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AVALIAÇÃO DO POTENCIAL ALELOPÁTICO E TOXICIDADE AGUDA DE EXTRATOS AQUOSOS DE ALPINIA ZERUMBET 222 CAPÍTULO 12 AVALIAÇÃO DO POTENCIAL ALELOPÁTICO E TOXICIDADE AGUDA DE EXTRATOS AQUOSOS DE ALPINIA ZERUMBET Gisele Lemos da Silva ARRUDA 1 Lucineide Letícia Andrade da SILVA 2 Afonso Cordeiro AGRA-NETO 3 1 Graduanda do curso de Bacharelado em Ciências Biológicas, FAFIRE; 2 Graduanda do curso de Bacharelado em Ciências Biológicas, UNICAP; 3 Pesquisador/Orientador do Jardim Botânico do Recife-JBR arruda.silva.gl@outlook.com RESUMO: Alpinia zerumbet (Zingiberaceae), conhecida como colônia, possui propriedades medicinais possivelmente relacionadas aos metabólitos predominantes em sua composição, como o cimeno, terpinen-4-ol, cineol e sabineno. Tais substâncias podem estar envolvidas em fenômenos naturais, como a Alelopatia. Nela, compostos liberados podem inibir ou favorecer a germinação. Avaliou-se o potencial alelopático e sua toxicidade a partir dos extratos aquosos de folhas de Alpinia zerumbet na germinação de Lactuca sativa (Asteraceae) e na mortalidade de Artemia salina. Na obtenção dos extratos à fresco e à seco, coletou-se folhas de indivíduos do JBR. Elas foram limpas, misturadas e trituradas com água destilada. No extrato à seco, houve desidratação em estufa. Logo após, realizou-se filtração, agitação e centrifugação. A alelopatia in vitro ocorreu em triplicata aplicando-se 3 mL de soluções-teste (0, 1, 2 e 3% v/v). Após 48 horas, o extrato acelerou o processo germinativo de L. sativa a partir de 2% (taxa superior à 50%), enquanto no controle, a taxa foi abaixo de 5%. Na toxicidade (em triplicata), cada tubo continha 5 mL de água do mar mais as diferentes concentrações (0, 0.5, 2 e AVALIAÇÃO DO POTENCIAL ALELOPÁTICO E TOXICIDADE AGUDA DE EXTRATOS AQUOSOS DE ALPINIA ZERUMBET 223 3%). A concentração a partir de 0.5% foi letal para os náuplios. Tais resultados sugerem novos estudos que busquem catalisadores germinativos naturais capazes de aumentar a produção agrícola sem trazer danos à saúde e ao meio ambiente. Palavras-chave: Alelopatia. Alpinia zerumbet. Toxicidade. INTRODUÇÃO No Brasil, o uso a longo prazo e exagerado de substâncias químicas em produtos agrícolas tem desencadeado problemas de saúde, tais como patologias respiratórias, neurológicas, imunossupressoras, alterações endócrinas e reprodutoras, neoplasias, entre outros (RIBAS & MATSUMURA, 2009; CARNEIRO, et al., 2015). Infelizmente os serviços de saúde não são qualificados para estabelecer diagnósticos que relacionem tais malefícios aos produtos sintéticos agrícolas, gerando assim, uma ocultação da problemática (CARNEIRO et al., 2015). Ao longo de muitos anos, pessoas que trabalham diretamente na agricultura vêm sendo expostos à agrotóxicos, pesticidas, defensivos químicos e praguicidas (RIBAS & MATSUMURA, 2009). Estes produtos, além de afetarem a saúde humana, impactam o meio ambiente contaminando o solo e as águas; promovem o aparecimento de populações resistentes e eliminam organismos não-alvos benéficos. Dependendo das condições climáticas no momento da aplicação de defensivos agrícolas nas culturas, apenas uma pequena percentagem dos produtos utilizados atingem de forma efetiva o alvo, o resto passa a se tornar um xenobiótico com alto potencial de se mover para outros locais, depositando- se sobre plantas, solo e ambientes aquáticos, acumulando-se AVALIAÇÃO DO POTENCIAL ALELOPÁTICO E TOXICIDADE AGUDA DE EXTRATOS AQUOSOS DE ALPINIA ZERUMBET 224 nos ecossistemas citados (PUSEDDU, 2016). Como o solo reage lentamente às ações destes agentes externos, muitas vezes acaba escondendo ou retardando o descobrimento do iminente perigo de substâncias e elementos nocivos que podem, regularmente, atingir os seres vivos e provocar a poluição das águas de maneira geral (CAMARGO, 2008). Alguns estudos demonstram que a presença de agrotóxicos utilizados na agricultura apresentam porcentagem consideravelmente baixa nas águas subterrâneas, e são produtos com alta mobilidade no solo que estão sendo detectados nestes lençóis freáticos, principalmente nas zonas rurais (MINGOTI, et al., 2016), sendo responsáveis por contaminações tanto em animais como em seres humanos que utilizam esta água posteriormente (STEFFEN, et al., 2011). O aparecimento de populações resistentes de pragas agrícolas (bactérias, fungos, insetos) e ervas daninhas também merece destaque nesta problemática, haja vista que o demasiado uso destes praguicidas desencadeia uma maior quantidade de pesticidas aplicados à cultura, exigindo também o uso associado de vários tipos de agrotóxicos. (CARNEIRO, et al., 2015). Pesquisas envolvendo aplicações biológicas com preparações de origem vegetal, vêm sendo amplamente realizadas com intuito de se encontrar produtos que apresentem propriedades que afetem negativamente a sobrevivência e/ou desenvolvimento de diferente agentes etiológicos e/ou vetores de doenças no meio urbano e/ou rural. Em tais estudos, consideram-se viáveis as amostras que, além de apresentarem efeitos supracitados, não acarretem danos à saúde humana e ao meio ambiente. AVALIAÇÃO DO POTENCIAL ALELOPÁTICO E TOXICIDADE AGUDA DE EXTRATOS AQUOSOS DE ALPINIA ZERUMBET 225 A bioprospecção de produtos vegetais para fins científicos, requer conhecimento prévio da espécie selecionada, para que se possa identificar vantagens e/ou possíveis dificuldades, no sentido de se definir a sua viabilidade operacional. Neste contexto, a espécie Alpinia zerumbet, pertencente à família Zingiberaceae, apresenta características adequadas para o desenvolvimento de pesquisas desta natureza, pois, é uma planta herbácea facilmente encontrada em regiões tropicais e subtropicais, pode atingir 3 metros de altura, possui folhas lisas e verdes e suas flores são agrupadas em cachos (KRIECK, et al., 2008). Alpinia zerumbet é utilizada tradicionalmente na medicina popular (CORREA, et al., 2010), pois apresenta reconhecidamente propriedades anti-inflamatória (SANTANA, et al., 1966), antifúngica, bacteriostática (LIMA, et al., 1993), larvicida (CAVALCANTI, et al., 2004), entre outras. Tais propriedades podem estar relacionadas aos seus compostos majoritários como Terpinen-4-ol, 1,8-cineol, α-terpineol e outros mais (CASTRO et al., 2016). São poucas as pesquisas que investigam o potencial herbicida ou indutor germinativo de A. zerumbet. Uma das formas de se avaliar tais potencialidades, é o desenvolvimento de testes de alelopatia associados à avaliação de toxicidade aguda, utilizando, respectivamente, sementes e microcrustáceos de espécies padrão. O teste alelopático baseia-se no fenômeno da alelopatia, no qual a planta tem capacidade de produzir substâncias químicas que ao serem liberadas no ambiente podem influenciar de forma favorável ou desfavorável o desenvolvimento de outras espécies (SANTOS, 2012). In vitro, os resultados destes testes podem indicar possível potencial AVALIAÇÃO DO POTENCIAL ALELOPÁTICO E TOXICIDADE AGUDA DE EXTRATOS AQUOSOS DE ALPINIA ZERUMBET 226 herbicida quando amostra aplicada inibe ou retarda o padrão germinativo e/ou desenvolvimento das plântulas expostas. Já se houver indução ou aceleração de germinação e desenvolvimento, sugere-se o uso do produto testado como acelerador químico germinativo (SILVEIRA, et al., 2010). Os efeitos alelopáticos são produzidos por diferentes metabólitos secundários. Com os recentes avanços na química de produtos naturais e por meio de métodos modernos de extração, isolamento, purificação e identificação, estes compostos têm sido identificados molecularmente, podendo assim ser fontes potenciais de herbicidas, sendo utilizados no controle de plantas daninhas (SILVEIRA, et al., 2010). Um dos testes in vitro utilizados envolve ensaios com sementes deLactuca sativa, conhecida como alface, são de fácil manejo e facilmente encontradas em vários estabelecimentos, tanto agropecuários, como grandes mercados (CUNHA, 2011). O teste de toxicidade aguda avalia o nível de toxicidade da amostra testada frente à organismos padrão, como por exemplo, o microcrustáceo Artemia salina. As taxas de mortalidade, indicam, de forma preliminar, se o produto natural é ou não prejudicial à saúde da população e ao meio ambiente. Nestes ensaios, os organismos-testes são expostos à diferentes concentrações de amostra e os efeitos tóxicos produzidos sobre eles são observados e quantificados (COSTA, et al., 2018; DIAS, et al., 2017). As substâncias presentes nas plantas que podem apresentar toxicidade variam amplamente em estrutura e propriedades químicas (SIMÕES et al., 2004), podendo causar diferentes tipos de contraindicações ou efeitos, e graças a essas diferentes substâncias, hoje temos uma vasta quantidade AVALIAÇÃO DO POTENCIAL ALELOPÁTICO E TOXICIDADE AGUDA DE EXTRATOS AQUOSOS DE ALPINIA ZERUMBET 227 de drogas para diferentes infecções, dores e outras enfermidades. Dentro deste contexto, o presente estudo teve como objetivo investigar o potencial alelopático de extratos aquosos de folhas de Alpinia zerumbet em sementes de Lactuca sativa, bem como, avaliar de forma preliminar sua toxicidade aguda contra o microcrustáceo Artemia salina, buscando-se assim, um possível catalisador germinativo ou herbicida natural. MATERIAIS E MÉTODOS O trabalho foi realizado no laboratório do Jardim Botânico do Recife (JBR), localizado na BR 232, km 7,5 – Curado – Recife PE. O Jardim é um espaço público municipal vinculado a Secretária de Desenvolvimento Sustentável e Meio Ambiente, estando inserido em um fragmento remanescente de Mata Atlântica de 10,7 hectares na zona oeste da cidade. Para a obtenção do extrato aquoso, as folhas de A. zerumbet foram coletadas nos jardins internos do JBR, e, logo após, realizou-se no laboratório uma limpeza mecânica do material, para retirar quaisquer impurezas. Subsequentemente, as folhas foram pesadas e colocadas no liquidificador, onde passaram pelo processo de trituração. De acordo com o peso das folhas foi adicionada água destilada considerando-se a proporção 10% (peso/volume). Após a adição da água destilada, o extrato passou por agitação no agitador mecânico por um período de 12 horas (overnight). Em seguida, houve uma filtração, utilizando-se pano de fralda, e uma centrifugação à 4000rpm, por 15 min na velocidade máxima, sendo utilizada apenas a parte sobrenadante, o sedimento foi desprezado. AVALIAÇÃO DO POTENCIAL ALELOPÁTICO E TOXICIDADE AGUDA DE EXTRATOS AQUOSOS DE ALPINIA ZERUMBET 228 Para obtenção do extrato desidratado, o processo foi praticamente o mesmo, diferenciando-se no fato de se ter utilizado folhas desidratadas. Antes de serem trituradas, foram desidratadas em estufa com temperatura entre 40°C e 50ºC por 48h. O bioensaio de alelopatia foi realizado com 4 concentrações diferentes, o controle (0%) e tratamentos com concentrações-teste de 1, 2 e 3%. O experimento foi realizado em triplicata. Em cada tratamento, sementes de L. sativa foram dispostas em três placas de Petri forradas com dois papéis filtro cada uma, para garantir a umidade em todo o experimento. Em cada placa, foram distribuídas 20 sementes e aplicou-se 3ml do extrato nas respectivas concentrações-testes a partir da solução-mãe. Após a aplicação, o experimento foi colocado na bancada do laboratório, constatando-se uma temperatura variando de 16 à 20ºC. Posteriormente, a avaliação do percentual germinativo das sementes foi averiguada em 24 e 48 horas. O bioensaio de toxicidade aguda com Artemia salina baseou-se na metodologia de Meyer et al 1982, reconhecida pela Organização Mundial de Saúde (OMS). Durante o bioensaio, cistos de A. salina foram colocados em um tubo Falcon modificado, com recortes para facilitar a saída apenas dos náuplios, caracterizando assim, a câmara de eclosão. Em seguida, esta câmara foi inserida no Becker com água do mar sob controle de temperatura (20-30°C), com luz direta e após 48 h de incubação, os náuplios foram retirados para o ensaio. O experimento ocorreu em triplicata, contendo três concentrações distintas 0.5, 2 e 3% além do controle (0%). Em cada tubo adicionou-se água do mar e o extrato, obtendo-se a concentração desejada. No caso da amostra AVALIAÇÃO DO POTENCIAL ALELOPÁTICO E TOXICIDADE AGUDA DE EXTRATOS AQUOSOS DE ALPINIA ZERUMBET 229 controle, foi adicionado apenas água do mar. Neste mesmo procedimento, foram colocados simultaneamente, em cada tubo, 10 náuplios com boa motilidade alcançando-se 5ml como volume total. Após em 24 horas em contato com a suspensão dos extratos, realizou-se a contagem do número de náuplios sobreviventes. Foram considerados mortos aqueles náuplios que permaneceram imóveis por mais de 30 segundos após agitação suave dos tubos. As análises estatísticas foram realizadas utilizando o Programa estatístico R Core Team (2018) e o Programa Past Versão 3.0. RESULTADOS E DISCUSSÃO Os experimentos mostraram resultados similares quanto à sua alelopatia. Em 48 horas, foi possível observar efeitos alelopáticos positivos em sementes de L. sativa, como mostra a figura 1, a partir de extratos aquosos (à fresco e à seco, após centrifugado), como mostra na imagem 2, de folhas A. zerumbet, figuras 3. Tal constatação implica dizer que a taxa germinativa de L. sativa elevou-se quando suas sementes foram expostas às diferentes concentrações dos referidos extratos. AVALIAÇÃO DO POTENCIAL ALELOPÁTICO E TOXICIDADE AGUDA DE EXTRATOS AQUOSOS DE ALPINIA ZERUMBET 230 Figura 1: Sementes germinadas de Lactuca sativa dispostas em placa de Petri contendo extrato aquoso de Alpinia zerumbet. Fonte: Arruda (2017). Figura 2: Extratos aquosos, centrifugado e pré-centrifugado. AVALIAÇÃO DO POTENCIAL ALELOPÁTICO E TOXICIDADE AGUDA DE EXTRATOS AQUOSOS DE ALPINIA ZERUMBET 231 Fonte: Arruda (2017) Figura 3: Alpinia zerumbet localizada no Jardim de plantas medicinais do Jardim Botânico do Recife. Fonte: Arruda (2017). No bioensaio de alelopatia, representação do experimento na figura 4, a partir do extrato de folhas desidratadas (extrato à seco), as sementes do tratamento controle não germinaram, enquanto que nos tratamentos à 1 e 2% a taxa germinativa ficou em torno de 35 à 40%, sendo a concentração mais alta (3%) a que promoveu índice germinativo superior à 40%, como consta na figura 5. No bioensaio a partir do extrato de folhas frescas (extrato à fresco), constatou-se aceleração germinativa ligeiramente maior em relação aos testes com extrato à seco. O controle obteve 5% de geminação e as demais concentrações obtiveram valores superiores a 45%, sendo a concentração à 2% similar a concentração 3% como demonstra no gráfico abaixo na figura 6. Uma das possíveis explicações seria a redução da quantidade de metabólitos secundários que pode ocorre a partir AVALIAÇÃO DO POTENCIAL ALELOPÁTICO E TOXICIDADE AGUDA DE EXTRATOS AQUOSOS DE ALPINIA ZERUMBET 232 da perda de compostos voláteis liberados do material durante a desidratação realizada na extração à seco (DE OLIVEIRA, et al; 2014; DE SOUZA-SARTORI, et al; 2013). Figura 4: Bioensaio de alelopatia com placas dispostas de forma aleatória na bancada de experimentos. Fonte: Arruda (2017) Figura 5: Percentual germinativo de Lactuca sativa em função de diferentes concentrações-teste a partir de extrato à seco de Alpinia zerumbet. Fonte: Pesquisa Direta, 2017. AVALIAÇÃO DO POTENCIAL ALELOPÁTICO E TOXICIDADE AGUDA DE EXTRATOS AQUOSOS DE ALPINIA ZERUMBET 233 Figura 6: Percentual germinativo de Lactuca sativa em função de diferentesconcentrações-teste a partir de extrato à fresco de Alpinia zerumbet. Fonte: Pesquisa Direta, 2017. Os resultados alelopáticos demonstraram que o extrato aquoso foliar de A. zerumbet apresentou-se como um potencial catalisador germinativo. Ressalta-se que, na literatura encontra- se trabalhos apontando resultados bem distintos envolvendo espécies pertencentes ao gênero Alpinia. Isto ocorre, possivelmente, porque as espécies-alvo em cada estudo são diferentes, levando a uma heterogeneidade de respostas germinativas. Shinwari et al (2017) analisaram a capacidade alelopática a partir de extratos de 156 espécies de plantas medicinais japonesas sendo 06 pertencentes a este gênero. O estudo verificou que na concentração utilizada houve inibição e/ou aceleração insignificante na germinação de L. sativa. Recentemente, Aiash et al (2018) ao avaliarem os efeitos AVALIAÇÃO DO POTENCIAL ALELOPÁTICO E TOXICIDADE AGUDA DE EXTRATOS AQUOSOS DE ALPINIA ZERUMBET 234 de Alpinia malaccencis sobre Merremia peltata, constataram taxa de germinação em torno de 27% a partir de 150g/L de extrato foliar. Nos bioensaios com A. salina, figura 7, ao se avaliar a toxicidade aguda de amostras dos extratos, constatou-se ausência de mortalidade de náuplios no tratamento controle, enquanto que nas concentrações mais altas (2 e 3%) houve taxa de mortalidade significativa (Tabela 1). Figura 7: Fêmea de Artemia salina contendo ovos. Fonte: http://biologiaacontecendo.blogspot.com/2012/04/artemia-salina.html A apuração dos resultados do bioensaio de toxicidade comprovou que A. zerumbet em concentrações acima de 2% pode promover uma toxicidade que deve ser levada em consideração, haja vista que os valores percentuais de mortalidade foram bem superiores à 50%. A literatura apresenta espécies do gênero Alpinia como sendo plantas potencialmente tóxicas. Ahmed et al (2015) verificaram alto grau de toxicidade aguda de extrato metanólico de Alpinia nigra ao obter CL50 em AVALIAÇÃO DO POTENCIAL ALELOPÁTICO E TOXICIDADE AGUDA DE EXTRATOS AQUOSOS DE ALPINIA ZERUMBET 235 torno de 57µg/mL (concentração letal média da amostra capaz de promover mortalidade em 50% dos indivíduos). Tabela 1: Toxicidade aguda de diferentes concentrações-teste de Alpinia zerumbet frente à Artemia salina. Concentração (%) Percentual de letalidade(%) 0 0 ± 0 ab 0,5 20 ± 17,0 ab 2 70 ± 26,0 abc 3 83 ± 15,0 bc C.V (%) 28,06 Médias seguidas de letras iguais, nas linhas, não diferem pelo teste de Tukey, à 5 % de probabilidade. Fonte: Pesquisa Direta, 2017. Para Krishnaraju et al (2006) o resultado foi semelhante ao presente estudo. Foi utilizado folhas desidratadas para o extrato etanólico da espécie Alpinia officinarum do qual obtiveram CL50 próximo a 60 µg/ml, sendo letal aos náuplios. o bioensaio foi avaliado em 24h. CONCLUSÕES Conclui-se que, o extrato aquoso foliar da A. zerumbet apresentou efeitos alelopáticos positivos em concentrações acima de 3%, mostrando-se um potencial catalisador germinativo. Em contraponto, os resultados do bioensaio de toxicidade aguda demonstraram letalidade em naúplios de A. salina, sugerindo cautela em possíveis situações de uso e AVALIAÇÃO DO POTENCIAL ALELOPÁTICO E TOXICIDADE AGUDA DE EXTRATOS AQUOSOS DE ALPINIA ZERUMBET 236 aplicação no campo. Diante disto, faz-se necessário novas investigações que possam validar este potencial a partir do isolamento e caracterização de metabólitos isolados da espécie estudada. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS AHMED, A. A.; SHARMEN, F.; MANNAN, A.; RAHMAN, M. A. 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