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Epidemiologia das Doenças Periodontais

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CENTRO DE ENSINO SUPERIOR DE ILHÉUS  
           
Camila L. S. Turella
EPIDEMIOLOGIA DAS DOENÇAS PERIODONTAIS
	
Ilhéus - BA
2024
Camila L. S. Turella
EPIDEMIOLOGIA DAS DOENÇAS PERIODONTAIS
Trabalho apresentado no curso de graduação Odontológica do Centro de Ensino Superior de Ilhéus.
Orientador: Ledson Nogueira
Ilhéus - BA
2024
SUMÁRIO
1.	INTRODUÇÃO	4
2. INVESTIGAÇÃO EPIDEMIOLÓGICA........................................................................ 5
2.1 PREVALÊNCIA E INCIDÊNCIA ........................................................ 6
3. FATORES DE RISCO PARA A PERIODONITE............................................ 7
4. FATORES AMBIENTAIS, ADQUIRIDOS E COMPORTAMENTAIS............. 8 
5.SISTEMA DE ÍNDICES.......................................................................9
6.	CONCLUSÃO	12
REFERENCIAS BIBLIOGRÁFICAS	13
1. INTRODUÇÃO
Lilienfeld, em 1978, definiu a epidemiologia com sendo “o estudo da distribuição da doença ou de uma condição fisiológica nas populações humanas e dos fatores que influenciam essa distribuição.” 
Frost (1941) enfatiza que “a Epidemiologia é essencialmente uma ciência indutiva, preocupada não apenas em descrever a distribuição da doença, mas igualmente, ou até mais, em encaixa-la numa filosofia mais abrangente”.
A análise da distribuição da doença periodontal e os fatores de risco na população oferecem a oportunidade de conhecer muitas de suas características, possibilitando, assim, (i) confirmar a relação entre possíveis fatores de risco e a doença periodontal, (ii) descobrir novos fatores de risco, (iii) identificar diferenças de aparecimento e progressão da doença em diferentes populações e (iv) fornecer informações para implementação de estratégias de prevenção e tratamento da doença periodontal (ALBANDAR & RAMS, 2002). 
A epidemiologia da doença periodontal dá a oportunidade de conhecer e entender o impacto que esta enfermidade impõe na população.
2. INVESTIGAÇÃO EPIDEMIOLÓGICA
A pesquisa epidemiológica em periodontia deve ter o propósito de atender ao compromisso de fornecer dados sobre a prevalência das doenças periodontais em diferentes populações, ou seja, a periodicidade com que ocorrem, bem como a gravidade de tais condições, o grau de ocorrência das alterações patológicas; esclarecer aspectos relativos à etiologia e aos fatores determinantes de desenvolvimento dessas doenças (fatores de risco e causais); e proporcionar a documentação referente à efetividade das medidas preventivas e terapêuticas direcionadas a tais doenças em nível populacional.
Assim, a informação obtida através de uma investigação epidemiológica deve ir além de uma simples descrição da distribuição da doença em diferentes populações. Portanto, uma investigação epidemiológica precisa ser feita em quatro etapas, quais sejam: 
1) A Epidemiologia descritiva examina a incidência (casos novos) e prevalência (casos existentes) de uma doença, de acordo com características, como sexo, idade, escolaridade e renda. 
2) A Epidemiologia etiológica compara dados epidemiológicos com informações de outras disciplinas, como genética, microbiologia e sociologia.
3) A Epidemiologia analítica tem o objetivo de analisar e investigar hipóteses com os dados recolhidos, com a finalidade de explicar o fenômeno, como por exemplo os fatores que contribuem para uma causa. 
4) Epidemiologia experimental/de intervenção realiza experimentos controlados, para proporcionar um desenvolvimento de prevenção e práticas de saúde públicas.
	A epidemiologia em periodontia deve fornecer dados sobre a prevalência das doenças periodontais em diferentes populações, como a frequência em que elas ocorrem, a severidade das condições e deve fornecer a documentação referente à efetividade das medidas preventivas e terapêuticas direcionadas a essas doenças em nível populacional.
2.1 PREVALÊNCIA E INCIDÊNCIA 
Prevalência é a mensuração da presença de determinada doença em uma população. Enquanto Incidência é a mensuração dos casos de determinada doença em certo período de tempo. A prevalência é utilizada para o planejamento de ações e serviços de saúde, previsão de recursos humanos, diagnósticos e terapêuticos. Já a incidência é mais utilizada em investigações etiológicas para elucidar relações de causa e efeito, avaliar o impacto de uma política, ação ou serviço de saúde, além de estudos de prognóstico. 
	A prevalência é alimentada pela incidência: Quanto maior e mais rápida a cura, ou quanto maior e mais rápida a mortalidade, mais se diminui a prevalência, ou seja, mais se diminuem os degraus para o bonequinho representado na imagem, descer ou subir. A prevalência, que é uma medida estática, resulta da dinâmica entre adoecimentos, curas e óbitos.
3. FATORES DE RISCO PARA A PERIODONITE
A) IDADE – Evidências iniciais demonstram que a prevalência e a gravidade da periodonite aumentam com a idade, sugerindo que essa possa ser um parcadora para perda de tecido periodontal de suporte. Porém, o conceito de periodonite, como uma consequencia inevitável da idade tem sido questionado ao longo dos anos.
B) SEXO – Não existe diferença estabelecida entre homem e mulher na sua suscetibilidade à periodonite, embora homens tenham demonstrado pior saúde periodontal que as mulheres em vários estudos de diferentes populações (Okamoto, et al, 1988, Albandar, 2002a, Susin et al, 2004a). Essa diferença tem sido considerada como umreflexo de melhores práticas de higiene bucal e/ou aumento na utilização dos serviços odontológicos entre as mulheres.
C) RAÇA/ETNIA – Diferenças na prevalência da periodonite entre países e continentes tem sido demonstradas, mas não foi documentado um padrão nos grupos raciais/étnicos quando são levados em conta covariáveis como idade e higiene bucal
4. FATORES AMBIENTAIS, ADQUIRIDOS E COMPORTAMENTAIS
A) MICROBIATA ESPECÍFICA – A etiologia microbiana da gengivite e da periodonite está estabelecida há várias décadas. Além disso, os dados gerados nos últimos anos aumentaram o conhecimento sobre o papel de bactérias específicas como fatores de risco para a periodonite, mastambém tornaram claro o significado da carga bacteriana mais do que da mera colonização positiva em conferir risco para a progressão da doença. Além disso, uma quantidade significativa de dados da literatura tem demonstrado que uma abordagem antimicrobiana, incluindo a remoção de placa subgengival seguida por cuidados de manutenção adequados, é a única estratégia consistente e com mais sucesso para o tratamento de periodonite)
B) TABAGISMO – Pode afetar a vascularização, as respostas imunológicas humoral e celular, os processos de sinalização e homeostase dos tecidos. A cessação do tabagismo tem sido demonstrada como benéfica aos tecidos periodontais.
C) DIABETES MELLITUS – Vários estudos sugerem uma relação bidirecional entre diabetes e periodonite, com destruição periodontal mais grave em pessoas com diabetes, mas também um pior controle metabólico em indivíduos com periodonite. Indivíduos com diabetes têm maior prevalência, extenção e gravidade da doença periodontal.
5.SISTEMA DE ÍNDICES
		A presença de inflamação na gengiva marginal é usualmente registrada através de sondagem periodontal, de acordo com os princípios do Índice Gengival, descrito por Loe (1967)
Índice Gengival (Loe, 1967)
a) Ausência total de sinais visuais de inflamação na unidade gengival recebem marcação 0 (zero)
b) Alteração na cor e na textura, recebem valor 1
c) Inflamação visível e tendência ao sangramento da margem gengival a sondagem, valor 2
d) Inflamação com tendência ao sangramento espontâneo, como 3
Índice paralelo para o registro de placas. Índice de Placas (Silness, Loe, 1964)
a) Ausência de depósitos de placas recebem grau 0 (zero)
b) Placa visível após remoção com sonda periodontal, sendo realizada pela margem gengival, recebem grau 1
c) Placa clinicamente visível, como 2
d) Placa abundante recebe grau 3
Variantes simplificadas foram propostas por Ainamo &Bay (1975), avaliam a presença/ausência de inflamação ou placa respectivamente em um padrão binomial (contagem dicotômica)
a) Sangramento da margem gengival e placa visível recebem marcação 1
b) Ausência de sangramento e nenhuma placa visível recebem marcação 0
		O sangramento após a sondagem da base sondável da bolsa (Índice de Sangramento Sulcular Gengival) é um meio usual de avaliar a presença de inflamação sub-gengival (Muhlemann & Son, 1971). Nesse registro dicotômico, a marcação é considerada 1 quando o sangramento surge até 15 segundos após a sondagem. A presença/ausência de sangramento até a base da bolsa tende a substituir gradativamente o Índice Gengival nos estudos epidemiológicos:
Avaliação da Perda do tecido periodontal de sustentação
Índice Periodontal (PI) (Russel, 1950) - Até os anos 1980, o mais amplamente empregado nos estudos epidemiológicos de doença periodontal. Seus critérios são aplicados para cada dente isoladamente:
a) Dente com periodonto saudável, recebe escore 0;
b) Dente com gengivite somente em parte de sua circunferência, escore 1;
c) Gengivite em toda a circunferência do dente, escore 2
d) Formação de bolsa, escore 6
e) Perda da função devido a mobilidade excessiva do dente, escore 8.
			É um sistema de registro reversível, ou seja, um dente ou um indivíduo podem, após o tratamento, apresentargrau mais baixo ou até mesmo reduzido para 0.
Índice de Doença Periodontal (Ramfjord, 1959)
Índice de Extensão e Severidade (ESI) (Carlos e Colaboradores, 1986)
		Avaliação Radiográfica da perda de osso alveolar – A avaliação radiográfica é particularmente comum como método de detecção de pacientes portadores de periodontite juvenil assim como monitoramento da progressão da doença periodontal em estudos longitudinais, e é usualmente realizada analisando-se a profusão de características qualitativas e quantitativas do osso interproximal.
		Avaliação das Necessidades de tratamento periodontal – Por iniciativa da OMS, foi desenvolvido por Ainamo et al. (1982), um índice para a avaliação das necessidades de tratamento periodontal, o Índice das Necessidades de Tratamento Periodontal (CPITN), que, apesar de não ter sido planejado com propósitos epidemiológicos, esse índice tem sido bastante utilizado em todo o mundo, e estudos com base no CPITN tem sido frequentemente a única fonte de informação epidemiológica de condições periodontais, principalmente me países em desenvolvimento. 
		A dentição é dividida em seis sextantes. A necessidade de tratamento em um sextante é registrada quando dois ou mais dentes (não indicados à extração) estão presentes. Se apenas um dente permanecer no sextante, ele será incluído no sextante contíguo.
		A sondagem periodontal é realizada ao redor de todos os dentes do sextante ou de certos dentes-indice selecionados. Apenas a medição mais grave do sextante é escolhida para representa-lo. 
As condições periodontais são registradas da seguinte forma: 
Código 1: Sextante sem bolsas, cálculo ou restaurações com sobrecontorno, mas no qual ocorre sangramento após sondagem delicada em uma ou várias unidades gengivais; 
Código 2: Sextante caso não haja bolsas que excedam 3mm, porém sejam vistos nas regiões subgengivais cálculo dental e fatores de retenção de placa
Código 3: Sextante que apresenta bolsas de 4-5mm 
Código 4: Sextante que apresenta bolsas de 6mm ou mais de profundidade
As necessidades de tratamento são baseadas no código mais rigoroso da dentição com: 
TN0 = 0, gengivas sadias
TN1 = 1, necessidade de melhora da higiene bucal
TN2 = 2 e 3, necessidade de raspagem, remoção dos excessos das restaurações e melhoria da higiene bucal
TN3 = 4, indica tratamento complexo
6. CONCLUSÃO
A epidemiologia da doença periodontal dá a oportunidade de conhecer e entender o impacto que esta enfermidade impõe na população.
REFERENCIAS BIBLIOGRÁFICAS
https://odontologistas.com.br/periodontia/epidemiologia-das-doencas-periodontais/
LINDHE, J. – Tratado de Periodontia Clínica e Implantologia oral, 5ª ed. Rio de Janeiro; Guanabara Koogan, 2010 (ISBN 9788527716222)
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