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1 Contribuciones a Las Ciencias Sociales, São José dos Pinhais, v.17, n.6, p. 01-11, 2024 jan. 2021 Estudo da prevalência da Síndrome de Burnout em profissionais da saúde Study of the prevalence of Burnout Syndrome in health professionals Estudio de la prevalencia del Síndrome de Burnout en profesionales sanitários DOI: 10.55905/revconv.17n.6-260 Originals received: 05/17/2024 Acceptance for publication: 06/07/2024 Júlia Antoniazzi Andreoli Graduanda em Medicina Instituição: Universidade Brasil Endereço: Fernandópolis – São Paulo, Brasil E-mail: juaa30@gmail.com Orcid: https://orcid.org/0000-0001-6366-8858 Amanda Pompeu Arja Graduanda em Medicina Instituição: Universidade Brasil Endereço: Fernandópolis – São Paulo, Brasil E-mail: amandapompeua@hotmail.com Orcid: https://orcid.org/0000-0001-9652-3268 Nara Moraes Guimarães Graduanda em Medicina Instituição: Universidade Brasil Endereço: Fernandópolis – São Paulo, Brasil E-mail: naramoraesgui@hotmail.com Orcid: https://orcid.org/0000-0002-9129-3085 Júlia França Guimarães Cortes Graduanda em Medicina Instituição: Universidade Brasil Endereço: Fernandópolis – São Paulo, Brasil E-mail: juju.guima@hotmail.com Orcid: https://orcid.org/0000-0003-4689-7119 Júlia Silva Pereira Graduanda em Medicina Instituição: Universidade Brasil Endereço: Fernandópolis – São Paulo, Brasil E-mail: juliap7x@hotmail.com Orcid: https://orcid.org/0000-0002-2278-8359 2 Contribuciones a Las Ciencias Sociales, São José dos Pinhais, v.17, n.6, p. 01-11, 2024 jan. 2021 Barbara Santarém Soares Graduanda em Medicina Instituição: Universidade Brasil Endereço: Fernandópolis – São Paulo, Brasil E-mail: babinhasaso@outlook.com Orcid: https://orcid.org/0000-0003-2983-4423 Leonice Domingos dos Santos Cintra Lima Doutora em Serviço Social Instituição: Universidade Brasil Endereço: Fernandópolis – São Paulo, Brasil E-mail: leonice.lima@ub.edu.br Orcid: https://orcid.org/0000-0001-9647-6473 Danila Fernanda Rodrigues Frias Doutora em Medicina Veterinária Instituição: Universidade Brasil Endereço: Fernandópolis – São Paulo, Brasil E-mail: danila.frias@ub.edu.br Orcid: http://orcid.org/0000-0001-8621-3338 RESUMO Devido às consequências da síndrome na qualidade vida, e desempenho dos profissionais da área de saúde, este estudo teve como objetivo investigar a prevalência da Síndrome de Burnout em profissionais atuantes na área de saúde. O estudo caracterizou-se por ser uma pesquisa quantitativa, descritiva e exploratória, de uma população amostral composta por profissionais da área da saúde residentes no Brasil. Foi utilizado um instrumento de coleta de dados de autopreenchimento, a Escala preliminar de Identificação da Síndrome de Burnout, que foi disponibilizado por plataforma on line. Após o período de aplicação dos questionários, os dados obtidos foram tabulados e analisados por meio de estatística descritiva simples. Participaram da pesquisa 172 profissionais da saúde e destacou-se mulheres com faixa etária de 18 a 25 anos, da raça branca e com renda não declarada. Os profissionais do sexo feminino foram mais afetados pela síndrome de Bournot, pois a maioria relatou sentir-se exaustas, ansiosas e pouco valorizadas pelo trabalho que realizam diariamente. Dentre os participantes, 18,6% não possuíam indício da Burnout. Dos 48,8% que possuem possibilidade de desenvolver Burnout, 45% possuíam renda de até 5 salários-mínimos e 70% idade acima de 35 anos. Esta Pesquisa permitiu concluir que profissionais do sexo feminino são mais afetadas pela síndrome de Bournot, e profissionais da saúde acima de 35 anos apresentaram alta incidência de risco de desenvolvimento da síndrome. Vale ressaltar que é extremamente importante criar um ambiente favorável à construção de relações positivas de trabalho, baseadas na confiança e no respeito mútuos, a fim de diminuir as síndromes psicológicas prejudiciais entre os profissionais da saúde. Palavras-chave: esgotamento profissional, estresse ocupacional, qualidade de vida, promoção da saúde 3 Contribuciones a Las Ciencias Sociales, São José dos Pinhais, v.17, n.6, p. 01-11, 2024 jan. 2021 ABSTRACT In view of the consequences of the syndrome on the quality of life and performance of health professionals, this study examined the prevalence of Burnout Syndrome among professionals working in the health area. The study was characterized by being a quantitative, descriptive, and exploratory investigation, with a sample population composed of health professionals residing in Brazil. A self-completed data collection instrument—the Preliminary Burnout Syndrome Identification Scale, made available on an online platform—was employed. After the period of application of the questionnaires, the obtained data were tabulated and analyzed through descriptive statistics. A total of 172 health professionals participated in the survey, the majority of whom were white women aged 18 to 25 years with income undeclared. Female professionals were more affected by Burnout syndrome, as most reported feeling exhausted, anxious, and undervalued for the work they perform on a daily basis. Among the participants, 18.6% had no evidence of Burnout. Of the 48.8% who show the possibility of developing Burnout, 45% had an income of up to five minimum wages and 70% were over 35 years old. This survey indicated that female professionals are more affected by Burnout Syndrome, and health professionals over 35 years of age have a high incidence of risk of developing it. It is worth mentioning that it is extremely important to create a favorable environment for building positive working relationships, based on mutual trust and respect, to reduce harmful psychological syndromes among health professionals. Keywords: health promotion, job burnout, quality of life, occupational stress. RESUMEN Debido a las consecuencias del síndrome sobre la calidad de vida y el desempeño de los profesionales de la salud, este estudio tuvo como objetivo investigar la prevalencia del Síndrome de Burnout en profesionales que actúan en el sector de la salud. El estudio se caracterizó por ser una investigación cuantitativa, descriptiva y exploratoria, de una población muestra compuesta por profesionales de la salud residentes en Brasil. Se utilizó un instrumento de recolección de datos autocomplementado, la Escala preliminar de Identificación del Síndrome de Burnout, que estuvo disponible a través de una plataforma en línea. Luego del período de aplicación de los cuestionarios, los datos obtenidos fueron tabulados y analizados mediante estadística descriptiva simple. En la investigación participaron 172 profesionales de la salud y se destacaron mujeres de entre 18 y 25 años, blancas y con ingresos no declarados. Las profesionales femeninas fueron las más afectadas por el síndrome de Bournot, ya que la mayoría informó sentirse agotada, ansiosa e infravalorada por el trabajo que realiza a diario. Entre los participantes, el 18,6% no presentaba signos de Burnout. Del 48,8% que son propensos a desarrollar Burnout, el 45% tenía ingresos de hasta 5 salarios mínimos y el 70% tenía más de 35 años. Esta investigación permitió concluir que las profesionales femeninas son más afectadas por el síndrome de Bournot, y los profesionales de la salud mayores de 35 años tuvieron una alta incidencia de riesgo de desarrollar el síndrome. Vale destacar que es de suma importancia crear un ambiente propicio para la construcción de relaciones laborales positivas, basadas en la confianza y el respeto mutuo, con el fin de reducir síndromes psicológicos dañinos entre los profesionales de la salud. Palabras clave: agotamiento profesional, calidad de vida, estrés laboral, promoción de la salud. 4 Contribuciones a Las Ciencias Sociales,São José dos Pinhais, v.17, n.6, p. 01-11, 2024 jan. 2021 1 INTRODUÇÃO A pandemia provocada pelo Sars-Cov-2 promoveu desafios únicos para os profissionais da saúde todo o mundo. Enquanto a maioria dos trabalhadores foram orientados a executar suas funções em casa, como medida protetiva para ajudar a diminuir a transmissão da doença, os profissionais da área da saúde foram convocados a permanecer na linha de frente, muitas vezes, trabalhando longas jornadas para mesmo com recursos limitados em relação a estrutura, equipamentos de proteção individual e treinamento (Fernandes; Pereira, 2020; Peci, 2020; Silva et al., 2020). Neste sentido, os profissionais da saúde não apenas se expõem ao risco de contrair o vírus, mas também enfrentam situações muitas vezes estressantes que podem desencadear uma condição psiquiátrica, em que o indivíduo se sente psicologicamente exausto e desinteressado em relação a seu trabalho, condição esta que pode desencadear a ocorrência de uma doença ocupacional conhecida como Síndrome de Burnout (Halbesleben; Buckley, 2004). A Síndrome de Burnout ou " Esgotamento Profissional" caracteriza-se pela exaustão emocional, baixa realização profissional que pode acometer trabalhadores cuja função requer contato direto com o público, incluindo os profissionais da área da saúde (Tironi et al., 2009). Esta síndrome ocorre devido a um processo gradual de desgaste no humor e desmotivação, aliado a alterações físicas e psíquicas. Para o trabalhador, as atividades laborais não têm mais importância, não vendo sentido em executá-las. Ela é caracterizada por três dimensões sintomatológicas: a exaustão emocional, despersonalização e falta de envolvimento no trabalho (Murofuse, Abranches, Napole, 2005). Em profissionais que desempenham alta demanda de trabalho, sobrecarga, dupla jornada, precariedade de materiais, riscos ocupacionais e relações interpessoais conflituosas, o risco de desenvolvimento da Síndrome de Burnout é mais acentuado, pois a exposição diária a estes fatores estressantes pode provocar esgotamento físico e mental, o que prejudica a qualidade de vida e a interação com suas funções e com seu ambiente de trabalho (Benevides-Pereira, 2002; Pereira, Miranda, Passos, 2009). Mundialmente, esta condição é considerada como um dos grandes problemas psicossociais que afetam o bem-estar de profissionais de diversas áreas, principalmente daquelas que envolvem cuidados com saúde, educação e serviços humanos, o que promove uma 5 Contribuciones a Las Ciencias Sociales, São José dos Pinhais, v.17, n.6, p. 01-11, 2024 jan. 2021 importante questão ocupacional e social (Sousa, Mendonça, 2009; Costa et al., 2012). Portanto, devido às consequências da síndrome na qualidade vida, e desempenho dos profissionais da área de saúde, este estudo tem como objetivo investigar a prevalência da Síndrome de Burnout em profissionais atuantes na área de saúde. 2 METODOLOGIA O estudo caracteriza-se por ser uma pesquisa quantitativa, descritiva e exploratória, de uma população amostral composta por 172 profissionais da área da saúde residentes no Brasil. Foi utilizado um instrumento de coleta de dados de autopreenchimento: a Escala preliminar de Identificação da Síndrome de Burnout. Esta escala foi elaborada e adaptada por Chafic Jbeili, inspirado no Maslach Burnout Inventory – MBI (Silva Junior, 2014). Esta escala possui o mesmo objetivo do instrumento original, mas com menos itens o que facilita o processamento dos dados. A escala possui 20 itens e deve ser preenchida com a escala de Likert 1 a 5, sendo o (1 correspondente ao “nunca” e o 5 ao “frequentemente”). Os resultados apresentados por meio da somatória dos pontos revelam a faixa de risco/vulnerabilidade do entrevistado, e fornece interpretações sobre as diversas percepções sobre a Síndrome de Burnout (Tamayo; Tróccoli, 2009). Para a avaliação da Síndrome de Burnout utilizou-se um questionário dividido em 20 questões, subdividido em quatro dimensões: ilusão pelo trabalho (5 questões), desgaste psíquico (4 questões), indolência (6 questões) e culpa (5 questões) (Gil-Monte, Carlotto, Camar, 2010). Este instrumento de pesquisa foi disponibilizado por plataforma on line, e o recrutamento dos profissionais da área de saúde ocorreu por redes sociais e WhatsApp, divulgados pelos pesquisadores, durante o período de 15 de agosto a 30 de junho de 2022. Após aceite do termo de consentimento livre e esclarecido, o questionário foi liberado ao participante. Caso o participante clique na palavra NÃO ACEITO, o questionário será encerrado. Em caso de aceite, a primeira questão é de preenchimento obrigatório, e questiona se o participante atua em alguma profissão da área da saúde. Caso o participante assinale a alternativa NÃO, o questionário é encerrado, e se assinalar SIM, a próxima questão é liberada e de preenchimento obrigatório, pois trata-se da idade do participante. Caso o participante assinale a alternativa MENOR DE 18 ANOS, o questionário é encerrado, e se assinalar outras idades, as 6 Contribuciones a Las Ciencias Sociales, São José dos Pinhais, v.17, n.6, p. 01-11, 2024 jan. 2021 questões são liberadas para preenchimento, e nenhuma é obrigatória. Após o período de aplicação dos questionários, os dados obtidos foram tabulados em planilhas do software Microsoft Office Excel® e analisados por meio de estatística descritiva simples. Os resultados serão apresentados no formato de tabelas e gráficos. Para analisar nossos resultados utilizamos o Questionário Preliminar de Identificação da Síndrome de Burnout elaborado e adaptado por Chafic Jbeili, inspirado no Maslach BURNOUT Inventory – MBI que é categorizado em cinco variáveis, escores de classificação: 1. 0 a 20 pontos: Nenhum indício da Síndrome de Burnout; 2. 21 a 40 pontos: Possibilidade de desenvolver Síndrome de Burnout; 3. 41 a 60 pontos: Fase inicial do Síndrome de Burnout (procure ajuda profissional); 4. 61 a 80 pontos: A Síndrome de Burnout começa a se instalar. Procure ajuda profissional para prevenir o agravamento dos sintomas; 5. 81 a 100 pontos: Você pode estar em uma fase considerável da Síndrome de Burnout, mas esse quadro é perfeitamente reversível. Procure o profissional competente e inicie o quanto antes o tratamento. É preciso ressaltar que o instrumento utilizado tem caráter informativo e não deve substituir o diagnóstico de um psicoterapeuta ou médico(Silva Junior, 2014). A pesquisa foi realizada após aprovação do projeto pelo comitê de ética em pesquisa (CEP) da Universidade Brasil com o parecer nº 4.814.790. 3 RESULTADOS E DISCUSSÕES Participaram da pesquisa 172 profissionais da saúde entre eles, médicos, enfermeiros, odontólogos, médicos veterinários e estudantes de medicina. O perfil dos participantes está descrito na Tabela 1. Tabela 1. Perfil dos participantes da pesquisa Faixa etária Sexo Raça Renda mensal 18 a 25 anos – 39,5% Feminino– 67,5% Branca – 83,7% Menos de 1 salário-mínimo – 4,6% 26 a 35 anos – 20,9% Masculino–32,5% Amarela – 2,4% 1 a 2 salários-mínimos – 11,6% 36 a 45 anos – 16,3% Parda – 13,9% 3 a 5 salários-mínimos – 13,9% 46 a 59 anos – 20,9% 5 a 10 salários-mínimos – 23,2% 60 anos acima – 2,4% Acima 10 salários-mínimos – 13,9% Prefiro não declarar – 32,8% Fonte: Autoria Própria 7 Contribuciones a Las Ciencias Sociales, São José dos Pinhais, v.17, n.6, p. 01-11, 2024 jan. 2021 Destacou-se como participantes desta pesquisa mulheres com faixa etária de 18 a 25 anos, da raça branca e com renda não declarada. Nota-se que os profissionais do sexo feminino foram mais afetados pela síndrome de Burnout,pois a maioria relatou sentir-se exaustas, ansiosas e pouco valorizadas pelo trabalho que realizam diariamente. Este resultado confirma dados de estudos de gênero que tratam da condição da mulher na sociedade contemporânea. A sobrecarga de trabalho que mulheres acumulam cotidianamente que segundo Gama (2014) junto “com as responsabilidades familiares que, por sua vez, as afetam, condicionam e limitam suas trajetórias ocupacionais, sobretudo para as mulheres de domicílios mais pobres”, também podem levá-las, em situação normais a níveis de estresse e cansaço físico e esgotamento mental. Em circunstâncias atípicas como a ocorrida nos últimos 02 anos em função da pandemia de COVID-19, com maior a exposição pessoal e dos membros da família a situações de pressão do mercado de trabalho, de vulnerabilidade social e econômica, exposição ao vírus e a fatores de violência doméstica; sobrecarga de trabalho e acúmulo de tarefas, corroboram com os dados revelados na pesquisa onde as mulheres como mais suscetíveis ao acometimento da Síndrome de Burnout. Já os homens também relatam sentir os sintomas, porém em frequência menor, a maioria dos homens referem sentir-se esgotados profissionalmente pelo menos uma vez na semana. A pesquisa comprova os estudos que demonstram que historicamente os homens estão menos afetos, ou observam ou ainda desqualificam as doenças que tem origem em fatores emocionais. Este fato pode encontrar assento no entendimento machista que associa a emoção e suas manifestações à figura feminina como revela o estudo realizado por Vieira et al (2013) [...] os homens percebem as Unidades Básicas de Saúde (UBS) como espaços feminilizados, frequentados basicamente por mulheres, com equipes compostas fundamentalmente por profissionais do sexo feminino[...] no mesmo estudo a autora apresenta a resistência a busca por atenção a saúde ainda se assenta na demora no atendimento e em “[...] estereótipos de gênero que dificultam o autocuidado, além de não se reconhecerem alvo do atendimento [...]. É certo que muito se tem avançado neste aspecto em relação a sensibilidade e às emoções masculinas, porém também é fato que doenças que tem origem em questões ligadas ao sentir e 8 Contribuciones a Las Ciencias Sociales, São José dos Pinhais, v.17, n.6, p. 01-11, 2024 jan. 2021 que resultam de sofrimentos emocionais ou psíquicos, como o caso da Síndrome de Burnout ainda são encaradas sob forte preconceito masculino. Avaliando a pontuação de cada participante de acordo com o escore de pontuação, os dados estão descritos na Tabela 2. Tabela 2. Escore de pontuação dos participantes da pesquisa Escore Classificação % participantes 0 a 20 pontos Nenhum indício da Síndrome de Burnout 18,6% 21 a 40 pontos Possibilidade de desenvolver Síndrome de Burnout 48,8% 41 a 60 pontos Fase inicial do Síndrome de Burnout (procure ajuda profissional) 30,2% 61 a 80 pontos A Síndrome de Burnout começa a se instalar. Procure ajuda profissional para prevenir o agravamento dos sintomas 2,4% 81 a 100 pontos Você pode estar em uma fase considerável da Síndrome de Burnout, mas esse quadro é perfeitamente reversível. Procure o profissional competente e inicie o quanto antes o tratamento. 0% Fonte: Autoria Própria Dentre os participantes, 18,6% não possuíam indício da Burnout. Eram caracterizados em 75% por estudantes de medicina, 37,5% possuíam renda entre 5 e 10 salários-mínimos e 87,5% na faixa etária entre 18 e 35 anos. Dos 48,8% que possuem possibilidade de desenvolver Burnout, 75% eram profissionais da área da saúde, 45% possuíam renda de até 5 salários-mínimos e 70% idade acima de 35 anos. A alta incidência neste grupo etário pode encontrar resposta no fato de que os profissionais da saúde formaram no país o contingente da categoria profissional com maior exposição ao estresse, sobrecarga de trabalho e emocional, nos últimos 02 anos em função da pandemia de COVID-19, mesmo configurando um grupo populacional de condições de renda superior à média nacional, conforme estudo realizado por Teixeira et al (2020): “Os profissionais de saúde constituem um grupo de risco para a Covid-19 por estarem expostos diretamente aos pacientes infectados, o que faz com que recebam uma alta carga viral (milhões de partículas de vírus). Além disso, estão submetidos a enorme estresse ao atender esses pacientes, muitos em situação grave, em condições de trabalho, frequentemente, inadequadas”. Os que apresentavam fase inicial de Burnout (30,2%) caracterizavam-se 61,6% eram estudantes de medicina e 38,4% profissionais da área da saúde, a maioria relatou faixa etária entre 18 e 25 anos e preferiram não revelar sua renda mensal. 9 Contribuciones a Las Ciencias Sociales, São José dos Pinhais, v.17, n.6, p. 01-11, 2024 jan. 2021 Os que estavam com Burnout já se instalando (2,4%), caracterizavam-se por ser estudantes de medicina (100%), com faixa etária de 18 a 25 anos e preferiam não revelar a renda mensal. Vale ressaltar que 33,4 % dos pesquisados se sentem desanimados para realizarem suas funções diariamente e 23% semanalmente. Essa falta de vitalidade acarreta o esgotamento emocional ao final de cada semana de trabalho de acordo com 48,7% dos pesquisados. Percebe-se também que muitos estudantes de medicina sentem-se esgotados emocionalmente e sem disposição para realizarem suas funções diariamente, já que demandam grandes jornadas de trabalho. Além disso, são discutidas as limitações do estudo e possíveis direções para pesquisas futuras. É fundamental que tanto os resultados quanto a discussão sejam fundamentados em evidências sólidas e que contribuam significativamente para o avanço do conhecimento sobre o tema abordado. 4 CONCLUSÃO Esta pesquisa permitiu concluir que profissionais do sexo feminino são mais afetadas pela síndrome de Burnout, pois a maioria relatou sentir-se exaustas, ansiosas e pouco valorizadas pelo trabalho que realizam diariamente. Os profissionais da saúde acima de 35 anos de idade apresentaram alta incidência de risco de desenvolvimento da síndrome e este fato pode estar relacionado a maior exposição ao estresse deste público durante a pandemia da COVID-19. Estudantes de medicina também se destacaram com a síndrome já instalada, ocorrendo principalmente devido a pressão cotidiana e longas jornadas de estudos. Vale ressaltar que é extremamente importante criar um ambiente favorável à construção de relações positivas de trabalho, baseadas na confiança e no respeito mútuos, a fim de diminuir as síndromes psicológicas prejudiciais entre os profissionais da saúde. AGRADECIMENTOS Universidade Brasil. 10 Contribuciones a Las Ciencias Sociales, São José dos Pinhais, v.17, n.6, p. 01-11, 2024 jan. 2021 REFERÊNCIAS BENEVIDES-PEREIRA, A. M. T. Burnout: quando o trabalho ameaça o bem-estar do trabalhador. 2ª ed. São Paulo: Casa do Psicólogo; 2002. COSTA, E. F. et al. Burnout Syndrome and associated factors among medical students: a cross- sectional study. Clinics, v.67, n.6, p.573-579, 2012. FERNANDES, G.; PEREIRA, B. The challenges of funding the Brazilian health system in fighting the COVID-19 pandemic in the context of the federative pact. Revista de Administração Pública, n.54, n.4, p.595-613, 2020. GAMA, A. S. Trabalho, família e gênero: impactos dos direitos do trabalho e da educação infantil. 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