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0 1 Disciplina: A inclusão social e educacional de pessoas com Necessidades Educacionais Especiais Autores: Dra. Roberta Paye Bara Revisão de Conteúdos: Andrey Gabriel Ota Eshima Designer Instrucional: Andrey Gabriel Ota Eshima Revisão Ortográfica: Esp. Lucimara Ota Eshima Ano: 2023 Copyright © - É expressamente proibida a reprodução do conteúdo deste material integral ou de suas páginas em qualquer meio de comunicação sem autorização escrita da equipe da Assessoria de Marketing da Faculdade UNINA. O não cumprimento destas solicitações poderá acarretar em cobrança de direitos autorais. 2 Roberta Paye Bara A Inclusão Social e Educacional de Pessoas com Necessidades Educacionais Especiais 1ª Edição 2023 Curitiba, PR Faculdade UNINA 3 Faculdade UNINA Rua Cláudio Chatagnier, 112 Curitiba – Paraná – 82520-590 Fone: (41) 3123-9000 Coordenador Técnico Editorial Rafael Vicentini Conselho Editorial Dr. Eduardo Soncini Miranda / Dra. Rosi Terezinha Ferrarini Gevaerd / Dra. Yara Rodrigues de La Iglesia Revisão de Conteúdos Andrey Gabriel Ota Eshima Designer Instrucional Andrey Gabriel Ota Eshima Revisão Ortográfica Lucimara Ota Eshima Desenvolvimento Iconográfico Juliana Emy Akiyoshi Eleutério Desenvolvimento da Capa Carolyne Eliz de Lima FICHA CATALOGRÁFICA BARA, Roberta Paye. A inclusão social e educacional de pessoas com Necessidades Educacionais Especiais / Roberta Paye Bara. – Curitiba: Faculdade UNINA, 2023. 49 p. ISBN: 978-65-5944-430-4 1.Acessibilidade. 2. Necessidades especiais. 3. Inclusão. Material didático da disciplina de A inclusão social e educacional de pessoas com Necessidades Educacionais Especiais – Faculdade UNINA, 2023. Natália Figueiredo Martins – CRB 9/1870 4 PALAVRA DA INSTITUIÇÃO Caro(a) aluno(a), Seja bem-vindo(a) à Faculdade UNINA! Nossa faculdade está localizada em Curitiba, na Rua Cláudio Chatagnier, nº 112, no Bairro Bacacheri, criada e credenciada pela Portaria nº 299 de 27 de dezembro 2012, oferece cursos de Graduação, Pós-Graduação e Extensão Universitária. A Faculdade assume o compromisso com seus alunos, professores e comunidade de estar sempre sintonizada no objetivo de participar do desenvolvimento do País e de formar não somente bons profissionais, mas também brasileiros conscientes de sua cidadania. Nossos cursos são desenvolvidos por uma equipe multidisciplinar comprometida com a qualidade do conteúdo oferecido, assim como com as ferramentas de aprendizagem: interatividades pedagógicas, avaliações, plantão de dúvidas via telefone, atendimento via internet, emprego de redes sociais e grupos de estudos o que proporciona excelente integração entre professores e estudantes. Bons estudos e conte sempre conosco! Faculdade UNINA 5 Sumário Apresentação da disciplina ....................................................................... 7 Aula 1 – As Necessidades Educacionais Especiais (NEE) e as contribuições das teorias do desenvolvimento humano ............................. 8 Apresentação da aula 1 ............................................................................. 8 1.1 As Necessidades Educacionais Especiais (NEE) e as contribuições das teorias do desenvolvimento humano ................ 8 1.1.1 As NEE e as contribuições das teorias do desenvolvimento humano ...................................................................................................... 9 1.2 NEE ............................................................................................... 9 1.3 Teorias de desenvolvimento humano ............................................ 13 1.4 Contribuições das teorias do desenvolvimento humano às NEE 15 Conclusão da aula 1 .................................................................................. 17 Resumo da aula 1 ...................................................................................... 17 Aula 2 – Habilidades sociais nas relações interpessoais e nas práticas pedagógicas inclusivas .............................................................................. 18 Apresentação da aula 2 ............................................................................. 18 2.1 Habilidades sociais nas relações interpessoais e nas práticas pedagógicas inclusivas .............................................................................. 18 2.1.1 As habilidades sociais nas relações interpessoais e nas práticas pedagógicas inclusivas ................................................................. 19 2.1.1.1 Habilidades sociais ................................................................. 19 2.1.1.2 As habilidades sociais nas relações interpessoais .................. 22 2.1.1.3 As habilidades sociais nas práticas pedagógicas inclusivas ... 22 Conclusão da aula 2 .................................................................................. 24 Resumo da aula 2 ...................................................................................... 24 Aula 3 – Ética, professor e a Educação Inclusiva: fundamentos para uma educação na diversidade ........................................................................... 26 Apresentação da aula 3 ............................................................................. 26 3.1 A ética, professor e a Educação Inclusiva: fundamentos para uma educação na diversidade ........................................................................... 26 3.1.1 Formação de professores para uma educação inclusiva ........... 27 3.2. Educação na diversidade ............................................................. 29 3.3 Exemplos de atividades ................................................................ 30 Conclusão da aula 3 .................................................................................. 35 6 Resumo da aula 3 ...................................................................................... 35 Aula 4 – A Anamnese e sua contribuição na identificação das NEE: fundamentos e conduta profissional ........................................................... 37 Apresentação da aula 4 ............................................................................. 37 4.1 A Anamnese e sua contribuição na identificação das NEE: fundamentos e conduta profissional ........................................................... 37 4.1.1 Anamnese .................................................................................. 40 4.2 Contribuições na Identificação das NEE ....................................... 42 Conclusão da aula 4 .................................................................................. 44 Resumo da aula 4 ...................................................................................... 44 Resumo da disciplina ................................................................................ 45 Índice Remissivo ........................................................................................ 47 Referências ............................................................................................... 49 7 Apresentação da disciplina Esse material foi elaborado para contribuir na sua formação profissional. Para que você tenha mais conhecimento sobre a inclusão de pessoas com necessidades educacionais especiais, com a finalidade de proporcionar um ambiente escolar inclusivo. Desse modo, para que você tenha o completo aproveitamento docurso, é necessário que participe de todas as mídias que o curso disponibiliza em todas as disciplinas. É extremamente importante que acesse e realize as atividades disponíveis no ambiente virtual, aproveitando todos os recursos que irão contribuir para o domínio de todos os conteúdos abordados nas disciplinas deste curso. Nesta disciplina de “inclusão social e educacional de pessoas com necessidades educacionais especiais” serão evidenciadas algumas definições das necessidades educacionais especiais (NEE) e as contribuições das teorias do desenvolvimento humano que auxiliam no atendimento educacional. Também serão abordados aspectos relacionados com as habilidades sociais nas relações interpessoais e nas práticas pedagógicas inclusivas, com ênfase na relação ética, professor e a educação inclusiva como fundamentos para uma educação na diversidade. Por fim, será tratar da Anamnese e sua contribuição na identificação das NEE, bem como os fundamentos e conduta profissional. 8 Aula 1 – As Necessidades Educacionais Especiais (NEE) e as contribuições das teorias do desenvolvimento humano Apresentação da aula 1 Nesta aula serão abordadas as informações sobre Necessidade Educacionais Especiais (NEE) e trataremos a respeito das teorias do desenvolvimento humano. 1.1 As Necessidades Educacionais Especiais (NEE) e as contribuições das teorias do desenvolvimento humano Em 2015, foi promulgada a Lei Brasileira da Inclusão (Lei 13.146/2015), que define punições para atitudes discriminatórias e contempla mudanças em várias áreas, como na educação. Essa lei trata de questões sobre acessibilidade, educação, trabalho e combate à discriminação. No âmbito escolar, a Lei Brasileira da Inclusão, também conhecida como Estatuto da Inclusão, obriga as escolas privadas a acolher os estudantes com deficiências no ensino regular e a adotar medidas necessárias para facilitar a acessibilidade desses estudantes sem gerar custos financeiros adicionais aos responsáveis. As escolas públicas já acolhiam os estudantes com deficiências, inclusive realizando mudanças estruturais e disponibilizando professores auxiliares. Para Refletir Até os anos 2000 era comum, no Brasil, a existência de escolas especializadas em atendimento de estudantes com deficiências. Quando se iniciou o movimento de inserção desses estudantes no ensino regular, principalmente em escolas públicas, houve muita resistência por parte de pais e responsáveis. Reflita sobre quais foram os fatores que levaram os pais e responsáveis a resistirem na aceitação da inclusão no ensino regular. 9 1.1.1 As NEE e as contribuições das teorias do desenvolvimento humano O estudo sobre as necessidades educacionais especiais e as teorias do desenvolvimento humano norteiam a prática pedagógica inclusiva, pois as teorias do desenvolvimento humano dão suporte às ações que estimulam o desenvolvimento cognitivo. O estudo das necessidades educacionais especiais faz com que essas ações sejam adaptadas, a fim de respeitar as necessidades de cada estudante. As adaptações das atividades pedagógicas são importantes para criar uma escola inclusiva. A escola inclusiva proporciona educação para todos os estudantes em salas de aula regulares, garantindo oportunidades educacionais adequadas e desafiadoras, sempre ajustadas às deficiências e habilidades de cada um. Assim, estudantes com ou sem necessidades especiais terão oportunidades iguais. Além de aprenderem a conviver com as diferenças, aceitando e respeitando as limitações de cada um, cabe ao professor estimular o uso das habilidades individuais para superarem as dificuldades. Pesquise Com o avanço das pesquisas sobre práticas pedagógicas inclusivas ocorreram mudanças também nas nomenclaturas. Pesquise como eram nomeados antigamente os estudantes que hoje em dia são definidos como estudantes com Necessidades Educacionais Especiais, entre outros termos relacionados. 1.2 NEE NEE é a sigla para Necessidades Educacionais Especiais ou Necessidade Educativa Especial. No geral, é a mesma coisa, o que muda é o emprego da concordância gramatical. Entre as NEE estão a deficiência auditiva, a física, a visual, a intelectual e as deficiências múltiplas (quando há presença de mais de uma deficiência). Entre outras possibilidades de fatores que limitam 10 o desenvolvimento social, cognitivo e físico dos estudantes temos o autismo, a partir de 2013 compreendido como Transtorno do Espectro Autista (TEA - conforme o DSM 5 - Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais - 5ª edição), Paralisia Cerebral, Síndrome de Down e Síndrome de Williams. Além de outros fatores mais raros, como a Síndrome de Angelman, que se caracteriza por atraso no desenvolvimento intelectual, dificuldades na fala, movimentos desconexos e sorriso constante. Outro caso raro é a Osteogênese Imperfeita, também conhecida popularmente como Ossos de Vidro. É uma doença genética e hereditária cuja principal característica é que os ossos quebram facilmente. Vocabula rio Espectro - Aplicado em Espectro Autista, refere-se a graus de suporte, como níveis, em que é possível apresentar muitas características ou algumas. Curiosidade No documento DSM-5, há a descrição do transtorno do espectro autista como sendo um novo transtorno que engloba o transtorno autista (autismo), o transtorno de Asperger, o transtorno desintegrativo da infância, o transtorno de Rett e o transtorno global do desenvolvimento. Caracterizados por déficits de desenvolvimento em: comunicação social e interação social; padrões repetitivos e restritos de comportamento, interesses e atividades em vez de constituir transtornos distintos, como ocorria no passado. O Transtorno do Espectro Autista é uma síndrome comportamental de base biológica e possui classificação por nível e graus, que não é definido a partir da capacidade do paciente, e sim pela necessidade de suporte de que necessita. Porém, como o próprio nome diz, trata-se de um espectro e há pessoas que transitam nas fronteiras entre os graus a depender do momento da vida e do tratamento ao qual são submetidas. https://www.metropoles.com/saude/autismo-cadela-de-companhia-parto 11 Fonte: Elaborado pela autora no Canva a partir de dados do DSM - 5 Importante Com os avanços em pesquisa, nomenclaturas e definições podem mudar, por isso é importante buscar sempre acompanhar as atualizações das informações. A partir do Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais DSM 5, alguns transtornos foram incluídos dentro do TEA, mas na versão anterior desse documento (no DSM 4) ainda existia o termo Asperger separado do Transtorno do Espectro Autista. Costuma se manifestar nos primeiros anos de vida, e como há uma gama de características que precisam ser avaliadas, necessita de profissionais especializados para diagnosticar. Algumas das características que podem ser identificadas (isoladas ou concomitantes): atraso no desenvolvimento, atraso no 12 desenvolvimento da fala, altas habilidades cognitivas, dificuldades na socialização, dificuldades na comunicação, dificuldade em manter o contato visual, podem demonstrar aversão ao toque de outros, podem estabelecer contato por meio de comportamentos não verbais, podem se isolar de atividades em grupo, podem ter um objeto ou tema de hiperfoco e podem ter dificuldade em lidar com imprevistos. Os indivíduos com Síndrome de Williams possuem uma desordem no cromossomo 7, apresentando, desde o primeiro ano de vida, uma irritabilidade, uma hipersensibilidade auditiva e dificuldade para se alimentar. Apresentam também problemas motores, falta de equilíbrio e incapacidade para realização de tarefas motoras, como cortar papel e amarrar o sapato. Contudo,apresentam boa memória auditiva e facilidade na comunicação. Essa síndrome acomete ambos os sexos. A Síndrome de Rett é um distúrbio genético e do neurodesenvolvimento que acomete, na maioria dos casos, crianças do sexo feminino. Ocorre o comprometimento progressivo das funções motora e intelectual, após um período inicial de desenvolvimento normal (entre 8 e 18 meses). As habilidades de fala, a capacidade de andar e o controle do uso das mãos começam a regredir. A comunicação se dá apenas pelo olhar. A partir dos 10 anos, o aparecimento de escolioses e de rigidez muscular fazem com que muitas crianças percam totalmente a mobilidade, além de apresentarem níveis de deficiência intelectual. O diagnóstico se baseia na observação por um médico do desenvolvimento e do crescimento inicial da criança e em exames genéticos. O tratamento envolve uma abordagem multidisciplinar com foco no controle dos sintomas e apoio educacional. Existe também a dislexia, que é um transtorno do neurodesenvolvimento, afetando habilidades básicas de leitura e linguagem. É considerada um transtorno específico da aprendizagem porque seus sintomas geralmente afetam o desempenho acadêmico dos estudantes, sem outras alterações (neurológica, sensorial ou motora). Com relação as limitações físicas, há diversas situações que podem acarretar uma deficiência ou limitação. Acidentes, sequelas de afogamento, genética, ou sequelas de doenças. Por exemplo, a mielomeningocele, que é uma má formação congênita da coluna vertebral do feto que ocorre no início da https://institutoabcd.org.br/transtorno-de-aprendizagem/ 13 gravidez. Isso faz com que os ossos da coluna do bebê não se desenvolvam adequadamente. Em alguns casos, é realizada cirurgia intrauterina, que combinada com terapias e acompanhamento reduzem as limitações físicas e disfunções ortopédicas (dentre outras possibilidades de sequelas). Existem diversos fatores que podem contribuir para a existência de uma necessidade educacional especial, seja por fatores genéticos, ou adquirida por um acidente/trauma, ou por sequela de alguma doença. O importante é que sejam realizadas adaptações de materiais, de metodologias e postura do professor, a fim de atender todas as necessidades de todos os estudantes. 1.3 Teorias de desenvolvimento humano O estudo do desenvolvimento humano analisa as mudanças ao longo da vida, busca descrever, explicar e prever o comportamento. Inicialmente, no século XIX, o foco era o desenvolvimento infantil, incluindo a adolescência. Essa só se tornou uma fase separada a partir do século XX. O estudo do desenvolvimento na vida adulta é denominado desenvolvimento no ciclo vital. O desenvolvimento tem três principais dimensões: ➢ Física; ➢ Cognitiva; ➢ Psicossocial. O desenvolvimento dessas áreas não ocorre isoladamente, ou seja, uma interfere na outra. Vale reforçar a existência de vários fatores que influenciam o desenvolvimento humano, alguns de origem genética ou ambiental. Nos fatores de origem ambiental, destaca-se a influência familiar, seja a família nuclear (os que moram juntos e convivem diariamente) ou a família extensa (composta por amigos próximos e parentes que participam do cotidiano). Dentro dos fatores ambientais existe a condição socioeconômica (que define qualidade e manutenção das necessidades relacionadas à saúde), a cultura, o grupo social (tradições) e, em alguns casos, a origem étnica. 14 As influências que ocorrem no desenvolvimento das pessoas são categorizadas como normativas ou não normativas. Há as normativas etárias, que ocorrem com pessoas de mesma idade e as não normativas, as quais não seguem uma regra, geralmente são aleatórias. Há estudos que descrevem períodos críticos para o desenvolvimento físico inicial, enquanto que para o desenvolvimento cognitivo e psicossocial há maior flexibilidade. As Teorias do Desenvolvimento Humano consideram as seguintes questões básicas: a hereditariedade, o ambiente, o caráter ativo ou passivo no desenvolvimento e a existência de estágios de desenvolvimento. Há a teoria mecanicista e organísmica. Na teoria mecanicista, as pessoas reproduzem atividades repetidamente, como máquinas. Na organísmica, as pessoas são ativas no seu processo de ensino-aprendizagem, como organismos ativos em crescimento. A perspectiva psicanalítica defende que o desenvolvimento ocorre pelo estímulo de conflitos emocionais inconscientes, destacando a Teoria de Freud do Desenvolvimento Psicossexual e a Teoria de Erikson do Desenvolvimento Psicossocial. Na perspectiva da aprendizagem, o desenvolvimento é visto como resultante de um processo de ensino-aprendizagem, destacando a Teoria Behaviorista de Skinner (que defende que o comportamento pode ser condicionado por reforço ou punição) e a Teoria da Aprendizagem Social de Bandura (aprendizagem resultante da observação). Na perspectiva humanista, defende-se que os indivíduos decidem conscientemente seus objetivos de desenvolvimento, destacando a Teoria Hierárquica de Necessidade de Maslow. Na perspectiva cognitiva, considera-se que os indivíduos atingem os objetivos de desenvolvimento através de estímulos e faixa etária, destacando-se as Teorias sobre Estágios de Desenvolvimento Cognitivo Etário de Piaget e a abordagem na Neurociência Cognitiva. Na perspectiva etológica, o comportamento adaptativo é que define a sobrevivência do grupo social. Nesta linha destacam-se os trabalhos de Bowlby e Ainsworth. 15 Na perspectiva contextual, é considerado fortemente o papel do contexto social no desenvolvimento. Nessa vertente destacam-se a Teoria Bioecológica de Bronfenbrenner (influência ambiental dividida em 5 partes: microssistema, mesossistema, exossistema, macrossistema e cronossitema) e a Teoria Sociocultural de Vygotsky. 1.4 Contribuições das teorias do desenvolvimento humano às NEE As teorias do desenvolvimento humano fornecem informações sobre vários fatores que contribuem para o desenvolvimento, conforme a visão de vários pesquisadores. Também é possível compreender como a falta desses pode contribuir para a falta de estímulo no desenvolvimento. Sabendo os fatores que contribuem para o desenvolvimento humano, é possível definir procedimentos que ajudem a estimular o desenvolvimento motor, social e cognitivo de pessoas que necessitam de atendimento especializado. Os terapeutas ocupacionais realizam trabalhos nessa área, atendendo todos os casos de necessidades especiais e todas as faixas etárias. Na educação básica, os professores precisam dominar informações sobre como estimular o desenvolvimento motor, social e cognitivo referentes às idades e conteúdos da educação básica, a fim de proporcionar um ambiente acolhedor em sala de aula, estimulando o respeito pelas diferenças e proporcionando estímulos ao desenvolvimento motor, psicossocial e cognitivo. Um exemplo de contribuição das teorias do desenvolvimento humano no atendimento de indivíduos que possuem deficiência são os centros de atendimento às crianças que nasceram com microcefalia. Nesses centros, os terapeutas ocupacionais, demais profissionais e a equipe médica realizam procedimentos específicos e orientam os responsáveis em como efetivar atividades que estimulem o desenvolvimento motor, cognitivo, fisioterápico, visual, entre outros. Uma atividade recorrente que estimula o desenvolvimento social, motor e cognitivo é a fisioterapia no mar. Grupos de mães e bebês são levados para praias da região, onde os bebês são estimulados através de atividades motoras, contato com texturas da natureza e no convívio social com outros bebês. 16 Saiba Mais Para saber mais a respeito da Educação Inclusiva em sua prática, acesse o site Diversa, no qual é possível consultar artigos, notícias, tirar dúvidas sobre inclusão, acompanharrelatos e estudos de caso. Link: http://diversa.org.br/ Há vários fatores que podem gerar uma dificuldade cognitiva, social ou motora. Independentemente da origem da dificuldade, há a necessidade de preparar aulas que atendam às necessidades de todos os estudantes, incluindo aqueles que possuem alguma deficiência. Conhecer o que interfere no desenvolvimento, seja de forma positiva ou negativa, irá contribuir para uma prática pedagógica inclusiva. Por isso, é importante compreender os fatores que influenciam no desenvolvimento humano e as teorias que descrevem o aprendizado. Ví deo Assista ao filme Teoria de Tudo (The Theory of Everything), dirigido por James Marsh (2015), no qual é possível ver parte da biografia de Stephen Hawking, um dos maiores cientistas de todos os tempos, apesar de suas limitações físicas. Link do trailler: https://www.youtube.com/watch?v=SbUVNHdPE4w Amplie Seus Estudos SUGESTÃO DE LEITURA Leia o livro Inclusão: um guia para educadores, de autoria de Susan Stainback e William Staimback. Na obra é possível encontrar sugestões para fazer com que haja 17 uma interação produtiva em sala de aula entre os estudantes. Conclusão da aula 1 A primeira conclusão é que profissionais que atuam no atendimento de pessoas com necessidades especiais precisam sempre buscar atualizações, porque os termos, nomenclaturas e às vezes até as definições mudam, e isso influencia no trabalho realizado. Além disso, também podemos perceber a importância do estudo sobre as teorias do desenvolvimento humano, pois, a partir das teorias, é possível definir ações que estimulem o desenvolvimento social, cognitivo e psicomotor, os quais também influenciam diretamente na prática profissional diária. Resumo da aula 1 Nesta aula vimos conteúdos referentes às NEE, considerando a importância de adaptações de materiais, metodologias e didáticas utilizadas em sala de aula com a finalidade de atender todos os estudantes de forma igualitária. Foram mencionadas algumas síndromes e suas características no desenvolvimento humano. Além disso, foram descritas, resumidamente, algumas teorias do desenvolvimento humano e suas contribuições ao estudo das necessidades educacionais especiais. Atividade de Aprendizagem 1 - Considerando sua vivência, escreva um texto de 10 a 15 linhas sobre o que você acredita ou supõe que é necessário adaptar no ambiente educacional, listando as principais necessidades educacionais especiais. Indique ações para atender cada um dos casos que listou. 2 - Considerando as informações apresentadas nesta aula, crie uma apresentação de slides que resuma os principais tópicos desta aula. Por fim, compartilhe com colegas para troca de ideia sobre os resultados obtidos. 18 Aula 2 - Habilidades sociais nas relações interpessoais e nas práticas pedagógicas inclusivas Apresentação da aula 2 Nesta aula serão abordadas as habilidades sociais, as quais são desenvolvidas nas relações interpessoais e durante as práticas pedagógicas inclusivas por parte dos profissionais. O foco dessa aula é as habilidades sociais, as quais podem ser estimuladas em sala de aula em processo inclusivo com os estudantes. 2.1 Habilidades sociais nas relações interpessoais e nas práticas pedagógicas inclusivas O desenvolvimento humano na área social é importante para todos os estudantes, independentemente da presença de transtorno do desenvolvimento, síndrome ou deficiência. Mas, para os estudantes que possuem, é ainda mais importante, pelo papel de inclusão social, reduzindo preconceitos e estimulando um ambiente escolar acolhedor. Para os estudantes com necessidade educacionais especiais, esse tipo de habilidade por parte do profissional que realiza algum tipo de atendimento (seja como professor ou profissional que realiza algum tipo de terapia) é fundamental para facilitar a independência e o convívio em sociedade, mas é importante respeitar as limitações sem forçar situações constrangedoras ou conflituosas. Para Refletir Na última década, houve um aumento de casos de depressão em indivíduos menores de idades. Os estudantes com depressão geralmente apresentam dificuldades em se socializar. Pesquise sobre a estatística de casos de depressão na infância e na adolescência e reflita sobre quais podem ser os fatores que justificam esse aumento na ocorrência. 19 2.1.1 As habilidades sociais nas relações interpessoais e nas práticas pedagógicas inclusivas As práticas pedagógicas podem ser inclusivas através de atividades que incluam todos os estudantes, respeitando suas individualidades e necessidades, fomentando a colaboração social e a inclusão e, obviamente, contribuindo para o desenvolvimento humano. As relações interpessoais em sala de aula se referem à forma de socialização entre os estudantes, à convivência e a como se relacionam. Para proporcionar um ambiente acolhedor em sala de aula, é necessário fazer as devidas intervenções para reduzir conflitos e facilitar um bom relacionamento. Em turmas com estudantes que possuem deficiência ou algum transtorno do desenvolvimento, é fundamental propor atividades que estimulem o acolhimento, o respeito e a diversidade, facilitando, portanto, a socialização e a boa convivência. Assim, evitam-se futuros conflitos. Pesquise Pesquise sobre as relações interpessoais. Como eram abordadas no passado? O que estudos recentes descrevem? E como as relações interpessoais interferem no ambiente escolar e no trabalho? 2.1.1.1 Habilidades sociais As habilidades sociais são um conjunto de competências comportamentais que são fundamentais para se viver em sociedade de forma respeitosa e harmoniosa. Os indivíduos que possuem habilidades sociais apresentam comportamento respeitoso em relação às adversidades: 20 ➢ de opinião; ➢ de crenças; ➢ de sentimentos. Além disso, são indivíduos que apresentam empatia. A empatia é crucial para diminuir as distâncias sociais, pois, quando nos colocamos no lugar do outro, é possível perceber e analisar a pertinência de certas atitudes. Desenvolver a habilidade da empatia, facilita a compreensão das dificuldades apresentadas pelos colegas com deficiência, contribuindo para a inclusão e redução dos conflitos, como bullying. Vocabula rio Empatia: é a capacidade de se colocar no lugar do outro e perceber suas necessidades, entendendo a realidade desse outro. As atividades em duplas, dinâmicas, dança, música ou cantigas de roda facilitam a socialização entre os estudantes e estimulam o desenvolvimento de habilidades sociais. É importante associar a essas atividades a explanação sobre conduta social respeitosa, principalmente em casos em que há estudantes com Transtornos Globais de Desenvolvimento (TGD). Nesses casos, é importante lembrar que se deve evitar gritaria e contato físico ou, juntamente com a equipe pedagógica, planejar atividades que exijam contato físico gradativamente. As habilidades sociais se dividem em habilidade de comunicação, civilidade, enfrentamento, empática, habilidade de trabalhar em grupo e de expressão de sentimento positivo. A habilidade social da comunicação engloba todas as formas de comunicação (fala, escrita, Libras, olhar ou qualquer outra forma de comunicação alternativa). Trata-se da capacidade de se comunicar, manter um diálogo, perguntar e responder, elogiar, pedir e receber críticas. 21 As habilidades sociais de civilidade referem-se à capacidade de interações no cotidiano, aos denominados "bons modos": como pedir licença, pedir desculpas, agradecer e pedir por favor. As habilidades sociais referentes ao enfrentamento indicam comportamento de posicionamento, manifestação de opiniões, capacidade de admitir erros, desculpar-se, expressarsentimentos, aceitar e recusar solicitações. As habilidades sociais empáticas referem-se à capacidade de reconhecer sentimentos em si e nos outros, a se colocar no lugar do outro e compreender suas necessidades. No ambiente de trabalho são necessárias algumas posturas para boa convivência, como gerenciamento de pessoas, falar em público, atendimento ao público e resolver questões interpessoais com os colegas. Essas são as habilidades sociais de trabalho. As habilidades sociais de expressão de sentimento positivo tratam, no geral, de todas as capacidades relacionadas ao comportamento bondoso, como piedade, carinho, amor, capacidade de fazer amizade e se solidarizar. As habilidades sociais não correspondem às características pessoais, mas, sim, às comportamentais. Essas habilidades podem ser desenvolvidas, na maior parte dos casos. Pesquise Pesquise quais os casos em que não é possível desenvolver habilidades sociais, como casos comportamentais em que há a dificuldade em desenvolver as habilidades sociais, como pessoas diagnosticadas com psicopatias, que não conseguem ter empatia. 22 2.1.1.2 As habilidades sociais nas relações interpessoais As relações interpessoais, ou seja, a relação entre as pessoas, seja estudante-estudante, professor-estudante ou professor com seus colegas de trabalho, estão presentes no ambiente escolar. E um dos principais objetivos de usar o desenvolvimento das habilidades para atingir uma prática pedagógica inclusiva é facilitar e melhorar as relações interpessoais, reduzindo conflitos, estimulando as amizades e a camaradagem, fomentando o respeito e a tolerância (contribuindo para a realização de atividades em grupo), contribuindo para a redução do preconceito, trabalhando a tolerância com o diferente, que estimula o respeito e resulta em um ambiente agradável e estimulante. Quando as pessoas se sentem bem em um lugar, produzem melhor, seja nos estudos ou no trabalho. Ví deo Assista ao vídeo no qual o Psiquiatra reforça a importância do acesso a terapias e atividades inclusivas no desenvolvimento de habilidades, em crianças com suspeita de Transtorno do Espectro Autista. Link: https://www.youtube.com/watch?v=OvCyEbY7Mog O desenvolvimento das habilidades sociais no ambiente escolar irá facilitar as relações interpessoais futuras em outros ambientes, como no trabalho. Mas não há como viver em sociedade sem ter que lidar com as relações interpessoais, por isso é tão relevante aprender a usar as habilidades sociais para desenvolver a capacidade de lidar com as mesmas de forma positiva, evitando conflitos e problemas. 2.1.1.3 As habilidades sociais nas práticas pedagógicas inclusivas O desenvolvimento ou domínio das habilidades sociais facilita as relações interpessoais em qualquer ambiente, mas no espaço escolar é fundamental para 23 construir um ambiente acolhedor e agradável. Boa parte dos estudantes em idade escolar passam mais tempo diário na escola do que com seus familiares e responsáveis. Por isso, é importante que sejam estimuladas boas práticas nas relações interpessoais, para proporcionar um ambiente escolar de inclusão, com respeito e tolerância às diferenças. Por exemplo, o desenvolvimento da empatia favorece que respeitem a diferença em um colega, sem rotular ou fazer bullying, pois irão se colocar no lugar do outro (a proposta é criar atividades que façam refletir sobre não fazer para o outro o que não gostaria que fizessem para si). Já o desenvolvimento da habilidade de responder e dizer que não aceita, facilita com que os estudantes não repitam uma atitude grosseira só para se enturmar. Nas práticas pedagógicas inclusivas, é fundamental estimular as habilidades sociais para contribuir para boas relações interpessoais. Alguns estudantes já possuem certas habilidades sociais, mas é importante que se tenha como objetivo criar práticas pedagógicas que estimulem o desenvolvimento das habilidades sociais e as boas práticas de relacionamento interpessoal. Para aqueles estudantes que já desenvolveram algumas habilidades, essas atividades terão um papel de reforço, o que é muito válido e enriquecedor. Saiba Mais Para saber mais sobre as o ensino inclusivo, acesse os sites indicados, os quais trazem considerações específicas para os estudantes com deficiência. - Laramara (Associação brasileira de assistência à pessoa com deficiência visual). Link: http://laramara.org.br/ - Movimento Down Link: http://www.movimentodown.org.br/ http://laramara.org.br/ 24 O desenvolvimento das habilidades sociais é fundamental para as relações interpessoais, para criar um ambiente agradável de convivência, seja na escola, no trabalho ou em qualquer outro ambiente. Como na maioria dos casos é possível desenvolver as habilidades sociais, a escola acaba tendo um papel fundamental para auxiliar os indivíduos na construção de suas características comportamentais. Ví deo Assista ao documentário Meu Olhar Diferente Sobre as Coisas (2012), o qual foi elaborado por um grupo de pessoas com Síndrome de Down, abordando o olhar desses perante suas vidas, falando sobre a relação com a Síndrome de Down, amor, felicidade, cidadania, casamento, filhos, trabalho, sonhos realizados e os que ainda realizarão. Link do trailler: https://www.youtube.com/watch?v=I47f-De0Tlg Amplie Seus Estudos SUGESTÃO DE LEITURA Leia o livro Caminhos para a inclusão, organizado por José Pacheco. A obra reúne experiências bem-sucedidas, realizadas na Áustria, Islândia, Espanha e em Portugal, direcionadas à Educação Inclusiva em escolas obrigatórias desses países, objetivando ofertar aos professores, pais e serviços de apoio informações sobre práticas de educação escolar inclusiva. Conclusão da aula 2 Considerando tudo que foi apresentado, é possível concluir que seja qual for a necessidade educacional especial, quanto antes o indivíduo é atendido por 25 terapias e atividades inclusivas, melhores serão os resultados no desenvolvimento de habilidades nas mais diversas áreas. Resumo da aula 2 Nesta aula vimos brevemente a explicação e definição de várias habilidades sociais, relacionando-as com as relações interpessoais e as práticas pedagógicas inclusivas, visando criar um espaço acolhedor e estimulante, com o foco na construção de um ambiente inclusivo. Atividade de Aprendizagem 1 - Elabore um plano de aula (qualquer conteúdo), na qual se contemplem pedagogias inclusivas. Lembre-se de que é necessário ter em mente o desenvolvimento (ou reforço) de habilidades para boas relações interpessoais. Faça o plano de aula com toda a estrutura obrigatória, com a descrição dos objetivos, da metodologia, dos recursos e da avaliação. Pode direcionar para uma das necessidades educacionais que listou na Atividade de Aprendizagem da primeira aula. 2 - Considerando as informações apresentadas nesta aula, crie um vídeo de curta duração sobre os principais tópicos desta aula. Você pode utilizar recursos online e gratuitos, como o “Canva” (https://www.canva.com/). O site possui recursos intuitivos de criação e modelos para serem adaptados, para conhecer melhor o recurso de vídeo acesse o vídeo: https://www.youtube.com/watch?v=vjOtOJZh2O4. Por fim, compartilhe com colegas para troca de ideia sobre os resultados obtidos. 26 Aula 3 – Ética, professor e a Educação Inclusiva: fundamentos para uma educação na diversidade Apresentação da aula 3 Nesta aula trataremos de alguns aspectos relacionados com a ética praticada pelo professor e profissionais que atendem crianças, jovens e adultos com necessidades educacionais especiais. Para proporcionar uma educação inclusiva, é importante realçar os fundamentos para proporcionar uma educação de respeitoe tolerância à diversidade. 3.1 A ética, professor e a Educação Inclusiva: fundamentos para uma educação na diversidade Muitos professores ao terminar a graduação comentam que se sentem inseguros no atendimento educacional de pessoas com necessidades educacionais especiais. Como se a carga horária de formação durante a graduação fosse insuficiente. Contudo, essa sensação pode ser fruto da grande possibilidade de situações que podem ocorrer em sala de aula, pois o estágio não é sempre obrigatório, e nas outras atividades formativas podem não ter oportunidade de contato com alunos com necessidades educacionais/educativas especiais. Assim, muitos profissionais se formam só tendo a teoria sobre a prática inclusiva. Para acompanhar as demandas da sociedade, faz-se necessária a capacitação dos profissionais envolvidos, para facilitar a prática pedagógica e o processo de ensino e aprendizagem. Além da capacitação, é importante o diálogo entre todos os envolvidos: pais, professores, gestores e estudantes. Tudo isso para uma real consolidação de uma escola inclusiva, conforme definido legislativamente. Para a construção de um ambiente escolar acolhedor, com respeito às diferenças faz-se necessário um aprofundamento dos fundamentos para uma educação na diversidade. Isso engloba a postura do professor, a ética em sala de aula e as práticas pedagógicas inclusivas. A postura do professor trata não só das relações interpessoais, mas também da forma como realiza as 27 intervenções metodológicas nos momentos de conflitos e no estímulo do desenvolvimento das habilidades sociais. Pesquise Pesquise sobre ética profissional, em especial sobre ética do professor em sala de aula e com os colegas de trabalho. Analise as consequências da falta de ética. 3.1.1 Formação de professores para uma educação inclusiva A concepção de inclusão abrange adaptações por parte da sociedade para criar um ambiente social inclusivo e, principalmente nas escolas, que são os locais de formação educacional. As adaptações necessárias englobam a formação de professores, adaptações do ambiente escolar, dos materiais e das atividades. Para Refletir Reflita sobre a frase de Alessandro Buzinari: "Tudo que é novo é um desafio que representa medo, receio, afinal é o ‘DESCONHECIDO’”. E como podemos reduzir o desconhecido na prática profissional? A família é o primeiro meio social em que um indivíduo recebe informações e estímulos para o desenvolvimento de habilidades sociais. A escola reforça essas habilidades e ajuda a desenvolver outras competências. Obviamente, para a construção de uma escola inclusiva, tornam-se fundamentais as adaptações estruturais que garantam acessibilidade e a disponibilidade de materiais didáticos acessíveis, mas tudo isso só terá efeito se 28 for associado a uma prática pedagógica inclusiva, que resulte de uma formação de professores voltada para a inclusão de estudantes com deficiência, além da presença de uma estrutura familiar que incentive o desenvolvimento. Com a obrigatoriedade da inclusão de estudantes com deficiência, têm ocorrido muitas reflexões, principalmente, sobre como adaptar as atividades pedagógicas para estudantes com deficiência no ensino regular, atendendo também aos outros estudantes, aplicando uma rotina escolar, trabalhando o currículo e os conteúdos escolares. Esse é um dos aspectos que mais tem preocupado os professores (por esse motivo faz-se importante a discussão sobre o papel da formação de professores no processo de inclusão escolar). A formação de professores para uma educação inclusiva deve abranger o entendimento das origens das dificuldades que os estudantes com necessidades especiais possuem. Isso inclui o estudo das síndromes, das deficiências e de suas características, para compreender as limitações e as habilidades intrínsecas em cada caso. O professor, dominando as informações sobre as características e necessidades dos estudantes com deficiência, poderá planejar aulas com atividades que busquem fomentar o desenvolvimento cognitivo de todos os estudantes, incentivar o desenvolvimento das habilidades sociais e das relações interpessoais, com intervenções metodológicas e análise da prática docente. A análise da prática docente corresponde à busca pelo aperfeiçoamento das metodologias, da didática, da pesquisa sobre novas informações, contribuindo para a inclusão e para impulsionar os saberes necessários para que os estudantes possam transcender além de suas especificidades e compreendam as dificuldades dos outros, com respeito e tolerância. Além das alterações na prática docente, é importante ressaltar a ética do professor na escola. Não basta trabalhar com os estudantes o respeito às diversidades e não as respeitar. Não exponha os estudantes, seja os que possuem algum tipo de limitação ou os que possuem altas habilidades ou superdotação. Jamais use expressões que possam ridicularizar os estudantes e suas dificuldades. É necessário treinar o pensamento para análise de possíveis dificuldades que os estudantes possam enfrentar com as atividades, adiante-se e altere fazendo adaptações. Por exemplo, se houver uma gincana na escola na qual é 29 necessário correr e na turma há um estudante com deficiência física, que não consegue se deslocar rapidamente, proponha que, em vez de valorizar quem percorre rapidamente as estações da gincana, valorizar/pontuar os que concluíram com atenção e empatia. Ou ainda definir que todos deverão caminhar para que todos tenham as mesmas oportunidades de conclusão das atividades. Ou se houver um passeio, verifique anteriormente se o local de destino possui adaptações que permitem a acessibilidade. Como em casos de visita a museus com turmas com estudantes com deficiência visual, verifique se há audiodescrição. Lembre-se de que o processo de inclusão escolar é propiciar um ambiente coletivo de quebra de paradigmas sociais, que permita a equiparação de oportunidades para todos os estudantes, evitando atitudes assistencialistas. 3.2 Educação na diversidade Atualmente, todos estão expostos a uma grande diversidade de pessoas, seja pela globalização, pela inclusão no ensino regular e pelos avanços das pesquisas em identificar casos que necessitam de tratamento especial, não só a diversidade que se refere aos indivíduos com limitações sociais, cognitivas, motoras, temos também diversidades étnicas, religiosas, diferenças sociais, entre outras. A diversidade compõe a sociedade em que vivemos. Para desmistificar e compreender do que se trata cada caso, é relevante destacar a importância da tolerância e o respeito, para propiciar um ambiente que facilite as discussões construtivas. Ví deo No filme “Trols 2” é abordada a temática de diversidade em uma sociedade, no que diz respeito às diferenças. Em um trecho específico, há o destaque para a importância de reconhecermos nossas diferenças, pois “negar nossas diferenças, é negar quem somos realmente”. Link: https://www.youtube.com/watch?v=6zJr6jp_LlE 30 Além dos indivíduos que possuem necessidades educacionais especiais devido a algum tipo de limitação (social, cognitiva ou motora), temos aqueles casos descritos como altas habilidades ou superdotação, que no passado eram denominados apenas como superdotados. É relevante evitar o sentimento de superioridade, isso afasta o estudante de seus colegas e atrapalha as relações interpessoais. Alguns dos indivíduos que possuem altas habilidades ou superdotação não apresentam bom rendimento escolar por não terem interesse em assuntos para eles considerados muito fáceis, resultando na falta de registro na participação de atividades de avaliação. Alguns ainda apresentam comportamento desafiador. 3.3 Exemplos de atividades As práticas pedagógicas inclusivasfavorecem não só no processo de ensino-aprendizagem, mas também no desenvolvimento de habilidades sociais para boas relações interpessoais. É importante entender as necessidades de seus estudantes para adaptar as atividades e explorar suas habilidades e assim superar as dificuldades. Também é fundamental evitar conflitos internos (entre os estudantes); evite atividades que exponham a dificuldade e assim você evitará reações dos colegas que possam fomentar o bullying. Para a Educação Infantil e anos iniciais, há atividades de desenho impresso, desenho animado e revistas em quadrinhos que podem ser utilizadas em sala de aula para abordar o tema da inclusão. É possível utilizar as revistas em quadrinhos que abordem a temática para trabalhar assuntos referentes aos personagens que possuem deficiência ou pesquisar com os estudantes personagens em destaque da vida real, como artistas e atletas. Para atender estudantes com Transtorno do Espectro Autista (TEA), é aconselhado criar rotinas em grupo, pois a rotina transmite segurança e facilita a interação social e a comunicação. No atendimento de crianças e adolescentes com TEA, alguns dos métodos utilizados são o Análise do Comportamento 31 Aplicada (ABA) e o Tratamento em Educação para Autista e Crianças com Deficiências Relacionadas à Comunicação (TEACCH). Ví deo Para conhecer um pouco sobre os métodos ABA e TEACCH utilizados no atendimento de crianças com TEA, acesse o vídeo: https://www.youtube.com/watch?v=QqqR65IcHzM No ensino regular, proponha atividades que não estimulem o barulho excessivo nem o contato físico (ainda mais sem aviso prévio). Alguns casos, quando surpreendidos por contato físico, barulho alto ou atividades fora da rotina predefinida, apresentam atitudes agressivas ou se isolam, apresentando um comportamento físico de recolhimento (alguns se escondem ou ficam encolhidos se balançando ou ainda podem ficar repetindo uma mesma palavra/frase). Por esse motivo, faz-se necessário o entendimento de que se deve evitar a gritaria e o contato físico (sem aviso prévio) em turmas com estudantes com TEA, evitando assim que os mesmos apresentem um colapso emocional (o que também gera sofrimento). Saiba Mais Sejam por ruídos, luzes ou cheiros, autistas podem se sentir sobrecarregados e, consequentemente, entrarem em uma espécie de colapso emocional e psicológico. Ambientes barulhentos, dias movimentados ou quebra de rotina podem gerar respostas de "desligamento" ou "explosão" em pessoas diagnosticadas com TEA. Para saber mais sobre o tema, leia o artigo “Shutdown e meltdown: entenda as crises causadas por sobrecarga no autismo” disponível em: https://www.correiobraziliense.com.br/ciencia-e- saude/2023/09/5121983-shutdown-e-meltdown-entenda-as- crises-causadas-por-sobrecarga-no-autismo.html 32 Para atender estudantes com Síndrome de Williams, deve-se contemplar atividades sociais, musicais que não exijam coordenação motora. Lembre-se de que esses estudantes possuem ótima sensibilidade, memória auditiva e não possuem dificuldade de socialização. Então, explore atividades com música. Além de adaptar as atividades acadêmicas, é possível propor atividades para reflexão das limitações. Por exemplo, se existir algum estudante com deficiência visual na escola, proponha que os estudantes sejam vendados (pode usar tiras de tecido tipo TNT) e que realizem algumas tarefas, como abrir o caderno, vestir um casaco, deslocar-se pela sala ou tentar identificar um objeto pelo tato. Também é possível fornecer material em Braille para que os estudantes tentem identificar os padrões. Depois, sem a venda, você pode mostrar o que cada combinação representa. Podemos citar outras possibilidades de atividades que podem ajudar seus estudantes a desmistificar as necessidades educacionais especiais e respeitar as limitações do outro, tais como: ➢ Desenhar e escrever com os pés, com o lápis embaixo do braço, com a mão contrária a que eles têm habilidade; ➢ Pular corda com um pé só; ➢ Ver um filme sem o som e depois descrever o que entendeu; ➢ Ler um texto escrito de trás para frente; ➢ Comunicar-se por meio de gestos, mímicas, etc. O uso de histórias, sejam bibliográficas ou de construção coletiva, também contribui para o processo da inclusão. Pode-se reproduzir uma história através de painéis táteis com materiais texturizados. Ví deo Há filmes curta-metragem que abordam a temática da inclusão, o “Cuerdas” que aborda um pouco do cotidiano de uma criança com paralisia cerebral e “Fitas” que aborda a temática de criança com Transtorno do Espectro Autista. 33 - Cordas Link: https://www.youtube.com/watch?v=4INwx_tmTKw&t=4s - Fitas Link: https://www.youtube.com/watch?v=i5IPiYpANVs Em alguns casos de paralisia cerebral, forneça canetas e lápis mais grossos (pode envolve o lápis com espuma/E.V.A de forma a aumentar a espessura para que o estudante tenha mais facilidade em segurar). Use folhas avulsas e escreva com letras grandes e deixe o estudante mais perto do quadro. Em alguns casos é necessário o uso de uma placa de comunicação. Caso não tenha disponível, você pode criar com E.V.A, feltro ou papelão. Uma outra atividade é construir essa placa com a turma e até propor que eles se comuniquem usando a placa de comunicação. Nos casos de deficiências múltiplas, é importante estimular os sentidos que não foram totalmente afetados, seja pela manipulação de objetos ou por atividades de trabalho em grupo. Para atender os estudantes com deficiência auditiva, faz-se necessário o uso de recursos que facilitem a comunicação, como Libras. É possível que o professor trabalhe os movimentos orofaciais, que podem ser aprendidos com o auxílio de uma fonoaudióloga. Vocabula rio Orofacial: capacidade motora orofacial abrange a expressão facial, movimentando a musculatura do rosto. https://www.youtube.com/watch?v=4INwx_tmTKw&t=4s 34 No atendimento dos estudantes com deficiência intelectual, construa um portfólio e guarde as atividades produzidas ao longo do período escolar. Isso facilita na análise da evolução, auxilia inclusive no desenvolvimento das atividades em períodos futuros. Também facilita a visualização da evolução por parte da família e do próprio estudante, que irá auxiliar na construção de continuidade. Quando a atividade escolar exigir um grau muito elevado de desenvolvimento cognitivo, procure fornecer opções de elementos que chamem a atenção, por exemplo, usando cores diferentes, figuras e outros materiais que se destaquem e que permitam uma opção de atividade com grau menor de desenvolvimento cognitivo, como se os estudantes fossem criar um cartaz com os dados de uma equação, incluindo gráfico e resolução. Estimule a participação na criação do cartaz, seja passando a limpo a resolução ou pintando o gráfico (tudo depende do grau de comprometimento do estudante). O objetivo da prática docente voltada para a inclusão é educar os estudantes em uma perspectiva de cidadania, prepará-los para viver e colaborar para a construção de uma sociedade mais justa e mais solidária. Saiba Mais Para saber mais a respeito da inclusão acesse os sites do Instituto Mara Gabrilli, da Fundação Dorina Nowill e da Escola de Gente, os quais trazem importantes questões relacionadas à temática inclusiva. - Instituto Mara Gabrilli, Link: http://img.org.br/ - Fundação Dorina Nowill, Link: https://www.fundacaodorina.org.br/ - Escola de Gente, Link: http://www.escoladegente.org.br/ http://img.org.br/ https://www.fundacaodorina.org.br/ 35 Amplie Seus Estudos SUGESTÃO DE LEITURA Leia o livro “Inclusão Escolar: Conjunto de práticas que governam”, de Maura Corcini Lopes e Morgana Domênica Hattge. A obra discute a inclusão escolar analisando práticas que se estabelecemna escola e no seu entorno, buscando olhar para essas questões que se articulam e constroem o cenário educacional inclusivo que vivenciamos no momento. Conclusão da aula 3 Faz-se necessária a compreensão da importância da formação de profissionais, a qual deverá contemplar informações a respeito da inclusão, exemplos de atividades e entendimento das necessidades, sendo fator fundamental na construção de uma escola inclusiva (bem como de outros ambientes de atendimento de crianças e adolescentes). A formação deve contemplar o entendimento das diversidades e o desenvolvimento escolar respeitoso, cordial e tolerante. Além disso, ao longo desta disciplina foram apresentadas atividades com a inspiração histórico crítica, sendo a instrumentalização composta por todo o conteúdo apresentado nas aulas, incluindo vídeos, momentos de reflexão e saiba mais. A catarse ocorre na atividade de aprendizagem e a prática social ocorre nas atividades autoinstrutivas. Resumo da aula 3 Nesta aula foram abordadas as questões que permeiam a formação de professores para a construção de uma escola inclusiva em uma sociedade com grande diversidade, com exemplos de atividades que podem ser realizadas na educação básica, fomentando reflexões sobre inclusão escolar e necessidades 36 educacionais especiais, considerando a ética docente e o trabalho educacional em meio à diversidade de nossa sociedade. Enfatizou-se também o papel de reforço da escola no estímulo do desenvolvimento das habilidades sociais, pois a família é o primeiro meio social. Atividade de Aprendizagem 1 - Considerando o que foi apresentado até este momento, escolha uma das deficiências, síndromes ou limitações que foram citadas até agora. A partir dessa escolha, planeje uma aula com atividades que fomentem nos outros colegas o entendimento das dificuldades, empatia e o respeito as diferenças em uma turma do ensino fundamental regular. Seu texto deve ter entre 10 e 15 linhas. 2 - Considerando as informações apresentadas nesta aula, crie uma planilha sobre sites, plataformas, canais do YouTube que compartilham informações pertinentes para a contínua atualização profissional no atendimento de crianças e adolescentes com necessidades educacionais especiais. Você pode utilizar Excel ou Planilhas Google (ou outro recurso que você tenha acesso). Organize por temas, deixando uma coluna para endereço eletrônico da informação e outra coluna para observações (onde você pode anotar suas percepções sobre o recurso). Por fim, compartilhe com colegas para troca de ideia sobre os resultados obtidos. 37 Aula 4 – A Anamnese e sua contribuição na identificação das NEE: fundamentos e conduta profissional Apresentação da aula 4 Nesta aula será abordada a Anamnese e sua contribuição na identificação das necessidades educacionais especiais, incluindo os fundamentos e a conduta profissional, destacando as características de uma Anamnese. 4.1 A Anamnese e sua contribuição na identificação das NEE: fundamentos e conduta profissional Com a criação do Estatuto da Pessoa com Deficiência em 2015, ampliou- se a necessidade de formalização da identificação dos estudantes com deficiência. Ao contrário das deficiências físicas, nas quais é clara a identificação da dificuldade motora, outros casos, como os que são resultantes de algumas síndromes, necessitam de uma avaliação. Para Refletir O que você viu ao longo da sua formação sobre diagnóstico de necessidades educacionais especiais? Por exemplo, muitos casos de deficiência visual, altas habilidades, ou superdotação, ou ainda deficiência auditiva leve são identificados na escola após os estudantes apresentarem alguma dificuldade de aprendizagem ou déficit no desenvolvimento. No setor público, o professor identifica uma dificuldade, avalia junto à equipe pedagógica que, caso haja a suspeita, encaminha o estudante para uma avaliação em um Centro Especializado. Neste centro (o nome varia conforme a localidade), o estudante é avaliado por psicopedagogos(as) e psicólogos(as). Em alguns casos, é necessária a participação de outros especialistas, como: neurologistas, oftalmologistas, otorrinolaringologistas, fisioterapeutas, fonoaudiólogos, entre outros. 38 LEI Nº 13.146, DE 06 DE JULHO DE 2015 Dispõe sobre a Lei Brasileira de Inclusão da Pessoa com Deficiência (Estatuto da Pessoa com Deficiência). Dispõe sobre O PRESIDENTE DA REPÚBLICA: Faço saber que o Congresso Nacional decreta e eu sanciono a seguinte Lei: [...] CAPÍTULO IV DO DIREITO À EDUCAÇÃO Art. 27. A educação constitui direito da pessoa com deficiência, assegurados sistema educacional inclusivo em todos os níveis e aprendizado ao longo de toda a vida, de forma a alcançar o máximo desenvolvimento possível de seus talentos e habilidades físicas, sensoriais, intelectuais e sociais, segundo suas características, interesses e necessidades de aprendizagem. Parágrafo único. É dever do Estado, da família, da comunidade escolar e da sociedade assegurar educação de qualidade à pessoa com deficiência, colocando-a a salvo de toda forma de violência, negligência e discriminação. Art. 28. Incumbe ao poder público assegurar, criar, desenvolver, implementar, incentivar, acompanhar e avaliar: I - sistema educacional inclusivo em todos os níveis e modalidades, bem como o aprendizado ao longo de toda a vida; II - aprimoramento dos sistemas educacionais, visando a garantir condições de acesso, permanência, participação e aprendizagem, por meio da oferta de serviços e de recursos de acessibilidade que eliminem as barreiras e promovam a inclusão plena; III - projeto pedagógico que institucionalize o atendimento educacional especializado, assim como os demais serviços e adaptações razoáveis, para atender às características dos estudantes com deficiência e garantir o seu pleno acesso ao currículo em condições de igualdade, promovendo a conquista e o exercício de sua autonomia; IV - oferta de educação bilíngue, em Libras como primeira língua e na modalidade escrita da língua portuguesa como segunda língua, em escolas e classes bilíngues e em escolas inclusivas; V - adoção de medidas individualizadas e coletivas em ambientes que maximizem o desenvolvimento acadêmico e social dos estudantes com deficiência, favorecendo o acesso, a permanência, a participação e a aprendizagem em instituições de ensino; 39 VI - pesquisas voltadas para o desenvolvimento de novos métodos e técnicas pedagógicas, de materiais didáticos, de equipamentos e de recursos de tecnologia assistiva; VII - planejamento de estudo de caso, de elaboração de plano de atendimento educacional especializado, de organização de recursos e serviços de acessibilidade e de disponibilização e usabilidade pedagógica de recursos de tecnologia assistiva; VIII - participação dos estudantes com deficiência e de suas famílias nas diversas instâncias de atuação da comunidade escolar; IX - adoção de medidas de apoio que favoreçam o desenvolvimento dos aspectos linguísticos, culturais, vocacionais e profissionais, levando-se em conta o talento, a criatividade, as habilidades e os interesses do estudante com deficiência; X - adoção de práticas pedagógicas inclusivas pelos programas de formação inicial e continuada de professores e oferta de formação continuada para o atendimento educacional especializado; XI - formação e disponibilização de professores para o atendimento educacional especializado, de tradutores e intérpretes da Libras, de guias intérpretes e de profissionais de apoio; XII - oferta de ensino da Libras, do Sistema Braille e de uso de recursos de tecnologia assistiva, de forma a ampliar habilidades funcionais dos estudantes, promovendo sua autonomia e participação; XIII - acessoà educação superior e à educação profissional e tecnológica em igualdade de oportunidades e condições com as demais pessoas; XIV - inclusão em conteúdos curriculares, em cursos de nível superior e de educação profissional técnica e tecnológica, de temas relacionados à pessoa com deficiência nos respectivos campos de conhecimento; XV - acesso da pessoa com deficiência, em igualdade de condições, a jogos e a atividades recreativas, esportivas e de lazer, no sistema escolar; XVI - acessibilidade para todos os estudantes, trabalhadores da educação e demais integrantes da comunidade escolar às edificações, aos ambientes e às atividades concernentes a todas as modalidades, etapas e níveis de ensino; XVII - oferta de profissionais de apoio escolar; XVIII - articulação intersetorial na implementação de políticas públicas. [...] Disponível na integra em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2015- 2018/2015/lei/l13146.htm 40 A Anamnese é uma ferramenta para início do diagnóstico de uma Necessidade Educacional Especial, pois, em alguns casos, é necessária a realização de exames. Pesquise Pesquise exemplos de anamnese para aplicação no ambiente escolar, com o objetivo inicial de avaliação psicopedagógica. Na escola há profissionais com experiência na percepção de alguma dificuldade de aprendizado que estejam à margem da normalidade. Por isso, muitas vezes são os professores, juntamente com a equipe pedagógica, que indicam a necessidade de uma avaliação com especialistas. Professores e pedagogos, pela experiência profissional e o conhecimento na área do desenvolvimento, acabam desenvolvendo essa percepção mais sensível, que auxilia no encaminhamento dos estudantes para avaliação. Pesquise Pesquise quais são os procedimentos para identificação de estudantes com Transtorno do Espectro Autista. Qual a idade em que se pode concluir um diagnóstico e quais profissionais participam do diagnóstico? 4.1.1 Anamnese Anamnese de crianças e adolescentes é uma análise inicial de características do indivíduo que é realizada através de entrevista com o responsável, e pode ser aplicada com todos os estudantes, mesmo o que possui desenvolvimento considerado típico. Pode ser realizada em diversos contextos, 41 como no meio escolar, em uma primeira consulta médica de rotina ou no início de atividades extra curriculares. No contexto escolar, é uma avaliação psicopedagógica inicial, na qual são abordados assuntos sobre o histórico de saúde familiar, composição familiar, histórico de saúde do estudante, entre outras informações que possam ser pertinentes para compreender as necessidades e características de cada estudante. Há vários modelos de Anamnese, inclusive pode-se consultar na Internet alguns modelos prontos. Mas todos possuem alguns pontos em comum, os quais listarei a seguir. Inicialmente, as fichas de Anamnese contêm questionamentos sobre dados pessoais: nome do estudante, nome dos pais, dados de contato dos responsáveis, data de nascimento do estudante e dos pais. Em seguida iniciam- se os questionamentos básicos sobre o histórico de saúde do estudante: como foi o nascimento (parto normal, natural, cesárea, uso de fórceps), qual o tempo de gestação (se nasceu antes das 36 semanas é considerado prematuro e, gestação a termo, refere-se ao nascimento no tempo previsto de 40 semanas), qual foram as notas Apgar, qual era o peso/perímetro encefálico/altura no nascimento, se tomou todas as vacinas, se possui alergia, se teve alguma doença ou se sofreu algum acidente. Vocabula rio Apgar: é uma nota dada ao recém-nascido. Esse teste foi criado em 1952 pela anestesista norte-americana Virginia Apgar, com o objetivo de avaliar a vitalidade do recém- nascido. É realizado no primeiro e no quinto minuto de vida da criança. O teste baseia-se em cinco critérios de avaliação: frequência cardíaca, respiração, tônus muscular, prontidão reflexa e cor da pele, que, individualmente, podem receber notas de 0 a 2, somando um total de 10 pontos. Faz-se importante atentar-se a questões como com “qual idade começou a falar, engatinhar e andar?”, as quais se referem aos dados de desenvolvimento ou a questões como “qual foi a nota Apgar?”, as quais se referem aos dados do histórico de saúde. 42 Em uma avaliação psicopedagógica, são analisadas as características comportamentais e realizada uma avaliação das capacidades educacionais. Nesse contexto, são avaliadas a leitura, a escrita, a interpretação e a resolução de problemas na área da capacidade educacional. Faz-se necessário também o espaço para a análise do histórico de saúde familiar geralmente se inicia com a pergunta se os pais possuem algum problema de saúde, se alguém na família teve alguma doença, se há histórico de doenças mentais na família, se algum familiar foi usuário de entorpecentes, entre outras. Também são realizadas perguntas específicas sobre a saúde da mãe, se já teve abortos ou se apresentou algum problema na gestação. Nos casos de filho adotivo, são necessárias as informações sobre o histórico de saúde da família biológica (quando possível). Em seguida, são questionados os dados sobre o desenvolvimento do estudante: com qual idade começou a falar, engatinhar e andar. Se teve dificuldade em falar, como gagueira. Também são questionados dados do histórico escolar, quando começou a frequentar a escola, por quais escolas passou, se houve alguma reprovação ou dificuldade. Há espaço para os dados sociofamiliares (a posição na ficha varia, pode ser no meio ou no final). Os questionamentos se referem a com quem o estudante mora, quantos moram na mesma residência, se ele possui um quarto individual, qual é o tempo que moram nesse endereço, pode se questionar se os pais são oficialmente casados (ou união estável) e se já houve separações. Há algumas fichas nas quais o responsável que participa da anamnese pode descrever sua opinião sobre o estudante, o que espera da escola, o que deseja para o futuro e quais suas percepções sobre o estudante (características comportamentais, como se percebe o estudante mais sensível ou mais agressivo). A anamnese é um instrumento de avaliação psicopedagógica utilizado em escolas públicas e privadas do ensino básico. 4.2 Contribuições na Identificação das NEE As avaliações psicopedagógicas como a Anamnese são essenciais para iniciar a identificação de estudantes com necessidades educacionais especiais. A partir dessas avaliações, serão fundamentadas as intervenções que serão 43 realizadas para fornecer recursos aos estudantes e contribuir para o desenvolvimento escolar, social, cognitivo e motor. As avaliações abrangem a identificação dos fatores que geram dificuldades nos estudantes, avaliação das capacidades educacionais (leitura, escrita, interpretação e resolução de problemas) e identificação das características comportamentais. É possível aplicar atividades lógico-matemáticas, desenhos, jogos e outros recursos durante a avaliação. Para identificar algumas Necessidades Educacionais Especiais é necessário complementar com a realização de exames médicos e consultas com especialistas. O importante é que após a identificação seja possível direcionar as ações pedagógicas para uma prática docente inclusiva, atendendo as necessidades dos estudantes e facilitando o processo de ensino-aprendizagem. Para que realmente seja construída uma escola inclusiva com práticas pedagógicas coerentes, é essencial que seja realizada a identificação das necessidades especiais. No passado, muitos indivíduos apresentaram dificuldades de aprendizagem, porque não havia a identificação adequada das necessidades educacionais especiais e assim não ocorreram as intervenções necessárias para criar um ambiente escolar adaptado, acolhedor e estimulante,o que dificultou no desenvolvimento de habilidades cognitivas e sociais. Para que esse tipo de coisa não se repita, precisamos compreender os fatores que limitam e/ou potencializam o desenvolvimento educacional, social, cognitivo e motor. Ví deo Para saber um pouco sobre Anamnese neuropsicológica, assista o vídeo “Entrevista de Anamnese”, disponível no link: https://www.youtube.com/watch?v=I9576v-VlWQ 44 Amplie Seus Estudos SUGESTÃO DE LEITURA Leia o “Manual Prático do Diagnóstico Psicopedagógico Clínico”, de autoria de Simaia Sampaio. A obra traz de maneira prática e objetiva os passos e a aplicação das técnicas usadas no diagnóstico psicopedagógico clínico baseado na Epistemologia Convergente, Outros Testes, Anamnese, Devolução e Informe Psicopedagógico. Conclusão da aula 4 Considerando tudo que foi apresentado nesta aula, é possível concluir que a anamnese é o ponto-chave para a elaboração de práticas educacionais inclusivas e análise das necessidades de encaminhamento dos estudantes para atividades extras, como terapias. Tudo isso contribui para auxiliar no desenvolvimento dos estudantes, reduzindo sofrimento tanto do estudante quanto dos familiares, pois tendo um diagnóstico, fica mais fácil direcionar as ações de atendimento da criança e do adolescente, tanto no ambiente escolar como em outros ambientes da sociedade. Resumo da aula 4 Nesta última aula vimos as características da Anamnese, quais são os assuntos analisados e como a anamnese pode contribuir na identificação das necessidades educacionais especiais. Evidenciou-se também que a anamnese trata-se de perguntas que abordam o histórico de saúde familiar, composição familiar, histórico de saúde do estudante, entre outras informações pessoais. 45 Atividade de Aprendizagem 1 - Escreva um texto entre 10 e 15 linhas sobre Anamnese. Citando exemplos de questões que devem estar presentes. 2 - Considerando as informações apresentadas nesta aula, crie um infográfico que represente os principais tópicos. Você pode utilizar recursos online e gratuitos, como o “Canva” (https://www.canva.com/). O site possui recursos intuitivos de criação e modelos para serem adaptados, para conhecer melhor o recurso acesse o vídeo: https://www.youtube.com/watch?v=zB4PwLWcfok. Por fim, compartilhe com colegas para troca de ideia sobre os resultados obtidos. https://www.youtube.com/watch?v=zB4PwLWcfok 46 Resumo da disciplina Nesta disciplina apresentaram-se vários aspectos referentes à inclusão social e educacional de pessoas com Necessidades Educacionais Especiais, como a formação de profissionais para a construção de uma escola inclusiva em uma sociedade com grande diversidade. Também foi apresentada a explicação e definição de várias habilidades sociais, relacionando essas habilidades com as relações interpessoais, as práticas pedagógicas inclusivas e o papel da Anamnese na identificação de necessidades educacionais especiais. Também foram tratados os assuntos sobre a importância de adaptações de materiais, metodologias e didáticas utilizadas em sala de aula, com a finalidade de atender todos os estudantes de forma igualitária. Evidenciou-se a importância de conhecer as características de cada NEE para se adiantar e alterar uma atividade já planejada, evitando assim o constrangimento do estudante. Na prática pedagógica inclusiva, deve-se evitar o assistencialismo, buscando auxiliar os estudantes no desenvolvimento da autonomia. Nas atividades inclusivas, é importante o propósito de desenvolver a empatia e a tolerância com as diferenças, propondo atividades nas quais os estudantes experimentem se colocar no lugar do colega com NEE, vivenciando diferentes situações. As reflexões a respeito da educação na diversidade, referem-se à diversidade cognitiva, motora, étnica, religiosa e social. 47 Índice Remissivo A Anamnese e sua contribuição na identificação das NEE: fundamentos e conduta profissional ................................................................................ (Anamnese; NEE; identificação) 37 A Anamnese e sua contribuição na identificação das NEE: fundamentos e conduta profissional ................................................................................ (Centro Especializado; Anamnese; psicopedagogos) 37 A ética, professor e a Educação Inclusiva: fundamentos para uma educação na diversidade ........................................................................... (Formação de professores; ambiente escolar; relações interpessoais) 26 Anamnese ................................................................................................. (Saúde; Apgar; sociofamiliares) 40 As habilidades sociais nas práticas pedagógicas inclusivas ...................... (Tolerância; desenvolvimento; habilidades sociais) 22 As habilidades sociais nas relações interpessoais ..................................... (Ambiente escolar; prática pedagógica; tolerância) 22 As habilidades sociais nas relações interpessoais e nas práticas pedagógicas inclusivas .............................................................................. (Habilidades sociais; desenvolvimento humano; relações interpessoais) 19 As Necessidades Educacionais Especiais (NEE) e as contribuições das teorias do desenvolvimento humano .......................................................... (NEE; desenvolvimento humano; contribuições) 8 As Necessidades Educacionais Especiais (NEE) e as contribuições das teorias do desenvolvimento humano .......................................................... (NEE; Estatuto da Inclusão; escolar) 8 As NEE e as contribuições das teorias do desenvolvimento humano ......... (Pedagogia; necessidades educacionais; deficiências) 9 Contribuições das teorias do desenvolvimento humano às NEE ................ (Necessidades especiais; desenvolvimento; terapeuta ocupacional) 15 Contribuições na Identificação das NEE .................................................... (Anamnese; práticas pedagógicas; desenvolvimento educacional) 42 Educação na diversidade ........................................................................... (Globalização; ensino regular; superdotação) 29 Ética, professor e a Educação Inclusiva: fundamentos para uma educação na diversidade ........................................................................... 26 48 (Educação na diversidade; exemplos; fundamentos) Exemplos de atividades ............................................................................. (Práticas pedagógicas; educação infantil; TEA) 30 Formação de professores para uma educação inclusiva ........................... (Família; deficiência; habilidades sociais) 27 Habilidades sociais .................................................................................... (TGD; habilidades; comunicação) 19 Habilidades sociais nas relações interpessoais e nas práticas pedagógicas inclusivas .............................................................................. (Pedagogia inclusiva; habilidades sociais; relações interpessoais) 18 Habilidades sociais nas relações interpessoais e nas práticas pedagógicas inclusivas .............................................................................. (Desenvolvimento humano; inclusão social; independência) 18 NEE ........................................................................................................... (Desenvolvimento social; espectro autista; síndromes) 9 Teorias de desenvolvimento humano ........................................................ (Ciclo vital; normativas; organísmica) 13 49