Buscar

Prevalência da Síndrome de Burnout

Prévia do material em texto

1 Contribuciones a Las Ciencias Sociales, São José dos Pinhais, v.17, n.6, p. 01-11, 2024 
 
 jan. 2021 
Estudo da prevalência da Síndrome de Burnout em profissionais da saúde 
 
Study of the prevalence of Burnout Syndrome in health professionals 
 
Estudio de la prevalencia del Síndrome de Burnout en profesionales 
sanitários 
 
DOI: 10.55905/revconv.17n.6-260 
 
Originals received: 05/17/2024 
Acceptance for publication: 06/07/2024 
 
Júlia Antoniazzi Andreoli 
Graduanda em Medicina 
Instituição: Universidade Brasil 
Endereço: Fernandópolis – São Paulo, Brasil 
E-mail: juaa30@gmail.com 
Orcid: https://orcid.org/0000-0001-6366-8858 
 
Amanda Pompeu Arja 
Graduanda em Medicina 
Instituição: Universidade Brasil 
Endereço: Fernandópolis – São Paulo, Brasil 
E-mail: amandapompeua@hotmail.com 
Orcid: https://orcid.org/0000-0001-9652-3268 
 
Nara Moraes Guimarães 
Graduanda em Medicina 
Instituição: Universidade Brasil 
Endereço: Fernandópolis – São Paulo, Brasil 
E-mail: naramoraesgui@hotmail.com 
Orcid: https://orcid.org/0000-0002-9129-3085 
 
Júlia França Guimarães Cortes 
Graduanda em Medicina 
Instituição: Universidade Brasil 
Endereço: Fernandópolis – São Paulo, Brasil 
E-mail: juju.guima@hotmail.com 
Orcid: https://orcid.org/0000-0003-4689-7119 
 
Júlia Silva Pereira 
Graduanda em Medicina 
Instituição: Universidade Brasil 
Endereço: Fernandópolis – São Paulo, Brasil 
E-mail: juliap7x@hotmail.com 
Orcid: https://orcid.org/0000-0002-2278-8359 
 
 
2 Contribuciones a Las Ciencias Sociales, São José dos Pinhais, v.17, n.6, p. 01-11, 2024 
 
 jan. 2021 
Barbara Santarém Soares 
Graduanda em Medicina 
Instituição: Universidade Brasil 
Endereço: Fernandópolis – São Paulo, Brasil 
E-mail: babinhasaso@outlook.com 
Orcid: https://orcid.org/0000-0003-2983-4423 
 
Leonice Domingos dos Santos Cintra Lima 
Doutora em Serviço Social 
Instituição: Universidade Brasil 
Endereço: Fernandópolis – São Paulo, Brasil 
E-mail: leonice.lima@ub.edu.br 
Orcid: https://orcid.org/0000-0001-9647-6473 
 
Danila Fernanda Rodrigues Frias 
Doutora em Medicina Veterinária 
Instituição: Universidade Brasil 
Endereço: Fernandópolis – São Paulo, Brasil 
E-mail: danila.frias@ub.edu.br 
Orcid: http://orcid.org/0000-0001-8621-3338 
 
RESUMO 
Devido às consequências da síndrome na qualidade vida, e desempenho dos profissionais da área 
de saúde, este estudo teve como objetivo investigar a prevalência da Síndrome de Burnout em 
profissionais atuantes na área de saúde. O estudo caracterizou-se por ser uma pesquisa 
quantitativa, descritiva e exploratória, de uma população amostral composta por profissionais da 
área da saúde residentes no Brasil. Foi utilizado um instrumento de coleta de dados de 
autopreenchimento, a Escala preliminar de Identificação da Síndrome de Burnout, que foi 
disponibilizado por plataforma on line. Após o período de aplicação dos questionários, os dados 
obtidos foram tabulados e analisados por meio de estatística descritiva simples. Participaram da 
pesquisa 172 profissionais da saúde e destacou-se mulheres com faixa etária de 18 a 25 anos, da 
raça branca e com renda não declarada. Os profissionais do sexo feminino foram mais afetados 
pela síndrome de Bournot, pois a maioria relatou sentir-se exaustas, ansiosas e pouco valorizadas 
pelo trabalho que realizam diariamente. Dentre os participantes, 18,6% não possuíam indício da 
Burnout. Dos 48,8% que possuem possibilidade de desenvolver Burnout, 45% possuíam renda 
de até 5 salários-mínimos e 70% idade acima de 35 anos. Esta Pesquisa permitiu concluir que 
profissionais do sexo feminino são mais afetadas pela síndrome de Bournot, e profissionais da 
saúde acima de 35 anos apresentaram alta incidência de risco de desenvolvimento da síndrome. 
Vale ressaltar que é extremamente importante criar um ambiente favorável à construção de 
relações positivas de trabalho, baseadas na confiança e no respeito mútuos, a fim de diminuir as 
síndromes psicológicas prejudiciais entre os profissionais da saúde. 
 
Palavras-chave: esgotamento profissional, estresse ocupacional, qualidade de vida, promoção 
da saúde 
 
 
3 Contribuciones a Las Ciencias Sociales, São José dos Pinhais, v.17, n.6, p. 01-11, 2024 
 
 jan. 2021 
ABSTRACT 
In view of the consequences of the syndrome on the quality of life and performance of health 
professionals, this study examined the prevalence of Burnout Syndrome among professionals 
working in the health area. The study was characterized by being a quantitative, descriptive, and 
exploratory investigation, with a sample population composed of health professionals residing in 
Brazil. A self-completed data collection instrument—the Preliminary Burnout Syndrome 
Identification Scale, made available on an online platform—was employed. After the period of 
application of the questionnaires, the obtained data were tabulated and analyzed through 
descriptive statistics. A total of 172 health professionals participated in the survey, the majority 
of whom were white women aged 18 to 25 years with income undeclared. Female professionals 
were more affected by Burnout syndrome, as most reported feeling exhausted, anxious, and 
undervalued for the work they perform on a daily basis. Among the participants, 18.6% had no 
evidence of Burnout. Of the 48.8% who show the possibility of developing Burnout, 45% had an 
income of up to five minimum wages and 70% were over 35 years old. This survey indicated that 
female professionals are more affected by Burnout Syndrome, and health professionals over 35 
years of age have a high incidence of risk of developing it. It is worth mentioning that it is 
extremely important to create a favorable environment for building positive working 
relationships, based on mutual trust and respect, to reduce harmful psychological syndromes 
among health professionals. 
 
Keywords: health promotion, job burnout, quality of life, occupational stress. 
 
RESUMEN 
Debido a las consecuencias del síndrome sobre la calidad de vida y el desempeño de los 
profesionales de la salud, este estudio tuvo como objetivo investigar la prevalencia del Síndrome 
de Burnout en profesionales que actúan en el sector de la salud. El estudio se caracterizó por ser 
una investigación cuantitativa, descriptiva y exploratoria, de una población muestra compuesta 
por profesionales de la salud residentes en Brasil. Se utilizó un instrumento de recolección de 
datos autocomplementado, la Escala preliminar de Identificación del Síndrome de Burnout, que 
estuvo disponible a través de una plataforma en línea. Luego del período de aplicación de los 
cuestionarios, los datos obtenidos fueron tabulados y analizados mediante estadística descriptiva 
simple. En la investigación participaron 172 profesionales de la salud y se destacaron mujeres de 
entre 18 y 25 años, blancas y con ingresos no declarados. Las profesionales femeninas fueron las 
más afectadas por el síndrome de Bournot, ya que la mayoría informó sentirse agotada, ansiosa 
e infravalorada por el trabajo que realiza a diario. Entre los participantes, el 18,6% no presentaba 
signos de Burnout. Del 48,8% que son propensos a desarrollar Burnout, el 45% tenía ingresos de 
hasta 5 salarios mínimos y el 70% tenía más de 35 años. Esta investigación permitió concluir que 
las profesionales femeninas son más afectadas por el síndrome de Bournot, y los profesionales 
de la salud mayores de 35 años tuvieron una alta incidencia de riesgo de desarrollar el síndrome. 
Vale destacar que es de suma importancia crear un ambiente propicio para la construcción de 
relaciones laborales positivas, basadas en la confianza y el respeto mutuo, con el fin de reducir 
síndromes psicológicos dañinos entre los profesionales de la salud. 
 
Palabras clave: agotamiento profesional, calidad de vida, estrés laboral, promoción de la salud. 
 
4 Contribuciones a Las Ciencias Sociales,São José dos Pinhais, v.17, n.6, p. 01-11, 2024 
 
 jan. 2021 
1 INTRODUÇÃO 
 
A pandemia provocada pelo Sars-Cov-2 promoveu desafios únicos para os profissionais 
da saúde todo o mundo. Enquanto a maioria dos trabalhadores foram orientados a executar suas 
funções em casa, como medida protetiva para ajudar a diminuir a transmissão da doença, os 
profissionais da área da saúde foram convocados a permanecer na linha de frente, muitas vezes, 
trabalhando longas jornadas para mesmo com recursos limitados em relação a estrutura, 
equipamentos de proteção individual e treinamento (Fernandes; Pereira, 2020; Peci, 2020; Silva 
et al., 2020). 
Neste sentido, os profissionais da saúde não apenas se expõem ao risco de contrair o vírus, 
mas também enfrentam situações muitas vezes estressantes que podem desencadear uma 
condição psiquiátrica, em que o indivíduo se sente psicologicamente exausto e desinteressado 
em relação a seu trabalho, condição esta que pode desencadear a ocorrência de uma doença 
ocupacional conhecida como Síndrome de Burnout (Halbesleben; Buckley, 2004). 
A Síndrome de Burnout ou " Esgotamento Profissional" caracteriza-se pela exaustão 
emocional, baixa realização profissional que pode acometer trabalhadores cuja função requer 
contato direto com o público, incluindo os profissionais da área da saúde (Tironi et al., 2009). 
Esta síndrome ocorre devido a um processo gradual de desgaste no humor e 
desmotivação, aliado a alterações físicas e psíquicas. Para o trabalhador, as atividades laborais 
não têm mais importância, não vendo sentido em executá-las. Ela é caracterizada por três 
dimensões sintomatológicas: a exaustão emocional, despersonalização e falta de envolvimento 
no trabalho (Murofuse, Abranches, Napole, 2005). 
Em profissionais que desempenham alta demanda de trabalho, sobrecarga, dupla jornada, 
precariedade de materiais, riscos ocupacionais e relações interpessoais conflituosas, o risco de 
desenvolvimento da Síndrome de Burnout é mais acentuado, pois a exposição diária a estes 
fatores estressantes pode provocar esgotamento físico e mental, o que prejudica a qualidade de 
vida e a interação com suas funções e com seu ambiente de trabalho (Benevides-Pereira, 2002; 
Pereira, Miranda, Passos, 2009). 
Mundialmente, esta condição é considerada como um dos grandes problemas 
psicossociais que afetam o bem-estar de profissionais de diversas áreas, principalmente daquelas 
que envolvem cuidados com saúde, educação e serviços humanos, o que promove uma 
 
5 Contribuciones a Las Ciencias Sociales, São José dos Pinhais, v.17, n.6, p. 01-11, 2024 
 
 jan. 2021 
importante questão ocupacional e social (Sousa, Mendonça, 2009; Costa et al., 2012). Portanto, 
devido às consequências da síndrome na qualidade vida, e desempenho dos profissionais da área 
de saúde, este estudo tem como objetivo investigar a prevalência da Síndrome de Burnout em 
profissionais atuantes na área de saúde. 
 
2 METODOLOGIA 
 
O estudo caracteriza-se por ser uma pesquisa quantitativa, descritiva e exploratória, de 
uma população amostral composta por 172 profissionais da área da saúde residentes no Brasil. 
Foi utilizado um instrumento de coleta de dados de autopreenchimento: a Escala 
preliminar de Identificação da Síndrome de Burnout. Esta escala foi elaborada e adaptada por 
Chafic Jbeili, inspirado no Maslach Burnout Inventory – MBI (Silva Junior, 2014). 
Esta escala possui o mesmo objetivo do instrumento original, mas com menos itens o que 
facilita o processamento dos dados. A escala possui 20 itens e deve ser preenchida com a escala 
de Likert 1 a 5, sendo o (1 correspondente ao “nunca” e o 5 ao “frequentemente”). Os resultados 
apresentados por meio da somatória dos pontos revelam a faixa de risco/vulnerabilidade do 
entrevistado, e fornece interpretações sobre as diversas percepções sobre a Síndrome de Burnout 
(Tamayo; Tróccoli, 2009). 
Para a avaliação da Síndrome de Burnout utilizou-se um questionário dividido em 20 
questões, subdividido em quatro dimensões: ilusão pelo trabalho (5 questões), desgaste psíquico 
(4 questões), indolência (6 questões) e culpa (5 questões) (Gil-Monte, Carlotto, Camar, 2010). 
Este instrumento de pesquisa foi disponibilizado por plataforma on line, e o recrutamento 
dos profissionais da área de saúde ocorreu por redes sociais e WhatsApp, divulgados pelos 
pesquisadores, durante o período de 15 de agosto a 30 de junho de 2022. Após aceite do termo 
de consentimento livre e esclarecido, o questionário foi liberado ao participante. Caso o 
participante clique na palavra NÃO ACEITO, o questionário será encerrado. 
Em caso de aceite, a primeira questão é de preenchimento obrigatório, e questiona se o 
participante atua em alguma profissão da área da saúde. Caso o participante assinale a alternativa 
NÃO, o questionário é encerrado, e se assinalar SIM, a próxima questão é liberada e de 
preenchimento obrigatório, pois trata-se da idade do participante. Caso o participante assinale a 
alternativa MENOR DE 18 ANOS, o questionário é encerrado, e se assinalar outras idades, as 
 
6 Contribuciones a Las Ciencias Sociales, São José dos Pinhais, v.17, n.6, p. 01-11, 2024 
 
 jan. 2021 
questões são liberadas para preenchimento, e nenhuma é obrigatória. 
Após o período de aplicação dos questionários, os dados obtidos foram tabulados em 
planilhas do software Microsoft Office Excel® e analisados por meio de estatística descritiva 
simples. Os resultados serão apresentados no formato de tabelas e gráficos. 
Para analisar nossos resultados utilizamos o Questionário Preliminar de Identificação da 
Síndrome de Burnout elaborado e adaptado por Chafic Jbeili, inspirado no Maslach BURNOUT 
Inventory – MBI que é categorizado em cinco variáveis, escores de classificação: 
1. 0 a 20 pontos: Nenhum indício da Síndrome de Burnout; 
2. 21 a 40 pontos: Possibilidade de desenvolver Síndrome de Burnout; 
3. 41 a 60 pontos: Fase inicial do Síndrome de Burnout (procure ajuda profissional); 
4. 61 a 80 pontos: A Síndrome de Burnout começa a se instalar. Procure ajuda profissional 
para prevenir o agravamento dos sintomas; 
5. 81 a 100 pontos: Você pode estar em uma fase considerável da Síndrome de Burnout, 
mas esse quadro é perfeitamente reversível. Procure o profissional competente e inicie o quanto 
antes o tratamento. É preciso ressaltar que o instrumento utilizado tem caráter informativo e não 
deve substituir o diagnóstico de um psicoterapeuta ou médico(Silva Junior, 2014). 
A pesquisa foi realizada após aprovação do projeto pelo comitê de ética em pesquisa 
(CEP) da Universidade Brasil com o parecer nº 4.814.790. 
 
3 RESULTADOS E DISCUSSÕES 
 
Participaram da pesquisa 172 profissionais da saúde entre eles, médicos, enfermeiros, 
odontólogos, médicos veterinários e estudantes de medicina. 
O perfil dos participantes está descrito na Tabela 1. 
 
Tabela 1. Perfil dos participantes da pesquisa 
Faixa etária Sexo Raça Renda mensal 
18 a 25 anos – 39,5% Feminino– 67,5% Branca – 83,7% Menos de 1 salário-mínimo – 4,6% 
26 a 35 anos – 20,9% Masculino–32,5% Amarela – 2,4% 1 a 2 salários-mínimos – 11,6% 
36 a 45 anos – 16,3% Parda – 13,9% 3 a 5 salários-mínimos – 13,9% 
46 a 59 anos – 20,9% 5 a 10 salários-mínimos – 23,2% 
60 anos acima – 2,4% Acima 10 salários-mínimos – 13,9% 
 Prefiro não declarar – 32,8% 
Fonte: Autoria Própria 
 
 
7 Contribuciones a Las Ciencias Sociales, São José dos Pinhais, v.17, n.6, p. 01-11, 2024 
 
 jan. 2021 
Destacou-se como participantes desta pesquisa mulheres com faixa etária de 18 a 25 anos, 
da raça branca e com renda não declarada. 
Nota-se que os profissionais do sexo feminino foram mais afetados pela síndrome de 
Burnout,pois a maioria relatou sentir-se exaustas, ansiosas e pouco valorizadas pelo trabalho que 
realizam diariamente. 
Este resultado confirma dados de estudos de gênero que tratam da condição da mulher na 
sociedade contemporânea. A sobrecarga de trabalho que mulheres acumulam cotidianamente que 
segundo Gama (2014) junto “com as responsabilidades familiares que, por sua vez, as afetam, 
condicionam e limitam suas trajetórias ocupacionais, sobretudo para as mulheres de domicílios 
mais pobres”, também podem levá-las, em situação normais a níveis de estresse e cansaço físico 
e esgotamento mental. 
Em circunstâncias atípicas como a ocorrida nos últimos 02 anos em função da pandemia 
de COVID-19, com maior a exposição pessoal e dos membros da família a situações de pressão 
do mercado de trabalho, de vulnerabilidade social e econômica, exposição ao vírus e a fatores de 
violência doméstica; sobrecarga de trabalho e acúmulo de tarefas, corroboram com os dados 
revelados na pesquisa onde as mulheres como mais suscetíveis ao acometimento da Síndrome de 
Burnout. 
Já os homens também relatam sentir os sintomas, porém em frequência menor, a maioria 
dos homens referem sentir-se esgotados profissionalmente pelo menos uma vez na semana. 
A pesquisa comprova os estudos que demonstram que historicamente os homens estão 
menos afetos, ou observam ou ainda desqualificam as doenças que tem origem em fatores 
emocionais. Este fato pode encontrar assento no entendimento machista que associa a emoção e 
suas manifestações à figura feminina como revela o estudo realizado por Vieira et al (2013) [...] 
os homens percebem as Unidades Básicas de Saúde (UBS) como espaços feminilizados, 
frequentados basicamente por mulheres, com equipes compostas fundamentalmente por 
profissionais do sexo feminino[...] no mesmo estudo a autora apresenta a resistência a busca por 
atenção a saúde ainda se assenta na demora no atendimento e em “[...] estereótipos de gênero que 
dificultam o autocuidado, além de não se reconhecerem alvo do atendimento [...]. 
É certo que muito se tem avançado neste aspecto em relação a sensibilidade e às emoções 
masculinas, porém também é fato que doenças que tem origem em questões ligadas ao sentir e 
 
8 Contribuciones a Las Ciencias Sociales, São José dos Pinhais, v.17, n.6, p. 01-11, 2024 
 
 jan. 2021 
que resultam de sofrimentos emocionais ou psíquicos, como o caso da Síndrome de Burnout 
ainda são encaradas sob forte preconceito masculino. 
Avaliando a pontuação de cada participante de acordo com o escore de pontuação, os 
dados estão descritos na Tabela 2. 
 
Tabela 2. Escore de pontuação dos participantes da pesquisa 
Escore Classificação % participantes 
0 a 20 pontos Nenhum indício da Síndrome de Burnout 18,6% 
21 a 40 pontos Possibilidade de desenvolver Síndrome de Burnout 48,8% 
41 a 60 pontos Fase inicial do Síndrome de Burnout (procure ajuda profissional) 30,2% 
61 a 80 pontos A Síndrome de Burnout começa a se instalar. Procure ajuda 
profissional para prevenir o agravamento dos sintomas 
2,4% 
81 a 100 pontos Você pode estar em uma fase considerável da Síndrome de Burnout, 
mas esse quadro é perfeitamente reversível. Procure o profissional 
competente e inicie o quanto antes o tratamento. 
0% 
Fonte: Autoria Própria 
 
Dentre os participantes, 18,6% não possuíam indício da Burnout. Eram caracterizados em 
75% por estudantes de medicina, 37,5% possuíam renda entre 5 e 10 salários-mínimos e 87,5% 
na faixa etária entre 18 e 35 anos. 
Dos 48,8% que possuem possibilidade de desenvolver Burnout, 75% eram profissionais 
da área da saúde, 45% possuíam renda de até 5 salários-mínimos e 70% idade acima de 35 anos. 
A alta incidência neste grupo etário pode encontrar resposta no fato de que os 
profissionais da saúde formaram no país o contingente da categoria profissional com maior 
exposição ao estresse, sobrecarga de trabalho e emocional, nos últimos 02 anos em função da 
pandemia de COVID-19, mesmo configurando um grupo populacional de condições de renda 
superior à média nacional, conforme estudo realizado por Teixeira et al (2020): 
 
“Os profissionais de saúde constituem um grupo de risco para a Covid-19 por estarem 
expostos diretamente aos pacientes infectados, o que faz com que recebam uma alta 
carga viral (milhões de partículas de vírus). Além disso, estão submetidos a enorme 
estresse ao atender esses pacientes, muitos em situação grave, em condições de trabalho, 
frequentemente, inadequadas”. 
 
Os que apresentavam fase inicial de Burnout (30,2%) caracterizavam-se 61,6% eram 
estudantes de medicina e 38,4% profissionais da área da saúde, a maioria relatou faixa etária 
entre 18 e 25 anos e preferiram não revelar sua renda mensal. 
 
9 Contribuciones a Las Ciencias Sociales, São José dos Pinhais, v.17, n.6, p. 01-11, 2024 
 
 jan. 2021 
Os que estavam com Burnout já se instalando (2,4%), caracterizavam-se por ser 
estudantes de medicina (100%), com faixa etária de 18 a 25 anos e preferiam não revelar a renda 
mensal. 
Vale ressaltar que 33,4 % dos pesquisados se sentem desanimados para realizarem suas 
funções diariamente e 23% semanalmente. Essa falta de vitalidade acarreta o esgotamento 
emocional ao final de cada semana de trabalho de acordo com 48,7% dos pesquisados. 
Percebe-se também que muitos estudantes de medicina sentem-se esgotados 
emocionalmente e sem disposição para realizarem suas funções diariamente, já que demandam 
grandes jornadas de trabalho. 
Além disso, são discutidas as limitações do estudo e possíveis direções para pesquisas 
futuras. É fundamental que tanto os resultados quanto a discussão sejam fundamentados em 
evidências sólidas e que contribuam significativamente para o avanço do conhecimento sobre o 
tema abordado. 
 
4 CONCLUSÃO 
 
Esta pesquisa permitiu concluir que profissionais do sexo feminino são mais afetadas pela 
síndrome de Burnout, pois a maioria relatou sentir-se exaustas, ansiosas e pouco valorizadas pelo 
trabalho que realizam diariamente. 
Os profissionais da saúde acima de 35 anos de idade apresentaram alta incidência de risco 
de desenvolvimento da síndrome e este fato pode estar relacionado a maior exposição ao estresse 
deste público durante a pandemia da COVID-19. Estudantes de medicina também se destacaram 
com a síndrome já instalada, ocorrendo principalmente devido a pressão cotidiana e longas 
jornadas de estudos. 
Vale ressaltar que é extremamente importante criar um ambiente favorável à construção 
de relações positivas de trabalho, baseadas na confiança e no respeito mútuos, a fim de diminuir 
as síndromes psicológicas prejudiciais entre os profissionais da saúde. 
 
AGRADECIMENTOS 
 
Universidade Brasil. 
 
10 Contribuciones a Las Ciencias Sociales, São José dos Pinhais, v.17, n.6, p. 01-11, 2024 
 
 jan. 2021 
REFERÊNCIAS 
 
BENEVIDES-PEREIRA, A. M. T. Burnout: quando o trabalho ameaça o bem-estar do 
trabalhador. 2ª ed. São Paulo: Casa do Psicólogo; 2002. 
 
COSTA, E. F. et al. Burnout Syndrome and associated factors among medical students: a cross-
sectional study. Clinics, v.67, n.6, p.573-579, 2012. 
 
FERNANDES, G.; PEREIRA, B. The challenges of funding the Brazilian health system in 
fighting the COVID-19 pandemic in the context of the federative pact. Revista de 
Administração Pública, n.54, n.4, p.595-613, 2020. 
 
GAMA, A. S. Trabalho, família e gênero: impactos dos direitos do trabalho e da educação 
infantil. São Paulo: Cortez, 2014. 
 
GIL-MONTE, P. R.; CARLOTTO, M. S.; CAMAR, S. G. Validação da versão brasileira do 
"Cuestionario para la Evaluación del Síndrome de Quemarse por el Trabajo" em professores. 
Revista de Saúde Pública, v. 44, n. 1, p. 140-147, 2010. 
 
HALBESLEBEN, J.; BUCKLEY, M. Burnout in organizational life. Journal of Management, 
v.30, p.859-879, 2004. 
 
MUROFUSE, N. T.; ABRANCHES, S. S.; NAPOLE, O. A. A. Reflexõessobre estresse e 
Burnout e a relação com a enfermagem. Revista Latinoamericana de Enfermagem, v.13, n.2, 
p.255-261, 2005. 
 
PECI, A. The response of the Brazilian public administration to the challenges of the COVID-
19 pandemic. Revista de Administração Pública, v.54, n.4, 2020. 
 
PEREIRA, C. A.; MIRANDA, L. C. S.; PASSOS, J. P. The occupational stress of the nursing 
team in closed sector. Revista de pesquisa: Cuidado é Fundamental Online, v.1, n.2, p.196-
202, 2009. 
 
SILVA JUNIOR, S. D. Mensuração e escalas de verificação: uma análise comparativa das 
escalas de Likert e Phrase Completion. In: XVII SEMEAD Seminários em Administração, 
2014. 
 
SILVA, G. et al. Healthcare system capacity of the municipalities in the State of Rio de 
Janeiro: Infrastructure to confront COVID-19. Brazilian Journal of Public Administration, 
v. 54, n.4, p. 578-594, 2020. 
 
SOUSA, I. F.; MENDONÇA, H. Burnout em Professores Universitários: Impacto de 
Percepções de Justiça e Comprometimento Afetivo. Psicologia: Teoria e Pesquisa, v.25, n.4, 
p.499-508, 2009. 
 
TAMAYO, M. R.; TRÓCCOLI, B. T. Construção e validação fatorial da Escala de 
Caracterização do Burnout (ECB). Estudos de Psicologia, v. 14, n. 3, p. 213-222, 2009. 
 
11 Contribuciones a Las Ciencias Sociales, São José dos Pinhais, v.17, n.6, p. 01-11, 2024 
 
 jan. 2021 
TIRONI, M. O. S. et al. Trabalho e Síndrome da Estafa Profissional (Síndrome de Burnout) em 
médicos intensivistas de Salvador. Revista da Associação Médica Brasileira, v.55, n.6, p.656-
662, 2009. 
 
TEIXEIRA, C. F. S. et al. A saúde dos profissionais de saúde no enfrentamento da pandemia de 
Covid-19. Ciência & Saúde Coletiva, v. 25, n. 9, p. 3465-3474, 2020. 
 
VIEIRA, K. L. D.; COSTA, C. F. S.; BORBA, M. R.; GOMES, V. L. O. Atendimento da 
população masculina em unidade básica saúde da família: motivos para a (não) procura. Escola 
Anna Nery, v. 17, n. 1, p. 120-127, 2013.

Mais conteúdos dessa disciplina