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1 NOTAS DE AULA – PROFESSORA MIRIAM RIBEIRO - 2019 MICRO E MACROECONOMIA 2 CURRÍCULO RESUMIDO DA PROFESSORA MIRIAM RIBEIRO FERREIRA Mestre em Direito das Relações Econômicas pela Universidade Gama Filho; MBA em Comércio Exterior e Negócios Internacionais pela Fundação Getúlio Vargas; Especialista em Comércio Exterior pela Universidade Federal do Rio de Janeiro; Pós graduada em Teoria Econômica pela Fundação Getúlio Vargas; Pós graduada em Docência Online Tutoria em EAD pela UNISUAM; Graduada em Ciências Econômicas pela Universidade Gama Filho; Experiência de 32 anos no Magistério Superior Representante da sociedade civil no seminário sobre Defesa Nacional da Escola de Comando e Estado Maior do Exército nos anos 2003, 2004, 2005 e 2006. Participante do Ciclo de Extensão da Escola Superior de Guerra nos anos 2002 e 2005. 3 4 Olá, turma! Deparamo-nos, no dia a dia, com várias questões de natureza econômica, como: o aumento de preços, a crise econômica, o desemprego, a valorização ou a desvalorização do câmbio, o comportamento das taxas de juros, entre outros. Por isso, o conhecimento sobre assuntos econômicos se faz mais importante do que nunca. A maior parte dos problemas das sociedades modernas, tais como a pobreza, a globalização e a questão do meio ambiente estão relacionadas a problemas de natureza econômica. Estamos iniciando a disciplina MICROECONOMIA E MACROECONOMIA, que proporcionará um conjunto de conhecimentos que nos ajudará a formar opiniões sobre os grandes problemas econômicos do nosso tempo, tornando-nos cidadãos de fato em nossa sociedade. O conhecimento de Economia é fundamental para a tomada de decisão nos âmbito das empresas! . Sejam todos bem- vindos! 5 Capítulo I CONCEITOS BÁSICOS EM ECONOMIA Neste capítulo, o foco será o conhecimento de conceitos básicos da ciência econômica, iniciando pelo problema central que deu origem essa ciência: a escassez de recursos face as ilimitadas necessidades da sociedade. Você está pronto para iniciar seus estudos introdutórios sobre ECONOMIA? Está em um local agradável e que facilite sua à aprendizagem? Este capítulo proporcionará o contato com importantes fundamentos, definições, características.. A Unidade reúne conceitos fundamentais, tais como: escassez, bens e serviços, fatores de produção, setores produtivos. Conceitos esses indispensáveis para o conhecimento da ciência econômica. Boa leitura! 6 CONCEITOS BÁSICOS EM ECONOMIA 1- DEFINIÇÃO DE CIÊNCIA ECONÔMICA A palavra economia deriva do grego oikonomos (oikos = casa) + (nomos =lei) que significa a administração de uma casa ou do Estado. A ECONOMIA é a ciência social que estuda como o indivíduo e a sociedade decidem (escolhem) empregar recursos produtivos escassos, na produção de bens e serviços, de modo a distribuí-los entre as várias pessoas e grupos da sociedade, a fim de satisfazer as necessidades humanas. A economia estuda a maneira como são administrados os recursos, sempre escassos, com o objetivo de produzir bens e serviços e distribuí-los para seu consumo entre os membros da sociedade. Pode-se dizer que a economia preocupa-se com a forma com que os indivíduos economizam seus recursos, isto é, como empregam sua renda de modo a obter o maior aproveitamento possível. Do ponto de vista da sociedade em seu conjunto, a economia trata de como os indivíduos alcançam o nível de bem-estar material mais alto possível a partir dos recursos disponíveis. Quando é dito que uma pessoa é “econômica”, o sentido dado é que essa pessoa tem a capacidade de usar de forma racional e eficiente os seus recursos. A definição de economia contém conceitos importantes: Escolha Escassez Necessidades Recursos Produção Distribuição 2- O PRINCIPAL PROBLEMA ECONÔMICO – A ESCASSEZ A história econômica se traduz na luta que as sociedades sempre empreenderam para superar o problema da escassez dos recursos produtivos em face dos crescentes desejos da coletividade. Por este motivo, a economia é conhecida como a “ciência da escassez”. 7 Em qualquer sociedade, os recursos produtivos são sempre escassos para atender às crescentes exigências de consumo e bem estar. No entanto, enquanto a escassez de recursos produtivos constitui uma limitação à produção de bens e serviços, não há limites para as necessidades humanas. De um lado, observa-se a escassez de recursos produtivos, e do outro, as ilimitadas necessidades humanas. Por essa razão, as sociedades têm que optar e até mesmo decidir sobre a organização da atividade econômica. É importante destacar que à medida que os recursos produtivos se expandem e aperfeiçoam, as necessidades humanas crescem mais que proporcionalmente. Sempre ocorre a criação de novas necessidades motivada pelo interesse comum a toda sociedade de aumentar a qualidade de vida e o bem- estar. As sociedades modernas desejam condições de conforto que não se resume apenas numa habitação satisfatória, mas na disponibilidade de todos os equipamentos modernos que se tornam cada vez mais indispensáveis. A quantidade de bens existentes não consegue suprir todas as necessidades e, contrariamente, são criados novos desejos. Por estes motivos, mesmo nas economias altamente desenvolvidas, a saturação dos desejos humanos está muito longe de ser alcançada. Logicamente, sendo limitados os recursos produtivos, as economias devem procurar utiliza-los adequadamente no processamento da produção. Qualquer país, desenvolvido ou em desenvolvimento, tem como problema central a escassez. Se não existisse a escassez, não existiriam problemas como a inflação, o desemprego e a recessão e também não haveria necessidade de estudar economia. As necessidades humanas a serem satisfeitas através do consumo de bens são ilimitadas, enquanto que os recursos produtivos necessários para a produção dos bens são limitados, ou seja, não são suficientes para produzir a quantidade de bens necessários para satisfazer as necessidades de todos os indivíduos. Logo, o objeto de estudo da ciência econômica é a escassez, isto é, como economizar recursos. A economia somente se preocupa com as necessidades satisfeitas com bens econômicos, ou seja, com elementos naturais escassos ou com produtos elaborados pelo homem. 8 3- NECESSIDADES HUMANAS 3.1 Definição Necessidade é a sensação de carência de algo (material ou imaterial) unida ao desejo de satisfazê-la. As necessidades são expressas por meio de desejos, por essa razão, muitas vezes se define necessidade como desejo. 3.2 Classificação das Necessidades Primárias ou Naturais – São as necessidades de natureza biofisiológicas. Também são chamadas vitais ou de existência, porque a sua satisfação tem a finalidade de preservar a vida humana. Comer - para saciar a fome; Beber - para saciar a sede; Vestir- para proteção do corpo; Ter um lugar para morar - também no sentido de proteção. As necessidades primárias não são concorrentes, pois a satisfação de uma não elimina a satisfação da outra (não se elimina a fome com um copo d’água). Secundárias ou Acidentais As necessidades secundárias surgem da interação do indivíduo com a sociedade. São necessidades sociais ou culturais, pois o seu atendimento visa o crescimento do bem-estar da sociedade. As necessidades secundárias são ilimitadas, pois se multiplicam à medida que se eleva o nível social. Por exemplo, o uso de terno e gravata. 4- BENS E SERVIÇOS 4.1 Conceito Bem é tudo aquilo que satisfaz uma necessidade. Os bens são medidos através dos preços. Para que possam ter preço, os bens necessitam ser úteis e escassos, ou seja, quanto mais útil e escasso for um bem maior será o seu preço no mercado. 9 Utilidade – É o grau de satisfação proporcionado pelo consumo do bem. Escassez – situação em que os recursos são limitados e podem ser utilizados de diferentesmodos para a produção de bens, de tal forma que deve ser sacrificado um bem para obtenção de outro. Lembre-se: UTILIDADE + ESCASSEZ = PREÇO DO BEM 4.2 Classificação dos Bens Bens livres e bens econômicos Os bens livres também são conhecidos como bens não econômicos. Os bens livres são aqueles encontrados na natureza em quantidade superior à necessidade, isto é, existem em abundância. Os bens livres, por não serem escassos, não necessitam de qualquer pagamento para seu consumo. A água pode ser considerada como um bem livre quando não passa por nenhuma forma de manipulação que a torne passível de pagamento para o seu consumo. Outro exemplo de bem livre é o ar. Os bens econômicos são aqueles que existem em quantidade menor que a procura. Os bens econômicos são aqueles que atendem às necessidades, com grau de utilidade e escassez. Sendo assim, para o consumo dos bens econômicos é necessário pagamento. Exemplos: Carros, roupas, alimentos, etc. Bens Materiais e Imateriais Os bens são considerados pela forma como se apresentam. Bens Materiais - São os bens tangíveis, ou seja, tudo aquilo que atende a uma necessidade e que pode ser visto e pegado. Exemplos: Carros, sapato, relógio, etc. Bens Imateriais ou serviços - São todos os serviços prestados, os bens imateriais não podem ser vistos ou tocados. Exemplo: Uma consulta médica. Bens Intermediários e bens finais Nessa classificação observa-se a finalidade de bem. 10 Os bens intermediários são aqueles que devem sofrer novas transformações antes de se converterem em bens de consumo ou de produção. Exemplo: Cimento. Os bens Finais - São aqueles que já sofreram as transformações necessárias e estão prontos para seu uso ou consumo. Exemplo: Relógio. Os bens finais estão divididos em bens de consumo e bens de capital (ou de produção). Bens de consumo e bens de capital É necessário conhecer o destino dos bens, em que eles serão utilizados. Bens de Produção ou de Capital - São bens que têm por finalidade produzir outros bens e serviços. Exemplos: Máquinas, equipamentos, carro para transporte de passageiros ou de cargas. Bens de Consumo - São os bens produzidos para atender diretamente às necessidades da sociedade. Exemplos: Caneta, rádio, remédio, etc. Os bens de consumo estão divididos em bens de consumo duráveis, bens de consumo semi-duráveis e bens de consumo não- duráveis. Bens de consumo duráveis - São bens que resistem ao primeiro uso, ou seja, que podem ser usados mais de uma vez. Exemplos: Automóveis, móveis, eletrodomésticos, etc. Observação: Embora classificados como bens duráveis, é sabido que a vida útil de cada bem difere da dos demais. A diferença pode ser de dias ou até mesmo de anos. • Bens de consumo semi- duráveis – É uma categoria intermediária de bens, visto que, nessa categoria, os bens resistem ao primeiro uso, podem ser usados mais de uma vez, contudo, a duração costuma ser menor do que a dos bens duráveis. Bens não Duráveis - São aqueles que se destroem com o primeiro uso. Exemplos: Alimentos, cigarros, produtos descartáveis, etc. 11 O esquema a seguir apresenta, de forma simplificada, a classificação dos bens: B E N S Livres Econômicos Imateriais Materiais Intermediários Finais Produção Consumo Duráveis Semi- duráveis Não duráveis Leia sobre os bens econômicos em: www.ibge.gov.br. Quanto à relação existente entre os bens: Bens Complementares - São aqueles em que a demanda de um implica na demanda do outro. Exemplos: Linha x agulha de costura; automóveis x combustíveis. Bens Substitutos - São aqueles que aos substituírem outros visam proporcionar o mesmo grau de satisfação. Exemplos: manteiga x margarina; açúcar x adoçante; álcool x gasolina. 5- FATORES DE PRODUÇÃO Para produção dos bens é necessário que os fatores de produção estejam disponíveis. 12 Os economistas clássicos consideravam como fatores e produção apenas a terra, o capital e o trabalho. A ciência econômica moderna considera como fatores de produção: a terra, o capital, o trabalho, a tecnologia e o dinamismo empresarial. Terra ou recursos naturais – são todos os bens econômicos obtidos diretamente da natureza e utilizados no processo produtivo, tais como: solo, os minerais, a água, a fauna e a flora, entre outros. Capital – são todos os bens materiais desenvolvidos pelo homem e que são usados no processo produtivo. Entre esses bens estão: • Infraestrutura econômica – transportes (rodovias, ferrovias, hidrovias, aeroportos, portos); telecomunicações; energia; • Infraestrutura social – educação, saneamento, cultura, segurança, saúde, lazer e esporte. • Construções e edificações. • Equipamentos de transporte – caminhões, ônibus, utilitários, locomotivas, vagões, embarcações e aeronaves. • Máquinas e equipamentos que são usados na extração, transformação e prestação de serviços nas diferentes atividades. Trabalho ou recursos humanos – são todas as atividades (físicas e mentais) usadas para a produção de bens e serviços. Tecnologia – a tecnologia engloba uma variedade de mudança nas técnicas e nos métodos de produção. A tecnologia também está relacionada com o aperfeiçoamento na forma de combinar os fatores de produção. O aprimoramento das técnicas de produção tem como resultado o aumento da produtividade. Dinamismo empresarial – está relacionado com o aperfeiçoamento das técnicas administrativas, com a inovação e com o empreendedorismo. 13 O estudo intitulado “o Financiamento do Investimento em Infraestrutura no Brasil” evidencia que o Brasil deveria investir entre 4% e 5% de seu Produto Interno Bruto (PIB) em infraestrutura para ser capaz de se aproximar dos países com níveis semelhantes de desenvolvimento. O estudo destaca que entre 2007 e 2014 os investimentos foram ampliados em 167%, mas sem que esse aumento tenha sido traduzido em melhores serviços. O quadro abaixo, retirado do estudo, mostra a evolução dos investimentos em infraestrutura no Brasil. Leia o estudo em: http://www.portaldaindustria.com.br/publicacoes-e- estatisticas/publicacoes/2016/7/18,1160/o-financiamento-do-investimento-em-infraestrutura- no-brasil-uma-agenda-para-sua-expansao-sustentada.html#sthash.wOATYghx.dpuf 14 6- PRODUÇÃO É definida como o processo pelo qual um conjunto de fatores pode ser transformado em produto. PRODUTIVIDADE É o resultado da produção em função da forma de utilização dos fatores de produção. O aumento na produtividade é alcançado quando: • Há o aumento da produção com o uso da mesma quantidade de recursos; ou • A quantidade produzida é a mesma, mas são usados menos recursos. 7- SETORES ECONÔMICOS Os fatores de produção são necessários em qualquer atividade produtiva, variando, apenas, na quantidade utilizada. Isso quer dizer que a quantidade utilizada de fatores de produção varia em função do setor produtivo na qual a atividade econômica está inserida. Algumas atividades econômicas, como a agricultura e a pecuária exigem o uso mais intenso do fator terra (recursos naturais). Outras atividades têm uso mais intensivo de mão de obra, outras de capital e outras de tecnologia. Desse modo, os setores da economia são classificados em função da intensidade do uso dos fatores de produção: Setor primário Compreende todas as atividades mais diretamente ligadas à exploração dos recursos da natureza – agricultura, pecuária, pesca e etc. Fator de produção predominante: terra (recursos naturais) Setor secundário Engloba todas as atividades de transformação e beneficiamento de diferentes matérias primas, bem como todas as atividades industriais. Fator de produção predominante: capital. 15 Setor terciário Abrange o comércio e todas as atividades de prestação de serviços (transportes, hotéis, bancos e etc). Fator de produção predominante: trabalho (mão de obra) Setor quaternárioEstá vinculado ao setor terciário, engloba as atividades de desenvolvimento de novos produtos e processos e alta tecnologia. Fator de produção predominante: tecnologia. Leia sobre o comportamento dos setores produtivos em: http://www.epe.gov.br/ NOTA TÉCNICA DEA 08/16 Caracterização do Cenário Macroeconômico para os próximos 10 anos (2016-2025). 8- PROBLEMAS ECONÔMICOS FUNDAMENTAIS Como visto anteriormente, a escassez de recursos produtivos não permite que a sociedade produza, em quantidade suficiente, todos os bens que deseja para satisfazer suas necessidades. Com isso, uma das maiores preocupações existentes em uma economia é encontrar a opção certa para a obtenção de volumes de produção capazes de melhor satisfazer as necessidades humanas com os recursos existentes. Desse modo, em virtude do problema da escassez, toda sociedade, independente de sua organização política, para encontrar a melhor opção deve levar em consideração três questões fundamentais: O que e quanto produzir? Como produzir? Para quem produzir? O que e quanto produzir? A sociedade deve escolher, entre as várias alternativas, quais bens e serviços e em quais quantidades deverão ser produzidos, visto que não é possível produzir em tipo e quantidade todos os bens e serviços que a sociedade deseja que sejam produzidos. Ao serem definidos os bens e serviços e as quantidades a serem produzidas deve-se observar que seja atingido o limite das possibilidades de produção. 16 Como produzir? Esta questão está ligada a forma como os bens e serviços serão produzidos, deve ser escolhida a melhor maneira de atingir as quantidades desejadas, em função das diferentes combinações possíveis de recursos e técnicas. A escolha deve recair sobre a alternativa que apresente a capacidade técnica com melhores resultados. As técnicas aplicadas devem permitir a melhor combinação entre os fatores de produção. Para quem produzir? Esta questão está relacionada com a área social. É sabido que os bens e serviços deverão ser distribuídos entre os indivíduos que formam a sociedade e que é necessário que os bens e serviços produzidos atendam as necessidades e aos desejos da sociedade. Por isso, a sociedade tem que indicar: Quem irá receber os bens e serviços? De que maneira a distribuição dos bens e serviços ocorrerá? A mesma quantidade de bens será ofertada para cada pessoa? As pessoas terão acesso aos bens como uma contrapartida à sua contribuição para a produção? Será que os indivíduos terão acesso aos bens e serviços em função das suas necessidades? O tratamento dessas questões depende da organização econômica da sociedade. 9- DIVISÃO DA CIÊNCIA ECONÔMICA A ciência econômica está dividida em três compartimentos: Economia Descritiva Teoria Econômica Microeconomia Macroeconomia Desenvolvimento Econômico Economia Internacional Política Econômica 17 A economia descritiva trata da observação, levantamento, descrição e classificação dos fatos econômicos, bem como do comportamento dos agentes econômicos. A Teoria Econômica representa um só corpo de conhecimento, mas em virtude das diferenças e objetivos e métodos de abordagem, em função da área de interesse do estudo, costuma estar dividida do seguinte modo: Microeconomia Estuda o comportamento de consumidores e produtores e o mercado no qual interagem. Preocupa-se com a determinação dos preços e quantidades em mercados específicos; Macroeconomia Estuda a determinação e o comportamento dos grandes agregados, tais como: PIB; O consumo nacional; O investimento agregado; Tem um enfoque conjuntural - preocupa-se com a resolução de questões como inflação e desemprego. Desenvolvimento econômico Estuda modelos de desenvolvimento que levem à elevação do padrão de vida da coletividade. Trata de questões estruturais, de longo prazo (crescimento da renda per capita), distribuição de renda, evolução tecnológica. Economia internacional Estuda as relações de troca entre países (transações de bens e serviços e transações monetárias). Política econômica É o conjunto de normas e medidas adotadas pelo governo com o objetivo de atingir um determinado fim. Tem como instrumentos: Política monetária, Política fiscal, Política cambial e Política de rendas. 10 - ANÁLISE POSITIVA E ANÁLISE NORMATIVA As ferramentas de análise da teoria econômica têm evoluído de forma significativa nos dois últimos séculos. A teoria econômica utiliza-se de argumentos positivos e argumentos normativos. A economia normativa contém um juízo de valor, subjetivo enquanto a economia positiva é o conjunto de conhecimentos objetivos, o qual respeita preceitos científicos. Logo:Os argumentos normativos referem-se ao que deveriam ser os argumentos positivos ao que é. 18 Por exemplo: se for considerado que deve ocorrer uma melhoria na distribuição de renda do país, está sento expressado um juízo de valor no qual se acredita. Esse é um argumento da economia normativa. Neste caso, a economia positiva ajudará escolher um instrumento mais adequado de política econômica para melhorar a distribuição na renda, Entre estes instrumentos estão: a política salarial e a política tributária. Também serão avaliados os aspectos positivos e os aspectos negativos da política a ser adotada, como um impacto sobre os gastos públicos. 19 Capítulo II CURVA DE POSSIBILIDADES DE PRODUÇÃO. 2.1 DEFINIÇÃO DE CURVA DE POSSIBILIDADES DE PRODUÇÃO As necessidades humanas, sempre ilimitadas, muitas vezes, resultam do próprio grau de desenvolvimento econômico do país. Quanto maior o grau de desenvolvimento do país, uma quantidade maior de necessidades deverá ser atendida, bem como a sociedade se mostrará mais exigente. No entanto, os fatores de produção empregados para a obtenção dos bens e serviços que irão satisfazer as necessidades são escassos. À medida que os recursos produtivos se expandem e se aperfeiçoam, os desejos e necessidades humanas crescem mais que proporcionalmente. Com a quantidade limitada de recursos, não há como produzir indiscriminadamente todos os bens e serviços desejados pela sociedade. Se for considerado que a economia está produzindo com a sua total eficiência, usando os recursos produtivos disponíveis de forma plena e realizando a melhor combinação possível, as quantidades produzidas de bens e serviços alcançam um máximo, sendo, nas condições apresentadas, impossível aumentar a produção de qualquer bem ou serviço, visto que os recursos são escassos. O aumento da quantidade produzida, ou mesmo, a criação de um bem ou serviço, só será possível se a economia desistir total ou parcialmente da produção de outro bem ou serviço que vinha produzindo anteriormente, isto é, se houver a transferência de parte ou do total dos recursos aplicados na produção atual para a criação ou o aumento de outros bens e serviços. 20 A escassez de recursos e o fato das necessidades humanas serem ilimitadas fazem com que a economia esteja inteiramente voltada para o problema das opções. Curva de possibilidade de produção (ou fronteira de possibilidades de produção) é a representação gráfica da combinação de dois bens que a sociedade pode produzir através do pleno emprego dos recursos e da melhor tecnologia disponível, em um dado momento. A Curva de possibilidade de produção indica quanto se deve desistir da produção de um bem a fim de liberar recursos suficientes para produzir uma quantidade maior de outro bem, representando o custo de oportunidade. Logo, o conceito da curva de possibilidades de produção, leva em consideração três hipóteses básicas: A quantidade e a qualidade dos recursos produtivos permanecem constantes, ou seja, não se alteram durante o período de análise; Há o pleno emprego dos recursos produtivos disponíveisdurante o período de análise; A tecnologia não se altera. 2.2 O FORMATO DA CPP Côncavo em reação à origem – isto corre em função da lei dos rendimentos decrescentes, segundo a qual, para que os trabalhadores que estão trabalhando no setor de calçados sejam alocados no setor de camisas, salários maiores precisarão ser oferecidos, e vice- versa. Decrescente – em virtude da necessidade de “abrir mão” de produzir uma dada quantidade de um bem para que se possa produzir mais de outro bem, considerando – se o pleno emprego dos recursos produtivos. 21 Curva de possibilidades de Produção (CPP) 2.3 PONTOS DA CURVA DE POSSIBILIDADES DE PRODUÇÃO a) Ponto na Origem Configura uma situação de pleno desemprego, a produção estaria reduzida a zero. Situação visualizada apenas na teoria, pois não acontece na prática. A ocorrência do pleno desemprego significa que os recursos disponíveis não estariam sendo utilizados para quaisquer fins. b) Ponto entre a origem e a curva Representa uma situação na qual ocorre a capacidade ociosa do sistema. Ocorre com certa frequência e é até mesmo considerado normal. Nem todos os recursos estão sendo plenamente utilizados. c). Ponto na curva (sobre a CPP) Representa uma situação ideal, mas que dificilmente é alcançada. Representa uma situação de pleno emprego, isto é, o aproveitamento integral de todas as possibilidades de produção da economia. 22 O alcance do pleno emprego é praticamente impossível, a não ser em situações extremas, como as vividas por certas nações em período de guerra, quando são efetivamente mobilizadas todas as forças de combate e retaguardas de produção. a) Ponto externo à CPP Representa um nível impossível de produção em consideração as possibilidades demarcadas pela curva. A possibilidade apresentada nesse ponto é inalcançável no período imediato, pois está situado além das fronteiras de produção da economia. Pode ser alcançado em períodos futuros, desde que haja deslocamentos positivos da CPP. Exemplo: Considerando-se o gráfico acima e que uma economia produza apenas dois bens: bebidas e automóveis e, para a produção desses bens, os recursos produtivos disponíveis (terra, capital e trabalho) estão sendo usados na capacidade máxima. As alternativas de produção são as seguintes: BENS ALTERNATIVAS DE PRODUÇÃO A B C D E Automóveis (em milhares de unidades) 25 20 15 10 0 Bebidas (em milhares de litros) 0 30 47 60 70 Alternativa A: Todos os recursos produtivos disponíveis, no momento, estão sendo usados apenas para produção de automóveis. Nesse ponto, estão sendo produzidas 25 automóveis e não estão sendo produzidos bebidas. Alternativa E: Todos os recursos produtivos disponíveis, no momento, estão sendo usados para a produção de bebidas. Nesse ponto, estão sendo produzidos 70 bebidas e não estão sendo produzidos automóveis. Alternativas B,C e D: Todos os recursos produtivos disponíveis, no momento, estão sendo distribuídos para a produção tanto de bebidas quanto de automóveis. Alternativa F: Os recursos produtivos disponíveis, no momento, não estão sendo plenamente usados para a produção tanto de automóveis quanto de bebidas. Nesse ponto, estão sendo produzidos 30 bebidas e 10 automóveis. Neste caso poderia ocorrer o aumento na produção de bebidas para 40 sem que houvesse necessidade de diminuir a produção de automóveis. 23 Alternativa G: Os recursos produtivos disponíveis, no momento, não alcançam o nível de produção. 2.4 DESLOCAMENTOS DA CURVA DE POSSIBILIDADES DE PRODUÇÃO A Curva de Possibilidades de Produção representa uma situação estática, ou seja, que não se altera no curto prazo, mas que pode sofrer alterações no longo prazo em virtude de deslocamentos da CPP. Deslocamento Positivo da CPP A CPP pode se deslocar para a direita, deslocamento positivo, em função das seguintes causas: Aumento na disponibilidade de fatores de produção (recursos produtivos); Melhor preparação dos recursos humanos com treinamento especializado; Aumento na qualidade de capital; Produção de bens com maior valor agregado. Dinamismo empresarial; Avanço tecnológico; Aumento de produtividade. Deslocamento positivo da CPP para os dois bens produzidos: Pode ocorrer, por exemplo, melhor preparação da mão de obra, por meio de treinamento especializado, apenas na produção de calçados. Neste caso, haverá o deslocamento positivo 24 somente para calçados, sendo produzidos mais calçados em cada ponto da CPP em relação a calças, como pode ser visto no gráfico abaixo. . 2.5 CUSTO DE OPORTUNIDADE O custo de oportunidade representa o sacrifício do que se deixou de produzir, isto é, o custo ou a perda do que não foi escolhido e não o ganho do que foi escolhido. Para o melhor entendimento, vai ser resgatado o exemplo com as calças e os calçados. Como visto anteriormente, a capacidade máxima de produção é representada por qualquer ponto sobre a CPP. Logo, no ponto A, no qual são fabricados apenas automóveis, há o sacrifício de toda a produção de bebidas. O custo de oportunidade corresponde ao que não foi produzido. Da mesma forma, no ponto B (20 automóveis,30 bebidas) e passasse para C (15 automóveis e 47 bebidas), o custo de oportunidade seria o sacrifício de deixar de produzir 5 automóveis.. Em uma situação na qual exista capacidade ociosa dos fatores de produção (mão de obra desocupada, máquinas subutilizadas, terras inativas), os pontos possíveis de produção estarão situados entre a origem e a curva. Aumentar a produção, por exemplo, de 10 automóveis para 15 automóveis e de 30 bebidas para 40 bebidas, não requer qualquer sacrifício, ou seja, o custo de oportunidade é zero. Para aumentar a produção de ambos os bens é só usar os recursos ociosos no processo produtivo. 25 Lembre-se: O custo de oportunidade é o sacrifício de se transferir os fatores de produção necessários à produção de um bem para outro. A existência do custo de oportunidade é derivada da limitação de fatores de produção e do pleno emprego dos fatores de produção. 26 Capítulo III SISTEMAS ECONÔMICOS E FLUXO CIRCULAR DA RENDA. 3.1 DEFINIÇÃO DE SISTEMAS ECONÔMICOS Compreender a forma de organização econômica da sociedade (sistema econômico) é importante para responder às questões econômicas fundamentais. Sistema econômico é a forma de organização política, social e econômica de uma sociedade. Sistema de organização da: produção distribuição consumo A forma de organização econômica irá determinar quem responderá às questões fundamentais: o que e quanto, como e para quem produzir. 3.2 FORMAS DE ORGANIZAÇÃO ECONÔMICA Sistema capitalista ou economia de mercado (ou descentralizada) Sistema socialista ou economia planificada (centralizada) No sistema capitalista ou economia de mercado (ou descentralizada) os produtores e os consumidores resolvem as questões econômicas fundamentais (o que e quanto, como e para quem produzir), sem a necessidade de intervenção do governo na atividade econômica. A propriedade dos fatores de produção é privada. O mecanismo de preços é o responsável por resolver os problemas econômicos fundamentais e promover o equilíbrio nos mercados, do seguinte modo: 27 Caso ocorra excesso de oferta (ou escassez de demanda), as empresas formam estoques o que as obriga a reduzir seus preços para escoar a produção, até que se alcance um preço em que os estoques estejam satisfatórios. Neste caso a concorrência entre as empresas será determinante para a venda dos bens aos escassos consumidores; Caso ocorra excesso de demanda (ou escassez de oferta), haverá disputa entre os consumidores pelos bens escassos. A tendência será o aumento do preço até que se alcance um nível de equilíbrio; Os problemas econômicos fundamentais são resolvidos da seguinte forma: O que e quanto produzir os produtores decidirão de acordocom o preço dos bens e serviços. Dessa forma quanto maior for o preço do bem ou serviço maior será sua produção; Como produzir: é resolvido pelas empresas, pois trata-se de uma questão de eficiência produtiva. A empresa irá escolher a tecnologia e os recursos adequados ao processo produtivo (realizado a partir da comparação com os preços da tecnologia e recursos alternativos); Para quem produzir: é resolvido no mercado nos fatores de produção, por meio do encontro da demanda e oferta dos serviços dos fatores de produção. Essa questão tem caráter distributivo, isto é, é necessário escolher quais setores serão beneficiados pelo resultado da atividade produtiva. Outro meio para resolver essa questão é através do sistema de preços. Nesse caso, quem tiver renda para pagar os preços dos bens e serviços produzidos participará da distribuição. No sistema socialista ou economia planificada os problemas econômicos fundamentais são resolvidos por meio de uma agência ou Órgão Central de Planejamento, e não pelo mercado. A propriedade dos fatores de produção é do Estado. O sistema de economia planificada apresenta as seguintes características: Os preços são apenas escriturados contabilmente as empresas têm quotas físicas de matérias primas, por exemplo, mas não fazem nenhum desembolso monetário, apenas registram o valor da aquisição como custo de produção; Os preços dos bens de consumo são determinados pelo governo, o qual subsidia fortemente os bens essenciais e taxas bem considerados supérfluos; Uma parte do lucro das empresas é destina ao governo, outra parte é usada para investimentos na empresa e terceira é dividida entre os administradores e os trabalhadores. 28 O governo subsidiará uma determinada indústria que considere vital para o país mesmo que seja considerada ineficiente na produção ou apresente prejuízos; Sistema de mercado misto No sistema de mercado misto, há propriedade privada dos meios de produção e também a presença do Estado buscando eliminar as distorções distributivas para melhoria do padrão de vida da população, por meio de: Atuação sobre a formação de preços, corrigindo externalidades via impostos e subsídios, tabelamentos, fixação de salário-mínimo, preços mínimos, taxa de câmbio, taxa de juros; Complemento da iniciativa privada com investimentos em infraestrutura básica (energia, estradas etc.), o qual, eventualmente, o setor privado não tem condições financeiras de assumir, seja pelo elevado montante de recursos necessários, seja em virtude do longo tempo de maturação do investimento, até que venha a propiciar retorno sobre o capital investido; Fornecimento de bens e de serviços públicos: iluminação, água, saneamento básico etc.; Compra de bens e serviços do setor privado: o governo é, isoladamente, o maior agente do sistema e, portanto, o maior comprador de bens e serviços. 3.3 FUNCIONAMENTO DE UMA ECONOMIA DE MERCADO Fluxos reais e monetários Será considerada uma economia fechada (sem governo sem setor externo). Elementos básicos do sistema econômico b) Estoque de recursos produtivos ou fatores de produção: c) Complexo de unidades de produção d) Conjunto de instituições 29 O fluxo “real” - bens e serviços criados (com o uso dos fatores de produção requisitados no mercado de fatores) no aparelho produtivo (empresas) e ofertados no mercado de bens e serviços. O fluxo “monetário” - pagamentos feitos aos proprietários dos fatores de produção sob a forma de alugueis, juros ou margem de lucros, salários e royalties. Rendimentos esses que serão gastos no mercado de bens e serviços. FATOR DE PRODUÇÃO REMUNERAÇÃO Terra (recursos naturais) Aluguel ou renda da terra Capital Juros ou margem de lucros Mão de obra (trabalho) Salário Tecnologia Royalty Dinamismo empresarial Lucros 30 3.4 SISTEMA ECONÔMICO: A FORMAÇÃO DO FLUXO REAL E DO FLUXO MONETÁRIO As atividades produtivas de uma sociedade contemporânea distribuem-se por inúmeras unidades produtoras que, individualmente, articulam mão de obra (trabalho), capital e recursos naturais (terra), visando à obtenção de determinados bens e/ou serviços. As unidades produtoras concretizam, pois, o fenômeno da divisão social do trabalho. A organização dos fatores dentro de tais unidades, assim como a direção de suas atividades, cabe a pessoas ou grupos de caráter privado ou público, genericamente denominados organizadores de produção (ou agentes produtivos). As combinações de fatores por eles efetivadas se situam dentro de um quadro de possíveis soluções tecnológicos. Estas constituem, na realidade, uma multiplicidade de processos produtivos, formas de organização etc., acessíveis às atividades produtivas de uma determinada época e região. As unidades produtoras operantes no quadro de uma nação executam, tanto individualmente quanto por grupos, tarefas que se integram no funcionamento global do sistema. O papel que lhes cabe no conjunto do sistema produtivo exibe características extremamente variadas: constituem unidades produtoras, por exemplo, uma mercearia e uma metalúrgica.. Ao longo do processo produtivo, cujo desfecho é a obtenção de bens de consumo e de capital, as unidades produtoras efetuam pagamentos ao pessoal empregado, remuneram os proprietários dos fatores capital e recursos naturais utilizados, e ainda, realizam seus lucros. A totalidade destes rendimentos constitui a renda das famiílias. Tal “agregado” pode ser assim repartido: remunerações destinadas ao trabalho (salários e ordenados); rendas de propriedades percebidas pelos detentores de capital e recursos naturais (juros, aluguéis, lucros etc.). O funcionamento das unidades produtoras – integradas num conjunto, o aparelho produtivo – dá, pois, origem a dois fluxos simultâneos: o fluxo real, constituído de bens e serviços finais; e o fluxo nominal, reunindo os rendimentos pagos aos proprietários dos fatores de produção. O fluxo de rendimentos faculta aos homens procurar e adquirir certos e determinados bens e serviços. Em contraposição, o caudal de bens e serviços lhes é ofertado em mercado pelas unidades produtoras. Os detentores de rendimentos, em busca de satisfação de suas necessidades e desejos, e os ofertantes de mercadorias e serviços dispostos a cedê-los mediante o pagamento de determinadas 31 quantidades de moeda, encontram-se no mercado de bens e serviços, onde a produção atinge seu destino final, adquirida pelas famílias, segundo seu diferenciado poder de compra. Vamos relembrar: até aqui o sistema econômico coloca em destaque: - Os elementos-chaves do processo produtivo, os fatores e as unidades em que eles se organizam; - Os setores em que a economia pode ser dividida, assim como as primeiras questões levantadas pela diversidade de sua constituição fatorial; - Os fluxos que, gerados num período de tempo, transitam pelo sistema econômico, contrastando, pois, com os “estoques” existentes no sistema; - A dicotomia básica vigente no processo produtivo, entre a corrente “real” de bens e serviços e a corrente “nominal” de rendimentos. Esta dicotomia se reflete em outras denominações, como produto e renda, oferta e procura, vendas e compras etc.; - A organicidade do sistema econômico, cujos elementos se mostram intimamente relacionados. 32 (Versão simplificada sem governo e sem setor externo) O estoque de fatores, a esquerda, onde se inicia o fluxograma – Trabalho , capital, terra, etc. tem por pano de fundo a tecnologia – será ofertado no mercado de fatores e demandado pelas empresas e alocados pelos organizadores da produção (agentes produtivos). O universo das unidades produtoras (empresas), por sua vez, compõe o aparelho produtivo da nação. Nele se distinguem três setores, diversos pela natureza e pelo papel exercido na economia. O emprego de fatores que os caracteriza pode ser formalizado mediante o uso de “funções macroeconômicas” de produção,definidas por setor e genericamente expressas por: Das unidades situadas nos três setores flue, simultaneamente, uma corrente de pagamentos por serviços prestados (da direita para a esquerda, ou seja, das empresas para as famílias) e outra de bens e serviços produzidos (das empresas para o mercado de bens e serviços). 33 Os pagamentos, constituindo a renda das famílias, são levados pelos consumidores ao mercado de bens e serviços, onde eles procuram adquirir os bens e serviços de que necessitam. Paralelamente, tais bens e serviços – constituindo o produto do sistema – são trazidos ao mercado de bens e serviços, por unidades produtoras, dispostas a vendê-los. O mercado é, pois, o “local” para onde convergem os fluxos nominal (procura) e real (oferta). 3.5 O DESTINO DOS FLUXOS No processo produtivo são gerados, simultaneamente, o produto e a renda. O que precede visa, justamente, a esclarecer aspectos dos mais importantes deste processo, responsável pelo surgimento no sistema econômico dos fluxos real e nominal. Não nos aponta, contudo, como transitam e ulteriormente se encontram o fluxo nominal, uma vez distribuídos os rendimentos, e o fluxo real, uma vez encerrado o ciclo produtivo. Trata-se, a seguir, de acompanhar o percurso de tais fluxos até sua utilização final, em atendimento e necessidades e decisões humanas. Para tal efeito, dividiremos a exposição em dois itens: um, tratando do encaminhamento de rendas, bens e serviços, para a satisfação das necessidades de consumo: outro, focalizando o montante de rendimentos e produtos que servem à execução de outros propósitos. a) Uma vez a renda distribuída, sob a forma de salários, alugueis, juros, lucros etc., ficam definidos os recursos com que podem as famílias contar para a satisfação de suas necessidades. Os indivíduos, de posse de tais rendimentos (expressos sob diversas formas: em moeda corrente, depósitos bancários etc.), dirigem-se, pois, ao mercado de bens e serviços de consumo. Nele se defrontam com uma série de produtos oferecidos pelas unidades produtoras, a determinados preços. Dadas suas possibilidades econômicas, ditadas pelo confronto de seus orçamentos e dos preços vigentes, adquirem diferentes bens e serviços. Começam, naturalmente, por atender a certos itens como alimentação, vestuário, habitação, de prioridade indiscutível. De acordo com o montante de recursos auferidos, alguns consumidores (em número decrescente) podem prosseguir satisfazendo seus desejos pela compra de geladeiras, automóveis, ingressos para espetáculos de arte etc., até que, em certos casos, atingem níveis altamente requintados de consumo. 34 O gasto conjunto da coletividade com os artigos que diretamente satisfazem seus desejos e necessidades econômicas – sua demanda final de bens e serviços de consumo – determina o agregado Consumo (C = Ʃ PI qi). A corrente de artigos para consumo que flui do aparelho produtivo – a oferta de bens e serviços de consumo – reflete em maior ou menor grau os requisitos da demanda com que se defronta o mercado. O tratamento de tal questão exige a consideração de um “modelo aberto”, em que o ajustamento procura-oferta se dê indiretamente, com recurso às trocas externas. O tema será, pois, retomado posteriormente. b) Nem todas as rendas geradas no processo produtivo são destinadas à satisfação de necessidades imediatas. A parcela de rendimentos não despendidos na aquisição de bens e serviços de consumo constitui, por definição, o montante de “poupança” (S) do sistema econômico no período considerado. A “poupança” de um sistema econômico do tipo até aqui descrito tem como principais componentes: - Os rendimentos percebidos por pessoas e não destinados a consumo. Tais reservas facultam aos indivíduos aquisição de títulos de propriedade e crédito (os quais lhes proporcionam, em períodos subsequentes, correntes adicionais de rendimentos). - Uma soma de recursos financeiros retidos (não distribuídos a proprietários, acionistas etc.) pelas empresas, com dupla destinação: manutenção ou ampliação de suas instalações. Com efeito, visando à conservação de sua capacidade produtiva, as empresas são levadas a constituir fundos (reservas de depreciação) que lhes permitam fazer frente ao desgaste de seus equipamentos. Além disso, inúmeras empresas represam parte de seus lucros para financiar a expansão de suas atividades. As duas parcelas somam, pois, o total de poupança realizada pelas unidades produtoras. Paralelamente à formação de poupanças do lado do fluxo nominal, o aparelho produtivo produz certos bens e serviços não diretamente absorvidos pelo consumo, mas que devem, sim, integrar-se em atividades produtivas futuras. Determinada proporção destes bens e serviços de capital é diretamente absorvida pelas empresas, a partir do emprego de suas próprias poupanças. As economias dos indivíduos, no entanto, devem transitar por instituições financeiras (bancos de investimento, sociedade de crédito etc.) para que, finalmente venham a financiar a aquisição de bens de capital. Assim a poupança dos indivíduos chega às empresas por meio da mediação dos intermediários financeiros. 35 Estes têm, pois, por função transmitir aos organizadores da produção, decididos a investir, o fluxo de poupança gerado pelos inúmeros poupadores individuais dispersos pelo sistema econômico. Naturalmente, os intermediários financeiros também de prestam à canalização de poupanças de empresas, desde que estas não as apliquem diretamente. O conjunto de bens e serviços de capital, gerados num período de tempo, tem dois possíveis destinos: uma fração é utilizada para a substituição de equipamentos, peças etc. desgastados no processo produtivo – constitui o investimento de reposição; a fração complementar é empregada na realização de novos empreendimentos – trata-se do investimento líquido da sociedade. Ambas as parcelas compõem, por sua vez, o investimento. Enquanto os bens e serviços de consumo rapidamente desaparecem, os bens de capital têm, pois, por destino o processo de inversão que os integra, transformados em fator capital na constelação de fatores do sistema. Ao crescer o estoque de capital é incrementada a capacidade de produção da economia, o que acarreta o aumento do produto e da renda (e, em consequência, do consumo e da própria formação de capital). a expansão do aparelho produtivo não se produz a mera dilatação do preexistente: a assimilação de capital tende a alterar sua conformação setorial, a introduzir novos processos produtivos etc. A formação de capital é, pois, fenômeno decisivo no crescimento e transformação temporal do sistema. Do exposto até o presente, podemos extrair as seguintes relações fundamentais para a compreensão do funcionamento de um sistema econômico: - a renda gerada num período dado é utilizada para consumo imediato ou preservada para outras aplicações. Y = C + S - O Produto satisfaz o consumo da comunidade, e ainda alimenta a reposição e/ou expansão do estoque de capital. P = C + 1 36 3.6 O FLUXO CIRCULAR DA RENDA O fluxo circular da renda mostra a visão global e integrativa do funcionamento do sistema, destacando aspectos da produção e destinação dos fluxos de produto e renda. As principais hipóteses simplificativas são: não se consideram as implicações das trocas internacionais. Os fatores de produção são combinados em unidades produtoras que se distribuem pelos setores primário, secundário e terciário. A “demanda de bens e serviços de consumo” expressa a necessidade de alimentos, tecidos, habitações etc. A aquisição de quaisquer produtos se dá mediante um dispêndio, sempre igual ao produto da quantidade adquirida por seu preço de venda). O total de despesas com bens e serviços de consumo define o agregado “Consumo”. A poupança é a fração complementar do fluxo de rendimentos, ou seja, o montante de rendimentos não empregado na aquisição de artigos de consumo.O fluxo de poupanças prossegue seu trajeto até ser, por sua vez, dividido em duas correntes: - uma vai diretamente aos organizadores da produção (é a poupança realizada pelas empresas e destinada a investimentos próprios); - outra é dirigida ao mercado financeiro, após o que chega também aos organizadores da produção (é a poupança criada por pessoas físicas e transmitida por bancos e outras instituições aos empresários desejosos de investir). A poupança, já inteiramente sob controle dos organizadores da produção, chega ao mercado de bens de capital onde permite a aquisição de equipamentos etc., destinados à reposição do capital (investimento de reposição), ou à formação de novo capital (investimento líquido). Encarando a produção pela perspectiva “real”, vemos que o fluxo de bens e serviços finalizados pelo aparelho produtivo num período de tempo se compõe de duas correntes que constituem, respectivamente, a oferta de bens e serviços de consumo e de capital. A oferta de bens e serviços de consumo é confrontada com a respectiva demanda no mercado de bens e serviços de consumo. Por outro lado, os bens e serviços de capital propiciam tanto a renovação dos equipamentos, instrumentos de trabalho etc. desgastados quanto a efetivação do investimento líquido da comunidade. Este montante de investimentos irá se adicionar ao estoque de fator capital, que, juntamente com os recursos naturais e a população ativa, compõem a constelação de fatores. 37 Capítulo IV CRESCIMENTO E DESENVOLVIMENTO ECONÔMICO 4,1 CRESCIMENTO ECONÔMICO X DESENVOLVIMENTO ECONÔMICO A Teoria do Crescimento e do Desenvolvimento Econômico concentra-se na discussão de estratégia de longo prazo, ou seja que medidas precisam ser tomadas para promoção de um crescimento econômico equilibrado e autossustentado. A oferta ou produção agregada tem importante função na condução do crescimento de longo prazo. Na teoria do crescimento considera-se o pleno emprego dos recursos. Dessa forma, ênfase é dada ao comportamento do produto de pleno emprego da economia. VOCÊ SABIA que o crescimento econômico e o desenvolvimento econômico estão interligados mas são dois conceitos diferentes ? Crescimento econômico é o crescimento contínuo da renda per capita ao longo do tempo. O desenvolvimento econômico é um conceito qualitativo, inclui as alterações na composição do produto e distribuição de recursos pelos diferentes setores da economia, de forma a melhorar os indicadores de bem estar econômico e social (pobreza, desemprego, desigualdade, condições de saúde, nutrição, educação, moradia, etc.). Há grandes disparidades na distribuição de renda entre países, notadamente na América Latina, Ásia e África, nos quais uma pequena parcela da população vive muito bem enquanto a grande maioria tem rendas bem abaixo do nível médio de renda. O crescimento da produção e da renda é derivado de variações na quantidade e qualidade de dois fatores de produção básicos: capital e mão de obra. Podem ser destacadas como fonte de crescimento: Aumento na quantidade de mão de obra em virtude do aumento demográfico e da imigração. 38 Aumento do estoque de capital ou da capacidade produtiva. Melhoria na qualidade da mão de obra através de treinamento e especialização. Aumento da eficiência na utilização do estoque de capital derivado da melhoria tecnológica. 4.2 FATORES ECONÔMICOS ESTRATÉGICOS PARA O CRESCIMENTO Capital Humano é o valor do ganho de renda potencial incorporado nos indivíduos O capital humano inclui: o Habilidades inerente à pessoa; o Talento; o Educação; o Habilidades adquiridas; Ao diferenciar o trabalhador médio em países industrializados do trabalhador médio em países em desenvolvimento percebe-se que o primeiro trabalha com mais capital físico, bem como é mais qualificado. O capital humano pode ser adquirido mediante educação formal, treinamento e experiência. Nos países em desenvolvimento destaca-se a dificuldade, em função do baixo nível de renda, para acumular fatores de produção e capital humano ou físico. As economias menos desenvolvidas enfrentam vários dilemas em função do baixo nível de renda, entre eles estão: Como usar os recursos que mal conseguem prover as necessidades de subsistência para investir em educação ou em capital físico; Para as famílias é difícil decidir se a criança deve começar a trabalhar ou ir para a escola; Para o governo é difícil decidir como usar os recursos muito limitado que tem sob seu comando; O crescimento está limitado ao tempo que os fatores de produção levam para se acumularem. A educação é o fator mais poderoso para promover o crescimento, bem como para diminuir as desigualdades, mas como leva muitos anos para que se eleve o nível de educação e treinamento em economias menos desenvolvidas, ocorre o chamado “círculo vicioso da pobreza”. 39 Capital Físico A forte presença de máquinas e de equipamentos sofisticados abundantes em países ricos e de sua escassez em economias pobres torna o capital físico o centro das explicações para o progresso econômico. A relação produto-capital é um conceito muito usado para mostrar o papel do capital físico no processo de desenvolvimento econômico. A relação produto-capital é a razão entre a variação do produto nacional e a variação do estoque de capital. Assim: Variação do produto nacional (Δy) Variação do estoque de capital (ΔK) ν = Δy ΔK A relação capital produto também é conhecida como produtividade marginal do capital. 4.3 FINANCIAMENTO DO DESENVOLVIMENTO ECONÔMICO Um país pode usar para investimento sua poupança interna ou ainda a poupança estrangeira através de empréstimos ou ajuda financeira. Caso a poupança doméstica seja necessária para acumulação de capital, o país deve adotar políticas que incentivem as pessoas a renunciarem a parte do consumo presente. O mercado financeiro e de capitais também é fator importante na mobilização de recursos para formação de capital e para canalização dos recursos das famílias, através de intermediários financeiros, para o investimento das empresas. Um país em desenvolvimento pode atrair poupança estrangeira dos seguintes modos: As empresas estrangeiras investirem diretamente no país; Atrair recursos estrangeiros por meio de empréstimos nos mercados mundiais de capitais ou em instituições como o Banco Mundial; Através de ajuda externa; Até aqui foi possível observar diferenças entre ocrescimento e o desenvolvimento econômico que podem ser reudidas no quadro abaixo: 40 4.4 O PRODUTO INTERNO BRUTO (PIB) COMO MEDIDA DO BEM-ESTAR Não há um consenso entre os economistas de que o PIB meça adequadamente o bem- estar da coletividade, isto é, muitos argumentam que o PIB não reflete as condições econômicas e sociais de um país. Ou seja: Não registra economia informal; Não considera os custos sociais derivados do crescimento econômico, tais como poluição, congestionamentos, piora do meio ambiente etc.; Não considera diferenças na distribuição de renda entre os vários grupos da sociedade. A discussão ganha força quando se fala da adequação (ou não) do PIB como medida de bem-estar, quando se observa que as Nações Unidas calculam periodicamente um Índice de Desenvolvimento Humano (IDH), que leva em consideração: Índice econômico (Renda Nacional Bruta per capita, pelo critério de paridade de poder de compra); Índice de expectativa de vida; Índice de educação. O IDH é uma média aritmética desses três indicadores, e varia de 0 a 1: quanto mais próximo de 1, maior o padrão de desenvolvimento humano do país. O IDH é elevado se for superior a 0,8; O IDH é médio se varia entre 0,5 e 0,8; O IDH é baixo se for inferior a 0,5. O índice de expectativa de vida (anos de esperança de vida ao nascer) indica indiretamente as condições de saúde e saneamento do país. O índice de educação é uma média composta pelamédia de anos de estudo da população adulta (25 anos ou mais) e anos de escolaridade esperada (expectativa de vida escolar, ou tempo em que uma criança ficará matriculada, se os padrões atuais se mantiverem ao longo de sua vida escolar). 41 Os países são divididos em quatro grupos: desenvolvimento econômico muito alto (25% maiores IDH); desenvolvimento econômico alto (25% IDH seguintes) desenvolvimento econômico médio (25% seguintes); desenvolvimento econômico baixo (últimos 25% IDH). Há nações com diferenças notáveis entre o indicador socioeconômico (IDH) e o puramente econômico (PIB), principalmente os países árabes, que apresentam alta renda per capita, mas padrão social relativamente baixo. Contudo, no geral, há uma razoável correlação do PIB per capita com o grau de desenvolvimento social de um país. Nas tabelas 8.11 e 8.12 apresentam-se dados mais detalhados para o Brasil. Tabela 8.11 IDH Brasil – 2012 2012 Esperança de vida ao nascer (anos) 73,8 Média de anos de escolaridade 7,2 Anos de escolaridade esperada 14,2 CLASSIFICAÇÃO IDH 85º RNB per capita (US$ PPP) 10.152 CLASSIFICAÇÃO RNB per capita 85º Fonte: PNUD – Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento Humano – Relatório 2013 – www.pnud.org.br Tabela 8.12 IDH – 2000-2010(*) ANO IDH Brasil 2000 0,669 2005 0,699 2006 2007 0,71 2008 2009 2010 0,726 2011 0,728 42 2012 0,73 Fonte: PNUD – Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento Humano – Relatório 2013 – www.pnud.org.br Nota: anos 2001 a 2004 e anteriores a 2000 ainda não disponíveis na nova metodologia. http://www.pnud.org.br 43 Capítulo V FUNDAMENTOS DA MICROECONOMIA A DEMANDA, A OFERTA E O EQUILÍBRIO DE MERCADO - Neste capítulo estudaremos a Microeconomia, que é o ramo da Teoria Econômica que trata do comportamento das unidades econômicas individuais. A microeconomia explica como e porque as unidades tomam decisões econômicas. Você está pronto para iniciar seus estudos introdutórios sobre a Microeconomia? Está em um local agradável e que facilite sua aprendizagem? Este capítulo proporcionará o contato com importantes fundamentos, definições, características e ETC. Boa leitura! 44 5.1 LEI DA DEMANDA E DA OFERTA ASPECTOS PRELIMINARES A microeconomia trata do comportamento das unidades econômicas individuais - consumidores, trabalhadores, investidores, proprietários de terra, empresas (qualquer indivíduo ou entidade que tenha participação no funcionamento da economia). A microeconomia explica como e porque essas unidades tomam decisões econômicas. Exemplos: 1- A microeconomia esclarece como os consumidores decidem sobre suas compras, bem como suas escolhas são influenciadas pelas alterações de preços e de rendas. 2- A microeconomia explica a maneira como as empresas estabelecem o número de funcionários que serão contratados e como os trabalhadores decidem onde e quanto trabalhar. A microeconomia, através do estudo do comportamento e da interação entre cada empresa e os consumidores, mostra como os setores e os mercados operam e se desenvolvem, porque são diferentes entre si e como sofrem influências pelas políticas governamentais e pelas condições econômicas globais. A quantidade de bens e serviços a ser adquirida pelo individuo para atender às suas necessidades está diretamente ligado à relação entre a quantidade de dinheiro que ele possa despender na compra e o preço desses bens e serviços. Para possuírem preço, os bens e serviços precisam ser úteis e escassos, quanto mais úteis e escassos maiores serão seus preços. A fixação do preço nos mercados concorrenciais é feita através da interação de duas forças: Demanda e oferta A lei da demanda e da oferta está diretamente ligada aos estudos teóricos realizados por Adam Smith e David Ricardo entre outros. O preço estabelecido pela interação das forças de demanda e oferta é o preço de equilíbrio. Para que sejam estudados o comportamento do produtor e do consumidor é necessário admitir: condições coeteris paribus. 45 A condição coeteris Paribus e uma expressão em latim que significa tudo o mais constante (que os demais fatores não analisados permaneçam inalterados). A condição coeteris paribus supõe que o mercado em análise não afeta nem é afetado pelos demais. Essa condição serve para observar o efeito das variáveis isoladas, ou seja, quando se quer ,por exemplo, saber o efeito isolado de uma variação de preço de um bem sobre a sua procura, independentemente do efeito das demais variáveis que afetam a procura, tais como a renda do consumidor, preço dos bens substitutos e complementares. 5.1.1. DEMANDA DE MERCADO Definição de demanda Procura ou demanda de um produto pode ser definida como a quantidade de determinado bem ou serviço que os consumidores desejam adquirir num determinado período de tempo, em função da sua renda do preço dos produtos substitutos e complementares, etc. A demanda representa a intenção de comprar, em função dos preços, não representa a compra efetiva. Vamos relembrar: Utilidade representa o grau de satisfação ou bem-estar que os consumidores atribuem a bens e serviços que podem adquirir no mercado. A lei da demanda A variação da quantidade demandada de um produto dá-se na razão inversa da variação do preço do bem. Este tipo de comportamento tem duas razões básicas: O preço do produto é um obstáculo ao consumidor; Há sempre uma relação de dependência entre o preço e a quantidade procurada de um produto. 46 Relação entre a quantidade demandada e o preço do próprio bem Quanto maior o preço do bem Menor a quantidade demandada desse bem Efeito substituição Quanto maior o preço do bem Maior a demanda por bens substitutos desse bem Efeito renda Quanto maior a renda do consumidor Maior a demanda por bens normais e menor a demanda por bens inferiores. A curva de demanda É a representação gráfica da relação entre o preço de um bem e a quantidade do bem que os consumidores estão dispostos a adquirir. Indica a quantidade que o consumidor pode comprar, em função das várias alternativas de preços do bem. No eixo horizontal (abcissas), escrevem-se todos os valores correspondentes às quantidades demandadas; no eixo vertical (ordenadas) escrevem-se todos os valores correspondentes aos preços do produto. É inclinada para baixo, pois o preço e a quantidade demandada têm. relação inversa. Escala de procura de um produto Escala de demanda ALTERNATIVAS DE PREÇO ($) QUANTIDADE DEMANDADA 1,00 23 2,00 17 3,00 12 4,00 8 5,00 6 47 Formato da curva de demanda Uma curva de demanda é sempre descendente da esquerda para a direita porque à medida que o preço do produto diminui, a quantidade demandada aumenta. Matematicamente, a relação entre o preço e a quantidade demandada pode ser expressa pela seguinte função de demanda: Qd = f (P) Qd = quantidade demandada de determinado bem ou serviço, num determinado período de tempo; P = preço do bem Variação da quantidade procurada A variação da quantidade de um produto é a passagem de um ponto para outro da curva de procura, em consequência de uma variação no preço. Outras variáveis que afetam a procura O preço não é a única variável que afeta a procura por um bem. Outras variáveis que podem determinar a procura por um produto são: 48 a) Renda ou poder aquisitivo do consumidor – quando a renda do consumidor aumenta, a demanda do produto também aumenta. Nesse caso o bem é considerado normal. Quando a renda do consumidor aumenta e a demanda pelo produto diminui o bem é considerado inferior. Também há os chamados bens de luxo, que tem a demanda aumentada quando o consumidor fica mais rico (exige mais qualidade nos bens). b) Preço dos bens substitutos e complementares - em relação aos bens substitutos, quando o preço do bem analisado aumenta, a quantidade demandada do bem substituto também aumenta, porque o consumidor deixará de comprarou comprará menos do bem em questão e comprará mais do bem substituto. No caso dos bens complementares, uma elevação no preço do bem em analise, levará o consumidor a comprar menos dos dois bens, pois a demanda de um implica na demanda do outro. c) Gosto e preferência dos consumidores – a demanda de um bem é influenciada pelo gosto e preferência dos consumidores. A propaganda tem o objetivo de estimular o consumo, a preferência do consumidor. A alteração em um desses fatores (condições ceteris paribus) provocará o deslocamento da curva independentemente do preço do produto no mercado. 49 DESLOCAMENTO POSITIVO DA CURVA DE DEMANDA 5.1.2. OFERTA DE MERCADO Define-se a oferta de um produto como várias quantidades oferecidas de um produto em função dos diversos níveis de preço que se possam obter no mercado em um determinado período de tempo. Lei geral da oferta A variação na quantidade ofertada dá-se na razão direita da variação do preço, isto é, se o preço aumenta a quantidade oferecida também aumenta. O preço é sempre um incentivo para o produtor. Em condições coeteris paribus, o aumento no preço do produto, sem que os custos de fabricação sejam aumentados, dá ao produtor condições de aumentar sua margem de lucro. PREÇO QUANTIDADE OFERTADA 50 AUMENTA AUMENTA Escala de oferta de um produto ALTERNATIVAS DE PREÇO ($) QUANTIDADE OFERTADA 1 0 2 7 3 12 4 16 5 18 A curva de oferta é sempre ascendente da esquerda para a direita, à medida que o preço aumenta a quantidade ofertada também aumenta. A Curva de oferta relaciona a quantidade ofertada aos diversos níveis de preços. No eixo das abcissas escrevem-se os valores correspondentes às quantidades ofertadas, no eixo das ordenadas os valores correspondentes aos preços. CURVA DE OFERTA 51 b-Variação da quantidade ofertada A variação da quantidade ofertada é a mudança de um ponto para outro na curva de oferta em função da mudança de preço do bem. OUTRAS VARIÁVEIS QUE AFETAM A OFERTA Além do preço. a quantidade ofertada pode depender de outras variáveis, são elas: Os fatores que podem determinar a mudança na oferta de um produto podem ser: a) A quantidade de empresas que apresentam condições de fabricar o produto; b) A disponibilidade dos recursos de produção: c) O preço dos diferentes fatores que compõem o processo produtivo; d) Mudança na tecnologia aplicada; e) A expectativa sobre o comportamento da procura; 52 f) A expectativa sobre a variação do preço do produto. Deslocamento positivo da curva de oferta Lembre-se: A variação da quantidade ofertada é a mudança de um ponto para outro na curva de oferta em função da mudança de preço do bem. Os efeitos provocados na oferta, em função da alteração em outras variáveis determinantes da oferta, deslocam a própria curva de oferta. 5.2 O EQUILÍBRIO DE MERCADO O preço de equilíbrio é o que atende simultaneamente os interesses de produtores e consumidores. Graficamente, este ponto ser observado pela interseção das curvas de demanda e de oferta. O preço de equilíbrio é aquele em que a quantidade voluntariamente ofertada é igual à quantidade procurada. 53 Escala de procura e de oferta de um produto ALTERNATIVAS DE PREÇO ($) QUANTIDADE DEMANDADA QUANTIDADE OFERTADA 1,00 23 0 2,00 17 7 3,00 12 12 4,00 8 16 5,00 6 18 Representação gráfica do equilíbrio de mercado No preço1, enquanto a procura é de 23, a oferta é 0 (procura maior que oferta), a tendência do preço do produto é aumentar. O preço 3 é o de equilíbrio, pois a procura é de 12 e a oferta também (preço de equilíbrio) No preço 5, enquanto os produtores oferecem 18, a procura para o produto é de apenas 6, o que irá forçar a diminuição do preço. 54 5.3 ALTERAÇÕES NO EQUILÍBRIO DE MERCADO A demanda e a oferta se deslocam de tempos em tempos, na maioria dos mercados. À medida que a economia cresce, a renda disponível dos consumidores aumenta, bem como se contrai em caso de recessão econômica. As estações do ano também provocam alterações na demanda por alguns bens (por exemplo, roupas de inverno, guarda-chuvas), provocando alterações dos preços dos bens relacionados (um aumento no preço do petróleo provoca um aumento na demanda de etanol), ou simplesmente por causa de mudanças nos gostos. Também pode ser observado que alterações nos salários, nos custos de capital e no preço das matérias primas se alteram de tempos em tempos e essas variações modificam a posição da curva de demanda. As curvas de demanda e de oferta podem ser usadas para acompanhar os impactos dessas mudanças. As alterações no equilíbrio de mercado podem ser analisadas através de três passos 1º Decidir se o evento interfere na curva de demanda ou de oferta (ou em ambas). 2º Decidir em qual direção a curva se desloca. 3º Usar a curva de demanda e a curva de oferta para ver como o deslocamento altera o equilíbrio (preço e quantidade). Exemplo1: Um verão com temperaturas muito elevadas interfere na demanda por sorvetes. Ocorre um deslocamento para a direita na curva de demanda, em virtude do provoca um aumento no preço do bem de (P1 para P2) e uma quantidade maior de (Q1 para Q2). A figura abaixo mostra o novo ponto de equilíbrio após o deslocamento da curva de demanda. Uma expansão ou redução da procura de um produto mantendo-se a oferta fixa, altera o ponto de equilíbrio, e em consequência, o preço e a quantidade de equilíbrio. 55 Sendo fixa a oferta de um produto, os produtores consideram que um aumento na procura pode dar oportunidade ao aumento de preço e, consequentemente, aumento dos lucros. Vamos relembrar: As variações na demanda estão relacionadas com o deslocamento da curva da demanda, em função de alterações na renda do consumidor; gosto ou preferência do consumidor; expectativa sobre a evolução da oferta; preço dos produtos substitutos e preço dos produtos complementares (ou seja, mudança na condição ceteris paribus). Enquanto as variações na quantidade demandada estão relacionadas com o movimento ao longo da própria curva de demanda, em virtude da variação do preço do próprio bem, mantendo as demais variáveis inalteradas (ceteris paribus). Exemplo 2: Uma queda no preço do trigo importado interfere na oferta de pães. Ocorre um deslocamento para a direita na curva de oferta de pães, o que provoca uma queda no preço do bem (pães) de (P1 para P2) e uma quantidade maior de (Q1 para Q2). A figura abaixo mostra o novo ponto de equilíbrio após o deslocamento da curva de oferta. Deslocamento da curva de oferta 56 5.4INTERFERÊNCIA DO GOVERNO NO EQUILÍBRIO NO MERCADO A intervenção governamental na formação de preços ocorre com frequência na maioria dos países industrializados. Tal interferência ocorre quando o governo: fixa impostos, tarifas alfandegárias, concede subsídios, estabelece os critérios de reajuste do salário mínimo, fixa preços mínimos para produtos agrícolas, decreta tabelamentos ou, ainda, congela preços e salários. Estabelecimento de impostos Quem recolhe a totalidade do tributo é a empresa, mas isso não quer dizer que ela é quem efetivamente o paga. Desse modo, na análise dos mercados, saber sobre quem recai efetivamente o ônus do tributo é uma questão de sua importância. Os tributos podem ser impostos, taxas ou contribuições de melhoria. Os impostos dividem-se em: Impostos indiretos: impostos incidentes sobre o as vendas. Exemplos: imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS), Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI); Impostos diretos: impostos incidentes sobre a renda e o patrimônio. Exemplos: Imposto de Renda (IR) e Imposto Predial e Territorial Urbano (IPTU). 57 Entre os impostos indiretos destacam-se: Imposto específico: o valor do imposto é fixo, independentemente do valor da unidade vendida. Exemplo: para cada carro vendido, recolhe-se, a título de imposto, R$5.000 ao governo (esse valor é fixo e independe do valordo automóvel); Imposto ad valorem:é um percentual (alíquota) aplicado sobre o valor da venda. Exemplo: supondo a alíquota do IPI sobre automóveis de 10%, se o valor do automóvel for de R$50.000, o valor do IPI será de R$5.000; se seu valor aumentar para R$60.000, o valor do IPI será de R$6.000. Assim, como se pode notar, a alíquota permanece inalterada em 10%, enquanto o valor do imposto varia com o preço do automóvel. No Brasil, há poucos impostos específicos, sendo a quase totalidade dos impostos incidentes sobre o consumo do gênero ad valorem. No ato do recolhimento, um aumento de impostos representa um aumento de custos de produção para a empresa. Se ela quiser continuar vendendo as mesmas quantidades anteriores, terá de elevar o preço de seu produto, ou seja, procurará repassar o imposto para o consumidor. Caso contrário, terá de reduzir seu volume de produção. A proporção do imposto paga por produtores e consumidores é a chamada incidência tributária, que mostra sobre quem recai efetivamente o ônus do imposto. O produtor procurará repassar a totalidade do imposto aos consumidores. Entretanto, a margem de manobra de repassá-lo dependerá do grau de sensibilidade dos consumidores alterações o preço do bem. E essa sensibilidade (ou elasticidade) dependerá do tipo de mercado. Quando mais competitivo ou concorrencial o mercado, maior a parcela do imposto paga pelos produtores, pois eles não poderão aumentar o preço do produto para nele embutir o tributo. O mesmo ocorrerá se os consumidores dispuserem de vários substitutos para esse bem. Por outro lado, quanto mais concentrado o mercado – ou seja, com poucas empresas -, maior o grau de transferência do imposto para os consumidores finais, que contribuirão com maior parcela do imposto. Há uma diferença entre o conceito jurídico e o conceito econômico de incidência. Do ponto de vista lega, a incidência refere-se a quem recolhe o imposto aos cofres públicos; do ponto de vista econômico, diz respeito a quem arca efetivamente com o ônus. Normalmente os impostos indiretos são recolhidos pelas empresas, mas elas repassem parte do imposto, aumentando o preço do produto e, assim, onerando o consumidor final. 58 Política de preços mínimos na agricultura Visa conferir uma garantia de preços ao produtor agrícola, com a finalidade de resguarda-lo das oscilações dos preços no mercado, ou seja, ajudá-lo diante de uma possível queda acentuada de preços e, consequentemente, da renda agrícola. O governo garante, antes do início do plantio, um preço que ele pagará após a colheita do produto. Caso os preços de mercado forem superiores aos preços mínimos, na fase da colheita, o agricultor preferirá vendê-lo no mercado. Mas, se os preços mínimos superarem os preços de mercado, o produtor preferirá vender sua produção para o governo ao preço anteriormente fixado. Nesse caso, com o preço mínimo acima do preço de equilíbrio de mercado, haverá um excedente de produto adquirido pelo governo, que será utilizado como estoque regulador em momentos subsequentes. Nesse caso, o governo pode adotar dois tipos alternativos de políticas: a) Comprar o excedente ao preço mínimo; b) Pagar subsídio no preço (política de subsídios): o governo deixa os produtores colocarem no mercado toda a produção, o que provocará grande queda no preço pago pelos consumidores. Os produtores receberão, e o governo bancará a diferença. Evidentemente, o governo optará pela política menos onerosa aos cofres públicos. Tabelamento Refere-se à intervenção do governo no sistema de preços de mercado visando coibir abusos por parte dos vendedores, controlar preços de bens de primeira necessidade ou, então, refrear o processo inflacionário, como foi adotado no Brasil (Planos Cruzado, Bresser, Collor) quando se aplicou o congelamento de preços e salários. 59 Capítulo VI ESTRUTURAS DE MERCADO 6.1 DEFINIÇÃO DE MERCADO Mercado por ser definido como um grupo de compradores e vendedores que, por meio de suas interações efetivas e potenciais determinam o preço de um produto ou de um conjunto de produtos. Mercados competitivos versus mercados não competitivos Um mercado perfeitamente competitivo é aquele que possui muitos compradores e vendedores, de tal forma que nenhum deles pode individualmente interferir no preço. Um mercado não competitivo é aquele que possui muitos produtores, mas as empresas individuais podem, agindo conjuntamente, afetar o preço do produto. A importância da definição de mercado se deve a duas razões: a) Uma empresa precisa conhecer quais são os reais e potenciais concorrentes para os bens e serviços que ela comercializa agora ou pode vir a fazê-lo no futuro. Uma empresa também precisa saber os limites de seu produto bem como os limites geográficos, no mercado no qual atua, com o objetivo de fixar preços, determinar as verbas de publicidade e tomar decisões de investimento. b) No âmbito das políticas públicas a definição de marcado é de suma importância para tomada de decisões. Para o governo permitir as fusões e aquisições de companhias depende do impacto dessas fusões e aquisições na concorrência e nos preços a serem praticados no futuro. Basicamente, as estruturas de mercado estão condicionadas por três variáveis principais: 60 o Número de firmas produtora no mercado; o Diferenciação do produto; o Existência de barreiras entrada de novas firmas; 6.2 CARACTERÍSTICAS DAS ESTRUTURAS DE MERCADO 6,2.1 CONCORRÊNCIA PERFEITA Esta estrutura de mercado visa descrever como deveria ser o funcionamento ideal de uma economia, pois trata- se de um modelo utópico, existindo apenas na teoria. Mesmo assim, no mundo real as características de mercado em concorrência perfeita, não na sua totalidade, podem ser encontradas, como acontece com produtos do setor agrícola. As hipóteses nas quais o modelo em concorrência perfeita se baseia são as seguintes: a- Grande número de compradores e vendedores A existência de grande quantidade de compradores e de vendedores torna a ação isolada de um dos vendedores em relação ao preço incapaz de influenciar o mercado. Exemplo: Considerando que o mercado para um determinado produto tenha 2.000 produtores, cada um deles ofertando 4.000 toneladas desse produto, com um total de 8.000.000 de toneladas. O número de consumidores é de 10.000 e cada um compra 400kg desse produto. Caso uma das empresas decida duplicar a quantidade produzida, a quantidade total se elevaria em apenas 0,10%, o que não alteraria o preço de mercado do produto. No mesmo sentido, se um dos compradores decidisse comprar a metade da quantidade normalmente adquirida, as vendas cairiam em 0,01%, não resultando em efeito sobre o preço de mercado. b- Os produtos são homogêneos Nessa estrutura de mercado os produtos são substitutos perfeitos, ou seja, são produtos homogêneos. Por isso, os compradores são indiferentes em relação à empresa da qual irão adquirir o bem. c- Não existência de barreiras à entrada Nessa estrutura de mercado não existem, barreiras à entrada como, por exemplo, direitos de propriedade e patentes, que impedem a entrada de novas empresas no mercado. 61 Outro exemplo seriam as barreiras econômicas, tais como a necessidade de elevados investimentos que inviabilizariam a entrada de novas empresas no mercado. Nessa estrutura de mercado não existem tais barreiras. d- Transparência de mercado Nessa estrutura de mercado, todas as informações sobre custos, lucros são conhecidas pelos concorrentes. Os compradores e vendedores têm acesso às informações sobre o preço e a qualidade do bem. 6.2.2 MONOPÓLIO O monopólio é uma estrutura de mercado oposta à concorrência perfeita. Nessa estrutura de mercado há apenas uma empresa com capacidade para ofertar o bem. Enquanto na concorrência perfeita o preço do bem era determinado pelas forças de mercado (oferta e demanda), no monopólio, o preço do bem é determinado