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Autoimunidade ➛ Tolerância imunológica é compreendida como uma não responsividade a um antígeno induzida por uma exposição prévia. Já a autotolerância diz respeito a não responsividade a antígenos próprios. ➛ Nossos antígenos próprios são tolerogenicos, ou seja, não induzem uma resposta imunológica do organismo de modo geral. ➛ Já os antígenos microbianos são chamados de imunogêni- cos, já que induzem uma resposta imunológica do organismo. ➛ Nos processos autoimunes, ocorre uma falha justamente no mecanismo que gera essa autotolerância. Autoimunidade pensamos em resposta adaptativa com linfóci- tos T e B. O normal é que quando o linfócito T é apresentado a um antígeno imunogênico, ele é ativado, ocorrendo a expansão clonal e destruindo essas células. Na tolerância, com antígeno tolerogênico, o linfócito pode ig- norar esse antígeno (anergia) ou a célula morre por apoptose. Outro mecanismo é quando o antígeno não é imunogênico e nem tolerogenico, chamamos de não imunogênico, nesse caso não causariam uma resposta se estiverem sozinhos, mas que podem induzir uma resposta se junto a uma molécula carreadora. Indivíduos normais são tolerantes aos seus próprios antígenos porque os linfócitos autoreativos, no momento da maturação são destruídos, inativados ou a especificidade de receptores é alterada para que não reconheça antígenos próprios. A recombinação genética ocorre de forma aleatória e pode ser que alguns anticorpos sejam produzidos contra substancias próprias ou que os receptores dos linfócitos passem a reco- nhecer células suas. Isso pode acontecer de forma totalmente aleatória e isso gera um risco para todos os indivíduos tenham suscetibilidade para doenças autoimunes. A idade é um fator importante porque com o decorrer da idade, temos mudanças hormonais no nosso corpo (principal- mente mulheres), que gera um microambiente mais promissor para o desenvolvimento desse tipo de doença. (Lúpus surge assim, mulheres acima de 35/40 anos, artrite reumatoide em mulheres acima de 40 anos, intolerância ao glúten, lactose). Educação tímica: é o timo educando os linfócitos a se adapta- rem ao que é próprio e a reagirem apenas ao que for estra- nho. Depende de muitos fatores porque se o antígeno estiver presente no local onde ele está amadurecendo, tem mais chances desse linfócito se acostumar com ele antes de termi- nar seu amadurecimento. ➛ Na medula óssea temos a maturação do linfócito até a fase prolinfócito T e já migra para o timo. No timo, esse prolinfócito não tem receptores para reconhecer antígenos, mas tem marcadores de superfície que os caracterizam como linfócitos, a partir dos estímulos ele amadurece para pré-linfócito, onde começa a apresentar pré-receptores e é nesse momento que começa o processo de recombinação genica, onde atra- vés da informação genética e combinação de segmentos gê- nicos diferentes os receptores irão surgir. Esses receptores podem ter afinidade com qualquer coisa. Quando ficamos adolescente o timo atrofia porque todos es- ses processos de formação dos linfócitos aconteceram previ- amente desde a gestação até a infância. Recombinação VDJ* ➛ Existem pontos de controle na maturação dos linfócitos após a recombinação para verificar como está sendo a pro- dução dos receptores. Se estiver tudo ok, ele sofre seleção positiva e muda de fase de amadurecimento, se por acaso esse receptor tiver algum defeito que não consiga reconhe- cer antígeno, ele morre por apoptose ou sofre outra recom- binação genica. Se ele sofrer alteração que responda a antí- genos próprios, ele pode sofrer apoptose, sofrer alguma alte- ração de configuração para parar de responder aquele antí- geno ou ele pode sobreviver e aí teremos a doença. O nosso corpo tenta de todas as formas evitar que esses linfócitos autoreativos sobrevivam, então se a doença apare- ceu é porque deu tudo muito errado. Tolerância central e periférica Central: ocorre nos órgãos e tecidos primários que produzem os linfócitos imaturos (medula óssea, timo e linfonodos). Se o linfócito demonstrar ser reativo a antígenos próprios, ele pode morrer, pode sofrer uma mudança de receptores genetica- mente ou então ele pode se transformar em linfócito regula- dor, que atua suprimindo respostas imunológicas exageradas. Se não ocorrer nenhuma das 3, ele escapa, se tornando lin- fócito maduro com defeito. O sistema imune tenta pegar ele novamente e aí começa a tolerância periférica. Periférica: pode acontecer do linfócito maduro simplesmente não responder (anergia), se ele responder a esse antígeno próprio, ele pode morrer ou então as células regulatórias po- dem ajudar a suprimir esse linfócito. Se tudo isso não for sufi- ciente para parar esse linfócito autoreativo, ele irá atacar o antígeno próprio. Fatores que determinam o grau de tolerância dos antígenos próprios Persistência: microorganismos que entram no nosso corpo possuem vida curta e isso estimula o organismo a montar uma defesa contra ele, já que ele está ali temporariamente. Por outro lado, se é um antígeno de longa permanência, isso es- timula a tolerância, como por exemplo: hormônios corporais etc. Porta de entrada: tudo que entra via subcutânea ou intradér- mica é algo que estimula a resposta imunológica, já se for via mucosa, intravenosa acaba favorecendo a tolerância. Porque o sistema imunológico de mucosa é desenvolvido para tole- rância, porque se não, não poderíamos comer e nem respirar sem ter uma reação. Presença de adjuvantes: antígenos com adjuvantes estimulam as células (vacinas), antígenos sem adjuvantes são não imuno- gênicos ou tolerogênicos.. AIRE – proteína reguladora autoimune Garante que diversos antígenos próprios estejam na região do timo para garantir que os linfócitos sejam educados e não reaja quando estiverem maduros. Mutações nesse gene cau- sam a doença autoimune – Sindrome Poliendocrina autoimune (APS), ocorre lesão mediada por linfócitos e anticorpos em vários órgãos endócrinos, exemplo: paratireoides, suprarrenais, pâncreas. Uma das consequências pode ser a diabetes autoi- mune. Co-estimulação Quando o linfócito vem com a função de atacar antígenos próprios pode acontecer duas coisas: ➛ O normal seria quando a célula apresentadora de antígeno apresenta um antígeno ao linfócito, além da apresentação pelo receptor, ocorre a co-estimulação através do CD28 e o B7, ela é importante para a estimulação do linfócito. 1. Quando o antígeno próprio é apresentado para o linfócito maduro, pode acontecer uma anergia devido a APC ser mais tolerogenica, falta uma molécula es- timuladora (CD28) e induzem a não responsividade da célula T. 2. Outra situação que pode acontecer, é a morte do linfócito por apoptose para evitar que ele sobreviva e ataque antígenos próprios. 3. Pode ocorrer também supressão, então alguns linfó- citos quando reconhecem antígenos próprios, eles se transformam em células TCD4 regulatórias e ajudam a suprimir as respostas dos linfócitos autoreativos, bloqueando-os. Pro reconhecimento do antígeno, não basta o APC apresentar o antígeno para o linfócito, a existência de coestimuladores é importante para a ativação dos linfócitos. Quando ela não existe, o linfócito não é ativado, ele fica dormente. Se por acaso a APC apresentar uma molécula própria, mas não tiver a coestimulação, o linfócito não será ativado. Porém algumas células APC apresentam antígenos próprios, elas po- dem apresentam um ligante que bloqueia o linfócito (recepto- res inibitórios).