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Como citar este material: TEIXEIRA, Elson. Estratégias de Marketing. Rio de Janeiro: FGV, 2023. Todos os direitos reservados. Textos, vídeos, sons, imagens, gráficos e demais componentes deste material são protegidos por direitos autorais e outros direitos de propriedade intelectual, de forma que é proibida a reprodução no todo ou em parte, sem a devida autorização. INTRODUÇÃO A apostila de Estratégias de Marketing tem por objetivo apresentar os elementos fundamentais e as técnicas usadas atualmente para a realização do trabalho de marketing. Além disso, é esperado que os/as estudantes desenvolvam um olhar crítico sobre as práticas existentes na sociedade atual; um olhar criativo e eminentemente voltado para o exercício do compartilhamento de ideias, de soluções simples, porém eficientes, para a atividade de criar um produto que seja uma resposta para um problema, distribuí-lo e torná-lo acessível ao/à consumidor/a. Como o marketing é praticado com o auxílio de vários/as profissionais, de diferentes áreas, são importantes o alinhamento do discurso, o uso de terminologias comuns a todos/as e o conhecimento de tudo o que acontece ou pode acontecer nesse cenário, para que se possa realizar o melhor planejamento possível e obter sucesso na realização da atividade. Sob esse foco, esta apostila foi estruturada em quatro módulos. No módulo I, apresentaremos o marketing, essa importante ferramenta para a divulgação de produtos e serviços, que assume uma posição estratégica na empresa, uma vez que contribui para a sua longevidade, agindo de forma diversa. Ao profissional de marketing, cabe a tomada de decisões imprescindíveis quanto à criação, à permanência, à substituição e até à suspensão de produtos ou serviços no mercado. Também é responsabilidade do marketing cuidar da boa imagem da empresa no mercado e criar valor para a marca, posicionando-a na mente dos/as consumidores/as. Ainda neste módulo, discutiremos a importância do marketing nos diferentes segmentos da empresa. Desse modo, temos como principal objetivo levar à compreensão e à utilização correta dos conceitos fundamentais de marketing, que serão abordados ao longo de todo o conteúdo. No módulo II, focaremos a nossa atenção no estudo do/a consumidor/a. Ao termos em mãos um produto ou serviço que queremos disponibilizar no mercado, precisamos saber quem será o/a seu/sua consumidor/a, entendendo que, muitas vezes, é o marketing que vai ter de despertar o seu interesse. Dessa forma, aspectos ligados aos valores e à forma de comportar-se diante da atividade de compra são essenciais. Apresentaremos, ainda, questões ligadas ao posicionamento do produto, como a importância de identificar o lugar que o produto vai ocupar no mercado, abrir frentes de vantagem competitivas e mostrar características de diferenciação que despertem a preferência do/a cliente. Veremos, portanto, como segmentar e posicionar, ou seja, como realizar atividades efetivas para que o produto seja reconhecido, admirado e preferido pelo seu público específico. No módulo III, apresentaremos as estratégias de marketing para cada elemento do mix de marketing. Por fim, no módulo IV, veremos as influências exercidas pela tecnologia sobre a eficiência das iniciativas de marketing em ambiente virtual e discutiremos sobre as práticas on-line, cujo estudo se faz essencial para o novo costume de compras na internet e para o ambiente de marketing virtual. SUMÁRIO MÓDULO I – FUNDAMENTOS DE MARKETING.................................................................................... 9 CONCEITO DE MARKETING ............................................................................................................... 9 Marketing segundo Kotler ...................................................................................................... 10 Marketing segundo outros autores e a American Marketing Association ....................... 10 Análise das definições apresentadas .................................................................................... 10 MARKETING NAS EMPRESAS .......................................................................................................... 12 As múltiplas funções dos/as profissionais de marketing nas organizações.................... 12 ESCOPO DE MARKETING ................................................................................................................. 13 COMPOSTO DE MARKETING OU MARKETING MIX ...................................................................... 14 Produto ..................................................................................................................................... 14 Classificação de produtos ....................................................................................................... 15 Serviço ....................................................................................................................................... 16 Níveis de produto e serviço .................................................................................................... 19 Estratégias de produto ............................................................................................................ 19 Embalagem ............................................................................................................................... 20 PREÇO ................................................................................................................................................ 21 Ponto de equilíbrio .................................................................................................................. 22 Preço e qualidade .................................................................................................................... 23 Estratégias de precificação ..................................................................................................... 24 Preço de referência ................................................................................................................. 25 PRAÇA ................................................................................................................................................ 26 Distribuição ............................................................................................................................... 26 Estratégias de distribuição ..................................................................................................... 28 Pontos de venda ...................................................................................................................... 30 Estratégias para os pontos de venda .................................................................................... 31 PROMOÇÃO ...................................................................................................................................... 31 Estratégias de promoção ........................................................................................................ 32 Novos Ps de marketing ........................................................................................................... 33 ORIENTAÇÃO DE MARKETING ........................................................................................................ 35 Orientação para a produção .................................................................................................. 35 Orientação para o produto ..................................................................................................... 36 Orientação para vendas .......................................................................................................... 36 Orientação para o/a cliente .................................................................................................... 37 Orientação holística de marketing ........................................................................................37 O composto Ciume .................................................................................................................. 39 GESTÃO DO MIX DE MARKETING ................................................................................................... 40 AMBIENTES DE MARKETING ........................................................................................................... 41 Microambiente ......................................................................................................................... 41 Macroambiente ........................................................................................................................ 43 FATORES EXÓGENOS E ENDOGENOS DO AMBIENTE DE MARKETING ..................................... 44 Fatores endógenos do ambiente de marketing .................................................................. 45 MÓDULO II – IDENTIFICAÇÃO DO/A CONSUMIDOR/A E POSICIONAMENTO DA EMPRESA NO MERCADO ............................................................................................................................................. 47 TIPOS DE MERCADO ........................................................................................................................ 47 Mercado consumidor .............................................................................................................. 48 Mercado concorrente .............................................................................................................. 48 Mercado fornecedor ................................................................................................................ 49 SEGMENTAÇÃO ................................................................................................................................ 50 Critérios de segmentação ....................................................................................................... 50 VANTAGENS DA SEGMENTAÇÃO ................................................................................................... 52 COMPORTAMENTO DO/A CONSUMIDOR/A ................................................................................. 52 Observação do/a cliente ......................................................................................................... 53 Processo decisório de compra ............................................................................................... 58 Pirâmide de Maslow ................................................................................................................ 58 Pontos de contato .................................................................................................................... 59 ESTAGIOS DA DECISÃO DE COMPRA ............................................................................................. 59 MARKETING DE RELACIONAMENTO .............................................................................................. 62 Implantação do marketing de relacionamento ................................................................... 62 Classificação do/a cliente ........................................................................................................ 64 Clientes influenciadores/as .................................................................................................... 66 Diferentes papéis de clientes, segundo o seu comportamento de compra ................... 67 POSICIONAMENTO .......................................................................................................................... 68 Proposta de valor ..................................................................................................................... 69 Valor de uma marca ................................................................................................................ 71 Criação de uma identidade .................................................................................................... 72 Estratégias de posicionamento .............................................................................................. 73 Tipos de posicionamento ........................................................................................................ 74 MIOPIA EM MARKETING .................................................................................................................. 75 Erros de posicionamento ........................................................................................................ 76 DIFERENCIAÇÃO ............................................................................................................................... 77 Produto ..................................................................................................................................... 77 Serviço ....................................................................................................................................... 78 Pessoal ...................................................................................................................................... 78 Canal .......................................................................................................................................... 79 Imagem ..................................................................................................................................... 79 MAPA DE POSICIONAMENTO ......................................................................................................... 79 Como fazer um mapa de posicionamento? ......................................................................... 80 MÓDULO III – MARKETING ESTRATÉGICO ......................................................................................... 81 MARKETING ESTRATÉGICO ............................................................................................................. 81 CONCEITOS BÁSICOS DE PLANEJAMENTO DE MARKETING ....................................................... 83 ETAPAS DO PLANEJAMENTO DE MARKETING .............................................................................. 84 Análise Swot .............................................................................................................................. 85 Design Thinking .......................................................................................................................... 86 PLANO DE MARKETING ................................................................................................................... 88 ESTRATÉGIAS .................................................................................................................................... 89 Onde estamos?......................................................................................................................... 89 Para onde vamos? .................................................................................................................... 89 Como chegaremos lá? ............................................................................................................. 90 Em quanto tempo? .................................................................................................................. 90 Tipos de estratégia .................................................................................................................. 90 COMUNICAÇÃO INTEGRADA DE MARKETING .............................................................................. 92 Critérios para propostas de comunicação integrada ......................................................... 93 Plano de comunicação integrada .......................................................................................... 94 Ferramentas de comunicação integrada .............................................................................. 94 Gestão da comunicação de marketing .................................................................................98 Controle das ações de comunicação integrada de marketing .......................................... 99 MÍDIAS ............................................................................................................................................ 100 SELEÇÃO DE MÍDIA ....................................................................................................................... 101 Mídias digitais ........................................................................................................................ 101 Pesquisa de marketing ......................................................................................................... 104 Tipos de pesquisa ................................................................................................................. 104 Pesquisa de mercado ........................................................................................................... 105 Pesquisas primárias ............................................................................................................. 105 Pesquisas secundárias ......................................................................................................... 106 Planejamento da pesquisa de marketing .......................................................................... 107 MÓDULO IV – TECNOLOGIA E MARKETING .................................................................................... 109 MARKETING DIGITAL .................................................................................................................... 110 CRM – GESTÃO DO RELACIONAMENTO COM O/A CLIENTE .................................................... 111 Réguas de relacionamento .................................................................................................. 112 PRAÇAS VIRTUAIS .......................................................................................................................... 113 BIGDATA .......................................................................................................................................... 114 PROCESSO DECISÓRIO DE COMPRA EM AMBIENTE DIGITAL ................................................. 115 Consumo on-line ................................................................................................................... 116 Produtos versus tecnologia .................................................................................................. 117 Comportamento do/a cliente diante da adoção de tecnologia no produto ................. 117 SEO .................................................................................................................................................. 119 AVALIAÇÃO DAS MÍDIAS DIGITAIS .............................................................................................. 119 PRINCIPAIS METODOLOGIAS PARA O DESENVOLVIMENTO DE ESTRATEGIAS DE RELACIONAMENTO DIGITAL ........................................................................................................ 121 Outbound versus inbound marketing .................................................................................. 121 Inbound marketing ................................................................................................................ 122 Ominichannel ......................................................................................................................... 122 Gamificação ........................................................................................................................... 125 ESTRUTURAÇÃO DE PROGRAMAS DE FIDELIZAÇÃO NO MERCADO DIGITAL ............................ 126 MEDIDAS PARA O MARKETING VIRTUAL .................................................................................... 127 BIBLIOGRAFIA .................................................................................................................................... 130 PROFESSOR-AUTOR ........................................................................................................................... 132 ELSON TEIXEIRA ............................................................................................................................. 132 Formação acadêmica ........................................................................................................... 132 Experiências profissionais ................................................................................................... 132 Publicações ............................................................................................................................ 132 Neste módulo, apresentaremos o marketing, essa importante ferramenta para a divulgação de produtos e serviços, que assume uma posição estratégica na empresa, uma vez que contribui para a sua longevidade, agindo de forma diversa. Ao profissional de marketing cabe a tomada de decisões imprescindíveis quanto à criação, à permanência, à substituição e até à suspensão de produtos ou serviços no mercado. Também é responsabilidade do marketing cuidar da boa imagem da empresa no mercado e criar valor para a marca, posicionando-a na mente dos/as consumidores/as. Ainda neste módulo, discutiremos a importância do marketing nos diferentes segmentos da empresa. Desse modo, temos como principal objetivo levar à compreensão e à utilização correta dos conceitos fundamentais de marketing, que serão abordados ao longo de todo o conteúdo. Conceito de marketing Embora seja estrangeira, todos nós conhecemos e empregamos a palavra “marketing” no nosso dia a dia, uma vez que se trata de um conceito intrínseco à cultura mundial. Normalmente, esse conceito está associado às ideias de divulgação e promoção, à ação de tornar algo público e, até mesmo, a uma “condução” do pensamento público. De certa forma, todas essas associações estão corretas, pois a tradução livre de “marketing” seria algo como “estudo do mercado”, uma vez que tem a sua origem na palavra inglesa market. Alguns estudiosos da Administração conceituaram o marketing, e, a partir da análise dessas caracterizações, seremos capazes de criar a nossa própria definição do termo. MÓDULO I – FUNDAMENTOS DE MARKETING 10 Marketing segundo Kotler Considerado um dos autores mais importantes da área de marketing, na sua vasta bibliografia, Phillip Kotler (2002, p. 44) conceitua o marketing como “[...] as atividades humanas que têm por objetivo facilitar e consumar relações de troca. [O] marketing é a ciência e a arte de explorar, criar e entregar valor para satisfazer as necessidades de um mercado-alvo com lucro.” Ainda com base em um conceito criado por Kotler, faz-se imprescindível mencionar o Marketing 5.0, em que ele aponta a importância da tecnologia para o marketing, sobretudo porque não se trabalha marketing hoje em dia sem empregar algum tipo de tecnologia. A transformação digital, que se tornou notória durante a pandemia de Covid-19, é o meio mais eficiente de aproximação com o nosso cliente. Em outras palavras, o marketing identifica as necessidades e os desejos não realizados, definindo, medindo e quantificando, a partir daí, o tamanho do mercado encontrado e o seu potencial de lucro. Além disso, aponta quais segmentos a empresa é capaz de servir melhor por meio da projeção e da promoção dos produtos e serviços adequados. Kotler menciona, também, que, para alcançar uma reação eficiente, o marketing se baseia, fortemente, na adaptação e coordenação dos seguintes itens: produto ou serviço, preço, promoção e lugar. Por meio do aperfeiçoamento dos seus estudos, o autor reconhece, ainda, a importância do lucro para as iniciativas de marketing. Afinal, para as empresas, não há sentido em criar iniciativas cujo propósito seja atrair e manter clientes se isso não oferecer lucro. Marketing segundo outros autores e a American Marketing Association Raimar Richers (1986,p. 18) afirma que o marketing consiste nas “atividades sistemáticas de uma organização humana, voltada para a busca e a realização de trocas com o seu meio ambiente, visando benefícios específicos.” Já Ries e Trout (1986, p. 12) afirmam ser “o conjunto de instrumentos utilizados pela organização para superar, sob a ótica do/a cliente, a oferta da concorrência.” A American Marketing Association (2008, p. 6) também nos apresenta uma definição de marketing, caracterizando-o como “uma atividade, um conjunto de instituições e processos para criar, comunicar, entregar e trocar ofertas que tenham valor para os/as consumidores/as, clientes, parceiros e sociedade em geral.” Análise das definições apresentadas A partir da análise das definições apresentadas, podemos concluir que o marketing é muito mais do que vender algo, um lugar ou alguém, pois o desenvolvimento das suas atividades está atrelado a todo tipo de relação de troca, cuja meta sempre será a satisfação dos desejos e das necessidades do/a cliente. No âmbito das necessidades, o marketing busca suprir aquelas ligadas à alimentação, ao abrigo e à manutenção da vida. Já no âmbito dos desejos, busca satisfazer aqueles ligados às necessidades de pertencimento e aceitação por um grupo, ao status, à segurança e à diversão. 11 O marketing envolve, portanto, um processo estratégico que conta com todos os setores do negócio a que se aplica, desde a produção e a logística, até a comercialização e o pós-venda do produto ou serviço. Formado por um conjunto de estratégias, técnicas e práticas cujo objetivo principal é o de agregar valor a um produto ou serviço, o marketing atribui maior importância a um público selecionado, aquele que é formado pelo alvo das suas ações: os/as consumidores/as. Partindo do princípio de que os anseios do/a consumidor/a têm de ser atendidos, o marketing promove, também, a fidelização, uma das principais ferramentas de garantia da longevidade de uma empresa. Para tanto, basicamente, os instrumentos de marketing contam com a produção de bens e serviços que atendam à precificação, à distribuição eficiente e eficaz, à distribuição inteligente e à comunicação com o público, de forma a divulgar o produto ou serviço. Vivemos em um mundo exigente, e o número de concorrentes e ofertas similares ao nosso produto ou serviço é gigantesco. Dessa forma, adquirir um produto passou a ser uma atividade de decisão. Diante da grande variedade que o/a consumidor/a vai encontrar, ele/a terá de escolher aquele produto ou serviço que mais sacia as suas necessidades. Tais necessidades podem variar desde o preço, a comodidade e o fácil acesso até a confiabilidade, a moda, enfim, são vários os fatores que o poderão influenciar. O papel do profissional de marketing é, portanto, perceber o que influencia o/a consumidor antes que o seu concorrente o faça. Para fazer isso, é indispensável conhecer o/a cliente e identificar aquilo que realmente fará com que ele volte a consumir o seu produto. Atualmente, as ações do marketing são focadas em manter uma relação duradoura com o/a cliente, procurando identificar as suas necessidades, os seus desejos e características individuais, estabelecendo uma relação de confiança. Em 1954, Peter Drucker se referiu ao marketing como uma ferramenta poderosa a ser considerada por administradores/as. Theodore Levitt (1960), considerado o “pai do marketing”, ressalta a importância de as necessidades do/a cliente serem atendidas. Já Al Ries e Trut (1995) mencionam que o marketing é o desenvolvimento da marca na mente de quem consome. Em outras palavras, não há como manter um negócio sem que o/a consumidor/a seja informado sobre ele. O esforço da informação deve ser customizado, focado, instantâneo e causar o efeito que se espera: o encantamento. Esse é o papel fundamental do marketing. A qualidade das iniciativas de marketing deve ser sempre primada, uma vez que o mercado está repleto de exemplos cuja iniciativa equivocada levou à perda de todo um trabalho realizado. 12 Marketing nas empresas O marketing está presente de forma multidisciplinar na empresa. Ele atua desde a confecção do produto e o estabelecimento do preço, acompanhando o ciclo de vida dos produtos, até a imagem da empresa, o que requer ação interna e externa. Uma função do marketing nas empresas é captar novos/as clientes, reter aqueles/as já conquistados/as por meio de estratégias de fidelização e garantir o melhor posicionamento possível para a marca. Se você parar para pensar, esses três pilares são fundamentais para a longevidade da empresa, não é mesmo? Mas isso não é tarefa fácil, pois, colocar essas ações em prática vai envolver um profundo conhecimento do negócio, dos/as clientes e do market place, ou a forma como o/a cliente acessa os produtos, serviços e a própria marca, que pode ser física ou on-line. Isso requer conhecimento do mix de marketing da empresa, do público que a empresa possui e atenção para tudo o que for dito sobre a empresa nos meios de comunicação, o famoso branding. Outro aspecto que o/a profissional de marketing empresarial não pode esquecer é o endomarketing ou aquele voltado para os/as colaboradores/as, afinal, eles/as são peças importantes na tarefa de bem representar a organização. Como podemos observar, praticamente todas as atividades da empresa precisam estar sob a avalição e intervenção de marketing, porque é essencial o alinhamento das ações e estratégias para que todos falem a mesma linguagem e não haja dissonia naquilo que o público recebe de informação direta ou indireta sobre a empresa. As múltiplas funções dos/as profissionais de marketing nas organizações O/a profissional de marketing é a pessoa responsável pela comunicação e pelas estratégias comunicativas e de vendas de uma empresa, o que lhe confere um caráter muito abrangente e multidisciplinar. Se, antes, esse/a profissional tinha entre as suas atividades a análise de mercado, na qual o produto ou serviço seriam inseridos, atuando na formação do preço, na distribuição e na comunicação desse produto de forma a posicioná-lo na mente dos/as seus/suas clientes, hoje as suas atribuições se expandiram para o ambiente digital. Isso exige que essa pessoa conheça sobre esse ambiente, que seja capaz de desenvolver métricas de avaliação de resultados e também que monitore o trabalho de vendas, uma vez que a concorrência obriga que estejamos à frente em quesitos como praticidade, logística de entrega e devolução, preços competitivos e rapidez nos processos de forma geral. O/a profissional, portanto, deve acompanhar a empresa e os seus produtos e serviços em todos os aspectos; por exemplo, a administração de vendas, a consultoria e a coordenação de atividade promocional, mantendo um contínuo estudo de mercado, atualizando constantemente as informações comerciais, realizando pesquisas para que sejam desenvolvidos novos produtos e planejando vendas e técnicas comerciais. A sua função na empresa possui, pois, um caráter estratégico e tático. 13 Para o exercício da função, serão suscitadas várias áreas de conhecimento. Além de conhecer as áreas de comunicação e de vendas, o/a responsável pela área de marketing também precisará aplicar aspectos da psicologia que permita compreender sobre o comportamento do/a consumidor/a e sobre as relações entre colaboradores/as para que seja praticado o endomarketing, além de conhecimentos sobre a ambiência digital que permita acompanhar redes sociais, desenvolver estratégias de marketing digital, entre outras. Escopo de marketing Toda iniciativa de marketing está voltada para a entrega de uma marca, um produto ou um serviço ao mercado, fazendo com que seja criado um valor especial na mente do/a consumidor/a, a tal ponto que essa compra se torne preferencial, independentemente do seu preço. Para tanto, o marketing deve ter uma visão geral da empresa, além de conhecer o seupotencial e as suas limitações ao estabelecer uma atividade. Deve haver preocupação com a maximização dos lucros, a prevenção de desperdícios e a otimização da produção. Chegamos, dessa forma, à definição de escopo do marketing. O escopo do marketing é o conjunto de áreas diversas que possibilita ao marketing a idealização, adequação, produção, distribuição e efetivação da venda de um produto ou serviço. O que é comum a todas essas áreas é a responsabilidade sobre as ações que desenvolvem, característica base de todo o trabalho a ser realizado pelo marketing. A integração entre os setores se faz imprescindível. Por exemplo, o marketing hoje acompanha a distribuição, mas quem cuida da sua realização é a logística. A ação do marketing é voltada para a criação da atividade e a análise da sua eficácia e eficiência. Os setores responsáveis por cada uma delas é quem realizará, cabendo ao marketing orquestrar as ações visando ao melhor tempo com que o/a cliente tem a sua necessidade suprida. Cobra (1997) descreve como escopo de marketing: o composto de marketing (os quatro Ps – produto, preço, praça e promoção); o comportamento do/a consumidor/a; as compras; a administração de vendas; a gerência do produto; a comunicação com o mercado; o marketing social; a eficácia da produtividade do sistema de marketing; o papel do marketing no desenvolvimento econômico; a embalagem; 14 a logística envolvida na distribuição; a pesquisa mercadológica; os aspectos sociais e ecológicos do marketing; o varejo e o atacado, e a responsabilidade social do marketing. Ainda quanto ao escopo do marketing, é preciso analisar o que o marketing pode oferecer ao mercado, ou seja, quais são os possíveis elementos a serem entregues ao/à cliente. Composto de marketing ou marketing mix O composto de marketing, também conhecido como marketing mix ou quatro Ps do marketing, é definido por McCarthy (1960) como um grupo de variáveis controláveis a partir das quais o marketing pode tomar decisões com o objetivo de atingir o mercado. Os quatro Ps do marketing são: produto; preço; promoção e praça. Sobre esses elementos irão incidir procedimentos, políticas ou processos que, em comum acordo com a estratégia da empresa, possibilitarão sucesso às iniciativas de marketing. A seguir, veremos cada um deles detalhadamente. Produto Produto é um bem produzido que pode ser oferecido a um mercado para ser apreciado, usado ou consumido, de forma a satisfazer um desejo, uma necessidade ou uma demanda. Os serviços também são, de certa forma, um tipo de produto, mas devido a sua importância e a sua forma de ação para o marketing, serão abordados separadamente. O produto (ou serviço) é o item mais importante do mix de marketing, tendo todos os demais Ps girando ao seu redor. A melhor forma de trabalhar um produto é ouvindo quem o consome, de modo a verificar que atributos podem-lhe agregar valor e adequar o seu preço à fatia de mercado que ocupará. Faz- se importante ressaltar que valor se difere de preço: valor é aquilo que faz o/a consumidor/a escolher comprar determinado produto, independente do quanto terá que pagar por isso. 15 Além disso, um produto deve ser pensado, descrito e desenvolvido a partir da análise dos seus aspectos intrínsecos: características, nome, marca, forma, tamanho, desempenho, estilo, design, embalagem, variedade, qualidade, garantias e devoluções. Deve, também, ser agregado a determinados serviços que representem um diferencial competitivo. Um produto possui diversas características, mas a mais importante delas é o fato de ser algo tangível, ou seja, um produto é algo que pode ser visto, tocado, sentido. Diferentemente, o serviço não apresenta algo concreto a ser adquirido, apenas uma ação futura. O fato de o produto ser tangível facilita muito o trabalho do marketing, que deve direcionar todos os seus esforços para levar esse produto ao/à consumidor/a. Para o marketing, tanto o produto quanto o serviço são itens a serem disponibilizados no mercado com a intenção de satisfazer as necessidades de quem os adquire. O desafio está, no entanto, em fazer com que o/a consumidor/a perceba o que está além da sua finalidade, desenvolvendo atributos simbólicos e emocionais que estreitem ainda mais a relação estabelecida com eles/as. Dessa forma, as dimensões físicas, os materiais utilizados, as funções, o desempenho, a marca, o preço, a embalagem e a sua comunicação são importantes para o trabalho do marketing, pois é por meio desses atributos que se torna possível diferenciar e agregar valor para o/a cliente, levando-o a preferir este ou aquele produto. Isso também se aplica aos serviços, cuja principal atividade do marketing será a de mostrar ao mercado a sua confiabilidade, segurança, credibilidade e qualidade. Classificação de produtos Os produtos podem apresentar atributos tangíveis (aqueles que se pode ver, tocar, sentir) e intangíveis (aqueles que não se pode ver nem tocar). Em um produto, vamos encontrar como atributos tangíveis a cor, a embalagem, o design, ou seja, tudo aquilo que gera uma impressão no/a cliente que o percebe concretamente. Já como atributos intangíveis, vamos encontrar a reputação da marca, a qualidade e a prestação de serviços agregados no pós-venda. Esses atributos influenciam o/a consumidor/a pela sensação que causam, principalmente aquela ligada à confiabilidade. Quanto ao/à consumidor/a, os produtos podem ser: industriais – aqueles que são adquiridos por empresas de manufatura e prestação de serviços, ou pelos governos, e de consumo – aqueles comprados pelo/a consumidor/a final, que o adquirem para satisfazer um desejo ou uma necessidade pessoal ou familiar. Também podemos classificar os produtos de acordo com a sua utilização. Vejamos: a) Período de uso: Quanto ao período de uso, os produtos podem ser: duráveis – são produtos com vida longa no mercado. Geralmente, possuem preços altos e longa durabilidade. Exemplo: eletrodomésticos; 16 consumíveis – são adquiridos frequentemente pelo/a consumidor/a e são caracterizados pelo curto período de uso. Exemplos: arroz, sabonete e produtos de limpeza; descartáveis – são caracterizados pelo curto período de uso. Exemplo: barbeadores e colecionáveis – são itens de valor elevado, cujo consumo não é uma preocupação. O público que os coleciona não tem o preço como um fator preponderante. Exemplos: miniaturas e selos. b) Orientação do/a consumidor/a: Quanto à orientação do/a consumidor/a, os produtos podem ser de: conveniência – são produtos comprados com frequência, vendidos por uma base de preço definido e disponibilizados em maior quantidade. Podem ser uma commodity, ou seja, algo de uso costumeiro. Exemplos: balas e fósforos; especialidade – são produtos que exigem bastante esforço de quem compra. Normalmente, a especialidade está vinculada a uma marca. Exemplos: roupas de marca e joias; compra comparada – são produtos adquiridos depois da realização de uma pesquisa, por meio da qual o/a consumidor/a compara variáveis, como melhor preço e benefício oferecido (financiamentos). Em outras palavras, são aqueles produtos cuja compra está atrelada a uma pesquisa prévia, que tem como objetivo comparar as opções encontradas no mercado. Exemplo: compra de eletrodomésticos, carros usados e vestuários, e preferência – são produtos que já conseguiram a fidelização do/a consumidor/a. Não exigem grande esforço para serem adquiridos. Exemplos: tênis, refrigerantes, alguns produtos alimentícios muito vinculados à marca, alguns itens de higiene pessoal, etc. Serviço Serviço é uma ação, uma atuação ou um processo. Por ser algo intangível, leva o marketing a trabalhar com uma ideia ou um conceito que oferte ao/à consumidor/a algum ganho ou vantagem. Também por conta da sua intangibilidade, há uma tendência maior deque haja dissonância cognitiva nos/as clientes que compram um serviço do que nos que compram um produto. Em outras palavras, há uma chance muito pequena, ou quase nula, de que se possa corrigir uma impressão negativa causada em um/a cliente que recebeu um serviço com o qual não ficou satisfeito/a. Um serviço apresenta as seguintes características: a) Intangibilidade: Um serviço não pode ser tocado ou experimentado antes de ser prestado. A ação de marketing, nesse caso, procura oferecer ao/à consumidor/a algo que mais se aproxime daquilo que ele/a vivenciará ao adquirir determinado serviço. Por exemplo, podemos não saber como será o impacto de uma palestra, até assisti-la. Porém, podemos assistir materiais que o determinado palestrante disponibilizou na internet. Essa “degustação” nos oferece uma ideia de como é o desempenho do palestrante, mas a vivência da palestra em si, só é possível quando participamos e consumimos o serviço comprado. 17 b) Inseparabilidade: Não é possível estabelecer uma separação entre a sua produção e o seu consumo. Em outras palavras, o serviço é consumido de modo simultâneo à sua produção. Isso quer dizer que o serviço é intransferível, tem o seu valor associado à pessoa ou à empresa que o prestou. c) Variabilidade: Um serviço prestado nunca é igual a outro. Isso se deve ao fato de que ele depende de quem o realiza, do ambiente onde é realizado, de como e quando é realizado. Embora haja todo um esforço por parte das empresas para padronizá-los, os serviços sempre estarão vinculados à, no mínimo, interferência dos seus atores, sobretudo por conta das influências emocionais quando for executado. d) Perecibilidade: Um serviço não pode ser estocado para ser consumido futuramente. Por conta dessas características, ao ter um serviço como objeto de trabalho, o marketing precisará fazer com que o/a consumidor/a perceba qualidade naquilo que está adquirindo e tenha confiança de que vai receber o serviço prometido com exatidão e qualidade. Nesse sentido, muitos aspectos importantes dizem respeito à atitude do prestador do serviço frente ao/à consumidor/a: cortesia, informações precisas e empatia são alguns dos comportamentos que podem ser fundamentais para o sucesso da aquisição de um serviço. De forma geral, o ideal é praticar a cultura do “defeito zero”, que, para serviços, vai exigir maior grau de disciplina e muito mais presteza no momento da sua realização. Berry e Parasuraman resumem, em três pilares, a melhor forma de vencer as dificuldades inerentes à venda de serviços e evitar falhas nesse processo. São eles: 1. propiciar a liderança do serviço; 2. testar e retestar inteiramente o serviço e 3. erigir e alimentar uma infraestrutura organizacional para o serviço sem erro. 18 Figura 1 – Pilares de confiabilidade do serviço Ao serem verificadas as ações que visam à qualidade de um serviço, fica notório que o elemento humano é primordial para o sucesso de qualquer desenvolvimento nesse sentido. Dessa forma, o monitoramento do comportamento de todas as pessoas envolvidas na prestação do serviço é uma atividade muito importante, principalmente porque vai permitir a identificação de pontos que devem ser melhorados. Periodicamente, faz-se necessário, portanto, desenvolver ações que possam medir o grau de satisfação dos/as empregados/as e dos/as clientes diante dos serviços prestados, colhendo sugestões e reclamações, e procurando desenvolver soluções para o perfeito atendimento dos itens apontados. Além disso, a empresa deve fornecer subsídios que permitam ao/à empregado/a uma maior liberdade de ação durante o contato com o/a cliente, de forma a solucionar problemas e evitar a perda de vendas. Nesse sentido, a padronização de serviços é uma tendência estratégica de grande sucesso. Para obtê-la, é preciso que todos os indivíduos envolvidos no processo de venda estejam focados e bem treinados para: identificar problemas ou oportunidades de melhoria, visando aumentar a satisfação do/a cliente; analisar problemas para que sejam encontradas soluções, tornando-as uma nova oportunidade de negócio; planejar ações potenciais que aumentem a satisfação do/a cliente, mas não deixando de avaliar os riscos e efeitos colaterais advindos dessas ações; executar as ações que foram previamente planejadas e cumprir os procedimentos acordados previamente; avaliar e monitorar as ações e as suas respectivas reações, para verificar o quanto eficientes foram e, em caso negativo, verificar que medidas podem ser tomadas, e repetir as ações que foram positivas, uma vez que os procedimentos anteriores tenham sido cumpridos. 19 Níveis de produto e serviço1 Na medida em que é estabelecida a sua relação com o mercado, as características do produto vão sendo moldadas de forma a melhor atender às expectativas dos/as seus/suas usuários/as. Todo produto vai oferecer um benefício central, que é a sua razão de existir. Todo produto vai apresentar, também, uma característica genérica básica, que diz respeito a como ele é apresentado ao/à consumidor/a, o que é comum à concorrência, e características que são esperadas pelo/a consumidor/a, como o seu bom funcionamento e a sua durabilidade. Quando o produto supera as expectativas do/a consumidor/a, ou seja, apresenta diferencial, dizemos que se trata de um produto ampliado. Já quando há a perspectiva de o produto se desenvolver futuramente, de modo a superar qualquer expectativa atual e a ser totalmente diferenciado da concorrência, dizemos que se trata de um produto potencial. Figura 2 – Níveis de um produto Estratégias de produto Ao longo da sua permanência no mercado, o produto vai percorrer quatro fases distintas: introdução, crescimento, maturidade e declínio; as quais configuram o seu ciclo de vida. Em cada fase, o marketing deve adotar um tipo de estratégia diferente, pois as vendas se comportam de forma distinta, e os lucros também não se apresentam iguais. Na fase de introdução do produto no mercado, ou seja, no seu lançamento, os investimentos em marketing são altos. O produto ou serviço precisa ocupar espaço na mente do/a consumidor/a, que, por não o conhecer bem, não o consome de acordo com o potencial que ele possui. Nessa fase, o crescimento de vendas é lento e podem ocorrer baixo lucro ou prejuízos. 1 Lembrando que serviço é um produto com características de intangibilidade. 20 A fase seguinte é a de crescimento. Nela ocorre um aumento acelerado na taxa de adoção do produto pelos/as clientes, o que faz com que as vendas e os lucros cresçam. Nesse caso, pode ocorrer de as vendas aumentarem mais do que a demanda do mercado, de modo que a empresa ganha participação de mercado. Nessa fase, surgem também novos/as concorrentes, que lançam os seus produtos para aproveitar o crescimento de demanda. Com toda a competição estabelecida e com o mercado pleno de possibilidades, o melhor que se pode fazer é aumentar os investimentos em marketing a fim de sustentar a oportunidade. Nesse caso, as empresas podem adotar as estratégias de crescimento e desenvolvimento. A fase de maturidade é a terceira do ciclo de vida do produto e caracteriza-se pela sua estabilização no mercado, com um crescimento pequeno ou nulo, já que o crescimento só se torna possível com a perda de participação dos/as concorrentes. A fase final, do declínio, é caracterizada pela obsolescência do produto, que tende a ser gradativamente substituído. Nessa fase, algumas empresas diminuem ou eliminam investimentos, outras reduzem a distribuição, outras diminuem os preços e o número de itens ou versões desse produto. O investimento em propaganda também vai diminuindo e, aos poucos, o produto vai deixando de ter visibilidade, podendo até ser retirado do mercado. Além disso, os custos são reduzidos para minimizar a redução de lucros. Embalagem As primeiras embalagens tinhama função de proteger, conservar e transportar alimentos. A preservação e a durabilidade do produto eram o alvo e a preocupação básica quando da sua criação. Hoje a embalagem vai muito além disso: ela identifica o produto e a marca, expõe as características e transmite informações com clareza, de forma a dizer tudo o que é necessário sobre o produto. Além de proteger o produto, a embalagem deve permitir uma boa acomodação nos pontos de venda, privilegiando o produto e causando melhor impressão nos/as consumidores/as. Ela também deve ter um bom apelo de mercado e ser atraente, tornando-se um elemento decisivo para a efetivação da compra. Vários estudos são desenvolvidos até que se crie uma embalagem para um produto. O uso correto de imagens, cores e tipografias, a escolha correta de materiais que a comporão, o design, enfim, toda a sua estrutura deve agregar valor e significado ao produto, tornando-o mais atraente e desejado. Algumas embalagens assumem um grau tão sofisticado de beleza ou são tão inusitadas que viram objeto de coleção, outras viram artigo de luxo ou mesmo surpreendem pelo grau de inovação, de forma que rompem com todas as regras com que o/a consumidor/a está acostumado/a. A embalagem deve ser, ainda, dimensionada de forma a ser proporcional ao produto: isso implica maximizar o acondicionamento do produto, protegê-lo, e permitir ao/à consumidor/a o seu uso integral. Além disso, é essencial que ela seja de fácil cubagem ou que otimize a capacidade dos meios de transporte, de forma a aumentar o número de unidades por viagem. Deve, também, apresentar dados essenciais, como prazo de validade, e, no caso de alimentos, todas as descrições técnicas importantes e selos exigidos pelos órgãos fiscalizadores. 21 Atualmente, a embalagem deve ser, inclusive, sustentável para transmitir a quem consome a preocupação do/a fabricante do produto com o meio ambiente. Nesse sentido, ela precisa mostrar que, durante a sua confecção, houve preocupação com a minimização: do consumo de recursos naturais, otimizando o uso do material, mas sem perda de qualidade; do consumo de água e energia, e dos impactos na natureza com a sua fabricação, como a diminuição de efluentes, gases de efeito estufa e substâncias tóxicas. Além disso, a embalagem deve ser, preferencialmente, feita de material reciclado ou ser de possível reciclagem, apresentando o símbolo correto de acordo com o material de que é feita. A empresa pode, também, oferecer mecanismos de recolhimento de pós-uso ou criar uma embalagem que possa ser reutilizada. Uma embalagem mal estruturada pode trazer prejuízos irreparáveis para a empresa. Preço O preço consiste no valor pago pelo/a consumidor/a para que tenha posse de um produto ou serviço. Essa é uma variável que influencia fortemente a decisão de compra do/a cliente, pois este/a deve perceber o benefício em comparação ao custo. O preço deve ser, portanto, satisfatório e melhor que o da concorrência. Normalmente, as políticas de preço adotadas pelas empresas são muito claras, de modo a serem adequadas à sua estratégia mercadológica. O/a profissional de marketing intervém na precificação de um produto porque possui uma visão diferente da de outros setores da empresa. De forma geral, a empresa vai calcular o preço tendo como base os custos de fabricação, os impostos, os gastos com a distribuição e uma margem de lucro. O marketing vai além disso: vai interpretar em que grau esse produto chega para suprir uma necessidade do mercado, quanto o/a consumidor/a está disposto/a a pagar para possuir esse produto e, em última análise, qual o valor percebido pelo mercado, ou seja, aquele que ultrapassa as características físicas do produto e vai ao encontro das expectativas e do emocional do público a que se destina. O marketing vai interferir em aspectos que transcendem o preço propriamente dito, influenciando no valor que o produto ou serviço possui para o mercado. O cálculo do preço consiste em uma atividade que não é exatamente de responsabilidade do marketing, mas precisa ser acompanhada por ele, uma vez que uma das suas atribuições é trabalhar o valor agregado, aquele aspecto que não está descrito nas características físicas nem utilitárias, mas representa um dos motivos pelos quais o/a cliente adquire um produto. 22 Dessa forma, para formular o preço final, a empresa se encarrega de definir, criteriosamente, os custos com a fabricação e a distribuição do produto (ou a realização do serviço), as despesas variáveis, como impostos e comissões, e a percentagem de lucro. Como tudo o que existe no mercado atualmente, o cálculo de preços também não é fixo. Dessa forma, após o levantamento dos custos, a empresa deve comparar o seu preço com o que o mercado está disposto a pagar pelo seu produto ou serviço. Se o preço calculado estiver acima do que é praticado no mercado, algumas iniciativas devem ser tomadas, começando pela redução dos custos. Por outro lado, se o preço calculado inicialmente for menor do que aquele aprovado pelo mercado, dois caminhos podem ser seguidos: ou aumenta-se o preço para mantê-lo equilibrado com o que está sendo praticado, ou mantém-se o preço baixo para assumir um diferencial competitivo. Ainda quanto ao preço, o marketing também será responsável pela análise de condições especiais de precificação, como as políticas de desconto e de venda a prazo, e os catálogos e materiais informativos que ofereçam alguma forma de promoção do produto. Ponto de equilíbrio Todas as ações de marketing que envolvam o preço de um produto ou de um serviço têm como base os estudos sobre o ponto de equilíbrio, que é o valor que a empresa tem que vender para cobrir as despesas do produto vendido, os custos variáveis e os fixos. Trata-se de um percentual estimado, por meio do qual a empresa atinge um ponto em que ainda não tem lucro, mas já obteve de volta o valor investido e, portanto, não tem prejuízo com o produto. Quanto menor for o percentual que o produto/serviço consegue atingir o seu ponto de equilíbrio, mais seguro é o negócio, porque mostra que os custos da empresa estão mais relacionados à operação (são variáveis), do que com a manutenção (são fixos). Entende-se por custos fixos aqueles associados ao produto, que devem ser pagos independentemente do volume de produtos ou serviços vendidos. Não importa o quanto você vendeu ou não vendeu, você tem que pagar, por exemplo, o salário de um/a vendedor/a. Os custos variáveis são aqueles diretamente ligados ao volume de vendas, por exemplo, a comissão que o/a vendedor/a vai receber por produto vendido. Então, o aumento é proporcional, e diminuir esses custos é uma boa forma de economizar. Por exemplo, uma empresa de cosméticos lança um batom com propriedade anti-idade. Para produzir esse produto, a empresa contratou um químico responsável, com salário mensal, que se não altera, independentemente do número de batons produzidos. Portanto, trata-se de um custo fixo. Os custos variáveis são aqueles que variam de acordo com a quantidade produzida. A quantidade de matéria-prima utilizada para produzir 100 batons não é a mesma que utilizamos para produzir 500. O custo total de produção desse batom é a soma desses dois custos. Quanto menor for o percentual em que a empresa atinge o seu ponto de equilíbrio, mais seguro é o negócio. Então, aproveitando o exemplo do batom, suponhamos que a empresa venda cada batom a R$ 90,00, o 23 seu custo fixo seja R$ 20,00/unidade e o custo variável seja R$10,00/unidade. O/a profissional de marketing quer saber em que momento, neste ano, com uma expectativa de venda de 450 batons, a empresa atingirá o ponto de equilíbrio. Para realizar esse cálculo, a fórmula é a seguinte: ponto de equilibrio = custo fixo (receita – custo variável) 𝑥𝑥 100 ponto de equilíbrio dos batons = $ 20,00 / ($ 90,00 – $ 10,00) x 100 = 25% Nesse exemplo conclui-seque, para o ano, a empresa atingirá o ponto de equilíbrio ao vender 25% das 450 unidades previstas para venda. Por que o marketing tem que conhecer essas informações? Porque, para lançar atividades promocionais, criar descontos de lançamento ou qualquer atividade que venha a alterar o preço de um produto ou serviço, não se pode desconsiderar tanto os custos envolvidos quanto o ponto de equilíbrio. Acompanhar a evolução desses dados é a melhor forma de perceber se o produto dá lucro ou prejuízo, se possui longevidade no mercado, se é interessante investir em atividades de marketing ou mesmo perceber a tempo se é necessário retirá-lo do mercado. Preço e qualidade O preço pode interferir na percepção da qualidade de um produto ou serviço. Alguns atributos são, portanto, sinalizadores da sua qualidade. Tais fatores podem ser: intrínsecos – envolvem a composição do produto ou componentes físicos, como matéria- prima, cor, sabor, etc., ou extrínsecos – envolvem aspectos exteriores ao produto ou serviço, como a marca, a garantia e o preço. Os fatores extrínsecos são mais determinantes na decisão de compra do/a cliente do que os intrínsecos, e a combinação entre eles é determinante na percepção do produto. Se uma marca é conhecida e respeitada, o preço passa a não ser fator relevante. Por exemplo, existem várias marcas de hastes flexíveis, mas cotonetes são Johnson & Jonhson. Ao contrário, se não há informação suficiente sobre o produto, o preço passa ser um indicativo de qualidade. Um bom exemplo acontece na compra de medicamentos genéricos: um medicamento possui oferta de similares em diferentes laboratórios, mas o oferecido pelo laboratório X tem o seu valor três vezes menor que o original. Se não houver informação suficiente sobre o determinado laboratório ou sobre o medicamento ofertado, haverá receio de efetivar a compra. 24 Da mesma forma, se existem várias opções do mesmo produto, o preço passa a ser o fator decisório da compra. Essa é a situação, por exemplo, de óleo de soja. A tendência de compra será sempre pelo de menor preço, porque se trata de um mesmo produto. Além disso, se os preços se equiparam entre os concorrentes, a garantia oferecida passa a ser o diferencial. Quem nunca optou por uma determinada pilha que, segundo afirma a marca, dura 10 vezes mais? A qualidade pode estar atrelada aos atributos do produto, o que a torna um fator objetivo. Por outro lado, a qualidade é um conceito que pode gerar grande interferência emocional, tornando-se, portanto, um fator subjetivo. Por exemplo, o/a cliente pode perceber, objetivamente, a qualidade de uma mesa a partir da análise do material com que ela foi feita. No entanto, à medida que o/a cliente se envolve com a compra e percebe, por exemplo, que essa mesa foi fabricada na sua cidade natal, pode passar a entender se tratar de um material de alta qualidade. Em resumo, a qualidade percebida, aquela que vai além da qualidade objetiva, é um fator importante na decisão de compra do/a cliente e ferramenta fundamental para o marketing, que deve identificar as motivações comerciais do/a comprador/a e sintonizá-las com os esforços de venda da empresa. Qualidade que o/a cliente não é capaz de perceber não é qualidade! Estratégias de precificação Em linhas gerais, o preço é estabelecido também de forma comparativa e adaptada ao mercado. Isso quer dizer que, algumas vezes, um produto pode ser inserido no mercado com um preço diferenciado para que, por meio de uma espécie de “degustação” dos benefícios oferecidos, torne-se conhecido pelo público. No entanto, isso acontece por um tempo limitado e, em seguida, o preço pode voltar ao patamar estabelecido pela empresa. Outras vezes, o produto pode ser inserido com o seu preço real e, ao longo da sua vida, ter o preço diminuído para que a sua permanência no mercado seja estendida. Basicamente, ao precificar um produto, podemos utilizar duas estratégias: a) Desnatação: Ocorre quando um produto inovador é inserido no mercado com um preço elevado, é mantido pelo primeiro período de vida desse produto e pode ser estendido até a fase de maturidade. Na fase de maturidade, acontece, normalmente, a acomodação do preço, uma estagnação e, possivelmente, a diminuição do volume de vendas. A desnatação se justifica pela relevância do produto no mercado e pelo status de exclusividade e prestígio conferido a quem o consome. Dessa forma, essa estratégia está diretamente ligada ao fato de o produto ser realmente inovador, e não funcionará caso não o seja. À medida que vão surgindo produtos concorrentes no mercado, o preço vai caindo naturalmente. Com isso, o objetivo é obter retorno de investimentos em tempo menor e fidelizar o/a cliente ao dessensibilizá-lo/a sobre o preço em virtude dos benefícios obtidos por meio do produto. 25 b) Penetração: A penetração ocorre quando o produto é inserido no mercado com um preço inicial relativamente baixo. Nesse caso, o retorno do investimento vai se dar em tempo diretamente proporcional ao volume de vendas obtido. O objetivo principal dessa estratégia é apresentar um preço mais atrativo do que o dos seus concorrentes e, com isso, atingir uma fatia maior de mercado. A decisão sobre qual é a melhor estratégia a ser utilizada fica sob a responsabilidade do marketing, que deverá realizar um amplo estudo do mercado em que o produto será inserido. É importante lembrarmos que, quanto maior for a oferta de um produto ou serviço, menor será o seu preço. Nesse caso, muitos concorrentes, matéria-prima abundante e muitas ofertas similares vão instigar a baixa do preço para que o produto permaneça competitivo. Preço de referência Certamente, já observamos um produto cujo preço não tínhamos a menor noção. No entanto, isso foge ao padrão, pois, em linhas gerais, todos/as nós temos uma ideia do quanto custam os produtos e serviços ofertados no mercado. Essa noção de preço é o que chamamos de preço de referência ou preço interno. Por meio da comparação entre o preço de referência e o preço praticado, o/a consumidor/a julga se este é justo, decidindo assim se está disposto a pagar pelo produto. O preço de referência não é fixo e pode sofrer modificações à medida que o/a consumidor/a vai adquirindo informações sobre o produto ou dando-lhe uma importância emocional tão grande que torne irresistível a compra. Outra situação bem comum ocorre quando vemos um produto exposto com um preço muito abaixo do que julgamos ser o normal. Nesse caso, ou podemos ficar desconfiados/as quanto à qualidade do produto, o que nos levaria a descartar totalmente a compra, ou podemos adquirir mais do que seria necessário para “aproveitar” aquela oportunidade. Em qualquer das opções, fica óbvio que já existia informação suficiente sobre o produto para que acreditemos que estamos fazendo uma boa escolha. Essas duas situações também ilustram o preço de referência, ou preço limite, que está preestabelecido na mente do/a consumidor/a e, como vimos, pode até mesmo ser um referencial de qualidade. 26 Praça De que adianta a empresa possuir um excelente produto, com qualidade, que surpreenda o mercado e seja capaz de ser largamente consumido e apreciado pelo/a consumidor/a, se esse produto não está disponível para ser comprado? Da mesma forma, de que adianta um produto estar pronto para ser disponibilizado no mercado se os custos com a sua distribuição tornam o seu preço inviável. Praça é como chamamos os pontos de venda (PDVs) e toda a movimentação para levar o produto do local onde foi produzido até o local onde o/a cliente poderá adquiri-lo. Trata-se do local (place) onde o produto ou serviço será disponibilizado e onde serão realizadas as trocas entre quem produz e quem consome. Ainda neste item, vamos encontrar atividades como a logística e a distribuição, a cobertura, o transporte e o estoque, assim como as lojas e o armazenamento,que são muito importantes no processo de acessibilidade do produto. A praça é a atividade concretizada de transmitir o produto ou serviço até o/a seu/sua consumidor/a, incluindo os momentos em que esse produto sai da fábrica ou empresa, é levado por meio de determinado trajeto e chega ao local de espera para consumo. Embora essa logística seja pouco aparente aos olhos do/a consumidor/a, ela assume um papel crucial, uma vez que pode impactar o preço, a facilidade de acesso e o tempo de reposição do produto, aspectos que são muito importantes tanto para quem o produziu quanto para quem o vai consumir. A distribuição poderá ser feita pela própria empresa ou por meio de intermediários. Um sistema de distribuição bem estruturado vai focar aspectos ligados ao espaço e ao tempo, ou seja, vai apresentar o melhor lugar para que o/a cliente encontre o produto e a melhor forma de transporte, considerando desde a confecção do produto até a vitrine onde ele aguardará o momento da compra. Distribuição Existem duas atividades que merecem atenção, quando o assunto é distribuição: movimentação física – atividades de movimentação eficiente dos produtos até o/a consumidor/a final. Diz respeito a fretamento, manuseio, armazenamento, localização ideal da fábrica, controle de estoques e processamento de pedidos, e canais de distribuição – complexo grupo de empresas que realiza a distribuição, podendo ser agentes, varejistas ou atacadistas. 27 Existem dois circuitos de distribuição adequados às necessidades circunstanciais que envolvem a movimentação do produto: o circuito de distribuição direto e o indireto. Uma mesma empresa pode praticar os dois tipos de circuito, entendendo que produtos diferentes podem requerer formas diferentes de distribuição no mercado. Vejamos cada um dos tipos de circuito de distribuição com mais detalhes: a) Circuito direto: Nesse caso, a empresa que produz o produto ou serviço vende diretamente aos/às consumidores/as. Dessa forma, torna-se possível diminuir custos, aumentar margens de lucro e controlar melhor a estratégia de marketing. Figura 3 – Circuito direto b) Circuito indireto: Nesse caso, antes de chegar ao/à consumidor/a, o produto passa por intermediários no circuito de distribuição. Figura 4 – Circuito indireto Quanto à sua utilidade, os canais de distribuição podem apresentar as seguintes funções: venda (prospecção e negociação) e pós-venda (trocas, assistência) – incluem atividades de apoio ao/à consumidor/a final e centralizam todo tipo de informação; transporte, armazenamento e manutenção – incluem atividades de movimentação apenas. O responsável pela realização dessa atividade não se envolve em atividades de comunicação direta com o/a cliente; recolhimento e transmissão de informações – incluem o recolhimento e a distribuição de dados do mercado sobre agentes e forças presentes no ambiente de marketing, necessários ao planejamento de atividades. Também são auxiliares nos processos de troca; empresa que produz o produto consumidor/a empresa que produz o produto intermediários/as consumidor/a 28 formação de oferta comercial – inclui o ajuste da quantidade do produto e a sua subdivisão em quantidades desejadas, de acordo com o público a ser atendido, que pode ser o indivíduo, as famílias, as empresas, etc. Essa função é pertinente a todos os indivíduos envolvidos, bem como aos produtores e intermediários, e risco comercial – auxilia a diluir o risco financeiro da movimentação do produto. Estratégias de distribuição Estratégias de distribuição têm como objetivo a acessibilidade dos/as consumidores/as ao produto ou serviço. Essas estratégias podem ocorrer em relações tanto entre empresas (B2B) quanto entre a empresa e os/as consumidores/as (B2C). No entanto, quanto menor o número de intermediários/as, maior a intimidade estabelecida entre o/a produtor/a e o/a intermediário/a, que se torna parceiro no processo. A distribuição representa uma fatia do valor final do produto. Por essa razão, quanto melhor for planejada e adequada, menor será essa fatia. Para definir os canais de distribuição, o marketing deve obedecer às seguintes etapas: 1. Agrupar os/as clientes com necessidades e preferências semelhantes dentro de canais específicos. O foco principal é o/a consumidor/a final, e não o/a intermediário/a. Para isso, a segmentação já deve ter sido feita de forma criteriosa. 2. Após definir o canal, é o momento de identificar as funções associadas a cada um deles: a) informações de qualidade sobre o produto para o/a consumidor/a; b) customização do produto; c) afirmação da qualidade do produto (o/a consumidor/a deve ter certeza de que o produto chegará até ele/a com as mesmas características com que saiu da fábrica); d) definição do tamanho do lote, de acordo com as despesas advindas dessa definição, como aquisição, manuseio, estocagem, etc.; e) variedades – alguns canais exigem diferentes especificações sobre o mesmo tipo de produto. Um exemplo é a diferença de voltagem praticada no Brasil: em algumas regiões, a voltagem é 110 e, em outras, 220; f) disponibilidade – alguns/algumas clientes exigem maior disponibilidade de tipos, tamanhos e especificações; g) serviços pós-venda (instalações, manutenção, consertos, reclamações) e h) logística – todos os processos que envolvem a logística propriamente dita. 3. Confrontar o projeto elaborado com as melhores práticas do mercado, lembrando de observar o grau de satisfação que é obtido por meio delas. 29 4. Definir alternativas no que diz respeito ao comportamento dos atores envolvidos na distribuição. 5. Verificar os custos e avaliar os benefícios. Algumas vezes, apesar de o custo ser mais elevado e de existirem alternativas melhores no mercado, um produto atende ao/à cliente de forma singular, com qualidade, e isso reflete na sua percepção. 6. Fazer a integração entre o projeto de distribuição e a estrutura de canais já existentes na empresa, verificando se apresenta vantagem no longo prazo, ou seja, se é sustentável. O impacto que a distribuição tem na imagem do produto e no seu ciclo de vida é muito grande. Desse modo, a distribuição deve ser planejada de forma criteriosa, para que possa refletir tudo o que o marketing elaborou como estratégia competitiva e, ao mesmo tempo, ser enxuta e acontecer da forma mais fluída possível para atender às expectativas dos/as clientes. Além disso, deve ser célere, para manter o produto competitivo. Existem três tipos de estratégia de distribuição que podem ser adotadas. Vejamos: a) Intensiva: Nessa estratégia, há uma massificação da acessibilidade do produto para todos os tipos de venda. Em outras palavras, o produto é disponibilizado no maior número de estabelecimentos possível. Essa massificação pode ocasionar, no entanto, a desvalorização do produto, principalmente porque fica difícil controlar a que segmento de mercado estão sendo dirigidos os esforços e a homogeneização do preço. Por essa razão, a estratégia intensiva não pode ser utilizada em produtos premium. b) Seletiva: Nesse caso, o fabricante vai vender os seus produtos por meio de mais de um dos intermediários disponíveis em uma região, mas não de todos. São escolhidos aqueles com base em reputação, clientela, localização e outros pontos que sejam fortes para o produtor. Esse tipo de distribuição oferece uma boa cobertura de mercado aos produtores, além de proporcionar um maior controle dos custos, que são menores que os da forma intensiva. Isso acontece porque se pode escolher onde, quando, como e a quem o produto será acessível. Por esse motivo, a estratégia seletiva promove a elevação do posicionamento da marca. Normalmente, é utilizada em produtos de compra comparada. c) Exclusiva: Nesse caso, há uma atenção redobrada à seletividade. Dessa forma, os/as produtores/as limitam, propositalmente,o número de intermediários/as, concedendo o direito exclusivo de distribuição a um número limitado de revendedores/as em determinada região. Esse tipo de estratégia é usado, principalmente, com a intenção de caracterizar o produto como de luxo ou exclusivo, sendo muito utilizado em franchising. 30 Pontos de venda Um/a vendedor/a ambulante sabe que os melhores locais para se instalar e vender os seus produtos são as ruas mais movimentadas, pois elas possuem lojas concorrentes e são mais frequentadas pelo/a cliente almejado/a, o que facilita a percepção de que o seu produto é bem mais barato. Esse exemplo ilustra bem a importância de um ponto de venda (PDV). Qualquer estabelecimento que mantenha o produto disponível para o/a cliente é um PDV. Como a venda também é uma atividade emocional, por meio da qual se busca realizar um desejo ou sentir um prazer, a identidade visual se torna um diferencial competitivo importante. Em outras palavras, as luzes, a decoração, o conforto e muitos outros detalhes sempre vão influenciar a decisão de compra. Dessa forma, ao se escolher o local ideal para a venda de um produto, alguns aspectos devem ser observados. São eles: a) Visibilidade: Como o produto está exposto? A fachada do estabelecimento pode ser um diferencial para destacar o produto dos concorrentes? Há movimentação frequente no local? b) Perfil demográfico da região: O público-alvo está geograficamente perto do PDV escolhido? Ao analisar as características locais, como o comportamento de compra, o poder aquisitivo e os interesses, são encontradas possibilidades de conquistar clientes potenciais? c) Análise da concorrência: Um PDV pode ser escolhido de acordo com o quanto está próximo do concorrente ou com o quanto mantém o produto afastado dele. Em outras palavras, pode ser escolhido um local que já tenha um público conquistado para o segmento de mercado a que pertence o produto ou um local onde não existam concorrentes diretos. Essa escolha deve ser feita cautelosamente e de modo coerente com o que o marketing planejou. Uma vez observados esses aspectos, é preciso dar atenção especial ao interior do PDV, onde o produto ficará exposto. A organização dos produtos nas prateleiras deve ser impecável. Aspectos ligados à higiene, às marcas de envelhecimento do produto e à reposição constante são muito importantes. Muitas vezes, o/a cliente não olha o prazo de validade escrito na embalagem, mas é sugestionado a acreditar que o produto está vencido porque a sua embalagem se encontra desbotada ou amassada. Poeira, desorganização e pouca atratividade na arrumação fazem com que o/a cliente simplesmente despreze o produto. Aspectos ligados ao treinamento de vendedores também são muito importantes. Os vendedores devem ser solícitos e eficientes ao informar, mas não devem ser intrusivos, de modo a perturbar o/a cliente na sua decisão de compra. 31 Outros aspectos importantes são os referentes ao projeto arquitetônico. Um projeto deve privilegiar a visualização do produto por meio da iluminação do local, mostrar as características de antiguidade ou modernidade que se adequam ao perfil do produto, promover o fácil acesso e a identificação do produto no local. A decoração deve reforçar a mensagem fundamental do produto: se possui em si alta tecnologia, se é natural, se colabora com o emagrecimento e a vida saudável. Esses são alguns apelos que devem ser valorizados. Em grandes lojas costumam existir os pontos quentes ou hot points, que são aqueles de maior trânsito ou nos quais o/a cliente permanece algum tempo parado por alguma razão. Por exemplo, a entrada da loja, os caixas, as prateleiras que estão na altura dos olhos. Nesses locais, o/a cliente terá acesso visual ao produto naturalmente, sem mover a sua cabeça para isso. Estratégias para os pontos de venda No caso de transações realizadas no varejo, o ponto de venda (PDV) é local onde a venda acontece. A grande maioria dos/as consumidores/as escolhe o produto que irá comprar quando está no PDV. Não é comum sair com uma lista em mente de marcas predefinidas, com exceção daquelas marcas que, por serem muito bem-posicionadas, dão nome ao seu produto ou daqueles produtos que, também por serem bem-posicionados, nomeiam toda uma classe. Por essa razão, as atividades de promoção que ocorrem nesse ambiente são muito efetivas. Atividades como liquidações, descontos e vendas promocionais ocorridas no momento em que o/a consumidor/a está decidindo pela compra possuem resultados muito positivos. Os PDVs vêm recebendo uma atenção especial quando o foco é abreviar o tempo que um produto demora a chegar ao/à cliente, ainda mais em tempos de comércio digital. Hoje é possível fazer uma compra via internet e, em poucas horas, receber o produto na sua casa. Isso se tornou possível porque, entre outras iniciativas, foram criados os mini-hubs, ou centros de distribuição de pequeno porte, com localidade estratégica que possibilita atender diversas rotas, que abreviam muito o tempo de entrega de uma mercadoria. Promoção Promoção, ao contrário do que se pode imaginar, não é uma liquidação ou um desconto oferecido, mas todas as estratégias de marketing para promovê-lo, fazendo-o chegar ao/à consumidor/a e a incentivar a sua compra. Qualquer iniciativa que pretenda mostrar a marca, o produto ou serviço ao mercado é uma promoção: uma propaganda, uma publicidade, as vendas propriamente ditas, as relações públicas, o trade marketing, o marketing direto e as promoções. Essas são formas de trabalho do marketing, que deverá estudar o produto profundamente para escolher a melhor maneira de levá-lo ao/à consumidor/a. 32 As variáveis de promoção são escolhidas e estabelecidas no plano de marketing, de acordo com as estratégias que melhor reflitam a proposta de valor para a empresa. A escolha, a combinação e o acompanhamento das estratégias estabelecidas para a promoção são atividades da comunicação integrada de marketing. Estratégias de promoção Estratégias de promoção é a maneira como a empresa se comporta na comunicação com o/a cliente interno/a e externo/a. Uma estratégia de promoção deve estar, devidamente, orientada para atingir os seus objetivos, além de ser coerente com o planejamento de marketing e com a empresa. Marcos Cobra (2009) nos apresenta as seguintes estratégias de promoção e considerações quanto à sua escolha: 1. Estratégia para a identificação de marca: Essa estratégia apresenta como benefícios o fato de ampliar o conhecimento do/a consumidor/a a respeito da marca, além de aperfeiçoar a sua imagem e ampliar a sua preferência por parte do público. Dessa forma, caso esteja interessada em colocar em prática tal estratégia, entre outros procedimentos, a empresa deverá atingir o maior número de pessoas possível por meio da promoção escolhida, reforçando a consciência do/a consumidor/a sobre aquilo que quer divulgar e enfatizando a qualidade da marca pelo maior tempo possível. 2. Estratégia para a identificação com o/a consumidor/a: Essa estratégia deve sempre ser precedida de pesquisas preliminares para que sejam entendidas as expectativas do/a consumidor/a e o que ele espera do produto ou serviço. 3. Estratégia para a identificação com o produto: Por meio dessa estratégia, mostram-se benefícios inesperados aos/às clientes. Muitas vezes, no entanto, esses benefícios não são identificados facilmente pelo/a consumidor/a. Por essa razão, uma combinação de esforços se faz necessária, ou seja, deve ser dada atenção especial à embalagem, ao preço, à qualidade e ao atendimento. 4. Estratégias de posicionamento do produto: O posicionamento, como visto anteriormente, é fundamental para o sucesso não só do trabalho do marketing e da empresa, mas também do seu produto ou serviço. Dessa forma, a promoção com vistas ao posicionamento deve ser focada na melhor visualização e memorização do produto