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DIDÁTICA
PROF.a NATHÁLIA DELGADO
B. DA SILVA
FACULDADE CATÓLICA PAULISTA
Prof.a Nathália Delgado B. da Silva
DIDÁTICA
Marília/SP
2022
“A Faculdade Católica Paulista tem por missão exercer uma 
ação integrada de suas atividades educacionais, visando à 
geração, sistematização e disseminação do conhecimento, 
para formar profissionais empreendedores que promovam 
a transformação e o desenvolvimento social, econômico e 
cultural da comunidade em que está inserida.
Missão da Faculdade Católica Paulista
 Av. Cristo Rei, 305 - Banzato, CEP 17515-200 Marília - São Paulo.
 www.uca.edu.br
Nenhuma parte desta publicação poderá ser reproduzida por qualquer meio ou forma 
sem autorização. Todos os gráficos, tabelas e elementos são creditados à autoria, 
salvo quando indicada a referência, sendo de inteira responsabilidade da autoria a 
emissão de conceitos.
Diretor Geral | Valdir Carrenho Junior
DIDÁTICA
PROF.a NATHÁLIA DELGADO B. DA SILVA
FACULDADE CATÓLICA PAULISTA | 5
SUMÁRIO
CAPÍTULO 01
CAPÍTULO 02
CAPÍTULO 03
CAPÍTULO 04
CAPÍTULO 05
CAPÍTULO 06
CAPÍTULO 07
CAPÍTULO 08
CAPÍTULO 09
CAPÍTULO 10
CAPÍTULO 11
CAPÍTULO 12
CAPÍTULO 13
08
21
31
38
47
55
63
75
82
92
100
110
119
A DIDÁTICA E SUAS ORIGENS: CONTEXTO 
GERAL
A DIDÁTICA E SUAS ORIGENS: CONTEXTO 
BRASILEIRO
DIDÁTICA: CONCEITOS E CONCEPÇÕES 
ATUAIS 
A DIDÁTICA E O PAPEL DO PROFESSOR
TENDÊNCIAS PEDAGÓGICAS NO BRASIL E 
SEUS REFLEXOS NA DIDÁTICA: PARTE I
TENDÊNCIAS PEDAGÓGICAS NO BRASIL E 
SEUS REFLEXOS NA DIDÁTICA: PARTE II
A DIDÁTICA E SEUS PRESSUPOSTOS NA 
EDUCAÇÃO INFANTIL
EXPERIÊNCIAS PRÁTICAS DE DIDÁTICA E 
EDUCAÇÃO INFANTIL
A DIDÁTICA E SEUS PRESSUPOSTOS NO 
ENSINO FUNDAMENTAL
SALA DE AULA E DIDÁTICA
PRÁTICAS DIDÁTICAS
PRÁTICAS DIDÁTICAS
ESTRATÉGIAS DIDÁTICAS PARA O ENSINO 
REMOTO
DIDÁTICA
PROF.a NATHÁLIA DELGADO B. DA SILVA
FACULDADE CATÓLICA PAULISTA | 6
SUMÁRIO
CAPÍTULO 14
CAPÍTULO 15
129
138
PORQUE A DIDÁTICA ESTÁ AQUI?
FINALIZANDO
DIDÁTICA
PROF.a NATHÁLIA DELGADO B. DA SILVA
FACULDADE CATÓLICA PAULISTA | 7
INTRODUÇÃO
Olá querido aluno! Eu sou a professora Nathália e irei te acompanhar na presente 
disciplina! Te garanto desde já que ela é muito importante para a sua formação 
profissional e também pessoal!
Nós vamos refletir bastante, ok? Problematizar, criticar, apontar, pois o meu intuito 
é que você tenha contato com os conteúdos formais, porém, que saiba articulá-los 
com a sua prática, experiências pessoais e conhecimentos prévios!
Com toda a certeza você já ouviu a palavra didática por aí…ela está bem presente 
na nossa realidade como um todo, ultrapassando os limites da educação. Isso é 
interessante e o melhor ainda é que você verá, no decorrer da disciplina, que tem 
muito a aprender, pois esse campo de estudos está muito além de sua concepção 
no senso comum. A didática é ampla e complexa, não é só uma técnica!
Você irá estudar o seu surgimento histórico a nível macro, contextualizando no 
decorrer do mundo e também de nosso país. Posteriormente, refletirá o conceito de 
didática em sua concepção atual, que, aliás, será a base de toda a disciplina. Para 
além deste conhecimento básico, conhecerá as tendências pedagógicas, que também 
trazem elementos didáticos próprios e peculiares.
De modo específico, entenderemos os pressupostos didáticos para a educação infantil 
e ensino fundamental, refletindo estratégias, ferramentas, conteúdos, organização do 
trabalho do professor e alunos frente a estes contextos.
Articulando teoria e prática, conheceremos algumas práticas didáticas que são 
vivências diferenciadas em sala de aula com possibilidades para diferentes níveis de 
ensino. Já ouviu falar em sequência didática ou aula aberta? São alguns exemplos 
do que iremos estudar!
Para finalizar falaremos sobre o ensino remoto, uma realidade presente e necessária 
na nossa educação! A didática também está presente neste contexto, que aliás é 
muito rico!
Aproveitem a disciplina, tenho certeza que ela irá te surpreender, além de garantir 
bases importantíssimas para toda a sua formação profissional e acadêmica!
Prof.Dra. Nathália Delgado
DIDÁTICA
PROF.a NATHÁLIA DELGADO B. DA SILVA
FACULDADE CATÓLICA PAULISTA | 8
CAPÍTULO 1
A DIDÁTICA E SUAS ORIGENS: 
CONTEXTO GERAL
1.1 Introdução
Você sabia que é recente a escola como espaço formalizado para transmissão 
do saber? Damis (2014) aponta que a instituição deste espaço como direito do 
cidadão, dever do Estado e transmissor de um conhecimento sistematizado, ocorreu 
aproximadamente, a pouco mais de dois séculos. 
Precisamos entender essa parte da história, para posteriormente situar a didática 
nesse contexto. Afinal, já vou te adiantar que ela relaciona-se com educação, escola 
e processo ensino aprendizagem. Mas, com toda a certeza é bem mais ampla do 
que você acredita que ela seja ou que comumente é mencionada no senso comum. 
Nesta primeira aula nós vamos discutir e entender o processo de origem da didática, 
indo de seus primórdios até meados da década de 1990. Aproveitem o aprendizado!
Boa aula!!!
1.2 Breve histórico
Na Antiguidade e Idade Média a divisão de trabalho pautava-se em trabalho escravo, 
homens livres ou nobres e tratando-se da educação, era um privilégio restrito a poucos. 
Aliás, a educação neste contexto visava transmitir as visões de mundo que atendiam 
às necessidades da época, buscando desenvolver habilidades de organização racional 
do pensamento e de erudição. Nestes períodos, os nomes marcantes e que estudamos 
até os dias atuais, são de Sócrates, Platão, Aristóteles e São Tomás de Aquino. Cada 
um com seus pressupostos, desenvolveram e difundiram concepções de educação.
Vale ressaltar que na Idade Média havia o predomínio da visão cristã, assim, a 
educação enfatizou a formação do homem como ser imperfeito em busca da perfeição, 
visando retirá-lo da condição de pecador e levando-o à salvação da alma.
DIDÁTICA
PROF.a NATHÁLIA DELGADO B. DA SILVA
FACULDADE CATÓLICA PAULISTA | 9
A autoridade moral, filosófica e religiosa do mestre, a disciplina e a 
verdade religiosa transmitidas tinham como referência uma visão 
de Deus que premiava os bons com o céu e castigava os maus com 
o inferno. Os princípios fundamentais desse modelo de educação 
podem ser encontrados, por exemplo, na obra de Santo Tomás de 
Aquino e na Ratio Studiorum dos jesuítas (DAMIS, 2014, p.16).
Como o nosso foco é a didática, vamos nos ater aos seus elementos no histórico da 
educação. Em 1657, no contexto de transição da sociedade feudal, Comênio escreveu 
a Didáctica Magna que até hoje é um marco entre seus escritos, isto porque, ficou 
conhecida como um tratado da arte universal de ensinar tudo a todos.
 Mas quem foi o Comênio? 
Ele era bispo, professor e reitor, criticava o dogmatismo da igreja católica e 
da sociedade que perseguiu o protestantismo. Para ele, a causa das guerras 
das chagas da humanidade é a ignorância humana, e o remédio para a cura 
será encontrado na educação de todos os povos (DAMIS, 2014, p. 16).
Na imagem abaixo, você pode conhecer o Comênio, o pai da Didática!
Título: Comênio
Fonte:novaescola.org.br
É importante compreender quem era Comênio, pois isso interfere diretamente em 
sua visão acerca da educação e consequentemente, da didática. Posteriormente ele 
tornou-se o “pai da didática”, justamente por, naquele momento, trazer algo que era 
inovador e inserir essa temática na discussão. Quando falamos em didática o seu 
nome sempre está atrelado! Aliás, você verá nas aulas a palavra “Comênio”, “didática” 
e “Didática Magna”, escritas de diferentes maneiras pois respeitamos a forma que os 
autores a registraram. 
DIDÁTICA
PROF.a NATHÁLIA DELGADO B. DA SILVA
FACULDADE CATÓLICA PAULISTA | 10
Analisando a Didáctica Magna após todo o avanço sobre o tema, hoje vemos que 
ela foi inovadora, porém, limitada, pois o conceito de didática, como vocês verão 
no decorrer das aulas, é bem mais amplo, não restringindo-se a formasde ensinar, 
conforme exposto e refletido neste escrito.
A concepção de didática anunciada na sua obra, veicula-se ao processo de instruir, 
desta forma, a Didáctica Magna buscou estruturar um método para reformar a escola e 
criticar as práticas educativas vigentes, no entanto, vale ressaltar, que não desvincula-
se da base religiosa que marca esta época.
Segundo Albuquerque (2002) a Didática Magna expressa duas principais 
características: preocupação da reforma da fé cristã e surgimento dos tempos 
modernos. Para a autora, os escritos deste livro a partir do princípio de ensinar tudo 
a todos, visa economia de tempo e fadiga, ou seja, o fim do mundo está próximo e 
por isso é necessária a conversão verdadeira de todos os homens. E por qual motivo 
a didática articula-se com tais pressupostos?
A didática que se baseava, para Comenius, numa piedade profunda, 
servia, por outro lado, para a consolidação do projeto de uma 
burguesia como classe em ascendência. Racionalidade, eficiência e 
procedimentos seguros para atingir metas propostas são princípios 
norteadores do modo de produção burguês (ALBUQUERQUE, 2002, 
p. 40). 
A autora vai além, mencionando ainda, que a burguesia abandonou a fundamentação 
teológica da didática magna e se apropriou de seus procedimentos didáticos-
metodológicos para atingir as suas próprias finalidades. Ou seja, fez uso de acordo 
com seus interesses, mesmo que limitando suas nuances. 
Independente das visões acerca da Didática Magna, é relevante situar e que você 
compreenda que ela foi um marco histórico, bem como, destinava à didática o papel 
de instrução, propondo uma reforma da escola, do ensino e da cristandade. Segundo 
escritos do próprio Comênio: 
A proa e a popa da nossa Didáctica será investigar e descobrir o 
método segundo o qual o professores ensinem menos e os estudantes 
aprendam mais: nas escolas haja menos barulho, menos enfado, 
menos trabalho inútil, e, ao contrário, haja mais recolhimento, mais 
atractivo e mais sólido progresso; Na cristandade, haja menos trevas, 
menos confusão, menos dissídios, e mais luz, mais ordem, mais paz, 
mais tranquilidade (COMÊNIO, 1976, p. 44 apud DAMIS, 2014, p. 17). 
DIDÁTICA
PROF.a NATHÁLIA DELGADO B. DA SILVA
FACULDADE CATÓLICA PAULISTA | 11
Para ele, a escola é uma oficina de homens, devendo encaminhar os alunos para a 
instrução e bons costumes. Quando trata da arte de ensinar tudo a todos, ele apoia-
se nas letras, nas ciências, nas virtudes e nas religiões. Ao compreender a escola 
e o processo ensino aprendizagem, Comênio articula suas práticas as da natureza 
comparando o professor ao jardineiro por exemplo, propondo que este deve semear 
habilmente na mente dos jovens as sementes que vão ensinar e assim regar as suas 
plantas. É uma figura de linguagem que coloca os alunos em processo de construção 
de conhecimento e o professor como responsável como tal. 
Conforme mencionado, a Didática Magna criticava as práticas educativas de seu 
tempo, propondo um tratado universal de ensinar tudo a todos! Pensando com a 
cabeça de hoje, será que isso é possível? Vamos problematizar a ideia de Comênio?
Ao modo que ele propõe algo visando ensinar “tudo a todos”, ele insere os indivíduos 
nos mesmos pressupostos, ou seja, como se fosse possível estabelecer uma receita 
universal que atendesse as diferentes especificidades. Se ele estivesse certo, nossos 
problemas estariam acabados, não é? Era só aplicar o seu manual e não haveria mais 
problemas de aprendizagem, dentre tantos outros.
Outra questão a ser refletida: é saudável inserir todos os alunos nas mesmas práticas 
de aprendizagem? Hoje já constatamos que há aqueles que possuem mais facilidade 
de aprender pela via oral, outros pela via visual, dentre outros. Quando eu penso em 
uma prática única, eu estou desconsiderando estas especificidades, de modo a exigir 
que todos aprendam da mesma maneira. Essa realidade não é muito diferente do 
que acontece hoje nas realidades escolares, mas ainda que haja um padrão existe o 
entendimento das especificidades e o compromisso em considerá-las.
Estas reflexões são relevantes para que a gente tenha o senso crítico sobre os 
escritos do Comênio, mas, é importante reforçar o quanto eles foram importantes 
naquele contexto histórico. E por este motivo tornou-se um marco. 
Quando falamos da didática no senso comum, por exemplo, mesmo sem estar 
na Área da educação e afins, ela é vinculada com maneiras de ensinar, com receitas, 
fórmulas e manuais. Isto é consequência, deste histórico, que a fez surgir com essa 
finalidade. Este entendimento está errado? Não! Como vocês verão no decorrer da 
disciplina, a didática associa-se a esta nuance, mas, ela não para por aí, o seu conceito 
é mais ampliado! Mas vamos com calma, ok? O seu conhecimento sobre a didática 
vai sendo construído e aprimorado no decorrer das aulas.
Outro nome marcante da época, especificamente no século XVIII, foi de Rousseau. 
Ele estabelece críticas ao Comênio, apontando que seus ensinamentos serviram à 
DIDÁTICA
PROF.a NATHÁLIA DELGADO B. DA SILVA
FACULDADE CATÓLICA PAULISTA | 12
burguesia a partir de suas adaptações e vai além, possuindo um conceito de educação 
diferente do autor supracitado.
Para Rousseau, a educação nos deve dar tudo o que não temos ao nascer e de que 
necessitamos quando adulto, nunca ultrapassando ou antecipando o desenvolvimento 
natural do homem (DAMIS, 2014, p. 22). A partir destes elementos, há os seguintes 
princípios didáticos:
1) Respeitar o desenvolvimento natural dos indivíduos; 
2) Controlar as influências dos homens, interferindo o mínimo possível;
3) Não impor conteúdos, mas arranjar situações em que o aluno tenha possibilidade 
de descobrir por conta própria. 
Ao modo que considera o desenvolvimento natural dos indivíduos, as influências 
externas ficam em segundo plano, fator mais evidente no segundo item, onde é dito 
de forma direta acerca do controle das influências. 
O terceiro item pode ser bastante controverso, pois aponta para o aprendizado 
espontâneo, ou seja, não há a imposição de conteúdos, de modo que o professor 
crie situações para que o aluno faça descobertas. Ao modo que insere os conteúdos 
em segundo plano, há a relativização da relevância dos conteúdos escolares, por 
este motivo esse item torna-se polêmico. Mas, daí a importância da gente explorar 
diferentes vertentes, para também refletir por várias perspectivas.
Nesta perspectiva, o indivíduo vai se educando de forma autônoma, de modo 
que haja a menor interferência possível, pois, em primeiro plano é valorizado o seu 
desenvolvimento natural. Vamos conhecer o Rousseau?
Título:Rousseau
Fonte: infoescola.com.br
DIDÁTICA
PROF.a NATHÁLIA DELGADO B. DA SILVA
FACULDADE CATÓLICA PAULISTA | 13
Uma questão para a gente refletir neste momento: será que não podemos respeitar 
o desenvolvimento e ao mesmo tempo trazer os conteúdos escolares em primeiro 
plano? Ou até mesmo, respeitar o desenvolvimento e ainda assim interferir no processo 
ensino aprendizagem? 
Tais indagações são para que você reflita os itens também com posicionamentos 
diferentes. Neste momento, não estamos discutindo o que é certo ou errado, mas 
problematizando, pensando sobre as questões. O histórico vai mostrar a valorização 
de diferentes perspectivas, por isso é relevante conhecê-lo. As reflexões atuais sobre 
a didática, nada mais são do que fruto do seu processo de construção!
Cada perspectiva traz um pano de fundo diferente acerca da educação e seus 
elementos. Desta maneira, reparem que há diferentes questões que ficam em primeiro 
ou segundo plano no processo ensino aprendizagem.
Ao modo que os meios de produção vão ficando mais complexos e o capitalismo vai 
tornando-se cada vez mais sólido, as relações sociais e de trabalho vão modificando-
se e consequentemente as relações na escola também. Damis (2014) aponta que 
as relações de trabalho caminham agora para instituir uma sociedade voltada para 
a produtividade e o consumo. Destamaneira, se na Idade Média a educação escolar 
era privilégio da igreja e atendia às suas necessidades, neste contexto posterior, a 
Educação entra como dever do Estado e direito do cidadão.
O conhecimento científico passa a tornar-se evidência, antagonizando com o 
conhecimento que antes era de base religiosa. Um nome que marcou este contexto 
foi o de Herbart, sendo considerado o pai da ciência moderna da educação. Aliás, ele 
iniciou o processo de sistematização da ciência pedagógica.
Nesse momento, a conversão da prática educativa em ciência formal 
tem seu fundamento na atividade subjetiva do homem e suas bases 
teóricas encontram-se nos estudos de psicologia e filosofia [...] A ação 
pedagógica, por meio da atividade subjetiva da criança, penetra no 
mais íntimo de formação do espírito de um ser que vem ao mundo 
desprovido de vontade e incapaz de decidir sobre suas ações (DAMIS, 
2014, p. 19).
O escrito acima enfatiza o papel da ciência como fundamento na educação, além 
de também expor o entendimento acerca das relações adulto e criança no processo 
ensino aprendizagem. Herbart insere a figura do adulto como primordial, inserindo a 
educação moral como responsável por desenvolver a alma da criança.
DIDÁTICA
PROF.a NATHÁLIA DELGADO B. DA SILVA
FACULDADE CATÓLICA PAULISTA | 14
Fazendo uma ponte entre esse posicionamento e o anterior, há uma diferença clara 
e que neste momento você precisa comparar: enquanto Rousseau aponta para o 
desenvolvimento natural do indivíduo, Herbart traz a figura do adulto como primordial ao 
tratar da criança, ou seja, ele pode até considerar as questões próprias do indivíduo, mas, 
em primeiro plano pontua uma relação externa para o favorecimento da aprendizagem. 
O autor justifica que a criança e seu desenvolvimento do caráter possui três estágios, 
sendo eles: 1) sensação e percepção; 2) memória e imaginação; 3) julgamentos e 
conceitos universais. 
A partir de tal entendimento, o ensino herbartiano colocará maior ênfase na literatura 
e na história, sendo papel do educador tornar claras as representações que são trazidas 
à mente do aluno, de modo a:
[...] desenvolvê-las desde o nível de sensações e percepções, passando 
pelo da imaginação e da memória até chegar ao pensamento conceitual 
e ao julgamento. Torna-se fundamental para o educador: encaminhar a 
maior parte de suas reflexões para o que ensina, tornando-o acessível à 
criança e dirigindo suas esperanças para que a humanidade pode realizar 
(DAMIS, 2014, p. 20).
A educação moral é inserida neste contexto para além dos aspectos exteriores 
das ações dos homens, sendo vista como meio para o desenvolvimento da criança e 
da sua inteligência. A educação moral tem, pois, por fim fazer com que as ideias de 
justiça e do bem, em todo seu rigor e pureza, cheguem a ser os objetos propriamente 
ditos da vontade [...] (DAMIS, 2014 p. 20). Vamos conhecer o Herbart?
Título: Herbart
Fonte: infoescola.com.br
DIDÁTICA
PROF.a NATHÁLIA DELGADO B. DA SILVA
FACULDADE CATÓLICA PAULISTA | 15
ANOTE ISSO
A partir de tais pressupostos, Herbart desenvolveu um esquema de cinco passos 
formais a serem seguidos pelo professor na instrução:
1) O professor recorda os conhecimentos já aprendidos;
2) O novo conhecimento é apresentado;
3) Compara-se o novo conhecimento ao velho, encaminhando a assimilação;
4) Passo da generalização;
5) Efetiva-se a aplicação em exercícios.
É interessante você analisar os passos pois eles são bastante atuais! A partir do 
momento em que se recorda os conhecimentos aprendidos, o professor considera 
os conhecimentos prévios dos alunos, ou seja, fator relevante pois não os considera 
como uma folha em branco.
O processo como um todo também mostra-se a favor do aluno, pois, as etapas 
são construtivas interligando-se e finalizando com a aplicação de exercícios, que de 
modo geral são considerados instrumentos de finalização e reforço de conteúdo. 
Percebem como a concepção de educação e aprendizagem vai se modificando 
com o decorrer dos anos e contexto histórico e social? 
Vale salientar que as expressões mencionadas acerca dos autores, são ideias gerais de 
suas bases de pensamento, pois, para a disciplina, você compreender as concepções 
gerais já é o suficiente. Mas, vale a pena inteirar-se de forma mais esmiuçada pelos 
diferentes posicionamentos. 
Essa concepção do momento, baseada em Herbert, pode ser considerada um avanço 
frente à concepção anterior, justamente por articular o conhecimento científico às bases 
educacionais e não mais o conhecimento religioso. A partir do momento em que se 
valoriza o conhecimento científico são exploradas as hipóteses, comprovações, trabalho 
estratégico, pesquisa, metodologia, pressupostos antagônicos do conhecimento 
religioso, que tem por base apenas a fé.
Albuquerque (2002) menciona que a valorização do conhecimento científico estava 
atrelada ao fato de preparar a elite para difundir seus pensamentos às camadas 
populares, além de preparar a escola como ambiente eficiente. 
Nesse contexto surge um movimento conhecido como Escola Nova, que vem 
contrapor-se às ideias anteriores, acusando a escola de não científica e tradicional 
ineficiente. A partir do entendimento de Albuquerque (2002), a Escola Nova tentava 
DIDÁTICA
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FACULDADE CATÓLICA PAULISTA | 16
ser científica e adotando o procedimento de laboratório: atividade, problemas, dados 
hipóteses e experimentação, fazendo da pesquisa o procedimento didático. 
Assim, há a intenção de renovação da escola, estando em evidência a base de 
pensamento de Dewey. Para ele, a ideia de progresso, distanciou a capacidade original 
da criança dos ideais e dos costumes dos adultos, desta maneira, a escola nova deve 
direcionar o crescimento infantil para: melhor compreender o significado do que é 
aprendido e desenvolver aptidões adequadas à vida na qual faz parte (DAMIS, 2014). 
Vamos conhecer o Dewey?
Título: Dewey
Fonte:novaescola.org.br
A relação professor e aluno também apresenta elementos específicos, pautando-se 
na figura do professor como aquele que torna o ensino mais atraente, não limitando-
se apenas na transmissão de conteúdos, devendo também facilitar a aprendizagem 
e desenvolver aptidões nos mesmo. 
Aliás, Dewey criticava o modelo de ensino pautado na figura do professor como 
fonte de transmissão de conhecimento. Sua concepção de ensino está fundada no 
princípio de que a mente e a inteligência humanas evoluem com base em situações 
práticas e sociais de vida (DAMIS, 2014, p. 23). Desta maneira, defende o ensino focado 
no aluno, devendo haver experiências que garantam interesse dele nas atividades. 
Há cinco passos que expressam seus pressupostos, sendo eles: 1) A atividade do 
aluno; 2) Definição de uma problemática de estudos; 3) Coleta de dados; 4) Elaboração 
de hipóteses; 5) Experimentação. 
Acerca do contexto social do momento, é importante relembrar que ao modo que o 
trabalho e suas condições vão sendo modificadas, também alteram-se as necessidades 
da mão de obra para executá-lo. Desta forma, o foco do ensino e da educação recaem 
no desenvolvimento de atividades em que o aluno aprenda habilidades, atitudes e 
DIDÁTICA
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FACULDADE CATÓLICA PAULISTA | 17
conhecimentos científicos. As preocupações da didática e seus elementos vão se 
alterando de acordo com o contexto.
No século XX outro elemento é inserido em destaque no ato de ensinar: ambiente 
favorável. Tendo por base o conhecimento de Skinner, a organização de um ambiente 
favorável modela o comportamento do aluno, tendo em vista adaptá-lo e ajustá-lo ao 
ambiente e à vida social. 
Para Skinner a escola precisa desenvolver, com urgência, uma 
tecnologia do comportamento para desenvolver os problemas postos 
pelo progresso, uma vez que o efeito do ambiente no comportamento 
foi desconhecido por muito tempo. Para ele, é possível perceber com 
facilidade que os organizamos interferem no ambiente (DAMIS, 2014, 
p.24).
Percebe que até então a questão do ambiente não entrava nas reflexões ou 
preocupações? Neste momento, o ambiente não é apenas um cenário, mas sim um 
contexto atuante com suas devidas interferências, servindo para realizar uma seleção 
natural. O ambiente é visto como fundamento de formação e de manutenção de qualquer 
tipo de comportamento. E, por meio de sua manipulação, obtêm-se consequências 
específicas de condicionamento de comportamentos desejáveis (DAMIS, 2014, p. 
25). Vamos conhecer o Skinner?
Título: Skinner
Fonte:novaescola.org.br
Ao modo que segue tais pressupostos, essa linha de pensamento atua por meio 
de punições e recompensas como garantia de que os objetivos sejam alcançados. 
DIDÁTICA
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FACULDADE CATÓLICA PAULISTA | 18
ANOTE ISSO
A partir de tal perspectiva e considerando a sistemática do ambiente, a atividade do 
aluno para aprender será direcionada para se obter as respostas desejadas. Desta 
maneira há algumas questões base, como:
1) Que comportamento deve ser estabelecido?;
2) Quais os reforçadores que estão à disposição?;
3) Com que respostas é possível contar para iniciar um programa de aproximação 
sucessiva que levará a forma final do comportamento?;
4) Como podem ser esquematizados com mais eficiência os reforços para manter 
o comportamento fortalecido?
Estas e outras indagações direcionam essa linha de pensamento. Fez-se questão 
de inseri-las neste momento, para que de forma mais exemplificada você possa 
compreender os escritos de Skinner, que também marcaram época.
Hoje há várias críticas sobre ele, principalmente por ser sistemático e poder 
expressar percepções limitadas, mas, como estou sempre reforçando por aqui, é 
relevante você compreender que marcou época e teve sua importância na história 
da didática e da educação.
Refletindo o contexto social vive-se um acentuamento da ciência e tecnologia, 
distanciando cada vez mais a humanidade do trabalho manual, havendo desta maneira, 
novos ritmos de vida e consequentemente uma nova visão de mundo. 
Todos esses pressupostos acerca da educação, papel do professor, aluno e 
processo ensino e aprendizagem, podem ser criticados com os olhares atuais, aliás, 
o conhecimento avança! Mas de qualquer forma, os aspectos que concebemos hoje 
acabam por considerar parte dos elementos difundidos por esses e outros indivíduos 
que marcaram suas épocas.
É neste contexto, que no final do século XX e início do século XXI, Perrenoud introduz 
uma nova dimensão ao processo ensino aprendizagem e trabalho na escola: a formação 
de competências, que aliás, também faz parte do trabalho do professor. Para ele, o 
professor deve criar situações favoráveis para o aprendizado e utilizar métodos ativos 
de ensino, ou seja, aqueles em que o aluno não assume postura passiva. Tudo isso 
visando o desenvolvimento de conhecimentos, habilidades e atitudes. 
Desta forma, ao invés de uma postura onde há a transmissão de conteúdos, por parte 
do professor, este servirá como instrumento para resolver questões, preparar e tomar 
decisões. Assim, entende-se que há uma nova relação entre o professor e o conhecimento.
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Ensinar praticando mais e mais não é suficiente, é preciso criar 
situações para o aluno confrontar-se com dificuldades específicas, 
bem dosadas, aprendendo a superá-las. Devem-se criar situações 
que exijam alcançar uma meta, resolver problemas, tomar decisões 
e regular a aprendizagem, colocando o aluno em confronto com 
problemas numerosos, complexos e realistas, visando mobilizar 
diversos tipos de recursos cognitivos (DAMIS, 2014, p. 26).
Reparem que no decorrer dos anos, ao modo que mudam a relação entre professor, 
aluno, escola e conhecimento a didática também passa a ter necessidades diferentes, 
porém, sendo sempre norteada por estes itens básicos.
Refletindo a educação por essa linearidade histórica e articulando com o contexto 
social, podemos observar que ela e suas concepções foram modificando o modo 
que o trabalho foi sendo concebido de maneira mais produtiva, tecnológica, dentre 
outros. Ou seja, ao modo que o trabalho foi se complexificando, no sentido de ampliar 
suas nuances, houve a necessidade da educação acompanhar, de modo que suas 
prioridades também foram alternando-se. 
É relevante compreender que essa interferência do nível macro ao micro acontece 
em diferentes âmbitos, para além da educação. Por isso, ao estudar os aspectos 
educacionais em evidência, é importante situar em que contexto social ela faz parte, 
pois os elementos sempre são articulados e conforme mencionado, valendo para 
outros âmbitos também!
Tal interferência nos faz refletir acerca da neutralidade dos elementos. Ou seja, a 
valorização da educação sob determinado aspecto representa o interesse de um grupo, 
certo? São questões que nem sempre são levantadas ou nos passam despercebidas, 
mas que sempre que possível devemos considerar! Analise a visão do autor sobre 
isso , muito pertinente:
Se pensar na história da didática, concluir-se à que negar o seu 
conteúdo instrumental, normativo e pretensamente neutro é, de certa 
forma, negar a própria disciplina [...] Desde seu primeiro momento, 
a didática organizou-se como um corpo de doutrina, de prescrição. 
Lembre-se que Comênio definiu sua Didática Magna, que inaugurou 
a disciplina como um artifício universal para ensinar tudo a todos. A 
partir daí, a didática, em sua produção intelectual e ensino, outra coisa 
não tem sido senão um conjunto de normas, recursos e procedimentos 
que devem informar e orientar a atuação dos professores (DAMIS, 
2014 p. 26).
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Concluímos a aula trazendo esses apontamentos acerca da neutralidade, justamente 
para você ampliar o olhar ainda mais sobre os aspectos discutidos. Aliás, retomaremos 
esta questão com maior ênfase em aulas posteriores!
Nesta aula nós estudamos as origens da didática em seus aspectos gerais, ou 
seja, envolvendo os pensadores e seus escritos que marcaram época nos diferentes 
contextos. Na próxima aula nós iremos contextualizar a didática no histórico da 
educação brasileira!
Até a próxima!
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CAPÍTULO 2
A DIDÁTICA E SUAS ORIGENS: 
CONTEXTO BRASILEIRO
2.1 Introdução
Na aula passada nós estudamos a didática em seu histórico geral e na presente 
aula vamos contextualizá-la em articulação com a educação no Brasil.
É importante que no início da disciplina você tenha contato com as bases educacionais 
seja no âmbito mundial como em seu próprio país. São tais pressupostos que te 
garantirão bases para as demais aulas e conteúdos da disciplina. Desta maneira, 
terá contato com as nuances acerca da educação em suas relações com a didática!
Boa aula!
2.2 Breve histórico
Quando pensamos nos primórdios da educação brasileira de forma recorrente nos 
vem à cabeça: os jesuítas! Isto porque, nós estudamos sua chegada no país desde 
a educação básica, também na disciplina de história da educação, entre outros. É 
justamente por eles que iremos começar nossa abordagem histórica articulando 
educação brasileira e a didática.
Antes de mais nada, vamos situar em qual contexto estamos? Período do Brasil 
colônia, onde os jesuítas e sua educação estavam atrelados à coroa portuguesa, ou 
seja, a grosso modo podemos compreender desde já que era uma educação voltada 
aos interesses dos colonizadores, ou seja, portugueses e sendo difundida por meio 
dos jesuítas.
Para quem destinava essa educação? Aos filhos dos colonos e senhores do 
engenho, bem como aos índios e escravos, que eram subjugados e deveriam aprender 
o cristianismo e ideologia dos colonizadores. Vale constar que os escravos eram a 
classe trabalhadora neste momento, desta forma, era mais escasso seu contato com 
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essa educação. Vale ressaltar também, que a educação destinada aos filhos da elite 
tinham um propósito diferenciado daquela educação destinada aos demais.
O plano de educação dos jesuítas ficou conhecido como Ratio Studiorum. Alguns 
detalhes merecem destaque: a língua latina e os autores clássicos latinos eram 
indispensáveis, já a língua materna foi sendo suprimida e autores pagãos não constavam. 
Os retratos abaixo ilustram algumas vivências dos jesuítas em solo brasileiro.
Título: jesuítas em solo brasileiro
Fonte: mundoeducação.com.br
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Acerca da maneira e forma de ensinar, os papéis eram bem delimitados, onde o 
professor era o único detentor do saber e o aluno o receptáculo. A memorização era a 
estratégia de aprendizagem, o método de instrução que baseava-se na memorização 
palavra por palavra e do conteúdo a ser aprendido. Havia aliás o lema repetitio mater 
studiorum, que significa: a repetição é a mãe da aprendizagem (ALBUQUERQUE, 2002). 
Ainda sobre o método de instrução, a autora aponta para o fato de haver a 
necessidade dos alunos decorarem os conteúdos que sistematicamente são revisados 
pelo professor. A ideia concebida para defesa dessas práticas é a de que a partir de 
então os conteúdos são impressos na memória tornando-se parte da inteligência dos 
alunos, que aliás, também deveriam ser isolados de experiências exteriores para que 
não tirassem sua atenção.
Olhe só que interessante e oposto do que vemos atualmente: isolar o aluno das 
experiências externas, sendo que hoje, a defesa é de que justamente os conteúdos 
escolares articulem-se com as vivências dos alunos para que haja maior interesse e 
motivação. É que neste caso, como há uma base religiosa, há também a preocupação 
com questões nomeadas como mundanas, assim, o conhecimento que era admitido 
enquanto útil e necessário era somente os advindos dos jesuítas e afins. 
Em 1759 há uma mudança nesta educação, quando Marquês de Pombal a assume 
no lugar dos jesuítas, desta forma, o ensino que antes era organizado em forma de 
curso, passa a ser composto por aulas avulsas. Para alguns autores essa mudança 
representa um retrocesso. A partir de então, algumas mudanças vão ocorrendo, em 
1800, por exemplo, com a vinda da corte Portuguesa há a necessidade de outras 
formações, havendo adaptações das escolas.
Por muito tempo a igreja continuou como provedora das instituições de ensino, 
estando estas também articuladas com as classes dominantes. Durante o Império e 
Primeira República, o país continuava com a força de trabalho escrava que também 
passou a ser composta por imigrantes e no fim do império a força de trabalho livre que 
também não exigia qualificação. Com a nova Constituição de 1891, na fase republicana, 
o ensino secundário era responsabilidade da União e o ensino primário dos estados, 
bem como, da formação de professores.
Albuquerque (2014) aponta que o estado de São Paulo foi pioneiro na preocupação 
com a educação pública, pois, logo em 1893 organizou o seu ensino primário de forma 
regulamentada juntamente com a formação de professores. Muitos estados mandavam 
seus professores para lá ou convidavam tais professores para seus estados para 
auxiliar na organização de seus sistemas de ensino.
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Lembram quando na primeira aula mencionamos sobre o Herbart? Ele teve sua 
importância na educação, destacando-se em determinado período histórico e sua 
influência também recai no estado de são paulo pois os responsáveis pela organização 
de seus sistemas de ensino haviam estudado nos Estados Unidos com tal base de 
pensamento. No entanto, há estados que agem de forma independente, conforme 
consta a seguir.
Os estados de Minas Gerais, Bahia, Pernambuco e o Distrito Federal, 
organizaram, independentemente da influência paulista, seus 
próprios sistemas escolares. Estes eram mais fiéis à tradição da 
influência francesa, procurando os fundamentos teóricos de suas 
respectivas organizações na versão francesa da pedagogia européia 
(ALBUQUERQUE, 2014, p. 46).
Vale mencionar que neste contexto a educação atende prioritariamente a camada 
urbana da sociedade e a população rural fica com um ensino mais improvisado. 
Neste momento, é importante você se situar da educação e suas nuances nos 
diferentes contextos históricos do país, refletindo a maneira que ela se apresenta. 
É o conhecimento prévio necessário para que você tenha a base para os demais 
conteúdos da aula. Além do fato de você conseguir articular a educação no contexto 
geral, conforme exposto na aula passada, com a educação em nosso país, foco desta 
aula.
No início de 1900, em meados de 1915, refletiu-se no Brasil novas condições políticas e 
econômicas, consequências do término da primeira guerra mundial. Consequentemente, 
há interferências na educação e na didática. Na década de 1920, por exemplo, surge a 
influência da Escola nova, vimos sobre ela na primeira aula, lembra? Desta maneira, ao 
modo que estas ideias concretizavam-se em alguns estados, outros tinham diferentes 
encaminhamentos. 
Neste contexto, há uma crescente urbanização, ou seja, as camadas rurais estão 
chegando mais às cidades, fazendo com que haja a necessidade de mais escolas, 
daí surge a problemática: quantidade versus qualidade.
A didática nos contextos supracitados é compreendida como um conjunto de regras 
e instruções, visando situar os professores na sua atuação e também segregando 
teoria e prática.
A década de 1930 merece destaque pois traz elementos representativos para a 
educação como sistema de ensino e também para a didática. Estamos em um contexto 
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de industrialização e mudanças políticas e na educação há a criação do Ministérios 
da Educação, bem como, a defesa do ensino público e gratuito.
 Em 1934 especificamente, a Constituição garante avanços educacionais ao prever, 
por exemplo, a obrigatoriedade do ensino primário, a necessidade do Plano Nacional 
de Educação e regulamentar quotas fixas para a Federação, estados e municípios. 
Olhe só como era a nossa CF/1934.
Título: Constituição Federal,1934
Fonte:jus.com.br
Há nesta década e na posterior, uma série de acontecimentos que não vamos nos 
ater aqui para não perder o foco ou entrar nos conteúdos de outra disciplina, mas há 
avanços, retrocessos e vários aspectos educacionais que são relevantes.
Na década de 1950 merece destaque a escola nova que era a base de pensamento 
que permeia a didática naquele momento. Visando combater o ensino tradicional e 
valorizar a criança, os seus pressupostos são: individualização, liberdade, iniciativa 
e autonomia, o aprender fazendo e o aprender a aprender. De base psicológica, as 
diferenças individuais são valorizadas, bem como as técnicas que focam os indivíduos, 
desta maneira, há quem critique essa perspectiva por desconsiderar ou deixar 
em segundo plano o contexto social e suas articulações com o processo ensino 
aprendizagem e produção de conhecimento.
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Acerca das influências desta perspectiva, Albuquerque (2014) afirma que chegou 
às legislações educacionais e nos cursos de formação para o magistério, além de 
acabar por reforçar o caráter prático e técnico do processo ensino aprendizagem.
Na aula passada, ao tratar da Didática Magna vimos que ela inseriu a didática 
como arte de instruir, como técnica, lembra? No parágrafo anterior, quando falamos 
no caráter prático e técnico há forte influência desta concepção de didática fomentada 
por Comênio.
Até a década de 1960 há o predomínio de perspectivas humanistas, que vão 
perdendo forças no decorrer dos anos, de modo que, o período entre 1960 e 1968 
remetem-se a uma crise na pedagogia Nova, segundo Albuquerque (2014). A partir 
do contextomilitar e tecnocrata, a autora aponta que a didática continua focando a 
individualidade, liberdade e experimentação, porém, sendo acrescentados agora e com 
ênfase, à produtividade, eficiência, racionalização, entre outros.
Há também a visão da didática como estratégia para o alcance do processo ensino 
aprendizagem, ou seja, o professor e o aluno passam a ficar em segundo plano e o 
centro do ensino agora é a técnica. Nessa perspectiva a didática é o processo que 
define o que e como os professores e alunos devem fazer.
Observe e analise a imagem abaixo:
Título: educação tecnicista
Fonte: novaescola.org.br
A imagem é bem representativa do que seja a educação na perspectiva tecnicista. 
Os alunos estão em uma esteira, simulando um processo de produção, ou seja, ao 
modo que não considera seus conhecimentos, parte-se de uma educação e formação 
igual para todos, além do fato desta formação objetivar a inserção social apenas. 
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A ferramenta que a professora utiliza na aluna, está ali para mostrar a relevância 
dos instrumentos nessa perspectiva, afinal, professor e aluno estão em segundo 
plano, conforme mencionado. O importante são as técnicas, os instrumentos para 
aprendizagem, que claro, serão direcionados pela figura do professor.
Reparou que todos os alunos possuem a cabeça cortada? É para demonstrar o 
processo de alienação em sala de aula, na qual o professor insere o conteúdo. Se os 
alunos fossem minimamente ativos ou relevantes nessa perspectiva, não precisaria 
abrir suas cabeças, certo? Aconteceria o diálogo, discussão, debates, dentre outras 
práticas nesse sentido. 
Escola enquanto linha de produção, enquanto reprodutora, visando uma formação 
passiva, pois ao modo que não há incentivo ao diálogo ou não há a consideração dos 
alunos como atuantes no processo ensino e aprendizagem, sua inserção social vai 
reproduzir tais elementos. Estes aspectos não são somente da educação de cunho 
tecnicista, ok? Você entenderá melhor no decorrer da disciplina.
Reflita comigo: Não é mais difícil garantir um indivíduo crítico e ativo socialmente 
se é propiciada para ele uma educação onde ele não possui voz ativa, onde não há 
estímulo a ele problematizar as situações, não havendo essas opções? Para a gente 
como sociedade é ruim termos pessoas com uma formação passiva, pois quem irá 
lutar pelos nossos direitos? Quem vai questionar as estruturas? Enfim, para você 
refletir para além e de forma articulada com questões práticas e sociais.
Retomando, a didática é concebida neste momento como ferramenta, maneira de 
executar, pois ao modo que passa a ser utilizada como estratégia, tornando-se primeiro 
plano em detrimento dos alunos e professores, o olhar para ela é estritamente técnico. 
Portanto, o professor assume o papel de executor, visto que, ele será o responsável 
em executar os objetivos instrucionais, as estratégias de ensino e os modelos de 
avaliação. O formalismo didático era observado nitidamente através dos planos 
elaborados segundo normas prefixadas pelos cânones didáticos; quando muito o 
discurso dos professores é afetado, mas a prática pedagógica permanecia a mesma 
(ALBUQUERQUE, 2014, p. 53).
Essa prática de cunho tecnicista recebe a mesma crítica da escola nova, de uma 
perspectiva que não considera os contextos: social e contextual, havendo uma 
desvinculação dos fins a que servem a educação, ou seja, não há essa preocupação. 
Sforni (2015), pontua que até mesmo os problemas educacionais são tratados de 
maneira técnica e assim a didática assume papel fundamental na formação de 
professores pois era considerada: neutra, objetiva e racional.
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Na década de 1970, a didática assume o discurso reprodutivista, isto porque há por 
parte dos professores, um pessimismo didático. A escola estava sendo considerada 
como um aparelho do estado e reprodutora das condições, assim, havia a sensação 
de que não valeria a pena melhorar o ensino. Acerca deste contexto social:
[...] a educação é requisitada para atender tanto as demandas 
do crescimento econômico, como os impactos do fato de esse 
crescimento estar concentrado em poucas mãos. Nesse contexto, 
o lema do governo era “segurança e desenvolvimento” e a educação 
deveria atender a esses dois aspectos: a segurança via formação 
moral e cívica, propaganda anticomunista, desenvolvimento 
via expansão do sistema educacional, combate à evasão e 
repetência para que fosse elevada a produtividade do sistema 
escolar (SFORNI, 2015, p. 89).
Em contraponto, na década de 1980, principalmente após a ditadura militar, há 
olhares mais otimistas, bem como, busca pelos direitos e conquistas políticas, tanto 
por parte dos professores, quanto de outras classes. Assim, há também novos rumos 
para a educação e a didática. 
Em 1982, por exemplo, a Pontifícia Universidade Católica, PUC/RJ, realizou um 
seminário tendo como tema a didática, visando discutir o ensino e seus elementos. 
As constatações não foram muito positivas, porém, vamos analisá-las ponto a ponto 
pois refletem a didática até o momento, ou seja, desde os seus primórdios no país.
1) A didática não possuia conteúdo próprio, constituindo-se em um conjunto de 
informações fragmentadas; 
2) Apresentava-se desarticulada entre teoria e a prática, caracterizando-se pelo 
consumismo de teorias importadas;
3) Reduzia-se ao aspecto instrucional;
4) Tinha como pressuposto implícito a afirmação da neutralidade científica e técnica; 
5) Desarticulava-se das disciplinas de fundamentos da educação;
6) Não havia integração entre suas dimensões técnica, humana e política. 
Tais pontos resumem o que foi sendo difundido acerca da Didática até então. É 
importante você observar neste momento que até a década de 1980, ainda não havia 
um corpo denso que delimite seus pressupostos, ou seja, falamos em didática, mas, 
ela apresenta-se de forma diversa, às vezes técnica, priorizando o contexto político do 
momento, não integrando elementos políticos na educação, dentre outros, conforme 
salientado acima e visto no decorrer da aula.
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É a partir da década de 1990 que a didática passa a estabelecer-se de maneira 
mais sólida e com objetivos mais definidos. Ao modo que a nossa Lei de Diretrizes 
e Bases da Educação, LDB/1996, preocupa-se como uma educação de qualidade, 
contextualizada, dentre outros aspectos que até hoje estão vigentes, a didática precisa 
articular-se com tais elementos. 
A educação agora, passa a ser concebida com um papel transformador, além de 
estar intimamente relacionada com os diferentes contextos. Ou seja, eu compreendo 
que a vida do meu aluno interfere em sua educação, bem como, que a economia do 
país também. Assim, há uma rede de relações a serem consideradas ao pensar tanto 
a educação, de modo geral, como a educação particular do indivíduo, pois ambos 
recebem influências.
Observe a imagem abaixo:
Título: educação transformadora
Fonte: novaescola.org.br
Na imagem nós vemos a figura de um adulto e seis crianças, bem como, mapas 
mentais que trazem diversos elementos. A ilustração está aqui para demonstrar uma 
forma de educação diferente, antagônica àquela baseada na imagem anterior, por 
exemplo.
Neste momento, o professor está ao lado dos alunos, os alunos possuem pensamento, 
o que representa também voz ativa e de forma consequente, posicionamento e senso 
crítico. 
Todos os elementos expressos no mapa mental, estão aqui para demonstrar que os 
indivíduos são plurais com diferentes necessidades e demandas e que seu processo 
escolar não pode perder estes elementos de vista, afinal, como desvincular educação 
com o social?
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A imagem representa os pontos valorizados pela educaçãode hoje! Claro, que não 
há como definir de modo exato todos os elementos que ela contempla, pois a educação 
também é prática e possui aspectos que não conseguimos antecipar. 
Ao modo que a educação valoriza tais elementos, a didática passa a estar articulada 
como uma educação transformadora, de trabalhar para além dos métodos e técnicas, 
procurando associar escola-sociedade, teoria-prática, conteúdo-forma, técnico-político, 
ensino-pesquisa, professor-aluno (ALBUQUERQUE, 2014, p. 56).
Lembram que em períodos anteriores o professor e sua função ficavam em segundo 
plano, em detrimento do método? E a didática assim priorizando quesitos técnicos? 
Agora o professor possui papel primordial, devendo estar atento, por exemplo, também 
aos meios mais coerentes a serem utilizados, visto que, há a preocupação com a 
qualidade da educação. 
Para além do como ensinar, também espera-se que o professor saiba que esta 
prática está associada com um contexto e que também tenha intencionalidade em 
suas ações, bem como, entenda cada aluno em sua especificidade.
Desta forma, o processo ensino aprendizagem, a educação e a didática são mais 
amplos e complexos, principalmente quando comparados aos períodos anteriores. Na 
fala a seguir a autora expõe muitos bem acerca dos anos passados.
A visão unilateral sobre o processo ensino-aprendizagem esteve 
presente na Didática de inspiração escolanovista, bem como na 
Didática de base tecnicista, mas cada uma focou um dos aspectos 
do ensino, a primeira os aspectos psicológicos e a segunda os meios, 
recursos e produtos do ensino. Apesar de muito diferentes, essas 
duas abordagens não consideraram a dimensão política do ato 
educativo. As condições socioeconômicas e estruturais não foram 
levadas em consideração por nenhuma delas (SFORNI, 2015, p. 95).
Acerca dos elementos da didática, na visão após anos 1990, há vários outros a 
serem considerados, no entanto, como trata-se do olhar atual, iremos explorá-los em 
outras aulas, ok?
O importante é você compreender neste momento o grande passo que a didática 
dá no Brasil principalmente a partir da década de 1990, tornando-se mais ampla e 
considerando mais aspectos. 
Na próxima aula continuaremos com essa discussão, focando a didática em seus 
conceitos e concepções atuais!
Até a próxima!
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CAPÍTULO 3
DIDÁTICA: CONCEITOS E 
CONCEPÇÕES ATUAIS 
3.1 Introdução
Tomando por base as aulas anteriores, já sabemos que a didática relaciona-se com 
a educação, processo ensino e aprendizagem, escola, professores e alunos, certo? 
Vimos que no decorrer dos anos ela esteve atrelada a tais aspectos e focando 
diferentes nuances, sendo influenciada pelo contexto político e econômico, ou até 
mesmo com as preocupações da educação de cada época.
Tratando-se do Brasil, vimos que as correntes técnicas e humanistas se sobressaíram, 
possuindo elementos independentes que as caracterizam, porém, também possuindo 
um núcleo em comum: a não preocupação e articulação da educação e didática com 
fatores externos e afins. É a partir da década de 1990 que tais necessidades vêm à 
tona, ou seja, que o olhar sobre a didática passa a ser mais específico, havendo a 
necessidade por parte dos autores de situar e definir esse campo de estudos.
Na presente aula nós iremos estudar a didática a partir de suas concepções e 
conceitos atuais, refletindo os diferentes pontos levantados pelos autores e buscando 
compreender sua importância na educação! 
Boa aula!!
3.2 Compreendendo a didática
Antes de pensar a didática propriamente dita, vamos refletir o conceito de Pedagogia, 
considerando que esta é uma área do conhecimento que tem por objetivo as práticas 
educativas em diferentes modalidades. Aliás, não vamos limitar as práticas educativas 
ao “como” ou “porque motivo” se faz, mas preocupando-se também em orientar o 
caráter educativo com as finalidades sociais e políticas. Ou seja, se faz desta forma 
para que se chegue a tal objetivo, ou aquele outro. Neste momento, mesmo que em 
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outras palavras, estamos nos referindo a práticas e processos contextualizados, com 
intenções.
E onde a didática articula-se a estas questões? Segundo Libâneo (2017), pedagogia 
e didática formam uma unidade, se correspondem, mas não são idênticas, ou seja, 
possuem características próprias, ainda que estejam articuladas. Pode-se afirmar que 
todo trabalho didático é pedagógico, mas, nem todo trabalho pedagógico é didático.
A didática nesse ponto de vista constitui-se como prática que realiza objetivos e 
intervenções em situações específicas de ensino e aprendizagem com suas devidas 
finalidades sociais, pedagógicas e com seus devidos princípios e condições. Se é 
vinculada ao processo ensino e aprendizagem, bem como, considera o contexto de tais 
elementos, entende-se que a didática visa a formação intelectual e moral dos alunos.
Vamos fazer um parêntese: se a gente pensar agora a didática como disciplina da 
faculdade, dos cursos de graduação, por exemplo, ela está presente nos diferentes 
cursos de licenciatura, isto porque, estes estão relacionados com a prática pedagógica, 
ou seja, ministrar aula, experiência docente. Assim, entende-se que há uma base de 
pensamento necessária que possa orientar futuros profissionais da educação sobre 
sua atuação nesse campo e o que une todas as áreas? A didática.
Percebe como ela é relevante? Seja como conceito na educação, ou seja como 
disciplina? Aliás, elas estão imbricadas, pois trata-se de uma didática só! Então, é 
importante você compreender neste momento que discutimos a didática como conceito 
na educação, mas, também discutimos ela como disciplina pois ela é tudo isso!
 A explicação a seguir define muito bem o termo, reflita:
A didática consiste na sistematização de conhecimentos e práticas 
referentes aos fundamentos, condições e modos de realização do 
ensino e da aprendizagem dos conteúdos, habilidades, valores, 
visando ao desenvolvimento das capacidades mentais e à formação 
da personalidade dos alunos (LIBÂNEO, 2017, p. 15).
Observe que na explicação supracitada, o autor foca o que seja a didática, bem 
como, expõe também onde ela quer chegar, ou seja, não limita o conceito a sua 
forma prática ou técnica, mas insere um objetivo final: visando desenvolvimento das 
capacidades mentais e à formação da personalidade. 
Se a didática visa tal desenvolvimento, eu posso afirmar que ela refere-se à 
educação? Sim! E que ela refere-se ao processo ensino-aprendizagem? Também, ela 
está articulada a tudo isso e hoje também às consequências e intenções, logo que 
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visa o desenvolvimento de capacidades mentais, dentre outros. Não foca na técnica 
ou só nas práticas por elas mesmas, mas destas articuladas aos seus fins.
A partir de tais pressupostos, o núcleo da didática então é a mediação entre o aluno e 
o conhecimento, suas aprendizagens, em situações concretas. Desta maneira, o papel do 
professor também é bem definido e articula-se diretamente com a didática, pois, também 
é sua função servir como mediador entre o aluno e o conhecimento, não é mesmo? 
Assim, a didática relaciona-se com professor e aluno de diferentes maneiras. 
Enquanto media o conhecimento entre o aluno, serve de instrumento para o professor, 
serve como base. O ponto em comum são os objetivos a que serve.
Libâneo (2017) pontua quatro focos da didática: 1) os conteúdos dos saberes 
a ensinar; 2) a ativação das capacidades intelectuais dos alunos; 3) o ambiente 
sociocultural e institucional para o ensino; 4) organização das situações didáticas 
com os meios adequados. 
Refletindo os itens mencionados conseguimos ligar diretamente o item dois com 
os alunos, pois trata de sus capacidades intelectuais, o item número um com osprofessores, pois versa sobre os conteúdos e saberes a serem ensinados e os itens 
três e quatro com ambos, pois, tratam do ambiente e das situações que os englobam. 
Todos estão articulados e devem caminhar de forma inerente, mas relacionamos a 
um e a outro, simplesmente para ter um olhar específico sobre eles.
Lembra lá na primeira aula quando estudamos que a didática tratava das maneiras 
de ensinar, assim como prevê o senso comum, porém, que não se limitava a isso? Pois 
é, como vem sendo demonstrado, ela é bem mais ampla! Ela investiga o processo 
ensino aprendizagem em conjunto, articulando as interações entre ensino e estudo, 
ensino e desenvolvimento intelectual (LIBÂNEO, 2017).
Baseados nessa concepção contemporânea, há autores que mencionam haver 
o triângulo didático, ou seja, a tríade que a compõe, sendo: o professor o aluno e a 
matéria. No entanto, vale ressaltar que estes elementos não devem ser encarados 
de maneira estática ou burocrática, havendo uma rede de relações e interações entre 
eles, conforme exposto a seguir:
[...] a relação dinâmica entre três elementos constitutivos do ato 
didático - o professor, o aluno, a matéria - forma as categorias da 
didática: para que ensinar? O que ensinar? Quem ensina? Para 
quem se ensina? Como se ensina? Sob que condições se ensina 
e se aprende? Tais categorias formam, por sua vez, o conteúdo da 
didática (LIBÂNEO, 2017, p. 17).
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São tais indagações que unem a tríade, bem como, que tornam a didática ainda 
mais complexa. Por exemplo, se o seu foco fosse apenas o agrupamento de conteúdos, 
não haveria a necessidade de articulá-la com as questões que dizem respeito a quem 
se ensina, ou para que e o que ensinar.
Quando vimos a sua trajetória nos capítulos anteriores, ficou evidente que estas 
preocupações foram sendo aglutinadas com o passar dos anos, fazendo com que sejam 
preocupações atuais e contemporâneas. Este ponto é muito positivo, pois demonstra 
o quanto o conhecimento avançou, ou seja, não ficou estagnado com os elementos 
passados, acompanhando a educação como um todo.
ANOTE ISSO
Visto os questionamentos que ligam essa tríade da didática, vamos compreender 
cada um deles? Eles são bastante relevantes para a disciplina e para a educação 
como um todo, além de também deixar o nosso olhar mais crítico sobre o 
conteúdo.
1) Para que ensinar: Traz os problemas da educação em geral, ou seja, o que se 
espera da escola e do ensino, quais os seus objetivos. Para refletir além: que 
objetivos definir em uma sociedade cheia de desigualdades e com esse fato 
interferindo na educação? 
2) O que ensinar: Remete-se à seleção dos conteúdos, mas estes de forma 
interligada aos objetivos educacionais, de modo que o ensino não fique 
descontextualizado. Essa análise implica também a seleção de acordo com a 
faixa etária adequada;
3) Quem ensina?: Diz respeito aos agentes que ensinam, sejam eles professores, 
familiares, dentre outros;
4) Como ensinar?: Refere-se aos meios e estratégias, aos métodos utilizados. Este 
ponto é relevante estar articulado com os objetivos, além, da consideração nas 
especificidades dos alunos e comunidade escolar (LIBÂNEO, 2017).
Há uma série de elementos a serem refletidos em cada item. Eles ficaram 
sintetizados de forma mais explicativa, mas, é importante situar que seus 
fundamentos não se esgotam nas linhas supracitadas. 
Urban (2009) nos faz uma consideração relevante, mencionando que a didática hoje 
possui o compromisso de buscar práticas pedagógicas que promovam um ensino 
eficiente com significado efetivo aos educandos e contribuindo com a transformação 
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social. Aliás, ela remete-se a didática como uma ciência do ensino, no sentido de ser 
essa a sua especificidade: o ato de ensinar.
A fala da autora vai ao encontro dos elementos supracitados pois trata a didática e 
o processo ensino aprendizagem de forma contextualizada e com intencionalidades, 
ao modo que menciona o significado efetivo e a transformação social. Ou seja, eu 
ensino com intenções e objetivos e independente do meu conteúdo e maneira de 
ensinar eu foco a transformação. 
Consegue perceber a relevância que tais elementos possuem? Se eu busco 
transmitir conteúdos por eles mesmos, eu não tenho responsabilidade acerca de 
suas consequências, sendo assim, uma maneira burocrática de ensinar. Eu transmito 
conteúdos para os meus alunos e não me preocupo se estão aprendendo ou se são 
relevantes para eles, as implicações de tais conteúdos no contexto social, entre outros. 
Ao modo que a didática valoriza o processo ensino aprendizagem com suas devidas 
contextualizações e intencionalidade essa forma burocrática de ensinar fica obsoleta, 
dando espaço a uma aprendizagem significativa e real.
Comparando as reflexões e discussões, acerca da didática, antes e após a década de 
1990, o principal fator a ser observado é justamente a valorização de seus elementos de 
maneira articulada e complexa. Se antes a educação e o processo ensino aprendizagem 
baseava-se na figura central do professor com suas técnicas específicas, hoje considera-
se diversos elementos, que aliás, você estudará com mais detalhes na aula seguinte, 
que trataremos do trabalho pedagógico do professor.
Libâneo (2001) conceitua a didática como a disciplina que estuda o processo de 
ensino no seu conjunto, no qual os objetivos, conteúdos, métodos e formas organizativas 
da aula se relacionam entre si de modo a criar as condições e os modos de garantir 
aos alunos uma aprendizagem significativa.
Vamos compreender o conceito do autor em detalhes? Em um primeiro momento ele 
foca a didática como disciplina que estuda os processos de ensino, ou seja, processo 
ensino aprendizagem. Posteriormente, ele agrega ao conceito, evidenciando que há 
objetivos, conteúdos, métodos, ou seja, elementos específicos que o compõem e 
mais do que isso, que visam garantir aos alunos aprendizagem significativa. Amplo 
e complexo não é mesmo? 
Podemos então tratar a didática como um simples método de ensino? Não! Podemos 
tratar a didática apenas como conjunto de ações do professor? Também não! Porque 
ela refere-se às ações, aos métodos, mas também com objetivos e estratégias com uma 
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intencionalidade, proporcionar desenvolvimento, um processo ensino e aprendizagem 
eficaz.
Podemos dizer, então, que o processo didático, é o conjunto de 
atividades do professor e dos alunos sob a direção do professor, 
visando à assimilação ativa pelos alunos dos conhecimentos, 
habilidades e hábitos, atitudes, desenvolvendo suas capacidades e 
habilidades intelectuais. Nessa concepção de didática, os conteúdos 
escolares e o desenvolvimento mental se relacionam reciprocamente, 
pois o progresso intelectual dos alunos e o desenvolvimento de suas 
capacidades mentais se verificam no decorrer da assimilação ativa 
dos conteúdos. Portanto, o ensino e a aprendizagem (estudo) se 
movem em torno dos conteúdos escolares visando o desenvolvimento 
do pensamento (LIBÂNEO, 2001, p. 03).
Assim, podemos afirmar que a didática relaciona-se ao processo ensino e 
aprendizagem, de modo geral, estabelecendo também funções específicas aos 
professores e alunos, de modo que ambos são sujeitos ativos nesse processo. Aliás, 
propiciar o desenvolvimento de ambos, professor e aluno, é tarefa constante da didática, 
que está sempre buscando novas respostas para tal.
Segundo o autor supracitado, o pensamento didático mais avançado, apoia-se nas 
seguintes proposições acerca do processo ensino e aprendizagem: 1) papel ativo do 
sujeito na aprendizagem escolar; 2) formação de sujeitos capazes de desenvolver 
pensamento autônomo, crítico e criativo; 3) desenvolvimento de competências 
cognitivas do aprender a aprender; 4) aprendizagem interdisciplinar; 5) construção 
deconceitos articulados com as representações dos alunos.
Os itens são autoexplicativos, mas vamos refleti-los para um melhor entendimento. O 
autor está afirmando que as tendências e estudiosos mais contemporâneos da didática, 
pontuam elementos primordiais em que ela se preocupa, ou seja, são básicos ao 
processo ensino aprendizagem, aos métodos, à organização do trabalho do professor, 
e todos os pressupostos que a didática contempla.
Há uma base de pensamento que insere o aluno como sujeito ativo, ou seja, 
indivíduo que também possui conhecimentos e que estes devem ser articulados 
aos conteúdos escolares, para que assim desenvolvam-se como sujeitos críticos e 
autônomos. Consequentemente, ao modo que estabelecem relações, problematizam, 
estes também ficam cientes do aprender a aprender, ou seja, compreender a maneira 
que os processos interferem em si. 
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Para além do aluno, ao tratar da aprendizagem interdisciplinar é justamente o fato 
de não tratar o ensino de maneira burocratizada, ou seja, separado por gavetas, por 
conteúdos que não se articulam, pois, na vida os conteúdos estão acontecendo de 
maneira inerente e assim, os indivíduos precisam reconhecê-los.
O processo de ensino e aprendizagem teria, então, como referência, 
o sujeito que aprende, seu modo de pensar, sua relação com o saber 
e como constrói e reconstrói conceitos e valores, ou seja, a formação 
de sujeitos pensantes implicando estratégias interdisciplinares de 
ensino para desenvolver competências do pensar e do pensar sobre 
o pensar (LIBÂNEO, 2001, p. 07).
Quanto conteúdo não é mesmo? Da década de 1990 para cá a didática e seus 
pressupostos ampliaram bastante, de modo a deixar as suas concepções mais 
completas e complexas. Neste momento, valoriza-se suas bases técnicas, ou seja, 
que ela organiza metodologias e conteúdos, no entanto, sem perder de vista os outros 
elementos que a compõem. Sem desconsiderar sua rede de relações, articulações e 
propósitos, aliás, são estes aspectos que a diferenciam da visão da didática em anos 
anteriores. 
Tendo discutido os principais aspectos da didática na sua forma contemporânea, 
encerramos a presente aula. Na aula seguinte discutiremos de maneira mais esmiuçada 
a didática em articulação com o trabalho pedagógico do professor . 
Até a próxima!
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CAPÍTULO 4
A DIDÁTICA E O PAPEL 
DO PROFESSOR
4.1 Introdução
Vimos nas aulas anteriores que a didática articula-se com o processo ensino 
aprendizagem e desta forma, está intimamente relacionado aos professores e alunos.
Na presente aula vamos estudar as articulações entre a didática, o professor e 
o seu trabalho pedagógico, considerando a didática em seus conceitos atuais e 
contemporâneos.
É uma reflexão que te acrescenta para a formação e também que visa aprimorar o 
seu fazer pedagógico, pois vamos refletir o professor e o seu fazer docente! Aproveite 
a aula!
 
4.2 Articulando a didática o professor e o fazer pedagógico.
Cabe aos professores, independente de vertente educacional ou área de pesquisa, o 
papel de ensinar. Esta é a sua atividade principal e a sua função: ensinar os alunos. Para 
além de dom ou levar jeito é preciso que você compreenda já no início da discussão 
de que para ser professor é necessário os fundamentos necessários, por este motivo 
fazemos uma graduação que nos habilite a ser professor.
Quando alguém diz que fulano tem o dom, pode até ser um elogio pelo fato de 
levar jeito, mas, dom não é suficiente, para ser professor precisamos ter as devidas 
fundamentações, aportes teóricos e práticos, responsabilidades, estratégias, dentre 
tantos outros fatores que implica o processo ensino e aprendizagem que é o centro 
do trabalho pedagógico do professor.
A prática profissional de professores não é uma mera atividade 
técnica, não se constitui como mero fazer resultante de habilidades 
técnicas, mas como atividade teórica e prática, uma atividade prática 
que é sempre teórica, pensada, e um movimento do pensamento, do 
que resulta uma prática pensada (LIBÂNEO, 2017, p. 30).
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Urban (2009) aponta que o trabalho do professor é uma constante ação, reflexão, 
reflexão e ação. Aliás, é assim que deve ser considerado, enquanto prática consciente, 
investigativa e com intencionalidade. 
A intencionalidade remete-se ao fato de objetivos, ações fundamentadas, ou seja, 
todas as minhas ações com os alunos possuem intenções, há propostas específicas. 
Desta maneira, há também um planejamento com as minhas possíveis ações, hipóteses 
e ponto de partida e chegada. Por este motivo, estando na educação o planejamento 
é tão relevante.
Ao modo que se põe como crítico e reflexivo, o professor consegue atuar de maneira 
ativa na sociedade, pois, por meio de um ensino contextualizado, está alinhando os 
seus objetivos educacionais com algo maior. Lembra que a gente estudou em aulas 
passadas que os contextos estão articulados? Desta forma, o professor não pode 
perder isso de vista. Na prática, como seria?
Seria estabelecer conexões entre os conteúdos escolares e a realidade dos alunos, 
bem como, com as situações na qual estão expostos, com os seus interesses também. 
Tornando assim, o ensino mais atrativo e menos burocrático. Além de dominar os 
conteúdos, o professor também necessita saber as estratégias para trabalhá-lo, estar 
ciente dos processos e recursos metodológicos para uma melhor partilha de seus 
conhecimentos (URBAN, 2009).
Há quem defenda que o professor está em constante formação, sendo sua prática 
uma formação continuada em serviço, isto porque, o ambiente real de sala de aula 
o expõe a diferentes situações e desta maneira ele está em constante reflexão. Faz 
sentido, não é? Nos apropriamos da teoria, fazemos nosso planejamento como professor, 
mas quando vamos para a sala de aula temos a realidade para encarar com novos 
elementos e situações adversas que nem sempre são passíveis de antecipação.
Aliás, para além da formação continuada em serviço, o professor também deve se 
manter em constante atualização, de modo a acompanhar o conhecimento e estar 
sempre atualizado.
Por isso, é necessário que a formação do professor seja continuada, 
começando nas instituições de formação inicial e se estendendo ao 
longo da vida profissional com práticas de atualização constante. 
Concomitante à formação inicial (formal), a formação contínua deve 
estender-se a escola (URBAN, 2009, p. 34). 
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Em poucos parágrafos, quantos elementos já foram evidenciados sobre o professor 
e sua função, não é mesmo? Realmente a sua prática é complexa e demanda uma 
série de fatores, sendo de extrema responsabilidade você ser o profissional com o 
intuito de educar. O trabalho pedagógico do professor é extenso e demanda todos os 
pontos já mencionados, além de outros que ainda vamos ponderar, e tantos outros 
que poderão surgir nas demandas práticas.
Desta maneira podemos afirmar que não é tarefa fácil delimitar o papel do professor, 
até porque ele também está vinculado ao que se espera no contexto social e econômico, 
porém, conforme mencionado anteriormente, vamos nos ater às peculiaridades gerais, 
necessárias a este profissional independente de sua formação, corrente teórica, dentre 
outros.
A autora supracitada faz uma fala relevante a este respeito, pontuando que ser um 
professor ideal ou possuir uma educação ideal não é tarefa fácil, justamente pois tais 
características são adaptáveis ao período histórico, à realidade da escola, ao tipo de 
ser humano que se deseja formar, dentre outros.
Desta forma, ainda que pareça algo simples o fato do professor ensinar, há uma 
série de elementos que estão por trás desse pressuposto. Para além dos motivos 
mencionados, há também o fatode que ensinar, neste caso, não refere-se a uma 
atividade técnica, sem significado, ou ação resultante de habilidades técnicas, mas 
sim como atividades teórica e prática, uma prática que é sempre teórica, pensada, e 
um movimento do pensamento, do que resulta uma prática pensada (LIBÂNEO, 2017).
Mas o que essa fala do autor significa? Que as ações do professor, que o seu fazer 
pedagógico, suas práticas, baseiam-se na teoria, pois devem ser fundamentadas e que 
os seus fundamentos, suas bases teóricas, também baseiam-se nas práticas, desta 
maneira é uma via de mão dupla e um trabalho polivalente que não desconsidera 
nenhuma nem outra vertente.
O trabalho do professor é apenas teórico? Não! É apenas prático? Também não! O 
trabalho do professor contempla a dupla: teórico e prático. 
Não se trata de tecnicismo, mas de relação entre a prática de ensino 
e o princípio teórico-científico que lhe dá suporte. A reflexão sobre a 
prática não resolve tudo, nem a experiência refletida. São necessárias 
estratégias, procedimentos, modos de fazer, com o suporte do 
conhecimento teórico, que ajudam a orientar com mais competência 
a aprendizagem dos alunos (LIBÂNEO, 2017, p.35).
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O autor supracitado faz um apontamento muito interessante relacionando o ser 
professor com as categorias que contemplam a didática. Ele aponta que os elementos 
constitutivos da didática são os mesmos que definem os conteúdos das práticas 
docentes, assim, ambos estão intimamente relacionados. Desta maneira, prevê quatro 
requisitos aos profissionais professores.
O primeiro requisito diz respeito ao domínio dos conteúdos da matéria, pois é através 
de tal domínio que o professor será capaz de organizar a sua disciplina de modo a 
favorecer os alunos. O segundo requisito refere-se a apropriação de metodologias de 
ensino, sendo elas que facilitarão o desenvolvimento de seu trabalho. O primeiro e o 
segundo requisitos são alinhados, pois a partir do momento em que você domina os 
conteúdos, automaticamente há questões metodológicas alinhadas àqueles conteúdos. 
Pensando na prática especificamente, cada conteúdo alinha-se a uma forma de 
trabalho, já parou para pensar? Se você for ensinar cálculos, por exemplo, deverá 
utilizar estratégias diferentes do professor que for ensinar história ou língua portuguesa, 
dentre outros. Por isso a premissa de que determinados conteúdos alinham mais ou 
menos a determinadas metodologias.
Por este motivo quando estamos no papel de aluno pode acontecer de muitas 
vezes não nos adequarmos na maneira que o professor rege suas aulas, mesmo que 
o conteúdo nos agrade, ou vice versa. Provavelmente você já ouviu alguém dizer: “eu 
gosto da matéria do fulano, mas não da maneira que ele dá aula” ou “eu não gosto 
da matéria do fulano, mas a maneira que ele dá aula me agrada”. 
Agora estando no papel do professor, é muito mais fácil entender o porquê optamos 
por determinada postura frente a determinados conteúdos e vice-versa. Daí também 
a relevância de, em alguns casos, situar os alunos sobre a sua forma de dar aula, 
por exemplo, explicar as atividades que serão feitas e os motivos que adequam-se ao 
conteúdo, trocar ideias no término, mensurar o que deu ou não certo.
Vale a pena situar, que aqui estamos partindo do pressuposto de que o professor 
possui autonomia em sala de aula, mas há casos, dependendo da instituição de ensino, 
que o professor deve seguir um roteiro previamente planejado pela escola, ou seja, já 
há metodologias próprios para determinados conteúdos e vice e versa.
Retomando os requisitos, o terceiro está alinhado aos alunos e suas demandas 
e características individuais. Ao modo que o professor as conhece, fica mais fácil 
trabalhar de modo com que atinjam as capacidades almejadas e necessárias. Aliás, 
conhecer o aluno é o pontapé inicial para os demais requisitos também, analise a 
seguinte fala do autor:
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O conhecimento dos alunos é necessário para análise dos conteúdos 
e organização do plano de ensino. É o momento em que o professor 
formula tarefas de aprendizagem com suficiente atrativo para canalizar 
os motivos dos alunos para o conteúdo. Esta é a maneira de ligar o 
conteúdo e o desenvolvimento da personalidade (LIBÂNEO, 2017, p.37).
Se o objetivo final da educação e do professor é a aprendizagem, diz respeito aos 
conhecimentos dos alunos, certo? Assim, eles são o pontapé inicial do processo e 
também o ponto de chegada. Já tinha parado para pensar nisso? Este é um conhecimento 
muito relevante e que você irá levar para a toda a sua formação! Lembre sempre disso!
Já o quarto requisito diz respeito ao conhecimento do professor acerca das práticas 
socioculturais e institucionais em que os alunos estão envolvidos, ou seja, o contexto 
e a forma que ele atua na motivação dos alunos. A este respeito:
Não basta obter o conhecimento teórico e os meios pedagógicos-
didáticos para melhorar e potencializar a aprendizagem dos alunos, é 
preciso considerar os contextos concretos em que se dá a formação. 
Não se pode separar as pessoas que atuam e o mundo social da sua 
atividade (LIBÂNEO, 2017, p.39).
Esta questão do contexto vai ao encontro do que mencionamos anteriormente da 
articulação entre contexto macro e micro, no que diz respeito à escola e ao meio em 
geral e também dos conteúdos em relação à realidade dos alunos. 
Quanto mais próximo de sua realidade, mais atrativo ele será. É mais fácil decorar 
a letra da música ou a matéria da escola? Geralmente é a letra da música e existe 
uma razão para tal e está associada com nossos interesses e gostos particulares. Já 
os conteúdos escolares chegam até nós de forma burocratizada e imposta, por isso 
a necessidade de torná-los mais leves e orgânicos aos alunos.
O quinto e último requisito diz respeito às convicções ético-políticas, que norteiam 
o papel educativo do professor, que dão a base para ela situar os alunos e inseri-los 
como sujeitos ativos sociais. Não se trata de conduzir os alunos por meio de suas 
aspirações, mas, orientá-los de maneira crítica sobre a realidade que estão inseridos 
e suas devidas possibilidades. 
4.3 Refletindo o fazer pedagógico
Neste momento vamos prosseguir com o conteúdo focando ainda mais o trabalho 
do professor, ou seja, o seu fazer pedagógico. 
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Para iniciar, vamos esclarecer: qualquer professor tem por ação o fazer pedagógico? A 
resposta é sim, pois o pedagógico no caso, não está relacionado ao curso de pedagogia, 
mas, a um fazer com fins educacionais, um fazer com intencionalidades, pretensões. 
Por este motivo falamos que o professor tem por especificidade da função o fazer 
pedagógico.
Libâneo (2017) aponta que o fazer pedagógico é dialético e dialógico, vamos entender 
a que se remetem?
O dialético está relacionado ao conjunto de ações e operações realizadas, já o 
dialógico remete-se à parte de comunicação entre os sujeitos. Lembrando que se 
estamos falando de dois pontos presentes no fazer pedagógico, estamos nos referindo 
às ações do professor e que articulam-se ao processo ensino e aprendizagem e a 
didática. 
Tanto a forma dialética quanto a dialógica são meios para aprender o mundo e 
conhecê-lo, ambos são instrumentos mediadores da realidade. Ou seja, eu como 
professor organizo o meu trabalho pedagógico de maneira dialógica, como uma via 
de mão dupla entre eu e os alunos, partindo de seus conhecimentos prévios junto ao 
conhecimento formal e de maneira articulada também opto por vivências dialéticas, 
ou seja, articulando os contextos, refletindo suas contradições, especificidades, dentre 
outros. 
Tais aspectos estão presentes em todos os fazeres pedagógicos, pois são gerais, 
certo? Independente do nível de ensino, conteúdo, objetivo, há o diálogo e também 
há um conjunto de ações específicas.

Mais conteúdos dessa disciplina