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Síntese do artigo sujeito de direitos humanos pela educação

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UNIVERSIDADE COMUNITÁRIA DA REGIÃO DE CHAPECÓ
Área: 				Área de Ciências Humanas e Jurídicas
Curso: 			2500 – Institucional
Matriz: 			2500 – INSTITUCIONAL
Componente Curricular: 	6010845 – DIREITOS HUMANOS E CIDADANIA
Turma: 			A Período: 1 Carga horária: 40h Ano/Semestre: 2019/1
Professor(a): 		10986 – 
Aluno(a):			201911656 – Gabriela Zaccaron
Síntese do artigo sujeito de direitos humanos pela educação:
Bases ético-filosóficas da educação em direitos humanos
	A educação em direitos humanos exige que enfrentamos com firmeza o processo de formação e que o mesmo não se reverta em processo de opressão, de vitimização e de violação, pois a educação em direitos humanos é um compromisso com a formação do sujeito e seu processo de luta por seus direitos e libertação.
	Enrique Dussel fala que há um “fato massivo”, que é a exclusão da maioria da humanidade, e que não é um fato qualquer , “é um problema de vida ou morte”, no sentido de que a vida humana “não é um conceito, uma ideia, nem um horizonte abstrato, mas o modo de realidade de cada ser humano concreto, condição absoluta da ética e exigência de toda libertação” (1998, p. 11; 2000, p. 11).
	Segundo Dussel as vítimas são sujeitos éticos que “não podem reproduzir ou desenvolver sua vida, que foram excluídos da participação na discussão, que são afetados por alguma situação de morte (no nível que for, e há muitos e de diversa profundidade e dramatismo)” (1998, p. 299; 2000, p. 303).
Para Dussel (1998, p. 310; 2000, p. 314), boa parte da humanidade é vítima de profunda dominação ou exclusão, encontrando-se submersa na dor, infelicidade, pobreza, fome, analfabetismo, dominação. A vítima expressa, acima de tudo, a contradição do sistema: a maioria de seus possíveis participantes afetados se encontram privados de cumprir com as necessidades que o próprio sistema proclamou como direitos (1998, p. 311; 2000, p. 315).
Segundo Freire não importa os meios usados para esta proibição, pois a prática violenta sujeita os “sujeitos”, os fazendo ser objetos alienados de suas próprias decisões, que são transferidas a outro ou a outros (FREIRE, 1975ª, p. 86). Onde estes “sujeitos” são coisas, são reduzidos a quase coisas, sendo destruídos na opressão em que se encontram.
As palavras contundentes são suficientemente enfáticas para que não sobrem meias-palavras. A opressão é feita para a morte: ela “nutre-se do amor à morte e não do amor à vida” (FREIRE, 1975a, p. 74). Mas a resposta dos oprimidos a violência dos opressores, é com gesto de amor , pois enquanto a violência dos opressores faz dos oprimidos homens proibidos de ser, a resposta destes à violência daqueles se encontra infundida do anseio de busca do direito de ser” (1975a, p. 46).
Os opressores reconhecem somente o seu próprio direito, pois para eles pessoas humanas são somente eles, para eles a humanização não é um processo de ser mais, mas sim como um atributo herdado apropriando-se como direito exclusivo.
Paulo Freire fala que os oprimidos são seres duplos, hospedeiros do opressor (1975a, p. 32), sofrem uma “dualidade”: São eles (oprimidos) e ao mesmo tempo são o outro introjetado neles, como consciência opressora, sendo este um trágico dilema dos oprimidos (FREIRE, 1975a, p. 36).
São levados a se submeterem a uma aderência ao opressor, uma “irresistível atração pelo opressor”, de modo a admirá-lo, a imitá-lo, a segui-lo (FEIRE, 1975a, p. 33-53) e, pelo reverso, a promover a “autodesvalia”, o que significa o desacreditar de si mesmos e da capacidade de por si mesmos sair da situação de opressão em que se encontram e de superar a conivência com ela e a dependência dela. Essa situação caracteriza um estado geral de “imersão” na realidade opressora (FREIRE, 1975a, p. 33-56).
	Os oprimidos tem medo da liberdade se recusando a assumir a liberdade, se acomodando a quem tem medo deperder a liberdade (opressores).
	O princípio de libertação tem dois pontos um negativo e outro positivo. No sentido negativo: A obrigação ético-libertadora impõe que o dever de enfrentar a desconstrução das causas da negatividade da vítima. No sentido positivo: Não é somente quebrar as cadeias, mas de desenvolver a vida e exigir que sejam abertos novos horizontes.
	Freire fala que ninguém liberta ninguém e ninguém se liberta sozinho, mas se libertam em comunhão.
Desse modo, já agora ninguém educa ninguém, como tampouco ninguém se educa a si mesmo: os homens se educam em comunhão, mediatizados pelo mundo (FREIRE, 1975a, p. 79).
A condição fundamental do diálogo é enunciada por Paulo Freire da seguinte maneira: Se não amo o mundo, se não amo a vida, se não amo os homens, não me é possível o diálogo (FREIRE, 1975a, p. 94).
O amor é a exigência fundamental para o diálogo, sendo assim, onde não há amor não há diálogo. E a liberdade se faz em diálogo e o diálogo acontece em liberdade, de jeito que há a construção daqueles que querem ser livres e sujeitos de sua própria vida.
Referências
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