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ATIVIDADE ECONÔMICA E CIÊNCIA ECONÔMICA GESTÃO PÚBLICA Unidade de aprendizagem N° 02 Prof. Ramon Oliveira E-BOOK ESTE MATERIAL É PROTEGIDO POR DIREITOS AUTORAIS, SENDO PROIBIDA A REPRODUÇÃO, A DISTRIBUIÇÃO, E A COMERCIALIZAÇÃO, SOB PENA DE RESPONSABILIDADE CIVIL E PENAL. 02 ��������������� �������� ���� �� �������� UA2 - ATIVIDADE ECONÔMICA E CIÊNCIA ECONÔMICA. 1. SETORES DA ATIVIDADE ECONÔMICA. A atividade econômica se materializa por meio da produção de um amplo conjunto de bens e serviços, com o objetivo de satisfazer as necessidades das pessoas. Para classificar essas ativida- des econômicas, Silva e Luiz (2001) e Souza (2007) as dividem em três grandes setores da econo- mia, de acordo com as características fundamentais de sua produção: • Setor primário: Compreende as unidades produtoras que fazem intensivo uso de recursos naturais. Esse setor engloba atividades agrícolas, pesqueiras, pecuárias, extração vegetal, reflorestamento e mineração. Em outras palavras, são as atividades que envolvem a exploração direta dos recursos da natureza, como agricultura, pesca e mineração. • O setor secundário é formado pelas unidades produtoras voltadas para as atividades industriais, nas quais os bens são transformados. Esse setor abrange a produção de uma ampla variedade de produtos, como veículos automotores, materiais de construção, produtos químicos e farmacêuticos, plásticos, eletrodomésticos, tratores, produtos alimentícios e ou- tros. Em suma, engloba todas as atividades que envolvem a manufatura e a transformação de matérias-primas em produtos acabados ou semiacabados para atender às demandas do mercado. • O setor terciário é constituído pelas unidades produtoras dedicadas à prestação de serviços. Nesse setor estão inclusas atividades como serviços bancários, empresas de trans- porte, hospitais, comércio, turismo, meios de comunicação e outras áreas afins. Em essên- cia, abrange todas as atividades econômicas que fornecem serviços diretos para atender às necessidades e demandas da sociedade. Essas atividades não envolvem a produção de bens tangíveis, mas sim a oferta de serviços intangíveis que são essenciais para o funciona- mento e a comodidade da vida moderna. O funcionamento do sistema econômico ocorre da seguinte forma: 1. Unidades produtoras (empresas) utilizam recursos produtivos para produzir bens e serviços. Essas unidades remuneram esses recursos por meio de salários (pagos aos trabalhadores), aluguéis (pagos pelas instalações), juros (pagos pelos financiamentos) e lucros (pagos aos proprietários). 2. A remuneração obtida pelas pessoas, proveniente do trabalho nas empresas, proporciona a possibilidade de adquirir os bens e serviços produzidos pelas unidades pro- 03 ��������������� �������� ���� �� �������� dutoras. Em outras palavras, as pessoas utilizam seus salários para comprar bens como alimentos, roupas, entre outros produtos necessários. Essa interação entre o público (as pessoas) e as unidades produtoras (empresas) resul- ta em dois fluxos distintos em um sistema econômico: a) Fluxo de bens e serviços: Os bens e serviços produzidos pelas empresas são ad- quiridos e consumidos pelas pessoas, atendendo às suas necessidades e desejos. b) Fluxo monetário: Nesse fluxo, as pessoas recebem a remuneração pelos seus re- cursos produtivos, como trabalho e capital, através de salários, aluguéis, juros e lucros. Essa renda monetária, por sua vez, é utilizada para comprar os bens e serviços disponibilizados pelas empresas. Essa interação entre os fluxos de bens e serviços e o fluxo monetário é essencial para o funcionamento da economia, possibilitando a troca de produtos e serviços por meio da re- muneração monetária (LUIZ; SILVA, 2001). O fluxo de bens e serviços, conhecido como fluxo real ou fluxo do produto, representa a totalidade dos bens e serviços finais produzidos pelas unidades produtoras. Essa corrente engloba toda a oferta da economia, ou seja, abrange todos os bens e serviços produzidos. Por outro lado, o fluxo monetário ou nominal inclui a totalidade da remuneração dos recursos produtivos empregados pelas unidades produtoras. Isso abrange as rendas e des- pesas das famílias e os custos e receitas das empresas. Esse fluxo constitui a demanda ou procura da economia (SOUZA, 2007). A interação entre a oferta e a demanda de produtos é fundamental para determinar os preços de mercado de cada bem ou serviço. Essas duas funções, oferta e demanda, são cruciais em um sistema econômico, e juntas formam o mercado. Em outras palavras, o mer- cado é composto pelos fluxos real e monetário, representando, respectivamente, a oferta e a demanda da economia. A forma como a oferta e a demanda se encontram e se equilibram nos diferentes mercados é essencial para a definição dos preços e para o funcionamento geral da economia. Na figura abaixo prezado aluno conseguimos visualizar essa relação de interação entre o fluxo de bens e serviços e o fluxo monetário. texto comum comum bold itálico 04 ��������������� �������� ���� �� �������� Fluxo Circular da Renda Fonte: Adaptado a partir de Souza (2007). 2. DIVISÃO DA CIÊNCIA ECONÔMICA: MICROECONOMIA E MACROECONOMIA A ciência econômica divide-se em dois grandes campos teóricos: a macroeconomia e a microeconomia. A teoria microeconômica, também conhecida como microeconomia, concentra-se em examinar o comportamento econômico das unidades individuais representadas pelos consumidores, empre- sas e proprietários de recursos produtivos. Essa área de estudo analisa a interação entre empresas e consumidores, bem como a forma como a produção e os preços são determinados em mercados específicos. Em essência, a microeconomia estuda os comportamentos e decisões individuais dos agentes econômicos e como essas interações moldam a alocação de recursos e a formação de pre- ços em mercados particulares. A teoria macroeconômica, também conhecida como macroeconomia, estuda o comportamento da economia como um todo. Nessa área de estudo, são analisados os grandes agregados nacionais, tais como a produção total de bens e serviços (PIB), as taxas de inflação e desemprego, o montan- te de poupança captada em um país, as receitas e despesas totais de uma economia específica, os investimentos governamentais, o balanço de pagamentos e as contas nacionais, entre outros aspec- tos relevantes (PASSOS; NOGAMI, 2012; ROSSETTI, 2003). 05 ��������������� �������� ���� �� �������� Em resumo, a macroeconomia busca entender e explicar o funcionamento e o desempenho global de uma economia, focando nas questões que afetam a economia como um todo e as políti- cas que podem ser implementadas para influenciar esses indicadores agregados. Ela se concentra em analisar as variáveis e fenômenos que impactam a economia nacional ou até mesmo a econo- mia global, proporcionando uma visão ampla dos padrões econômicos e dos desafios enfrentados em nível mais amplo. 2.1 Microeconomia A microeconomia realiza uma análise detalhada do comportamento tanto dos consumidores quanto das empresas. Ela investiga minuciosamente as atividades econômicas dos agentes en- volvidos no mercado, que buscam satisfazer suas necessidades, seja no caso das famílias como consumidores, ou no caso das empresas, como produtores. Em uma economia de mercado, todas essas atividades econômicas ocorrem na dinâmica das trocas comerciais, mediadas pela precifica- ção dos bens e serviços que são procurados pelos agentes econômicos. O "mercado" desempenha o papel de mediador na troca de interesses entre os agentes econô- micos. Os consumidores procuram bens e serviços que têm preços determinados no mercado para satisfazer suas necessidades e desejos. Por outro lado, as empresas, como centros produtivos, buscam recursos produtivos também precificados no mercado para atender às suas necessidades de produção e, assim, satisfazer as necessidades e "desejos" dos consumidores. Isso significa que os interesses econômicos tanto de consumirquanto de produzir se encontram no mercado por meio de uma estrutura de preços bem definida e em constante movimento. Em suma, a microeconomia estuda como as escolhas e as interações dos consumidores e empresas no mercado são influenciadas pelos preços dos bens e serviços, bem como pelos preços dos recursos produtivos. É essa estrutura de preços que regula e coordena a atividade econômica em uma economia de mercado, permitindo que a oferta e a demanda se equilibrem e que as neces- sidades dos diferentes agentes sejam atendidas de forma eficiente. Conforme Vasconcellos (2011) apresenta, a microeconomia concentra seu foco no mercado, e os fatores econômicos e comportamentais tanto dos consumidores quanto das empresas desem- penham um papel fundamental no suporte à administração e comercialização de bens e serviços das atividades produtivas. A compreensão do comportamento dos consumidores e das empresas possibilita a análise de: • Como os diferentes níveis de preços praticados no mercado influenciam o volume de consumo de um determinado produto ou serviço pelas famílias. • Como os diferentes níveis de preços praticados no mercado afetam a oferta de um 06 ��������������� �������� ���� �� �������� determinado produto ou serviço por parte das empresas, podendo estimular um aumento ou redução na quantidade ofertada. • Quais são os motivadores que levam as famílias a consumirem determinados produ- tos ou serviços, isto é, os fatores que buscam satisfazer suas necessidades e/ou "desejos". • Quais são os motivadores que levam as empresas (entidades produtivas) a oferece- rem no mercado determinados produtos ou serviços aos consumidores. É importante obser- var que o motivador em comum para todas as empresas é a busca pela geração de lucro. Em resumo, a microeconomia é uma ferramenta analítica poderosa para entender o comporta- mento dos agentes econômicos no mercado e como suas decisões afetam a oferta e a demanda de bens e serviços, assim como a precificação dos produtos e os incentivos para a produção e o con- sumo. O objetivo principal é compreender como as escolhas individuais contribuem para a alocação eficiente de recursos e a determinação dos preços de mercado. 2.2 Macroeconomia Em termos iniciais, é essencial compreender que a macroeconomia é uma parte fundamental da teoria econômica que tem como objetivo estudar o comportamento do sistema macroeconômico como um todo. Seu escopo abrange as relações entre os grandes agregados econômicos, como o Produto Interno Bruto (PIB), a renda nacional, o nível de emprego, a taxa de inflação, o desem- prego, o consumo agregado, a poupança total, os investimentos totais, a balança de pagamentos e outros indicadores relevantes. Em outras palavras, a macroeconomia é uma análise abrangente da economia em seu conjunto. Ao contrário da microeconomia, que se concentra nas interações entre indivíduos, empresas e mercados específicos, a macroeconomia amplia seu escopo para analisar como a economia como um todo funciona, identificando os principais determinantes do crescimento econômico, do desemprego, da inflação e outros fenômenos econômicos que afetam o país ou a região em ques- tão. Ela busca compreender os padrões gerais e os movimentos amplos da economia, fornecendo uma visão mais abrangente do sistema econômico e auxiliando na formulação de políticas econô- micas e na tomada de decisões em nível nacional ou mesmo global. Ao estudar os agregados econômicos, a macroeconomia coloca em segundo plano o compor- tamento das unidades individuais e dos mercados específicos, que são analisados pela microeco- nomia. Esse subcampo da economia fornece princípios que permitem a mensuração da atividade econômica geral e de um determinado sistema econômico, trabalhando com relações estatísticas e diversas variáveis agregadas. Além de ser uma ferramenta de análise, a macroeconomia também 07 ��������������� �������� ���� �� �������� auxilia na previsão do comportamento das economias. É importante ressaltar que, apesar das diferenças entre a macroeconomia e a microecono- mia, não existe um conflito entre elas, pois ambas são consideradas as duas grandes áreas da Teoria Econômica. A microeconomia se dedica ao estudo das escolhas e comportamentos individu- ais de consumidores e empresas, analisando a formação de preços e a alocação de recursos em mercados específicos. Por outro lado, a macroeconomia se concentra nas questões mais amplas da economia, examinando os principais indicadores agregados e as tendências econômicas de uma nação ou região. Ambas as áreas são complementares e essenciais para uma compreensão abrangente do funcionamento econômico. A partir dos anos 1930, em meio à Grande Depressão que teve início em 1929, a macroeco- nomia ganhou uma maior relevância no cenário econômico. Nesse período, especialmente com a publicação da obra "Teoria geral do emprego, do juro e da moeda" em 1936, de John Maynard Ke- ynes, a macroeconomia obteve destaque significativo. Antes disso, outros economistas como Adam Smith, Malthus, Karl Marx e F. List também contribuíram com discussões sobre o desempenho da economia como um todo. Entretanto, Keynes é amplamente reconhecido como o fundador da teoria macroeconômica devido às suas importantes tentativas de explicar a crise econômica global que assolou o mundo durante a Grande Depressão e, ao mesmo tempo, propor medidas para superá-la. Suas ideias se tornaram fundamentais para a compreensão dos fatores que afetam a economia em seu conjunto e para o desenvolvimento de políticas econômicas que buscam estabilizar a economia, reduzir o de- semprego e estimular o crescimento em momentos de crise. A contribuição de Keynes marcou um divisor de águas na teoria econômica e na compreensão do funcionamento da economia em larga escala. A crise econômica que se seguiu nos anos 1930 causou uma série de problemas socioeconô- micos, incluindo altos índices de desemprego. Até esse período, a preocupação dos economistas em estudar os problemas "macro" da economia não era tão proeminente, especialmente a questão do nível de emprego. Isso se devia ao fato de que a corrente hegemônica de economistas basea- va-se nos pressupostos clássicos, fundamentados na Lei de Say. Essa corrente sustentava que a oferta guiava a demanda e que o mercado se autorregulava, encontrando, assim, o equilíbrio de forma natural. Nas visões clássicas, acreditava-se que tanto a crise econômica como os problemas de- correntes dela, incluindo o desemprego e a superprodução, seriam temporários. Segundo essa perspectiva, a economia encontraria, naturalmente, seu equilíbrio por meio das forças do próprio 08 ��������������� �������� ���� �� �������� mercado. No entanto, esses pressupostos subestimaram os efeitos devastadores da crise de 1929, e, portanto, não apresentavam soluções adequadas para atenuar os problemas da depressão eco- nômica. A crise de 1929 e suas consequências desafiaram as premissas clássicas e estimularam a busca por uma nova abordagem para entender e lidar com as flutuações econômicas e o de- semprego persistente. Foi nesse contexto que John Maynard Keynes, com sua "Teoria geral do emprego, do juro e da moeda", desempenhou um papel crucial ao propor novas ideias e políticas econômicas para combater a recessão e impulsionar a economia, estabelecendo as bases da ma- croeconomia moderna. A crise que se seguiu nos anos 1930 evidenciou as limitações da teoria econômica clássica, que pressupunha um equilíbrio automático da economia. Nesse contexto, John Maynard Keynes, a partir de seus estudos sobre o emprego e os ciclos econômicos, apresentou uma abordagem ino- vadora e superou esses conceitos ao sugerir formas de atenuar a crise econômica. Diferente do que preconizavam os economistas clássicos, Keynes destacou que a demanda era a força motriz responsável por guiar a oferta na economia. Ele enfatizou que as necessidades e decisões dos indivíduos influenciavam diretamente a oferta de bense serviços. Em contraposição à ideia anterior de oferta conduzindo a demanda, Keynes demonstrou que o nível de emprego em uma economia estava diretamente relacionado à sua demanda efetiva. Essa demanda efetiva con- siste na parcela da renda destinada aos gastos com consumo e investimento. Dessa forma, Keynes propôs que o governo poderia intervir na economia para estimular a demanda efetiva e, assim, combater o desemprego e impulsionar o crescimento econômico. Suas ideias se tornaram fundamentais para a formulação de políticas econômicas de estímulo à deman- da em momentos de crise, dando origem à política fiscal e às intervenções governamentais no ce- nário econômico. Por meio da sua "Teoria geral do emprego, do juro e da moeda", Keynes trouxe uma nova perspectiva para a macroeconomia, influenciando significativamente a forma como os governos passaram a entender e intervir na economia em busca de uma maior estabilidade e crescimento sustentável. 09 ��������������� �������� ���� �� �������� 1) A combinação da política monetária com a política fiscal não influencia a composição do produto interno bruto (PIB). C) Certo E) Errado Resposta: E 2) No que se refere aos conceitos fundamentais da economia, é INCORRETO afirmar: A) A distribuição do produto nacional é parte central do problema econômico. B) A economia estuda a forma pela qual uma sociedade organiza a sua produção. C) Os governos são dispensáveis como mecanismo de maximização do bem-estar social. D) Todas as decisões individuais, em geral, enfrentam custos de oportunidade. E) A fronteira de possibilidades de produção ilustra as restrições econômicas de uma socieda- de. Resposta: C 3) A globalização vem transformando a economia mundial contemporânea. Logo, sob a abor- dagem econômica, destacam-se cinco enfoques conceituais. Assinale a alternativa que sinaliza os cinco enfoques de forma correta. A) Financeiro; Comercial; Transnacional; Institucional e Governabilidade B) Financeiro; Social; Produtivo; Institucional e Governabilidade C) Financeiro; Comercial; Produtivo; Institucional e Governabilidade D) Financeiro; Comercial; Multinacional; Institucional e Governabilidade E) Financeiro; Educacional; Produtivo; Institucional e Governabilidade Na prática 10 ��������������� �������� ���� �� �������� Resposta: C 4) As crises econômicas estão intrinsecamente relacionadas com o desenvolvimento do capi- talismo e revelam as contradições do modo de produção capitalista. C) Certo E) Errado Resposta: C