essa questão na Suma 
Teológica. 
No período filosófico moderno se destacam, nessa abordagem, Immanuel Kant – em suas 
obras Fundamentação da metafísica dos costumes, Princípios metafísicos da doutrina da virtude e Sobre 
um pretenso direito de mentir por amor aos homens – e Benjamim Constant – em seu livro Des réactions 
politiques. 
Dentre os filósofos contemporâneos está Sissela Bok, com sua obra Lying. No entanto, foi Agostinho de 
Hipona (354-430), na história da filosofia medieval ocidental, quem mais se destacou por se ocupar do 
tema, de modo sistematizado e analítico. 
Herdando do pensamento de Platão (428-348 a.C.), exposto nas obras Teeteto, República e Hípias Menor, 
Agostinho estuda o tema da mentira em várias de suas publicações: Confissões, Solilóquios, Retratações, 
De Magistro, De Mendacio e Contra Mendacium. 
Para Agostinho, o que define a natureza da mentira é a intencionalidade do falante, independentemente 
da verdade ou falsidade do conteúdo da fala: “Não há mentira, apesar do que se diz, 
sem intenção, desejo ou vontade de enganar . […] Não se mente ao enunciar uma asserção falsa que 
cremos verdadeira, […] antes mente-se ao enunciar uma asserção verdadeira que cremos falsa. Pois é 
pela intenção que se deve julgar a modalidade dos atos ” (AGUSTIN, 1954, p. 244 e 367.). 
 
 
Portanto, segundo Agostinho, mentira é uma significação falsa unida à vontade de enganar, pois ninguém 
duvidará que mente aquele que, deliberadamente, diz algo falso com a intenção de enganar. 
 
 
 
 
 
 
Dessa forma, é possível concluir que, para Agostinho, o falante mente se e somente se: (1) o falante afirma 
uma falsidade; (2) o falante crê num conteúdo tal e, deliberadamente, afirma a negação desse conteúdo; e 
(3) o falante tem a intenção de enganar o ouvinte em vista de que creia que a afirmação é verdadeira. 
A essa concepção tradicional de mentira recorrem, direta ou indiretamente, muitos estudiosos ao se 
ocuparem do tema. A respeito da condição da concepção agostiniana não há dissenso. A respeito da 
condição (2), a mesma parece amplamente aceita na literatura contemporânea, ou seja: afim de mentir, 
alguém tem que dizer algo que crê ser falso. 
Há quem defenda que a mentira está, em grande parte, relacionada à norma conversacional de veracidade: 
“eu acho que se mente ao afirmar algo que se crê ser falso. Você afirma algo quando: (a) diz alguma coisa 
e (b) crê que está em uma situação onde não deveria dizer aquilo que crê como falso” (FALLIS, 2009, p. 
06.). 
Nessa mesma linha de pensamento, há aqueles para quem a mentira está relacionada diretamente à 
quebra de confiança que, de algum modo, aduz a princípios de cooperatividade; no entanto, o mais 
importante são as implicações morais relevantes neste tipo de ato: ao mentir, o falante está voltado a uma 
interlocução; mas, sobretudo, convida o ouvinte a confiar no que ele diz para, então, trair essa confiança 
com declarações falsas credíveis (cf. CARSON, 2006, p. 302.). No entanto, mentir não é, simplesmente, o 
ato de se dizer aquilo que se crê ser falso. 
Nesse sentido, estudiosos têm feito várias sugestões a respeito de qual condição adicional poder-se-ia 
inserir na concepção tradicional de mentira. A respeito da condição (3) da concepção agostiniana, por 
exemplo, muitos pesquisadores têm corroborado a ideia de que o mentiroso tenha a intenção de enganar. 
No entanto, essa não é uma questão consensual: existem estudiosos que questionam a tese de 
que intencionalidade seja uma condição necessária para a mentira (cf. CARSON, 2006; FALLIS, 2009; 
SORENSEN, 2010.). 
Além disso, existem outras nuances nessa discussão que não adentraremos aqui: por exemplo, existem 
pesquisadores que não apenas incluem como condição necessária o caso da intencionalidade do falante, 
mas também a necessidade de queo falante creia que irá enganar (cf. CHISHOLM & FEEHAN, 1977.) ou 
a necessidade de que o falante não tenha como garantir a verdade de sua afirmação (cf. CARSON, 2006.). 
 
O direito a mentir e a felicidade 
 
Todo mundo mente. Algumas pessoas chegam a achar que a mentira é necessária e sustenta grande parte 
do convívio social. Normalmente apenas se diria que a mentira é má ou errada, mas o problema é que ela 
existe em situações ambíguas; onde há benefícios e malefícios, seja para o indivíduo mentiroso ou para o 
grupo enganado. A felicidade pode advir de uma mentira. Nada é preto no branco e é ai que entra a 
discussão ética, pois todos também querem ser felizes. 
 
Não é esse o fim último da humanidade, buscar a felicidade? Isso levanta dúvidas difíceis de responder 
como: mentir é certo ou errado? Quando nos voltamos aos líderes, sejam eles de governos, de empresas, 
de grupos sociais, ela toma proporções ainda mais complexas, podendo constituir crime ou mesmo 
sustentar as crenças de muitos. 
Em alguns casos específicos a mentira pode até mesmo ser aceita pela perspectiva ética. Obviamente 
quando existir com a finalidade de manter a dignidade, não ferindo a lei ou visando proteger a vida, por 
exemplo. Se uma pessoa chega à minha casa, fugindo de um criminoso que quer lhe fazer mal e eu a 
escondo, quando questionado pelo criminoso se ela estaria lá, especificamente nesse caso eu mentiria. A 
maioria das pessoas mentiriam. 
Não é que haja mentiras boas ou mentiras más, exatamente. Existem consequências da mentira, e elas 
são boas ou más para um determinado número de pessoas e valores. Nesse caso, o valor é a vida, como 
valor máximo, e a consequência é o bem-estar e a dignidade da pessoa escondida, aquilo que realmente 
se espera da vida. Percebe-se que em casos específicos, em prol da dignidade, a mentira é necessária. 
 
 
 
 
Quando jogamos a mentira para a análise do olhar ético, ela assume essa dualidade. Se ela tem como fim 
último apenas vantagens pessoais ou imediatas e ainda fere a lei, ai sim, podemos julgá-la como antiética, 
potencialmente ilegal e consequentemente uma ação negativa, ou propriamente ruim. 
Argumento e argumentação: algumas noções preliminares 
 
 
Sumário: 1.1. Noção esquemática de argumento. 1.2. Argumentar: entre o justificar e o persuadir. 1.3. 
Argumentos dedutivos e não dedutivos 
 
1. Noção esquemática de argumento 
 ‘Argumento’ e ‘argumentação’ são expressões que costumam ser utilizadas como sinônimas e 
padecem das mesmas ambiguidades. Tem sido amplamente reconhecido que ambas são utilizadas ora 
para designar um processo (ou uma atividade), ora para designar o produto desse processo. Bem 
observadas as coisas, todavia, a simples distinção processo/produto não faz jus à complexidade das 
situações referidas por tais expressões. Considere o diálogo: 
Pedro: Você deveria ter comparado o Gol 1.6. 
João: Por que? 
Pedro: Porque é melhor na revenda e mais potente. 
João: Preferi o Gol 1.0, uma vez que é mais econômico. 
 Analisando-se esse diálogo, é possível distinguir o seguinte: 
• Uma interação social em que dois (podem ser mais) indivíduos oferecem, mutuamente, razões para 
afirmações ou pontos de vista. 
• As contribuições individuais nessa interação social, ou seja, as afirmações ou locuções proferidas em 
defesa ou como justificativa de outras afirmações. 
• Processos “internos” ou psicológicos de “criação” dessas contribuições individuais. 
 As expressões ‘argumento’ e ‘argumentação’ costumam ser utilizadas para designar todos 
esses três grupos de fenômenos identificados acima, embora o uso mais tradicional seja aquele em que 
com tais expressões se refere tão somente ao segundo desses grupos. No entanto, partindo dessas 
distinções elaboradas, pode-se compreender facilmente que a menção à ambiguidade processo/produto é 
insuficiente para dar conta das muitas significações de ‘argumento’ e ‘argumentação’. É que em cada uma 
das três significações acima distinguidas, a ambiguidade se aplica, com diferentes resultados: a interação 
social sub (1) é conjunto de processos e é resultado o mesmo podendo ser dito, das contribuições 
individuais sub (2) e dos processos internos apontados sub (3). Além disso, no caso específico das 
contribuições individuais apontadas em (2), há de se identificar uma terceira faceta, que nem pode ser 
considerada como processo, nem como produto, mas antes como um “objeto” que serve como 
“instrumento”. 
 Antes de prosseguir, porém, urge estipular as opções terminológicas que serão seguidas no 
presente estudo. Aqui, a expressão ‘argumento’ será utilizada para designar o conjunto de afirmações 
referido em (2), ou seja, aquele composto por duas (ou mais) afirmações, em que uma afirmação é 
defendida ou justificada pela(s) outra(s), sendo esta a noção mais básica, com referência à qual as outras 
 
 
 
serão definidas. Já a expressão ‘argumentação’ será utilizada, preferencialmente, para designar a interação 
social em que duas ou mais pessoas formulam argumentos reciprocamente, ou seja, oferecem, 
mutuamente, razões para afirmações ou pontos de vista sustentados por elas, individualmente. Enfim, o 
processo “interno” – o qual não é explícito no diálogo acima, mas tão somente pressuposto – do qual cada 
argumento oferecido resultaria, será aqui denominado ‘invenção argumentativa’. Por mais que as três 
noções estejam indissociavelmente imbricadas, é de fundamental importância distingui-las. Uma das razões 
é a de assinalar mais facilmente a existência de três objetos de estudo distintos, ainda que relacionados, 
especialmente no que diz respeito a eventuais estipulação de regras. Uma coisa é estudar e construir 
modelos, seja para dizer como são, seja para dizer como devem ser os argumentos; outra coisa é fazer o 
mesmo com relação à interação social em que se troca argumentos e outra coisa ainda é estudar os 
processos internos de invenção argumentativa. Advirta-se que esta diferenciação não implica reconhecer 
que apenas uma disciplina possa ser encarregada de cada um desses objetos de estudo diferenciados. 
Assim, por exemplo, tanto a psicologia (cognitiva, desenvolvimentista etc.), como a sociologia e a 
antropologia podem contribuir para a compreensão da argumentação e para a invenção argumentativa. 
 Nesta ordem, convém introduzir a distinção entre modelos descritivos e modelos normativos (ou 
prescritivos) de algo e verificar como essa distinção opera na distinção feita entre argumento, argumentação 
e invenção argumentativa. Quando se descreve fenômenos repetitivos, de um modo geral, faz-se isso com 
e pela elaboração de um modelo descritivo. Já um modelo normativo consiste num conjunto de regras sobre 
como algo deve ser feito. Assim, por exemplo, a descrição de como um certo grupo pratica determinada 
religião consiste em um modelo descritivo desta prática religiosa, enquanto que o conjunto de prescrições 
sobre como deve ser praticada esta religião é um modelo normativo desta prática religiosa. 
 Tanto os argumentos que as pessoas oferecem, como a argumentação em que elas se engajam 
podem ser objetos de modelos descritivos e normativos. Um modelo descritivo de argumento ou de 
argumentação serve, como todo modelo descritivo, para realizar previsões sobre qual argumento esta ou 
aquela pessoa, do universo de pessoas considerado na descrição, tende a oferecer em dada situação, da 
mesma forma que um modelo descritivo de argumentação permite prever como alguém atuará numa 
interação social deste tipo. Já um modelo prescritivo ou normativo de argumento é composto de um conjunto 
de critérios com base nos quais os argumentos devem ser elaborados e com base nos quais os argumentos 
elaborados podem ser avaliados como certos ou errados. Por outro lado, por não serem, em boa parte, 
passíveis de controle racional as atividades ou processos internos de invenção de argumentos e 
identificação de falácias,ela, a invenção argumentativa, apenas poderia ser objeto de um modelo descritivo 
(a ser elaborado pela psicologia cognitiva), mas não de um modelo normativo. Enfim, a distinção entre 
modelos descritivo e normativo de argumento e argumentação é fundamental para bem compreender os 
problemas relacionados à demarcação e à definição mesma de disciplinas como a lógica, a retórica, a 
epistemologia, a psicologia (cognitiva) e outras recentes como a lógica informal, a teoria da argumentação 
e o movimento tipicamente americano denominado “critical thinking”. 
 Estabelecida a terminologia aqui adotada, impõe-se apontar a terceira faceta da noção 
de argumento, com a qual se pode ter dela uma melhor compreensão, para além da referência à 
ambiguidade processo/resultado. Seja observado que todo argumento é, numa análise esquemática, um 
conjunto de locuções, ou seja, “coisas ditas”. Mesmo quando se tenta justificar uma ação, não é esta ação, 
em si mesma, o que aparece como “elemento componente” do argumento, mas uma descrição linguística 
sua. Contudo, não se pode esquecer que, nesse caso, ainda é a ação que se tenta justificar e não sua 
descrição linguística (salvo quando for a ação de descrever linguisticamente uma ação não linguística, 
aquilo que se pretende justificar). Dessa forma, em todos os elementos integrantes de um argumento, 
enquanto conjunto de atos linguísticos (locuções) em que um é justificado pelos demais, é possível 
identificar três dimensões ou três níveis distintos e complementares de descrição de tais elementos, a saber: 
1. O ato de dizer algo (ato de fala) 
2. O que se expressa com esse ato linguístico (crenças, desejos, preferências, ações e escolhas) 
3. O que se usa para expressar aquilo que se expressa com o que se diz (locuções ou enunciados[2]) 
 Finalmente, cumpre assinalar que os elementos de um argumento são, tradicionalmente, 
diferenciados em premissas e conclusão, sendo a ‘conclusão’ o nome reservado à afirmação ou locução 
que aparece defendida pelas demais, às quais se reserva o nome ‘premissas’. Ademais, as premissas de 
 
https://direitofilosofiaemais.wordpress.com/2016/05/03/argumento-e-argumentacao-algumas-nocoes-preliminares/#_ftn2
 
 
 
um argumento costumam ser diferenciadas em premissa maior e premissa menor. Sobre essa distinção, 
especialmente sobre sua inadequação, se terá algo a dizer, oportunamente. 
2. Argumentar: entre o justificar e o persuadir 
 A noção de argumento sempre foi sujeita a uma incerteza peculiar, a qual se acentuou bastante 
nas últimas décadas, com o surgimento de disciplinas como a lógica informal, a teoria da argumentação e 
o “critical thinking”, todas elas com uma proposta de oferecer um tratamento de argumentos, tais quais 
verificados na experiência cotidiana, em todo e qualquer setor, em franca contraposição à abstração e ao 
artificialismo da lógica formal. Essa incerteza diz respeito a saber se a “intenção persuasória” seria ou não 
essencial ao conceito de argumentação. Dito de outro modo, se um argumento deve ser ou não como um 
conjunto de afirmações marcado pelo propósito de convencer alguém a acreditar ou a fazer alguma coisa. 
 Quanto a esse ponto, cumpre observar, inicialmente, que toda ação humana marcada por 
intenções comunicativas, toda tentativa de um sujeito se comunicar com outro, já está conceitualmente 
caracterizada pela presença constante de uma “intenção persuasória”. Como demonstrou Grice[3], um dos 
aspetos característicos de uma ação comunicativa vem a ser, precisamente, aquele correspondente à 
intenção do falante de que o ouvinte (ou auditório) forme uma crença sobre o estado mental do falante, que 
ele quer que seja reconhecido pelo ouvinte. 
 No caso da persuasão propriamente dita, há intenção de um sujeito de induzir alguém (não 
necessariamente um ouvinte seu), o paciente de sua ação persuasiva, a acreditar ou a fazer algo é mais 
ampla. Em primeiro lugar, não se trata apenas (e nem necessariamente) de induzir que o paciente forme 
uma crença sobre o estado mental do agente, mas sim uma crença própria ou uma ação do próprio paciente 
sobre qualquer estado de coisas (insista-se, não necessariamente e não apenas sobre o estado de coisas 
consistente em um específico estado mental do agente). Ademais, enquanto na intenção comunicativa o 
falante quer que o ouvinte forme uma crença sobre um estado mental do falante por reconhecer o ouvinte 
essa intenção do falante, no caso da persuasão propriamente dita o agente não tem essa restrição: pouco 
importa a ele como o paciente forme a crença ou pratique a ação pretendida pelo agente. Assim, o agente, 
para induzir o paciente a crer ou a fazer o que ele, agente, deseja que o paciente creia ou faça, tanto pode 
apresentar razões ou justificativas desse 
 Um exemplo pode esclarecer esse aspecto. João quer que Pedro, numa eleição na iminência de 
se realizar, vote a favor da candidata Maria, favorita de João, a qual concorre com Paulo, preferido de 
Pedro. Numa conversa casual com Pedro, que é homófobo, João diz, em tom de (dissimulada) reserva: 
“Amigo Pedro, estou estarrecido. Acabo de saber que Paulo é gay!” João sequer mencionou a Pedro que 
quer que ele vote em Maria e menos ainda apresentou uma justificativa qualquer para isso. Simplesmente 
“calculou” que Pedro, de posse da informação sobre a sexualidade de Paulo, não votaria nele e, por isso, 
votaria em Maria. A ação de João foi claramente persuasiva, mas nem por isso ela pode ser tida como um 
“argumento”, nem mesmo um argumento persuasório. 
 Dessa forma, os dois propósitos – o propósito persuasório e o propósito justificatório – devem ser 
mantidos como autônomos, embora possam estar conjuntamente presentes numa única ação concreta. E 
apesar da arbitrariedade típica das terminologias, convém preservar a tradição que reserva a expressão 
‘argumento’ para designar a oferta de razões para algo, com ou sem propósito persuasório. Assim, a 
bondade de um argumento não incluiria a sua concreta eficácia persuasória entre os seus critérios ou 
parâmetros. 
 Aliás, vale advertir que no diálogo acima entre João e Pedro, os argumentos por eles trocados 
podem facilmente ser concebidos como desprovidos de qualquer intenção persuasória. Afinal, levando-se 
na devida conta que o carro já foi comprado por João, resta muito pouco espaço para a persuasão. Tudo 
indica, especialmente no caso de João, que o propósito na sua oferta de um argumento é, simplesmente, 
justificar a sua escolha, pouco importando se Pedro vai ou não concordar com ela. Na mesma linha, é o 
caso de também indicar o exemplo dos argumentos utilizados pelo juiz em sua decisão judicial: o juiz tem 
o dever de apresentar razões para sua decisão, mas não teria o dever de persuadir as partes de nada. Do 
contrário, chegar-se-ia à absurda conclusão de que uma sentença condenatória que não persuadisse o réu 
a cumprir a prestação que lhe foi imposta, seria uma sentença nula! 
 
https://direitofilosofiaemais.wordpress.com/2016/05/03/argumento-e-argumentacao-algumas-nocoes-preliminares/#_ftn3
 
 
 
3. Argumentos dedutivos e não dedutivos 
 Os argumentos são, tradicionalmente, divididos em dedutivos (ou monotônicos) e indutivos 
(atualmente chamados, mais amplamente, de não dedutivos, ou não monotônicos, ou ainda derrotáveis)[4]. 
Um argumento dedutivo é aquele em que as premissas e a conclusão que o constituem estão de tal forma 
relacionadas que, sendo as premissas verdadeiras, é logicamente necessário ou cogente que a conclusão 
seja também verdadeira. Dito de outra forma, um argumento dedutivo é aquele em que se afirmadas 
conjuntamente as premissas e a negativa da conclusão (como se todas elas formassem uma única 
afirmação), ter-se-ia uma contradição lógica. Rigorosamente, melhor seria dizer que um argumento 
dedutivo é aquele que pretende ser assim, posto que há argumentos dedutivos válidos e inválidos. Daíse 
poder dizer que os argumentos dedutivos são aqueles cuja bondade é avaliada em termos de validade ou 
invalidade: se as premissas, sendo aceitas como verdadeiras, tornam cogentes a aceitação da conclusão 
como verdadeira, o argumento é (dedutivamente) válido. A lógica formal se dedica, exclusivamente, ao 
estudo da validade dedutiva. 
 
 
 
 
 
https://direitofilosofiaemais.wordpress.com/2016/05/03/argumento-e-argumentacao-algumas-nocoes-preliminares/#_ftn4

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