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Direito Previdenciário e Seguridade Social

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Direito Previdenciário
SEGURIDADE SOCIAL
Sumário
1. Seguridade Social	3
2. Saúde, previdência e assistência social: distinções e disciplina constitucional	5
2.1 Saúde	5
2.2 Assistência Social	7
2.3 Previdência Social	8
3. Financiamento da Seguridade Social (Atualizado em 29/04/2022).	9
4. Princípios fundamentais da seguridade social	11
4.1. Princípio da universalidade da cobertura e do atendimento	12
4.2. Princípio da uniformidade e equivalência dos benefícios e serviços às populações urbanas e rurais	13
4.3 Princípio da seletividade e distributividade na prestação dos benefícios e serviços	14
4.4 Irredutibilidade do valor dos benefícios	14
4.5 Princípio da equidade na forma de participação no custeio	15
4.6 Princípio da diversidade da base de financiamento (Atualizado em 29/04/2022).	16
4.7 Princípio da gestão quadripartite	17
4.8 Princípio da solidariedade	18
4.9 Princípio da precedência da fonte de custeio	20
4.10 Princípio do orçamento diferenciado	21
4.11 Questões de prova	22
5. Natureza e fontes do direito da seguridade social	25
5.1 Natureza e fontes do direito previdenciário. Interpretação, aplicação, integração e eficácia das normas	26
6. Direito adquirido e expectativa de direito em matéria previdenciária	29
DISPOSITIVOS PARA CICLOS DE LEGISLAÇÃO	30
BIBLIOGRAFIA UTILIZADA	31
ATUALIZADO EM 29/04/2022[footnoteRef:1] [1: As FUCS são constantemente atualizadas e aperfeiçoadas pela nossa equipe. Por isso, mantemos um canal aberto de diálogo (setordematerialciclos@gmail.com) com os alunos da #famíliaciclos, onde críticas, sugestões e equívocos, porventura identificados no material, são muito bem-vindos. Obs1. Solicitamos que o e-mail enviado contenha o título do material e o número da página para melhor identificação do assunto tratado. Obs2. O canal não se destina a tirar dúvidas jurídicas acerca do conteúdo abordado nos materiais, mas tão somente para que o aluno reporte à equipe quaisquer dos eventos anteriormente citados. ] 
SEGURIDADE SOCIAL[footnoteRef:2] [2: Por Laís Lessa.] 
1. Seguridade Social
A Constituição Federal de 1988 aduz que a seguridade social “compreende um conjunto integrado de ações dos Poderes Públicos e da sociedade, destinadas a assegurar os direitos relativos à saúde, à previdência e à assistência social”, na forma do artigo 194. Isso significa que a seguridade social:
a) é composta tanto pelos Poderes Públicos, como pela sociedade (na forma de pessoas físicas ou jurídicas);
b) abarca três ramos: saúde, previdência e assistência social.
#OLHAOGANCHO #DIREITOCONSTITUCIONAL: A seguridade social é considerada como um direito positivo, já que impõe ao Estado uma obrigação de fazer, de segunda e terceira geração. De segunda geração, já que se trata de um direito social, cuja previsão do artigo 6º, CF/88 contempla a saúde, a previdência social, proteção à maternidade e à infância, bem como a assistência aos desamparados. De terceira geração porque são direitos coletivos.
A CF/88 foi a primeira constituição brasileira a prever a seguridade social como um sistema que engloba os três segmentos mencionados, dispondo de uma peça orçamentária própria.
Este sistema da seguridade social se subdivide em um sistema contributivo e um sistema não contributivo – e isso é muito importante! Integra o sistema contributivo apenas a previdência social, a qual exige o pagamento (real ou presumido) de contribuições previdenciárias pelos segurados para a sua cobertura e dos seus dependentes.
Por outro lado, o sistema não-contributivo é composto pela saúde e assistência social, as quais são custeadas pelos tributos em geral, especialmente das contribuições destinadas especificamente à seguridade social. Logo, a saúde e a assistência social são disponíveis à todas as pessoas que necessitarem, sem a exigibilidade de contraprestação.
A competência para legislar sobre a seguridade social é, como regra geral, privativa da União.
#LEISECANAVEIA:
Art. 22. Compete privativamente à União legislar sobre:
XXIII - seguridade social;
Entretanto, a competência é concorrente da União, dos Estados e do Distrito Federal para legislar sobre previdência social, proteção e defesa da saúde, portadores de deficiência, infância e juventude.
#LEISECANAVEIA:
Art. 24. Compete à União, aos Estados e ao Distrito Federal legislar concorrentemente sobre:
XII - previdência social, proteção e defesa da saúde; 
XIV - proteção e integração social das pessoas portadoras de deficiência; 
XV - proteção à infância e à juventude; 
	Importante! Após a Emenda 103/2019, que alterou o inciso XXI do artigo 22 da CF, a competência para legislar sobre regras gerais de inatividade remunerada de policiais militares e bombeiros dos Estados e Distrito Federal passou a ser privativa da União. Sobre o tema, buscou-se uniformizar, por lei federal, as normas gerais, deixando aos Estados somente a suplementação de acordo com as peculiaridades locais. 
#LEISECANAVEIA:
Art. 22. Compete privativamente à União legislar sobre:
XXI - normas gerais de organização, efetivos, material bélico, garantias, convocação, mobilização, inatividades e pensões das polícias militares e dos corpos de bombeiros militares; (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 103, de 2019).
#OLHAOGANCHO: A Constituição Federal, no que tange à competência legislativa dos entes federativos, determina que a União tem competência privativa para dispor de certos assuntos, arrolados no artigo 22. Neste sentido, o parágrafo único informa que, mediante lei complementar, a União poderá autorizar os Estados a tratarem sobre questões específicas.
Já o artigo 24 da CF/88 regula as competências concorrentes e, neste ponto, devemos lembrar que a União disciplina as normas gerais e os Estados e Municípios têm competência suplementar, na forma do §1º.
Apenas se a União não legislar sobre as normas gerais é que os Estados e o DF passam a dispor de competência plena, ou seja, para tratar tanto das normas gerais, quanto das especificidades, conforme o §3º.
Neste caso, se os Estados ou DF tiverem exercido a competência plena e a União legislar sobre as normas gerais supervenientemente, as normas gerais elaboradas pelos Estados e/ou DF terão a eficácia (veja bem, eficácia!) suspensa, mas apenas no que for contrário ao disposto pela União, consoante o §4º.
#DICADAPROFESSORA: Essa parte de competências constitucionais não tem outro jeito de estudar que não seja com #LEISECANAVEIA! Precisa ler e reler os artigos, comparar as palavras similares e fazer muitos exercícios. Com muito treino, acaba tornando-se bem fácil!
2. Saúde, previdência e assistência social: distinções e disciplina constitucional
Ao longo desta FUC iremos estudar cada um dos ramos da seguridade social com a devida profundidade, então, por ora, basta apenas termos em mente os conceitos básicos e as distinções principais no que tange aos beneficiários e contributividade.
2.1 Saúde
#VAMOSDETABELA:
	SAÚDE
	DEFINIÇÃO
	BENEFICIÁRIOS
	CONTRIBUTIVIDADE
	A saúde é direito de todos e dever do Estado, garantido mediante políticas sociais e econômicas que visem à redução do risco de doença e de outros agravos e ao acesso universal e igualitário às ações e serviços para sua promoção, proteção e recuperação.
	
Todas as pessoas que necessitarem, inclusive estrangeiros em território nacional.
	Sistema não-contributivo.
A saúde é custeada pelos tributos, em especial as contribuições para a seguridade, como veremos mais adiante na parte de custeio do sistema de seguridade social.
*(Atualizado em 29/04/2022) #SELIGANAJURIS 
O ressarcimento de serviços de saúde prestados por unidade privada em favor de paciente do Sistema Único de Saúde, em cumprimento de ordem judicial, deve utilizar como critério o mesmo que é adotado para o ressarcimento do Sistema Único de Saúde por serviços prestados a beneficiários de planos de saúde. [STF. RE 666.094, rel. min. Ricardo Roberto Barroso, j. 30-9-2021, P, DJE de 4-2-2022, Tema 1.033.]
É constitucional o ressarcimento previsto no art. 32 da Lei nº 9.656/98, o qual é aplicável aos procedimentosmédicos, hospitalares ou ambulatoriais custeados pelo SUS e posteriores a 4.6.1998, assegurados o contraditório e a ampla defesa, no âmbito administrativo, em todos os marcos jurídicos.
O art. 32 da Lei nº 9.656/98 prevê que, se um cliente do plano de saúde utilizar-se dos serviços do SUS, o Poder Público poderá cobrar do referido plano o ressarcimento que ele teve com essas despesas. Assim, o chamado “ressarcimento ao SUS”, criado pelo art. 32, é uma obrigação legal das operadoras de planos privados de assistência à saúde de restituir as despesas que o SUS teve ao atender uma pessoa que seja cliente e que esteja coberta por esses planos. STF. Plenário. RE 597064/RJ, Rel. Min. Gilmar Mendes, julgado em 7/2/2018 (repercussão geral) (Info 890).
O Estado não pode ser obrigado a fornecer medicamentos experimentais. A ausência de registro na ANVISA impede, como regra geral, o fornecimento de medicamento por decisão judicial. É possível, excepcionalmente, a concessão judicial de medicamento sem registro sanitário, em caso de mora irrazoável da ANVISA em apreciar o pedido de registro (prazo superior ao previsto na Lei 13.411/2016), quando preenchidos três requisitos: 
(i) a existência de pedido de registro do medicamento no Brasil (salvo no caso de medicamentos órfãos para doenças raras e ultrarraras); 
(ii) a existência de registro do medicamento em renomadas agências de regulação no exterior; e 
(iii) a inexistência de substituto terapêutico com registro no Brasil. 
As ações que demandem fornecimento de medicamentos sem registro na Anvisa deverão necessariamente ser propostas em face da União. [STF. RE 657.718, red. do ac. min. Roberto Barroso, j. 22-5-2019, P, DJE de 9-11-2020, Tema 500.]
2.2 Assistência Social
#MAISTABELA:
	ASSISTÊNCIA SOCIAL
	DEFINIÇÃO
	BENEFICIÁRIOS
	CONTRIBUTIVIDADE
	A assistência social será prestada a quem dela necessitar, independentemente de contribuição à seguridade social, e tem por objetivos:
I - a proteção à família, à maternidade, à infância, à adolescência e à velhice;
II - o amparo às crianças e adolescentes carentes;
III - a promoção da integração ao mercado de trabalho;
IV - a habilitação e reabilitação das pessoas portadoras de deficiência e a promoção de sua integração à vida comunitária;
V - a garantia de um salário mínimo de benefício mensal à pessoa portadora de deficiência e ao idoso que comprovem não possuir meios de prover à própria manutenção ou de tê-la provida por sua família, conforme dispuser a lei.
	
Todas as pessoas que necessitarem, principalmente os miseráveis.
	Sistema não-contributivo.
A assistência é custeada pelos tributos, em especial as contribuições para a seguridade, como veremos mais adiante na parte de custeio do sistema de seguridade social.
#DEOLHONAJURIS #DIZERODIREITO: Os estrangeiros residentes no País são beneficiários da assistência social prevista no art. 203, V, da Constituição Federal, uma vez atendidos os requisitos constitucionais e legais. STF. Plenário. RE 587970/SP, Rel. Min. Marco Aurélio, julgado em 19 e 20/4/2017 (repercussão geral) (Info 861).
2.3 Previdência Social
#SÓMAISUMATABELA:
	PREVIDÊNCIA SOCIAL
	DEFINIÇÃO
	BENEFICIÁRIOS
	CONTRIBUTIVIDADE
	A previdência social será organizada sob a forma do Regime Geral de Previdência Social, de caráter contributivo e de filiação obrigatória, observados critérios que preservem o equilíbrio financeiro e atuarial, e atenderá, na forma da lei, a:
I - cobertura dos eventos de incapacidade temporária ou permanente para o trabalho e idade avançada;
II - proteção à maternidade, especialmente à gestante;
III - proteção ao trabalhador em situação de desemprego involuntário;
IV - salário-família e auxílio-reclusão para os dependentes dos segurados de baixa renda;
V - pensão por morte do segurado, homem ou mulher, ao cônjuge ou companheiro e dependentes, observado o disposto no § 2º.
	Apenas aqueles que forem filiados e/ou inscritos no Regime Geral de Previdência Social ou, ainda, em Regime Próprio de Previdência Social, bem como seus dependentes.
	Sistema contributivo. Significa dizer que a previdência social é custeada, dentre outras formas, pela contribuição dos beneficiários.
3. Financiamento da Seguridade Social (Atualizado em 29/04/2022).
O financiamento da seguridade social será realizado por toda a sociedade, de forma direta e indireta, mediante recursos provenientes dos orçamentos da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, e das contribuições sociais (art. 195 da Constituição Federal).
Portanto, percebe-se que o modelo de financiamento baseia-se no sistema contributivo, em que o custeio direto é marcado pelas contribuições sociais, enquanto o custeio indireto ocorre por meio de recursos orçamentários dos entes políticos, provenientes de impostos. 
#DEOLHONALEI – CF/88:
Art. 195. A SEGURIDADE SOCIAL SERÁ FINANCIADA por toda a sociedade, de forma direta e indireta, nos termos da lei, mediante recursos provenientes dos orçamentos da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, e das seguintes contribuições sociais:
I - Do empregador, da empresa e da entidade a ela equiparada na forma da lei, incidentes sobre:
a) a folha de salários e demais rendimentos do trabalho pagos ou creditados, a qualquer título, à pessoa física que lhe preste serviço, mesmo sem vínculo empregatício;
b) a receita ou o faturamento;
c) o lucro;
II - Do trabalhador e dos demais segurados da previdência social, podendo ser adotadas ALÍQUOTAS PROGRESSIVAS de acordo com o valor do salário de contribuição, não incidindo contribuição sobre aposentadoria e pensão concedidas pelo RGPS; (EC 103/2019) #NÃO CONFUNDIR COM O RPPS!
III - Sobre a receita de concursos de prognósticos.
IV - Do importador de bens ou serviços do exterior, ou de quem a lei a ele equiparar.
§ 1º As receitas dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios destinadas à seguridade social constarão dos respectivos orçamentos, não integrando o orçamento da União. (...) 
§ 3º A pessoa jurídica em débito com o sistema da seguridade social, como estabelecido em lei, não poderá contratar com o Poder Público nem dele receber benefícios ou incentivos fiscais ou creditícios. 
§ 4º A lei poderá instituir outras fontes destinadas a garantir a manutenção ou expansão da seguridade social, obedecido o disposto no art. 154, I.
§ 5º Nenhum benefício ou serviço da seguridade social poderá ser criado, majorado ou estendido sem a correspondente fonte de custeio total.
§ 6º As contribuições sociais de que trata este artigo só poderão ser exigidas após decorridos 90 dias da data da publicação da lei que as houver instituído ou modificado, não se lhes aplicando o disposto no art. 150, III, "b".
§ 7º São ISENTAS de contribuição para a seguridade social as entidades beneficentes de assistência social que atendam às exigências estabelecidas em lei. (...) 
§ 9º As contribuições sociais previstas no inciso I do caput deste artigo poderão ter ALÍQUOTAS DIFERENCIADAS em razão da atividade econômica, da utilização intensiva de mão de obra, do porte da empresa ou da condição estrutural do mercado de trabalho, sendo também autorizada a adoção de bases de cálculo diferenciadas apenas no caso das alíneas "b" e "c" do inciso I do caput. (...)
§ 11. São VEDADOS A MORATÓRIA E O PARCELAMENTO EM PRAZO SUPERIOR A 60 (SESSENTA) MESES e, na forma de lei complementar, A REMISSÃO E A ANISTIA DAS CONTRIBUIÇÕES SOCIAIS de que tratam a alínea "a" do inciso I e o inciso II do caput. (EC 103/2019) 
É permitida a instituição de contribuições sociais do empregador, da empresa e da entidade a ela equiparada, incidentes sobre: a) a folha de salários e demais rendimentos do trabalho pagos ou creditados, a qualquer título, à pessoa física que lhe preste serviço, mesmo sem vínculo empregatício; b) a receita ou o faturamento; c) o lucro.
Também é permitida a instituição de contribuição social do trabalhador e dos demais segurados da previdência social, desde que essa contribuição não incida sobre aposentadoria e pensão concedidas pelo regime geral de previdênciasocial de que trata o art. 201 da Constituição Federal. 
Ademais, ficou também permitida a instituição de contribuições sociais sobre a receita de concursos de prognósticos e do importador de bens ou serviços do exterior, ou de quem a lei a ele equiparar.
Essas contribuições arrecadadas com base no art. 195 da CF/88 ingressam diretamente no orçamento da Seguridade Social, conforme previsto no art. 165, § 5º, III. Portanto, não constituem receita do Tesouro Nacional. Além disso, nos termos do art. 167, XI, a utilização dos recursos provenientes das contribuições sociais de que trata o art. 195, I, a, (cota patronal) e II (contribuição dos trabalhadores), para a realização de despesas distintas do pagamento de benefícios do regime geral de previdência social de que trata o art. 201 está expressamente vedada. Por isso, a doutrina afirma que essas contribuições sociais são vinculadas.
Além das fontes de custeio da seguridade social previstas no dispositivo constitucional acima mencionado, o art. 154, I, da CF, permite a criação de outras fontes, mediante lei complementar, tanto para financiar novos benefícios ou serviços, como para manter os atualmente já existentes. O que não se permite é criar, majorar ou estender serviço ou benefício da seguridade social sem a correspondente fonte de custeio (art. 195, § 5º).
#ATENÇÃO #NÃOCONFUNDIR: A criação de outras fontes de custeio da seguridade social, não previstas na CF, deve ser por meio de lei complementar (art. 154, I). Entretanto, as previstas no art. 195 da CF podem ser instituídas por lei ordinária!
Constituem ainda outras receitas da Seguridade Social as multas, a atualização monetária e os juros moratórios; a remuneração recebida por serviços de arrecadação, fiscalização e cobrança prestados a terceiros; as receitas provenientes de prestação de outros serviços e de fornecimento ou arrendamento de bens; as demais receitas patrimoniais, industriais e financeiras; as doações, legados, subvenções e outras receitas eventuais; metade dos valores obtidos com a desapropriação confiscatória prevista no art. 243 da CF; 40% (quarenta por cento) do resultado dos leilões dos bens apreendidos pelo Departamento da Receita Federal; além de outras receitas previstas em legislação específica (art. 27 da Lei nº 8.212/91).
#SELIGA: 
· As receitas dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, destinadas à seguridade social constarão dos respectivos orçamentos, não integrando o orçamento da União.
· Resta assegurada a ISENÇÃO de contribuição para a seguridade social às entidades beneficentes de assistência social que atendam às exigências estabelecidas em lei.
· A pessoa jurídica em débito com o sistema da seguridade social não poderá contratar com o Poder Público nem dele receber benefícios ou incentivos fiscais ou creditícios.
· Em termos de contribuições sociais, vige o Princípio da Anterioridade Nonagesimal, de acordo com o qual as contribuições sociais só poderão ser exigidas depois de decorridos 90 dias da data da publicação da lei que as houver instituído ou modificado, não se lhes aplicando a anterioridade prevista no art. 150, III, “b” da CF. Logo, as contribuições sociais podem ser exigidas no mesmo exercício financeiro, desde que respeitada a anterioridade dos 90 dias.
MUDANÇAS ADVINDAS COM A EC 103/2019 NA SEGURIDADE SOCIAL:
· Passou a ser prevista a progressividade da alíquota contributiva incidente sobre a folha de salários do trabalhador e dos demais segurados da previdência social, conforme nova redação do art. 195, II da Constituição Federal.
· Foi reafirmado que as contribuições sociais do empregador, da empresa e da entidade a ela equiparada (cota patronal) poderão ter alíquotas diferenciadas em razão da atividade econômica, da utilização intensiva de mão de obra, do porte da empresa ou da condição estrutural do mercado de trabalho.
· Restou autorizado no texto constitucional a adoção de bases de cálculo diferenciadas APENAS nos casos de contribuições sociais sobre a receita ou o faturamento e sobre o lucro (art. 195, § 9º, CF/88).
· Foi mantida a vedação de remissão e anistia, na forma de lei complementar, das contribuições sociais incidentes sobre a folha de salários e dos trabalhadores/segurados em geral, entretanto houve expressa previsão de que a moratória e o parcelamento não poderiam ter prazo superior a 60 meses (art. 195, § 11, CF/88).
4. Princípios fundamentais da seguridade social
O constituinte de 1988 estipulou um rol de princípios fundamentais da seguridade no artigo 194, nominando-os como objetivos.
#LEISECANAVEIA #COLANARETINA #NÃOCAIDESPENCA:
Art. 194. A seguridade social compreende um conjunto integrado de ações de iniciativa dos Poderes Públicos e da sociedade, destinadas a assegurar os direitos relativos à saúde, à previdência e à assistência social. 
Parágrafo único. Compete ao Poder Público, nos termos da lei, organizar a seguridade social, com base nos seguintes objetivos: 
I - universalidade da cobertura e do atendimento; 
II - uniformidade e equivalência dos benefícios e serviços às populações urbanas e rurais; 
III - seletividade e distributividade na prestação dos benefícios e serviços; 
IV - irredutibilidade do valor dos benefícios; 
V - equidade na forma de participação no custeio; 
VI - diversidade da base de financiamento, identificando-se, em rubricas contábeis específicas para cada área, as receitas e as despesas vinculadas a ações de saúde, previdência e assistência social, preservado o caráter contributivo da previdência social; (parte sublinhada acrescentada pela EC 103/2019),
VII - caráter democrático e descentralizado da administração, mediante gestão quadripartite, com participação dos trabalhadores, dos empregadores, dos aposentados e do Governo nos órgãos colegiados.
4.1. Princípio da universalidade da cobertura e do atendimento
Este princípio possui duas vertentes:
a) princípio da universalidade da cobertura: a seguridade social busca atender o maior número de contingências sociais possíveis, como doença, invalidez, maternidade, morte e etc. Sob esse aspecto também pode ser reconhecido pelo nome de universalidade objetiva, já que trata do objeto da seguridade social.	
b) princípio da universalidade do atendimento: a seguridade social busca atender a todos, inclusive os ESTRANGEIROS, residentes ou não residentes no país, conforme o caso. No entanto, é bom lembrar que enquanto a saúde e assistência social não são contributivas, a previdência social apenas acoberta os filiados. Neste sentido, foi com base neste princípio que foi instituída a possibilidade de filiação dos segurados facultativos e também, por exemplo, das donas-de-casa de baixa renda contribuírem com alíquota reduzida, visando abarcar na previdência o maior número possível de pessoas. Destarte, trata-se da universalidade subjetiva, pois relaciona-se com o sujeito da seguridade social.
#OLHAOGANCHO #RESERVADOPOSSÍVEL: Teoria da reserva do possível – sabemos que o dinheiro público não é inesgotável e, desta forma, estudamos em direito administrativo e constitucional a teoria da reserva do possível (alô, pessoal das procuradorias!). A reserva do possível consiste no limite fático e jurídico que impede o Estado de custear o tratamento de alto custo de um cidadão portador de enfermidade grave, por exemplo, de forma que é muito utilizada pelos entes públicos para argumentar a inaplicabilidade do princípio da universalidade do atendimento em sua extensão máxima.
No entanto, a reserva do possível não pode ser utilizada indistintamente pela Administração, apenas sendo possível alegá-la quando houver prova de que recursos públicos foram aplicados na seguridade social e que, de fato, não há orçamento disponível para custear o direito em questão. Aliás, de acordo com o entendimento do STF, no RE 356.479, o Estado não pode alegar a reserva do possível para descumprir o mínimo existencial dos direitos (alô, galera das defensorias!).
4.2. Princípio da uniformidade e equivalência dos benefícios e serviços às populações urbanas e rurais
Este princípioderiva do princípio constitucional da isonomia, de maneira que ele proíbe a discriminação negativa entre populações urbanas e rurais para o acesso aos benefícios e serviços prestados pelo sistema da seguridade.
É o tão famoso princípio da igualdade material, o qual permite discriminações razoáveis para igualar os desiguais.
Logo, podem existir diferenciações no tratamento entre tais populações, como no caso do §8º do artigo 195. Contudo, essas diferenciações não podem ter um viés discriminatório, não podem isolar ou prejudicar a população rural.
Então vamos ao exemplo de uma diferenciação permitida:
#LEISECANAVEIA: 
Art. 195. A seguridade social será financiada por toda a sociedade, de forma direta e indireta, nos termos da lei, mediante recursos provenientes dos orçamentos da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, e das seguintes contribuições sociais:  
§ 8º O produtor, o parceiro, o meeiro e o arrendatário rurais e o pescador artesanal, bem como os respectivos cônjuges, que exerçam suas atividades em regime de economia familiar, sem empregados permanentes, contribuirão para a seguridade social mediante a aplicação de uma alíquota sobre o resultado da comercialização da produção e farão jus aos benefícios nos termos da lei. 
#ATENÇÃO: Benefícios correspondem à obrigação de pagar quantia certa, enquanto os serviços correspondem à obrigação de fazer dentro do sistema da seguridade.
4.3 Princípio da seletividade e distributividade na prestação dos benefícios e serviços
O Estado não tem condições financeiras de cobrir todos os riscos sociais que porventura ocorram, de maneira que devem ser selecionados para a cobertura de benefícios e serviços àqueles mais relevantes. Nesse sentido, são, inclusive, impostos requisitos para a concessão das benesses.
Além disso, é através do princípio da seletividade que o legislador tem autorização para escolher quais pessoas podem ser contempladas pelos benefícios e serviços.
Logo, é muito evidente que a seletividade atua como limitação ao princípio da universalidade da seguridade social.
Já a distributividade atua como elemento concretizador da justiça social, uma vez que desconcentra a riqueza, contemplando os mais necessitados. Veja que no caso da assistência social, apenas os mais miseráveis fazem jus aos benefícios e serviços, muito embora o financiamento seja proveniente de tributos pagos por todos os contribuintes.
4.4 Irredutibilidade do valor dos benefícios
Este princípio decorre da segurança jurídica, de modo que impede o retrocesso securitário.
	IRREDUTIBILIDADE PELO VALOR NOMINAL
	Saúde pública e assistência social
	IRREDUTIBILIDADE PELO VALOR NOMINAL E REAL
	Previdência Social
A tabela acima[footnoteRef:3] nos mostra que no tocante à saúde e à assistência social, a irredutibilidade ocorre apenas pelo valor nominal, enquanto na previdência social a irredutibilidade acontece pelo valor nominal e real, sendo reajustada pelo INPC. Isso ocorre porque a previdência é contributiva. [3: Retirada da obra de Frederico Amado. AMADO, Frederico. Direito Previdenciário. Coleção Sinopse para Concursos. Salvador: Editora Juspodivum. 9ª Edição. 2018. Pág. 30.] 
#LEISECANAVEIA:
 Art. 201, CF. A previdência social será organizada sob a forma do Regime Geral de Previdência Social, de caráter contributivo e de filiação obrigatória, observados critérios que preservem o equilíbrio financeiro e atuarial, e atenderá, na forma da lei, a: 
§ 4º É assegurado o reajustamento dos benefícios para preservar-lhes, em caráter permanente, o valor real, conforme critérios definidos em lei.  
Art. 41-A, Lei 8.213/1991. O valor dos benefícios em manutenção será reajustado, anualmente, na mesma data do reajuste do salário mínimo, pro rata, de acordo com suas respectivas datas de início ou do último reajustamento, com base no Índice Nacional de Preços ao Consumidor - INPC, apurado pela Fundação Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística - IBGE.
*(Atualizado em 29/04/2022) #SELIGANAJURIS 
Não encontra amparo no Texto Constitucional revisão de benefício previdenciário pelo valor nominal do salário mínimo. [STF. RE 968.414, rel. min. Marco Aurélio, j. 15-5-2020, P, DJE de 3-6-2020, Tema 996.]
4.5 Princípio da equidade na forma de participação no custeio
Cumpre primeiramente relembrar que equidade NÃO É a mesma coisa de igualdade; equidade significa justiça no caso concreto. Assim, através do princípio ora em estudo é preciso considerar a capacidade de cada contribuinte, o que de forma simplista poderia ser traduzido por “quem ganha mais, paga mais”.
Deste modo, por exemplo, existem trabalhadores que devem recolher alíquotas de 7,5%, 9%, 12% ou 14% sobre a remuneração (valores atualizados pelo artigo 28 da EC 103/2019 e adotados desde março de 2020), bem como as bases de cálculo e alíquotas das empresas também podem variar de acordo com a atividade econômica desenvolvida.
#LEISECANAVEIA: 
Art. 195, § 9º, CF/88. As contribuições sociais previstas no inciso I do caput deste artigo poderão ter alíquotas diferenciadas em razão da atividade econômica, da utilização intensiva de mão de obra, do porte da empresa ou da condição estrutural do mercado de trabalho, sendo também autorizada a adoção de bases de cálculo diferenciadas apenas no caso das alíneas "b" e "c" do inciso I do caput. (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 103, de 2019)
#FALADOUTRINADOR: O Professor Ivan Kertzman nota que o princípio da equidade na forma de participação no custeio está intimamente relacionado com o princípio da capacidade contributiva do direito tributário, bem como com o princípio da distributividade na prestação dos benefícios e serviços de que tratamos agora há pouco, no sentido de que “as contribuições devem ser arrecadadas de quem tenha maior capacidade contributiva para ser distribuída para quem mais necessita”.
4.6 Princípio da diversidade da base de financiamento (Atualizado em 29/04/2022).
O sistema da seguridade social precisa ter múltiplas fontes de financiamento, a fim de garantir a solvabilidade. Assim, se uma das fontes de financiamento quebrar, a seguridade não permanece com a arrecadação completamente comprometida.
A redação do inciso referente a este princípio sofreu alteração pela EC 103/2019:
#DEOLHONALEI – CF:
Art. 194, VI - Diversidade da base de financiamento, identificando-se, em rubricas contábeis específicas para cada área, as receitas e as despesas vinculadas a ações de saúde, previdência e assistência social, preservado o caráter contributivo da previdência social; (EC 103/2019 – parte acrescentada em negrito)
O texto constitucional destaca também a necessidade de se identificar, em rubricas contábeis específicas para cada área, as receitas e despesas vinculadas a ações de saúde, previdência e assistência social, preservando o caráter contributivo da previdência social. Em outras palavras, deve haver a especificação em cada receita ou despesa da seguridade social da área para a qual ela está sendo destinada.
A seguridade é, pois, custeada através da sociedade, de forma direta e indireta, além dos recursos oriundos dos entes federativos. Ademais, uma das fontes de financiamento são as contribuições sociais:
a) do empregador, da empresa e da entidade a ela equiparada;
b) do trabalhador e dos demais segurados da previdência social;
c) da receita de concursos de prognósticos, o que significa a receita oriunda de apostas;
d) do importador de bens ou serviços do exterior, ou de quem a lei a ele equiparar.
No entanto, vale ressaltar que é permitida a criação de novas fontes de custeio, através de lei complementar, conforme o §4º do artigo 195.
#RESUMINDO: A doutrina aduz então que no Brasil adotamos a TRÍPLICE forma de CUSTEIO: Poder Público, empresas e trabalhadores.
4.7 Princípio da gestão quadripartite
A Constituição Federal, em seu artigo 10, assegura a participação dos trabalhadores e empregadores nos colegiados dos órgãos públicos em que seus interesses profissionais ou previdenciários sejam objeto de discussão e deliberação.
Destaforma, o artigo 194, parágrafo único, inciso VII, informa que a gestão do sistema de seguridade envolve:
a) trabalhadores;
b) empregadores;
c) aposentados;
d) poder público.
Isso garante a democracia e a descentralização no sistema de seguridade social, o que se aplica, por conseguinte, nos conselhos existentes em cada uma das searas da saúde, assistência e previdência.
#LEISECANAVEIA:
Art. 3º, Lei 8.213/91. Fica instituído o Conselho Nacional de Previdência Social–CNPS, órgão superior de deliberação colegiada, que terá como membros:
I - seis representantes do Governo Federal;
II - nove representantes da sociedade civil, sendo:
a) três representantes dos aposentados e pensionistas;
b) três representantes dos trabalhadores em atividade;
c) três representantes dos empregadores.  
#NÃOCONFUNDA #CASCADEBANANA #NÃOCAIDESPENCA:
TRÍPLICE fonte de CUSTEIO com GESTÃO QUADRIPARTITE.
4.8 Princípio da solidariedade
A solidariedade é, em verdade, um dos objetivos da República Federativa do Brasil, conforme a previsão do artigo 3º, inciso I, da CF. No caso do nosso estudo, a solidariedade fundamenta a socialização dos riscos, ou seja, o sistema da seguridade é financiado por aqueles que pagam tributos e podem não gozar dos benefícios e serviços no presente, mas no futuro serão contemplados.
No âmbito da previdência social, o princípio da solidariedade é a razão pela qual o segurado que começou a contribuir há pouco tempo poder se aposentar por invalidez, em virtude de um acidente de trabalho, por exemplo.
Dimensões do princípio da solidariedade na seguridade social, substancialmente na seara previdenciária:
(a) Horizontal – pacto intra-geracional: redistribuição de renda entre as populações.
(b) Vertical – pacto intergeracional: a geração presente trabalha para pagar os benefícios das gerações passadas.
Além disso, o princípio da solidariedade foi utilizado para embasar decisão do STF em negar o novo cálculo de aposentadoria a quem, já aposentado, permanece trabalhando e contribuindo para o sistema.
#DEOLHONAJURIS #DIZERODIREITO #DESAPOSENTAÇÃO
No âmbito do Regime Geral de Previdência Social - RGPS, somente lei pode criar benefícios e vantagens previdenciárias, não havendo, por ora, previsão legal do direito à desaposentação, sendo constitucional a regra do art. 18, § 2º, da Lei nº 8.213/91.
STJ. 1ª Seção. REsp 1.334.488-SC, Rel. Min. Herman Benjamin, julgado em 27/03/2019 (recurso repetitivo) (Info 649).
#AJUDAMARCINHO[footnoteRef:4] [4: CAVALCANTE, Márcio André Lopes. Não há, por ora, previsão legal do direito à 'desaposentação' ou à ‘reaposentação’, sendo constitucional a regra do art. 18, § 2º, da Lei nº 8.213/91. Buscador Dizer o Direito, Manaus. Disponível em: <https://www.buscadordizerodireito.com.br/jurisprudencia/detalhes/d8567273b20e64233b575a130159a15d>. Acesso em: 21/06/2020] 
Princípio da solidariedade e contribuição dos aposentados
Assim, os aposentados que voltam a trabalhar pagam contribuição previdenciária não porque esses recursos serão utilizados em seu favor, mas sim para ajudar na concessão de benefícios previdenciários que serão concedidos a outras pessoas que eles nem conhecem. Essa "ajuda" ocorre em nome do princípio da solidariedade. É o que explica Frederico Amado:
“Essa norma principiológica fundamenta a criação de um fundo único de previdência social, socializando-se os riscos, com contribuições compulsórias, mesmo daquele que já se aposentou, mas persiste trabalhando, embora este egoisticamente normalmente faça queixas da previdência por continuar pagando as contribuições.” (AMADO, Frederico. Curso de Direito e Processo Previdenciário. Salvador: Juspodivm, 2015, p. 37).
Nesse sentido, votou o Min. Teori Zavascki: “essas contribuições efetuadas pelos aposentados destinam-se ao custeio atual do sistema de seguridade, e não ao incremento de um benefício para o segurado ou seus dependentes”.
Desse modo, para o STF, não é inconstitucional o aposentado pagar contribuições para a Previdência Social e não usufruir uma melhora por causa disso. Não é inconstitucional porque tal contribuição está amparada pelo princípio da solidariedade (art. 3º, I, da CF/88).
#TABELALOVERS:
	DESAPOSENTAÇÃO (soma os períodos)
	REAPOSENTAÇÃO (despreza o período anterior)
	O segurado, mesmo depois de se aposentar, continua trabalhando e pagando contribuições previdenciárias. Depois de algum tempo nessa situação, ele renuncia à aposentadoria que recebe e pede para somar o tempo que contribuiu antes e depois da aposentadoria com o objetivo de requerer uma nova aposentadoria, desta vez mais vantajosa.
	O segurado, mesmo depois de se aposentar, continua trabalhando e pagando contribuições previdenciárias. Depois de algum tempo nessa situação, ele renuncia à aposentadoria que recebe e pede para que seja concedida uma nova aposentadoria utilizando unicamente o tempo de contribuição posterior à primeira aposentadoria.
	O segurado quer aproveitar o tempo anterior e o tempo posterior à primeira aposentadoria.
	O segurado quer aproveitar unicamente o tempo posterior à primeira aposentadoria. Ele não quer nada do tempo anterior.
	Ex: João, depois de 30 anos de contribuição, aposentou-se no RGPS. Contudo, ele continuou trabalhando e, portanto, pagando contribuições previdenciárias. Essa situação durou mais 5 anos. Foi aí que João, já cansado, resolveu parar de trabalhar. Ele requereu, então, a desaposentação, ou seja, pediu para renunciar a aposentadoria que está recebendo e que seja concedida a ele uma nova aposentadoria, desta vez com 35 anos de tempo de contribuição (30 anos laborados antes da primeira aposentadoria + 5 anos depois). Este tempo de contribuição após a primeira aposentadoria, se computado, gera um provento maior, o que justifica a renúncia ao benefício que a pessoa está recebendo para que possa formular novo pedido de aposentação.
	Ex: Pedro aposentou-se no RGPS. Contudo, como se aposentou cedo, ele continuou trabalhando, agora em atividades especiais, e ganhando bem mais do que recebia na profissão anterior da aposentadoria. Após 15 anos, ele completou os requisitos para a aposentadoria especial. Diante disso, pediu para renunciar à aposentadoria que está recebendo para que a ele seja concedido um novo benefício, qual seja, a aposentadoria especial, que será mais alta. Repare que Pedro não quer aproveitar para nada do período anterior à primeira aposentadoria.
Por fim, vale comentar que no caso dos regimes próprios de previdência social, o princípio da solidariedade é expresso.
#LEISECANAVEIA:
 Art. 40, CF/88. O regime próprio de previdência social dos servidores titulares de cargos efetivos terá caráter contributivo e solidário, mediante contribuição do respectivo ente federativo, de servidores ativos, de aposentados e de pensionistas, observados critérios que preservem o equilíbrio financeiro e atuarial.  
4.9 Princípio da precedência da fonte de custeio
Esse princípio também pode surgir com o nome de regra constitucional de contrapartida, pelo qual nenhum benefício ou serviço da seguridade social poderá ser criado, majorado ou estendido sem a correspondente fonte de custeio total.
Assim, a criação, majoração ou extensão somente poderá ser realizada mediante indicação da dotação orçamentária.
#LEISECANAVEIA:
Art. 195. A seguridade social será financiada por toda a sociedade, de forma direta e indireta, nos termos da lei, mediante recursos provenientes dos orçamentos da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, e das seguintes contribuições sociais:  
§ 5º Nenhum benefício ou serviço da seguridade social poderá ser criado, majorado ou estendido sem a correspondente fonte de custeio total.
#SELIGANAEXCEÇÃO:
a) O STF tem posicionamento no sentido de que este princípio NÃO se aplica à previdência privada (RE 583687 AgR, 29.03.2011, 2ª Turma).
b) Para o STF, se o benefício ou serviço for instituído pela própria Constituição, não terá aplicação o princípio da precedência da fonte de custeio (RE 385397 AgR, 29.06.2007).
#DEOLHONAJURIS: Pensão por morte do servidorpúblico. Aplicação do artigo 40, § 5º, da Constituição Federal. 2. Esta Corte já firmou entendimento segundo o qual esse dispositivo, que é autoaplicável, determina a fixação da pensão por morte do servidor público no valor correspondente à totalidade dos vencimentos ou proventos que ele percebia. Precedentes. 3. Inexigibilidade, por outro lado, da observância do artigo 195, § 5º, da Constituição Federal, quando o benefício é criado diretamente pela Constituição. 4. Recurso extraordinário conhecido e provido. (RE 220742, Relator(a): Min. NÉRI DA SILVEIRA, Segunda Turma, julgado em 03/03/1998, DJ 04-09-1998 PP-00018 EMENT VOL-01921-07 PP-01331)
#CASCADEBANANA:
A constituição apenas fala em CRIAÇÃO, MAJORAÇÃO OU EXTENSÃO. NÃO HÁ QUE SE FALAR AQUI EM MINORAÇÃO!
4.10 Princípio do orçamento diferenciado
Os recursos do orçamento da seguridade são afetados ao custeio do sistema, ou seja, não podem, como regra, serem aplicados para outras despesas da União. No caso de exceções, é necessária a autorização legislativa.
#RESUMINDO #VEMDETABELA:
	PRINCÍPIOS DA SEGURIDADE SOCIAL
	UNIVERSALIDADE DA COBERTURA E DO ATENDIMENTO
Cobertura – riscos
Atendimento – maior número de pessoas
	UNIFORMIDADE E EQUIVALÊNCIA DOS BENEFÍCIOS E SERVIÇOS ÀS POPULAÇÕES URBANAS E RURAIS
Princípio da igualdade material – podem haver diferenciações não discriminatórias.
	SELETIVIDADE E DISTRIBUTIVIDADE
Selecionar os serviços 
Distribuir para quem precisa
	IRREDUTIBILIDADE DO VALOR DOS BENEFÍCIOS
Irredutibilidade nominal para assistência social e saúde
Irredutibilidade real e nominal para previdência
	EQUIDADE NO CUSTEIO
Princípio da capacidade contributiva aplicado à seguridade social
	DIVERSIDADE DA BASE DE FINANCIAMENTO
Tríplice fonte de custeio: Poder Público, empresas e trabalhadores.
	GESTÃO QUADRIPARTITE
Poder Público, empregadores, trabalhadores e aposentados.
	SOLIDARIEDADE
Contribuir agora para usufruir no futuro
	PRECEDÊNCIA DA FONTE DE CUSTEIO
O benefício não pode ser criado, majorado ou estendido sem a correspondente fonte de custeio.
	ORÇAMENTO DIFERENCIADO.
Peça orçamentária própria para a seguridade social
Recursos afetados
4.11 Questões de prova
#JÁCAIU #VAICAIRDENOVO
Ano: 2020 Banca: FCC Órgão: AL-AP Prova: FCC - 2020 - AL-AP - Analista Legislativo - Assessor Jurídico Legislativo
Em relação aos princípios constitucionais da Previdência Social, considere:
I. O Sistema Previdenciário Nacional engloba a universalidade da cobertura e do atendimento, significando que todos os que vivem no território nacional têm direito ao mínimo indispensável à sobrevivência com dignidade, salvo àqueles que não tenham contribuído para com a seguridade social.
II. A Constituição Federal reafirmou o princípio da irredutidibilidade, ao garantir o reajustamento dos benefícios, a fim de preservar-lhes o valor real, conforme critérios legalmente estabelecidos.
III. É defesa em qualquer hipótese a adoção de requisitos e critérios diferenciados para a concessão da aposentadoria aos beneficiários do regime geral de previdência social.
Está correto o que se afirma APENAS em[footnoteRef:5] [5: Gabarito: alternativa “b”.] 
a) I e III.
b) II.
c) III.
d) I e II.
e) II e III.
Ano: 2019 Banca: CESPE / CEBRASPE Órgão: MPC-PA Prova: CESPE - 2019 - MPC-PA - Procurador de Contas
Assinale a opção que indica o princípio da seguridade social que justifica a adoção do sistema de repartição, da filiação obrigatória à previdência social e que possibilita a concessão de benefícios sem a imposição de carência[footnoteRef:6]. [6: Gabarito: alternativa “d”.] 
a) equidade na forma de participação no custeio
b) universalidade da cobertura e do atendimento
c) caráter democrático e descentralizado da administração
d) princípio da solidariedade
e) diversidade da base de financiamento
Ano: 2019 Banca: FCC Órgão: TRF - 4ª REGIÃO Prova: FCC - 2019 - TRF - 4ª REGIÃO - Técnico Judiciário - Área Administrativa
Sobre o Sistema de Seguridade Social no Brasil, é correto afirmar[footnoteRef:7]: [7: Gabarito: alternativa “b”.] 
a) É um sistema de gestão bipartite entre governo e sociedade nas políticas de Previdência, Assistência e Saúde.
b) São princípios para os benefícios da Seguridade Social: a universalidade da cobertura de atendimento, a uniformidade e equivalência dos benefícios e serviços às populações urbanas e rurais; a seletividade e distributividade na prestação dos benefícios e serviços e a irredutibilidade do valor dos benefícios.
c) A Saúde é um sistema não contributivo, mas a Previdência e a Assistência Social são contributivas por ocasião dos benefícios previdenciários e do amparo assistencial ao idoso e ao deficiente.
d) Há diversidade na base de financiamento da Previdência Social e seu custeio é realizado pelas contribuições do empregador, da empresa e da entidade a ela equiparada na forma da lei, do trabalhador e dos demais segurados da previdência social, não incidindo contribuição sobre aposentadoria e pensão concedidas pelo Regime Geral da Previdência Social (RGPS), bem como do importador de bens ou serviços do exterior, ou de quem a lei a ele equiparar.
e) O benefício ou serviço da seguridade social pode ser criado, majorado ou estendido sem a correspondente fonte de custeio
Ano: 2018 Banca: FCC Órgão: PGE-AP Prova: FCC - 2018 - PGE-AP - Procurador do Estado
Quanto ao conceito, princípios e organização da seguridade social, conforme previsão na Constituição Federal[footnoteRef:8], [8: Gabarito: alternativa “a”.] 
a) a diversidade da base de financiamento e a irredutibilidade do valor dos benefícios são objetivos a serem alcançados pelo poder público na organização da seguridade social.
b) a gestão administrativa deve ser tripartite, com participação dos trabalhadores, dos empregadores e do Governo nos órgãos colegiados.
c) a seguridade social está assentada no binômio que engloba o conjunto de ações de iniciativa do poder público e da sociedade, destinado a assegurar direitos restritos à previdência e à assistência social.
d) a universalidade do atendimento não se constitui em objetivo da seguridade social, na medida em que o seguro social fornece proteção apenas para certas categorias de pessoas não amparando toda a sociedade.
e) a uniformidade dos benefícios significa que o valor da renda mensal dos benefícios deve ser igual, e não equivalente, entre populações urbanas e rurais.
Ano: 2018 Banca: CESPE / CEBRASPE Órgão: PGM - Manaus - AM Prova: CESPE - 2018 - PGM - Manaus - AM - Procurador do Município
Julgue o próximo item, relativo à organização, aos princípios e ao custeio da seguridade social.
Constitui objetivo da seguridade social manter o caráter democrático e descentralizado da administração, mediante gestão tripartite, com participação dos trabalhadores e empregadores e do Estado[footnoteRef:9]. [9: Gabarito: errado.] 
Certo
Errado
Ano: 2018 Banca: CESPE / CEBRASPE Órgão: ABIN Prova: CESPE - 2018 - ABIN - Oficial Técnico de Inteligência - Área 2
Em relação à organização, à origem e ao custeio do sistema de seguridade social, julgue o item a seguir.
A seguridade social, que visa garantir direitos relativos à saúde, à previdência e à assistência social, possui como fontes de financiamento exclusivamente as contribuições sobre a folha de pagamentos e as repassadas pelo empregador, pela empresa ou por entidade a ela equiparada[footnoteRef:10]. [10: Gabarito: errado.] 
Certo
Errado
5. Natureza e fontes do direito da seguridade social
Natureza jurídica é a definição de determinado ramo jurídico em um dado ordenamento jurídico. Quanto ao Sistema da Seguridade Social, já vimos que se trata de um direito de segunda e terceira dimensões, porquanto é direito social e também coletivo.
Além disso, é claro que na tradicional divisão entre o direito público e o direito privado, a Seguridade Social pertence ao Direito Público, já que regula um vínculo jurídico entre o Estado e a sociedade.
Fonte do direito é todo fato social gerador de normas jurídicas. Neste aspecto, a fonte do direito pode ser material (fatores sociais, econômicose políticos) ou formal (manifestações formadoras do conjunto de regras e princípios).
No caso da seguridade social, existe todo um histórico da luta da sociedade por estes direitos como fonte material.
Já quanto às fontes formais, oportuno observar que a Constituição de 1988 foi a primeira constituição brasileira a incluir a seguridade social como um sistema, englobando saúde, assistência e previdência social.
#LEISECANAVEIA:
É de suma importância a leitura atenta dos artigos 194 a 204 da CF.
Além disso, existem diversas outras leis, hierarquicamente inferiores que a CF, as quais atuam como fonte formal do sistema da seguridade social, tal como a Lei 8.212/1991 (dispõe sobre a seguridade social e o custeio); Lei 8.213/1991 (dispõe sobre o plano de benefícios da previdência) e a Lei 8.742/1993 (dispõe sobre a organização da assistência social.)
*(Atualizado em 05/10/2020) #SELIGANAJURIS O Bolsa Família é um programa de transferência direta de renda, voltado a famílias de todo o País, de modo a fazer frente à situação de pobreza e vulnerabilidade; logo, não se pode fazer restrição em relação à região ou ao Estado do beneficiário. Os Estados da Bahia, Ceará, Maranhão, Paraíba, Pernambuco, Piauí e Rio Grande do Norte ajuizaram ação cível originária, em face da União, com pedido de tutela provisória, questionando a redução de recursos do Programa Bolsa Família destinados à Região Nordeste. O Min. Marco Aurélio (relator) deferiu medida cautelar determinando que: a) a União disponibilize dados que justifiquem a concentração de cortes de benefícios do Programa Bolsa Família na Região Nordeste, bem assim dispense aos inscritos nos Estados autores tratamento isonômico em relação aos beneficiários dos demais entes da Federação; b) não haja cortes no Programa enquanto perdurar o estado de calamidade pública; c) a liberação de recursos para novas inscrições seja uniforme considerados os Estados da Federação. O Plenário do STF referendou a medida cautelar concedida. STF. Plenário. ACO 3359 Ref-MC/DF, Rel. Min. Marco Aurélio, julgado em 5/8/2020 (Info 985).
5.1 Natureza e fontes do direito previdenciário. Interpretação, aplicação, integração e eficácia das normas
Embora este primeiro capítulo da nossa FUC seja dedicado ao estudo do sistema da seguridade social, não podemos olvidar que o ponto central do nosso estudo é o Direito Previdenciário, razão pela qual julgo importante este tópico.
Para fins didáticos, seguindo a doutrina tradicional, podemos afirmar que o Direito Previdenciário pertence ao ramo do Direito Público. No entanto, a doutrina mais moderna rechaça esse entendimento, considerando o direito previdenciário como parte do Direito Social, que também abarcaria o Direito do Trabalho.
#FALADOUTRINADOR: Frederico Amado ensina que o Direito Previdenciário é um ramo autêntico do direito:
“composto por regras e princípios que disciplinam os planos básicos e complementares de previdência social no Brasil, assim como a atuação dos órgãos e entidades da Administração Pública e as pessoas jurídicas privadas que exerçam atividades previdenciárias”.
Podemos dividir as fontes formais do Direito Previdenciário em fontes não estatais, tal como a doutrina e o costume, e em fontes formais estatais, que correspondem às legislações positivadas.
Assim, já em ordem de hierarquia, são fontes do Direito Previdenciário:
1º. Normas constitucionais;
2º. Leis complementares, ordinárias, delegadas, medidas provisórias, decretos legislativos, resoluções do Senado;
3º Decretos regulamentares, instruções ministeriais, circulares, portarias e ordem de serviço;
4º Normas individuais (como contratos e sentenças).
Uma vez que a norma existe positivada no nosso ordenamento jurídico é preciso, pois, interpretá-la para poder aplica-la da melhor forma possível, isto é, correspondendo à sua verdadeira intenção (ratio legis).
Nesse sentido, a hermenêutica, inclusive para o ramo previdenciário, utiliza as seguintes formas de intepretação da lei:
a) interpretação gramatical: é aquela através da qual o sentido da norma é extraído pela simples leitura do texto legislativo.
b) interpretação teleológica ou finalística: é aquela que buscar a intenção realmente almejada pela lei.
c) interpretação restritiva: é aquela utilizada quando o texto da lei é mais amplo do que a intenção da lei, devendo ser restringido pelo intérprete.
d) interpretação extensiva: é aquela utilizada quando o texto da lei é mais restritivo do que a intenção da lei, devendo ser ampliado pelo intérprete.
e) interpretação sistemática: é aquela que analisa todo o ordenamento jurídico para buscar entender o real sentido da lei.
f) interpretação histórica: é aquela que analisa o contexto histórico no qual a lei foi aprovada, com o intuito de descobrir a ratio legis.
g) interpretação autêntica: é aquela feita pelo próprio legislador, como no caso da exposição de motivos de uma lei.
h) jurisprudencial: é aquela realizada pelo magistrado, quando da aplicação na norma ao caso concreto.
i) doutrinária: é aquela realizada pelos cientistas do direito, pelos especialistas que escrevem obras literárias.
É bem de ver que interpretação e integração das normas são técnicas diferentes. A interpretação, como vimos, busca alcançar o real sentido da lei, enquanto a integração é utilizada pelo aplicador quando houver uma lacuna na lei. Podemos mencionar as seguintes formas de integração:
#DEOLHONATABELA:
	FORMAS DE INTEGRAÇÃO – QUANDO HOUVER LACUNA NA LEI
	Analogia
	Aplicação de uma norma similar ao caso concreto para suprir a lacuna da lei.
	Costume
	Prática reiterada que se consolida como necessária ao ordenamento jurídico.
	Princípios Gerais do Direito
	São os princípios básicos do ordenamento jurídico, que orientam todo o ramo do direito, como o venire contra factum proprium.
	Jurisprudência
	Decisões reiteradas do poder judiciário que se consolidam de maneira uniforme.
	Equidade
	Justiça aplicada ao caso concreto.
#OLHAOGANCHO: Ei, aluno Ciclos, você já leu e releu a LINDB? É uma lei curtinha, mas cobrada em provas e muito essencial. Sugiro dar uma olhadinha nela no ciclo de lei seca relativo à esse capítulo, você não vai despender mais de 20 minutos e pode fazer uma grande diferença!
6. Direito adquirido e expectativa de direito em matéria previdenciária
A Constituição Federal de 1988, no bojo do artigo 5º, dispõe o seguinte:
#LEISECANAVEIA:
Art. 5º. XXXVI - a lei não prejudicará o direito adquirido, o ato jurídico perfeito e a coisa julgada;
A LINDB também insculpe uma norma parecida:
#LEISECANAVEIA:
Art. 6º A Lei em vigor terá efeito imediato e geral, respeitados o ato jurídico perfeito, o direito adquirido e a coisa julgada.
§ 2º Consideram-se adquiridos assim os direitos que o seu titular, ou alguém por ele, possa exercer, como aqueles cujo começo do exercício tenha termo pré-fixo, ou condição pré-estabelecida inalterável, a arbítrio de outrem.
Nas palavras de Flávio Tartuce o direito adquirido “é o direito material ou imaterial incorporado no patrimônio de uma pessoa natural, jurídica ou ente despersonalizado”. Como exemplo, em se tratando de matéria previdenciária, o segurado que possuía direito à aposentadoria antes da vigência da Lei 9.876/1999, tem direito de, a qualquer tempo, requerer o benefício com as regras antigas do cálculo, ou seja, sem a incidência do fator previdenciário.
É válido ressaltar, todavia, que a doutrina mais moderna, bem como a jurisprudência consideram que o direito adquirido não é absoluto, sob pena de engessar o sistema jurídico, sendo necessária a ponderação de valores, como já positivado no artigo 489, §2º, do Código de Processo Civil.
#LEISECANAVEIA #OLHAOGANCHO:
Art. 489. São elementos essenciais da sentença:
§ 2º No caso de colisão entre normas, o juiz deve justificar o objeto e os critérios gerais da ponderação efetuada, enunciando as razões que autorizam a interferência na norma afastada e as premissas fáticas que fundamentam a conclusão.
Além disso, a doutrina e a jurisprudência concordam ao afirmar quenão existe direito adquirido a regime jurídico. Isso significa que se determinado segurado ingressa em um regime jurídico previdenciário, enquanto não sobrevier todas as condições para usufruir de um benefício ou serviço, ele não terá direito às regras daquele regime, ele tem mera expectativa.
Desta forma, a expectativa de direito nada mais é do que “uma permissão da norma jurídica para adquirir outra permissão, também dada pela norma jurídica diante de um evento futuro e esperado”[footnoteRef:11]. [11: TELLES, Goffredo Junior. Iniciação na Ciência do Direito. Saraiva, 2001, Pg. 334.] 
Oportuno ressaltar que o nosso ordenamento jurídico, como regra, não protege a expectativa do direito, salvo nos casos da aplicação da teoria da perda de uma chance, que vocês estudarão em Direito Civil.
Dito isso, encerramos por aqui nosso primeiro capítulo no estudo do Direito Previdenciário e eu espero que o estudo de vocês seja muito proveitoso para que, em breve, possam colher frutos dessa jornada!
#DEOLHONASÚMULA:
Súmula 340-STJ. A lei aplicável à concessão de pensão previdenciária por morte é aquela vigente na data do óbito do segurado.
	DISPOSITIVOS PARA CICLOS DE LEGISLAÇÃO
	DIPLOMA
	DISPOSITIVO
	Constituição Federal de 1988
	Artigos 40 e 194 a 204 – LER E RELER COM MUITA ATENÇÃO
	LINDB
	Artigo 6º - lei curtinha, então tira a preguiça do corpo e aproveita para ler ou rele-la na integralidade!
	BIBLIOGRAFIA UTILIZADA
AMADO, Frederico. Direito Previdenciário. Coleção Sinopse para Concursos. Salvador: Editora JusPodivum. 9ª Edição. 2018.
AMADO, Frederico. Curso de direito e processo previdenciário. 13 ed. rev., ampl. e atual. Salvador: Editora JusPodivm, 2020.
KERTZMAN, Ivan. Curso Prático de Direito Previdenciário. Salvador: Editora Juspodivum. 17ª Edição. 2019.
TELLES, Goffredo Junior. Iniciação na Ciência do Direito. Saraiva, 2001.
CAVALCANTE, Márcio André Lopes. Buscador Dizer o Direito, Manaus. Disponível em: < https://www.buscadordizerodireito.com.br>.
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