Buscar

8- Independência Política externa

Prévia do material em texto

8- Independência: Política externa 
 
● Viena (Congresso e Leopoldina) 
● Política externa do reconhecimento (Andrada) 
● Política externa do reconhecimento (pós-Andrada) 
 
1. Do Congresso de Viena à Leopoldina 
Voltemos um pouco no tempo. A política externa que culminou no reconhecimento da 
independência só pode ser compreendida à luz do Congresso de Viena que a antecedeu em 
7 anos. 
Congresso de Viena foi uma reunião diplomática realizada em Viena, Áustria, de setembro 
de 1814 a junho de 1815, convocada para reorganizar a ordem política e territorial da Europa 
após a derrota de Napoleão Bonaparte e o fim das Guerras Napoleônicas. Esta conferência 
internacional contou com a presença de representantes da maioria das grandes potências da 
Europa, incluindo Áustria, Prússia, Rússia, Reino Unido e França e marcou o início de uma 
nova era nas relações internacionais e na diplomacia. 
Depois de anos de guerra e turbulência no período conhecido como napoleônico, o 
equilíbrio de poder na Europa foi rompido, e as tradicionais fronteiras políticas e territoriais 
foram alteradas. O congresso visava restaurar a estabilidade e estabelecer um novo equilíbrio 
de poder, redesenhando o mapa da Europa e criando um sistema de alianças e acordos para 
prevenir futuras guerras. Contou com a presença de representantes de mais de 200 estados, 
e as discussões e negociações duraram quase um ano. Os principais participantes do 
congresso foram as chamadas "Quatro Grandes" potências: Áustria, Prússia, Rússia e Reino 
Unido. A França, apesar de derrotada, também esteve representada no congresso, assim 
como estados menores e principados. 
A presidência ficou a cargo do diplomata austríaco Klemens von Metternich, que 
desempenhou um papel central nos trabalhos. Metternich era um estadista conservador que 
acreditava na importância da estabilidade e da ordem, e defendia a restauração da tradicional 
hierarquia política e social na Europa. Ele foi apoiado por outras potências conservadoras, 
incluindo a Rússia e a Prússia, que estavam determinadas a manter suas posições dominantes 
no continente. 
As mudanças que decorreram das reuniões foram significativas na ordem política e territorial 
da Europa. Os principais resultados do congresso foram: 
● A Restauração das Monarquias: O congresso afirmou o princípio do direito divino 
dos reis e a importância da monarquia. Muitos dos estados que sofreram revoluções 
ou revoltas durante as Guerras Napoleônicas foram restaurados aos seus monarcas 
anteriores, incluindo Espanha, Portugal e o Reino das Duas Sicílias. 
● Mudanças territoriais: O congresso redesenhou o mapa da Europa e fez mudanças 
territoriais significativas. Por exemplo, a Polônia foi dividida entre a Rússia, a Prússia 
e a Áustria, enquanto o Reino dos Países Baixos foi criado a partir dos antigos 
territórios da República Holandesa e da Holanda austríaca. 
● O Concerto da Europa: O congresso estabeleceu o Concerto da Europa, que era um 
sistema de alianças e acordos entre as principais potências da Europa. O objetivo do 
Concerto era manter o equilíbrio de poder e prevenir futuras guerras. O Concerto 
teve sucesso na prevenção de grandes conflitos na Europa até a eclosão da Primeira 
Guerra Mundial em 1914. 
Em conclusão, o Congresso de Viena foi um acontecimento significativo na história 
europeia, pois marcou o início de uma nova era nas relações internacionais e na diplomacia. 
O congresso visava restaurar a estabilidade e estabelecer um novo equilíbrio de poder na 
Europa, redesenhando o mapa da Europa e criando um sistema de alianças e acordos. Os 
resultados do congresso incluíram a restauração de monarquias, mudanças territoriais 
significativas e o estabelecimento do Concerto da Europa, que conseguiu manter a paz na 
Europa por muitas décadas. 
A imperatriz Leopoldina foi importante não apenas como esposa do imperador Pedro I, mas 
também por seu papel significativo na política externa do país. Ela nasceu em Viena, Áustria, 
em 22 de janeiro de 1797, filha do imperador Francisco I da Áustria e da imperatriz Maria 
Teresa de Nápoles e Sicília. Em 1817, Leopoldina casou-se com o príncipe Pedro de 
Alcântara, filho mais velho do rei de Portugal, que se tornaria o imperador Pedro I do Brasil 
em 1822. 
Com a proclamação da independência do Brasil em 1822, Leopoldina tornou-se a primeira 
imperatriz do país. Desde o início, ela demonstrou grande interesse pelos assuntos políticos, 
econômicos e sociais do país e se envolveu ativamente em diversas questões que afetavam a 
nação. Nesse sentido, podemos destacar a sua atuação na política externa do Império do 
Brasil. 
● A correspondência com sua família na Europa 
Uma das primeiras ações de Leopoldina no campo da política externa foi manter uma 
correspondência ativa com a sua família na Europa. Ela escrevia frequentemente para seus 
parentes na Áustria, compartilhando informações sobre a situação política, econômica e 
social do Brasil. Além disso, ela solicitava notícias sobre a Europa e outros países, o que 
permitia que ela e Pedro I se mantivessem atualizados sobre as novidades internacionais. 
Essa correspondência não era apenas um meio de manter contato com a família, mas também 
um instrumento de diplomacia. Leopoldina usava suas cartas para falar sobre as realizações 
do Império do Brasil e buscar o apoio da Áustria e de outros países europeus. Ela, por 
exemplo, solicitou a intervenção da Áustria junto à Santa Sé para que o papa reconhecesse a 
independência do Brasil. 
Além disso, a correspondência de Leopoldina permitiu que ela e Pedro I estreitassem laços 
com outras famílias reais europeias, o que contribuiu para a construção da imagem do Brasil 
como uma nação moderna e respeitável. Ela enviou uma série de cartas a autoridades 
estrangeiras, entre elas o rei da França e o imperador da Áustria, informando sobre a 
independência do país e solicitando o seu reconhecimento. Essas cartas tiveram grande 
impacto no cenário internacional, e ajudaram a estabelecer a posição do Brasil como um país 
autônomo e soberano. 
Outro momento importante em que Leopoldina demonstrou sua importância para a política 
externa do Império do Brasil foi durante a crise da Cisplatina. A região da Cisplatina 
correspondia ao atual território do Uruguai e era uma província do Império do Brasil desde 
1821. Em 1825, a região iniciou um movimento separatista, que culminou em uma guerra 
contra o Império. Foi uma das principais defensoras da anexação da Cisplatina ao Império 
do Brasil. 
A imperatriz manteve correspondência com importantes personalidades da Europa, como o 
príncipe Metternich, chanceler da Áustria, e o duque de Wellington, primeiro-ministro do 
Reino Unido. Ela também enviou missões diplomáticas ao exterior para estabelecer relações 
com outros países. Uma das missões mais importantes foi a que ela enviou ao Vaticano em 
1826, para garantir o reconhecimento da independência do Brasil pela Santa Sé. A imperatriz 
também negociou com a Espanha e Portugal para resolver disputas territoriais na América 
do Sul. 
Leopoldina também teve um papel importante na negociação de tratados de comércio com 
outras nações. Em 1826, ela participou das negociações para o estabelecimento do Tratado 
de Comércio e Navegação com a Inglaterra, que foi um dos primeiros acordos assinados 
pelo Brasil como país independente. 
A sua atuação contribuiu para a consolidação da autonomia brasileira no cenário 
internacional, para o estabelecimento de relações diplomáticas com outras nações e para o 
desenvolvimento da cultura e da educação no país. 
 
2. A política externa dos Andradas 
Os Andradas foram uma família influente na política brasileira durante o início do período 
imperial, liderada por José Bonifácio de Andrada e Silva, que foi um dos principais líderes do 
movimento de independência do Brasil em relação a Portugal. A política externa dos 
Andradas duranteo período em que eles estiveram no poder (1822-1823) foi marcada por 
um forte nacionalismo e pelo objetivo de estabelecer o Brasil como uma nação independente 
e respeitada no cenário internacional. 
Uma das principais preocupações da política externa dos Andradas foi garantir o 
reconhecimento internacional da independência do Brasil. Para isso, eles enviaram missões 
diplomáticas a várias potências europeias, como Inglaterra, França, Espanha e Portugal, 
buscando estabelecer relações diplomáticas e comerciais com esses países. O Brasil também 
assinou tratados de comércio com os Estados Unidos e com nações sul-americanas, como a 
Argentina. 
Além disso, os Andradas buscaram fortalecer as forças armadas brasileiras, a fim de garantir 
a defesa da nova nação contra possíveis ameaças externas. Eles também procuraram expandir 
o território do Brasil, anexando a Banda Oriental (atual Uruguai), o que levou à Guerra da 
Cisplatina (1825-1828). 
Apesar dos esforços dos Andradas, a política externa do Brasil enfrentou desafios 
significativos. Portugal e outras nações europeias foram relutantes em reconhecer a 
independência do Brasil, e a Guerra da Cisplatina foi um conflito caro e difícil que não foi 
totalmente bem-sucedido. Além disso, as tensões internas no Brasil acabaram por levar à 
queda do governo dos Andradas em 1823. 
No entanto, a política externa dos Andradas foi fundamental para estabelecer o Brasil como 
uma nação independente e soberana no cenário internacional, e suas ações ajudaram a moldar 
a identidade e a posição do Brasil na América do Sul e no mundo. 
José Bonifácio de Andrada e Silva foi uma das figuras mais importantes da independência do 
Brasil e exerceu um papel significativo na política externa do império. Ele acreditava que o 
Brasil deveria se tornar uma potência regional, expandir suas fronteiras e fortalecer sua 
presença na América do Sul. 
Para alcançar esses objetivos, José Bonifácio propôs uma série de projetos para a política 
externa do império do Brasil, incluindo: 
Aliança com as Províncias Unidas do Rio da Prata: José Bonifácio acreditava que o Brasil 
deveria estabelecer uma aliança com as Províncias Unidas do Rio da Prata (atual Argentina), 
com o objetivo de garantir a paz e a estabilidade na região, bem como promover o livre 
comércio entre os dois países. 
Expansão territorial: José Bonifácio defendia a expansão territorial do Brasil, especialmente 
para o sul, a fim de criar uma barreira natural contra a influência de outras potências europeias 
na região e garantir o controle sobre as rotas comerciais fluviais do Rio da Prata. 
Intervenção na região platina: Para alcançar seus objetivos de expansão territorial, José 
Bonifácio defendia a intervenção militar do Brasil na região platina, a fim de unir as 
províncias do Rio da Prata em uma única nação sob a liderança do Brasil. 
Estabelecimento de relações comerciais com a Europa: José Bonifácio acreditava que o Brasil 
deveria estabelecer relações comerciais com a Europa, a fim de diversificar sua economia e 
torná-la menos dependente da exportação de café. 
Estreitamento de laços com as nações lusófonas: Como defensor do pan-lusitanismo, José 
Bonifácio propôs o estreitamento dos laços com as nações lusófonas, como Portugal, Angola 
e Moçambique, a fim de promover a língua e a cultura portuguesa no mundo e fortalecer a 
influência do Brasil na África. 
Em resumo, os projetos de José Bonifácio para a política externa do império do Brasil 
visavam garantir a estabilidade e a segurança na região, expandir as fronteiras do país, 
promover o comércio e a diversificação da economia, e fortalecer a influência brasileira na 
América do Sul e em outras partes do mundo. 
 
3. O reconhecimento da Independência 
O processo de reconhecimento da independência do Brasil pelo Império Português e por 
outras nações foi gradual e envolveu uma série de eventos políticos, diplomáticos e militares. 
Em 1822, o Príncipe Regente D. Pedro proclamou a independência do Brasil e declarou-se 
imperador. No entanto, Portugal não aceitou imediatamente a independência, e houve 
confrontos entre tropas portuguesas e brasileiras nas províncias do norte. 
Para consolidar a independência, o Império do Brasil precisava estabelecer sua legitimidade 
e obter o reconhecimento de outras nações. Nesse sentido, o governo brasileiro iniciou um 
processo de diplomacia, enviando missões para países europeus e americanos a fim de obter 
apoio e reconhecimento internacional. 
Em agosto de 1825, Portugal e Brasil assinaram o Tratado do Rio de Janeiro, que reconhecia 
a independência do Brasil e estabelecia termos comerciais e de fronteiras entre as duas 
nações. Com o tratado, Portugal reconheceu formalmente a independência brasileira. 
O reconhecimento internacional da independência do Brasil ocorreu gradualmente, com os 
Estados Unidos sendo o primeiro país a reconhecê-la, em 1824. Em seguida, outras nações 
europeias e americanas seguiram o exemplo, reconhecendo a independência brasileira e 
estabelecendo relações diplomáticas com o novo país. 
O reconhecimento da independência do Brasil também foi influenciado por fatores como o 
apoio britânico, que viu no país um potencial parceiro comercial e político na América do 
Sul, e a posição geopolítica do Brasil, que estava bem posicionado para exercer influência na 
região. 
Em resumo, o Império do Brasil alcançou o reconhecimento de sua independência através 
de um processo diplomático gradual, que envolveu a assinatura de tratados, missões 
diplomáticas, e o apoio de outras nações, especialmente dos Estados Unidos e da Grã-
Bretanha. 
O Império do Brasil alcançou o reconhecimento de sua independência por meio de uma 
combinação de fatores diplomáticos, militares e econômicos. A independência do Brasil foi 
proclamada em 7 de setembro de 1822 pelo príncipe regente Dom Pedro, filho do rei 
português Dom João VI, que havia se transferido para o Brasil em 1808 para escapar das 
invasões napoleônicas na Europa. 
Depois de proclamar a independência, Dom Pedro enfrentou a resistência das tropas 
portuguesas estacionadas no Brasil, que se recusaram a reconhecê-lo como imperador do 
Brasil. Em resposta, Dom Pedro liderou as forças brasileiras na Guerra da Independência, 
que durou de 1822 a 1824. 
Enquanto isso, o governo brasileiro iniciou uma campanha diplomática para obter o 
reconhecimento de outras nações. Em 1823, o governo britânico foi o primeiro a reconhecer 
a independência do Brasil. Logo depois, outros países europeus e americanos também 
reconheceram o Brasil como uma nação independente. 
O reconhecimento da independência brasileira foi facilitado pela crescente importância 
econômica do país. O Brasil era um grande produtor de açúcar, café e outras commodities, 
o que o tornava um importante parceiro comercial para muitas nações europeias e 
americanas. Além disso, o país tinha um grande potencial para o desenvolvimento de novos 
negócios, o que aumentava o interesse de outros países em estabelecer relações comerciais 
com o Brasil. 
Em resumo, o Império do Brasil alcançou o reconhecimento de sua independência por meio 
de uma combinação de fatores diplomáticos, militares e econômicos. A Guerra da 
Independência mostrou a determinação do Brasil em se tornar uma nação independente, 
enquanto a importância econômica do país e a crescente demanda por seus produtos levaram 
outros países a reconhecer sua independência e estabelecer relações comerciais com o novo 
país.