Buscar

Tipos de Famílias e Aspectos Legais

Prévia do material em texto

ESTATUTO DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE
Por Bruna Daronch
Sumário
1. INTRODUÇÃO: A FAMÍLIA CONSTITUCIONALIZADA	4
2. TIPOS E MODALIDADES DAS FAMÍLIAS	6
2.1. Matrimonial	6
2.2. Informal	7
2.3. Homoafetiva	8
2.4. Paralelas ou Simultâneas X Poliafetivas	10
2.5. Monoparental e Parental ou Anaparental	11
2.6. Composta/Pluriparental/Mosaico/Binuclear/Ensambladas	12
2.7. Eudemonista	12
3. ASPECTOS GERAIS DA COLOCAÇÃO EM FAMÍLIA SUBSTITUTA	13
3.1 GUARDA:	19
3.2 TUTELA:	21
3.3 ADOÇÃO:	21
3.3.1 Principais características da adoção:	22
1)	Excepcionalidade da medida:	22
2)	Vínculos decorrentes da adoção:	22
3)	Natureza jurídica:	23
4)	Idades do adotante e do adotado:	23
5)	Judicialização da adoção:	23
6)	Prioridade na tramitação dos processos de adoção:	24
7)	Prevalência dos interesses do adotando:	24
8)	Prazo de conclusão do processo de adoção:	24
3.3.2. Requisitos da adoção:	25
I)	Consentimento dos pais ou destituição do poder familiar:	25
II)	Consentimento do adolescente:	28
III)	Estágio de convivência:	28
3.3.3 Classificação da adoção:	31
3.3.4 Cadastros:	36
3.3.5. Efeitos da sentença de adoção	40
4. APADRINHAMENTO	42
5. AÇÃO DE PERDA OU SUSPENSÃO DO PODER FAMILIAR	44
6. PROCEDIMENTO DE COLOCAÇÃO EM FAMÍLIA SUBSTITUTA POR JURISDIÇÃO VOLUNTÁRIA (SEM CONTRADITÓRIO)	47
7. DISPOSITIVOS PARA CICLOS DE LEGISLAÇÃO	47
8. BIBLIOGRAFIA UTILIZADA	48
ATUALIZADO EM 25/11/2022[footnoteRef:1] [1: As FUCS são constantemente atualizadas e aperfeiçoadas pela nossa equipe. Por isso, mantemos um canal aberto de diálogo (setordematerialciclos@gmail.com) com os alunos da #famíliaciclos, onde críticas, sugestões e equívocos, porventura identificados no material, são muito bem-vindos. Obs1. Solicitamos que o e-mail enviado contenha o título do material e o número da página para melhor identificação do assunto tratado. Obs2. O canal não se destina a tirar dúvidas jurídicas acerca do conteúdo abordado nos materiais, mas tão somente para que o aluno reporte à equipe quaisquer dos eventos anteriormente citados. ] 
ESTATUTO DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE
#RECADINHODACOACH: Alun@s do Ciclosr3, os primeiros tópicos dessa FUC (introdução e tipos/modalidades de família) se refere a uma boa introdução ao tema de família substitutas (além de revisão de uma parte interessante de Direito de Família). Se você já domina a matéria, aconselho a ir diretamente ao “tópico 3” sobre as modalidades de família substituta, certo? Bons estudos!
1. INTRODUÇÃO: A FAMÍLIA CONSTITUCIONALIZADA
Sempre que se pensa em família ainda vem à mente o modelão: homem e mulher unidos pelo casório com o dever de gerar os filhos e filhas. No entanto, a realidade mudou! O certo é que a convivência com famílias recompostas, monoparentais, homoafetivas permite reconhecer que seu conceito se pluralizou. 
E tal aspecto é importante para se estudar as modalidades de família substituta. 
As mudanças das estruturas políticas, econômicas e sociais produziram reflexões jurídico-familiares. Ainda que continue a família a ser essencial para a própria existência da sociedade e do Estado, houve uma completa reformulação de seu conceito.
	· PLURALISMO
	· SOLIDARISMO
	· DEMOCRACIA
	· IGUALDADE
	· LIBERDADE
	· HUMANISMO
A família, portanto, adquiriu função instrumental para a melhor realização dos interesses afetivos e existenciais de seus componentes.
O Constituinte Originário consagrou, como dogma fundamental, antecedendo a todos os princípios, a dignidade da pessoa humana (CF, 1º, III), impedindo assim a superposição de qualquer instituição à tutela de seus integrantes.
Desse modo, a CF/88 viu a necessidade de reconhecer a existência de outras entidades familiares, além das constituídas através do casamento:
	UNIÃO ESTÁVEL
	FAMÍLIA MONOPARENTAL
	Art. 226, §3º, CF/88
	Art. 226, §4º, CF/88
No entanto, essa extensão do conceito de família trazida pelos dispositivos constitucionais acima é meramente exemplificativa, não se limitando apenas a esses dois tipos a mais de família.
O STF, inclusive, já assegurou[footnoteRef:2] com caráter vinculante e eficácia erga omnes, que as uniões homoafetivas são uma entidade familiar, restando assegurado o acesso ao casamento, inclusive. [2: STF, ADI 4.277 e ADPF 132, Rel. Min. Ayres Brito, j. 05/05/2011] 
A tríade casamento, sexo e procriação não pode mais ser paradigma para a constituição de uma família. O elemento distintivo da família, que a coloca sob o manto da juridicidade, atualmente, é a presença de um VÍNCULO AFETIVO.
Desse modo, a presença desse vínculo afetivo é o que caracteriza hoje a família, servindo para unir as pessoas com identidade de projetos de vida e propósitos comuns, gerando comprometimento mútuo.
Ainda, a mudança da sociedade e a evolução dos costumes levaram a uma verdadeira reconfiguração, quer da conjugalidade, quer da parentalidade. Assim, expressões como família marginal, ilegítima, espúria, impura, adulterina, informal, não mais servem, pois trazem um ranço discriminatório e estão banidas do vocabulário jurídico.
O novo modelo da família, portanto, funda-se sobre os pilares da repersonalização, da afetividade, da pluralidade e do eudemonismo, impingindo nova roupagem axiológica ao direito das famílias. Agora, a tônica reside no indivíduo, e não mais nos bens ou coisas que guarnecem a relação familiar. A família-instituição foi substituída pela família-instrumento, ou seja, ela existe e contribui tanto para o desenvolvimento da personalidade de seus integrantes como para o crescimento e formação da própria sociedade, justificando, com isso, a sua proteção pelo Estado.
#OLHAOGANCHO Crise entre os dois modelos de família: Modelo Tradicional x Modelo Contemporâneo
• Modelo Tradicional de Família (família estatal): O CC/16 nasceu no Estado liberal, onde só havia uma forma de constituição de família, o casamento. Até a promulgação da CF/88, persistiu o casamento como única forma de constituição de família, por isso o ramo do direito é/era chamado de Direito de Família (no singular). Sem o casamento, o tratamento da filiação era diferente: não havia regime de bens, não havia direito a alimentos nem de acrescentar o nome dos pais, etc. A família constituída pelo casamento era denominada de Família Matrimonializada (#DEOLHONOSTERMOS), ou seja, família surgida do matrimônio. Tal família era considerada estatal porque somente se aperfeiçoava quando uma autoridade revestida de Poder Público (representando o Estado) proferia a fórmula sacramental, que criava o laço matrimonial. Sem a intervenção do Estado não haveria a constituição de família. A União Estável era inconcebível antes da CF/88. Não era reconhecida a potencialidade afetiva e amorosa das pessoas, violando sua dignidade. Com a edição da CF/88, tal situação se modificou! Em uma Constituição que tem como base a Dignidade Humana, deve ser reconhecido e admitido as várias modalidades de constituição de uma família.
• Modelo Contemporâneo de Família (família social): a partir da CF/88, a família deixa de ser um modelo “pré-fabricado” e passa a ser calcada numa relação afetiva que une as pessoas. Priorização do vínculo afetivo que une as pessoas.
2. TIPOS E MODALIDADES DAS FAMÍLIAS
2.1. Matrimonial
Em suma, este tipo de família é aquele advindo do casamento.
A previsão constitucional desta espécie de família está no art. 226, §§1º e 2º.[footnoteRef:3] O CC/02, por sua vez, traz a previsão nos artigos 1.511 a 1.516.[footnoteRef:4] [3: Art. 226. A família, base da sociedade, tem especial proteção do Estado. 
§ 1º O casamento é civil e gratuita a celebração. 
§ 2º O casamento religioso tem efeito civil, nos termos da lei. 
] [4: Art. 1.511. O casamento estabelece comunhão plena de vida, com base na igualdade de direitos e deveres dos cônjuges. 
Art. 1.512. O casamento é civil e gratuita a sua celebração.
Parágrafo único. A habilitação para o casamento, o registro e a primeira certidão serão isentos de selos, emolumentos e custas, para as pessoas cuja pobreza for declarada, sob as penas da lei.
Art. 1.513. É defeso a qualquer pessoa, de direitopúblico ou privado, interferir na comunhão de vida instituída pela família.
Art. 1.514. O casamento se realiza no momento em que o homem e a mulher manifestam, perante o juiz, a sua vontade de estabelecer vínculo conjugal, e o juiz os declara casados.
Art. 1.515. O casamento religioso, que atender às exigências da lei para a validade do casamento civil, equipara-se a este, desde que registrado no registro próprio, produzindo efeitos a partir da data de sua celebração.
Art. 1.516. O registro do casamento religioso submete-se aos mesmos requisitos exigidos para o casamento civil.
§ 1o O registro civil do casamento religioso deverá ser promovido dentro de noventa dias de sua realização, mediante comunicação do celebrante ao ofício competente, ou por iniciativa de qualquer interessado, desde que haja sido homologada previamente a habilitação regulada neste Código. Após o referido prazo, o registro dependerá de nova habilitação.
§ 2o O casamento religioso, celebrado sem as formalidades exigidas neste Código, terá efeitos civis se, a requerimento do casal, for registrado, a qualquer tempo, no registro civil, mediante prévia habilitação perante a autoridade competente e observado o prazo do art. 1.532.
§ 3o Será nulo o registro civil do casamento religioso se, antes dele, qualquer dos consorciados houver contraído com outrem casamento civil.] 
Nada de novo por aqui, ok? No Brasil, o CC/16 solenizou o casamento como instituição e o regulamentou exaustivamente. O legislador naquela época reproduziu o perfil da família então existente: matrimonializada, patriarcal, hierarquizada, patrimonializada e heterossexual. #BORING, hein? Tão século passado!
De início, o interesse estatal na manutenção do casamento levou à consagração de sua indissolubilidade e à obrigatória identificação pelo nome do varão. O regime oficial era o da comunhão universal de bens. O casamento não podia ser desconstituído, apenas anulado por erro essencial quanto à identidade ou à personalidade do cônjuge.
Fora isso, o rompimento do casamento só podia ser através do desquite[footnoteRef:5]. [5: Lembre-se que o desquite não dissolvia o vínculo matrimonial, restando os cônjuges numa situação sui generis. Não eram mais casados, cessavam os deveres matrimoniais, mas eles não podiam casar novamente.] 
Só em 1977, com a Lei do Divórcio, foi consagrada finalmente a dissolução do vínculo matrimonial, mudando também o regime legal de bens para o da comunhão parcial, tornando também facultativa a adoção do nome do marido.
Ainda assim, até 1988 (CF/88), o casamento era a única forma admissível de formação da família.
2.2. Informal
Antes da CF/88, a lei emprestava juridicidade apenas à família constituída pelo casamento, vedando quaisquer direitos às relações nominadas de adulterinas ou concubinárias. 
Até a filiação, por sua vez, estava condicionada ao estado civil dos pais, só merecendo reconhecimento os filhos nascidos dentro do casamento.
Foi assim que essas estruturas familiares diversas da matrimonial, ainda que rejeitadas pela lei até então, acabaram aceitas pela sociedade, fazendo com que a Constituição de 1988 as albergasse no conceito de entidade familiar, chamando-as de UNIÃO ESTÁVEL.[footnoteRef:6] [6: Art. 226. A família, base da sociedade, tem especial proteção do Estado.
§ 3º Para efeito da proteção do Estado, é reconhecida a união estável entre o homem e a mulher como entidade familiar, devendo a lei facilitar sua conversão em casamento.] 
Pós CF/88, surge o nosso atual CC/02 também dando juridicidade à união estável em diversos de seus dispositivos[footnoteRef:7]. [7: O CC/02 faz menção em diversos artigos à união estável. Configura alguns deles:
Art. 1.723. É reconhecida como entidade familiar a união estável entre o homem e a mulher, configurada na convivência pública, contínua e duradoura e estabelecida com o objetivo de constituição de família.
§ 1o A união estável não se constituirá se ocorrerem os impedimentos do art. 1.521; não se aplicando a incidência do inciso VI no caso de a pessoa casada se achar separada de fato ou judicialmente.
§ 2o As causas suspensivas do art. 1.523 não impedirão a caracterização da união estável.
Art. 1.724. As relações pessoais entre os companheiros obedecerão aos deveres de lealdade, respeito e assistência, e de guarda, sustento e educação dos filhos. 
Art. 1.725. Na união estável, salvo contrato escrito entre os companheiros, aplica-se às relações patrimoniais, no que couber, o regime da comunhão parcial de bens.
Art. 1.726. A união estável poderá converter-se em casamento, mediante pedido dos companheiros ao juiz e assento no Registro Civil.
Art. 1.727. As relações não eventuais entre o homem e a mulher, impedidos de casar, constituem concubinato.
] 
O CC/02, ao tratar da união estável impôs requisitos para o seu reconhecimento, gerando deveres e criando direitos aos conviventes. No mais, com o reconhecimento da união estável e sua juridicidade a partir desses dois diplomas (CF/88 + CC/02), tivemos as seguintes conquistas:
	ALIMENTOS
	REGIME DE BENS
	DIREITOS SUCESSÓRIOS
2.3. Homoafetiva
A CF/88, ao falar da união estável, pecou ao falar em “homem e mulher”. No entanto, o princípio da dignidade da pessoa humana (art. 1, III, CF/88) é princípio bastante para conferir juridicidade às famílias constituídas com base na relação do afeto, independente do sexo biológico. Este afeto, por sua vez, não é e nem pode ser regulado com base em normas de uma sociedade heteronormativa. 
Mas coach, o que é uma sociedade heteronormativa?
É uma sociedade regulada por normas editadas, em sua maioria, por legisladores heterossexuais, ou seja, são normas voltadas para o público heterossexual, que não garantem os direitos daqueles que se diferenciam da heterossexualidade, marginalizando, ignorando ou até perseguindo aqueles que possuem orientações sexuais diversas. O Brasil pode ser citado ainda como uma sociedade heteronormativa, infelizmente, mas que pouco a pouco vem mudando seus valores, revolucionando os direitos LGBT, que cada vez mais ganham espaço nas leis e na jurisprudência.
Inúmeras decisões judiciais[footnoteRef:8] começaram a atribuir, no Brasil, consequências jurídicas às relações homoafetivas, levando ao Supremo Tribunal Federal[footnoteRef:9] reconhecê-las como união estável, com iguais direitos e deveres. [8: Ver em www.direitohomoafetivo.com.br] [9: STF, ADI 4.277 e ADPF 132, Rel. Min. Ayres Brito, j. 05/05/2011.
INTERPRETAÇÃO DO ART. 1.723 DO CÓDIGO CIVIL EM CONFORMIDADE COM A CONSTITUIÇÃO FEDERAL (TÉCNICA DA “INTERPRETAÇÃO CONFORME”). RECONHECIMENTO DA UNIÃO HOMOAFETIVA COMO FAMÍLIA. PROCEDÊNCIA DAS AÇÕES. Ante a possibilidade de interpretação em sentido preconceituoso ou discriminatório do art. 1.723 do Código Civil, não resolúvel à luz dele próprio, faz-se necessária a utilização da técnica de “interpretação conforme à Constituição”. Isso para excluir do dispositivo em causa qualquer significado que impeça o reconhecimento da união contínua, pública e duradoura entre pessoas do mesmo sexo como família. Reconhecimento que é de ser feito segundo as mesmas regras e com as mesmas consequências da união estável heteroafetiva.] 
#OLHAOGANCHO: Mutação Constitucional
É o poder constituinte de fato (difuso/informal #DEOLHONOSSINÔNIMOS) de alterar a constituição, sem modificação de seu texto, mas apenas a forma de interpretá-la, que não é de competência exclusiva apenas do STF, mas sim de todos os Poderes (#SELIGA o Legislativo e o Executivo também podem realizar uma mutação constitucional, seja por lei ou por ato administrativo ou um decreto, por exemplo). Na maioria das vezes, a mutação constitucional ocorre em razão de mudanças ocorridas no seio da sociedade, de âmbito social, político, valores, etc. E a equiparação das relações heterossexuais e homossexuais, seja em relação aos efeitos jurídicos que elas geram, seja em relação à permissão de casamento, nada mais é do que um exemplo de mutação constitucional.
#CUIDADO A decisão do STF acerca da inaplicabilidade do art. 1790do Código Civil à sucessão dos companheiros e consequente equiparação da regra de sucessão prevista no art. 1829 CC tanto para cônjuge ou companheiro NÃO é exemplo de mutação constitucional, apesar de parecer! Nesse caso, STF decidiu pela inconstitucionalidade do art. 1790 CC, determinando a aplicação do art. 1829 CC para a sucessão de cônjuge ou companheiro. #CASCADEBANANA #OLHAAPEGADINHAQUEVOCÊSNÃOVÃOCAIR
Assim, a partir da decisão do STF, passou a justiça também a admitir a conversão da união homoafetiva em casamento.
De imediato, o Superior Tribunal de Justiça[footnoteRef:10] admitiu a habilitação para o casamento diretamente junto ao Registro Civil, sem ser preciso antes formalizar a união para depois transformá-la em casamento. [10: STJ, REsp, 1.183.378/RS, 4ª T., Rel. Min. Luis Felipe Salomão, j. 25/10/2011.] 
Depois disso tudo, veio o CNJ para arrebatar de vez! O Conselho Nacional de Justiça[footnoteRef:11] passou a proibir, então, que seja negado o acesso ao casamento e reconhecida a união homoafetiva como união estável. [11: Resolução 175/2013.] 
Para resumir essa evolução, #OLHAATEBELINHA:
	STF – maio 2011
	STJ – outubro 2011
	CNJ - 2013
	· Reconhecimento de união estável.
	· Reconhecimento do casamento
	· Obrigação aos cartórios para realização de registro de casamento e/ou união estável
#ATENÇÃO #DEOLHONAJURIS #AJUDAMARCINHO
É juridicamente possível o pedido de alimentos decorrente do rompimento de união estável homoafetiva. STJ, julgado em 3/3/2015 (Info 558).
2.4. Paralelas ou Simultâneas X Poliafetivas
Nessas duas modalidades de família, há dois ou mais relacionamentos simultâneos/paralelos. Tais relacionamentos possuem as seguintes características:
· Ostensividade;
· Publicidade;
· Notoriedade.
A grande diferença entre elas se dá pelo fato de que nas Famílias Poliafetivas há de fato um consentimento entre todos os participantes e, em muitos casos, moram todos sob o mesmo teto. Por outro lado, as uniões paralelas/simultâneas, não há bem um consentimento pelo companheiro (a)/cônjuge, mas sim quase sempre uma “traição”; um dos companheiros (as) ou cônjuges ou ambos não sabe da existência da relação paralela de seu parceiro.
Em caso de famílias paralelas, há decisões esparsas conferindo alguns direitos ao (à) amante, principalmente no caso de putatividade da união estável.[footnoteRef:12]Mas o entendimento pacífico até então dos tribunais superiores é no sentido de inadmitir relações paralelas, conferindo efeitos jurídicos apenas para a 1ª relação estabelecida. [12: Para saber mais, confira essas duas notícias nos seguintes endereços eletrônicos:
http://www.conjur.com.br/2015-abr-19/amante-40-anos-recebera-pensao-alimenticia-parceiro (Aqui o STJ reconheceu o dever do homem casado em pagar alimentos para sua amante);
http://www.migalhas.com.br/Quentes/17,MI254985,91041-Esposa+e+amante+terao+de+dividir+pensao+por+morte (Aqui, o TJ/MT conferiu direito à esposa e à amante para que dividam a pensão por morte do marido/amante falecido.] 
#DEOLHONAJURIS #DIZERODIREITO
*(Atualizado em 17/05/2021) A preexistência de casamento ou de união estável de um dos conviventes, ressalvada a exceção do artigo 1.723, § 1º, do Código Civil, impede o reconhecimento de novo vínculo referente ao mesmo período, inclusive para fins previdenciários, em virtude da consagração do dever de fidelidade e da monogamia pelo ordenamento jurídico-constitucional brasileiro.
STF. Plenário. RE 1045273, Rel. Min. Alexandre de Moraes, julgado em 18/12/2020 (Repercussão Geral – Tema 529) (Info 1003)
2.5. Monoparental e Parental ou Anaparental
A família monoparental é aquela formada por qualquer dos pais e seus descendentes. Subtrai-se, portanto, a conotação sexual do conceito de família. Aqui, vamos gravar o art. 226, §4º da CF/88.[footnoteRef:13] [13: § 4º Entende-se, também, como entidade familiar a comunidade formada por qualquer dos pais e seus descendentes.] 
Ainda, retirando a conotação sexual do conceito de família, temos as chamadas famílias Parentais/Anaparentais.
A maior diferença entre elas é a inexistência de verticalidade entre os membros (pais e filhos, por exemplo). Assim, a convivência entre parentes ou entre pessoas (ainda que não parentes) dentro de uma estruturação com identidade de propósito, impõe o reconhecimento da existência de entidade familiar. Como exemplo podemos indicar o seguinte: A convivência sob o mesmo teto, durante longos anos, de duas irmãs que conjugam esforços para a formação de acervo patrimonial.
#IMPORTANTE A doutrina defende, no exemplo acima, que na hipótese de falecimento de uma delas, descabe dividir os bens igualitariamente entre todos os irmãos, como herdeiros colaterais, em nome da ordem de vocação hereditária. Dessa forma, defende-se que, por conta da comunhão de esforços, deve-se aplicar, por analogia, as disposições que tratam do casamento e da união estável para o exemplo indicado acima. 
Defende-se, ainda, o registro de uma criança, no exemplo acima, como filho das duas irmãs, havendo, pois, uma maternidade compartilhada em que as duas exercem o poder familiar.
2.6. Composta/Pluriparental/Mosaico/Binuclear/Ensambladas[footnoteRef:14] [14: Ensambladas é nomenclatura usada na Argentina.] 
Assim, são famílias caracterizadas pela multiplicidade de vínculos, ambiguidade das funções dos novos casais e forte grau de interdependência. A especificidade dessa modalidade de família decorre da peculiar organização do núcleo, reconstruído por casais onde um ou ambos são egressos de casamentos ou uniões anteriores. Eles trazem para família seus filhos e, muitas vezes, têm filhos em comum.
A lei admite, inclusive, a adoção pelo companheiro do cônjuge do genitor, que recebe o nome de adoção unilateral (ECA, 41, §1º).
A jurisprudência[footnoteRef:15] começou também a atribuir encargos ao padrasto e à madrasta, reconhecendo ao filho do cônjuge ou companheiro o direito a alimentos, comprovada a existência de vínculo afetivo entre ambos, e que tenha ele assegurado sua mantença durante o período em que conviveu com o seu genitor, fundamentado no princípio da solidariedade. A Lei 11.924/2009, por sua vez, admite a possibilidade do enteado agregar o nome do padrasto. [15: ALIMENTOS À ENTEADA. POSSIBILIDADE. VÍNCULO SOCIOAFETIVO DEMONSTRADO. PARENTESCO POR AFINIDADE. FORTE DEPENDÊNCIA FINANCEIRA OBSERVADA. QUANTUM ARBITRADO COMPATÍVEL COM AS NECESSIDADES E AS POSSIBILIDADES DAS PARTES. Comprovado o vínculo socioafetivo e a forte dependência financeira entre padrasto e a menor, impõe-se a fixação de alimentos em prol do dever contido no art. 1.694 do Código Civil. Demonstrada a compatibilidade do montante arbitrado com a necessidade das Alimentadas e a possibilidade do Alimentante, em especial os sinais exteriores de riqueza em razão do elevado padrão de vida deste, não há que se falar em minoração da verba alimentar. DECISÃO MANTIDA. RECURSO IMPROVIDO. (TJSC, Agravo de Instrumento n. 2012.073740-3, de São José, rel. Des. João Batista Góes Ulysséa, j. 14-02-2013).] 
Existe também a chamada paternidade alimentar, na qual, baseada no Princípio da Paternidade Responsável (art. 226§7º CF), é possível que o filho adotado ou que já possua um pai socioafetivo pleiteie alimentos ao seu pai biológico, sem que isso signifique qualquer alteração na situação da filiação, permanecendo o pai biológico sem o poder familiar e sem registro como pai da criança na certidão de nascimento. O fato da criança ter sido adotada ou registrada por um pai socioafetivo não retira a responsabilidade do pai biológico de prestar alimentos em caso de necessidade do filho, sem que isso implique nenhum efeito jurídico sobre a situação de filiação já consolidada nem qualquer direito ao pai biológico, como direitos sucessórios.
2.7. Eudemonista
O eudemonismo é a doutrina, capitaneada por Maria Berenice, que enfatiza o sentido da busca pelo sujeito de sua felicidade, sendo a família a “mola propulsora” para cada membro da família potencializar a busca por uma vida digna e feliz.
A felicidade é o vetordeterminante aqui. Desse modo, a identificação da família pelo seu envolvimento afetivo faz surgir essa nova modalidade de família, que busca a felicidade individual vivendo um processo de emancipação de seus membros.
Após essa revisão sobre as modalidades de família, podemos adentrar ao tema principal: o estudo das modalidades de famílias substitutas.
3. ASPECTOS GERAIS DA COLOCAÇÃO EM FAMÍLIA SUBSTITUTA
Colocação em família substituta é, ao lado da temática do ato infracional e das medidas socioeducativas, o item mais demandado de Direito da Criança e do Adolescente em concursos públicos.
Então, vamos dar atenção especial ao tema!
Inicialmente, é preciso ressaltar que a criança ou adolescente deverá ser criada preferencialmente pela sua família natural, inclusive é dever do Poder Público dar o suporte necessário para as famílias em dificuldades sociais e financeiras para que os vínculos familiares sejam mantidos. A colocação em família substituta é hipótese extremamente excepcional.
O Estatuto da Criança e do Adolescente contempla três modalidades de família substituta: GUARDA, TUTELA e ADOÇÃO.
#SELIGANATABELA:
	MODALIDADES DE FAMÍLIA SUBSTITUTA
	GUARDA (Arts. 33 a 35)
	TUTELA (Arts. 36 a 38)
	ADOÇÃO (Arts. 39 a 52-D)
	Obriga a prestar assistência material, moral e educacional.
	Engloba o dever de guarda e de administração dos bens do tutelado.
	Forma vínculo familiar.
	Não implica perda ou suspensão do poder familiar, mas o guardião pode se opor aos pais.
	Demanda necessariamente a perda ou suspensão do poder familiar.
	É necessária a perda do poder familiar dos pais biológicos.
	Destinada a regularizar a posse de fato da criança ou do adolescente.
	Destinada ao amparo e à administração dos bens da criança ou adolescente em caso de falecimento dos pais, ausência ou perda do poder familiar.
	Objetiva a criação do vínculo de paternidade/maternidade entre pais-adotantes e filhos-adotados.
	Em regra, é deferida no curso dos processos de tutela e adoção, exceto na adoção estrangeira. Cabível também como pedido autônomo em caso de falta eventual de pais ou responsável.
	É possível a concessão de guarda no curso do processo de tutela.
	É possível a concessão de guarda no curso do processo de adoção. Em processo de adoção estrangeira, não é possível a concessão da guarda.
	Não é permitida para famílias estrangeiras.
	Não é permitida para famílias estrangeiras.
	É permitida para famílias estrangeiras
	STJ: inclui direitos previdenciários.
	Inclui direitos previdenciários, pois há previsão no art. 16, §3º, da lei 8213.
	Goza de plenos direitos previdenciários, pois é filho tal qual o biológico.
	Revogável.
	Revogável.
	Em regra, irrevogável.
	Não há mudança de nome da criança ou adolescente.
	Não há mudança de nome da criança ou adolescente.
	O adotado recebe o nome do adotante e pode mudar o prenome.
#CASCADEBANANA #DEOLHONAJURISPRUDÊNCIA: No caso de adoção unilateral, a irrevogabilidade prevista no art. 39, § 1º do Estatuto da Criança e do Adolescente pode ser flexibilizada no melhor interesse do adotando. Ex: filho adotado teve pouquíssimo contato com o pai adotivo e foi criado, na verdade, pela família de seu falecido pai biológico. STJ. 3ª Turma.REsp 1545959-SC, Rel. Min. Ricardo Villas Bôas Cueva, Rel. para acórdão Min. Nancy Andrighi, julgado em 6/6/2017 (Info 608).
Antes de ingressar propriamente no estudo da adoção, vamos ver alguns aspectos gerais trazidos pelo ECA em relação à colocação em família substituta:
	DIRETRIZES GERAIS DA COLOCAÇÃO EM FAMÍLIA SUBSTITUTA
	Oitiva da criança e do adolescente.
	-CRIANÇA OU ADOLESCENTE: será previamente ouvido por equipe interprofissional, sempre que possível.
-ADOLESCENTE: ouvido obrigatoriamente em audiência, sendo determinante o seu consentimento.[footnoteRef:16] [16: #OLHAAPEGADINHA #NÃOCAIANESSA: É comum que as questões tentarem confundir o candidato dizendo que a oitiva em audiência é obrigatória também da criança. Mas, o ECA trouxe a obrigatoriedade apenas para os adolescentes. Aqui também não houve qualquer diferenciação em relação a idade da criança, o que importa é se é CRIANÇA ou ADOLESCENTE. ] 
	Art. 28, §1° e §2°
	Preferência por família substituta com relação de parentesco.
	-Objetiva aumentar as chances de adaptação da criança ou do adolescente;
-Leva em conta o grau de parentesco e a relação de afinidade e afetividade.
	Art. 28, §3°.
	Grupo de irmãos.
	-REGRA: devem ser mantidos juntos, na mesma família substituta.
-EXCEÇÃO: separados, mas se devem buscar meios para evitar o rompimento do vínculo entre eles. 
	Art. 28, §4°.
	Criança ou adolescente indígena ou de origem quilombola.
	- Devem ser consideradas e respeitadas sua identidade social e cultural, os seus costumes e tradições, bem como suas instituições, desde que compatíveis com a CF.
- REGRA: prioritariamente a colocação em família substituta do seio de sua comunidade ou junto a membros da mesma etnia.
-Necessidade de participação no procedimento de órgãos federais de política indigenista e antropólogos no caso de quilombolas.[footnoteRef:17] [17: #ATENÇÃO Apesar do ECA falar em antropólogos no caso de crianças quilombolas, considerando que também existe um órgão federal especializado - a Fundação Cultural Palmares - o correto é a sua participação no feito. ] 
	Art. 28, §6°.
	Incompatibilidade e ambiente inadequado.
	- Não se deferirá colocação em família substituta a pessoa que revele, por qualquer modo, incompatibilidade com a natureza da medida ou não ofereça ambiente familiar adequado.
	Art. 29.
	Impossibilidade de transferência.
	-O múnus assumido com a colocação em família substituta não pode ser transferido a terceiros sem autorização judicial.
	Art. 30.
	Família substituta estrangeira.
	-Medida excepcional;
-Somente admissível na modalidade de adoção.
	Art. 31.
	Responsável
	- Prestará compromisso de bem e fielmente desempenhar o encargo, mediante termo nos autos.
	Art. 32.
Trata-se de uma medida de proteção (art. 101, IX), aplicada apenas pelo juiz, por meio de um procedimento específico (art. 165 e seguintes). Recomenda-se aos candidatos a leitura atenta e rigorosa de todo conteúdo normativo a respeito do tema, limitando-se os presentes comentários a destacar os pontos mais essenciais.
Compreender a lógica e memorizar a sequência de passos do chamado fluxo de proteção do direito à convivência familiar e comunitária, segundo o ECA:
a) crianças/adolescentes devem ser criados por pai ou mãe (família natural) e mantidos em sua companhia; 
b) caso eles encontrem dificuldades no exercício do poder familiar, devem receber apoio e orientação, permanecendo a criança/adolescente com os genitores;
c) não sendo possível a permanência, deve-se buscar na família extensa alguém para receber a criança/adolescente;
d) não identificado ou localizado o familiar extenso em condições, a criança/adolescente deve ser encaminhada(o) para serviço de acolhimento familiar;
e) não sendo possível, procede-se ao acolhimento institucional;
f) no curso do acolhimento, familiar ou institucional, trabalha-se o fortalecimento da família natural, visando a breve reintegração da criança/adolescente;
g) paralelamente, aprofundam-se as alternativas de colocação com família extensa de modo que, não sendo possível reintegração rápida com a família natural e, havendo disponibilidade, a criança/adolescente é entregue a alguém da família ampliada (tios, avós, primos, irmãos etc.);
h) esgotadas as possibilidades de reintegração para família natural e extensa e, presentes as condições legais, a criança/adolescente pode ser encaminhada(o) para adoção nacional; 
i) inexistindo pretendentes disponíveis para adoção nacional, abre-se a possibilidade de adoção internacional;
j) não sendo possível a reintegração para família natural ou extensa, nem tampouco a adoção, deve a criança/adolescente permanecer em serviço de acolhimento, que deverá prepará-lo para exercício da autonomia quando do desligamento;
k) durante esse período, deve ser estimulada a inclusão da criança/adolescente emalgum programa de apadrinhamento afetivo, se houver;
l) completados 18 anos, há possibilidade de, preenchidas as condições, ser o jovem incluído no serviço socioassistencial de acolhimento denominado República Jovem63, mas o caso deixará a Jurisdição da Vara da Infância e Juventude.
A leitura do ECA remete a dois sentidos distintos para a expressão “colocação em família substituta”. 
No art. 28, “a colocação em família substituta far-se-á sob a forma de guarda, tutela ou adoção”. Assim, quem está sob guarda ou tutela, está em família substituta, mesmo que tal guarda ou tutela seja exercida por membros da família natural (avós) ou família extensa (tios, primos, irmãos etc.).
Já no art. 92, II, integração em família substituta vem posta como a alternativa a ser adotada “quando esgotados os recursos de manutenção na família natural ou extensa”. Assim, aqui, família substituta parece referir-se àquela que substituirá a família originária da criança, natural ou a extensa, sendo, assim, composta pelo adotante cadastrado e seus parentes. Assim, a criança que se encontra sob a guarda de um tio está em família substituta no primeiro sentido, mas não se encontra em família substituta no segundo sentido.
Os arts. 28 a 32 do ECA apresentam as regras gerais a serem observadas na concessão tanto da guarda, como da tutela, quanto da adoção. Essas regras são as seguintes:
a) a opinião da criança/adolescente deve ser colhida pela equipe técnica e devidamente considerada pelo juiz na decisão; já o consentimento do adolescente com a guarda, tutela ou adoção é indispensável, e deve ser colhido em audiência judicial 64;
b) quando houver mais de um postulante a guarda, tutela ou adoção, o ECA estabelece que a definição da preferência observará os critérios de identidade cultural (comunidades indígenas e quilombolas), grau de parentesco e relação de afinidade ou de afetividade do postulante com a criança/adolescente65;
c)preferência para soluções que favoreçam a preservação dos vínculos fraternais e o não desmembramento de grupos de irmãos;
d) sempre que possível, evitar transições abruptas, preparando a criança/adolescente para a integração na nova família por meio de aproximação gradativa.
#OLHAOGANCHO #AJUDAMARCINHO:
REDUÇÃO DO PRAZO MÁXIMO DE ACOLHIMENTO INSTITUCIONAL
Programa de acolhimento institucional
O ECA prevê que se a criança ou o adolescente estiver em situação de risco (art. 98), o juiz da infância e juventude poderá determinar medidas protetivas que estão elencadas no art. 101. Uma dessas medidas é o chamado acolhimento institucional (art. 101, VII). 
Acolhimento institucional significa retirar a criança ou o adolescente de seu lar original e colocá-lo para residir, temporariamente, em uma entidade de atendimento (antigamente chamada “abrigo”) a fim de que ali ele fique protegido de situações de maus tratos, desamparo ou qualquer outra forma de violência (física ou moral) que estava sofrendo.
O acolhimento institucional é uma medida provisória e excepcional, utilizável como forma de transição para reintegração familiar ou, não sendo esta possível, para colocação em família substituta, não implicando privação de liberdade (art. 101, § 1º).
Reitero que o acolhimento institucional somente pode ser determinado pelo magistrado.
Permanência da criança e do adolescente em programa de acolhimento institucional
Não é saudável que a criança ou adolescente fique muito tempo no acolhimento institucional, sendo essa uma medida provisória e excepcional. Em razão disso, o ECA estipula um prazo máximo no qual a criança ou adolescente pode permanecer em programa de acolhimento institucional.
Convivência integral da mãe adolescente com seu filho(a)
A Lei nº 13.509/2017 acrescenta dois parágrafos ao art. 19 prevendo que se uma adolescente estiver em programa de acolhimento institucional e ela for mãe, deverá ser assegurado que tenha convivência integral com seu(sua) filho(a), além de ter apoio de uma equipe especializada (exs: psicóloga, assistente social etc.):
§ 5º Será garantida a convivência integral da criança com a mãe adolescente que estiver em acolhimento institucional.
§ 6º A mãe adolescente será assistida por equipe especializada multidisciplinar.
#ATUALIZAOVADEMECUM:
	Antes da Lei 13.509/2017
	ATUALMENTE
	Prazo máximo de permanência da criança e do adolescente em programa de acolhimento institucional: 2 anos, salvo comprovada necessidade que atenda ao seu superior interesse, devidamente fundamentada.
	Prazo máximo de permanência da criança e do adolescente em programa de acolhimento institucional: 18 meses, salvo comprovada necessidade que atenda ao seu superior interesse, devidamente fundamentada.
*(Atualizado em 28/02/2021) #DEOLHONAJURIS: O Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA) adota a chamada doutrina da proteção integral (art. 1º da Lei nº 8.069/90), segundo a qual deve-se observar o melhor interesse da criança. Ressalvado o risco evidente à integridade física e psíquica, que não é a hipótese dos autos, o acolhimento institucional não representa o melhor interesse da criança. A observância do cadastro de adotantes não é absoluta porque deve ser sopesada com o princípio do melhor interesse da criança, fundamento de todo o sistema de proteção ao menor. O risco de contaminação pela Covid-19 em casa de acolhimento justifica a manutenção da criança com a família substituta. STJ. 3ª Turma. HC 572.854-SP, Rel. Min. Ricardo Villas Bôas Cueva, julgado em 04/08/2020 (Info 676)
*#DEOLHONAJURIS #DIZERODIREITO #STJ: O art. 249 do ECA prevê, como infração administrativa: Art. 249. Descumprir, dolosa ou culposamente, os deveres inerentes ao poder familiar ou decorrente de tutela ou guarda, bem assim determinação da autoridade judiciária ou Conselho Tutelar: Pena - multa de três a vinte salários de referência, aplicando-se o dobro em caso de reincidência. Até se admite que, por meio de decisão judicial fundamentada, o magistrado deixe de aplicar a sanção pecuniária do art. 249 e, em seu lugar, faça incidir outras medidas mais adequadas e eficazes para a situação específica. No entanto, a hipossuficiência financeira ou a vulnerabilidade familiar não é suficiente, por si só, para afastar a multa prevista no art. 249 do ECA. STJ. 3ª Turma. REsp 1.658.508-RJ, Rel. Min. Nancy Andrighi, julgado em 23/10/2018 (Info 636).
3.1 GUARDA:
A guarda de que trata os arts. 33 e seguintes do ECA é a guarda de não filhos, sendo que o regime jurídico da guarda de filhos, decorrente do poder familiar (art. 1.634, II, do CC), é previsto no Código Civil (arts. 1.583 a 1.590).
A guarda, na prática, é a mais corriqueira das formas de colocação em família substituta, especialmente nos casos atendidos pelas Defensorias Públicas. Os motivos são:
a) ausência de patrimônio por parte das crianças;
b) desnecessidade de destituição ou suspensão do poder familiar, quando os genitores discordem ou não sejam localizados;
c) reversibilidade da medida a qualquer tempo (art. 35 do ECA);
d) mostrar-se suficiente para tornar o guardião responsável pela criança/adolescente, podendo tirar documentos, assisti-lo na vida escolar, acompanhá-lo em órgãos de saúde, fazer viagens nacionais etc.;
e) é, enfim, solução harmonizada com a cultura de solidariedade comunitária e familiar na criação dos filhos, típica das classes populares brasileiras, por meio da qual crianças circulam entre várias famílias, parentes ou não, sem perder o vínculo com os genitores.
Ocorre que, conforme concebida pelo ECA, a guarda tem um cabimento mais restrito: concedida liminarmente para regularizar posse de fato em pedidos de adoção ou tutela (guarda provisória), ou, excepcionalmente, para atender situações peculiares, suprindo falta eventual dos pais ou responsável.
Não foi a ideia do legislador tornar a guarda solução final de colocação em família substituta para crianças e adolescentes, possivelmente por entender que uma solução definitiva deveria ser mais estável, não convivendo com poder familiar ativo. Até por isso o procedimento dos arts. 165 e seguintes nãoprevê rito contraditório, exceto se houver necessidade de destituição ou suspensão do poder familiar, que a guarda não reclama. Todavia, como, na prática, criou-se a figura de uma “guarda definitiva” ou “guarda por tempo indeterminado”, “guarda satisfativa”, “guarda permanente”, tem-se entendido pela necessidade de citação dos genitores na ação que a postule.
#ATENÇÃO: A guarda não é incompatível com o exercício do poder familiar, mas subtrai dos genitores alguns dos poderes a ele inerentes, tanto que confere a seu detentor o direito de opor-se a terceiros, inclusive aos pais. Ou seja, havendo divergência entre guardião e genitor, prevalece a posição do primeiro, podendo o conflito ser dirimido, no limite, por meio de ação judicial própria ajuizada pelo genitor(a). O guardião está obrigado a prestar assistência material, moral e educacional à criança e ao adolescente, sem prejuízo da manutenção do dever de sustento dos genitores, que são obrigados a prestar alimentos.
DEOLHONAJURIS #DIZERODIREITO #STJ Mãe biológica pode se opor à ação de guarda de sua filha mesmo que já tenha perdido o poder familiar em ação proposta pelo MP com esse objetivo A mãe biológica detém legitimidade para recorrer da sentença que julgou procedente o pedido de guarda formulado por casal que exercia a guarda provisória da criança, mesmo se já destituída do poder familiar em outra ação proposta pelo Ministério Público e já transitada em julgado. O fato de a mãe biológica ter sido destituída, em outra ação, do poder familiar em relação a seu filho, não significa, necessariamente, que ela tenha perdido a legitimidade recursal na ação de guarda. Para a mãe biológica, devido aos laços naturais, persiste o interesse fático e jurídico sobre a criação e destinação da criança, mesmo após destituída do poder familiar. Assim, enquanto não cessado o vínculo de parentesco com o filho, através da adoção, que extingue definitivamente o poder familiar dos pais biológicos, é possível a ação de restituição do poder familiar, a ser proposta pelo legítimo interessado, no caso, os pais destituídos do poder familiar. STJ. 4ª Turma. REsp 1.845.146-ES, Rel. Min. Raul Araújo, julgado em 19/11/2019 (Info 661).
*(Atualizado em 29/01/2021) #DEOLHONAJURIS Sentença que afastou criança do lar não impede pedido judicial de guarda pela mesma família Situação hipotética: um casal exerceu irregularmente a guarda de uma criança nos anos de 2014 e 2016. O juiz, atendendo a pedido do Ministério Público, determinou que essa criança fosse levada a acolhimento institucional em razão de burla ao cadastro de adoção. Houve trânsito em julgado dessa decisão que determinou o afastamento da criança do convívio com essa família. Ocorre que se passaram quatro anos e a criança permanece no “abrigo”, sem que tenha sido adotada. Diante disso, em 2020, o casal formulou novo pedido de guarda alegando que existem vínculos socioafetivos entre a criança e a família. O STJ afirmou que é possível o deferimento do pedido. As ações que envolvam a guarda da criança, por suas características peculiares, são modificáveis com o tempo, bastando que exista a alteração das circunstâncias fáticas que justificaram a sua concessão, ou não, no passado. Assim, transitada em julgado a sentença de procedência do pedido de afastamento do convívio familiar de que resultou o acolhimento institucional da menor, quem exercia irregularmente a guarda e pretende adotá-la possui interesse jurídico para, após considerável lapso temporal, ajuizar ação de guarda cuja causa de pedir seja a modificação das circunstâncias fáticas que ensejaram o acolhimento, não lhe sendo oponível a coisa julgada que se formou na ação de afastamento. Em suma: o trânsito em julgado de sentença de procedência do pedido de afastamento do convívio familiar não é oponível a quem exercia a guarda irregularmente e, após considerável lapso temporal, pretende ajuizar ação de guarda cuja causa de pedir seja a modificação das circunstâncias fáticas. STJ. 3ª Turma. REsp 1.878.043-SP, Rel. Min. Nancy Andrighi, julgado em 08/09/2020 (Info 679).
*(Atualizado em 29/01/2021) #DEOLHONAJURIS Processo em que foi decretada a destituição do poder familiar não pode ser anulado por falta de citação de suposto pai com identidade ignorada É juridicamente existente a sentença proferida em ação de destituição de poder familiar ajuizada em desfavor apenas da genitora, no caso em que pretenso pai biológico não conste na respectiva certidão de nascimento do menor. Caso concreto: em ação proposta pelo Ministério Público, o juiz decretou a destituição do poder familiar da mãe biológica e a sua adoção. Após o trânsito em julgado, o suposto pai biológico da criança ajuizou ação declaratória de inexistência de sentença (querela nullitatis insanabilis) por meio da qual tentou anular a destituição do poder familiar da mãe biológica. O argumento principal do autor foi a falta de sua citação no processo de destituição. Ocorre que o STJ manteve válido o processo porque concluiu que o homem era desconhecido na época do nascimento da criança, tanto que não constou de seu registro civil. Segundo os autos, a criança foi abandonada no hospital pela genitora horas após o parto, e o registro de nascimento foi feito apenas com o nome da mãe, já que era ignorada a identidade do pai. O ECA disciplinou de modo detalhado como deverão ser citados os réus na ação de destituição de poder familiar, como forma de reduzir ao máximo a possibilidade de inexistência ou irregularidade na citação, especialmente pela medida drástica que pode resultar dessa ação. Entretanto, as hipóteses legais se referem a pais biológicos conhecidos – situação completamente distinta da analisada nos autos, na qual o suposto genitor era absolutamente desconhecido na época da ação de destituição ajuizada pelo Ministério Público. Por essa razão, o pretenso pai que não mantinha relação jurídica de poder familiar com o menor não poderia ser réu na ação em que se pretendia decretar a destituição desse poder. STJ. 3ª Turma. REsp 1.819.860-SP, Rel. Min. Nancy Andrighi, julgado em 01/09/2020 (Info 679).
A lei confere aos genitores, salvo proibição judicial expressa, o direito de visita aos filhos sob guarda de terceiros. Na prática, a condição de guardião permite gerir de forma plena o cotidiano da criança ou adolescente que não disponha de patrimônio. Em teoria, todavia, diz-se que a guarda não confere poderes ao guardião de representar o guardado, mas somente a tutela, cujo objetivo precípuo seria justamente o de instituir um representante legal à criança ou adolescente que não o têm. É possível ao guardião, caso encontre dificuldades em representar a criança/adolescente em algum ato específico, postular ao juiz sua nomeação como curador especial, nos termos do art. 148, parágrafo único, f, do ECA.
Diz a lei que a guarda confere à criança e ao adolescente a condição de dependentes, inclusive para fins previdenciários.
* Após intenso debate na jurisprudência, o STJ, em sede recurso repetitivo, afirmou que o menor sob guarda tem direito à concessão do benefício de pensão por morte do seu mantenedor, comprovada sua dependência econômica, nos termos do art. 33, § 3º do Estatuto da Criança e do Adolescente, especialmente em razão da qualidade de lei especial do Estatuto da Criança e do Adolescente (8.069/90), frente à legislação previdenciária.
* #DEOLHONAJURISPRUDÊNCIA: O menor sob guarda tem direito à concessão do benefício de pensão por morte do seu mantenedor, comprovada sua dependência econômica, nos termos do art. 33, § 3º do Estatuto da Criança e do Adolescente, ainda que o óbito do instituidor da pensão seja posterior à vigência da Medida Provisória 1.523/96, reeditada e convertida na Lei n. 9.528/97. Funda-se essa conclusão na qualidade de lei especial do Estatuto da Criança e do Adolescente (8.069/90), frente à legislação previdenciária. STJ. 1ª Seção. REsp 1411258-RS, Rel. Min. Napoleão Nunes Maia Filho, julgado em 11/10/2017 (recurso repetitivo) (Info 619). No mesmo sentido: STJ. Corte Especial.EREsp1141788-RS, Rel. Min. João Otávio de Noronha, julgado em 7/12/2016 (Info 595).
Além disso, a jurisprudência inclina-se no sentido de ser devida a inclusão, em plano de saúde privado, da criança ou adolescente sob guarda do titular. A aplicação da medida de acolhimento, seja familiar, seja institucional, implica, para a criança ou adolescente, também, a permanência sob guarda. No caso do acolhimento institucional, o art. 92, § 1º, ressalta que o dirigente da entidade que desenvolve programa de acolhimento familiar é equiparado a guardião para todos os efeitos de direito. Já a pessoa ou o casal cadastrado no programa de acolhimento familiar também receberá a criança ou adolescente mediante guarda (art. 34 e § 2º).
3.2 TUTELA:
O Estatuto dedica poucos dispositivos à tutela, que de resto vem fartamente regulamentada nos arts. 1.728 até 1.766 do Código Civil. Mesmo assim, quando cabível, não deixa de ser considerada medida de proteção e forma de colocação em família substituta, tal como define o ECA. Vale lembrar:
a) a tutela, ao contrário da guarda, não convive com o poder familiar, que deve estar suspenso ou extinto para que seja deferida. É possível cumular pedido de tutela com pedido de suspensão ou destituição do poder familiar. A situação mais comum para deferimento da tutela é a extinção do poder familiar pela morte dos genitores. O tutor está obrigado aos mesmos deveres do guardião, agregado o dever/poder de representação e, diz a lei, deve necessariamente viver na companhia da criança/adolescente (dever de guarda);
b) o Estatuto deixa claro que o tutor indicado em testamento ou outro documento pelo genitor falecido necessita, mesmo assim, ter essa condição ratificada pelo juiz, que pode deixar de fazê-lo se entender que, do ponto de vista do que é melhor para a criança ou o adolescente, outra pessoa é mais adequada para exercer o encargo. Assim, o genitor não tem o direito pleno de definir quem será o tutor de seus filhos após seu falecimento, ainda que sua vontade seja levada em consideração.
3.3 ADOÇÃO:
A adoção é a modalidade mais extrema de colocação em família substituta, pois, em regra, implica no rompimento dos vínculos familiares anteriores e na formação de novos vínculos. É o ato pela qual uma pessoa recebe outra como filho.
De acordo com a CF/88 é vedada qualquer distinção entre filhos biológicos e adotivos (art. 227, §6°, CF/88).
O assunto é disciplinado pelo ECA, tendo sofrido modificações pela Lei n° 12.010/2009 no intuito de adequar o instituto nos moldes da Convenção de Haia da qual o Brasil é signatário e pela Lei n° 13.509/2017 que teve como principal objetivo acelerar o procedimento e ampliar o número de adoções. #INOVAÇÃOLEGISLATIVA #TEMAQUENTE.
3.3.1 Principais características da adoção:
1. Excepcionalidade da medida: 
Trata-se de medida excepcional e irrevogável, à qual se deve recorrer apenas quando esgotados os recursos de manutenção da criança ou adolescente na família natural ou extensa (art. 39, §1°). Assim, deve-se sempre priorizar que a família natural permaneça unida, apenas quando não tiver condições mesmo que se tentará a adoção. 
#OLHAOGANCHO
	CONCEITOS DE FAMÍLIA
	FAMÍLIA NATURAL:
	Comunidade formada pelos pais e seus descendentes ou por um dos pais e seus descendentes.
	FAMÍLIA EXTENSA OU AMPLIADA:
	Comunidade que se estende para além da unidade pais e filhos ou do casal, alcançando parentes próximos com os quais a criança ou adolescente conviva e mantenha vínculos de afinidade e afetividade.
	FAMÍLIA SUBSTITUTA:
	Possui caráter subsidiário, é a família resultante de guarda, tutela e adoção, sempre visando ao melhor interesse da criança e do adolescente.
1. Vínculos decorrentes da adoção:
Como visto, a adoção é irrevogável, ou seja, o pai ou mãe depois não pode voltar atrás e pretender encerrar o vínculo de filiação. Por meio da adoção se extingue o vínculo com a família biológica e se forma um novo vínculo com a família adotante.
#ATENÇÃO O único resquício que sobrevive em relação ao vínculo familiar anterior é quanto aos impedimentos matrimoniais, por razões eugênicas (art. 41).
#OLHAAPEGADINHA Ainda que os pais adotivos faleçam, o vínculo da adoção não se desfaz, nem restabelece o anterior (art. 49).
#OLHAOGANCHO: Direito de conhecer a família biológica: Apesar da formação do vínculo irrevogável entre o adotado e os adotantes, o adotado, ao completar a maioridade, tem direito de conhecer a sua origem e de saber quem são os seus pais biológicos, inclusive tendo acesso irrestrito ao processo no qual a medida foi aplicada (art. 48 do ECA). Para tanto, o ECA determina o armazenamento dos dados referentes aos processos de adoção. 
*(Atualizado em 07.06.2020): DEOLHONAJURIS #DIZERODIREITO: O registro civil de nascimento de pessoa adotada sob a égide do Código Civil/1916 não pode ser alterado para a inclusão dos nomes dos ascendentes dos pais adotivos. O ordenamento jurídico vigente ao tempo em que realizada a adoção simples da peticionante por meio de escritura pública (natureza contratual), previa que o parentesco resultante da adoção era meramente civil e limitava-se ao adotante e ao adotado, não se estendendo aos familiares do adotante visto que mantidos os vínculos do adotado com a sua família biológica. Não se aplica o regime jurídico de adoção do ECA para este caso. STJ. 3ª Turma. REsp 1.232.387-MG, Rel. Min. Antonio Carlos Ferreira, Rel. Acd. Min. Marco Buzzi, julgado em 11/02/2020 (Info 666).
*(Atualizado em 27/03/21) Presentes os requisitos autorizadores da tutela antecipada, é cabível a inclusão de informações adicionais, para uso administrativo em instituições escolares, de saúde, cultura e lazer, relativas ao nome afetivo do adotando que se encontra sob guarda provisória Importante!!! Exemplo hipotético: Tayson Cardoso é filho de Maria. Desde os 7 meses de idade, Tayson mora com Regina Carvalho e João Melo, que passou a cuidar do garoto como filho em razão de Maria tê-lo abandonado. Regina e João iniciaram o processo de adoção e obtiveram a guarda provisória. Vale ressaltar que Regina e João sempre chamaram “Tayson” de “Thiago”, sendo o nome por meio do qual o garoto é conhecido entre os amigos e familiares do casal. Tayson/Thiago tem agora 3 anos. O processo de adoção ainda não foi concluído. Regina e João vão matricular a criança na escola. Ocorre que eles ficaram com receio de o menino ficar sendo chamado de Tayson na escola e ficar confuso, considerando que o nome que conhece é Thiago. Diante disso, eles peticionaram ao juiz da adoção pedindo que fosse concedida tutela antecipada para que fosse autorizada a inclusão do nome social para uso administrativo em instituições escolares, de saúde, cultura e lazer, relativas ao nome afetivo do adotando. Assim, nos cadastros da escola e demais instituições constará o nome social do adotando: Thiago Carvalho Melo. STJ. 3ª Turma.REsp 1.878.298/MG, Rel. Min. Ricardo Villas Bôas Cueva, julgado em 02/03/2021 (Info 687).
1. Natureza jurídica:
Prevalece que tem a natureza de ato jurídico em sentido estrito, pois suas consequências estão previstas legalmente, tais como: direito ao nome, à herança, à formação do vínculo irrevogável, etc.
1. Idades do adotante e do adotado:
- O adotante deve ter no mínimo 18 anos.
- O adotante precisa ser pelo menos 16 anos mais velho que o adotando.
- Para que o procedimento ocorra nos termos do ECA e perante à Justiça da Infância e Juventude, o adotando deve contar, no máximo, 18 anos, salvo se já estiver sob guarda ou tutela dos adotantes (art. 40).
#SELIGA Caso o adotando seja maior de idade e não esteja sob guarda ou tutela, a demanda será processada perante o juízo de família para que seja proferida sentença constitutiva do vínculo, com aplicação do Estatuto no que couber (CC, art. 1619).
*#DEOLHONAJURIS #DIZERODIREITO #STJ: Segundo o § 3º do art. 42, do ECA, o adotante há de ser, pelo menos, 16 anos mais velho do que o adotando. Ex.: se o adotando tiver 4 anos, o adotante deverá ter, no mínimo, 20 anos. Assim, a diferença etária mínima de 16 anosentre adotante e adotado é requisito legal para a adoção. Vale ressaltar, no entanto, que esse parâmetro legal pode ser flexibilizado à luz do princípio da socioafetividade. A adoção é sempre regida pela premissa do amor e da imitação da realidade biológica, sendo o limite de idade uma forma de evitar confusão de papéis ou a imaturidade emocional indispensável para a criação e educação de um ser humano e o cumprimento dos deveres inerentes ao poder familiar. Dessa forma, incumbe ao magistrado estudar as particularidades de cada caso concreto a fim de apreciar se a idade entre as partes realiza a proteção do adotando, sendo o limite mínimo legal um norte a ser seguido, mas que permite interpretações à luz do princípio da socioafetividade, nem sempre atrelado às diferenças de idade entre os interessados no processo de adoção. STJ. 3ª Turma. REsp 1.785.754-RS, Rel. Min. Ricardo Villas Bôas Cueva, julgado em 08/10/2019 (Info 658). #IMPORTANTE
1. Judicialização da adoção:
A adoção sempre será judicial. Toda adoção deve passar pelo crivo do judiciário, ainda que o adotando já seja maior de idade.
#ATENÇÃO Na vigência do CC/1916, a adoção de pessoas maiores poderia ocorrer de forma extrajudicial, em cartório.
1. Prioridade na tramitação dos processos de adoção:
Devem tramitar com prioridade os processos de adoção que envolvam criança ou adolescente com deficiência ou doença crônica. A razão de ser da prioridade é que as crianças e adolescentes nessa situação são ainda mais vulneráveis e, infelizmente, têm bem menos chance de serem adotados. 
1. Prevalência dos interesses do adotando: 
Apesar do superior interesse da criança ou adolescente já ser um princípio que norteava todo os institutos do direito infanto-juvenil, a Lei n° 13.509/2017 estabeleceu de forma expressa que: “em caso de conflito entre direitos e interesses do adotando e de outras pessoas, inclusive seus pais biológicos, devem prevalecer os direitos e os interesses do adotando.” (art. 39, §3°). #INOVAÇÃOLEGISLATIVA
1. Prazo de conclusão do processo de adoção: 
De acordo com o art. 47, §10, introduzido pela Lei n° 13.509/2017, o processo de adoção deverá ser concluído no prazo máximo de 120 dias, prorrogável uma única vez. Aqui foi evidente a preocupação do legislador em imprimir celeridade ao procedimento. #NOVIDADELEGISLATIVA
O ECA também trouxe algumas vedações à realização da adoção:
1. Vedação à adoção por procuração (art. 39, §2°): Trata-se de ato que precisa ser realizado de forma pessoal, o juiz deve receber as partes em audiência e perceber motivos legítimos para a adoção (art. 43).
1. Vedação à adoção por ascendentes e irmãos (art. 42, §1°): Considerando que a adoção forma novos vínculos familiares, o legislador entendeu que tal modalidade de família substituta não seria adequada para ascendentes ou irmãos. A ideia é que seria muito complicado para uma criança ou adolescente entender que de repente a sua irmã virou sua mãe, por exemplo. Não há óbice que tais parentes se utilizem da guarda ou tutela para resolver a situação da criança ou adolescente.
#SELIGA #IMPORTANTE #DEOLHONAJURISPRUDÊNCIA:
Em um precedente extremamente excepcional, o STJ permitiu a adoção de uma criança por seus avós em razão das particularidades do caso concreto e no superior interesse da criança:
Adoção de neto pelos seus avós. Admitiu-se, excepcionalmente, a adoção de neto por avós, tendo em vista as seguintes particularidades do caso analisado: os avós haviam adotado a mãe biológica de seu neto aos oito anos de idade, a qual já estava grávida do adotado em razão de abuso sexual; os avós já exerciam, com exclusividade, as funções de pai e mãe do neto desde o seu nascimento; havia filiação socioafetiva entre neto e avós; o adotado, mesmo sabendo de sua origem biológica, reconhece os adotantes como pais e trata a sua mãe biológica como irmã mais velha; tanto adotado quanto sua mãe biológica concordaram expressamente com a adoção; não há perigo de confusão mental e emocional a ser gerada no adotando; e não havia predominância de interesse econômico na pretensão de adoção. STJ. 3ª Turma. REsp 1448969-SC, Rel. Min. Moura Ribeiro, julgado em 21/10/2014 (Info 551)
*(Atualizado em 28/02/2021) #DEOLHONAJURIS: O art. 42, § 1º proíbe que os avós adotem seu neto (“Não podem adotar os ascendentes e os irmãos do adotando”). Essa regra proibitiva tem por objetivo: • evitar inversões e confusões nas relações familiares - em decorrência da alteração dos graus de parentesco • impedir a utilização do instituto com finalidade meramente patrimonial. Vale ressaltar, no entanto, que o STJ admite a sua mitigação (relativização) excepcional quando: a) o pretenso adotando seja menor de idade; b) os avós (pretensos adotantes) exerçam, com exclusividade, as funções de mãe e pai do neto desde o seu nascimento; c) a parentalidade socioafetiva tenha sido devidamente atestada por estudo psicossocial; d) o adotando reconheça os - adotantes como seus genitores e seu pai (ou sua mãe) como irmão; e) inexista conflito familiar a respeito da adoção; f) não se constate perigo de confusão mental e emocional a ser gerada no adotando; g) não se funde a pretensão de adoção em motivos ilegítimos, a exemplo da predominância de interesses econômicos; e h) a adoção apresente reais vantagens para o adotando. Assim, é possível a mitigação da norma geral impeditiva contida no § 1º do art. 42 do ECA, de modo a se autorizar a adoção avoenga em situações excepcionais. STJ. 3ª Turma. REsp 1.448.969-SC, Rel. Min. Moura Ribeiro, julgado em 21/10/2014 (Info 551). STJ. 4ª Turma. REsp 1.587.477-SC, Rel. Min. Luis Felipe Salomão, julgado em 10/03/2020 (Info 678).
1. Vedação temporária à adoção decorrente de tutela ou curatela (art. 44): O impedimento aqui é temporário, o ECA determina que o curador ou o tutor não podem adotar enquanto não prestarem contas de sua administração.
3.3.2. Requisitos da adoção:
1. Consentimento dos pais ou destituição do poder familiar:
Para que seja realizada a adoção, é preciso que os pais biológicos concordem, manifestando o seu consentimento, já que haverá a extinção do vínculo familiar originário (art. 45).
Os pais biológicos devem ser ouvidos pela autoridade judiciária e pelo Ministério Público, e seu consentimento deve ser precedido de informações claras prestadas pela equipe interprofissional da Justiça da Infância e da Juventude, especialmente sobre a irrevogabilidade da adoção (art. 45, §2°).
O consentimento é dispensado, no caso de pais desconhecidos ou que já tenham sido destituídos do poder familiar (art. 45, §1°).
#ATENÇÃO #DEOLHONAJURISPRUDÊNCIA: O STJ entende que no caso de adoção de pessoa maior de 18 anos não há necessidade de consentimento dos pais biológicos, pois o poder familiar se extingue com a maioridade (Resp 14447/DF).
*(Atualizado em 25/11/22): O pedido de nova adoção formulado pela mãe biológica, em relação à filha adotada por outrem, anteriormente, na infância, não se afigura juridicamente impossível. Processo sob segredo de justiça, Rel. Min. Raul Araújo, Quarta Turma, por unanimidade, julgado em 11/10/2022, DJe 24/10/2022. (Info 754 - STJ)
#OLHAOGANCHO
	HIPÓTESES DE PERDA DO PODER FAMILIAR (Art. 1635, CC)
	Pela morte dos pais ou do filho.
	Pela emancipação, nos termos do art. 5º, parágrafo único.
	Pela maioridade.
	Pela adoção.
	Por decisão judicial, na forma do artigo 1.638, CC (castigo imoderado – abandono – atos imorais – reiteradamente abusar da autoridade - arruinar bens dos filhos)
	Por decisão judicial, o pai ou a mãe que entregar de forma irregular o filho a terceiros para fins de adoção. #INOVAÇÃOLEGISLATIVA 
*#NOVIDADELEGISLATIVA: A Lei 13.715/2018 dispôs que a destituição do Poder Familiar de mãe ou pai passa a ser possível diante da condenação de qualquer deles por crime doloso sujeito à pena de reclusão contra outrem igualmente titular do mesmo poder (mãe ou pai) ou contra filho, filha ou outro descendente (netos, bisnetos, etc.).[footnoteRef:18] [18: Para ler mais sobre: https://www.dizerodireito.com.br/2018/09/comentarios-lei-137152018-que-ampliou.html] 
	*CÓDIGO PENAL
	Antes da Lei 13.715/2018
	Depois da Lei 13.715/2018
	Art. 92. São também efeitos da condenação: (...) II - a incapacidade para o exercício do pátrio poder, tutela ou curatela, nos crimes dolosos, sujeitos à pena de reclusão, cometidos contra filho, tutelado ou curatelado;
	Art. 92. São também efeitos da condenação: (...) II - a incapacidade para o exercício do poder familiar, da tutela ou da curatela nos crimes dolosos sujeitos à pena de reclusão cometidos contra outrem igualmente titular do mesmo poder familiar, contra filho, filha ou outro descendente ou contra tutelado ou curatelado;
#ATENÇÃO #CASCADEBANANA:
-A falta ou a carência de recursos materiais não constitui motivo suficiente para a perda ou a suspensão do poder familiar.
- A condenação criminal do pai ou da mãe não implicará a destituição do poder familiar, exceto na condenação por crime doloso sujeito à pena de reclusão contra outrem igualmente titular do mesmo poder (mãe ou pai) ou contra filho, filha ou outro descendente (netos, bisnetos, etc.).
#AJUDAMARCINHO: PROCEDIMENTO CASO A GESTANTE OU MÃE MANIFESTE INTERESSE DE ENTREGAR O FILHO PARA ADOÇÃO (#NOVIDADELEGISLATIVA)
Encaminhamento ao Juizado
A gestante ou mãe que manifeste interesse em entregar seu filho para adoção, antes ou logo após o nascimento, será encaminhada à Justiça da Infância e da Juventude (art. 19-A inserido pela Lei nº 13.509/2017).
Oitiva por equipe interprofissional
No Juizado da Infância e Juventude, a gestante ou mãe será ouvida por equipe interprofissional, que apresentará relatório ao juiz. A equipe deverá levar em consideração, inclusive, os eventuais efeitos do estado gestacional e puerperal.
Atendimento especializado
De posse do relatório, o magistrado poderá determinar o encaminhamento da gestante ou mãe, mediante sua expressa concordância, à rede pública de saúde e assistência social para atendimento especializado.
Preferência que a criança fique com o pai ou com alguma representante da família extensa
Se a mãe indicar quem é o pai da criança, deve-se tentar fazer com que este assuma a guarda e suas responsabilidades como genitor.
Se não houver indicação de quem é o pai ou se este não manifestar interesse na criança, deve-se tentar acolher a criança em sua “família extensa”.
Família extensa ou ampliada é aquela que se estende para além da unidade pais e filhos ou da unidade do casal, formada por parentes próximos com os quais a criança ou adolescente convive e mantém vínculos de afinidade e afetividade (art. 25, parágrafo único do ECA). Ex: tios.
Essa busca à família extensa não pode ser feita de forma indefinida e, por isso, deverá durar, no máximo, 90 dias, prorrogável por igual período.
Não sendo possível ficar com o pai nem com a família extensa
Se a mãe não indicar quem é o genitor e se não houver representante da família extensa apto a receber a guarda, o juiz deverá:
a) decretar a extinção do poder familiar e
b) determinar a colocação da criança sob a guarda provisória de quem estiver habilitado a adotá-la ou de entidade que desenvolva programa de acolhimento familiar ou institucional.
Prazo para a ação de adoção
Quem receber a guarda da criança terá o prazo de 15 dias para propor a ação de adoção, contado do dia seguinte à data do término do estágio de convivência.
Desistência do desejo de entregar a criança
Pode acontecer de a mãe e o pai da criança manifestarem o desejo de entregar a criança para adoção enquanto a mulher ainda está grávida, mas depois que o bebê nasce, eles mudarem de ideia. Neste caso, o pai ou a mãe deverá manifestar esta desistência em audiência ou perante a equipe interprofissional. A criança será, então, mantida com o(s) genitor(es) e será determinado pela Justiça da Infância e da Juventude o acompanhamento familiar pelo prazo de 180 dias.
Sigilo
A mãe que optar por entregar o filho à adoção deverá ter seu sigilo respeitado, ou seja, esse procedimento ficará em sigilo.
Vale ressaltar, contudo, que o adotado tem direito de conhecer sua origem biológica, bem como de obter acesso irrestrito ao processo no qual a medida foi aplicada e seus eventuais incidentes, após completar 18 (dezoito) anos (art. 48).
1. Consentimento do adolescente:
Como visto, para os maiores de 12 anos é necessário o seu consentimento, em audiência, para a realização da adoção (art. 45, §2°).
#NÃOESQUEÇA: As crianças serão ouvidas, sempre que possível, pela equipe interprofissional.
1. Estágio de convivência:
Como forma de preparação para adoção, o ECA prevê que as partes devem passar por um período de convivência (art. 46), que será acompanhado e relatado pela equipe interprofissional da Justiça da Infância e da Juventude.
#ATENÇÃO #VAICAIR: Até a edição da Lei n° 13.509/2017, o período do estágio de convivência era determinado pelo juiz. Agora, há previsão expressa de um limite de 90 dias (art. 46), prorrogável por igual período (art. 46, §2°-A).
#OLHAOGANCHO No caso de adoção internacional, o estágio de convivência é de no mínimo 30 e no máximo 45 dias, prorrogável uma vez por igual período.
O estágio de convivência deverá ser cumprido preferencialmente na comarca de residência do adotando ou em cidade limítrofe, mantida a competência do juízo de residência (art. 46, §5° #INOVAÇÃOLEGISLATIVA).
Ao final do estágio de convivência, a equipe interprofissional emite laudo fundamentado que que recomendará ou não o deferimento da adoção (art. 46, §3°-A #INOVAÇÃOLEGISLATIVA).
O período de estágio de convivência poderá ser dispensado, caso o adotando já esteja sob guarda ou tutela dos adotantes por tempo suficiente para se proceder à avaliação da relação familiar. #ATENÇÃO Aqui é necessário guarda judicial, a simples guarda de fato não dispensa o estágio de convivência.
#CAIUEMPROVA Na prova do TJ-CE/2012 foi considerada errada a seguinte afirmativa: “A guarda de fato autoriza, por si só, a dispensa da realização do estágio de convivência.”
#AJUDAMARCINHO: ESTÁGIO DE CONVIVÊNCIA (#NOVIDADELEGISLATIVA)
Em que consiste o estágio de convivência?
Antes que a adoção efetivamente seja concretizada, o ECA exige que ocorra um “estágio de convivência” entre adotante e adotando.
Estágio de convivência é um período de teste no qual a criança ou adolescente que será adotado ficará morando alguns dias com o(s) requerente(s) da adoção a fim de que se avalie se existe ou não compatibilidade entre adotante e adotando, bem como se o interessado está efetivamente preparado, na prática, para adotar.
Como explica Nucci: “(...) é o período no qual adotante e adotando convivem como se família fossem, sob o mesmo teto, em intimidade de pai e filhos, já devendo o adotante sustentar, zelar, proteger e educar o adotando. É um período de teste para se aquilatar o grau de afinidade entre ambos os lados e, se, realmente, fortalecem-se os laços de afetividade, que são fundamentais para a família.” (NUCCI, Guilherme de Souza. Estatuto da Criança e do Adolescente comentado. Rio de Janeiro: Forense,  2014, p. 170).
O estágio de convivência será acompanhado pela equipe interprofissional a serviço da Justiça da Infância e da Juventude, preferencialmente com apoio dos técnicos responsáveis pela execução da política de garantia do direito à convivência familiar, que apresentarão relatório minucioso acerca da conveniência do deferimento da medida (art. 46, § 4º do ECA).
Qual é o prazo do estágio de convivência?
	Antes da Lei 13.509/2017
	ATUALMENTE
	O art. 46 do ECA previa que o prazo do estágio de convivência seria fixado pela autoridade judiciária, observadas as peculiaridades do caso concreto.
	O art. 46 foi alterado para dizer que a autoridade judiciária continua tendo liberdade para fixar a duração do estágio de convivência, mas o prazo máximo tem que ser de 90 dias, observadas a idade da criança ou adolescente e as peculiaridades do caso.
Desse modo, antes não havia prazo máximo para o estágio de convivência e agora este é de 90 dias. O objetivo foi o de encurtar o tempo de duração do processo de adoção considerando que, na prática,algumas vezes se observava estágios de convivência de até 1 ano.
A Lei nº 13.509/2017 acrescenta dispositivo prevendo que o prazo do estágio de convivência poderá ser prorrogado a critério do magistrado:
Art. 46 (...)
§ 2º-A.  O prazo máximo estabelecido no caput deste artigo pode ser prorrogado por até igual período, mediante decisão fundamentada da autoridade judiciária.
Estágio de convivência em caso de adoção por pessoas que moram fora do Brasil
Se uma pessoa que mora fora do Brasil quiser adotar uma criança ou adolescente brasileiro também deverá se submeter ao estágio de convivência, que será realizado em nosso país.
O ECA prevê que esse estágio deverá ser de, no mínimo, 30 dias. A Lei nº 13.509/2017 alterou o ECA para estabelecer que o prazo máximo será de 45 dias. Veja:
	Antes da Lei 13.509/2017
	ATUALMENTE
	Art. 46 (...)
§ 3º Em caso de adoção por pessoa ou casal residente ou domiciliado fora do País, o estágio de convivência, cumprido no território nacional, será de, no mínimo, 30 (trinta) dias.
	Art. 46 (...)
§ 3º Em caso de adoção por pessoa ou casal residente ou domiciliado fora do País, o estágio de convivência será de, no mínimo, 30 (trinta) dias e, no máximo, 45 (quarenta e cinco) dias, prorrogável por até igual período, uma única vez, mediante decisão fundamentada da autoridade judiciária.
Ao final do prazo previsto para o estágio de convivência da adoção internacional (art. 46, § 3º), deverá ser apresentado laudo fundamentado pela equipe interprofissional, que recomendará ou não o deferimento da adoção ao juiz.
Onde é realizado o estágio de convivência?
O estágio de convivência deve ser cumprido no território nacional, preferencialmente na comarca de residência da criança ou adolescente, ou, a critério do juiz, em cidade limítrofe, respeitada, em qualquer hipótese, a competência do juízo da comarca de residência da criança (§ 5º do art. 46, acrescentado pela Lei nº 13.509/2017).
3.3.3 Classificação da adoção:
É possível classificar a adoção de acordo com as características dos adotantes:
	CLASSIFICAÇÃO DA ADOÇÃO
	ADOÇÃO CONJUNTA OU BILATERAL (Art. 42, §2°)
	Hipótese em que um casal se apresenta como postulante à adoção, o ECA exige que ambos estejam casados ou mantenham união estável.
#ATENÇÃO¹: O STJ também já flexibilizou essa exigência. Adoção conjunta feita por dois irmãos. Pelo texto do ECA, a adoção conjunta somente pode ocorrer caso os adotantes sejam casados ou vivam em união estável. No entanto, a 3ª Turma do STJ relativizou essa regra do ECA e permitiu a adoção por parte de duas pessoas que não eram casadas nem viviam em união estável. Na verdade, eram dois irmãos (um homem e uma mulher) que criavam um menor há alguns anos e, com ele, desenvolveram relações de afeto. STJ. 3ª Turma. REsp 1217415-RS, Rel. Min. Nancy Andrighi, julgado em 19/6/2012.
#ATENÇÃO²: Excepcionalmente, é possível que um ex-casal realize a adoção conjunta, desde que[footnoteRef:19]: [19: #CAIUEMPROVA Na prova de Juiz do TJ-CE/2012 foi considerada errada a seguinte assertiva: “Para a adoção conjunta, é indispensável que os adotantes sejam casados civilmente ou mantenham união estável, comprovada a estabilidade da família, sendo vedada a adoção ao casal divorciado.”] 
1. Haja prévio acordo sobre a guarda e o regime de visitação ou fixação de guarda compartilhada;
1. O estágio de convivência tenha se iniciado no período em que o casal ainda estava junto;
1. Fique comprovada a existência de vínculos de afinidade e afetividade com quem não detenha a guarda.
	ADOÇÃO UNILATERAL (Art. 41, §1)
	Feita pelo cônjuge ou companheiro com relação ao filho de seu par. #SELIGANOEXEMPLO: homem, após casar-se com mulher que já tinha filho, adota a criança. 
	ADOÇÃO PÓSTUMA (Art. 42, §6°)
	Possibilidade expressa de que a adoção seja levada a efeito ainda que o adotante venha a falecer no curso do procedimento, desde que tenha manifestado inequívoca vontade.
#DEOLHONAJURISPRUDÊNCIA¹: Adoção post mortem mesmo que não iniciado o procedimento formal enquanto vivo. Pelo texto do ECA, a adoção post mortem (após a morte do adotante) somente poderá ocorrer se o adotante, em vida, manifestou inequivocamente a vontade de adotar e iniciou o procedimento de adoção, vindo a falecer no curso do procedimento, antes de prolatada a sentença. Se o adotante, ainda em vida, manifestou inequivocamente a vontade de adotar o menor, poderá ocorrer a adoção post mortem mesmo que não tenha iniciado o procedimento de adoção quando vivo. STJ. 3ª Turma. REsp 1217415-RS, Rel. Min. Nancy Andrighi, julgado em 19/6/2012.
#DEOLHONAJURISPRUDÊNCIA²: Para o STJ a manifestação inequívoca de vontade tem os mesmos requisitos da filiação socioafetiva e significa: a) tratamento do menor como se filho fosse e b) conhecimento público dessa situação.[footnoteRef:20] [20: #CAIUEMPROVA Na prova do MP-AC/2014 foi considerada correta a seguinte afirmativa: “Para as adoções post mortem, exigem-se, como comprovação da inequívoca vontade do de cujus em adotar, as mesmas regras que comprovam a filiação socioafetiva, quais seja, o tratamento do menor como se filho fosse e o conhecimento público dessa condição.” ] 
	ADOÇÃO INTUITO PERSONAE (Art. 50, §13°)
	Situações em que a adoção poderá ser deferida a pessoa ou casal que não estava inscrito previamente nos cadastros de adoção. São hipóteses excepcionalíssimas que se fundamentam no melhor interesse da criança:
- Adoção unilateral.
- Formulada por parente com o qual a criança ou adolescente mantenha vínculos de afinidade e afetividade.
- Pedido de quem detém a tutela ou guarda legal de criança maior de 3 (três) anos ou adolescente, desde que o lapso de tempo de convivência comprove a fixação de laços de afinidade e afetividade, e não seja constatada a ocorrência de má-fé ou qualquer das situações previstas nos arts. 237 ou 238 do ECA.
	ADOÇÃO INTERNACIONAL (Art. 51)
	Aquela na qual o pretendente possui residência habitual em país-parte da Convenção de Haia, de 29 de maio de 1993, relativa à Proteção das Crianças e à Cooperação em Matéria de Adoção Internacional, promulgada pelo Decreto no 3.087, de 21 junho de 1999, e deseja adotar criança em outro país-parte da Convenção.
#SELIGA A adoção é internacional quando o postulante é residente ou domiciliado fora do Brasil, independente de nacionalidade!
#ATENÇÃO Os brasileiros residentes no exterior terão preferência aos estrangeiros, nos casos de adoção internacional de criança ou adolescente brasileiro
A possibilidade de adoção internacional se dá apenas quando esgotadas as tentativas de colocação em família substituta no Brasil.
Deverá haver a consulta a adolescente sobre a adoção e a demonstração, dentro do seu grau de discernimento, de que está preparado para a medida. [footnoteRef:21] [21: #CAIUEMPROVA na prova do TJ-CE/2012 foi considerada correta a seguinte afirmativa: “A adoção internacional somente deve ser deferida se não for encontrado interessado com residência permanente no Brasil, após consulta aos cadastros local, estadual e nacional de pessoas ou casais habilitados à adoção.
] 
	ADOÇÃO À BRASILEIRA
	Trata-se da situação em que uma pessoa registra filho alheio como próprio. Não é uma modalidade legítima de adoção, pelo contrário, configura o crime do at. 242 do Código Penal. 
#DEOLHONAJURIS Apesar de teoricamente esse ato de registro ser nulo, a jurisprudência mais moderna considera também esse vínculo irrevogável por estabelecer paternidade socioafetiva.
#DEOLHONAJURISPRUDÊNCIA: Desconstituição da paternidade registral e adoção à brasileira. Se o marido ou companheiro descobre que foi induzido em erro no momento de registrar a criança e que não é pai biológico do seu filho registral, ele poderá contestar a paternidade, pedindo a retificação do registro (arts. 1.601 e 1.604 do CC). Não se pode obrigar o pai registral, induzido a erro substancial, a manter uma relação de afeto, igualmente calcada no vício de consentimento originário, impondo-lhe os deveres daí advindos, sem que, voluntária e conscientemente, o queira. Vale ressaltar, no