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Aspectos Nutricionais 
na Assistência de 
Enfermagem
Responsável pelo Conteúdo:
Prof.ª Me. Juliana Machado Campos Fleck
Revisão Textual:
Prof.ª Dr.ª Luciene Oliveira da Costa Granadeiro
Avaliação Nutricional e Exame Físico Nutricional
Avaliação Nutricional 
e Exame Físico Nutricional
 
 
• Identificar sinais e sintomas clínicos que nortearão a conduta nutricional.
OBJETIVO DE APRENDIZADO 
• Avaliação Nutricional;
• Métodos Retrospectivos;
• Método Prospectivo.
Orientações de estudo
Para que o conteúdo desta Disciplina seja bem 
aproveitado e haja uma maior aplicabilidade na sua 
formação acadêmica e atuação profissional, siga 
algumas recomendações básicas: 
Assim:
Organize seus estudos de maneira que passem a fazer parte 
da sua rotina. Por exemplo, você poderá determinar um dia e 
horário fixos como o seu “momento do estudo”.
Procure se alimentar e se hidratar quando for estudar, lembre-se de que uma 
alimentação saudável pode proporcionar melhor aproveitamento do estudo.
No material de cada Unidade, há leituras indicadas. Entre elas: artigos científicos, livros, vídeos e 
sites para aprofundar os conhecimentos adquiridos ao longo da Unidade. Além disso, você também 
encontrará sugestões de conteúdo extra no item Material Complementar, que ampliarão sua 
interpretação e auxiliarão no pleno entendimento dos temas abordados.
Após o contato com o conteúdo proposto, participe dos debates mediados em fóruns de discussão, 
pois irão auxiliar a verificar o quanto você absorveu de conhecimento, além de propiciar o contato 
com seus colegas e tutores, o que se apresenta como rico espaço de troca de ideias e aprendizagem.
Organize seus estudos de maneira que passem a fazer parte 
Mantenha o foco! 
Evite se distrair com 
as redes sociais.
Mantenha o foco! 
Evite se distrair com 
as redes sociais.
Determine um 
horário fixo 
para estudar.
Aproveite as 
indicações 
de Material 
Complementar.
Procure se alimentar e se hidratar quando for estudar, lembre-se de que uma 
Não se esqueça 
de se alimentar 
e se manter 
hidratado.
Aproveite as 
Conserve seu 
material e local de 
estudos sempre 
organizados.
Procure manter 
contato com seus 
colegas e tutores 
para trocar ideias! 
Isso amplia a 
aprendizagem.
Seja original! 
Nunca plagie 
trabalhos.
UNIDADE Avaliação Nutricional e Exame Físico Nutricional
Avaliação Nutricional
A avaliação nutricional determina o estado nutricional do indivíduo, para sua re-
alização é necessário o auxílio da história clínica, social, dietética, interações entre 
drogas e nutrientes e entre nutrientes e nutrientes, considerando-se princípios de 
biodisponibilidade e os dados antropométricos.
O estado nutricional mostra o grau que estão sendo alcançadas as necessidades 
fisiológicas de nutrientes, assim como o equilíbrio entre a ingestão e o gasto de nu-
trientes, podendo ser influenciado por vários fatores, como: comportamento alimen-
tar; padrão cultural, social e econômico; ingestão de alimentos (quantitativa e quali-
tativamente), estado fisiológico (gestação, lactação, primeira infância, adolescência, 
terceira idade, estados patológicos, atleta, estresse psicológico).
O principal objetivo da avaliação do estado nutricional é identificar as alterações 
metabólicas orgânicas, responsáveis pelos distúrbios nutricionais que são dependentes 
da alimentação ou que possam ser atenuados por um aporte nutricional adequado, 
assim, possibilitando uma intervenção adequada para auxiliar na recuperação e/ou 
manutenção da saúde do indivíduo.
Os pacientes hospitalizados são vulneráveis ao desenvolvimento da desnutrição 
iatrogênica, por esse motivo é de extrema importância a realização da avaliação nu-
tricional, pois detectando precocemente o risco nutricional, previne-se a ocorrência 
de um quadro de desnutrição, que uma vez instalado e segundo sua gravidade, é mui-
to difícil de ser revertido, podendo assim aumentar a ocorrência de complicações no 
quadro clínico e no tempo de hospitalização. Conforme demonstrado na Tabela 1:
Tabela 1 – Alterações patológicas associadas à desnutrição proteico-energética
Categorias Alterações patológicas
Mudança do peso corporal 20% acima do peso ideal, 10% abaixo do peso ideal, 10% de perda de peso em menos de 6 meses.
Aumento das necessidades 
metabólicas
Febre, infecção, hipertireoidismo, queimaduras, 
cirurgia e trauma.
Aumento das perdas 
de nutrientes
Fístula gastrointestinal, sangramento crônico, diálise, 
enteropatia exsudativa e queimaduras.
Doenças crônicas
Diabetes mellitus, hipertensão, dislipidemia, doença 
coronariana, câncer, psicose, epilepsia, artrite reu-
matoide, úlcera péptica e coma prolongado. 
Doenças ou cirurgias 
do trato gastrointestinal
Insuficiência pancreática, mal absorção, diarreia 
grave, fístula gastrintestinal, ressecção estomacal 
ou do intestino delgado.
Fármacos
Insulina ou agentes hipoglicemiantes, corticoides, 
anticoagulantes, diuréticos, antiácidos, contracep-
tivos orais, antidepressivos.
Fonte: Adaptado de GIBSON (1990)
Para realizar uma avaliação nutricional adequada é necessário utilizar uma as-
sociação de vários indicadores para garantir a acurácia e a precisão do diagnóstico 
nutricional, já que um parâmetro isolado não consegue caracterizar a condição 
8
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nutricional geral do indivíduo e por esse motivo os métodos utilizados subdividem-
-se em objetivos e subjetivos.
Entre os métodos subjetivos a anamnese e o histórico alimentar são de extrema 
importância para o conhecimento dos hábitos alimentares dos indivíduos, inicia-se 
com a abordagem nutricional, na qual é realizada uma entrevista para a identificação 
e características gerais do paciente, por meio dos itens a seguir:
• Identificação do paciente: nome, idade, sexo, estado civil, profissão, etnia e 
renda familiar;
• Queixa principal: sinais e sintomas essenciais relatados pelo paciente, que 
motivou a procura por atendimento médico;
• Diagnóstico principal: doença de base do paciente;
• História da doença atual: considerar a descrição clara e cronológica dos pro-
blemas que motivaram a internação ou consulta do paciente e a relação de todos 
os medicamentos utilizados;
• História patológica pregressa: informações sobre transfusões de sangue 
acidentes, cirurgia prévias, lesões, doenças da infância e doenças crônicas;
• História familiar: idade, e condições de saúde e causa de óbito dos familiares;
• Avaliação do funcionamento intestinal: perguntar sobre o número de evacu-
ações por dia e sobre o aspecto e coloração das fezes;
• Avaliação do estado mental: avaliar se o paciente está lúcido e orientado 
autopsicamente e alopsicamente, com questões como: onde você está? Qual é 
o seu nome? Há quanto tempo está internado? Qual é o nome do seu acompa-
nhante? Onde mora? 
Após a consulta para a abordagem nutricional, é necessário conhecer o consumo 
alimentar do indivíduo, e saber com exatidão esses dados é uma tarefa difícil, já que 
há uma grande variação dos alimentos consumidos de um dia para o outro, princi-
palmente quando há uma alimentação desestruturada, na qual não tem uma rotina 
alimentar e outro fator que dificulta essa avaliação são as distorções no auto relato do 
consumo alimentar, quando o indivíduo subnotifica a informação como por exemplo 
na avaliação do índice de massa corporal (os obesos têm a tendência de subestimar 
o consumo de alimentos calóricos), idade (os idosos, devido aos lapsos de memória, 
sub-relatam o consumo), aspectos psicossociais (tendência de relatar uma resposta 
que seja mais aceitável perante a sociedade).
Para realizar a avaliação nutricional do consumo alimentar também são utilizados 
métodos que são chamados de inquéritos dietéticos, cuja aplicação poderá ser feita 
mediante entrevista pessoal ou ser autoadministrada, são responsáveis por fornecer 
dados quantitativos e qualitativos, na prática clínica esses instrumentos têm o objetivo 
de fornecer embasamento para o desenvolvimento, implantação e reavaliaçãodas 
prescrições dietoterápicas.
Os inquéritos dietéticos podem ser classificados em: métodos retrospectivos, 
utilizados para colher dados do passado imediato ou de longo prazo (anamnese 
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UNIDADE Avaliação Nutricional e Exame Físico Nutricional
alimentar, recordatório de 24 horas e questionário de frequência alimentar) e mé-
todos prospectivos que colhem a informação recente (registro alimentar), a escolha 
do instrumento que será utilizado e a sua estratégia de aplicação devem ser defini-
das de acordo com os objetivos do questionamento.
Métodos Retrospectivos
Recordatório de 24 Horas
Esse instrumento tem o propósito de obter informações sobre todas as bebidas e 
alimentos consumidos por um indivíduo no período prévio de 24 horas. A Tabela 2 
mostra as vantagens e desvantagens desse método:
Tabela 2 – Vantagens e desvantagens do recordatório de 24 horas
Vantagens Desvantagens
• Tempo de administração curto (15 a 30 minutos);
• Recordatórios seriados podem estimar a ingestão 
habitual do indivíduo;
• Não requer nível de alfabetização;
• Pode ser utilizado em qualquer faixa etária;
• Exerce pouca influência sobre o comportamento 
alimentar ;
• Baixo custo;
• Período definido (24 horas).
• Depende da memória do entrevistado;
• Depende do treinamento do entrevistador;
• Tendência à subestimação, quando comparado a 
outros métodos;
• Não é adequado para identificar estados deficitários 
de vitaminas e minerais;
• A ingestão das 24 horas precedentes pode ser atípica;
• Não reflete a diferença entre o consumo alimentar 
durante a semana e os finais de semana.
Fonte: Adaptado de FISBERG e colaboradores
Questionário de Frequência Alimentar
É um método que se baseia em uma lista que estabelece os alimentos ou grupos 
alimentares para os quais os entrevistados devem apontar a frequência de consumo 
num período de tempo determinado (diário, semanal, mensal, quinzenal ou anual), 
pode ser aplicado por entrevista pessoal ou ser autoadministrado desde que haja 
instrução do entrevistador.
Tabela 3 – Vantagens e desvantagens do questionário de frequência alimentar
Vantagens Desvantagens
• Utilizados em estudos epidemiológicos;
• Estima a ingestão habitual do indivíduo;
• Não altera o padrão de consumo; 
• Baixo custo;
• Permite a classificação do indivíduo em categorias 
de consumo;
• Minimiza a variação intrapessoal ao longo do tempo; 
• Pode ser autoadministrado;
• Apresenta boa precisão quando associado ao 
recordatório de 24 horas.
• Depende da memória do passado remoto;
• O desenho do instrumento requer tempo;
• Limitações em analfabetos, idosos e crianças;
• O consumo alimentar atual pode ser um viés para o 
consumo passado;
• Deve ser testada a validade para cada tipo de questionário;
• A dificuldade do entrevistador está relacionada ao número e 
à complexidade da lista de alimentos;
• Pode ocorrer subestimação por ausência de alimentos 
na lista;
• A quantificação é pouco exata;
• A análise é dificultada sem o uso de computadores e softwares. 
Fonte: Adaptado de FISBERG e colaboradores
10
11
Anamnese ou História Alimentar
É um instrumento que na prática clínica é utilizado na primeira consulta individual 
com o objetivo de oferecer informações sobre hábitos alimentares atuais e passados, 
trata-se de uma extensa entrevista na qual são obtidos dados sobre a história dietética 
associados a informações complementares como: atividade física, mudanças recen-
tes no peso, estilo de vida, influência dos fatores étnicos e culturais sobre os hábitos 
alimentares, condições socioeconômicas, uso de medicamentos e suplementos nu-
tricionais, intolerância, hábitos alimentares, presença de alergias, apetite, sintomas 
gastrintestinais, saúde oral e dental, entre outros.
 Tabela 4 – Vantagens e desvantagens da anamnese alimentar
Vantagens Desvantagens
• Elimina variações diárias;
• Considera as variações sazonais;
• É capaz de estimar a ingestão habitual qualitativa 
e quantitativa;
• Pode ser utilizado em estudos longitudinais.
• Depende da memória do entrevistado; 
• Requer entrevistadores treinados; 
• Dificuldade de padronização (grande variabilidade) e 
de se estimar a quantidade ingerida;
• Tempo de administração longo (1 a 2 horas);
• Custo elevado para verificar e codificar as 
informações; 
• Há uma tendência para subestimação;
• Requer que o indivíduo seja alfabetizado;
• Exige alto nível de motivação e colaboração;
• Não reflete a diferença entre o consumo alimentar 
durante a semana e nos fins de semana. 
Fonte: Adaptado de FISBERG e colaboradores
Método Prospectivo
Diário ou Registro Alimentar
É um método no qual é realizado anotações diárias de todas as bebidas e alimen-
tos ingeridos ao longo do dia, é feito pelo próprio paciente ou pelo seu responsável 
(mãe, no caso de crianças, e cuidadores no caso de deficiência e idosos), por um 
determinado período, que pode ser de 1 a 7 dias, no entanto, considera-se adequado 
o período de 3 dias, recomenda-se aplicar o registro alimentar em dias alternados e 
incluir um dia de final de semana.
Exame Físico
O exame físico é fundamental na avaliação do estado nutricional e é indispensável 
para detectar sinais e sintomas clínicos que direcionarão a conduta nutricional de 
maneira individualizada, é responsável por estabelecer o primeiro contato com o pa-
ciente, criando, assim, um vínculo que facilitará o conhecimento das peculiaridades 
gerais da patologia, sua história atual e pregressa e o contexto familiar e social que 
são importantes para direcionar a realização do exame físico.
 O principal objetivo da realização do exame físico na avaliação nutricional é aferir 
se o paciente apresenta sinais e sintomas de desnutrição, no entanto, esses achados 
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UNIDADE Avaliação Nutricional e Exame Físico Nutricional
são encontrados nos estágios avançados da depleção nutricional e também podem 
ser confundidos com outras patologias que apresentam sinais e sintomas semelhan-
tes aos da desnutrição; por esse motivo sempre deve ser associado com a história 
clínica do paciente para evitar um diagnóstico nutricional incorreto. 
O exame físico inicia-se com uma entrevista para uma abordagem do estado 
nutricional e depois o exame do paciente no sentido céfalo-caudal, atento para os 
múltiplos sinais físicos que indicam distúrbios nutricionais, listados na Tabela 5, de 
acordo com diferentes locais anatômicos e sistemas orgânicos.
Tabela 5 – Sinais físicos indicativos de desnutrição energético-proteica e carências específicas de nutrientes
Local Sinais associados à desnutrição Possível deficiência ou doença
Cabelo
Perda do brilho natural, seco, fino e esparso, 
despigmentado, sinal de bandeira, fácil de ar-
rancar sem dor
Kwashiorkor e, menos comum, marasmo
Olhos
Cegueira noturna Vitamina A, zinco
Manchas de Bitot, xerose conjuntival e de córnea
Ceratomalácia Vitamina A
Inflamação conjuntival Riboflavina, vitamina A
Vermelhidão e fissura nos epicantos Riboflavina, piridoxina
Defeito no campo da retina Vitamina E
Boca
Estomatite angular, queilose Riboflavina, piridoxina, niacina
Língua magenta (púrpura) Riboflavina 
Fissura na língua Niacina
Atrofia das papilas Riboflavina, niacina, ferro
Redução da sensibilidade ao sabor Zinco 
Hemorragia gengival Vitamina C, riboflavina
Perda do esmalte dos dentes Flúor, zinco
Língua inflamada Ácido nicotínico, ácido fólico, riboflavina, vitamina B12, pridoxina e ferro
Glândulas
Aumento da tireoide Iodo
Aumento da paratireoide Inanição
Pele
Xerose, hiperqueratose folicular Vitamina A
Petéquias Vitamina C
Hiperpigmentação Niacina
Palidez Ferro, vitamina B12, folato
Seborreia nasolabial Riboflavina, ácidos graxos essenciais
Dermatose vulvar e escrotal Riboflavina
Dermatose cosmética descamativa Kwashiorcor
Pelagra Ácido nicotínico
Machuca-se facilmente Vitamina K ou C
Unhas Quebradiças, rugosas, coloiníquia Ferro
Tecido subcutâneo
Edema Kwashiorcor
Gordura abaixo do normal Inanição, marasmo
Tórax Fraqueza do músculo respiratório Proteínas, fósforo12
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Local Sinais associados à desnutrição Possível defi ciência ou doença
Sistema 
gastrintestinal
Hepatoesplenomegalia Kwashiorcor
Sistema 
musculoesquelético
Desgaste muscular Inanição, marasmo
Ossos do crânio frágeis, fossa frontoparietal Kwashiorcor
Alargamento epifisário, persistência da abertura 
da fontanela anterior e perna em X Vitamina D
Rosário raquítico Vitamina D ou C
Frouxidão das panturrilhas Tiamina
Sistema nervoso
Alteração psicomotora Kwashiorcor
Perda do senso vibratório e de posição e da ca-
pacidade de contração do punho, fraqueza mo-
tora, parestesia 
Tiamina, vitamina B12
Demência Niacina, vitamina B12, tiamina
Neuropatia periférica Tiamina, piridoxina, vitamina E
Tetania Cálcio, magnésio
Desorientação aguda Fósforo, niacina
Sistema 
cardiovascular
Aumento do coração, taquicardia Tiamina
Fonte: Adaptada de JELLIFE (1966); MCLAREN (1976); HALATED (1944)
O exame físico também inclui a avaliação da perda de gordura subcutânea na 
região abaixo dos olhos, no tríceps e no bíceps; a perda do tecido muscular nas 
têmporas, ombros, clavícula, escápula, costelas, músculos interósseos do dorso da 
mão, joelho, panturrilha e quadríceps; a presença de edema devido à desnutrição e 
ascite, esses aspectos serão classificados como normal, leve, moderado ou severo e 
associados com a história clínica, na qual aborda dados sobre a redução de peso nos 
últimos meses, presença de sintomas gastrintestinais (vômitos, náuseas, anorexia e 
diarreia), alterações na ingestão dietética e capacidade funcional relacionada ao es-
tado nutricional e aos sinais físicos de desnutrição e carências de nutrientes, traz as 
informações necessárias para classificar o paciente em bem nutrido, desnutrido leve/
moderado ou desnutrido grave. A Tabela 6 mostra detalhes para realizar o exame 
físico dos itens citados:
Tabela 2 – Exame físico do estado nutricional
Dicas Desnutrição grave
Desnutrição leve/
moderada
Bem nutrido
Gordura subcutânea
Abaixo dos olhos
Círculos escuros, depres-
são, pele solta, flácida, 
“olhos fundos”
– Depósito de gordura visível
Regiões do tríceps e 
do bíceps
Cuidado para não 
prender o músculo ao 
pinçar o local, movi-
mentar a pele entre 
os dedos
Pouco espaço de gordura 
entre os dedos ou os 
dedos praticamente 
se tocam
– Tecido adiposo abundante
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UNIDADE Avaliação Nutricional e Exame Físico Nutricional
Dicas Desnutrição grave
Desnutrição leve/
moderada
Bem nutrido
Massa muscular
Têmporas Observar de frente, olhar os dois lados Depressão Depressão leve
É possível observar o 
músculo bem definido
Clavícula Observar se o osso está proeminente Osso protuberante
Osso levemente 
proeminente
Em homens não está 
visível; em mulheres 
pode estar visível, mas 
não proeminente
Ombros
O paciente deve posi-
cionar os braços ao lado 
do corpo, procurar por 
ossos proeminentes 
Ombro em forma 
quadrada (formando um 
ângulo reto), com ossos 
proeminentes
Acrômio levemente 
protuberante
Formato arredondado 
na curva da junção do 
ombro com o pescoço e 
do ombro com o braço
Escápula
Procurar por ossos pro-
eminente, o paciente 
deve estar com o braço 
esticado para a frente 
e a mão encostada em 
uma superfície sólida
Ossos proeminentes, 
visíveis, depressão entre 
a escápula, costelas, 
ombro e coluna vertebral
Depressões leves ou 
ossos levemente 
proeminentes
Ossos não proeminen-
tes, sem depressões 
significativas
Músculo interósseo
Observar no dorso da 
mão o músculo entre o 
polegar e o indicador, 
quando esses dois 
estão unidos
Área entre o dedo 
indicador e o polegar 
achatada ou com 
depressão
Com pequena depressão 
ou levemente achatado 
Músculo proeminente, 
pode estar levemente 
achatado (sobretudo 
nas mulheres)
Joelho (a parte infe-
rior do corpo é menos 
sensível às alterações 
nutricionais)
O paciente deve estar 
sentado com os pés 
apoiados em uma 
superfície sólida
Ossos proeminentes – Músculos proeminentes, ossos não protuberantes.
Quadríceps Pinçar e sentir o volume do músculo
Parte interna da coxa 
com depressão
Parte interna da coxa 
com leve depressão Sem depressão
Edema/ ascite
Tentar identificar 
outras causas não 
relacionadas com a 
desnutrição 
Em pacientes com 
mobilidade, observar 
o tornozelo; naqueles 
com atividades muito 
leves, observar o sacro
Edema aparente 
significativo
De edema leve a 
moderado
Sem sinais de retenção 
de líquidos
Fonte: Adaptada de CUPPARI e colaboradores (2014)
A antropometria é um método utilizado para realizar a avaliação do estado nutri-
cional do indivíduo, através da medida do tamanho corporal e de suas proporções, 
é considerada um dos indicadores diretos do estado nutricional. A avaliação antro-
pométrica é um procedimento simples, seguro e preciso, que utiliza técnicas não 
invasivas que podem ser realizadas nos pacientes que deambulam e nos acamados 
e utiliza equipamentos de baixo custo e duráveis é realizada através da aferição das 
seguintes medidas: peso, estatura, circunferências de braço, abdome, cintura e qua-
dril, as pregas cutâneas (bicipital, tricipital, subescapular e suprailíaca) e o exame de 
avaliação do percentual do tecido muscular e gorduroso (bioimpedância elétrica).
Aprenda as técnicas da aferição das circunferências e das pregas cutâneas. 
Disponível em: https://youtu.be/GKXGP7PHAI8
14
15
Peso
O peso mostra o equilíbrio proteico-energético do indivíduo, através da adição 
de todos os componentes corporais. É um importante parâmetro da avaliação nu-
tricional, porque as perdas ponderais graves podem ser a causa do aumento da 
taxa de morbimortalidade dos pacientes. A Associação Britânica de Nutrição Pa-
renteral e Enteral recomenda que durante a admissão hospitalar todos os pacientes 
devem ter o peso corporal registrado em prontuário, para prover informações 
necessárias para as recomendações nutricionais e ter parâmetros nas próximas 
avaliações antropométricas.
A aferição do peso em pacientes capazes de deambular deve ser avaliado em ge-
ral pela manhã, depois do esvaziamento da bexiga, deve estar com roupas leves e de 
meias, no entanto, a mensuração do peso corporal possui algumas limitações, como 
no caso dos pacientes acamados que necessitam do uso de uma maca-balança e ou-
tra dificuldade encontrada é a presença de edemas que mascaram o peso corporal, 
por exemplo, em pacientes com hepatopatias, câncer e falência renal.
Os materiais necessários para a realização dessa técnica são: balança pediátrica 
digital utilizada para crianças com peso de até 15 quilos, balança digital indicada 
para crianças que deambulam e/ou que tenha peso superior a 15 quilos até a fase 
adulta e balança antropométrica para crianças que deambulam e/ou com peso supe-
rior a 15 quilos até a fase adulta.
Estatura
A estatura é uma medida que pode ser usada em associação com o peso corporal 
para avaliação do estado nutricional, para compor o índice de massa corporal, e é 
importante para mostrar inadequações nutricionais crônicas, é realizada através do 
uso do estadiômetro ou antropômetro, na qual o indivíduo deve ficar de pé, estar 
descalço ou só de meias, com os calcanhares unidos, ficar em posição ereta com 
olhar voltado para o horizonte e os braços estendidos ao lado do corpo.
Em pacientes acamados diante da impossibilidade de mensurar a estatura, esta 
deve ser estimada através de técnicas alternativas.
Altura do Joelho
A altura do joelho, na qual posiciona-se o paciente em posição supina ou sentado 
o mais próximo possível da extremidade da cadeira, formando um ângulo de 90° ao 
flexionar o joelho e com uma fita graduada realizar a mensuração do comprimento 
entre o calcanhar e a superfície anterior da perna e através das equações de Chumlea, 
demonstradas a seguir, mensura-se a altura do paciente.
15
UNIDADE Avaliação Nutricional e Exame Físico Nutricional
Figura 1
Fonte: Getty Images
• Paquímetro, disponível em: https://bit.ly/2DfoaEq
• Antropômetro, disponível em: https://bit.ly/3gpNkP1
Tabela 7 – Fórmulapara estimativa da altura a partir da altura do joelho
Homem Mulher
64,19 - (0,04 × I) + (2,02 × AJ) 84,88 - (0,24 × I) + (1,83 × AJ)
Fonte: Adaptada de CHUMLEA e colaboradores (1985)
Onde: I = idade (anos); AJ = altura do joelho (cm).
Extensão dos Braços
Os braços devem ser posicionados estendidos, formando um ângulo de 90° com 
o corpo, afere-se a distância entre os dedos médios das mãos utilizando-se uma fita 
graduada flexível e o valor obtido é a estimativa da altura.
Estatura Recumbente
O indivíduo deverá estar em decúbito dorsal; marcam-se no lençol pontos referen-
tes ao topo da cabeça e base do pé e a estimativa da altura é encontrada por meio 
da medida da distância entre esses pontos com o auxílio de fita graduada. 
Índice de Massa Corporal
O Índice de Massa Corporal (IMC) é considerado um indicador simples e de baixo 
custo para avaliação do estado nutricional; o resultado encontrado na fórmula é 
avaliado através da utilização de uma tabela na qual estão citados os critérios de 
diagnóstico nutricional recomendados para a população adulta – conforme a Tabela 
a seguir. Embora as patologias possam mascarar o peso devido à desidratação ou 
pela hiper-hidratação, o IMC continua sendo considerado um dos mais importantes 
16
17
indicadores para o diagnóstico do estado nutricional, pela sua facilidade de aplica-
ção, pela grande disponibilidade de dados existentes, pela boa relação que tem com 
o processo saúde-doença e para realizar diagnósticos nutricionais e formular as esti-
mativas das necessidades de energia e nutrientes.
 O IMC é calculado a partir da seguinte fórmula:
IMC = Peso (Kg) / Estatura (m)2
Quando os valores do IMC estiverem limítrofes ou fora do padrão da normalidade, 
uma vez que o mesmo não distingue o peso associado ao músculo ou à gordura cor-
poral, é importante investigar a composição corporal e, além disso, é recomendável 
a interpretação dos pontos de corte do IMC associados com outros fatores de risco.
Tabela 8 – Classifi cação do estado nutricional de adultos, de acordo o índice de massa corporal
IMC (Kg/m2) Classifi cação
< 16 Magreza grau III
16 a 16,9 Magreza grau II
17 a 18,4 Magreza grau I
18,5 a 24,9 Eutrofia
25 a 29,9 Pré-obeso
30 a 34,9 Obesidade grau I
35 a 39,9 Obesidade grau II
≥ 40 Obesidade grau III
Fonte: Adaptada de CUPPARI e colaboradores (2014)
Indicadores de Distribuição de Gordura Corporal
 Estudos mostram que a distribuição da gordura corporal é fundamental para de-
terminar riscos para doenças quando comparada à gordura corporal total mensurada 
pelo IMC, pois os indicadores de obesidade abdominal são melhores para discrimi-
nar o risco coronariano do que os indicadores de obesidade generalizada; por esse 
motivo é importante verificar a distribuição de gordura, pelo fato de que a obesidade 
androide (região abdominal) está ligada ao desenvolvimento de patologias metabóli-
cas e cardiovasculares.
Obesidade androide e ginoide. Disponível em: https://bit.ly/3cXic7E
Circunferência da Cintura
A mensuração dessa medida deve ser realizada com o paciente de pé, com os pés 
unidos, os braços estendidos lateralmente ao corpo e o abdome relaxado; a fita gra-
duada inelástica deve ser colocada horizontalmente no ponto mais estreito do tronco. 
A Tabela a seguir mostra valores limítrofes de circunferência da cintura associados ao 
desenvolvimento de complicações relacionadas à obesidade:
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UNIDADE Avaliação Nutricional e Exame Físico Nutricional
Tabela 9 – Risco de complicações metabólicas associadas à obesidade
Elevado
Homens ≥ 94 cm
Mulheres ≤ 80 cm
Fonte: OMS, 1998
Figura 2
Fonte: Getty Images
Circunferência Abdominal
É mensurada com a fita antropométrica inelástica sobre a cicatriz umbilical.
Figura 3
Fonte: Getty Images
Circunferência do Quadril
Deve ser mensurada com o paciente vestindo roupas leves e soltas, de pé com 
os braços levantados lateralmente e os pés unidos, o examinador sentado ao lado 
do mesmo para melhor visualizar o nível da extensão dos glúteos, colocando a fita 
antropométrica horizontalmente sobre a pele, sem realizar compressão.
18
19
Figura 4
Fonte: Getty Images
Razão Cintura-Quadril (RCQ)
É um cálculo que está fortemente relacionado à gordura visceral e é um índice 
aceitável de gordura intra-abdominal. Essa razão é utilizada para mostrar o risco 
aumentado para diabetes mellitus, hipertensão arterial e doenças cardiovasculares e 
tem sido muito utilizada em vários estudos epidemiológicos. RCQ é determinada por 
meio da seguinte equação:
RCQ =
 Circunferência da cintura
 
 Circunferência do quadril
É considerada obesidade androide e risco aumentado de doenças relacionadas 
com obesidade, quando a relação é superior a 1,0 para os indivíduos do sexo mascu-
lino e 0,85 para as do sexo feminino – esta razão também é utilizada para classificar 
o tipo de obesidade de acordo com a distribuição da gordura corporal.
Marcadores Bioquímicos
O uso dos inquéritos dietéticos apresenta uma dificuldade na obtenção de dados 
exatos referentes a quantidade de nutrientes ingeridos; por este motivo tem aumen-
tado o interesse no uso de marcadores bioquímicos, pois permitem avaliar a biodis-
ponibilidade dos nutrientes, por meio de medidas ou dosagens em fluidos, tecidos e 
excreções corporais, demonstrando se o indivíduo apresenta deficiência, adequação 
ou possível intoxicação de determinado nutriente.
Existem dois tipos de marcadores bioquímicos: os que fornecem medidas da con-
centração de um dado nutriente, no entanto, não fornecem a dimensão de tempo 
definido e os que medem de maneira absoluta e quantitativa a ingestão, por exem-
plo, a excreção de nitrogênio urinária em 24 horas, que reflete o consumo de pro-
teínas de 24 horas.
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UNIDADE Avaliação Nutricional e Exame Físico Nutricional
O uso de biomarcadores tem como principais vantagens realizar o diagnóstico do 
consumo de nutrientes, independentemente da memória do entrevistado, sem sofrer 
as influências das limitações dos inquéritos dietéticos; no entanto, a maior desvanta-
gem quanto ao seu uso é o custo elevado e a avaliação de um nutriente de cada vez. 
Os exames laboratoriais mais utilizados são: bioquímica do sangue, hemograma, 
mielograma, lipidograma, assim como estudo da hemostasia, diagnóstico imunológico 
e bacteriológico, exame de fezes, urina, entre outros.
No sangue também é possível analisar a presença de substâncias eletrolíticas 
(ácidos, bases e sais) e não eletrolíticas (creatinina, ureia, glicose etc.), há também 
constantes biológicas que são importantes para o diagnóstico clínico, tais como cale-
mia (potássio), cloremia (cloro), natremia (sódio), concentração de iontes (pH), o que 
possibilita a identificação de desequilíbrios hidroeletrolíticos.
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Material Complementar
Indicações para saber mais sobre os assuntos abordados nesta Unidade:
 Livros
Avaliação nutricional: novas perspectivas
ROSSI, L. Avaliação nutricional: novas perspectivas. 2. Rio de Janeiro Roca 2015.
 Vídeos
Avaliação Nutricional – Medidas Antropométricas
https://youtu.be/GKXGP7PHAI8
 Leitura
Avaliação nutricional em pacientes graves
https://bit.ly/30tH4Qw
Orientações para a coleta e análise de dados antropométricos em serviços de saúde
https://bit.ly/2PqEHaU
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UNIDADE Avaliação Nutricional e Exame Físico Nutricional
Referências
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trabalhosparaescola.com.br/circunferencia-abdominal>. Acesso: 17/12/2019.
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