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Neuropsicologia: Estudo de Casos

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Universidade Veiga de Almeida - Curso de Psicologia 
Disciplina: Neuropsicologia 
Professora: Andreza Moraes da Silva 
 
Alunos: 
Aline Claro Sena de Oliveira - 1160104764 
Arthur Luiz Barbosa da Silva – 1180103670 
Bernardo Rocha Corrêa - 1200102430 
Claudia Machado Alves – 1180103933 
Thaís Helena da Silva Rodrigues – 1180100523 
 
 
A1 – NEUROPSICOLOGIA 
 
Caso 1 
 
Joana sofreu um traumatismo craniano que resultou em importante lesão 
nos lobos frontais. Espera-se que Joana apresente uma disfunção do 
executivo central. 
 
1. Caracterize esta disfunção: 
 
Resposta: 
 
O lobo frontal está relacionado com as habilidades e é responsável pela 
característica humana de autorregulação. É no lobo frontal onde estão as 
funções executivas, que são um conjunto de habilidades e capacidades que 
permite ao indivíduo planejar, monitorar e regular pensamento e comportamento 
para alcançar um objetivo futuro. 
A disfunção do executivo central em Joana pode se manifestar como 
dificuldades de: controlar seu comportamento, pensar de forma flexível, manter 
a atenção, planejar e executar tarefas complexas, bem como monitorar e avaliar 
seu próprio desempenho. Ela pode ter problemas para tomar decisões e para 
regular suas emoções e impulsos. Pode fazer com que ela fique impulsiva, 
indisciplinada, desrespeitosa, pois não consegue regular o seu comportamento. 
 
 
2. Crie 3 exemplos que demonstre dificuldades que a paciente encontrará ao 
tentar resolver problemas no dia a dia e relaciona com os componentes das 
funções executivas. 
 
Resposta: 
Os três componentes das funções executivas são a memória de trabalho, 
o controle inibitório e a flexibilidade cognitiva. 
 
1. Memória de Trabalho 
A Joana pode ter problemas para planejar e executar tarefas cotidianas, 
como preparar uma refeição completa ou realizar um projeto de trabalho. A 
memória de trabalho é a capacidade que o indivíduo tem de sustentar e operar 
com informações no seu pensamento. Então, para executar essa tarefa, ela 
precisará usar esse espaço de pensamento chamado de memória de trabalho. 
 
2. Controle inibitório 
A Joana pode ter dificuldades em controlar impulsos emocionais, 
resultando em explosões de raiva ou comportamento socialmente inadequado. 
Ela pode ter essa dificuldade, pois seria necessário inibir respostas a estímulos 
distratores e, isso exige um dos componentes das funções executivas que é o 
controle inibitório. 
 
3. Flexibilidade cognitiva 
A Joana pode ter dificuldade de tomar decisões simples ou complexas, 
como escolher entre diferentes opções de tratamento médico. Essa dificuldade 
ocorre, pois é necessário usar um componente da função executiva que é a 
flexibilidade cognitiva, que demanda tanto a memória de trabalho quanto o 
controle inibitório, então, para tomar essa decisão, ela precisa sustentar o seu 
pensamento informações diferentes, inibir uma resposta e colocar outra em 
prática e, conseguir olhar uma situação de diferentes perspectivas, a fim de 
poder avaliar as consequências de suas escolhas. 
 
 
Caso 2 
 
M. C., 18 anos, estudante do primeiro ano de engenharia, sofreu um 
acidente de carro. Foi socorrido por um carro que passava e foi levado ao 
hospital inconsciente. Após exames clínicos e neurológicos constatou-se 
traumatismo craniano. Após alguns dias de coma, M.C. acordou sem 
nenhum sinal de alterações motoras ou de linguagem, contudo apresentou 
comprometimento de memória. Por exemplo, ele recebia a visita da 
namorada que reconhecia e sabia com perfeição o seu nome, mas quando 
ela ia embora, ele perguntava a mãe se a sua namorada ainda gostava dele 
e perguntava por que ela não havia o visitado depois do acidente. Ele via 
uma notícia na televisão e depois não conseguia contar nada do que havia 
visto, nem mesmo lembrava ter ligado a televisão. 
 
1. Analisando este caso podemos inferir que M.C. apresenta quais sistemas de 
memória comprometidos e quais sistemas de memória preservados? Inclua em 
na resposta a definição de cada sistema e apresente sua localização cerebral. 
 
 
 
Resposta: 
 
A memória de longo-prazo explícita episódica anterógrada está 
comprometida pois, M.C. não lembrou que a namorada tinha ido visitá-lo. Porém, 
a memória de longo-prazo explícita episódica retrógrada está preservada pois 
ele lembrou que tinha namorada, apesar de não lembrar que ela tinha ido visitá-
lo. A memória explícita episódica anterógrada está localizada no hipocampo e 
no lóbulo frontal e refere-se à memória de fatos recentes no tempo. Já a 
retrógrada está localizada nas áreas corticais secundárias e refere-se à memória 
de fatos mais antigos no tempo. 
A memória de longo-prazo explícita episódica, tanto a anterógrada quanto 
a retrógrada, refere-se a um conteúdo da memória que é declarativa, ou seja, o 
indivíduo pode falar sobre ele, é aquilo que ele pode verbalizar. A memória 
episódica refere-se à capacidade de lembrar eventos específicos, experiências 
pessoais e informações contextualizadas em relação ao tempo e ao espaço. 
M.C. está com dificuldade em reter informações recentes, como as visitas de sua 
namorada e as notícias que assistia na televisão. O comprometimento da 
memória episódica sugere um problema na formação ou consolidação de novas 
memórias. 
A memória de longo-prazo explícita semântica está preservada pois M.C. 
sabia com perfeição o nome da namorada e ele conseguia se comunicar 
normalmente. Essa memória está localizada no lobo temporal lateral. Ela é 
explícita pois refere-se ao conteúdo da memória que se consegue declarar, 
verbalizar. A memória semântica são as informações que o indivíduo tem, de 
conhecimentos e aprendizagens que adquiriu ao longo da sua vida e que são 
armazenadas na memória. O indivíduo não consegue localizar no tempo e no 
espaço o dia que obteve aquele conhecimento, mas ele está na sua memória 
semântica. São informações semânticas, ou seja, conceitos. É toda a rede 
semântica de vocabulário do indivíduo, todo o vocabulário mental. 
Não há informações no caso que sugiram um comprometimento na 
memória procedural, que se refere ao aprendizado e execução de habilidades 
motoras e procedimentos automáticos. M.C. não relata dificuldades motoras. A 
memória procedural é a memória de longo-prazo implícita ou não declarativa, 
localizada na área pré-motora, núcleos da base e cerebelo, são áreas ligadas à 
parte mais autônoma. Ela é implícita ou não declarativa porque o indivíduo não 
consegue afirmar quando obteve aquele conhecimento. São processos 
automáticos adquiridos com a repetição e prática. Tudo aquilo que é uma 
habilidade e que está super aprendido, fica na memória implícita. 
No caso da memória de trabalho, embora não esteja explicitamente 
descrito no caso a dificuldade de M.C. em reter informações recentes, a sua 
pergunta “por que sua namorada não havia o visitado depois do acidente”, 
apesar de ela ter ido visitá-lo, pode sugerir um comprometimento na memória de 
trabalho. A memória de trabalho, que é a memória de curto-prazo, é responsável 
por manter temporariamente informações na mente para tarefas cognitivas 
imediatas, como lembrar o que aconteceu recentemente. A memória de trabalho 
envolve várias regiões do cérebro, principalmente o córtex pré-frontal.

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