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MANUAL DO GESTOR E OPERADOR RONDA NO BAIRRO 1ª EDIÇÃO MANAUS - 2011 GOVERNADOR DO ESTADO Omar José Abdel Aziz VICE-GOVERNADOR DO ESTADO José Melo de Oliveira SECRETÁRIO DE ESTADO DE SEGURANÇA PÚBLICA Paulo Roberto Vital de Menezes SECRETÁRIO EXECUTIVO DE ESTADO DE SEGURANÇA PÚBLICA Umberto Ramos Rodrigues COMANDANTE GERAL DA PMAM Cel QOPM Almir David Barbosa DELEGADO GERAL DA PCAM Mário Cesar Medeiros Nunes COMISSÃO ESPECIAL DO PROGRAMA RONDA DO BAIRRO Amadeu da Silva Soares Júnior, Tenente-Coronel QOPM, PMAM Luciano Tavares da Silva, Delegado de Polícia, PCAM Tiago Monteiro de Paiva, Representante da SEGOV Ronney César Campos Peixoto, Sec. Exec. Adj. de Planejamento, SEPLAN CORPO TÉCNICO DA COMISSÃO ESPECIAL DO PROGRAMA RONDA DO BAIRRO Antônio de Oliveira Escóssio, Tenente-Coronel QOPM, da PMAM Jatniel Rodrigues Januário, Capitão QOPM, da PMAM Guilherme José Sette Júnior, Tenente QOPM, da PMAM Miguel Jaime dos Santos Agra, Investigador de Polícia, da PCAM Rômulo Valente Cavalcante, Escrivão de Polícia, da PCAM Priscila Teixeira da Costa Santos, Investigadora de Polícia, da PCAM Permitida a reprodução sem fins lucrativos, parcial ou total, por qualquer meio, se citada à fonte. Sugestões para o aperfeiçoamento deste Manual poderão ser encaminhadas ao Gabinete do Secretário de Estado da Segurança Pública do Amazonas, ou pelo e-mail: seseg@ssp.am.gov.br. Endereço para correspondência: Secretário de Estado de Segurança Pública do Estado do Amazonas Av. Torquato Tapajós, 5555, Bairro Flores, Manaus-AM. Cep: 69000-000 Edição: Secretaria de Estado de Segurança Pública do Amazonas Elaboração: Amadeu da Silva Soares Júnior, Ten Cel QOPM Luciano Tavares da Silva, Delegado de Polícia Maria Júlia Belota Lopes, Delegada de Polícia Júlio Alberto Simonetti Barbosa, Ten Cel QOPM Anézio Brito de Paiva, Maj QOPM Jatniel Rodrigues Januário, Cap QOPM Guilherme José Sette Júnior, Ten QOPM Diagramação: Maria Júlia Belota Lopes, Delegada de Polícia Jatniel Rodrigues Januário, Cap QOPM Guilherme José Sette Júnior, Ten QOPM James Waliton Vasconcelos Tinoco, Assessor SSP Capa: Guilherme José Sette Júnior, Ten QOPM James Waliton Vasconcelos Tinoco, Assessor SSP Normalização: Maria... CRB/11 – Reg. xxx XYYY Amazonas. Secretaria de Estado de Segurança Pública. Manual do Gestor e Operador Ronda no Bairro Gestor e Operador Ronda no Bairro; Portaria n. XX, de XX de setembro de 2011 / Amadeu da Silva Soares Junior... [ et al. ] - - Manaus: Governo do Estado do Amazonas, Secretaria de Estado de Segurança Pública, 2011. p.xxx; il. 1. Segurança Pública 2. Programa Ronda no Bairro 3. Polícia Comunitária 4. Policiamento Comunitário I. Câmara, Dan Cel QOPM II. Polícia Militar do Amazonas mailto:seseg@ssp.am.gov.br PORTARIA N° xx, DE xx DE xx DE 2011. Aprova o Manual do Gestor e Operador Ronda no Bairro, e dá outras providências. O Secretário de Estado de Segurança Pública do Amazonas, no uso de suas atribuições e etc. RESOLVE: Art. 1º. Aprovar o Manual do Gestor e Operador Ronda no Bairro. Art. 2º. Esta Portaria entra em vigor na data da sua publicação. PUBLIQUE-SE, CERTIFIQUE-SE E CUMPRA-SE. GABINETE DO SECRETÁRIO DE ESTADO DE SEGURANÇA PÚBLICA DO AMAZONAS, em Manaus, 30 de setembro de 2011. Secretário de Estado de Segurança Pública SUMÁRIO APRESENTAÇÃO DO MANUAL ............................................................................................... 1 INTRODUÇÃO ........................................................................................................................... 2 PARTE 1 .................................................................................................................................... 5 ASPECTOS SOCIO-POLÍTICOS DO RONDA NO BAIRRO ..................................................... 5 1. RONDA NO BAIRRO ENQUANTO POLÍTICA PÚBLICA ...................................................... 5 2. ASPECTOS SOCIAIS INTERVENIENTES NA SEGURANÇA PÚBLICA .............................. 6 2.1 CONFLITO ....................................................................................................................................................... 6 2.2 O CRIME ......................................................................................................................................................... 7 2.2.1 Fatores motivadores dos crimes ..........................................................................................................................7 2.3 SENSAÇÃO DE SEGURANÇA ....................................................................................................................... 8 PARTE 2 .................................................................................................................................... 9 PROGRAMA RONDA NO BAIRRO ........................................................................................... 9 1. ESTRATÉGIAS QUE ORIENTAM O PROGRAMA................................................................ 9 1.1 INSTRUMENTAIS ........................................................................................................................................... 9 1.1.1 Estratégia de proximidade policial .......................................................................................................................9 1.1.2 Estratégia de integração .......................................................................................................................................9 1.2 SUBSTANTIVAS ............................................................................................................................................. 9 1.2.1 Estratégia social de prevenção da violência e do delito ...................................................................................9 1.2.2 Estratégia institucional de prevenção e controle do delito ...............................................................................9 PARTE 3 .................................................................................................................................. 10 RONDA NO BAIRRO, SINÔNIMO DE POLÍCIA COMUNITÁRIA ............................................ 10 1. ACERCA DA FILOSOFIA DE POLÍCIA COMUNITÁRIA .................................................... 10 2. OS 10 PRINCÍPIOS DA POLÍCIA MODERNA ..................................................................... 10 3. OS PRINCÍPIOS DA POLÍCIA COMUNITÁRIA .................................................................. 11 4. “OS SEIS GRANDES” DO POLICIAMENTO COMUNITÁRIO ............................................. 13 4.1 A POLÍCIA ..................................................................................................................................................... 13 4.2 A COMUNIDADE ........................................................................................................................................... 13 4.3 AUTORIDADES ............................................................................................................................................. 13 4.4 A COMUNIDADE DE NEGÓCIOS ................................................................................................................ 13 4.5 INSTITUIÇÕES COMUNITÁRIAS ................................................................................................................. 13 4.6 A MÍDIA ......................................................................................................................................................... 14 5. DIFERENÇAS ENTRE POLÍCIA TRADICIONAL E POLÍCIA COMUNITÁRIA .................... 14 PARTE 4 ..................................................................................................................................16 PARÂMETROS PARA O MODELO RONDA NO BAIRRO ...................................................... 16 1. PROXIMIDADE POLICIAL ................................................................................................... 16 1.1 RESPONSABILIDADE TERRITORIAL ......................................................................................................... 16 1.1.1 Conceituação ........................................................................................................................................................16 1.1.2 Setorização ...........................................................................................................................................................16 1.1.3 Divisão territorial ...................................................................................................................................................17 1.2 DESCONCENTRAÇÃO ORGANIZACIONAL E DESCENTRALIZAÇÃO DO PLANEJAMENTO ................ 18 1.2.1 Capital ....................................................................................................................................................................18 1.2.2 Área ........................................................................................................................................................................18 1.2.3 Subárea .................................................................................................................................................................18 1.2.4 Setor .......................................................................................................................................................................19 1.2.5 Subsetor.................................................................................................................................................................19 1.3 POLÍCIA DE PROXIMIDADE ........................................................................................................................ 19 1.4 SISTEMA DE MALHAS ................................................................................................................................. 21 1.4.1 Primeira Malha ......................................................................................................................................................21 1.4.2 Segunda Malha .....................................................................................................................................................21 1.4.3 Terceira Malha ......................................................................................................................................................22 2. INTEGRAÇÃO ..................................................................................................................... 22 2.2 INTEGRAÇÃO DA INTELIGÊNCIA ............................................................................................................... 24 2.3 INTEGRAÇÃO DA CAPACITAÇÃO POLICIAL ............................................................................................. 25 2.4 ROTINA DE TRABALHO INTEGRADO ........................................................................................................ 26 2.4.1 Atividades ..............................................................................................................................................................26 2.4.2 Períodos das reuniões .........................................................................................................................................27 2.4.3 Local das reuniões ...............................................................................................................................................28 2.5.AÇÕES E OPERAÇÕES INTEGRADAS ...................................................................................................... 28 2.5.1 Ações integradas no combate ao tráfico de drogas ........................................................................................28 2.5.2 Operações integradas .........................................................................................................................................29 3. COMUNITARIZAÇÃO .......................................................................................................... 30 3.1 GESTÃO PARTICIPATIVA E PRESTAÇÃO DE CONTAS ........................................................................... 30 3.2 INTERAÇÃO .................................................................................................................................................. 31 3.3 ESTRATÉGIAS PARA UMA ORGANIZAÇÃO COMUNITÁRIA ADEQUADA .............................................. 31 3.3.1 Organização comunitária como meio de controle social ................................................................................31 3.3.2 Organização comunitária como meio de auto-ajuda ......................................................................................32 3.3.3 Organização comunitária como meio de parceria decisória ..........................................................................33 3.4 FIXAÇÃO DO EFETIVO ................................................................................................................................ 34 4. CONTROLE DA QUALIDADE TOTAL ................................................................................. 35 4.1 COMPROMISSO COM RESULTADOS ........................................................................................................ 35 4.2 O FOCO DEVE SER O CLIENTE-CIDADÃO................................................................................................ 35 4.3 VALORIZAÇÃO DO SERVIÇO POLICIAL .................................................................................................... 35 4.4 COMPROMETIMENTO DA ALTA DIREÇÃO ............................................................................................... 36 4.5 PROATIVIDADE ............................................................................................................................................ 36 5. EMPREGO DE MÉTODO DE RESOLUÇÃO DE PROBLEMAS A MÉDIO E LONGO PRAZO .................................................................................................................................... 37 5.1 EMPREGO DO MÉTODO IARA NA SOLUÇÃO DE PROBLEMAS DA COMUNIDADE ............................. 37 5.1.1 1ª Fase – Identificação ........................................................................................................................................38 5.1.2 2ª Fase - Análise ..................................................................................................................................................39 5.1.3 3ª Fase - Resposta...............................................................................................................................................41 5.1.4 4ª Fase - Avaliação ..............................................................................................................................................44 6. USO DE INDICADORES ..................................................................................................... 44 6.1 INDICADORES DE SITUAÇÃO .................................................................................................................... 45 6.2 INDICADORES DE PRODUTIVIDADE ......................................................................................................... 45 7. A COMUNICAÇÃO NO POLICIAMENTO COMUNITÁRIO ................................................. 49 7.1 COMO SE COMUNICAR............................................................................................................................... 49 7.1.1 O processo de verbalização ...............................................................................................................................497.1.2 Postura e Compostura policial ...........................................................................................................................50 7.1.3 Informações que o policial deve ter para transmitir a comunidade ..............................................................50 8. TIPOS DE INTERAÇÃO ...................................................................................................... 51 8.1 INTERAÇÃO DO PÚBLICO INTERNO ......................................................................................................... 51 8.1.1 Valorização ............................................................................................................................................................51 8.1.2 Capacitação e aprimoramento dos servidores ................................................................................................52 8.1.3 Aplicação da gestão do conhecimento .............................................................................................................52 8.2 INTERAÇÃO ESTRATÉGICA E SOCIAL...................................................................................................... 59 8.2.1 Oito etapas para o sucesso da interação estratégica e social ......................................................................59 8.2.2 Instituição dos Conselhos Interativos Comunitários de Segurança Pública (CICSP) ...............................66 8.2.3 Criação de um Programa Policial em rádio comunitária legalmente constituída na subárea ..................71 8.2.4 Utilização das Urnas de denúncias e sugestões .............................................................................................82 8.2.5 Aplicação das Visitas Comunitárias ..................................................................................................................82 8.2.6 Mutirão de Visitas Comunitárias ........................................................................................................................86 8.2.7 Aplicação das Visitas Solidárias ........................................................................................................................87 8.2.8 Participação em eventos sociais da comunidade ...........................................................................................88 8.2.9 Participação efetiva nas ações da comunidade ..............................................................................................89 8.3 INTERAÇÃO ENTRE OS ÓRGÃOS ............................................................................................................. 89 8.3.1 Planejamento de grandes operações conjuntas .............................................................................................89 8.3.2 Encaminhamento de demandas extra-criminais aos órgãos competentes .................................................90 8.4 INTERAÇÃO TÁTICA .................................................................................................................................... 90 8.4.1 Emprego dos meios .............................................................................................................................................90 8.4.2 Processos de policiamento e formas de emprego ..........................................................................................92 PARTE 5 .................................................................................................................................. 99 COORDENAÇÃO E CONTROLE ............................................................................................ 99 1. COORDENAÇÃO ................................................................................................................ 99 2. FORMAS DE COORDENAÇÃO .......................................................................................... 99 3. CONTROLE ......................................................................................................................... 99 4. CENTRO INTEGRADO DE OPERAÇÕES DE SEGURANÇA PÚBLICA – CIOPS ........... 100 5. SISTEMA INTEGRADO DE SEGURANÇA PÚBLICA - SISP ............................................ 100 PARTE 6 ................................................................................................................................ 101 ATRIBUIÇÕES DO POLICIAL COMUNITÁRIO ..................................................................... 101 1. DO DELEGADO E DO COMANDANTE DO DIP ............................................................... 101 2. DO SUPERVISOR DE POLICIAMENTO OSTENSIVO ..................................................... 102 3. DO COMANDANTE DO GPI ............................................................................................. 102 4. DO PATRULHEIRO COMUNITÁRIO ................................................................................ 105 5. O QUE SE ESPERA DE UM POLICIAL COMUNITÁRIO?(comum à Polícia Militar e Polícia Cilvil) ...................................................................................................................................... 105 6. O QUE DEVE OBSERVAR UM POLICIAL COMUNITÁRIO? (comum à Polícia Militar e Polícia Cilvil) .......................................................................................................................... 106 PARTE 7 ................................................................................................................................ 108 ESCRITURAÇÃO NO POLICIAMENTO COMUNITÁRIO ...................................................... 108 1. CONCEITOS BÁSICOS ..................................................................................................... 108 2. PROCEDIMENTOS ........................................................................................................... 108 3. FORMULÁRIOS PARA O POLICIAMENTO COMUNITÁRIO ............................................ 109 3.1. LIVRO DE SOLICITAÇÕES ...................................................................................................................... 109 3.2. RELATÓRIO DE SERVIÇO MOTORIZADO ............................................................................................. 110 3.3. RELATÓRIO DE ATIVIDADES ................................................................................................................. 111 3.4. REGISTRO DE VISITAS SOLIDÁRIAS .................................................................................................... 112 3.5. LIVRO DE RONDA .................................................................................................................................... 113 3.6. FICHA DE VISITAS COMUNITÁRIAS ...................................................................................................... 114 PARTE 8 ................................................................................................................................ 115 NORMAS E PROCEDIMENTOS .......................................................................................... 115 1. FLUXO OPERACIONAL DO ATENDIMENTO DE OCORRÊNCIAS NÃO-CRIMINAIS. ... 116 2. FLUXO OPERACIONAL DE ATENDIMENTO DE OCORRÊNCIA SEM FLAGRANTE ..... 117 3.FLUXO OPERACIONAL DO ATENDIMENTO DE OCORRÊNCIA CONFORME LEI MARIA DA PENHA ............................................................................................................................ 118 4. FLUXO OPERACIONAL DO ATENDIMENTO DE OCORRÊNCIA-DENÚNCIA FORMULADA PELO MINISTÉRIO PÚBLICO VIA REQUERIMENTO .................................. 119 5.FLUXO DE OCORRÊNCIA JÁ REGISTRADA EM OUTRA DELEGACIA .......................... 120 6.FLUXO DE PROCEDIMENTOS CRIMINAIS ...................................................................... 120 7.PROCEDIMENTOS OPERACIONAIS BÁSICOS DE ATENDIMENTO A OCORRÊNCIAS POLICIAS ..............................................................................................................................121 7.1 CONHECIMENTO DA OCORRÊNCIA ........................................................................................................ 121 7.2 DESLOCAMENTO PARA O LOCAL DA OCORRÊNCIA (EM VIATURA) .................................................. 121 7.3 CHEGADA AO LOCAL DA OCORRÊNCIA (EM VIATURA) ....................................................................... 122 7.4 LOCALIZAÇÃO DA(S) PESSOA(S) EM ATITUDE(S) SUSPEITA(S) ........................................................ 123 7.5 ABORDAGEM A PESSOA EM ATITUDE(S) SUSPEITA(S) ....................................................................... 124 7.6 BUSCA PESSOAL ....................................................................................................................................... 126 7.7 CONDUÇÃO À REPARTIÇÃO PÚBLICA COMPETENTE ......................................................................... 128 7.8 APRESENTAÇÃO DA OCORRÊNCIA NA REPARTIÇÃO PÚBLICA COMPETENTE .............................. 129 7.9 ENCERRAMENTO DA OCORRÊNCIA....................................................................................................... 129 8. VISÃO COMUNITÁRIA NO ATENDIMENTO DE OCORRÊNCIAS POLICIAIS ................ 130 8.1 DAS OCORRÊNCIAS CONTRA A PESSOA .............................................................................................. 130 8.1.1 Homicídio ............................................................................................................................................................. 130 8.1.2 Lesão corporal ...................................................................................................................................................... 130 8.1.3 Abandono de Incapaz ........................................................................................................................................... 131 8.1.4 - Sequestro ........................................................................................................................................................... 131 8.1.5 Ocorrências de maus tratos ................................................................................................................................. 131 8.2 OCORRÊNCIAS CONTRA O PATRIMÔNIO .............................................................................................. 131 8.2.1 Furto e Roubo ....................................................................................................................................................... 131 8.2.2 auto localizado ...................................................................................................................................................... 132 8.3 OCORRÊNCIAS CONTRA A PAZ PÚBLICA .............................................................................................. 133 8.3.1 Perturbação do sossego ........................................................................................................................................ 133 8.3.2 Embriaguez ........................................................................................................................................................... 133 8.4 OCORRÊNCIAS CONTRA OS COSTUMES ............................................................................................. 133 8.4.1 Estupro e atentado violento ao pudor .................................................................................................................. 133 8.5 DAS OCORRÊNCIAS COM ENTORPECENTES ....................................................................................... 134 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ...................................................................................... 135 GLOSSÁRIO .......................................................................................................................... 137 1 APRESENTAÇÃO DO MANUAL Nos últimos anos, no Brasil e no mundo, muito se investiu para disseminação da filosofia de Polícia Comunitária, a exemplo dos programas implementados e cursos de Polícia Comunitária ministrados nas diversas unidades da federação. No Estado do Amazonas, o Governo através do Programa Ronda no Bairro, a partir de 2011, estabelece um Programa de Polícia Comunitária, de forma ampla, sistêmica, participativa e com foco na prevenção e no cidadão. Isso significa para a sociedade amazonense uma conquista, como forma de concretização das aspirações da população: ter uma Polícia que trabalhe próxima e em parceria com a comunidade e na qual ela possa crer e confiar. Assim, no âmbito do Programa, o Manual do Gestor e Operador Ronda no Bairro, vem satisfazer a necessidade de orientações sobre os temas primordiais que integram as atividades de policiamento comunitário, apresentando, também, caminhos para o desenvolvimento da integração entre os órgãos, da mobilização comunitária, participação da Polícia na resolução de problemas junto à comunidade e, concomitantemente, a mudança de comportamento dos policiais, através de um processo educativo contínuo. Este Manual é resultado de uma pesquisa elaborada por policiais civis e militares do Estado do Amazonas, destinado à capacitação e ações dos gestores e operadores na área de segurança pública, orientado pela filosofia e estratégia organizacional de Polícia Comunitária, apontando para a uniformização de ações, condutas e procedimentos, de forma clara, precisa e qualificada conforme a realidade do Amazonas. Assim, os assuntos abordados estão distribuídos em oito partes, iniciando pela argumentação que justifica a implementação da filosofia e estratégia de Polícia Comunitária, pelo Governo do Amazonas, através das polícias do Estado. Tratam dos aspectos sócio-políticos e estratégias que orientam o Programa e apresentam os fundamentos e parâmetros que trarão sustentação às práticas preconizadas pelo Programa Ronda no Bairro. O uso deste Manual, ferramenta da estratégia do Governo do Amazonas, levará a otimização de esforços e a ampliação de resultados práticos positivos para a efetividade de uma política pública de segurança com foco no cidadão e na parceria entre a população e as instituições de segurança pública. 2 INTRODUÇÃO A Polícia Comunitária constitui-se, hoje, em unanimidade na segurança pública. Nas esferas federal, estadual e municipal essa filosofia ganhou, com o passar dos anos, espaço nas decisões estratégicas, estando presente nos programas e planos de governos. As comunidades, policiais, acadêmicos, jornalistas e ONGs, por sua vez, mostram-se simpáticos com o assunto. Tal como em outros países, nos Estados Unidos, decorrente da Polícia Comunitária (filosofia e estratégia), o policiamento comunitário (atividade) foi sendo sedimentado nas instituições policiais e, hoje, segundo Eck e Rosenbaum1, é praticamente o único pensamento, atitude e ação dos policiais e a única alternativa disponível para o gestor policial melhorar o relacionamento da Instituição com a sociedade. Nos países da América Latina, problemas já conhecidos permeiam as instituições policiais, internos e externos, especialmente a baixa estima. Problemas esses, geralmente decorrentes do histórico de frequente envolvimento com a repressão nos regimes autoritários bem como, depois da transição, a escalada de violência, que fizeram da América Latina a região mais violenta do planeta. Nesse contexto, a Polícia Comunitária foi se revelando como a alternativa mais apropriada para mudança desse quadro caótico e muitas instituições policiais passaram a investir em programas de polícia baseados nessa filosofia e estratégia, adotando o modelo comunitário de policiamento como uma boa prática para recuperar o prestígio e a imagem institucional. Várias experiências foram registradas, a exemplo das atividades com gangues juvenis em Medellín, na Colômbia, os projetos patrocinadospelo Instituto Latino Americano de Direitos Humanos em várias cidades; o Plano Quadrante, adotado pelos Carabineiros no Chile e outros2. A ideia de uma polícia orientada para a solução de problemas junto à comunidade e melhoria da qualidade de vida da população, de acordo com a filosofia de polícia comunitária já 1 Eck , Rosenbaum. Como reconhecer um bom policiamento: problemas e temas. (Série Polícia e Sociedade. vol. 4) 2 Chinchilla M, Laura. Policia de Orientacion Comunitaria – Una Adecuada Alianza entre Policia Y Comunidad para Revertir la Inseguridad. Chile, 1999 3 praticada em diversos outros países, ganhou força no Brasil nos anos 80, com a abertura democrática do país e com a Constituição Federal de 1988. Nesse sentido, diversos projetos têm sido implementados no País, como o projeto Viva Rio, em Copacabana, o Policiamento Interativo Comunitário, no Espírito Santo, o programa de Polícia Comunitária da Polícia Militar de São Paulo, o Pacto pela Vida, de Pernambuco, Ronda do Quarteirão, no Ceará, Fica Vivo, de Minas Gerais e outros. Assim, existem diversas experiências que podem ser qualificadas de "comunitárias", nas polícias de catorze Estados: Espírito Santo, Pará, Paraná, Sergipe, Rio Grande do Norte, Rio Grande do Sul, Distrito Federal, Ceará, Pernambuco, Paraíba, Minas Gerais, Santa Catarina e Bahia.3 No Amazonas, o Governo do Estado, ao criar e implementar o Programa Ronda no Bairro, a partir de 2011, iniciou o estabelecimento de uma política de segurança pública com foco no cidadão, aperfeiçoando a prevenção e a repressão qualificada nas condutas ofensivas à sociedade. O negócio do Programa é investir no desenvolvimento e na implementação de um conceito de segurança pública que impulsione e dê sustentação à proximidade policial e promova uma maior participação e envolvimento da comunidade no planejamento e ações no campo da segurança pública, trazendo bons resultados na solução de problemas e melhoria da qualidade de vida da população. Para a implementação do Programa, entretanto, fez-se necessário adotar algumas linhas de ação, tais como: compatibilização territorial de atuação, integração dos órgãos, modernização organizacional e tecnológica, construção e reforma de infraestrutura, reaparelhamento, interação, inclusão e capacitação de recursos humanos, desenvolvimento de metodologia de policiamento comunitário, bem como outras ações estratégicas dos órgãos que compõem o Sistema de Segurança Pública do Amazonas. Nesse sentido, a filosofia de Polícia Comunitária se constituiu o tema central do Programa Ronda no Bairro, cuja estratégia básica é melhorar a qualidade da gestão operacional da segurança pública do Amazonas, foco na prevenção e no cidadão cliente, polícia orientada para a solução de 3 CERQUEIRA, Carlos Magno Nazareth (Org.). Do patrulhamento ao policiamento comunitário. 2. ed. Rio de Janeiro: Freitas Bastos, 2001. (Série Coleção Polícia Amanhã). 4 problemas junto à comunidade, metodologias de mobilização social, integração, parceria e conscientização comunitária no que diz respeito à solução de problemas de segurança pública e análise dos fatores intervenientes para a sua execução. O nascer desse novo momento na segurança pública, com a adoção do modelo de policiamento comunitário, sugere que causas comuns são provavelmente as responsáveis pelos mesmos efeitos na comunidade. Com esse entendimento, o discurso em favor do policiamento comunitário ganha força quando se percebe que policiamento comunitário refaz a conexão da polícia com a sociedade, gerando progresso, diminuindo os índices de criminalidade, reduzindo a insegurança e o medo do crime, fazendo o público se sentir amparado e gerando segurança pública. Institucionalmente, representa inovação e mudanças fundamentais na estrutura, organização, articulação e gestão das polícias, oportunizando o reconhecimento de que esta não pode ter sucesso em atingir seus objetivos básicos sem o apoio, tanto operacional quanto político, da sua própria comunidade. Tornando-se, portando, em uma polícia moderna, proativa, que estabelece laços de confiança, que respeita os direitos humanos, observadora da democracia, da idoneidade, da ética e consciência policial. Assim, o modelo e metodologia de policiamento comunitário, conforme o Programa Ronda no Bairro, vem estabelecer novos princípios norteadores para a implantação, implementação e institucionalização da filosofia de Polícia Comunitária pela Polícia Amazonense, uma polícia moderna, mais eficiente, científica, democrática, promotora dos direitos humanos na busca da solução conjunta dos problemas comunitários e da segurança pública. 5 PARTE 1 ASPECTOS SOCIO-POLÍTICOS DO RONDA NO BAIRRO 1. RONDA NO BAIRRO ENQUANTO POLÍTICA PÚBLICA Entender o Programa Ronda no bairro como uma Política Pública é essencial para que os operadores de Segurança Pública tenham uma ampla visão da importância deste programa para sociedade amazonense. Compreender os fatores que motivaram a decisão governamental no sentido de empenhar esforços para a concretização desse programa é de elevado valor para o envolvimento e atuação qualificada na segurança pública do Estado. Assim, ao longo deste tópico, faremos uma breve abordagem sobre o conceito de Política Pública. De acordo com Santin (2004, p. 27), “O Estado foi constituído para atender as necessidades comunitárias na incessante busca da paz social e do bem comum”. Diante dessas necessidades comunitárias, o Estado deve se articular para trazer respostas a estas demandas, utilizando-se de ferramentas, como, a arrecadação tributária, necessária para atender os gastos do governo, seguindo todo um processo, culminando com a implementação de uma Política Pública. Em uma visão jurídica, Bucci (2002, p. 241) afirma que “Políticas Públicas são Programas de ação Governamental visando coordenar os meios à disposição do Estado e as atividades privadas, para realização de objetivos socialmente relevantes e politicamente determinados”. Já Saravia e Ferrarezi (2006, p. 28), em uma concepção administrativa, Política Pública “trata-se de um fluxo de decisões públicas, orientado a manter o equilíbrio social ou a introduzir desequilíbrios destinados a modificar essa realidade”. A fim de termos uma visão mais ampla de políticas públicas, de forma a facilitar a sua concepção no programa Ronda no Bairro, podemos definir políticas públicas como qualquer manifestação do Estado, seja em nível federal, estadual ou municipal, visando a sua teleologia. 6 Com essa visão, impõe-se a exigência de que o trabalho dos órgãos do sistema de segurança pública respalde-se em metas, objetivos e estratégias bem definidas que permitam em sua execução constantes avaliações. 2. ASPECTOS SOCIAIS INTERVENIENTES NA SEGURANÇA PÚBLICA É pacífico o entendimento de que questões sociológicas e criminológicas afetam a vida em sociedade. Por isso, para que os operadores de segurança pública compreendam os problemas da comunidade onde atuam é necessário conhecer sobre conflitos, crimes e a sensação de insegurança. 2.1 CONFLITO O conflito é oriundo das interações sociais. Logo, onde existir dois ou mais indivíduos interagindo poderá ocorrer conflito. E desta conflitualidade, em muitos casos, é que deriva o fenômeno da criminalidade, trazendo consequências que demandam ações da Segurança Pública. Buscando uma conceituação sucinta para o conflito, pode se dizer que é “uma contenda entre indivíduos ou grupos, em que cada um dos contendores almeja uma solução que exclui a desejada pelo adversário” (LAKATOS e MARCONI, 1999, p. 90). Entretanto, esta conceituação não exaure a semântica do conflito. Outra forma de perceber este aspecto social é quando as normas sãovioladas, por não serem aceitas ou pelo desejo de modificá-las. O conflito não é tão negativo quanto parece. Em diversas situações estas divergências de ideias e heterogeneidade de interpretações dos fatos são primordiais para um regime democrático, pois delas são oferecidas condições para manutenção e adequação de estruturas sociais, econômicas e políticas. Do exposto, pode-se observar que a grande problemática não está no conflito como um todo, mas na maneira de como ele é desenvolvido e solucionado. Logo, se utilizados os meios adequados, pode-se aferir um conflito com consequências benéficas. Conforme Rodrigues (2009, p. 76), há uma variedade de meios que podem ser empregados para o desenvolvimento adequado de um conflito: “persuasão racional, a influência do prestígio, a influência da propaganda, pressão econômica ou política”. 7 A história revela que não existe unanimidade nos assuntos humanos e através desta discussão pode se observar que o conflito tem a sua função social. Porém, isto não acarreta em consentir um conflito que derive violência ou criminalidade, pois estes fenômenos não são viáveis em um Estado Democrático de Direito. 2.2 O CRIME Buscando uma definição jurídica para o crime, dizemos que é uma violação dolosa ou culposa da lei penal. Dentro de uma visão sociológica, crime é uma violação das regras que a sociedade considera indispensável para sua existência. Já na óptica da sociedade, do povo, é uma infração moral grave. O crime é mais que um fenômeno social, é um episódio na vida de uma pessoa que trará danos a outrem nunca mais esquecidos, seja no campo patrimonial, moral ou físico. 2.2.1 Fatores motivadores dos crimes Buscando teorias e discussões a respeito do crime, é possível distinguir correntes distintas de pensamento sobre a gênese do crime. A primeira, denominada de biopsicosociológica, acreditava que o argumento principal para a ocorrência do crime era a presença de genes hereditários ligados ao comportamento criminoso. Assim havia, no criminoso nato, características físicas reveladoras do seu comportamento delituoso, teoria inócua, uma vez comprovado que não são as características físicas a determinar o comportamento do indivíduo. A segunda corrente de pensamento, de cunho marxista, entendia que seria o meio e não o indivíduo propício à manifestação do delito, tendo no processo capitalista o principal fator para o aumento da atividade criminosa. A terceira corrente criminológica, denominada de teoria econômica do crime, tem sua fundamentação no princípio hedonístico, do resultado máximo com o mínimo de esforço. Segundo esta teoria, quanto maior o risco no cometimento do delito, menor seria o encorajamento à prática de algum crime. E a quarta e última corrente é a da teoria multifatorial, a qual acredita que o delito seja resultado de múltiplos fatores. Esta nova visão rompe com os determinismos, unilateralismos biológicos, psicológicos ou sociológicos na explicação da origem da criminalidade, evidenciando a complexidade do delito e a necessidade de tratá-los mais pormenorizadamente. 8 Estes multifatores podem ser sintetizados em cinco elementos condicionadores da criminalidade: o poder, o desenvolvimento, a desigualdade, a condição humana e o sistema penal. 2.3 SENSAÇÃO DE SEGURANÇA A sensação de segurança é condição fundamental para a sociedade conviver e viver com qualidade de vida. Assim, para proteger este bem público existem inúmeras garantias jurídico-sociais a serem preservadas pelo Estado. Para o alcance desse bem público, são obrigatórios o respeito à lei e à manutenção da ordem pública. Desta forma, o Direito torna-se um dos meios de controle social formal, trazendo a ideia do justo e fazendo com que os cidadãos creiam no respeito à legalidade, fazendo a justiça prevalecer e permitindo a organização da vida em sociedade. O compartilhamento desta sensação de segurança exteriorizada por toda estrutura social evidencia como estão seguindo a segurança pública em uma sociedade. Entretanto, quando se fala em sensação de insegurança, a recíproca não é a mesma. Conforme Rodrigues (2009, p. 84), “o sentimento de insegurança pode se alastrar artificialmente por conta de desinformações ou informações errôneas e tendenciosas sobre aspectos da realidade delitiva de um país”. Nesse aspecto, os meios de comunicação em massa têm um papel fundamental. Sobre essa influência, Molero (2009, apud Rodrigues, 2009, p. 85) afirma: “os meios de comunicação de massa criam uma criminalidade difusa, irreal e incompreensível para a maior parte dos mortais com a finalidade de inquietar ou fascinar a seu público”. Porém, nem sempre o medo e a insegurança são inconvenientes, pois, com uma percepção justa do perigo real, o indivíduo pode tomar medidas adequadas de proteção, cautela e prevenção de situações que possam expô-lo a perigo, tornando-se potenciais colaboradores dos órgãos de segurança pública na preservação da ordem pública. 9 PARTE 2 PROGRAMA RONDA NO BAIRRO 1. ESTRATÉGIAS QUE ORIENTAM O PROGRAMA 1.1 INSTRUMENTAIS 1.1.1 Estratégia de proximidade policial a. Desconcentração organizacional e descentralização do planejamento; b. Responsabilidade territorial; e c. Polícia de proximidade. 1.1.2 Estratégia de integração 1.2 SUBSTANTIVAS 1.2.1 Estratégia social de prevenção da violência e do delito Possui como base as premissas de: a. Polícia comunitária; b. Mobilização comunitária; e c. Participação comunitária. 1.2.2 Estratégia institucional de prevenção e controle do delito Está pautada no policial de: a. Segurança preventiva; b. Segurança complexa; e c. Persecução penal. 10 PARTE 3 RONDA NO BAIRRO, SINÔNIMO DE POLÍCIA COMUNITÁRIA 1. ACERCA DA FILOSOFIA DE POLÍCIA COMUNITÁRIA Polícia Comunitária é muito mais do que mera aproximação, é uma filosofia que busca a qualidade de vida da comunidade. Não sendo mero assistencialismo social, mas uma efetiva participação social, onde se buscam reunir todos os segmentos da sociedade para o alcance da segurança pública efetiva e o consequente bem estar social. O art. 144 da Constituição Federal não deixa dúvida, além de embasar juridicamente, a necessidade dos órgãos do Sistema de Segurança Pública trabalhar em parceria com a comunidade, quando estabelece: Segurança Pública, dever do Estado, direito e responsabilidade de todos... Outro fator a ser evidenciado é a Polícia Comunitária como uma estratégia organizacional, ou seja, exige que sejam estabelecidos diretriz, objetivos e metas para a implementação dessa filosofia. 2. OS 10 PRINCÍPIOS DA POLÍCIA MODERNA4 1º Princípio: A polícia deve ser estável, eficaz e organizada, debaixo do controle do governo; 2º Princípio: A missão básica para a polícia existir é prevenir o crime e a desordem; 3º Princípio: A capacidade de a polícia realizar suas obrigações depende da aprovação pública de suas ações; 4º Princípio: A polícia necessita realizar segurança com o desejo e cooperação da comunidade, na observância da lei, para ser capaz de realizar seu trabalho com confiança e respeito do público; 5º Princípio: O nível de cooperação do público para desenvolver a segurança pode contribuir na diminuição proporcional do uso da força; 6º Princípio: O uso da força pela polícia é necessário para manutenção da segurança, devendo agir em obediência à lei, para a restauração da ordem, e só usá-la quando a persuasão, conselho e advertência forem insuficientes; 4 Sir Robert Peel. 1º Primeiro Ministro Inglês. Fundador da Polícia Londrina em 1829. 11 7º Princípio: A polícia visa à preservação da ordem pública em benefício do bem comum, fornecendo informações à opinião pública e demonstrando ser imparcial no cumprimento da lei; 8º Princípio: A polícia sempre agirá comcuidado e jamais demonstrará que se usurpa do poder para fazer justiça; 9º Princípio: O teste da eficiência da polícia será pela ausência do crime e da desordem, e não pela capacidade de força de reprimir esses problemas; e 10º Princípio: A Polícia deve esforçar-se para manter constantemente com o povo, um relacionamento que dê realidade à tradição de que a polícia é o povo e o povo é a polícia. 3. OS PRINCÍPIOS DA POLÍCIA COMUNITÁRIA Para a sedimentação da filosofia de Polícia Comunitária é necessário que todos na instituição conheçam os seus princípios, praticando-os permanentemente. São eles: a. Filosofia e estratégia organizacional A base dessa filosofia é a comunidade. Para direcionar seus esforços, a Polícia, ao invés de buscar ideias pré-concebidas, deve buscar, junto às comunidades, os anseios e as preocupações das mesmas, a fim de traduzi-los em procedimentos de segurança. b. Comprometimento da organização com a concessão de poder à comunidade Dentro da comunidade o cidadão deve participar como plenos parceiros da polícia, na identificação, priorização e solução dos problemas. c. Policiamento descentralizado e personalizado É necessário um policial compromissado com a comunidade, conhecido pela mesma e conhecedor de suas realidades. d. Resolução preventiva de problemas a curta e em longo prazo A ideia é que o policial atue proativamente, antecipando-se à ocorrência. Desta forma, o seu trabalho tornar-se-á mais eficiente e eficaz. Com isso, o número de chamadas das Centrais de emergência tende diminuir. e. Ética, legalidade, responsabilidade e confiança O Policiamento Comunitário pressupõe uma parceria estabelecida entre a polícia e os cidadãos aos quais ela atende, com base no rigor do respeito à ética policial, da legalidade dos procedimentos, da responsabilidade e da confiança mútua que devem existir. 12 f. Extensão do mandato policial Cada policial passa a atuar como um chefe de polícia local, com autonomia e liberdade para tomar iniciativa, dentro de parâmetros rígidos de responsabilidade. O propósito, para que o Policial Comunitário possua o poder, é perguntar-se: Isto está correto para a comunidade? Isto está correto para a segurança da minha região? Isto é ético e legal? Isto é algo que estou disposto a me responsabilizar? Isto é condizente com os valores da Corporação? Se a resposta for Sim a todas essas perguntas, a possibilidade de êxito cresce de forma expressiva. g. Ajuda às pessoas com necessidades específicas Valorizar a vida de pessoas mais vulneráveis: jovens, idosos, minorias, pobres, deficientes, entre outros. Isso deve ser um compromisso inalienável do Policial Comunitário. O ponto de partida é o conceito de justiça e de segurança como sinônimo de equidade: é justa a sociedade em que todos os membros desfrutem, de modo pleno e igual, de um conjunto de liberdades fundamentais claramente especificadas - os direitos humanos – sem discriminação e no grau máximo compatível com as liberdades alheias. h. Criatividade e apoio básico Ter confiança nos profissionais que estão na linha de frente da atuação policial, confiar no seu discernimento, sabedoria, experiência e sobretudo na formação que recebeu. Isso propiciará abordagens mais criativas para os problemas contemporâneos da comunidade. i. Mudança interna O policiamento comunitário exige uma abordagem plenamente integrada, envolvendo toda a organização. É fundamental a atualização de seus cursos e respectivos currículos, bem como de todos os seus quadros de pessoal. É uma mudança que se projeta com efeitos a curto, médio e longos prazos; j. Construção do futuro Deve-se oferecer à comunidade um serviço policial descentralizado e personalizado, visível e disponível, onde, a ordem não deve ser imposta de fora para dentro, mas as 13 pessoas devem ser encorajadas a pensar na polícia como um recurso a ser utilizado para ajudá-las a resolver problemas de sua comunidade. 4. “OS SEIS GRANDES” DO POLICIAMENTO COMUNITÁRIO5 Todo gestor deve buscar a união de forças destes “seis grandes”, pois é o segredo para o sucesso de um policiamento comunitário efetivo. São eles: 4.1 A POLÍCIA Seu papel é fundamental no sistema de Polícia Comunitária, pois ela tem que assimilar e querer se comprometer com o novo sistema, criando um consenso que envolva daquele que comanda até aquele que está na linha de frente. Precisa construir laços de confiança com a comunidade, fortalecendo os cidadãos em geral no processo de parceria. 4.2 A COMUNIDADE É a grande beneficiada no processo ao receber um policial comunitário. Há necessidade de educá-la e prepará-la para entender o sistema, o estabelecimento de prioridades e a necessidade de participação na identificação, priorização e resolução dos problemas. 4.3 AUTORIDADES O trabalho de Polícia Comunitária deve envolver todas as autoridades constituídas. Embora a ação de polícia deva ser apolítica, não interessando partido ou ideologia. 4.4 A COMUNIDADE DE NEGÓCIOS O envolvimento da comunidade de negócios pode fazer a diferença entre a aceitação e a resistência. Quando os homens de negócios são orientados sobre o programa, geralmente orientam seus funcionários a participarem e, às vezes, até os cedem para apoio em algumas atividades. 4.5 INSTITUIÇÕES COMUNITÁRIAS As instituições comunitárias são fundamentais para a educação da população e também para a adequação dos serviços de outros órgãos, visando melhor servir à comunidade. 5 Opus cit. 14 4.6 A MÍDIA O enfoque proativo de polícia comunitária poderá criar na organização policial a oportunidade de contar com o apoio da imprensa. É necessário aproveitar melhor os espaços disponíveis na pequena e média imprensa, jornais de bairros e rádios locais. O grande desafio é de quebrar os paradigmas da mídia em relação à polícia. 5. DIFERENÇAS ENTRE POLÍCIA TRADICIONAL E POLÍCIA COMUNITÁRIA POLÍCIA TRADICIONAL POLÍCIA COMUNITÁRIA a) A polícia é apenas uma agência governamental responsável, principalmente, pelo cumprimento da lei; a) A polícia é o público e o público é a polícia: os policiais são aqueles membros da população que são pagos para dar atenção em tempo integral aos cidadãos; b) Na relação entre a polícia e as demais instituições de serviço público, as prioridades são muitas vezes conflitantes; b) Na relação com as demais instituições de serviço público, a polícia é apenas uma das instituições governamentais responsáveis pela qualidade de vida da comunidade, dentro a visão do sistema; c) O papel da polícia é se preocupar com a resolução do crime; c) O papel da polícia assume um enfoque mais amplo, buscando a resolução de problemas, principalmente por meio da prevenção; d) As prioridades são, por exemplo, roubo a banco, homicídios e todos aqueles envolvendo violência; d) As prioridades são quaisquer problemas que aflijam a comunidade; e) A polícia se ocupa mais com os incidentes; e) A polícia se ocupa mais com os problemas e as preocupações dos cidadãos; f) O que determina a eficiência da polícia é tão somente o tempo de resposta às solicitações; f) A eficácia da polícia é medida pela ausência de crime e de desordem, pela sensação de segurança e pela confiança da comunidade, mais que o tempo de resposta; g) O profissionalismo policial se caracteriza apenas pelas respostas rápidas aos crimes sérios; g) O profissionalismo policial se caracteriza principalmente pelo estreito relacionamento com a comunidade, além da rapidez nas respostas; h) A função do comando é prover os regulamentos e as determinações que devam h) A função do comando é incutir e desenvolver os valores institucionais; 15 ser cumpridas pelos policiais; i) As informações mais importantes são aquelas relacionadasa certos crimes em particular; i) As informações mais importantes são aquelas relacionadas com as atividades delituosas de indivíduos ou grupos, o que facilita a identificação das melhores estratégias para tratamento do problema; j) O policial trabalha voltado unicamente para a marginalidade de sua área, que representa, no máximo 2% da população ali residente; j) O policial trabalha voltado para os 98% da população de sua área, que são pessoas de bem, trabalhadoras, cidadãos e clientes da organização policial; k) O policial é o do turno de serviço; k) O policial é da área, conhecido, que auxilia a comunidade; l) A força é empregada como técnica de resolução de problemas; l) A resolução dos problemas é construída por meio do apoio e da cooperação do público; m) Presta contas somente ao seu superior; m) O policial presta contas de seu trabalho ao superior e à comunidade; n) As patrulhas são distribuídas somente conforme o pico de ocorrências. n) As patrulhas são distribuídas conforme a necessidade de segurança da comunidade, ou seja, 24 horas por dia, além da observância dos dados estatísticos. 16 PARTE 4 PARÂMETROS PARA O MODELO RONDA NO BAIRRO 1. PROXIMIDADE POLICIAL Consiste na forma como a Corporação se organiza, estrutura-se e articula-se operacionalmente, nos modelos adotados para atuação no ambiente, no modo como desenvolve o seu trabalho policial e realiza a sua gestão. Tudo isto, no sentido de promover, favorecer e otimizar a atuação dos seus policiais, em que estes aumentam a proximidade com as pessoas da comunidade, conhecendo-as, sendo conhecido, reconhecido e entendendo as dinâmicas sociais da região. Com isso, os policiais possuem mais condições de auxiliar as pessoas em momentos de dificuldade, além dos casos de desordem, violência e delito, e podem construir laços de confiança que lhes permitirão receber as informações de que precisam. Assim, essa proximidade policial constitui-se de6: 1.1 RESPONSABILIDADE TERRITORIAL 1.1.1 Conceituação Responsabilidade sobre o espaço geográfico onde o policial atua, com seu contexto social, variáveis e fatores. O policial deve criar condições favoráveis e aproveitar oportunidades para a aproximação com a comunidade. No planejamento, execução, comando e controle das atividades operacionais, a lógica de responsabilidade territorial deve prevalecer sobre a lógica temporal, que foca apenas o período de serviço. 1.1.2 Setorização Entre as ações do Programa Ronda no Bairro, o redimensionamento do território de responsabilidade e atuação, bem como a distribuição e localizações das suas unidades policiais atenderão ao cumprimento de suas missões universais, em consonância com os planejamentos específicos. As disposições dessas unidades, alcançadas pelo Programa Ronda no Bairro, serão apreciadas consoante os seguintes fatores: 6 UNISUL. Teoria de Polícia Comunitária. Curso de Especialização em Polícia Comunitária. Florianópolis: Unisul, 2010. 17 a. Características geográficas e socioeconômicas por subárea ou setor; b. Índice de Desenvolvimento Humano por subárea ou setor; c. Evolução demográfica por subárea ou setor: - População fixa; e - População flutuante. d. Extensão territorial da subárea ou setor; e. Estabelecimentos (comerciais, escolares, hospitalares etc.); f. Índices de criminalidade por subárea ou setor; g. Registros de atendimento de ocorrências por subárea ou setor; h. Índices de acidentes de trânsito; i. População carcerária (egressos e vínculos); e j. Informações sobre organizações do terceiro setor existentes na subárea ou setor. No policiamento comunitário, o policiamento por setores apresenta-se com uma evolução para uma Polícia Comunitária, na qual o setor de policiamento passa a ser a célula de referência na produção dos serviços de segurança pública. As áreas, subáreas, setores e subsetores serão previamente delimitados de acordo com as características socioeconômicas e culturais e também pela especificidade local dos problemas de criminalidade e violência, sendo designados pelos gestores de DP e CICOM, respectivos executores das ações de policiamento preventivo, envolvendo as várias formas de policiar, prevenindo a desordem, a violência e o crime, assim como a investigação de delitos. 1.1.3 Divisão territorial 1.1.3.1 Área Corresponde à mesma delimitação geográfica de uma Zona Administrativa (Z Adm.) da Capital (Norte, Sul, Leste, Oeste, Centro-Sul e Centro-Oeste), considerando a divisão do território de Manaus em 06 (seis) zonas administrativas, adotadas pelos órgãos públicos estaduais. 18 1.1.3.2 Subáreas Consiste em um espaço geográfico equivalente, em regra, a um ou conjunto de bairros, obedecendo, obrigatoriamente, à delimitação de cada zona administrativa. 1.1.3.3 Setor Corresponde às divisões de uma subárea. Cada setor corresponde, em regra, a divisão de uma subárea e, em razão de critérios específicos de geoprocessamento, a sua equivalência a um bairro não se aplicará a todos os setores no Programa Ronda no Bairro. 1.1.3.4 Subsetor Corresponde às divisões de um setor. 1.2 DESCONCENTRAÇÃO ORGANIZACIONAL E DESCENTRALIZAÇÃO DO PLANEJAMENTO Consiste em incrementar uma mudança na estruturação e organização da Corporação, de maneira a agregar ao modelo existente as especificidades e capacidades necessárias à melhoria da atuação policial. Essa mudança visa à adaptação da organização, suas instalações, meios, recursos e procedimentos, para atender às demandas atuais. 1.2.1 Capital Comando de Policiamento Metropolitano (CPM/PMAM) e Departamento de Polícia Metropolitana (DPM/PCAM). 1.2.2 Área Comando de Policiamento de Área (CPA/PMAM) e Seccional (PCAM). 1.2.3 Subárea O Distrito Integrado de Polícia – DIP é a instalação física que sedia uma Companhia Interativa Comunitária (CICOM) e um Distrito Policial (DP), de forma integrada. Possuem a competência pela gestão e execução do policiamento ostensivo preventivo e investigativo na subárea, incidindo sua responsabilidade sobre o planejamento participativo, organização, coordenação, comando e controle operacional e administrativo das atividades de policiamento, meios e recursos na subárea, setor e subsetor. Compete aos gestores de subárea, juntamente com sua equipe e comunidade, elaborar o planejamento mensal, estabelecendo metas e formas de redução dos índices de 19 criminalidade e resolução de problemas, que deverão ser levadas aos gestores da Seccional e do CPA para serem discutidas e avaliadas com a comunidade. 1.2.4 Setor O policiamento do setor e do subsetor será de responsabilidade direta do Grupo de Policiamento Interativo Comunitário (GPI). Este equivale a um Grupo Policial Militar – GPM (+), porém, com aquela designação para fins de emprego no Programa Ronda no Bairro. Quando considerada imprescindível, por razão tática ou operacional, poderá ser instalada no setor ou grupo de setores uma BPI, fixa ou móvel. Compete ao comandante do GPI do setor, juntamente com sua equipe e comunidade, elaborar o planejamento mensal, propondo metas e formas de redução dos índices de criminalidade e resolução de problemas, que deverão ser levadas aos gestores do DIP para serem discutidas e avaliadas com a comunidade. 1.2.5 Subsetor O subsetor consistirá na circunscrição básica de gestão operacional. 1.3 POLÍCIA DE PROXIMIDADE Estágio imprescindível da evolução institucional para a filosofia de polícia comunitária, em que todas as forças da comunidade se reunirão para identificar, priorizar ações e agir sobre as causas da desordem, da violência e dos crimes. 20 Pode ser entendido como um caminho percorrido para uma parceria entre a polícia e a população, através do qual se busca uma conscientização popular acerca da responsabilidadesocial dos cidadãos, bem como do comprometimento mútuo na solução dos problemas e melhoria da qualidade de vida da comunidade. Para percorrer esse caminho/processo de proximidade faz-se necessário que a Corporação, através de seus policiais (caracterização, postura, conduta e procedimentos), instalações, viaturas e equipamentos, corresponda à comunidade em três pontos básicos: a. Visibilidade – a Polícia deve instituir-se como referência e disponibilidade para a comunidade, podendo esta enxergá-la; b. Fácil acesso – a Polícia deve se caracterizar por estímulo visual atraente e agradável, de alcance simples; e c. Resposta imediata e adequada – a Polícia deve ter capacidade para dar a comunidade, imediatamente, uma resposta adequada à solução do problema, ou indicar/encaminhar à sua resolução. Na proximidade o relacionamento interpessoal policial/cidadão deve ocorrer em um clima de receptividade, boa vontade, sem tensões e conflitos. A polícia de proximidade não é exclusividade de um único órgão de Polícia. É um imperativo de qualidade na prestação do serviço da função segurança do Estado. Sendo a Polícia parte integrante do sistema de defesa social, submete-se: a. A existência de uma filosofia geral mínima, aceita e aplicada pelas corporações que compõe o sistema de defesa social; e b. A cooperação efetiva entre policiais e membros dessas instituições no trato do problema da delinquência. A Polícia deve estar a serviço da comunidade, sendo a sua razão de existir garantir 21 ao cidadão o exercício livre e pacífico dos direitos que a lei lhe reconhece. Isso implica em: a. Uma adaptação dos serviços policiais às necessidades reais da comunidade; b. A ausência de qualquer tipo de ingerência política nas atuações policiais; e c. A colaboração do público no fornecimento de insumos para o exercício da atividade policial. A Polícia deve ser, nas suas estruturas básicas e em seu funcionamento, um serviço democrático, que pressupõe: a. A civilidade no atendimento à comunidade; b. O respeito irrestrito aos direitos fundamentais do cidadão; c. A participação de todos os integrantes do serviço e do conjunto da população na elaboração das ações de segurança nas comunidades; e d. A aceitação da obrigação de prestar contas, periodicamente, das suas atividades. 1.4 SISTEMA DE MALHAS 1.4.1 Primeira Malha O desenvolvimento das ações e atividades de 1ª Malha é de competência dos Distritos Integrados de Polícia – DIP, integração do Distrito Policial com a Companhia de Policiamento Interativo Comunitário - CICOM, os quais realizarão as atividades de prevenção, de acordo com a filosofia e estratégia de Polícia Comunitária. Para isso, terão seu foco de atuação na desordem e nas causas de violência e delito, reprimindo, também, as condutas ofensivas à comunidade em prazo razoável para o atendimento das demandas. 1.4.2 Segunda Malha A 2ª Malha será composta por Seccionais e CPA, responsáveis pela coordenação e controle dos DIP das respectivas áreas de atribuição. 22 São, também, responsáveis pelo suporte tático-operacional aos DIP, empregando os recursos humanos e materiais necessários à prevenção e repressão, em nível tático, à prática de delitos de maior vulto, em áreas de manchas criminais e de elevado potencial de criminalidade. Isto, enquanto a situação não se configure em necessidade de emprego da 3ª Malha. 1.4.3 Terceira Malha A 3ª Malha será formada pelas unidades e grupos especializados da PMAM e PCAM, visando-se a integração destes com o propósito de realizar a repressão qualificada ao crime, desobrigando, com isso, as unidades policiais de 1ª e 2ª malhas de saírem de sua competência e atuação primordial. 2. INTEGRAÇÃO No Programa Ronda no Bairro a integração consiste em um diferencial característico da estratégia de Polícia adotada, próprio do Estado do Amazonas. Além de traduzir-se na consolidação teórico-prática dos avanços obtidos na parceria entre a PMAM e PCAM, o modelo de polícia integrada do Amazonas deve ser considerado um fator crítico de sucesso para a implementação das ações do Programa Ronda no Bairro. O fundamento da integração policial se encontra na Constituição Federal de 1988, em seu art. 144 e parágrafos. Nisto conhecemos a razão pela qual o Estado exerce a Segurança Pública, com a responsabilidade compartilhada com todos: “Preservação da ordem pública e da incolumidade das pessoas e do patrimônio”. A Carta Magna preconiza nos incisos de I a V, e §§ 1º a 5º, os órgãos pelos quais será desenvolvido esse dever do Estado, formando um sistema com funções específicas, mas com um resultado global desejado e esperado “por todos”. 23 A integração da PMAM e PCAM está focada na inter-relação destas instituições policiais, destas com outros órgãos do Sistema de Segurança Pública e outros fora do sistema, e na interdependência da segurança preventiva, complexa e com a persecução penal, oferecendo à sociedade uma solução integral em segurança pública. Concomitantemente, esse foco se volta ao desenvolvimento do trabalho policial de forma integrada, visando à concretização de um processo de construção e ajustes de um sistema de segurança pública completo, eficiente e eficaz, resultando em motivação e elevação da autoestima dos servidores, melhoria da imagem institucional e benefícios à população. 24 Porém, esse sistema não está pronto, deve ser construído e ajustado, na medida em que os seus órgãos e integrantes se desenvolvem, modernizam e amadurecem, assimilando práticas atuais e compatíveis com a ordem social e o ordenamento jurídico estabelecidos no País. Assim, as instituições policiais e seus integrantes deverão ter seus novos olhares e atitudes voltados para uma estrutura eficaz, resolução de problemas junto à comunidade, complementariedade das suas atuações e fortalecimento mútuo de suas organizações, integrando: a. Inteligência; b. Estrutura e logística; c. Capacitação; d. Rotina de trabalho; e e. Esforços, compreendendo ações e operações. 2.2 INTEGRAÇÃO DA INTELIGÊNCIA O compartilhamento de informes e informações deve ser constante entre as polícias. Os comandantes e delegados devem estimular o contato diário de praças e investigadores para que se tornem parceiros de fato e o intercâmbio de informações flua também de maneira informal, não somente através de documentos e reuniões pré-estabelecidas. As trocas de informações não devem se limitar ao âmbito policial. Para isso o Sistema Integrado de Segurança Pública (SISP) está sendo criado. O SISP é um sistema concebido para proporcionar a integração e a modernização tecnológica das bases de informações existentes nas organizações policiais. Trata-se da criação de um único 25 sistema de informações, que buscará o compartilhamento e junção dos dados produzidos pelas Polícias Civil e Militar, Ministério Público, Poder Judiciário e Sistema Prisional. O SISP está sendo idealizado como um sistema modular, integrado, que permitirá a gestão das informações relacionadas às ocorrências policiais, à investigação policial, ao processo judicial e à execução penal, respeitadas as atribuições legais dos órgãos que o compõem. 2.3 INTEGRAÇÃO DA CAPACITAÇÃO POLICIAL Os comandantes e delegados deverão incentivar a capacitação integrada dos policiais civis e militares, buscando: 1) sensibilização dos policiais para o processo de integração das organizações policiais; 2) disseminação de novas técnicas policiais contidas nos principais projetos de integração; 3) aproximação dos policiais civis e militares; 4) disseminação de instrumentos através dos quais os servidores de todo o sistema de Segurança consigam refletir criticamente sobre este sistema. A intenção é promover uma educação profissional adequada, atualizada, abrangente e contínua que contribua efetivamentepara a integração e articulação das ações das organizações policiais. Uma das formas de se promover a qualificação dos integrantes das polícias deverá ocorrer em nível de CPA/Seccional e DIP, onde os gestores realizarão um intercâmbio de conhecimentos e experiências entre as polícias, logo, comandantes e delegados devem criar oportunidades de aprendizado, ministrando instruções em ambas as unidades. Deve-se ressaltar que o processo de implantação dessas modalidades de ensino profissional integrado encontra-se embasado nos princípios da Matriz Curricular Nacional, documento elaborado pela Senasp, que contém os desdobramentos do Plano Nacional de Segurança Pública na área do ensino policial. 26 2.4 ROTINA DE TRABALHO INTEGRADO 2.4.1 Atividades A rotina de trabalho integrado prevista no Programa Ronda no Bairro compreende a elaboração de diagnóstico da criminalidade, o compartilhamento de informações criminais e dados estatísticos, a avaliação de desempenho das unidades, a fixação de metas e o planejamento conjunto de ações. Para execução dessa rotina, serão realizadas reuniões conjuntas na seguinte conformidade: a. Os Delegados Titulares de Delegacias de Polícia (DP) e os Comandantes de Companhia Interativa Comunitária (CICOM) deverão: 1) fazer, mensalmente, reuniões de trabalho com suas respectivas equipes, visando à análise da criminalidade do DIP, a integração da equipe e coleta de subsídios para a reunião prevista na alínea “b”. Para as reuniões na DP deverá ser convidado a participar o Comandante da respectiva CICOM, e para as reuniões na CICOM deverá ser convidado o Delegado Titular da DP correspondente. b. O Delegado Titular de DP e o Comandante de CICOM deverão: 1) Reunir-se bimestralmente, até o 10º dia útil dos meses ímpares para: a) analisar a situação da criminalidade na área comum; b) avaliar as metas fixadas a as ações desenvolvidas no período anterior; c) compartilhar informações criminais e dados estatísticos; d) fixar metas para o bimestre em curso; e) acordar metas com o Delegado Titular da Seccional e Comandante de Comando de Policiamento de Área (CPA), seguindo as metas gerais estabelecidas pelas Corporações e pela Secretaria de Estado da Segurança Pública; e f) traçar plano conjunto de ação, elaborando uma Planilha de Diagnóstico e Planejamento, que deverá ser enviada a Seccional e ao CPA, até o 15º dia útil dos meses ímpares, em duas vias. c. O Delegado Titular da Seccional e o Comandante do CPA da área correspondente deverão: 1) Reunir-se bimestralmente, nos meses ímpares para: a) elaborar relatório (Quadro Global de Área), no qual deverão analisar a situação da criminalidade da Zona Administrativa por modalidade criminal, bem como, avaliar as metas 27 estabelecidas e os resultados operacionais, encaminhando-os ao Delegado Chefe do Departamento de Policiamento Metropolitano (DPM) e ao Cel PM Comandante do Comando de Policiamento Metropolitano (CPM), até o 20º dia útil dos meses ímpares; e b) fazer análise crítica das Planilhas de Diagnóstico e Planejamento apresentadas pelos DIP subordinados, devolvendo devidamente analisadas, para conhecimento e providências. 2) Reunir-se na sequência, com os Delegados Titulares de Delegacias e Comandantes de CICOM subordinados para: a) analisar as ações realizadas na área de cada DIP, verificando a pertinência destas com os problemas identificados; b) avaliar resultados alcançados; c) acordar metas para o bimestre em curso; e d) promover o intercâmbio de experiências bem sucedidas. d. Os Delegados Chefes do DPM e do Departamento de Policiamento do Interior (DPI) e os Coronéis Comandantes do CPM e do Comando de Policiamento do Interior, deverão: 1) Reunir-se bimestralmente, até 25º dia útil dos meses ímpares, para: a) avaliar as tendências dos principais índices de criminalidade nas regiões; e b) analisar os relatórios apresentados pelos Delegados Titulares das Seccionais e Comandantes de CPA, encaminhando-os até o 28º dia útil dos meses ímpares à secretaria de Estado de Segurança Pública, pelas vias hierárquicas. 2) Reunir-se na sequência, com os Delegados Titulares de Seccionais e Comandantes de CPA, subordinados, para: a) analisar as ações realizadas pelas unidades subordinadas; b) avaliar resultados alcançados; c) avaliar os impactos das ações praticadas na Capital sobre a Região Metropolitana de Manaus (RMM) e municípios do Interior; e d) promover o intercâmbio de experiências bem sucedidas. 2.4.2 Períodos das reuniões a. As datas das reuniões deverão ser agendadas previamente, por um período não superior a seis meses, e comunicadas à Secretaria de Estado de Segurança Pública, pelas vias hierárquicas; b. Os Delegados Titulares das Seccionais e os Comandantes de CPA poderão autorizar o agrupamento de DIP limítrofes, dentro de sua respectiva área de 28 atuação, para a realização das reuniões e consequentes procedimentos, de acordo com a alínea “b”, do item “2.1.1 Atividades”; 2.4.3 Local das reuniões As reuniões deverão ocorrer alternadamente nas unidades da Polícia Civil e da Polícia Militar, ficando o respectivo anfitrião responsável por secretariá-las. 2.5. AÇÕES E OPERAÇÕES INTEGRADAS Sabe-se que o ciclo completo de polícia só existe com o trabalho das duas polícias (Polícia Civil e Polícia Militar). Logo, a integração entre as polícias deve ser um objetivo constante para o Sistema de Segurança Pública. Além da troca de informações colhidas através de suas inteligências, visitas comunitárias e visitas solidárias, as ações e operações devem ser integradas, reunindo esforços na prevenção e repressão qualificada do delito. 2.5.1 Ações integradas no combate ao tráfico de drogas Quando a Polícia Militar tomar conhecimento de uma área de tráfico de drogas (Boca de Fumo), esta deverá repassar a informação imediatamente à Polícia Civil, que deverá fazer a investigação. Contudo, nem sempre a investigação é imediata, logo, cabe à polícia militar minimizar o problema através de incursões fazendo revista em suspeitos, e presença constante nestas localidades, visando à prisão em flagrante do traficante ou impedir a venda no local, trazendo segurança à comunidade. Cabe ressaltar que o policial militar não fará investigação para estas ações. As informações necessárias para as incursões já estarão contidas na ordem de serviço ou de operações. Nas investigações da Polícia Civil, a Polícia Militar atua como suporte, preservando a integridade dos policiais civis. Para isso, deve haver comunicação entre as polícias para qualquer apoio imediato. Sabe-se que muitas vezes a prisão ocorre na flagrância, logo uma equipe policial militar deve sempre estar atrelada a uma equipe de investigação para apoio mútuo nas prisões. Quando uma área de tráfico for desarticulada, sempre que possível o comandante da unidade deve escalar no local policiamento permanente, visando à manutenção do estado antidelitual até que aquela área deixe de ser referência para usuários de drogas. 29 Esta ação mostra-se bastante eficaz, pois inviabiliza o surgimento de novos traficantes na localidade. 2.5.2 Operações integradas Nas reuniões integradas, comandantes e delegadas devem estabelecer as prioridades de suas áreas e desencadear operações visando redução dos problemas mais evidenciados na comunidade. Caso exista problema em casas de show e bares, as operações devem ser articuladas com os órgãos responsáveis para fiscalização destes estabelecimentos. A operação de fiscalização será executada em comboio, integrando a ele a Polícia Militar, Polícia Civil e outros órgãos demandados. Segue abaixo um comboio ilustrando uma operação desta natureza. Nas operações para o enfrentamento ao tráfico de drogas e o porte ilegal de arma de fogo, o planejamento deve ser detalhado, utilizando as visitas comunitárias