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Trabalho de Conclusão de curso FABIANA

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RELAÇÃO MICROBIOTA INTESTINAL COM ALERGIAS ALIMENTARES EM CRIANÇAS: UMA REVISÃO SISTEMÁTICA
Fabiana P. De Andrade Santos; Silvia Cristina S. Pereira
 Andreia Maria Liberalesso
Centro Universitário Leonardo da Vinci – UNIASSELVI Nutrição (FLC0321NRT) – TCC 13/05/2024
RESUMO
A microbiota intestinal é composta por toda população de microorganismos que habita o trato gastrointestinal, e exerce grande influência no desenvolvimento das alergias alimentaress e na modulação imunológica. Diante disso o presente estudo tem como objetivo investigar qual seria a relação da microbiota intestinal com o surgimento de alergias alimentares em crianças? Para isso foi realizado uma pesquisa de revisão sistemática, qualitativa e quantitativa, no site de busca google acadêmico. Como palavras chaves para a busca foram utilizados “microbiota intestinal, alergias alimentares” e o intervalo de tempo considerado foi de 2020 á 2024. Inicialmente a pesquisa resultou em 364 artigos, dos quais 10 foram selecionados e 5 constam presentes na revisão. Os estudos analisados mostram que a microbiota intestinal está diretamente relacionada ao desenvolvimento das alergias alimentares, pois alterações da microbiota promove um desequilíbrio bacteriano prejudicando o funcionamento do sistema imunológico, deixando assim a criança mais sucetível ao desenvolvimento de alergias alimentares, bem como demonstrou amplo beneficio na utilização de probióticos no equilibrio microbiano intesttinal.
Palavras-chave: Microbiota intestinal, alergias alimentares. 
1 INTRODUÇÃO
De acordo Lee et al. (2018), o termo microbiota é definido como o conjunto de microorganismos que residem no corpo humano, sendo eles bactérias, vírus, protistas, fungos ou archaeas. No caso da microbiota intestinal, é toda a população de microorganismos que habita o trato gastrointestinal, que tem como função a proteção contra patógenos entéricos, síntese de vitaminas, manter a integridade da mucosa, biodisponibilização de nutrientes, modulação imunológica e função neuromuscular. Segundo Solé et al. (2018), a formação da microbiota é influenciada através de fatores maternos, via de parto, aleitamento materno, fatores genéticos, fatores relacionados ao uso de antibióticos na infância, fatores geográficos e de higiene, e ocorre, principalmente, nos primeiros 1000 dias de vida.
 Segundo Souza et al. (2022) em condições saudáveis, existe um equilíbrio entre todos os microrganismos presentes no intestino, sendo que as bactérias benéficas se apresentam em maior quantidade (eubiose). Porém, pode ocorrer desequilíbrio da microbiota intestinal onde as bactérias maléficas e com potencial patogênico sobrepõe-se as benéficas gerando uma disbiose intestinal. A disbiose, que se caracteriza pelo aumento excessivo dessas bactérias patobiontes pode provocar aumento da permeabilidade intestinal, modificando uma das funções importantes da mucosa intestinal que é a atividade de barreira, fazendo com que moléculas tóxicas e microrganismos nocivos possam ter acesso a circulação sistêmica, causando o desequilíbrio e inflamação da microbiota, bem como afetando sua função. Essa modificação na sua composição e na sua função, amplia a suscetibilidade a várias patologias, como: doenças metabólicas, autoimunidade, doenças inflamatórias, doenças neurológicas e alergias alimentares. 
De acordo com Horvatich et al. (2018) as últimas décadas, observou-se um aumento de doenças alérgicas desencadeadas por alimentos em crianças e jovens, em cerca de 6 a 8% e das crianças com menos de 3 anos de idade 2 a 3%. A alergia é caracterizada quando compostos alimentares desencadeiam uma resposta caracterizada por uma reação exacerbada do sistema imunológico frente a exposição de uma proteína alimentar, na qual irão ser processados por células apresentadoras de antígeno, se reconhecida como um antígeno deve ser eliminada. Mais de 170 alimentos podem ser capazes de desencadear uma reação alérgica. Porém mais de 90% dos casos de alergia alimentar é causada por um grupo pequeno conhecido são eles: leite, ovo, amendoim, frutas de casca rígida, soja, trigo, peixe e crustáceos.
 A presente pesquisa tem como objetivo analisar na literetura científica os desequilíbrios da microbiota intestinal, bem como a influência no desenvolvimento de alergias alimentares em crianças, visando respoder ao questionamento: Qual seria a relação da microbiota intestinal com o surgimento de alergias alimentares em crianças? Para isso, se faz necessário descrever as causas e possíveis tratamentos de alergias alimentares originadas pelos distúrbios da disturbios da microbiota intestinal.
2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA
A microbiota intestinal de crianças lactentes é considerada “imatura” (INOUE et al. 2017), possui o principal período de formação desde antes do nascimento até os 3 anos (MCCOY & KÖLLER, 2015). Sua composição tem início durante a gestação, pois é possível identificar a presença de micro-organismos na placenta, nas membranas fetais, no líquido amniótico e no cordão umbilical (CHONG-NETO et. al. 2019). Após esse período, dá-se continuidade a formação da microbiota quando o recémnascido entra em contato com a microrganismos vaginais, fecais ou da pele da mãe, bem como com alguns micróbios do ambiente (CHONG-NETO et. al. 2019). 
O intestino a princípio é um local aeróbio, mas logo se torna anaeróbico, possibilitando assim, a vivência de organismos fundamentais ao ser humano (MCCOY & KÖLLER, 2015). A microbiota intestinal possui dois momentos de suma importância à sua composição (MCCOY & KÖLLER, 2015), o primeiro ocorre através do aleitamento materno, altos níveis de fatores imunológicos do leite humano (IgA, citocinas, oligossacarídeos) estão associados à redução do risco de alergia alimentar em bebês (PANNARAJ et. al. 2017) (JÄRVINEN et. al., 2019) (BENEDÉ et. al. 2016), o que ocasiona um predomínio da bactéria Bifidobacterium. Já o segundo acontece quando a criança começa a comer alimentos sólidos, isso acarreta um maior desenvolvimento da microbiota, o que a torna mais semelhante à flora intestinal de um adulto, nessa fase ocorre a predominância de organismos do tipo Bacteroides e Firmicutes que compreendem os gêneros Clostridium, Faecalibacterium, Blautia, Ruminococcus e Lactobacillus (MCCOY & KÖLLER, 2015). Então, após os 3 anos de idade, a microbiota atinge um equilíbrio simbiótico (CHONG-NETO et. al. 2019).
 De acordo com Almeida et al. (2008) a exposição aos microrganismos oriundos da mãe e do meio ambiente inicia o desenvolvimento lento e gradual de uma microbiota densa, amplamente diversa e relativamente estável ao longo da vida, sendo esta influenciada por diversos fatores, como o parto normal ou cesariana. Em contrapartida, nestas circunstâncias, as bactérias são adquiridas a partir do meio ambiente. Outros fatores que podem ser citados são a presença de diferentes recém- nascidos nas maternidades, o isolamento em incubadora e a amamentação no seio ou por fórmula, já que o colostro e o leite humano têm uma carga microbiana secundária variável, originada do mamilo, ductos lactíferos, pele circundante e mãos, Almeida et al. (2008). 
Sabe-se que as alergias alimentares estão ligadas a questões da resposta imunológica do nosso organismo. Sendo assim, a tolerância imunológica é o estado da ausência de resposta do sistema imunológico a substâncias ou tecidos que têm o potencial de instigar uma resposta imune. A tolerância é obtida através de mecanismos de tolerância central e de tolerância periférica. Os mecanismos exatos envoltos no desenvolvimento da tolerância imunológica não foram totalmente definidos, se fazendo importante um estudo que busque melhor compreender esses mecanismos. Evidências atuais apontam que a microbiota intestinal e seus metabólitos, principalmente ácidos graxos de cadeia curta (AGCC), juntamente com a exposição a fatores dietéticos no início da vida, influenciam criticamente o estabelecimento da tolerância imunológica aos antígenos alimentares (AIOTORO et al., 2017).A alergia alimentar é determinada por uma reação adversa excessiva à um determinado alimento, dependente de mecanismos imunológicos, podendo ser ou não mediadas por anticorpos IgE ou mistas. Quando mediadas por IgE, há uma sensibilização a alérgenos alimentares que faz com que seja produzidos anticorpos da classe IgE, que a partir de então se fixam a receptores de células de defesas. A partir da sensibilização, caso haja um contato subsequente com o mesmo alérgeno, a reação será rápida, isso porque as células de defesa da classe IgE determinam uma liberação de mediadores de forma mais rápida. As reações mistas, são aquelas mediadas tanto por IgE como por células, sendo tais os linfócitos T e as citocinas próinflamatórias. No caso das reações não mediadas por IgE, são aquelas mediadas apenas por células, sendo elas as reações citotóxicas e reações por imunocomplexos, que, por não serem mediadas por anticorpos específicos IgE, ocorrem de maneira mais tardia (SOLÉ et. al. 2018). 
Na prática, as alergias se manifestam por meio de diferentes condições clínicas, a exemplo de rinite alérgica, asma, angioedema, conjuntivite alérgica, dermatite atópica, alergia alimentar e anafilaxia (AKDIS; AGACHE, 2014; COICO; SUNSHINE, 2015). 
A microbiota intestinal está diretamente relacionada ao sistema imunológico, sendo que o mau funcionamento de um é seguido pelo desequilíbrio do outro (PRINCE et. al. 2015). Os micróbios intestinais ao compensar as células Th2, geram um efeito anti-inflamatório em relação às alergias (TSABOURI et. al. 2013). Além disso, a desregulação da microbiota gera uma elevação de anticorpos IgE, que exacerba reações alérgicas (MCCOY & KÖLLER, 2015). Mesmo após a microbiota já ter alcançado seu equilíbrio funcional, ela ainda é suscetível a mudanças devido ao meio, como por motivos de dietas e uso de antibióticos (MCCOY & KÖLLER, 2015) (MUIR et al. 2016). Dessa forma, a construção de uma microbiota intestinal diversificada e funcional corrobora para um sistema imunológico mais resistente e dessa forma pode desenvolver uma maior tolerância às alergias alimentares (MARRS & SIM, 2018).
 Já segundo Lopes e Sicherer (2020) com estudos mais atuais, a alergia alimentar é um distúrbio comum e com prevalência bastante crescente nas últimas décadas com ênfase particular nos novos desenvolvimentos em prevenção e tratamento que substituem a prevenção tradicionalmente recomendada de alérgenos e gerenciamento de reações alérgicas após exposição acidental, como também houve um rápido acréscimo de conhecimento sobre a epidemiologia, curso natural, patogênese, diagnóstico e manejo/tratamento da alergia alimentar. 
A disbiose é caracterizada por um desequilíbrio da microbiota intestinal, onde há uma prevalência das más bactérias em relação as bactérias benéficas. A ingestão de bactérias saudáveis, chamadas de probióticos contribuem para restabelecer o equilíbrio intestinal, a integridade da mucosa e consequentemente o equilíbrio das funções do organismo (CARREIRO, 2012). Estudos indicam que crianças portadoras de doenças alergênicas possuem maior quantidade de Clostridium e uma redução de Bifidobactéricas (ÖZDEMIR, 2010), fato que pode estar relacionado com a industrialização nos países, onde a interacão normal entre o sistema imunológico da mucosa e os agentes microbianos podem estar comprometidos nos recém nascidos, principalmente em lactentes amamentados por mamadeira (FERREIRA; SEIDMAN, 2007). 
3 METODOLOGIA (MATERIAL E MÉTODOS)
Esta pesquisa se trata de uma revisão do tipo sistemática qualitativa e quantitativa; Sendo que uma revisão sistemática, é uma modalidade de pesquisa, que segue protocolos específicos, e que busca entender e dar alguma logicidade a um grande corpus documental, especialmente, verificando o que funciona e o que não funciona num dado contexto, (GALVÃO 2019, pg 57). Considerando que a abordagem qualitativa, enquanto exercício de pesquisa, não se apresenta como uma proposta rigidamente estruturada, ela permite que a imaginação e a criatividade levem os investigadores a propor trabalhos que explorem novos enfoques, (GODOY 1995, pg 23). Segundo BAZZANELLA, et al. 2013, há uma relação dinâmica entre o mundo real e o sujeito, isto é, um vínculo indissociável entre o mundo objetivo e a subjetividade do sujeito que não pode ser traduzido em números. E quantitativa pois é focada na mensuração de fenômenos, envolvendo a coleta e análise de dados numéricos e aplicação de testes estatísticos.
Foram selecionados para a pesquisa, artigos datados entre 2020 a 2024. Como palavras chave para a busca dos artigos foram utilizadas "Microbiota intestinal, Alergias alimentares", no site de busca Google acadêmico. Como critérios de inclusão foram considerados: artigos que disponibilizavam leitura gratuita, estudos de caso clinico e artigos de revisão da literatura. E como criterios de exclusão foram considerados estudos que não continham visualização gratuita, estudos publicados em livros, artigos em inglês e incompletos. Nos estudos pesquisados foram considerados os artigos que continham informações acerca do tema proposto. 
Para evitar vieses na pesquisa foi utilizado como norte para a pesquisa a declaração PRISMA, tanto para nortear a pesquisa como para demonstrar os achados.
4 RESULTADOS E DISCUSSÃO
Na presente pesquisa foi encontrado 364 artigos, dos quais 10 foram considerados após a aplicação dos critérios de inclusão e exclusão. Na figura 1 demonstra-se de forma mais detalhada as etapas de seleção.
Figura 1- Etapas da seleção das publicações
Identificação dos estudos através de bases de dados e registos
Registros removidos antes da triagem:
Registros duplicados removidos:0
Registros marcados como não elegíveis pelas ferramentas de automação: 349
Registros identificados de:
Bases de dados: Google académico
Registros:364
Identificação
Registros triados:10
Registros excluídos:5
Denúncias procuradas para recuperação:0
Relatórios não recuperados:0
Peneiramento
Relatórios avaliados quanto à elegibilidade: 5
Relatórios excluídos:
Razão 1: incompleto
Razão 2: fugiu do tema
Razão 3: artigo inglês
Estudos incluídos na revisão:5
Relatos dos estudos incluídos:5
Incluso
Fonte: Declaração Prisma adaptada 2024
Durante a revisão realizada pode se constatar que a microbiota intestinal está diretamente relacionada com as alergias alimentares e o sistema imunológico, sendo que o mau funcionamento de um é seguido pelo desequilíbrio do outro, desta forma o desequilíbrio da microbiota pode levar ao desenvolvimento das alergias alimentares, conforme os principais resultados expostos no quadro 1.
	Autores
	Título
	Objetivo geral do estudo
	Resultados
	Carneiro et al. 2021
	A suplementação com probióticos é eficaz no tratamento de alergia alimentar em crianças?
	Avaliar a eficácia da suplementação com probióticos no tratamento de alergias alimentares em crianças, bem como cepa mais adequada, dose e efeitos adversos.
	É necessário mais ensaios clínicos, estudo de doses eficaz em diferentes idades, além de mais estudos comparativos entre mistura de cepas e LGG.
	Pilger et al. 2024
	Efeito da exposição precoce a proteína do leite de vaca na ocorrência de doenças alérgicas
	Investigar aspectos clínicos, desencadeadores e abordagens de prevenção relacionados á essa condição.
	Além de excluir alimentos desencadeantes, também incluir a avaliação nutricional e o monitoramento constante dos pacientes, para prevenir complicações, também é importante a identificação precoce dos sintomas, e a necessidade de um manejo cuidadoso e personalizado para cada paciente. 
	Reis. M.P; Martins, K. A. 2024
	Alergias alimentares e consumo de alimentos ultraprocessados
	Identificar estudos que confirme ou não á associação entre alergias alimentares e o consumo de ultraprocessados.
	Apesar de ter associações de AA e o consumo de AUP, considera-se a importância da realização de perquisas mais aprofundadas sobre o tema, além de reforçar a relevância das práticas alimentares educacionais, com ênfase nas açõesde EAN para pessoas que não tem acesso a informações básicas.
	Bentes, A. L. G. M. 2022
	Microbiota e alergia alimentar, um paradoxo?
	Realizar uma revisão sistemática da literatura científica, para analizarmos a relação entre disbiose intestinal, inflamação intestinal e alergia alimentar.
	Estudos nos mostram que é possivel a utilização de cepas probióticas para a prevenção e tratamento da disbiose intestinal e desta forma, podem prevenir e minimizar, respectivamente os “gatilhos” das alergias alimentares.
	Andrade, M. E. G. Siqueira, C. G 2024
	A microbiota intestinal, doenças associadas e os possiveis tratamentos.
	A descrição das funções da microbiota intestinal, conjunto dos microorganismos existentes do intestino humano, a qual é uma das maiores em diversidade, número e funções desempenhadas, abordando também as doenças associadas as disfunções da microbiota e as formas de tratamento.
	A microbiota intestinal atua, de forma fundamental, na conservação da homeostase do intestino, com participação do sistema imunológico do hospedeiro, e evolui com seus hospedeiros, influenciando o metabolismo, a fisiologia e o desenvolvimento do sistema imunológico, enquanto a perturbação da comunidade microbiana pode resultar em doenças crônicas.
De acordo com Andrade et al (2024), a microbiota intestinal atua, de forma fundamental, na conservação da homeostase do intestino, com participação do sistema imunológico, influenciando o metabolismo, a fisiologia e o desenvolvimento do sistema imunológico, enquanto a perturbação da comunidade microbiana pode resultar em doenças crônicas. Por outro lado, o desequilíbrio da microbiota intestinal causa disbiose, que gera efeitos negativos para a saúde e, consequentemente, interfere no surgimento e gravidade de doenças. Uma microbiota regulada consegue impedir o crescimento de agentes infecciosos e patógenos que por sua vez reduz a tendência ao desenvolvimento de enfermidades, funcionando como barreira imunológica, ampliando a resposta imune.
Segundo Bentes (2022), a alimentação é um fator modulador direto da microbiota gastrointestinal, gerando modificações em reações fisiológicas no ambiente intestinal. As interações entre a microbiota, substâncias químicas e substratos fermentativos são altamente influenciados pelo tipo de dietado hospedeiro, sendo assim, modificações do padrão alimentar pode ser uma abordagem terapêutica para modular distúrbios gastrintestinais bem como alergias alimentares, neste sentido, a suplementação de probióticos, pode ser benéfica para o reestabelecimento do equilíbrio da microbiota intestinal e prevenção de possíveis desarmonias do trato digestório.
De acordo com Santos e Ricce (2016), o equilíbrio e modulação da microbiota intestinal pode ser feita por uma suplementação da dieta com probióticos e prebióticos. Os probióticos são definidos como suplementos alimentares a base de microrganismos vivos e viáveis, definidos em número suficiente para alterar a microbiota, gerando equilíbrio da microbiota intestinal dos indivíduos que os consomem. Os prebióticos são parte de ingredientes alimentares que não são digeridas, servindo, assim, para estimular o crescimento e melhorar a função de microorganismos presentes no intestino e que são benéficos pra saúde do hospedeiro. Consumir esse tipo de alimento se torna importante, pois eles contribuem pro equilíbrio da microbiota intestinal, melhorando o seu metabolismo, da mesma maneira que acometem positivamente o sistema imunológico intestinal. 
De acordo com Carneiro et al, (2021), os probióticos podem ser capazes de proteger os lactentes do desenvolvimento de doenças alérgicas, no entanto os efeitos benéficos dos probióticos dependem de fatores como o tipo de microorganismo, dosagem, idade e dieta do hospedeiro, entre outros. A cepa mais utilizada na prevenção da alergia alimentar é o Lactobacillus rhammosus GG (LGG), por ser uma cepa segura á crianças de baixa idade, a suplementação de Lactobacillus rhamnosas GG (LGG) protege o intestino contra a colonização de patógenos e promove a predominância de Th1 do sistema imunológico, a sua administração perinatal tarabem é capaz de reduzir a incidência de eczema de crianças em situações de riscos para reações alérgicas.
5 CONCLUSÃO
Conclui-se que a microbiota intestinal está diretamente relacionada ao desenvolvimento das alergias alimentares, pois alterações da microbiota promovem um desequilíbrio bacteriano prejudicando o funcionamento do sistema imunológico, deixando assim a criança mais sucetível ao desenvolvimento de alergias alimentares, uma microbiota equilibrada consegue impedir o crescimento de agentes infecciosos e reduz a tendencia ao desenvolvimento de enfermidades, atuando como barreira imunológica e ampliando a resposta imune.
O único tratamento comprovado para a alergia alimentar é a eliminação do antígeno agressor da dieta, no entanto, é evidente que o desenvolvimento da microbiota intestinal exerce influência na maturação do sistema imunológico e aquisição de tolerância, estando a microbiota intestinal envolvida nos mecanismos das reações alérgicas. Em vista disso vem se utilizando a suplementação de bactérias probióticas como novas estratégias para prevenir e tratar a alergia alimentar.
Sugere-se que outros estudos sejam feitos com o objetivo de investigar e descobrir maneiras de prevenir os desequilíbrios da microbiota intestinal e promover a eubiose intestinal, bem como novos estudos trarão melhor entendimento das cepas probióticas mais eficases em cada situação.
REFERÊNCIAS
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