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Aspectos Nutricionais na Assistência de Enfermagem Responsável pelo Conteúdo: Prof.ª Me. Juliana Machado Campos Fleck Revisão Textual: Prof.ª Dr.ª Luciene Oliveira da Costa Granadeiro Avaliação Nutricional e Exame Físico Nutricional Avaliação Nutricional e Exame Físico Nutricional • Identificar sinais e sintomas clínicos que nortearão a conduta nutricional. OBJETIVO DE APRENDIZADO • Avaliação Nutricional; • Métodos Retrospectivos; • Método Prospectivo. Orientações de estudo Para que o conteúdo desta Disciplina seja bem aproveitado e haja uma maior aplicabilidade na sua formação acadêmica e atuação profissional, siga algumas recomendações básicas: Assim: Organize seus estudos de maneira que passem a fazer parte da sua rotina. Por exemplo, você poderá determinar um dia e horário fixos como o seu “momento do estudo”. Procure se alimentar e se hidratar quando for estudar, lembre-se de que uma alimentação saudável pode proporcionar melhor aproveitamento do estudo. No material de cada Unidade, há leituras indicadas. Entre elas: artigos científicos, livros, vídeos e sites para aprofundar os conhecimentos adquiridos ao longo da Unidade. Além disso, você também encontrará sugestões de conteúdo extra no item Material Complementar, que ampliarão sua interpretação e auxiliarão no pleno entendimento dos temas abordados. Após o contato com o conteúdo proposto, participe dos debates mediados em fóruns de discussão, pois irão auxiliar a verificar o quanto você absorveu de conhecimento, além de propiciar o contato com seus colegas e tutores, o que se apresenta como rico espaço de troca de ideias e aprendizagem. Organize seus estudos de maneira que passem a fazer parte Mantenha o foco! Evite se distrair com as redes sociais. Mantenha o foco! Evite se distrair com as redes sociais. Determine um horário fixo para estudar. Aproveite as indicações de Material Complementar. Procure se alimentar e se hidratar quando for estudar, lembre-se de que uma Não se esqueça de se alimentar e se manter hidratado. Aproveite as Conserve seu material e local de estudos sempre organizados. Procure manter contato com seus colegas e tutores para trocar ideias! Isso amplia a aprendizagem. Seja original! Nunca plagie trabalhos. UNIDADE Avaliação Nutricional e Exame Físico Nutricional Avaliação Nutricional A avaliação nutricional determina o estado nutricional do indivíduo, para sua re- alização é necessário o auxílio da história clínica, social, dietética, interações entre drogas e nutrientes e entre nutrientes e nutrientes, considerando-se princípios de biodisponibilidade e os dados antropométricos. O estado nutricional mostra o grau que estão sendo alcançadas as necessidades fisiológicas de nutrientes, assim como o equilíbrio entre a ingestão e o gasto de nu- trientes, podendo ser influenciado por vários fatores, como: comportamento alimen- tar; padrão cultural, social e econômico; ingestão de alimentos (quantitativa e quali- tativamente), estado fisiológico (gestação, lactação, primeira infância, adolescência, terceira idade, estados patológicos, atleta, estresse psicológico). O principal objetivo da avaliação do estado nutricional é identificar as alterações metabólicas orgânicas, responsáveis pelos distúrbios nutricionais que são dependentes da alimentação ou que possam ser atenuados por um aporte nutricional adequado, assim, possibilitando uma intervenção adequada para auxiliar na recuperação e/ou manutenção da saúde do indivíduo. Os pacientes hospitalizados são vulneráveis ao desenvolvimento da desnutrição iatrogênica, por esse motivo é de extrema importância a realização da avaliação nu- tricional, pois detectando precocemente o risco nutricional, previne-se a ocorrência de um quadro de desnutrição, que uma vez instalado e segundo sua gravidade, é mui- to difícil de ser revertido, podendo assim aumentar a ocorrência de complicações no quadro clínico e no tempo de hospitalização. Conforme demonstrado na Tabela 1: Tabela 1 – Alterações patológicas associadas à desnutrição proteico-energética Categorias Alterações patológicas Mudança do peso corporal 20% acima do peso ideal, 10% abaixo do peso ideal, 10% de perda de peso em menos de 6 meses. Aumento das necessidades metabólicas Febre, infecção, hipertireoidismo, queimaduras, cirurgia e trauma. Aumento das perdas de nutrientes Fístula gastrointestinal, sangramento crônico, diálise, enteropatia exsudativa e queimaduras. Doenças crônicas Diabetes mellitus, hipertensão, dislipidemia, doença coronariana, câncer, psicose, epilepsia, artrite reu- matoide, úlcera péptica e coma prolongado. Doenças ou cirurgias do trato gastrointestinal Insuficiência pancreática, mal absorção, diarreia grave, fístula gastrintestinal, ressecção estomacal ou do intestino delgado. Fármacos Insulina ou agentes hipoglicemiantes, corticoides, anticoagulantes, diuréticos, antiácidos, contracep- tivos orais, antidepressivos. Fonte: Adaptado de GIBSON (1990) Para realizar uma avaliação nutricional adequada é necessário utilizar uma as- sociação de vários indicadores para garantir a acurácia e a precisão do diagnóstico nutricional, já que um parâmetro isolado não consegue caracterizar a condição 8 9 nutricional geral do indivíduo e por esse motivo os métodos utilizados subdividem- -se em objetivos e subjetivos. Entre os métodos subjetivos a anamnese e o histórico alimentar são de extrema importância para o conhecimento dos hábitos alimentares dos indivíduos, inicia-se com a abordagem nutricional, na qual é realizada uma entrevista para a identificação e características gerais do paciente, por meio dos itens a seguir: • Identificação do paciente: nome, idade, sexo, estado civil, profissão, etnia e renda familiar; • Queixa principal: sinais e sintomas essenciais relatados pelo paciente, que motivou a procura por atendimento médico; • Diagnóstico principal: doença de base do paciente; • História da doença atual: considerar a descrição clara e cronológica dos pro- blemas que motivaram a internação ou consulta do paciente e a relação de todos os medicamentos utilizados; • História patológica pregressa: informações sobre transfusões de sangue acidentes, cirurgia prévias, lesões, doenças da infância e doenças crônicas; • História familiar: idade, e condições de saúde e causa de óbito dos familiares; • Avaliação do funcionamento intestinal: perguntar sobre o número de evacu- ações por dia e sobre o aspecto e coloração das fezes; • Avaliação do estado mental: avaliar se o paciente está lúcido e orientado autopsicamente e alopsicamente, com questões como: onde você está? Qual é o seu nome? Há quanto tempo está internado? Qual é o nome do seu acompa- nhante? Onde mora? Após a consulta para a abordagem nutricional, é necessário conhecer o consumo alimentar do indivíduo, e saber com exatidão esses dados é uma tarefa difícil, já que há uma grande variação dos alimentos consumidos de um dia para o outro, princi- palmente quando há uma alimentação desestruturada, na qual não tem uma rotina alimentar e outro fator que dificulta essa avaliação são as distorções no auto relato do consumo alimentar, quando o indivíduo subnotifica a informação como por exemplo na avaliação do índice de massa corporal (os obesos têm a tendência de subestimar o consumo de alimentos calóricos), idade (os idosos, devido aos lapsos de memória, sub-relatam o consumo), aspectos psicossociais (tendência de relatar uma resposta que seja mais aceitável perante a sociedade). Para realizar a avaliação nutricional do consumo alimentar também são utilizados métodos que são chamados de inquéritos dietéticos, cuja aplicação poderá ser feita mediante entrevista pessoal ou ser autoadministrada, são responsáveis por fornecer dados quantitativos e qualitativos, na prática clínica esses instrumentos têm o objetivo de fornecer embasamento para o desenvolvimento, implantação e reavaliaçãodas prescrições dietoterápicas. Os inquéritos dietéticos podem ser classificados em: métodos retrospectivos, utilizados para colher dados do passado imediato ou de longo prazo (anamnese 9 UNIDADE Avaliação Nutricional e Exame Físico Nutricional alimentar, recordatório de 24 horas e questionário de frequência alimentar) e mé- todos prospectivos que colhem a informação recente (registro alimentar), a escolha do instrumento que será utilizado e a sua estratégia de aplicação devem ser defini- das de acordo com os objetivos do questionamento. Métodos Retrospectivos Recordatório de 24 Horas Esse instrumento tem o propósito de obter informações sobre todas as bebidas e alimentos consumidos por um indivíduo no período prévio de 24 horas. A Tabela 2 mostra as vantagens e desvantagens desse método: Tabela 2 – Vantagens e desvantagens do recordatório de 24 horas Vantagens Desvantagens • Tempo de administração curto (15 a 30 minutos); • Recordatórios seriados podem estimar a ingestão habitual do indivíduo; • Não requer nível de alfabetização; • Pode ser utilizado em qualquer faixa etária; • Exerce pouca influência sobre o comportamento alimentar ; • Baixo custo; • Período definido (24 horas). • Depende da memória do entrevistado; • Depende do treinamento do entrevistador; • Tendência à subestimação, quando comparado a outros métodos; • Não é adequado para identificar estados deficitários de vitaminas e minerais; • A ingestão das 24 horas precedentes pode ser atípica; • Não reflete a diferença entre o consumo alimentar durante a semana e os finais de semana. Fonte: Adaptado de FISBERG e colaboradores Questionário de Frequência Alimentar É um método que se baseia em uma lista que estabelece os alimentos ou grupos alimentares para os quais os entrevistados devem apontar a frequência de consumo num período de tempo determinado (diário, semanal, mensal, quinzenal ou anual), pode ser aplicado por entrevista pessoal ou ser autoadministrado desde que haja instrução do entrevistador. Tabela 3 – Vantagens e desvantagens do questionário de frequência alimentar Vantagens Desvantagens • Utilizados em estudos epidemiológicos; • Estima a ingestão habitual do indivíduo; • Não altera o padrão de consumo; • Baixo custo; • Permite a classificação do indivíduo em categorias de consumo; • Minimiza a variação intrapessoal ao longo do tempo; • Pode ser autoadministrado; • Apresenta boa precisão quando associado ao recordatório de 24 horas. • Depende da memória do passado remoto; • O desenho do instrumento requer tempo; • Limitações em analfabetos, idosos e crianças; • O consumo alimentar atual pode ser um viés para o consumo passado; • Deve ser testada a validade para cada tipo de questionário; • A dificuldade do entrevistador está relacionada ao número e à complexidade da lista de alimentos; • Pode ocorrer subestimação por ausência de alimentos na lista; • A quantificação é pouco exata; • A análise é dificultada sem o uso de computadores e softwares. Fonte: Adaptado de FISBERG e colaboradores 10 11 Anamnese ou História Alimentar É um instrumento que na prática clínica é utilizado na primeira consulta individual com o objetivo de oferecer informações sobre hábitos alimentares atuais e passados, trata-se de uma extensa entrevista na qual são obtidos dados sobre a história dietética associados a informações complementares como: atividade física, mudanças recen- tes no peso, estilo de vida, influência dos fatores étnicos e culturais sobre os hábitos alimentares, condições socioeconômicas, uso de medicamentos e suplementos nu- tricionais, intolerância, hábitos alimentares, presença de alergias, apetite, sintomas gastrintestinais, saúde oral e dental, entre outros. Tabela 4 – Vantagens e desvantagens da anamnese alimentar Vantagens Desvantagens • Elimina variações diárias; • Considera as variações sazonais; • É capaz de estimar a ingestão habitual qualitativa e quantitativa; • Pode ser utilizado em estudos longitudinais. • Depende da memória do entrevistado; • Requer entrevistadores treinados; • Dificuldade de padronização (grande variabilidade) e de se estimar a quantidade ingerida; • Tempo de administração longo (1 a 2 horas); • Custo elevado para verificar e codificar as informações; • Há uma tendência para subestimação; • Requer que o indivíduo seja alfabetizado; • Exige alto nível de motivação e colaboração; • Não reflete a diferença entre o consumo alimentar durante a semana e nos fins de semana. Fonte: Adaptado de FISBERG e colaboradores Método Prospectivo Diário ou Registro Alimentar É um método no qual é realizado anotações diárias de todas as bebidas e alimen- tos ingeridos ao longo do dia, é feito pelo próprio paciente ou pelo seu responsável (mãe, no caso de crianças, e cuidadores no caso de deficiência e idosos), por um determinado período, que pode ser de 1 a 7 dias, no entanto, considera-se adequado o período de 3 dias, recomenda-se aplicar o registro alimentar em dias alternados e incluir um dia de final de semana. Exame Físico O exame físico é fundamental na avaliação do estado nutricional e é indispensável para detectar sinais e sintomas clínicos que direcionarão a conduta nutricional de maneira individualizada, é responsável por estabelecer o primeiro contato com o pa- ciente, criando, assim, um vínculo que facilitará o conhecimento das peculiaridades gerais da patologia, sua história atual e pregressa e o contexto familiar e social que são importantes para direcionar a realização do exame físico. O principal objetivo da realização do exame físico na avaliação nutricional é aferir se o paciente apresenta sinais e sintomas de desnutrição, no entanto, esses achados 11 UNIDADE Avaliação Nutricional e Exame Físico Nutricional são encontrados nos estágios avançados da depleção nutricional e também podem ser confundidos com outras patologias que apresentam sinais e sintomas semelhan- tes aos da desnutrição; por esse motivo sempre deve ser associado com a história clínica do paciente para evitar um diagnóstico nutricional incorreto. O exame físico inicia-se com uma entrevista para uma abordagem do estado nutricional e depois o exame do paciente no sentido céfalo-caudal, atento para os múltiplos sinais físicos que indicam distúrbios nutricionais, listados na Tabela 5, de acordo com diferentes locais anatômicos e sistemas orgânicos. Tabela 5 – Sinais físicos indicativos de desnutrição energético-proteica e carências específicas de nutrientes Local Sinais associados à desnutrição Possível deficiência ou doença Cabelo Perda do brilho natural, seco, fino e esparso, despigmentado, sinal de bandeira, fácil de ar- rancar sem dor Kwashiorkor e, menos comum, marasmo Olhos Cegueira noturna Vitamina A, zinco Manchas de Bitot, xerose conjuntival e de córnea Ceratomalácia Vitamina A Inflamação conjuntival Riboflavina, vitamina A Vermelhidão e fissura nos epicantos Riboflavina, piridoxina Defeito no campo da retina Vitamina E Boca Estomatite angular, queilose Riboflavina, piridoxina, niacina Língua magenta (púrpura) Riboflavina Fissura na língua Niacina Atrofia das papilas Riboflavina, niacina, ferro Redução da sensibilidade ao sabor Zinco Hemorragia gengival Vitamina C, riboflavina Perda do esmalte dos dentes Flúor, zinco Língua inflamada Ácido nicotínico, ácido fólico, riboflavina, vitamina B12, pridoxina e ferro Glândulas Aumento da tireoide Iodo Aumento da paratireoide Inanição Pele Xerose, hiperqueratose folicular Vitamina A Petéquias Vitamina C Hiperpigmentação Niacina Palidez Ferro, vitamina B12, folato Seborreia nasolabial Riboflavina, ácidos graxos essenciais Dermatose vulvar e escrotal Riboflavina Dermatose cosmética descamativa Kwashiorcor Pelagra Ácido nicotínico Machuca-se facilmente Vitamina K ou C Unhas Quebradiças, rugosas, coloiníquia Ferro Tecido subcutâneo Edema Kwashiorcor Gordura abaixo do normal Inanição, marasmo Tórax Fraqueza do músculo respiratório Proteínas, fósforo12 13 Local Sinais associados à desnutrição Possível defi ciência ou doença Sistema gastrintestinal Hepatoesplenomegalia Kwashiorcor Sistema musculoesquelético Desgaste muscular Inanição, marasmo Ossos do crânio frágeis, fossa frontoparietal Kwashiorcor Alargamento epifisário, persistência da abertura da fontanela anterior e perna em X Vitamina D Rosário raquítico Vitamina D ou C Frouxidão das panturrilhas Tiamina Sistema nervoso Alteração psicomotora Kwashiorcor Perda do senso vibratório e de posição e da ca- pacidade de contração do punho, fraqueza mo- tora, parestesia Tiamina, vitamina B12 Demência Niacina, vitamina B12, tiamina Neuropatia periférica Tiamina, piridoxina, vitamina E Tetania Cálcio, magnésio Desorientação aguda Fósforo, niacina Sistema cardiovascular Aumento do coração, taquicardia Tiamina Fonte: Adaptada de JELLIFE (1966); MCLAREN (1976); HALATED (1944) O exame físico também inclui a avaliação da perda de gordura subcutânea na região abaixo dos olhos, no tríceps e no bíceps; a perda do tecido muscular nas têmporas, ombros, clavícula, escápula, costelas, músculos interósseos do dorso da mão, joelho, panturrilha e quadríceps; a presença de edema devido à desnutrição e ascite, esses aspectos serão classificados como normal, leve, moderado ou severo e associados com a história clínica, na qual aborda dados sobre a redução de peso nos últimos meses, presença de sintomas gastrintestinais (vômitos, náuseas, anorexia e diarreia), alterações na ingestão dietética e capacidade funcional relacionada ao es- tado nutricional e aos sinais físicos de desnutrição e carências de nutrientes, traz as informações necessárias para classificar o paciente em bem nutrido, desnutrido leve/ moderado ou desnutrido grave. A Tabela 6 mostra detalhes para realizar o exame físico dos itens citados: Tabela 2 – Exame físico do estado nutricional Dicas Desnutrição grave Desnutrição leve/ moderada Bem nutrido Gordura subcutânea Abaixo dos olhos Círculos escuros, depres- são, pele solta, flácida, “olhos fundos” – Depósito de gordura visível Regiões do tríceps e do bíceps Cuidado para não prender o músculo ao pinçar o local, movi- mentar a pele entre os dedos Pouco espaço de gordura entre os dedos ou os dedos praticamente se tocam – Tecido adiposo abundante 13 UNIDADE Avaliação Nutricional e Exame Físico Nutricional Dicas Desnutrição grave Desnutrição leve/ moderada Bem nutrido Massa muscular Têmporas Observar de frente, olhar os dois lados Depressão Depressão leve É possível observar o músculo bem definido Clavícula Observar se o osso está proeminente Osso protuberante Osso levemente proeminente Em homens não está visível; em mulheres pode estar visível, mas não proeminente Ombros O paciente deve posi- cionar os braços ao lado do corpo, procurar por ossos proeminentes Ombro em forma quadrada (formando um ângulo reto), com ossos proeminentes Acrômio levemente protuberante Formato arredondado na curva da junção do ombro com o pescoço e do ombro com o braço Escápula Procurar por ossos pro- eminente, o paciente deve estar com o braço esticado para a frente e a mão encostada em uma superfície sólida Ossos proeminentes, visíveis, depressão entre a escápula, costelas, ombro e coluna vertebral Depressões leves ou ossos levemente proeminentes Ossos não proeminen- tes, sem depressões significativas Músculo interósseo Observar no dorso da mão o músculo entre o polegar e o indicador, quando esses dois estão unidos Área entre o dedo indicador e o polegar achatada ou com depressão Com pequena depressão ou levemente achatado Músculo proeminente, pode estar levemente achatado (sobretudo nas mulheres) Joelho (a parte infe- rior do corpo é menos sensível às alterações nutricionais) O paciente deve estar sentado com os pés apoiados em uma superfície sólida Ossos proeminentes – Músculos proeminentes, ossos não protuberantes. Quadríceps Pinçar e sentir o volume do músculo Parte interna da coxa com depressão Parte interna da coxa com leve depressão Sem depressão Edema/ ascite Tentar identificar outras causas não relacionadas com a desnutrição Em pacientes com mobilidade, observar o tornozelo; naqueles com atividades muito leves, observar o sacro Edema aparente significativo De edema leve a moderado Sem sinais de retenção de líquidos Fonte: Adaptada de CUPPARI e colaboradores (2014) A antropometria é um método utilizado para realizar a avaliação do estado nutri- cional do indivíduo, através da medida do tamanho corporal e de suas proporções, é considerada um dos indicadores diretos do estado nutricional. A avaliação antro- pométrica é um procedimento simples, seguro e preciso, que utiliza técnicas não invasivas que podem ser realizadas nos pacientes que deambulam e nos acamados e utiliza equipamentos de baixo custo e duráveis é realizada através da aferição das seguintes medidas: peso, estatura, circunferências de braço, abdome, cintura e qua- dril, as pregas cutâneas (bicipital, tricipital, subescapular e suprailíaca) e o exame de avaliação do percentual do tecido muscular e gorduroso (bioimpedância elétrica). Aprenda as técnicas da aferição das circunferências e das pregas cutâneas. Disponível em: https://youtu.be/GKXGP7PHAI8 14 15 Peso O peso mostra o equilíbrio proteico-energético do indivíduo, através da adição de todos os componentes corporais. É um importante parâmetro da avaliação nu- tricional, porque as perdas ponderais graves podem ser a causa do aumento da taxa de morbimortalidade dos pacientes. A Associação Britânica de Nutrição Pa- renteral e Enteral recomenda que durante a admissão hospitalar todos os pacientes devem ter o peso corporal registrado em prontuário, para prover informações necessárias para as recomendações nutricionais e ter parâmetros nas próximas avaliações antropométricas. A aferição do peso em pacientes capazes de deambular deve ser avaliado em ge- ral pela manhã, depois do esvaziamento da bexiga, deve estar com roupas leves e de meias, no entanto, a mensuração do peso corporal possui algumas limitações, como no caso dos pacientes acamados que necessitam do uso de uma maca-balança e ou- tra dificuldade encontrada é a presença de edemas que mascaram o peso corporal, por exemplo, em pacientes com hepatopatias, câncer e falência renal. Os materiais necessários para a realização dessa técnica são: balança pediátrica digital utilizada para crianças com peso de até 15 quilos, balança digital indicada para crianças que deambulam e/ou que tenha peso superior a 15 quilos até a fase adulta e balança antropométrica para crianças que deambulam e/ou com peso supe- rior a 15 quilos até a fase adulta. Estatura A estatura é uma medida que pode ser usada em associação com o peso corporal para avaliação do estado nutricional, para compor o índice de massa corporal, e é importante para mostrar inadequações nutricionais crônicas, é realizada através do uso do estadiômetro ou antropômetro, na qual o indivíduo deve ficar de pé, estar descalço ou só de meias, com os calcanhares unidos, ficar em posição ereta com olhar voltado para o horizonte e os braços estendidos ao lado do corpo. Em pacientes acamados diante da impossibilidade de mensurar a estatura, esta deve ser estimada através de técnicas alternativas. Altura do Joelho A altura do joelho, na qual posiciona-se o paciente em posição supina ou sentado o mais próximo possível da extremidade da cadeira, formando um ângulo de 90° ao flexionar o joelho e com uma fita graduada realizar a mensuração do comprimento entre o calcanhar e a superfície anterior da perna e através das equações de Chumlea, demonstradas a seguir, mensura-se a altura do paciente. 15 UNIDADE Avaliação Nutricional e Exame Físico Nutricional Figura 1 Fonte: Getty Images • Paquímetro, disponível em: https://bit.ly/2DfoaEq • Antropômetro, disponível em: https://bit.ly/3gpNkP1 Tabela 7 – Fórmulapara estimativa da altura a partir da altura do joelho Homem Mulher 64,19 - (0,04 × I) + (2,02 × AJ) 84,88 - (0,24 × I) + (1,83 × AJ) Fonte: Adaptada de CHUMLEA e colaboradores (1985) Onde: I = idade (anos); AJ = altura do joelho (cm). Extensão dos Braços Os braços devem ser posicionados estendidos, formando um ângulo de 90° com o corpo, afere-se a distância entre os dedos médios das mãos utilizando-se uma fita graduada flexível e o valor obtido é a estimativa da altura. Estatura Recumbente O indivíduo deverá estar em decúbito dorsal; marcam-se no lençol pontos referen- tes ao topo da cabeça e base do pé e a estimativa da altura é encontrada por meio da medida da distância entre esses pontos com o auxílio de fita graduada. Índice de Massa Corporal O Índice de Massa Corporal (IMC) é considerado um indicador simples e de baixo custo para avaliação do estado nutricional; o resultado encontrado na fórmula é avaliado através da utilização de uma tabela na qual estão citados os critérios de diagnóstico nutricional recomendados para a população adulta – conforme a Tabela a seguir. Embora as patologias possam mascarar o peso devido à desidratação ou pela hiper-hidratação, o IMC continua sendo considerado um dos mais importantes 16 17 indicadores para o diagnóstico do estado nutricional, pela sua facilidade de aplica- ção, pela grande disponibilidade de dados existentes, pela boa relação que tem com o processo saúde-doença e para realizar diagnósticos nutricionais e formular as esti- mativas das necessidades de energia e nutrientes. O IMC é calculado a partir da seguinte fórmula: IMC = Peso (Kg) / Estatura (m)2 Quando os valores do IMC estiverem limítrofes ou fora do padrão da normalidade, uma vez que o mesmo não distingue o peso associado ao músculo ou à gordura cor- poral, é importante investigar a composição corporal e, além disso, é recomendável a interpretação dos pontos de corte do IMC associados com outros fatores de risco. Tabela 8 – Classifi cação do estado nutricional de adultos, de acordo o índice de massa corporal IMC (Kg/m2) Classifi cação < 16 Magreza grau III 16 a 16,9 Magreza grau II 17 a 18,4 Magreza grau I 18,5 a 24,9 Eutrofia 25 a 29,9 Pré-obeso 30 a 34,9 Obesidade grau I 35 a 39,9 Obesidade grau II ≥ 40 Obesidade grau III Fonte: Adaptada de CUPPARI e colaboradores (2014) Indicadores de Distribuição de Gordura Corporal Estudos mostram que a distribuição da gordura corporal é fundamental para de- terminar riscos para doenças quando comparada à gordura corporal total mensurada pelo IMC, pois os indicadores de obesidade abdominal são melhores para discrimi- nar o risco coronariano do que os indicadores de obesidade generalizada; por esse motivo é importante verificar a distribuição de gordura, pelo fato de que a obesidade androide (região abdominal) está ligada ao desenvolvimento de patologias metabóli- cas e cardiovasculares. Obesidade androide e ginoide. Disponível em: https://bit.ly/3cXic7E Circunferência da Cintura A mensuração dessa medida deve ser realizada com o paciente de pé, com os pés unidos, os braços estendidos lateralmente ao corpo e o abdome relaxado; a fita gra- duada inelástica deve ser colocada horizontalmente no ponto mais estreito do tronco. A Tabela a seguir mostra valores limítrofes de circunferência da cintura associados ao desenvolvimento de complicações relacionadas à obesidade: 17 UNIDADE Avaliação Nutricional e Exame Físico Nutricional Tabela 9 – Risco de complicações metabólicas associadas à obesidade Elevado Homens ≥ 94 cm Mulheres ≤ 80 cm Fonte: OMS, 1998 Figura 2 Fonte: Getty Images Circunferência Abdominal É mensurada com a fita antropométrica inelástica sobre a cicatriz umbilical. Figura 3 Fonte: Getty Images Circunferência do Quadril Deve ser mensurada com o paciente vestindo roupas leves e soltas, de pé com os braços levantados lateralmente e os pés unidos, o examinador sentado ao lado do mesmo para melhor visualizar o nível da extensão dos glúteos, colocando a fita antropométrica horizontalmente sobre a pele, sem realizar compressão. 18 19 Figura 4 Fonte: Getty Images Razão Cintura-Quadril (RCQ) É um cálculo que está fortemente relacionado à gordura visceral e é um índice aceitável de gordura intra-abdominal. Essa razão é utilizada para mostrar o risco aumentado para diabetes mellitus, hipertensão arterial e doenças cardiovasculares e tem sido muito utilizada em vários estudos epidemiológicos. RCQ é determinada por meio da seguinte equação: RCQ = Circunferência da cintura Circunferência do quadril É considerada obesidade androide e risco aumentado de doenças relacionadas com obesidade, quando a relação é superior a 1,0 para os indivíduos do sexo mascu- lino e 0,85 para as do sexo feminino – esta razão também é utilizada para classificar o tipo de obesidade de acordo com a distribuição da gordura corporal. Marcadores Bioquímicos O uso dos inquéritos dietéticos apresenta uma dificuldade na obtenção de dados exatos referentes a quantidade de nutrientes ingeridos; por este motivo tem aumen- tado o interesse no uso de marcadores bioquímicos, pois permitem avaliar a biodis- ponibilidade dos nutrientes, por meio de medidas ou dosagens em fluidos, tecidos e excreções corporais, demonstrando se o indivíduo apresenta deficiência, adequação ou possível intoxicação de determinado nutriente. Existem dois tipos de marcadores bioquímicos: os que fornecem medidas da con- centração de um dado nutriente, no entanto, não fornecem a dimensão de tempo definido e os que medem de maneira absoluta e quantitativa a ingestão, por exem- plo, a excreção de nitrogênio urinária em 24 horas, que reflete o consumo de pro- teínas de 24 horas. 19 UNIDADE Avaliação Nutricional e Exame Físico Nutricional O uso de biomarcadores tem como principais vantagens realizar o diagnóstico do consumo de nutrientes, independentemente da memória do entrevistado, sem sofrer as influências das limitações dos inquéritos dietéticos; no entanto, a maior desvanta- gem quanto ao seu uso é o custo elevado e a avaliação de um nutriente de cada vez. Os exames laboratoriais mais utilizados são: bioquímica do sangue, hemograma, mielograma, lipidograma, assim como estudo da hemostasia, diagnóstico imunológico e bacteriológico, exame de fezes, urina, entre outros. No sangue também é possível analisar a presença de substâncias eletrolíticas (ácidos, bases e sais) e não eletrolíticas (creatinina, ureia, glicose etc.), há também constantes biológicas que são importantes para o diagnóstico clínico, tais como cale- mia (potássio), cloremia (cloro), natremia (sódio), concentração de iontes (pH), o que possibilita a identificação de desequilíbrios hidroeletrolíticos. 20 21 Material Complementar Indicações para saber mais sobre os assuntos abordados nesta Unidade: Livros Avaliação nutricional: novas perspectivas ROSSI, L. Avaliação nutricional: novas perspectivas. 2. Rio de Janeiro Roca 2015. Vídeos Avaliação Nutricional – Medidas Antropométricas https://youtu.be/GKXGP7PHAI8 Leitura Avaliação nutricional em pacientes graves https://bit.ly/30tH4Qw Orientações para a coleta e análise de dados antropométricos em serviços de saúde https://bit.ly/2PqEHaU 21 UNIDADE Avaliação Nutricional e Exame Físico Nutricional Referências CHUMLEA, W. C.; ROCHE, A. 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