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4 LEIS A FAVOR DA MULHER 4.1 LEIS UNIVERSAIS A Revolução Francesa, movimento revolucionário que lutou contra a monarquia absolutista, foi um marco de grande importância para a conquista dos direitos humanos. Inspirada na Declaração dos Direitos da Virginia de 1776, a Assembleia Nacional declara a Declaração dos Direitos do Homem e do Cidadão, que previa direitos igualitários para todos os homens. A declaração foi inspirada também pelo lema iluminista “Liberdade, Igualdade e Fraternidade”. Entretanto, a igualdade prevista nas declarações não era dada às mulheres. Com isso, Olympe de Gouges escreveu Declaração dos Direitos da Mulher e da Cidadã de 1789, que visava igualar os direitos das mulheres e dos homens no âmbito social e político. Embora a atitude tenha sido malvista pelos franceses, ela marcou a luta pelo direito das mulheres. Em 1948, após o fim da Segunda Guerra Mundial, a Organização das Nações Unidas (ONU) declarou a Declaração dos Direitos Humanos da ONU, que prevê a igualdade inalienável de todos os seres humanos, incluindo as mulheres no preâmbulo: “Considerando que os povos das Nações Unidas reafirmaram, na Carta da ONU, sua fé nos direitos humanos fundamentais, na dignidade e no valor do ser humano e na igualdade de direitos entre homens e mulheres, e que decidiram promover o progresso social e melhores condições de vida em uma liberdade mais ampla, … a Assembleia Geral proclama a presente Declaração Universal dos Diretos Humanos como o ideal comum a ser atingido por todos os povos e todas as nações…” Desde então, a ONU adotou declarações que visam proteger e fortalecer os direitos das mulheres, como a Convenção sobre os Direitos Políticos da Mulher de Viena, Declaração e Plano de Ação da Conferência Internacional sobre População e Desenvolvimento e a Declaração e Plataforma de Ação de Pequim. Em 1993, a Declaração e Programa de Ação de Viena reafirma a inclusão das mulheres nos direitos humanos universais e acusa a violência de gênero, o assédio e a exploração sexual contra as mulheres, vide o artigo 18: “os direitos humanos das mulheres e das meninas são inalienáveis e constituem parte integrante e indivisível dos direitos humanos universais. A violência de gênero e todas as formas de assédio e exploração sexual são incompatíveis com a dignidade e o valor da pessoa humana e devem ser eliminadas. Os direitos humanos das mulheres devem ser parte integrante das atividades das Nações Unidas, que devem incluir a promoção de todos os instrumentos de direitos humanos relacionados à mulher” Além disso, a ONU também adotou declarações que repudiam a violência contra a mulher, como a Declaração sobre a Erradicação da Violência contra a Mulher de 1993 e a Convenção Interamericana para Prevenir, Punir e Erradicar a Violência de 1994. Estes documentos representam um marco importante na luta contínua contra a violência e a discriminação contra as mulheres. 4.2 LEIS BRASILEIRAS Previamente à Constituição da República Federativa do Brasil, homens e mulheres não eram vistos como iguais perante a lei. O direito brasileiro, dentro de uma sociedade patriarcal, possuía diversos traços misóginos que inferiorizavam as mulheres. O Código Civil de 1916, por exemplo, via as mulheres casadas como incapazes. Essa lei também previa a anulação do casamento caso a mulher não for virgem e a deserdação das filhas que não forem virgens. Em 1952, o então presidente Getúlio Vargas sancionou o Decreto Nº 31.643/52, que concede o direito civil igualitário entre mulheres e homens, previsto na Convenção Interamericana, assinada em Bogotá. Em 1977, presidente em exercício Ernesto Geisel sancionou a Lei Nº 6.515/1977, também conhecida como Lei do Divórcio, que alterou os casos de dissolução de casamento, permitindo o divórcio. Com o fim da Ditadura Militar, foi promulgada a Constituição da República Federativa do Brasil de 1988. Essa nova Constituição considera homens e mulheres iguais em direitos e obrigações e está destinada a assegurar o exercício desses direitos. Desde então, mais leis a favor das mulheres foram sancionadas para garantir a dignidade da pessoa humana, previsto no artigo 1º da Constituição Federal. Em 1996, Fernando Henrique Cardoso decreta o Decreto Nº 1.973, de 1º de agosto de 1996, sanciona a Convenção Interamericana para Prevenir, Punir e Erradicar a Violência contra a Mulher, que condena a violência de gênero. Em 2006, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva sancionou a Lei Maria da Penha, que cria mecanismos para coibir a violência doméstica. No dia 9 de março de 2015, a então presidente Dilma Roussef, sancionou a Lei Nº 13.104/2015, que introduziu ao artigo 121 do Código Penal o feminicídio como uma nova categoria dentro do crime de homicídio qualificado, tornando-o também um crime hediondo. Em 2018, o Presidente do Supremo Tribunal Federal José Antonio Dias Toffoli, sancionou a Lei nº 13.718/2018, também conhecida como Lei da Importunação Sexual. Tal lei serve para: (...) tipificar os crimes de importunação sexual e de divulgação de cena de estupro, tornar pública incondicionada a natureza da ação penal dos crimes contra a liberdade sexual e dos crimes sexuais contra vulnerável, estabelecer causas de aumento de pena para esses crimes e definir como causas de aumento de pena o estupro coletivo e o estupro corretivo. Em 2023, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva sancionou a Lei Nº 14.540, de 3 de abril de 2023, que: Institui o Programa de Prevenção e Enfrentamento ao Assédio Sexual e demais Crimes contra a Dignidade Sexual e à Violência Sexual no âmbito da administração pública, direta e indireta, federal, estadual, distrital e municipal. BIBLIOGRAFIA DE GOUGES, Olympe. Declaração dos direitos da mulher e da cidadã-1791. 2022. NOVO, Benigno Núñez. A Declaração dos Direitos do Homem e do Cidadão de 1789 Direitos individuais e coletivos dos homens. Jusbrasil. Disponível em: >https://www.jusbrasil.com.br/artigos/a-declaracao-dos-direitos-do-homem-e-do-cidadao-de-1789/1259443861< TEDESCHI, Losandro Antonio; COLLING, Ana Maria. Os Direitos Humanos e as questões de Gênero. História Revista, v. 19, n. 3, p. 22-40, 2014. BOGOTÁ. Decreto Nº 28.011, de 19 de abril de 1950. Convenção Interamericana sobre a Concessão dos Direitos Políticos da Mulher. 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