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UNIVERSIDADE ESTÁCIO DE SÁ DISCENTE: SAMANTHA OLIVETI DE GOES MATRÍCULA: 2020.035.524-61 CAMPUS CENTRO I – PRESIDENTE VARGAS CURSO: Direito – 2o Período – Turno manhã DISCIPLINA: CIÊNCIA POLÍTICA E TEORIA DO ESTADO – ARA0192 DOCENTE: ADINAN RODRIGUES DA SILVEIRA PROVA AV1 Instruções: I - A prova deverá ser entregue em 24h. II – A prova deverá ser devolvida por email. III – As respostam deverão ser postadas no corpo do email. 1 - Em reportagem constante em http://www12.senado.leg.br/noticias/materias/2012/06/20/201cdesinteress e-por-politica-ameaca-a-democracia201d O filósofo francês Francis Wolff, um ardoroso defensor da democracia, afirmou que um de seus alvos no estudo da política é exatamente o apolitismo. Em sua opinião, o desinteresse dos cidadãos pela política ameaça a democracia, ao fomentar entre outros males a ação do que chama de políticos profissionais. Livre de cobranças, esse grupo teria o hábito de aprovar ou impor medidas descoladas das verdadeiras necessidades e desejos dos cidadãos. Por isso, para o filósofo, o apolitismo, seria a recusa dos cidadãos, explícita ou implícita, em participar da vida da comunidade política e das escolhas que essa comunidade faz, ou seja, seria o desinteresse pela coisa pública. Diante do texto acima e, de acordo com o que você apreendeu da leitura referente à Aula 1, responda: A verdadeira concepção de política se coaduna com o desinteresse da coisa pública pela cidadania? (1,0) Resposta: A grosso modo não. Política nada mais é do que o debate sadio e respeitoso das idéias e ações divergentes. O próprio ato de se auto-definir como ser "apolítico" ou ser avesso a política já é, em si, um posicionamento político e tem base ideológica. Mesmo os apolíticos necessitam de um grau de liberdade de ações e expressões para se definirem como tal. Note bem, e só uma observação: se definir apolítico não é ser anarquista. Em muitos casos, é simplesmente recusar-se a ter algum nível de participação social em tomada de decisões coletivas, portanto está muito mais para o individualismo de ações do que uma posição apolítica. Para isso, e para que essas pessoas, tão divergentes de idéias se posicionem e sintam-se livres para tal, damos um nome, uma palavra que, hoje em dia, anda muito cara, muito arriscada, e muito pouco debatida no grau máximo de sua importância: DEMOCRACIA. 2 - A Política pode ser entendida como tudo aquilo que diz respeito à relação entre os cidadãos (como membros de um corpo social) com seus governantes, quando essa (relação) tem por fundamento um tema do interesse do corpo social (os negócios públicos). Vê-se, então, que Política é algo que se faz em conjunto, ou seja, um indivíduo sozinho em uma ilha não poderá estar envolvido em uma atividade Política, pois ele não teria com quem interagir e a Política pressupõe esta “inter-ação”. (Livro do Proprietário: Ciência política / Marcelo Machado Lima ; Guilherme Sandoval Góes. Rio de Janeiro: SESES, 2015, pag.12) Diante do texto acima e, de acordo com o que você apreendeu da leitura referente à Aula 1, responda: a) Podemos afirmar que Política pertence apenas ao campo teórico? Justifique sua resposta. (1,0) b) A Política para Aristóteles não visa apenas possibilitar um modo de vida qualquer (em uma perspectiva mais genérica), ou a troca econômica, ou a segurança, mas sim promover a vida em uma perspectiva específica, ou seja, a denominada “vida boa”. O que seria para Aristóteles uma vida boa? Justifique sua resposta. (1,0) Resposta: A) Política não pertence apenas ao campo teórico, e a tentativa de conceituação de política nos traz essa idéia. Na acepção tradicional grega (Platão, Sócrates) ela pode pertencer ao campo prático, ou seja, aquele que o homem constrói a partir de sua existência concreta, utilizando critérios como justiça, bom governo, condições pelas quais seja possível atingir o bem comum, etc. Para Aristóteles, a Política visa possibilitar um modo de vida, troca econômica, segurança, e promover a “vida boa”. Para Kant e Rawls, Política seriam os meios para propiciar respeito à liberdade de escolha dos seus próprios bens, valores e finalidades, concedendo igual liberdade aos demais para fazerem o mesmo. Também pode ser entendida como tudo aquilo que diz respeito à relação entre os cidadãos (como membros de um corpo social) com seus governantes, quando essa (relação) tem por fundamento um tema do interesse do corpo social (os negócios públicos). É algo que se faz em conjunto e pressupõe “inter-ação”. Ou seja, Política “é uma atividade pela qual interesses divergentes podem ser reconciliados em prol do bem-estar e da sobrevivência de toda a comunidade.” Ou seja, Política é o espaço onde divergência e entendimento coexistem. B) Para Aristóteles, “vida boa” seria uma vida harmoniosa, na qual os objetivos que justificam a existência de uma vida são: ser feliz e ser útil à comunidade, sendo que as instituições da vida social são os meios para este fim. 3 – Na visão de Locke e Rousseau o regime de governo adotado é a democracia. Contudo, eles apresentam propostas diferentes. Face ao exposto, apresente as principais diferenças destas propostas. (1,0) Resposta: A seguir apresenta-se quadro com as diferentes idéias dos contratualistas John Locke e Jean-Jacques Rousseau: John Loke Jean-Jacques Rousseau Um dos fundadores do pensamento liberal moderno. Um dos “pais” do esquerdismo moderno – Revolução Francesa. Soberania do indivíduo (Somos “capitães de nós mesmos”). O grupo é mais importante do que o indivíduo e que a “vontade geral” é superior à consciência solitária. O homem é um pecador na origem. O homem é o “bom selvagem”, ignorando que a maldade reside em nós, independente do sistema político. Nossos direitos vêm de Deus, não do governo. Abandonamos nossos direitos individuais em troca do julgamento do poder soberano. O direito à propriedade e aos frutos do trabalho é o pilar de uma sociedade livre e justa. A propriedade privada é o grande pecado da civilização, e o “todo” deve administrar a propriedade em prol da comunidade. Igualdade perante as leis, mas tolera-se ou mesmo celebra-se as desigualdades de resultado, de renda, mérito e virtude na A desigualdade econômica era a fonte de todos os males sociais, e um dos papéis mais importantes do governo era evitar uma sociedade civil (meritocracia). desigualdade extrema. A criatividade humana cria riqueza. Dividir à força a riqueza existente. Deposita no indivíduo seu foco, prega governo limitado e reconhece a premissa realista de nossa natureza humana falha. Coletivista, estatizante e “igualitário” nos resultados. “Ajudou a parir” os Estados Unidos, nação próspera e livre. Crucial para a revolução jacobina, que terminou no terror da guilhotina e na ditadura de Napoleão. Encerrando numa comparação superficial e, porque não, brincalhona, Locke seria Paulo Guedes, e Rousseau os petistas. 4 - Com mais de 26 milhões de pessoas, os curdos formam a maior nação do mundo sem Estado. Essa nação está distribuída nos territórios da Armênia, Azerbaijão, Irã, Iraque, Síria e Turquia. Nesse sentido, esse grupo étnico reivindica a criação de um país próprio, denominado Curdistão.(https://alunosonline.uol.com.br/geografia/oscurdos.html) Pergunta-se: Podemos afirmar que os curdos formam um Estado, mesmo sem ter um território? Justifique sua resposta. (1,0) Resposta: Os Curdos formam uma NAÇÃO sem território. Para a formação de um ESTADO, faz-se necessário três elementos chaves: povo, território e soberania (una e indivizível). Nação é formada por um grupo de indivíduos que apresenta características históricas, culturais, idioma, costumes, valoressociais, entre outros elementos em comum, formando, assim, uma identidade cultural. Tendo em vista todas essas semelhanças, surge a necessidade da formação de um Estado-Nação próprio, onde será exercido o poder sobre um território delimitado e reconhecido pela comunidade internacional. Entretanto, várias nações não têm um território autônomo, vivendo, portanto, em áreas onde o poder é exercido por outros grupos. Os Curdos representam a maior nação sem Estado do mundo. Somam cerca de 27 milhões de pessoas e estão distribuídos nos territórios da Armênia, Azerbaijão, Irã, Iraque, Síria e Turquia. Reivindicam a criação de um Estado próprio (entre o norte do Iraque, oeste da Turquia e noroeste do Irã), denominado Curdistão. https://alunosonline.uol.com.br/geografia/oscurdos.html 5 – Após assaltar uma embarcação turística a 5 milhas náuticas da costa do Maranhão, um bando de piratas consegue fugir com joias e dinheiro em duas embarcações leves motorizadas. Comunicadas rapidamente do ocorrido, duas lanchas da Marinha que patrulhavam a área perseguiram e alcançaram uma das embarcações a 10 milhas náuticas das linhas de base a partir das quais se mede o mar territorial. A segunda embarcação, no entanto, só foi alcançada a 14 milhas náuticas das linhas de base. Ao final, todos os assaltantes foram presos e, já em terra, entregues à Polícia Federal. Com base no caso hipotético acima, é correto afirmar que ambas as prisões foram legais? Justifique sua resposta. (1,0) Resposta: Os limites jurisdicionais do território são multidimensionais, abrangendo dimensões terrestres, aéreas e marítimas e são estabelecidos, principalmente (mas não unicamente) pela Lei nº 8.617/93. Nas normas estabelecidas pela Convenção de Montego Bay, a qual o Brasil ratificou em 1982 através do Decreto 1.530/1995, as áreas do território marítimo estatal são: a) Mar Territorial (MT) – Faixa de mar de 12 milhas marítimas ou 22 quilômetros e 224 metros a partir da linha de baixa-mar do litoral continental e insular, onde o Estado exerce soberania plena. b) Zona Contígua (ZC) – Se estende de 12 a 24 milhas marítimas, iniciando-se após o MT e indo ao limite máximo de 24 milhas. Nesta faixa o Estado costeiro não possui soberania plena, mas possui capacidade de controle relativo dessa área de 12 milhas marítimas, após o MT. Ou seja, o Estado pode adotar medidas de fiscalização necessárias para evitar infrações às leis e aos regulamentos aduaneiros, fiscais, de imigração ou sanitários, no seu território ou no seu mar territorial; e reprimir as infrações às leis e aos regulamentos no seu território ou no seu mar territorial. c) Zona Econômica Exclusiva (ZEE) – É a faixa adjacente ao MT até o limite de 200 milhas marítimas, na qual o Estado costeiro exerce direitos específicos para fins econômicos, não exercendo amplitude de soberania, apenas dureitos para exploração, aproveitamento, conservação e gestão de recursos para fins econômicos e investigativos / científicos.A investigação científica marinha na ZEE só poderá ser conduzida por outros Estados com o consentimento prévio do Estado costeiro. d) Plataforma Continental (PC) – Ou Continental Shelf, é a faixa onde a soberania do Estado é limitada ao exercício de direitos para efeitos de exploração dos recursos naturais, sendo estas o leito e o subsolo das áreas submarinas que se estendem além do seu mar territorial, em toda a extensão do prolongamento natural de seu território terrestre, até o bordo exterior da margem continental, ou até uma distância de 200 milhas marítimas das linhas de base, a partir das quais se mede a largura do mar territorial, nos casos em que o bordo exterior da margem continental não atinja essa distância (artigo 11 da Lei nº 8.617/93). Isso posto, entende-se que ambas as prisões foram legais. A primeira ocorreu dentro do limite do MT e a segunda dentro dos limites da ZC, conforme descrito acima.