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1ª Pagina (CAPA) Revisando INFECÇÃO DO TRATO URINÁRIO Conteúdo produzido por: Nathália Mota 2ª Pagina 1. O QUE É? - ITU: Resposta inflamatória do urotélio a uma invasão bacteriana, que habitualmente está associada a bacteriúria e piúria. - Bacteriúria: Presença de bactérias na urina (em condições normais, é estéril). Significativa: ≥ 105 UFC/mL. Assintomática: Comum em idosos, mulheres e portadores de DM. Tratar apenas gestantes e pacientes que serão submetidos a procedimentos urológicos. - Piúria: ≥ 10 leucócitos/campo ou ≥ 5 leucócitos/mL de urina. 3ª Pagina 2. CLASSIFICAÇÃO - Localização: ITU Alta: Infecção do trato urinário superior -> Pielonefrite (rim) ITU Baixa: Infecção do trato urinário inferior -> Cistite (bexiga) - Frequência: Isolada: Infecção remota da ITU prévia Recorrente: 2 episódios de ITU em 6 meses OU 3 episódios em 12 meses Relapso/Recidiva: Bacteriúria causada pelo MESMO PATÓGENO previamente tratado Reinfecção: Bacteriúria causada por AGENTE DIFERENTE do anteriormente isolado - Estado Funcional das Vias Urinárias: Não complicada: Trato urinário normal. Ocorre principalmente em mulheres. Complicada: Presença de fatores complicadores (facilitam o estabelecimento e persistência da infecção). Ocorre principalmente em homens. Todos os homens com ITU devem ser tratados como tendo infecção complicada até que se prove o contrário. 4ª Pagina 3. ITU COMPLICADA Fatores do hospedeiro associados com ITU complicada: - Obstrução: Estenose uretral ou ureteral; Urolitíase; HPB; Tumor; Compressão extrínseca; Obstrução da junção pielocalicial; Divertículos vesicais. - Funcional: Bexiga neurogênica; Refluxo vesicoureteral; Gravidez; Defeitos anatômicos; Fluxo urinário uretral turbulento; Cistocele; Insuficiência renal crônica. - Intervenções Urológicas: Cateterismo uretral e suprapúbico; Cirurgia endourológica; Stents uretéricos; Tubos de nefrostomia; Cistoscopia; Neobexigas. - Doenças Metabólicas ou Congênitas: Válvulas uretrais; Rins policísticos; Nefrocalcinose; Rim esponjoso medular. - Anormalidades Imunológicas: Transplante renal; Doenças imunossupressoras, como Diabetes Mellitus (DM). 5ª Pagina 4. PATOGÊNESE - Vias de Infecção: Ascendente (principal): Microrganismos do trato gastrintestinal ou genital chegam à uretra e ascendem até a bexiga, onde podem continuar a ascensão pelo ureter até o rim. Hematogênica: S. Aureus e M. tuberculosis são patógenos comuns que viajam pelo sangue para infectar o trato urinário. Linfática: Poucas evidências de sua importância nos casos de ITU. - Patógenos Urinários: · Escherichia coli: Causa + comum (85% das ITU comunitárias e 50% das hospitalares). · Staphylococcus saprophyticus: 10% das cistites em mulheres jovens sexualmente ativas. · Proteus e Klebsiella: Associados a presença de nefrolitíase. 6ª Pagina 5. LOCALIZAÇÃO - ITU Baixa: · Cistite: Infecção da bexiga, causada na maior parte das vezes por enterobactérias. · Uretrite: Infecção da uretra, frequentemente causada por germes sexualmente transmissíveis. · Prostatite e Epididimite: Infecção da próstata e do epidídimo, respectivamente. Agentes infecciosos provêm do refluxo de urina pelos ductos prostáticos e ejaculatórios. - ITU Alta: · Pielonefrite aguda: Infecção do parênquima renal. 7ª Pagina 6. APRESENTAÇÃO CLÍNICA ITU BAIXA ITU ALTA Disúria Febre alta > 38ºC Urgência miccional Calafrios Polaciúria Sinal de Giordano Positivo Nictúria Lombalgia que pode irradiar p/abdome e flancos Dor suprabúbica Sintomas sistêmicos: prostração e mal-estar Urina turva Sintomas obstrutivos 8ª Pagina 7. DIAGNÓSTICO - História Clínica + Exame Físico. - Análise de Urina: Por tiras reagentes, incluindo eritrócitos, hemácias e reação ao nitrito. - Urocultura: Exceto em episódios isolados de cistite não complicada em mulheres saudáveis na pré-menopausa, a cultura de urina é recomendada em todos os outros tipos de ITU antes do tratamento, para permitir que a terapia antimicrobiana seja ajustada, se necessário. - Exames de Imagem: Nas infecções complicadas e que não respondem a terapia medicamentosa é necessário realizar USG e/ou TC dos rins. 9ª Pagina 8. TRATAMENTO - Cistite e uretrite em mulher não gestante: ATB oral deve ser prontamente iniciado, não havendo necessidade de urinocultura. · Fosfomicina/trometamol 3 g em dose única · Nitrofurantoína 100 mg, 6/6 horas, por 5 dias. - Cistite e uretrite na gestante, ITU de repetição ou pacientes sob risco para pielonefrite oligossintomática: Sempre solicitar urinocultura + antibiograma (TSA) e Gram de urina. O ATB pode ser prescrito logo na 1ª consulta, enquanto aguarda resultado dos exames. · Fosfomicina em dose única · Nitrofurantoína por 5 dias · Amoxicilina por 7 dias · Cefalexina por 7 dias. - Cistite no homem: Obrigatório urinocultura + TSA, Gram de urina e exame clínico da próstata. · Próstata indolor: Tratamento por 7 dias, sendo inicialmente guiado pelo Gram de urina. · Próstata dolorosa: Diagnóstico + provável é prostatite. Tratamento deve ser estendido por 1 mês. 10ª Pagina 8. TRATAMENTO - Prostatite aguda: · Sem toxemia: Tratamento em casa com fluoroquinolona por 30 dias. · Suspeita de sepse: Hospitalização e ATB amplo espectro IV (ex.: ampicilina + gentamicina). - Prostatite crônica: Tratamento via oral (VO) orientado pelos resultados das culturas, por pelo menos 6 semanas. Tratamento adjuvante na prostatite: AINEs e alfabloqueadores (se esvaziamento vesical ruim). - Pielonefrite: Esquema inicial deve ser empírico, enquanto aguarda resultado da urinocultura. · Ciprofloxacino 500-700 mg, 12/12h, por 7 dias · Levofloxacino 750 mg/dia, por 5 dias. Critérios de internação: a) Hipotensão Arterial; b) Vômitos Intensos; c) Febre + Tremores (denotam episódios de bacteremia). Sem critérios de gravidade -> Tratar desde o início por VO. LEGENDA DA PUBLICAÇÃO: Compreende a colonização bacteriana da urina e a infecção de várias estruturas que formam o aparelho urinário, desde a uretra até o parênquima renal. É uma das doenças bacterianas mais comuns e uma das maiores causas de prescrição de antimicrobianos. Seu espectro de apresentação pode ser desde uma simples infecção até uma sepse urinária (urossepse). É mais comum no sexo masculino durante o 1º ano de vida, devido ao maior número de malformações congênitas. A partir deste período, durante toda a infância e principalmente na fase pré-escolar, as meninas são acometidas por ITU cerca de 10-20x mais. Na vida adulta, a incidência de ITU se eleva e o predomínio no sexo feminino se mantém, com picos no início da atividade sexual, durante a gestação ou na menopausa. Na mulher, a suscetibilidade à ITU se deve à uretra mais curta e à maior proximidade do ânus com o vestíbulo vaginal e a uretra. No homem, o maior comprimento uretral, maior fluxo urinário e o fator antibacteriano prostático são considerados fatores protetores. Completar tratamento A infecção complicada está associada a fatores que aumentam a probabilidade de adquirir bactérias e à diminuição da eficácia da terapia (presença de fatores que aumentam os riscos associados à pielonefrite e à sepse). A estrutura e a função das vias urinárias estão anormais, o hospedeiro está comprometido e/ou as bactérias apresentam virulência aumentada ou resistência aos agentes antimicrobianos. A ITU não complicada é limitada a mulheres não grávidas, pacientes sem anormalidades anatômicas e funcionais ou comorbidades. Para pacientes idosos, imunossuprimidos e com algumas comorbidades (ex.: diabetes), é importante ressaltar que os sintomas podem ser precedidos ou camuflados por sonolência, alterações da consciência, inapetência, e queda do estado geral. Recomendações gerais: (1) Ingerir bastante líquido; (2) Não demore para urinar, caso tenha vontade; (3) Urine e faça higiene prontamente após a relação sexual; (4) Lave as mãos antes e após urinar e/ou evacuar. REFERÊNCIAS: · DALL’OGLIO, Marcos. Manual de residência em urologia. Editora Manole, 2021. · WEIN, A. J. Campbell-Walsh Urologia.Grupo GEN, 2018. · JAMESON, J. L.; FAUCI, Anthony S.; KASPER, Dennis L.; et al. Manual de medicina de Harrison. Grupo A, 2021. · SROUGI, M.; CURY, J. Urologia básica: curso de graduação médica. Editora Manole, 2014. · EAU Guidelines on Urological Infections. 2022. · COSTA L.; PRÍNCIPE, P. Infecção do tracto urinário. Rev Port Clin Geral, 2005. · Clinical Practice Guideline for the Management of Asymptomatic Bacteriuria: 2019 Update by the Infectious Diseases Society of America, Clinical Infectious Diseases. · GOLDMAN, Lee; SCHAFER, Andrew I. Goldman-Cecil Medicina. Grupo GEN, 2022.