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UNIVERSIDADE CRUZEIRO DO SUL
CIÊNCIA POLÍTICA
PROJETO INTEGRADOR DE COMPETÊNCIAS EM CIÊNCIA POLÍTICA II
RESENHA CRÍTICA
O ESTUDO DA POLÍTICA EXTERNA BRASILEIRA
ESTHER CRISTINA AYRES - 27484141
SILVA, A. L. R.; RIEDIGER, B. F. Política externa brasileira:
uma introdução. Curitiba, PR: INTERSABERES, 2016.
SÃO PAULO/SP
2024
INTRODUÇÃO
Esta resenha tem como objetivo principal, analisar e expor em forma de
resenha, o conteúdo da obra de André Silva e Bruna Riediger, intitulada “Política
externa brasileira: uma introdução”, sendo afirmado pelos autores que, por meio do
estudo deste livro, o leitor pode compreender a evolução da política externa
brasileira ao longo dos séculos.
Este livro apresenta o estudo da política externa brasileira como disciplina
acadêmica e ganha uma contribuição significativa, porque compreender a história da
integração internacional do Brasil é crucial para compreender as configurações
passadas e atuais do país.
Sabe-se que, diferentes autores têm diferentes entendimentos sobre as
características da política externa brasileira, mas que este, em específico, é
acessível para quem está ingressando no campo da ciência política brasileira e das
relações internacionais.
O livro é apresentado como um manual introdutório para qualquer pessoa
interessada em entender a posição do Brasil no mundo contemporâneo, e não
apenas para especialistas. Desta forma, este trabalho vem explorar como os autores
explicam a estabilidade das fronteiras do Brasil e questões de como o livro
apresenta as estratégias usadas para melhorar a política externa brasileira.
1. DESENVOLVIMENTO
A introdução do livro destaca a importância da política externa na história do
Brasil, um país com uma fronteira pacífica e poucos conflitos bélicos. Os autores
convidam o leitor a princípio, a comparar a história do Brasil com outros países,
trazendo a reflexão de como o Brasil tem a terceira maior extensão fronteiriça do
mundo e, no entanto, tem uma história de poucos conflitos territoriais.
Nesta reflexão, a política externa brasileira é vista como um fator chave para
essa paz, com uma tradição de resolver conflitos através de soluções pacíficas e
discussões, em vez de guerras. No entanto, o autor questiona se a política externa
brasileira é suficientemente valorizada nos estudos históricos e debates sobre a
identidade nacional.
O primeiro texto também contrasta a estabilidade das fronteiras do Brasil com
as mudanças significativas nas fronteiras europeias desde a II Guerra Mundial,
apesar da globalização e da promessa de uma “aldeia global”. O autor questiona
como o Brasil, um país rico em recursos naturais, incluindo a maior floresta tropical
do mundo, pode estar ausente de conflitos bélicos.
Finalmente, o autor argumenta que a política externa é um assunto do
cotidiano que afeta diretamente a população, especialmente a camada menos
favorecida, e que deveria ser discutida mais amplamente. O livro é apresentado
como um manual introdutório para qualquer estudante interessado em entender a
posição do Brasil no mundo contemporâneo, e não apenas para especialistas.
O objetivo deste artigo desde o início é explorar o potencial de
desenvolvimento que pode ser encontrado neste livro e orientar sobre melhorias nas
condições de vida de muitos brasileiros, mesmo sabendo que a política externa e
brasileira passaram e passarão por várias mudanças.
Desde a Política Externa Independente no século XX até os desafios mais
recentes, há uma série de eventos que moldaram a abordagem do Brasil nas
relações internacionais e enfrentaram diversas transformações que afetaram suas
tradições onde o foco tem sido em diplomacia e participação multilateral.
Desta forma, Cançado Trindade afirma em uma de suas obras que o país
passou a dar maior apoio multilateralismo a partir de 1968, "como meio de
neutralizar ou reduzir o considerável poder de coerção das superpotências e
grandes poderes nas relações internacionais".
A obra "Política Externa Brasileira: Uma Introdução" de Silva e Riediger
oferece uma visão abrangente da política externa do Brasil, abordando desde suas
origens históricas até questões contemporâneas. No início do desenvolvimento do
tema, os autores decidiram abranger a política externa do período imperial e seus
antecedentes.
Assim, o livro explora em seu primeiro capítulo, a definição territorial no Brasil
Colônia e a corte no Brasil, até a Guerra do Paraguai e os últimos anos do império, e
esta resenha busca atribuir significado aos termos que habitualmente são vistos na
mídia e que podem ser considerados sinônimos das relações, desafios e
oportunidades internacionais do Brasil, fornecendo uma base sólida para a
compreensão do desempenho do país no cenário global.
Em primeiro momento, os autores consideram importante destacar que
durante o período imperial brasileiro até a Guerra do Paraguai, a política externa do
Brasil foi marcada por vários eventos significativos, onde o Brasil buscou expandir
sua influência na região do Rio da Prata, enfrentando tensões e conflitos com o
Paraguai e outros países vizinhos. A Guerra do Paraguai, travada entre 1864 e
1870, foi um dos eventos mais importantes desse período, envolvendo o Brasil em
um conflito de larga escala na região platina.
Percebe-se que o objetivo deste primeiro capítulo do livro é identificar as
origens do território brasileiro, as características dos principais tratados, a origem da
dependência econômica do Império, analisar e compreender a ação brasileira no
Prata e seu relacionamento com as potências e consequências dos conflitos na
época.
No segundo capítulo, os autores falam sobre a política externa da República
Velha e seus abrangentes assuntos desde os primeiros anos de 1889 até a década
de 1920, enquanto ocorria a primeira guerra mundial. Foi visto que na República
Velha (1889-1930), a política externa brasileira enfrentou desafios e o período foi
marcado pela busca por uma maior projeção internacional, aliada a interesses
econômicos e estratégicos.
“A partir de 1958, a política externa brasileira ganhou novo
ímpeto. Anteriormente voltada a uma inserção predominantemente
hemisférica, começou a ensaiar novos passos em direção a uma
política externa mundial e multilateral, que foi aprofundada no
período seguinte com a PEI.” (Silva e Riediger, 2016)
De fato, o Brasil enfrentou questões de limites territoriais mesmo sendo
multilateralista, principalmente na primeira guerra mundial, além de se envolver em
disputas comerciais e diplomáticas. A relação com países europeus, especialmente
com a Inglaterra, teve um papel crucial nesse período, influenciando diretamente as
decisões políticas e econômicas do Brasil.
Em seu terceiro capítulo, o livro fala da era Vargas de 1930 e da política
externa independente até 1964. Analisou-se que, durante o governo de Getúlio
Vargas, a política externa brasileira foi marcada por um foco na soberania nacional e
no fortalecimento geoeconômico e geopolítico do Brasil. A participação do Brasil na
Segunda Guerra Mundial refletiu o esforço do governo Vargas em ampliar o espaço
de atuação internacional do país.
No governo de Eurico Gaspar Dutra, o Brasil manteve uma postura alinhada
aos Estados Unidos, principalmente por questões geográficas, políticas e
econômicas. Já no segundo governo Vargas, que teve início em 1951, o Brasil
continuou mantendo uma postura alinhada aos EUA, principalmente por questões
econômicas.
Durante o governo de Café Filho (1954-1955), o livro indica que a política
externa brasileira caracterizou-se pela continuidade das diretrizes estabelecidas
durante o governo de Getúlio Vargas. Artigos mostram que enfrentou grandes
desafios econômicos, como a inflação e os défices da balança comercial, aos quais
respondeu restringindo o crédito, reduzindo a despesa pública, estabelecendo um
preço único para a electricidade e retendo automaticamente o imposto sobre o
rendimento sobre os salários.
Já durante o governode Juscelino Kubitschek (1956-1961), de acordo com
Silva e Riediger, a política externa brasileira caracterizou-se por uma postura de
independência e de não alinhamento com grupos ideológicos. Este período foi
marcado pelo nacional-desenvolvimentismo e pela construção de Brasília.
A Operação Pan-Americana (OPA) foi uma das principais ferramentas de
política externa durante o governo JK, visando buscar a cooperação econômica e
tecnológica entre os países americanos. Além disso, o governo JK incentivou a
chegada de empresas multinacionais, muitas das quais fabricantes de automóveis, e
aprofundou a industrialização do Brasil.
No quarto capítulo do livro, Silva e Riediger buscam explorar a política
externa brasileira durante o regime militar (1964 - 1985), explicando como a política
externa brasileira foi um período caracterizado por uma postura de alinhamento aos
Estados Unidos, especialmente durante os governos dos presidentes Médici, Geisel
e Figueiredo. Houve um foco significativo na busca por investimentos estrangeiros e
parcerias comerciais, além de uma atuação pragmática em relação a questões
internacionais.
E de fato, a política externa durante o regime militar refletia a busca por uma
maior projeção internacional do Brasil, incluindo esforços para expandir as relações
comerciais e diplomáticas. No entanto, essa abordagem também gerou críticas em
relação à violação dos direitos humanos e à falta de ênfase na promoção da
democracia, devido a censuras e restrições à liberdade de expressão da época.
No quinto capítulo de seu livro, Silva e Riediger explicam que, após a
redemocratização durante o governo de José Sarney, o Brasil passou por um
período de transição política e econômica onde a Constituição de 1988 foi
promulgada, estabelecendo as bases para a democracia e os direitos fundamentais.
No entanto, o país enfrentou desafios significativos, incluindo instabilidade
econômica e mudanças políticas. Quanto à política externa dos anos 1990, o Brasil
passou por um processo de abertura econômica e integração regional, onde o país
buscou fortalecer suas relações com outras nações e organizações internacionais,
além de participar ativamente em fóruns globais.
Neste capítulo vem à tona mais uma vez a questão do multilateralismo, que
se refere à política multilateral, ou à prática de estabelecer relações e acordos com
múltiplos países ou atores internacionais em questões de interesse comum.
“Deprimindo o papel do bilateralismo, o posicionamento
brasileiro foi de defesa do constante multilateralismo nas relações
internacionais, principalmente quanto às questões
econômico-comerciais e na defesa dos planos de integração
regional.” (Silva e Riediger, 2016)
Os autores afirmam que o espaço multilateral foi definido pela diplomacia
brasileira como o melhor cenário para a atuação do Brasil. Esta é uma afirmação
muito coerente, já que, ser multilateral politicamente é vantajoso para o Brasil por
várias razões, como, a participação ativa em organizações multilaterais permite que
o Brasil promova seus interesses e valores em um contexto global, ampliando sua
influência diplomática, além da oportunidade de se envolver em negociações e
acordos que beneficiem sua economia e segurança, ao mesmo tempo em que
contribui para a estabilidade e cooperação internacionais.
Participar ativamente da política multilateral, permite ao Brasil fortalecer sua
reputação como um ator global responsável, capaz de contribuir para a solução de
desafios globais, como mudanças climáticas, segurança cibernética e
desenvolvimento sustentável. Em resumo, a abordagem multilateral politicamente
beneficia o Brasil ao permitir que o país exerça influência global, promova seus
interesses e contribua para a construção de um mundo mais estável e próspero.
Em seu sexto capítulo, o livro desta resenha explora o tema da política
externa dos governos Lula e Dilma até o ano de 2014, falando sobre a ascensão
deste governo e a nova matriz diplomática. Também falam sobre os desafios da
integração regional na estratégia brasileira e a cooperação na África e na Ásia.
Os autores resumem que, o governo de Lula priorizou a diplomacia ativa,
buscando expandir a presença do Brasil no cenário internacional. Já o governo de
Dilma Rousseff manteve muitos dos princípios da política externa adotada por Lula,
mas enfrentou desafios decorrentes de crises econômicas e políticas internas, o que
impactou as relações internacionais do país.
Por fim, foi visto que, a política externa brasileira durante os governos de Lula
e Dilma até 2014 foi marcada por uma busca por maior projeção internacional, com
ênfase em parcerias sul-sul e participação ativa em fóruns multilaterais.
CONCLUSÃO
Foi analisada após uma breve leitura sobre a obra de André Silva e Bruna
Riediger, intitulada “Política externa brasileira: uma introdução” que anteriormente, o
Brasil adotava uma postura mais voltada para a autonomia e a busca por parcerias
com países em desenvolvimento, como parte de uma estratégia de ampliar sua
influência global.
Mas o que vemos é que, atualmente, a política externa brasileira enfrenta
novos desafios e oportunidades em um contexto geopolítico em constante
transformação. O país busca equilibrar suas relações tradicionais com parcerias
emergentes, ao mesmo tempo em que enfrenta pressões e críticas devido a
questões ambientais, direitos humanos e governança.
A obra buscou explicar que a diplomacia brasileira vem tentando promover os
interesses nacionais de forma mais ampla, participando ativamente de fóruns
multilaterais e ampliando seu engajamento com diferentes regiões do mundo. A
busca por uma maior inserção global continua sendo um pilar central da política
externa atual.
Em resumo, a análise deste livro sobre este assunto, concluiu que a política
externa brasileira evoluiu para enfrentar os desafios e oportunidades do século XXI,
mantendo uma busca por autonomia e influência global, ao mesmo tempo em que
se adapta às demandas de um mundo cada vez mais interconectado.
 REFERÊNCIAS
 ALBUQUERQUE, Henrique Cavalcanti de. História da política externa brasileira:
uma introdução crítica. 1. ed. Rio de Janeiro: Freitas Bastos, 2023. E-book.
Disponível em: https://plataforma.bvirtual.com.br. Acesso em: 05 jun. 2024.
 BRASIL. Ministério das Relações Exteriores. Biblioteca Digital da Fundação
Alexandre
 CANÇADO TRINDADE, Antônio Augusto. Posições internacionais do Brasil no plano
multilateral. Revista Brasileira de Estudos Políticos, n. 52, jan. 1981, p. 147-216.
 Santos, V., & Lopes, D. B.. (2023). Confirmação: o Lugar do Senado Federal na
Política Externa Brasileira da Nova República. Dados, 66(4), e20200243.
https://doi.org/10.1590/dados.2023.66.4.290
 SILVA, A. L. R.; RIEDIGER, B. F. Política externa brasileira: uma introdução.
Curitiba, PR: Intersaberes, 2016. Disponível em:
<https://plataforma.bvirtual.com.br/Acervo/Publicacao/37150>.
https://doi.org/10.1590/dados.2023.66.4.290
https://plataforma.bvirtual.com.br/Acervo/Publicacao/37150