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1 NA 1º DIA SIMULADOS 2022 - CICLO 02 PROVA DE LINGUAGENS, CÓDIGOS E SUAS TECNOLOGIAS E REDAÇÃO PROVA DE CIÊNCIAS HUMANAS E SUAS TECNOLOGIAS 2022 ATENÇÃO: Transcreva no espaço apropriado do seu CARTÃO-RESPOSTA, com sua caligrafia usual, considerando as letras maiúsculas e minúsculas, a seguinte frase: A persistência é o caminho do êxito. LEIA ATENTAMENTE AS INSTRUÇÕES SEGUINTES: 1. Este CADERNO DE QUESTÕES contém 90 questões numeradas de 01 a 90 e a Proposta de Redação, dispostas da seguinte maneira: a) questões de número 01 a 45, relativas à área de Linguagens, Códigos e suas Tecnologias; b) Proposta de Redação; c) questões de número 46 a 90, relativas à área de Ciências Humanas e suas Tecnologias. ATENÇÃO: as questões de 01 a 05 são relativas à língua estrangeira. Você deverá responder apenas às questões relativas à língua estrangeira (inglês ou espanhol) escolhida no ato de sua inscrição. 2. Confira se a quantidade e a ordem das questões do seu CADERNO DE QUESTÕES estão de acordo com as instruções anteriores. Caso o caderno esteja incompleto, tenha defeito ou apresente qualquer divergência, comunique ao aplicador da sala para que ele tome as providências cabíveis. 3. Para cada uma das questões objetivas, são apresentadas 5 opções. Apenas uma responde corretamente à questão. 4. O tempo disponível para estas provas é de cinco horas e trinta minutos. 5. Reserve tempo suficiente para preencher o CARTÃO-RESPOSTA e a FOLHA DE REDAÇÃO. 6. Os rascunhos e as marcações assinaladas no CADERNO DE QUESTÕES não serão considerados na avaliação. 7. Somente serão corrigidas as redações transcritas na FOLHA DE REDAÇÃO. 8. Quando terminar as provas, acene para chamar o aplicador e entregue este CADERNO DE QUESTÕES e o CARTÃO-RESPOSTA/FOLHA DE REDAÇÃO. 9. Você poderá deixar o local de prova somente após decorridas duas horas do início da aplicação e poderá levar seu CADERNO DE QUESTÕES ao deixar em definitivo a sala de prova nos 30 minutos que antecedem o término das provas. CADERNO 01 ROSA 2 LINGUAGENS, CÓDIGOS E SUAS TECNOLOGIAS Questões de 01 a 45 Questões de 01 a 05 (OPÇÃO INGLÊS) Questão 01 (Enem PPL) : Tendo em vista a abrangência do inglês no contexto global, a falha na comunicação evidenciada nesse diálogo é gerada pelo fato de que os interlocutores AAusam variedades distintas da língua inglesa. BBcometem erros no emprego da língua inglesa. CCtêm dificuldade para aprender a língua inglesa. DDadotam estruturas inadequadas da língua inglesa. EEresistem a mudanças sofridas pela língua inglesa. Questão 02 (Enem) Becoming Back in the ancestral homeland of Michelle Obama, black women were rarely granted the honorific Miss or Mrs., but were addressed by their first name, or simply as gal” or “auntie” or worse. This so openly demeaned them that many black women, long after they had left the South, refused to answer if called by their first name. A mother and father in 1970s Texas named their newborn “Miss” so that white people would have no choice but to address their daughter by that title. Black women were meant for the field or the kitchen, or for use as they saw fit. They were, by definition, not ladies. The very idea of a black woman as first lady of the land, well, that would have been unthinkable. Disponível em: www.nytimes.com. Acesso em: 28 dez. 2018 (adaptado). A crítica do livro de memórias de Michelle Obama, ex-primeira-dama dos EUA, aborda a história das relações humanas na cidade natal da autora. Nesse contexto, o uso do vocábulo “unthinkable” ressalta que AAa ascensão social era improvável. BBa mudança de nome era impensável. CCa origem do individuo era irrelevante. DDo trabalho feminino era inimaginável. EEo comportamento parental era irresponsável. Questão 03 (Enem) Exterior: Between The Museums – Day CELINE Americans always think Europe is perfect. But such beauty and history can be really oppressive. It reduces the individual to nothing. It just reminds you all the time you are just a little speck in a long history, where in America you feel like you could be making history. That’s why I like Los Angeles because it is so... JESSE Ugly? CELINE No, I was going to say “neutral”. It’s like looking at a blank canvas. I think people go to places like Venice on their honeymoon to make sure they are not going to fight for the first two weeks of their marriage because they’ll be too busy looking around at all the beautiful things. That’s what people call a romantic place – somewhere where the prettiness will contain your primary violent instinct. A real good honeymoon spot would be like somewhere in New Jersey. KRIZAN, K.; LINKLATER, R. Before Sunrise: screenplay. New York: Vintage Books 2005. Considerando-se o olhar dos personagens, esse trecho do roteiro de um filme permite reconhecer que a avaliação sobre um lugar depende do(a) AAbeleza do próprio local. BBperspectiva do visitante. CCcontexto histórico do local. DDtempo de permanência no local. EEfinalidade da viagem do visitante. 3 Questão 04 (Enem PPL) Pelas expressões do it yourself e How-Tos, entende- se que a pesquisa realizada na página da internet revela uma busca por AAagendamento de serviços autorizados. BBinstrução para a realização de atividades. CCesclarecimento de dúvidas com outros usuários. DDinscrição em cursos para elaboração de projetos. EEaquisição de produtos para a execução de tarefas. Questão 05 (Enem (Libras)) No diálogo entre mãe filho, o uso do verbo fake pelo garoto indica que ele AAfingiu em outro momento estar doente para faltar à escola. BBdetesta o vídeo proposto pelo professor. CCencontra-se em boas condições de saúde. DDfala a verdade sobre suas faltas escolares. EEpediu à mãe para faltar à aula. LINGUAGENS, CÓDIGOS E SUAS TECNOLOGIAS Questões de 01 a 45 Questões de 01 a 05 (OPÇÃO ESPANHOL) Questão 01 (Enem) A charge evoca uma situação de assombro frente a uma realidade que assola as sociedades contemporâneas. Seu efeito humorístico reside na crítica diante do(a) AAconstatação do ser humano como o responsável pela condição caótica do mundo. BBapelo à religiosidade diante das dificuldades enfrentadas pela humanidade. CCindignação dos trabalhadores em face das injustiças sociais. DDveiculação de informações trágicas pelos telejornais. EEmanipulação das notícias difundidas pelas mídias. Questão 02 (Enem (Libras)) Los riesgos de tomarse un refresco al día ¿Agua o burbujas? En la próxima comida, piénselo dos veces antes de elegir. Según las investigaciones, tomar un solo refresco al día perjudica la salud de su corazón. Y no crea que eligiendo una bebida baja en calorías podrá solucionar el problema. "Consumir uno o más refrescos al día está asociado con un incremento del riesgo de desarrollar síndrome 4 metabólico (un conjunto de factores de riesgo para el corazón, como hipertensión u obesidad abdominal), independientemente de si la bebida es normal o light", explican los investigadores. El consumo de este tipo de bebidas ha aumentado considerablemente en los últimos años y, aunque se ha asociado este incremento con la epidemia de obesidad y diabetes que vivimos, todavía es mucho lo que se desconoce sobre su efecto en la salud cardiovascular. LUCIO, C. Disponível em: www.elmundo.es. Acesso em: 16 dez. 2011 (adaptado). O consumo de refrigerante tem aumentado consideravelmente nos últimos anos, assim como as pesquisas sobre as consequências de seu consumo diário. De acordo com o texto, pesquisas comprovam que o refrigerante AAtraz riscos, se consumido em qualquer quantidade. BBconstitui-se inofensivo, se ingerido uma vez ao dia. CCoferece perigo, se bebido juntamente com água. DDtorna-se aconselhável, se usado na versão light. EEcausa distúrbios, se tomado após as refeições. Questão 03 (Enem) ¿Qué es la X Solidaria? La X Solidariaes una equis que ayuda a las personas más vulnerables. Podrás marcarla cuando hagas la declaración de la renta. Es la casilla que se denomina “Fines Sociales”. Nosotros preferimos llamarla X Solidaria: - porque al marcarla haces que se destine un 0,7% de tus impuestos a programas sociales que realizan las ONG. - porque se benefician los colectivos más desfavorecidos, sin ningún coste económico para ti. - porque NO marcarla es tomar una actitud pasiva, y dejar que sea el Estado quien decida el destino de esa parte de tus impuestos. - porque marcándola te conviertes en contribuyente activo solidario. Disponível em: http://xsolidaria.org. Acesso em: 20 fev. 2012 (adaptado). As ações solidárias contribuem para o enfrentamento de problemas sociais. No texto, a ação solidária ocorre quando o contribuinte AAdelega ao governo o destino de seus impostos. BBescolhe projetos que terão isenção de impostos. CCdestina parte de seus impostos para custeio de programas sociais. DDdetermina a criação de impostos para implantação de projetos sociais. EEseleciona programas para beneficiar cidadãos vulneráveis socialmente. Questão 04 (Enem) El eclipse Cuando Fray Bartolomé Arrazola se sentió perdido aceptó que ya nada podría salvarlo. La selva poderosa de Guatemala lo había apresado, implacable y definitiva. Ante su ignorancia topográfica se sentó con tranquilidad a esperar la muerte. Al despertar se encontró rodeado por un grupo de indígenas de rostro impasible que se disponía a sacrificarlo ante un altar, un altar que a Bartolomé le pareció como el lecho en que descansaría, al fin, de sus temores, de su destino, de sí mismo. Tres años en el país le habían conferido un mediano dominio de las lenguas nativas. Intentó algo. Dijo algunas palabras que fueron comprendidas. Entonces floreció en él una idea que tuvo por digna de su talento y de su cultura universal y de su arduo conocimiento de Aristóteles. Recordó que para ese día se esperaba un eclipse total de sol. Y dispuso, en lo más íntimo, valerse de aquel conocimiento para engañar a sus opresores y salvar la vida. – Si me matáis – les dijo – puedo hacer que el sol se oscurezca en su altura. Los indígenas lo miraron fijamente y Bartolomé sorprendió la incredulidad en sus ojos. Vio que se produjo un pequeño consejo, y esperó confiado, no sin cierto desdén. Dos horas después el corazón de Fray Bartolomé Arrazola chorreaba su sangre vehemente sobre la piedra de los sacrifícios (brillante bajo la opaca luz de un sol eclipsado), mientras uno de los indígenas recitaba sin ninguna inflexión de voz, sin prisa, una por una las infinitas fechas en que se producirían eclipses solares y lunares, que los atrónomos de la comunidad maya habían previsto y anotado en sus códices sin la valiosa ayuda de Aristóteles. 5 'Monterroso, A. Obras completas y otros cuentos. Bogotá: Norma, 1994 (adaptado). No texto, confrontam-se duas visões de mundo: a da cultura ocidental, representada por Frei Bartolomé Arrazola, e a da mítica pré-hispânica, representada pela comunidade indígena maia. Segundo a narrativa, AAos catequizadores espanhóis avalizam os saberes produzidos pelas comunidades indígenas hispanoamericanas. BBos indígenas da comunidade maia, mostram- se perplexos diante da superioridade do conhecimento aristotélico do frei espanhol. CCo catequizador espanhol Arrazola apresenta-se adaptado às culturas autóctones, ao promover a interlocução entre os conhecimentos aristotélicos e indígena. DDo episódio representa, de forma neutra, o significado do conhecimento ancestral indígena, quando comparado ao conhecimento ocidental. EEos conhecimentos acadêmicos de Arrazola são insuficientes para salvá-lo da morte, ante a sabedoria astronômica da cultura maia. Questão 05 (Enem) Inestabilidad estable Los que llevan toda la vida esforzándose por conseguir un pensamiento estable, con suficiente solidez como para evitar que la incertidumbre se apodere de sus habilidades, todas esas lecciones sobre cómo asegurarse el porvenir, aquellos que nos aconsejaban que nos dejáramos de bagatelas poéticas y encontráramos un trabajo fijo y etcétera, abuelos, padres, maestros, suegros, bancos y aseguradoras, nos estaban dando gato por liebre. Y el mundo, este mundo que nos han creado, que al tocarlo en la pantalla creemos estar transformando a medida de nuestro deseo, nos está modelando según un coeficiente de rentabilidad, nos está licuando para integrarnos a su metabolismo reflejo. FERNÁNDEZ ROJANO, G. Disponível em: http://diariojaen.es. Acesso em: 23 maio 2012. O título do texto antecipa a opinião do autor pelo uso de dois termos contraditórios que expressam o sentido de AAcompetitividade e busca do lucro, que caracterizam a sociedade contemporânea. BBbusca de estabilidade financeira e emocional, que marca o mundo atual. CCnegação dos valores defendidos pelas gerações anteriores em relação ao trabalho. DDnecessidade de realização pessoal e profissional no sistema vigente. EEpermanência da inconstância em uma sociedade marcada por contínuas mudanças. Questões de 06 a 45 Questão 06 (Enem) O solo A morte do cisne, criado em 1905 pelo russo Mikhail Fokine a partir da música do compositor francês Camille Saint-Saens, retrata o último voo de um cisne antes de morrer. Na versão original, uma bailarina com figurino impecavelmente branco e na ponta dos pés inter preta toda a agonia da ave se debatendo até desfalecer. Em 2012, John Lennon da Silva, de 20 anos, morador do bairro de São Mateus, na Zona Leste de São Paulo, elaborou um novo jeito de dançara coreografia imortalizada pela bailarina Anna Pavlova. No lugar de um colã e das sapatilhas, vestiu calça jeans, camiseta e tênis. Em vez de balé, trouxe o estilo popping da street dance. Sua apresentação inovadora de A morte do cisne, que foi ao ar no programa Se ela dança, eu danço, virou hit no YouTube. Disponível em: www.correiobraziliense.com.br. Acesso em: 18 jun. 2019 (adaptado). A forma original de John Lennon da Silva reinterpretar a coreografia de A morte do cisne demonstra que AAa composição da coreografia foi influenciada pela escolha do figurino. BBa criação artística é beneficiada pelo encontro de modelos oriundos de diferentes realidades socioculturais. CCa variação entre os modos de dançar uma mesma música evidencia a hierarquia que marca manifestações artísticas. DDa formação erudita, à qual o dançarino não teve acesso, resulta em artistas que só conhecem a 6 estética da arte popular. EEa interpretação, por homens, de coreografias originalmente concebidas para mulheres exige uma adaptação complexa. Questão 07 (Unesp) A tela de Rodolfo Amoedo mostra a morte de Aimberê, líder da Confederação dos Tamoios (1554-1567), revolta indígena contra a escravização. A pintura foi realizada mais de três séculos depois e pode ser entendida como um esforço de AArepresentação do sacrifício de indígenas e do acolhimento e proteção que os religiosos teriam dado aos nativos durante o período colonial. BBdenúncia do genocídio indígena durante a fase colonial, responsabilizando a Igreja Católica por ter colaborado com a Coroa portuguesa. CCconstrução de um passado heroico para o Brasil, associando o índio a um bom selvagem, corrompido posteriormente pela religião católica. DDrecuperação do período pré-cabralino e apontamento da necessidade de valorização das formas de solidariedade então existentes no Brasil. EEexposição dos confrontos entre religiosos e índios, que foram constantes e violentos durante todo o período colonial. Questão 08 (Enem PPL) Rompendo com as paredes retas e com a geometrização clássica acadêmica, os arquitetos modernistas desenvolveram seus projetos graças também a um momento de industrialização e modernização do Brasil. Observando a imagem apresentada, analisa-se queAANiemeyer projetou os edifícios de Brasília com a intenção de impor a arquitetura sobre a natureza, seguindo os princípios da arquitetura moderna. BBo Palácio da Alvorada, em Brasília, na posição horizontal, permite fazer uma integração do edifício com a paisagem do cerrado e o horizonte, um conceito de vanguarda para a arquitetura da época. CCNiemeyer projetou o Palácio da Alvorada com colunas de linhas quebradas e rígidas, com o propósito de unir as tendências recentes da arquitetura moderna, criando um novo estilo. DD os prédios de Brasília são elevados e sustentados por colunas, deixando um espaço livre sob o edifício, com o objetivo de separar o ambiente externo do interno, trazendo mais harmonia à obra. EENiemeyer projetou os edifícios de Brasília com espaços amplos, colunas curvas, janelas largas e grades de proteção, separando os jardins e praças da área útil do prédio. 7 Questão 09 (Enem PPL) Em 1937, Guernica, na Espanha, foi bombardeada sob o comando da força aérea da Alemanha nazista, que apoiou os franquistas durante a Guerra Civil Espanhola (1936-1939). A pintura-mural de Picasso e a fotografia retratam os efeitos do bombardeio, ressaltando, respectivamente: AACrítica social – conformismo político. BBPercepção individual – registro histórico. CCRealismo acrítico – idealização romântica. DDSofrimento humano – destruição material. EEObjetividade artística – subjetividade jornalística. Questão 10 (Enem) Produzida no Chile, no final da década de 1970, a imagem expressa um conflito entre culturas e sua presença em museus decorrente da AAvalorização do mercado das obras de arte. BBdefinição dos critérios de criação de acervos. CCampliação da rede de instituições de memória. DDburocratização do acesso dos espaços expositivos. EEfragmentação dos territórios das comunidades representadas. Questão 11 TEXTO I Leia o trecho do livro A solidão dos moribundos, do sociólogo alemão Norbert Elias. Não mais consideramos um entretenimento de domingo assistir a enforcamentos, esquartejamentos e suplícios na roda. Assistimos ao futebol, e não aos gladiadores na arena. Se comparados aos da Antiguidade, nossa identificação com outras pessoas e nosso compartilhamento de seus sofrimentos e morte aumentaram. Assistir a tigres e leões famintos devorando pessoas vivas pedaço a pedaço, ou a gladiadores, por astúcia e engano, mutuamente se ferindo e matando, dificilmente constituiria uma diversão para a qual nos prepararíamos com o mesmo prazer que os senadores ou o povo romano. Tudo indica que nenhum sentimento de identidade unia esses espectadores àqueles que, na arena, lutavam por suas vidas. Como sabemos, os gladiadores saudavam o imperador ao entrar com as palavras “Morituri te salutant” (Os que vão morrer te saúdam). Alguns dos imperadores sem dúvida se acreditavam imortais. De todo modo, teria sido mais apropriado se os gladiadores dissessem “Morituri moriturum salutant” (Os que vão morrer saúdam aquele que vai morrer). Porém, numa sociedade em que tivesse sido possível dizer isso, provavelmente não haveria gladiadores ou imperadores. A possibilidade de se dizer isso aos dominadores – alguns dos quais mesmo hoje têm poder de vida e morte sobre um sem-número de seus semelhantes – requer uma desmitologização da morte mais ampla do que a que temos hoje, e uma consciência muito mais clara de que a espécie humana é uma comunidade de mortais e de que as pessoas necessitadas só podem esperar ajuda de outras pessoas. O problema social da morte é especialmente difícil de resolver porque os vivos acham difícil identificar-se com os moribundos. 8 A morte é um problema dos vivos. Os mortos não têm problemas. Entre as muitas criaturas que morrem na Terra, a morte constitui um problema só para os seres humanos. Embora compartilhem o nascimento, a doença, a juventude, a maturidade, a velhice e a morte com os animais, apenas eles, dentre todos os vivos, sabem que morrerão; apenas eles podem prever seu próprio fim, estando cientes de que pode ocorrer a qualquer momento e tomando precauções especiais – como indivíduos e como grupos – para proteger-se contra a ameaça da aniquilação. (A solidão dos moribundos, 2001.) (Unesp) De acordo com o autor, AAa antecipação da própria morte tornou-se fonte de problemas para os seres humanos. BBo reconhecimento da própria finitude conduziria o ser humano a uma existência verdadeira. CCos seres humanos acabaram por se afastar da ideia da inevitabilidade da morte. DDa morte tornou-se, em razão do processo de aniquilação da natureza, um problema para a humanidade. EEos animais, a exemplo dos seres humanos, também seriam confrontados com a experiência da própria finitude. Questão 12 TEXTO I Leia o trecho inicial da crônica “Está aberta a sessão do júri”, de Graciliano Ramos, publicada originalmente em 1943. O Dr. França, Juiz de Direito numa cidadezinha sertaneja, andava em meio século, tinha gravidade imensa, verbo escasso, bigodes, colarinhos, sapatos e ideias de pontas muito finas. Vestia-se ordinariamente de preto, exigia que todos na justiça procedessem da mesma forma – e chegou a mandar retirar-se do Tribunal um jurado inconveniente, de roupa clara, ordenar-lhe que voltasse razoável e fúnebre, para não prejudicar a decência do veredicto. Não via, não sorria. Quando parava numa esquina, as cavaqueiras dos vadios gelavam. Ao afastar-se, mexia as pernas matematicamente, os passos mediam setenta centímetros, exatos, apesar de barrocas¹ e degraus. A espinha não se curvava, embora descesse ladeiras, as mãos e os braços executavam os movimentos indispensáveis, as duas rugas horizontais da testa não se aprofundavam nem se desfaziam. Na sua biblioteca digna e sábia, volumes bojudos, tratados majestosos, severos na encadernação negra semelhante à do proprietário, empertigavam-se – e nenhum ousava deitar-se, inclinar-se, quebrar o alinhamento rigoroso. Dr. França levantava-se às sete horas e recolhia-se à meia-noite, fizesse frio ou calor, almoçava ao meio-dia e jantava às cinco, ouvia missa aos domingos, comungava de seis em seis meses, pagava o aluguel da casa no dia 30 ou no dia 31, entendia-se com a mulher, parcimonioso, na linguagem usada nas sentenças, linguagem arrevesada e arcaica das ordenações. Nunca julgou oportuno modificar esses hábitos salutares. Não amou nem odiou. Contudo exaltou a virtude, emanação das existências calmas, e condenou o crime, infeliz consequência da paixão. Se atentássemos nas palavras emitidas por via oral, poderíamos afirmar que o Dr. França não pensava. Vistos os autos, etc., perceberíamos entretanto que ele pensava com alguma frequência. Apenas o pensamento de Dr. França não seguia a marcha dos pensamentos comuns. Operava, se não nos enganamos, deste modo: “considerando isto, considerando isso, considerando aquilo, considerando ainda mais isto, considerando porém aquilo, concluo.” Tudo se formulava em obediência às regras – e era impossível qualquer desvio. Dr. França possuía um espírito, sem dúvida, espírito redigido com circunlóquios, dividido em capítulos, títulos, artigos e parágrafos. E o que se distanciava desses parágrafos, artigos, títulos e capítulos não o comovia, porque Dr. França está livre dos tormentos da imaginação. (Graciliano Ramos. Viventes das Alagoas, 1976.) ¹barroca: monte de terra ou de barro. (Unesp) Na crônica, o Dr. França é caracterizado como AAirônico e arrogante. BBarrogante e dissimulado. CCintrovertido e sarcástico. DDpedante e displicente. EEtaciturno e metódico. 9 Questão 13 TEXTO I Leia os seguintes textos de Machado de Assis. I. Suave mari magno* Lembra-me que, em certo dia, Na rua, ao sol de verão, Envenenado morria Um pobre cão. Arfava, espumava e ria, De um riso espúrio e bufão, Ventre e pernas sacudia Na convulsão. Nenhum, nenhumcurioso Passava, sem se deter, Silencioso, Junto ao cão que ia morrer, Como se lhe desse gozo Ver padecer. Machado de Assis. Ocidentais. * Expressão latina, retirada de Lucrécio (Da natureza das coisas), a qual aparece no seguinte trecho: Suave, mari magno, turbantibus aequora ventis/ E terra magnum alterius spectare laborem. (“É agradável, enquanto no mar revoltoso os ventos levantam as águas, observar da terra os grandes esforços de um outro.”). II. Tão certo é que a paisagem depende do ponto de vista, e que o melhor modo de apreciar o chicote é ter-lhe o cabo na mão. Machado de Assis. Quincas Borba, cap. XVIII. III. Sofia soltou um grito de horror e acordou. Tinha ao pé do leito o marido: – Que foi? perguntou ele. – Ah! respirou Sofia. Gritei, não gritei? (...) – Sonhei que estavam matando você. Palha ficou enternecido. Havê-la feito padecer por ele, ainda que em sonhos, encheu-o de piedade, mas de uma piedade gostosa, um sentimento particular, íntimo, profundo, – que o faria desejar outros pesadelos, para que o assassinassem aos olhos dela, e para que ela gritasse angustiada, convulsa, cheia de dor e de pavor. Machado de Assis. Quincas Borba, cap. CLXI. (Fuvest) A analogia consiste em um recurso de expressão comumente utilizado para ilustrar um raciocínio por meio da semelhança que se observa entre dois fatos ou ideias. No texto II, a analogia construída a partir da imagem do chicote pretende sugerir que AAo instrumento do castigo nem sempre cai em mãos justas. BBo apreço aos objetos independe do uso que se faz deles. CCo cabo é metáfora de mérito, e a ponta, metáfora de culpa. DDo mais fraco, por ser compassivo, é incapaz de desfrutar do poder. EEo prazer verdadeiro se experimenta no lado dos dominantes. Questão 14 TEXTO I Leia o ensaio “Império reverso”, de Eduardo Giannetti. Império reverso – O filósofo grego Diógenes fez da autossuficiência e do controle das paixões os valores centrais de sua vida: um casaco, uma mochila e uma cisterna de argila no interior da qual pernoitava eram suas únicas posses. Intrigado com relatos sobre essa estranha figura, o imperador Alexandre Magno resolveu conferir de perto. Foi até ele e propôs: “Sou o homem mais poderoso do mundo, peça-me o que desejar e lhe atenderei.” Diógenes [...] não titubeou: “O senhor teria a delicadeza de afastar-se um pouco? Sua sombra está bloqueando o meu banho de sol.” O filósofo e o imperador são casos extremos, mas ambos ilustram a tese socrática de que, entre os mortais, o mais próximo dos deuses em felicidade é aquele que 10 de menor número de coisas carece. Alexandre, ex- pupilo e depois mecenas de Aristóteles, aprendeu a lição. Quando um cortesão zombou do morador da cisterna por ter “desperdiçado” a oferta que lhe caíra do céu, o imperador rebateu: “Pois saiba então você que, se eu não fosse Alexandre, eu teria desejado ser Diógenes.” Os extremos se tocam. – “Querei só o que podeis”, pondera o padre Antônio Vieira, “e sereis omnipotentes.” (Eduardo Giannetti. Trópicos utópicos, 2016.) (Unesp) Depreende-se do ensaio uma crítica, sobretudo, AAà insensibilidade. BBà intemperança. CCà passividade. DDà volubilidade. EEà intolerância. Questão 15 TEXTO I Leia o soneto de Luís de Camões. Enquanto quis Fortuna¹ que tivesse Esperança de algum contentamento, O gosto de um suave pensamento² Me fez que seus efeitos escrevesse. Porém, temendo Amor3 que aviso desse Minha escritura a algum juízo isento⁴, Escureceu-me o engenho⁵ com tormento, Para que seus enganos não dissesse. Ó vós que Amor obriga a ser sujeitos A diversas vontades, quando lerdes Num breve livro casos tão diversos, Verdades puras são, e não defeitos⁶, E sabei que, segundo o amor tiverdes, Tereis o entendimento de meus versos. (Luís de Camões. 20 sonetos, 2018.) ¹Fortuna: entidade mítica que presidia a sorte dos homens. ²suave pensamento: sentimento amoroso. ³Amor: entidade mítica que personifica o amor. ⁴juízo isento: os inocentes do amor, aqueles que nunca se apaixonaram. ⁵engenho: talento poético, inspiração. ⁶defeitos: inverdades, fantasia. (Unesp) Segundo o eu lírico, Amor torna os amantes AAmesquinhos. BBmelancólicos. CCsubmissos. DDimprudentes. EEinsensatos. Questão 16 (Enem PPL) Não cobra assinatura. Não cobra para fazer o download. Não tem anúncios. Não tem compras dentro do aplicativo. Mas, então, como o WhatsApp ganha dinheiro? Ou melhor, que tipo de magia fez o Facebook decidir comprar o app por R$ 19 bilhões, em 2014? Quando fundado em 2009, o WhatsApp cobrava US$ 1 por instalação em alguns países. Em outros, a empresa cobrava US$ 1 por ano como forma simbólica de assinatura. E, em alguns outros, o app era completamente gratuito, caso do Brasil. Em agosto de 2014, ano da compra pelo Facebook, cerca de 600 milhões de pessoas usavam o aplicativo de mensagens. Até setembro do mesmo ano, os relatórios financeiros do Facebook apontavam que o faturamento da empresa não ultrapassava a casa do US$ 1,3 milhão, menos de um centésimo do valor da compra. Se você pensou “então o WhatsApp não dá dinheiro”, isso faz algum sentido. O que levou o Facebook a gastar tanto, então? Especialistas apontam o “big data” – campo da tecnologia que lida com grandes volumes de dados digitais – como impulsionador da compra. Com mais informações, a empresa pode analisar melhor o comportamento dos usuários. Em agosto de 2016, o WhatsApp começou a compartilhar dados com o Facebook. O objetivo? Fomentar relações entre as bases de Facebook, WhatsApp e Instagram – sugerir amizades em uma rede com base em contatos da outra, por exemplo 11 – mas, principalmente, otimizar a recomendação de publicidade. Afinal, é aí que está o maior volume de faturamento do Facebook atualmente. Disponível em: https://noticias.uol.com.br. Acesso em: 4 jun. 2019 (adaptado). As estratégias descritas no texto para a obtenção de lucro de forma indireta fundamentam-se no(a) AA reconhecimento da mudança de comportamento dos usuários. BBnecessidade de monopolizar o mercado de redes sociais. CCimportância de arriscar na compra de concorrentes. DDvalor das informações no mundo contemporâneo. EEimpacto social de oferecer soluções gratuitas. Questão 17 (Enem PPL) Estresse é um termo que se vulgarizou nos últimos tempos. Queixa-se de estresse o homem que chega em casa depois de um dia de muito trabalho, de trânsito pesado e das filas do banco. Queixa-se a mulher que enfrentou uma maratona de atividades domésticas, profissionais e com os filhos. À noite, terminado o jantar, com as crianças recolhidas, os dois mal têm forças para trocar de roupa e cair na cama. A palavra estresse não cabe nesse contexto. O que eles sentem é cansaço, estão exaustos e uma noite de sono é um santo remédio para recompor as energias e revigorá-los para as tarefas do dia seguinte. A palavra estresse, na verdade, caracteriza um mecanismo fisiológico do organismo sem o qual nós, nem os outros animais, teríamos sobrevivido. Se nosso antepassado das cavernas não reagisse imediatamente, ao se deparar com uma fera faminta, não teria deixado descendentes. Nós existimos porque nossos ancestrais se estressavam, isto é, liberavam uma série de mediadores químicos (o mais popular é a adrenalina), que provocavam reações fisiológicas para que, diante do perigo, enfrentassem a fera ou fugissem. Disponível em http://drauziovarella.com.br. Acesso em: 2 jun. 2015. Ao lançar mão do mecanismo de comparação, o autor do texto conduz os leitores a AAminimizarem os receios contra o estresse. BBevitarem situações que causem estresse. CCdistinguirem os vários sintomas do estresse. DDsaberem da existência dos tipos de estresse. EEcompreenderem o significado do termo estresse. Questão 18 (Enem PPL) Bola na rede Futebol de várzea, pelada, baba, racha, rachão. Os nomes podem ser diferentes em cada pedaço do Brasil,mas bater uma bolinha é mesmo uma paixão nacional. Os dados do suplemento de esporte da PNAD 2015 mostraram que o futebol foi a principal modalidade esportiva praticada no Brasil, com 15,3 milhões de adeptos. É claro que o fato de o nosso país ter um futebol profissional consagrado, com times que arrebatam torcidas e revelam jogadores, é uma influência positiva, mas a maioria dessa galera que gosta de correr atrás da bola não tem nenhuma pretensão profissional com o esporte. Para eles, tão bom quanto marcar um gol é juntar velhos amigos, fazer novas amizades e se divertir muito. BENEDICTO, M.; MARLI, M. Retratos: a revista do IBGE, n. 2, ago. 2017 (adaptado). Ao abordar a temática do futebol no Brasil, o texto apresenta diferentes nomes para uma partida do esporte. Ao fazer isso, fica evidente que AAos torcedores enaltecem seus times favoritos. BBo futebol é um esporte presente em todo o Brasil. CCa linguagem do futebol reaproxima pessoas distantes. DDos campeonatos da modalidade propiciam a integração do Brasil. EEas regiões do país imprimem um estilo próprio para o jogo de futebol. 12 Questão 19 (Enem PPL) TEXTO I Para que seja caracterizada como bullying, e não como uma agressão ocasional, a ação praticada e sofrida pela vítima deve responder a alguns critérios: a agressividade (física, verbal, social) e a intencionalidade do ato, ou seja, o desejo de causar dor e constrangimento; a frequência da agressão, uma vez que o bullying é um ato repetitivo; e a desigualdade na relação de poder, manifestada pela diferença de força física ou social entre o agressor e a vítima. ABDALLA, S. Bullying na escola: urna ameaça que não é brincadeira. Disponível em: www.gazetadopovo.com.br. Acesso em: 9 ago. 2017 (adaptado). TEXTO II De acordo com as características apresentadas nos textos, depreende-se que o bullying nas aulas de educação física escolar tem sido resultante das AAatitudes constantes de desrespeito à diversidade nas práticas corporais. BBlesões provocadas durante jogos de contato por estudantes agressivos. CCdisputas entre os alunos para ocuparem posições de destaque nas equipes. DDassimetrias entre meninos e meninas durante a vivência das atividades propostas. EEpráticas de inclusão de alunos com menos habilidade motora nos jogos coletivos. Questão 20 TEXTO I Leia o trecho do conto-prefácio “Hipotrélico”, que integra o livro Tutameia, de João Guimarães Rosa. Há o hipotrélico. O termo é novo, de impesquisada origem e ainda sem definição que lhe apanhe em todas as pétalas o significado. Sabe- se, só, que vem do bom português. Para a prática, tome-se hipotrélico querendo dizer: antipodático, sengraçante imprizido; ou, talvez, vice-dito: indivíduo pedante, importuno agudo, falto de respeito para com a opinião alheia. Sob mais que, tratando- se de palavra inventada, e, como adiante se verá, embirrando o hipotrélico em não tolerar neologismos, começa ele por se negar nominalmente a própria existência. Somos todos, neste ponto, um tento ou cento hipotrélicos? Salvo o excepto, um neologismo contunde, confunde, quase ofende. Perspica-nos a inércia que soneja em cada canto do espírito, e que se refestela com os bons hábitos estadados. Se é que um não se assuste: saia todo-o-mundo a empinar vocábulos seus, e aonde é que se vai dar com a língua tida e herdada? Assenta-nos bem à modéstia achar que o novo não valerá o velho; ajusta-se à melhor prudência relegar o progresso no passado. [...] Já outro, contudo, respeitável, é o caso – enfim – de “hipotrélico”, motivo e base desta fábula diversa, e que vem do bom português. O bom português, homem-de-bem e muitíssimo inteligente, mas que, quando ou quando, neologizava, segundo suas necessidades íntimas. Ora, pois, numa roda, dizia ele, de algum sicrano, terceiro, ausente: – E ele é muito hiputrélico... Ao que, o indesejável maçante, não se contendo, emitiu o veto: – Olhe, meu amigo, essa palavra não existe. Parou o bom português, a olhá-lo, seu tanto perplexo: – Como?!... Ora... Pois se eu a estou a dizer? – É. Mas não existe. Aí, o bom português, ainda meio enfigadado, mas no tom já feliz de descoberta, e apontando para o outro, peremptório: 13 – O senhor também é hiputrélico... E ficou havendo. (Tutameia, 1979.) (Unesp) O efeito cômico do texto deriva, sobretudo, da ambiguidade da expressão AA“homem-de-bem”. BB“bom português”. CC“indesejável maçante”. DD“necessidades íntimas”. EE“indivíduo pedante”. Questão 21 TEXTO I Leia a narrativa “O leão, o burro e o rato”, de Millôr Fernandes. Um leão, um burro e um rato voltaram, afinal, da caçada que haviam empreendido juntos¹ e colocaram numa clareira tudo que tinham caçado: dois veados, algumas perdizes, três tatus, uma paca e muita caça menor. O leão sentou-se num tronco e, com voz tonitruante que procurava inutilmente suavizar, berrou: – Bem, agora que terminamos um magnífico dia de trabalho, descansemos aqui, camaradas, para a justa partilha do nosso esforço conjunto. Compadre burro, por favor, você, que é o mais sábio de nós três, com licença do compadre rato, você, compadre burro, vai fazer a partilha desta caça em três partes absolutamente iguais. Vamos, compadre rato, até o rio, beber um pouco de água, deixando nosso grande amigo burro em paz para deliberar. Os dois se afastaram, foram até o rio, beberam água² e ficaram um tempo. Voltaram e verificaram que o burro tinha feito um trabalho extremamente meticuloso, dividindo a caça em três partes absolutamente iguais. Assim que viu os dois voltando, o burro perguntou ao leão: – Pronto, compadre leão, aí está: que acha da partilha? O leão não disse uma palavra. Deu uma violenta patada na nuca do burro, prostrando-o no chão, morto. Sorrindo, o leão voltou-se para o rato e disse: – Compadre rato, lamento muito, mas tenho a impressão de que concorda em que não podíamos suportar a presença de tamanha inaptidão e burrice. Desculpe eu ter perdido a paciência, mas não havia outra coisa a fazer. Há muito que eu não suportava mais o compadre burro. Me faça um favor agora – divida você o bolo da caça, incluindo, por favor, o corpo do compadre burro. Vou até o rio, novamente, deixando-lhe calma para uma deliberação sensata. Mal o leão se afastou, o rato não teve a menor dúvida. Dividiu o monte de caça em dois: de um lado, toda a caça, inclusive o corpo do burro. Do outro, apenas um ratinho cinza morto por acaso. O leão ainda não tinha chegado ao rio, quando o rato o chamou: – Compadre leão, está pronta a partilha! O leão, vendo a caça dividida de maneira tão justa, não pôde deixar de cumprimentar o rato: – Maravilhoso, meu caro compadre, maravilhoso! Como você chegou tão depressa a uma partilha tão certa? E o rato respondeu: – Muito simples. Estabeleci uma relação matemática entre seu tamanho e o meu – é claro que você precisa comer muito mais. Tracei uma comparação entre a sua força e a minha – é claro que você precisa de muito maior volume de alimentação do que eu. Comparei, ponderadamente, sua posição na floresta com a minha – e, evidentemente, a partilha só podia ser esta. Além do que, sou um intelectual, sou todo espírito! – Inacreditável, inacreditável! Que compreensão! Que argúcia! – exclamou o leão, realmente admirado. – Olha, juro que nunca tinha notado, em você, essa cultura. Como você escondeu isso o tempo todo, e quem lhe ensinou tanta sabedoria? – Na verdade, leão, eu nunca soube nada. Se me perdoa um elogio fúnebre, se não se ofende, acabei de aprender tudo agora mesmo, com o burro morto. Moral: Só um burro tenta ficar com a parte do leão. 1 A conjugação de esforços tão heterogêneos na destruição do meio ambiente é coisa muito comum. ² Enquanto estavam bebendo água, o leão reparou que o rato estava sujando a água que ele bebia. Mas isso já é outra fábula. 14 ' (100 fábulas fabulosas, 2012.) (Unesp) Uma moralpara a narrativa de Millôr Fernandes em conformidade com uma fábula tradicional seria: AAPara quem morrer está posto, é melhor a morte com reputação. BBAlguns seres humanos, por causa das próprias espertezas, sem perceber se lançam em direção às desgraças. CCAlguns homens fazem por mal o que por bem não querem aceitar. DDPara os homens, os infortúnios do próximo se tornam um apelo à ponderação. EEOs homens sensatos não desdenham nem mesmo as coisas modestas. Questão 22 (Enem PPL) Trabalhe, trabalhe, trabalhe. Mas não se esqueça: vírgulas significam pausas. Revista Língua Portuguesa, n.º 36, outubro de 2008, p. 30. A publicidade utiliza recursos e elementos linguísticos e extralinguísticos para propagar sua mensagem. O autor do texto publicitário acima, para construir seu sentido, baseia-se AAna possibilidade de confundir o leitor quanto à sua rotina. BBna certeza de surpreender o leitor com efeitos de humor. CCna criação de dúvida quanto à quantidade de trabalho. DDno duplo sentido da palavra pausas: pausa na escrita e pausa no trabalho. EEno objetivo de irritar o leitor no que se refere à sua rotina de trabalho diária. Questão 23 (Enem PPL) PROCURE DIREITO PARA CHEGAR ONDE QUER A nossa empresa desenvolveu um programa de estudos com vários cursos voltados para a carreira jurídica. Usufrua as vantagens do melhor material didático, da estrutura física e tecnológica e da alta qualidade de nosso corpo docente. Após cada aula, são disponibilizadas online questões de provas de concursos públicos sobre o conteúdo apresentado. A evolução do aprendizado é monitorada e o aluno recebe relatórios sobre o seu desempenho. Correio Braziliense. Caderno Simuladão, 28 abr. 2009, p. 5. No texto publicitário acima, predomina a função conativa da linguagem, que é centrada no receptor da mensagem. No texto em questão, os recursos de linguagem empregados têm o objetivo de convencer AAalunos do ensino fundamental, já que se fala em “evolução do aprendizado”. BBcandidatos a concursos públicos, já que se refere a “vários cursos voltados para a carreira jurídica”. CCidosos que querem estudar por prazer, já que se destaca “as vantagens do melhor material didático, da estrutura física e tecnológica”. DDdonas de casa que querem cultura geral, já que ressalta a comodidade do serviço no trecho “o aluno recebe relatórios sobre o seu desempenho.” EEjovens que cursam os cursos supletivos para jovens e adultos, já que mostra que “a nossa empresa desenvolveu um programa de estudos com vários cursos”. Questão 24 (Enem PPL) Um objetivo para um número cada vez maior de empresas é realizar negócios eletronicamente com outras empresas, e, em especial, com fornecedores e clientes. Por exemplo, fabricantes de automóveis, aeronaves e computadores, entre outros, compram subsistemas de diversos fornecedores, e depois montam as peças. Utilizando computadores, os fabricantes podem emitir pedidos eletronicamente, conforme necessário. A capacidade de emitir pedidos em tempo real reduz a necessidade de grandes estoques e aumenta a eficiência. TANEMBAUM, Andrew S. Redes de computadores, 4ª Ed.,RJ, Elsevier, 2003 (adaptado). A realização de negócios com consumidores pela Internet, denominado comércio eletrônico – e-commerce – tem AAproporcionado baixa no desenvolvimento econômico, por permitir a globalização dos recursos. 15 BBcausado problemas de comunicação e mais vendas presenciais. CCpermitido desenvolvimento e mudança na relação com o consumidor. DDgerado instabilidade no setor econômico. EEgarantido a confiança do consumidor, por apresentar total segurança na realização de negócios. Questão 25 TEXTO I Já na segurança da calçada, e passando por um trecho em obras que atravanca nossos passos, lanço à queima-roupa: — Você conhece alguma cidade mais feia do que São Paulo? — Agora você me pegou, retruca, rindo. Hã, deixa eu ver... Lembro-me de La Paz, a capital da Bolívia, que me pareceu bem feia. Dizem que Bogotá é muito feiosa também, mas não a conheço. Bem, São Paulo, no geral, é feia, mas as pessoas têm uma disposição para o trabalho aqui, uma vibração empreendedora, que dá uma feição muito particular à cidade. Acordar cedo em São Paulo e ver as pessoas saindo para trabalhar é algo que me toca. Acho emocionante ver a garra dessa gente. R. Moraes e R. Linsker. Estrangeiros em casa: uma caminhada pela selva urbana de São Paulo. National Geographic Brasil. Adaptado. (Fuvest) Os interlocutores do diálogo contido no texto compartilham o pressuposto de que AAcidades são geralmente feias, mas interessantes. BBo empreendedorismo faz de São Paulo uma bonita cidade. CCLa Paz é tão feia quanto São Paulo. DDSão Paulo é uma cidade feia. EESão Paulo e Bogotá são as cidades mais feias do mundo. Questão 26 TEXTO I A língua politicamente correta REVISORES são seres invisíveis que se valem de jornais e editoras para corrigir os deslizes dos escritores. Porque os escritores, frequentemente, desrespeitam as leis fundamentais da gramática. Eu mesmo, por muito tempo, tive como revisor voluntário dos meus textos um erudito da língua que me enviava periodicamente, por puro amor à língua, relatórios detalhados dos meus erros. Desse revisor voluntário tenho apenas uma queixa: ele nunca disse uma só palavra sobre a substância mesma dos meus artigos. Não lhe importavam as coisas que eu escrevia. Importava-lhe se eu as escrevia com as palavras certas. Para me consolar, eu repetia as palavras de Patativa do Assaré: “Mais vale escrever a coisa certa com as palavras erradas que escrever a coisa errada com as palavras certas...” Até lhe dediquei uma pequena parábola. Eu, convidando meus amigos para tomar uma sopa que eu mesmo faço. Eles vêm, tomam a sopa e gostam. Mas um intruso, não convidado, toma a minha sopa, nada diz sobre a sopa, mas reclama que a tigela estava lascada... Tenho tido experiências com revisores atentos, sensíveis, competentes, que não só corrigem meus erros como também me fazem sugestões de como melhorar o meu estilo. Mas tenho tido também experiências desastrosas. E isso porque os revisores têm um poder terrível. Basta que mudem uma simples palavra... (...) 16 Houve um livro que escrevi, todo ele baseado na distinção entre “história” e “estória”, distinção que os gramáticos, donos da língua, desconhecem, por saber muito sobre letras e sílabas e pouco sobre sentidos. Resolveram, por conta própria, eliminar do dicionário a grafia “estória”. Tudo agora é “história”. Mas Guimarães Rosa sabe que isso está errado e até escreveu: “A estória não quer se tornar história”. São duas coisas diferentes. História é o tempo onde as coisas acontecidas não acontecem mais. Estória é o tempo onde coisas não acontecidas acontecem sempre. Pois o revisor do meu livro, mais atento às ordens do dicionário, livro onde se encontram as palavras e sentidos certos, eliminou as “estórias” que eu havia escrito, substituindo-as por “histórias”. Ficou totalmente sem sentido. O revisor disse que abacaxis e pitangas eram a mesma coisa. (...) (Rubem Alves, Folha de S. Paulo, 31/05/2011) (Espm) Segundo o texto: AAos revisores exercem tarefas invisíveis para não constranger os escritores que transgridem as leis da gramática. BBo trabalho dos revisores em jornais e editoras está voltado tanto para o aspecto formal quanto para o aspecto semântico. CCo revisor voluntário, citado pelo autor, não tinha autoridade para opinar sobre os artigos. DDtodo revisor, de uma maneira geral, só se preocupa com os aspectos estilísticos do texto. EEa intervenção do revisor no texto nem sempre traz resultados positivos. Questão 27 TEXTO I O leão e a raposa Um 11leão envelhecido, 1não podendo mais procurar alimento por sua própria conta, julgou que devia arranjar um jeito de fazer isso. E, então, foi a uma caverna, deitou-see se fingiu de doente. Dessa forma, quando ⁸recebia a visita de outros 13animais, ele ⁴os pegava e ⁵os comia. Depois que muitas 14feras 6já tinham morrido, uma 12raposa, ciente da armadilha, parou a ⁹certa distância da caverna e perguntou ao leão como ele estava. Como ele ²respondesse: “Mal!” e lhe ³perguntasse 10por que ela não entrava, disse a raposa: “Ora, eu entraria 7se não visse marcas de muitos entrando, mas de ninguém saindo”. Esopo - escritor grego do século VI a.C. (Mackenzie) Assinale a alternativa que melhor expressa a moral depreendida pela leitura do texto. AAOs homens sensatos, tendo prova dos perigos, podem prevê-los e evitá-los. BBSão insensatos os homens que, na esperança de bens maiores, deixam escapar o que têm na mão. CCAlguns homens, não conseguindo realizar seus negócios por incapacidade, acusam as circunstâncias. DDEntre os homens, os mentirosos se vangloriam apenas quando não há ninguém para contestá- los. EEÉ preciso reconhecer aquele que fez o bem e a esse dar o reconhecimento. Questão 28 TEXTO I Não há morte. O encontro de duas expansões, ou a expansão de duas formas, pode determinar a supressão de uma delas; mas, rigorosamente, não há morte, há vida, porque a supressão de uma é a condição da sobrevivência da outra e a destruição não atinge o princípio universal e comum. Daí o caráter conservador e benéfico da guerra. Supõe tu um campo de batatas e duas tribos famintas. As batatas apenas chegam para alimentar uma das tribos, que assim adquire forças para transpor a montanha e ir à outra vertente, onde há batatas em abundância; mas, se as duas tribos dividirem em paz as batatas do campo, não chegam a nutrir-se suficientemente e morrem de inanição. A paz, nesse caso, é a destruição; a guerra é a conservação. Uma das tribos extermina a outra e recolhe os despojos. 17 Daí a alegria da vitória, os hinos, aclamações, recompensas públicas e todos os demais efeitos das ações bélicas. (...) Ao vencido, ódio ou compaixão; ao vencedor, as batatas. (Machado de Assis, Quincas Borba) (Espm) As batatas a que o texto se refere: AAsimbolizam a solidez dos bens materiais. BBrepresentam o objeto concreto de luta entre as tribos famintas. CCsintetizam os despojos e a precariedade da natureza humana. DDevidenciam figuradamente as ações bélicas. EEexpressam metaforicamente a cota mate¬rial do perdedor. Questão 29 TEXTO I “O homem não pode abster-se da filosofia”, diz Jaspers com razão. “Ela está presente em todo lugar e sempre. A única questão que se apresenta é saber se ela é consciente ou não, boa ou má, confusa ou clara”. Na verdade, a pesquisa da verdade científica, que só interessa aliás a uma minoria, não exaure¹ em nada a natureza do homem, mesmo nessa minoria. Resta que o homem vive, toma parti¬do, crê em multiplicidade de valores, hierarquiza-os e dá assim um sentido à sua existência por opções que ultrapassam sem cessar as fronteiras do seu conhecimento efetivo. No homem que pensa, essa coordenação pode ser raciocinada, no sentido de que, para fazer a síntese entre aquilo em que acredita e que sabe, só pode utilizar uma reflexão, seja prolongando seu saber ou opondo-se a ele em um esforço crítico para determinar suas fronteiras atuais e legitimar a colocação dos valores que o ultrapassam. Essa síntese raciocinada entre as crenças, quaisquer que sejam, e as condições do saber, é o que nós chamamos de uma “sabedoria” e tal nos parece o objeto da filosofia. (Piaget, Jean. Sabedoria e Ilusões da Filosofia. Tradução de Zilda Abujamra Daeir. S.Paulo. Difusão Europeia do Livro) ¹exaurir = esgotar (Espm) Segundo o texto, o “homem que pensa” é aquele que: AAtem fé nos seus valores. BBsintetiza o que acredita e o que sabe. CCse opõe à sabedoria filosófica. DDfaz pesquisa da verdade científica. EEafasta de si toda a crença religiosa. Questão 30 TEXTO I O CANTO DO GUERREIRO Aqui na floresta Dos ventos batida, Façanhas de bravos Não geram escravos, Que estimem a vida Sem guerra e lidar. - Ouvi-me, Guerreiros, - Ouvi meu cantar. Valente na guerra, Quem há, como eu sou? Quem vibra o tacape Com mais valentia? Quem golpes daria Fatais, como eu dou? - Guerreiros, ouvi-me; - Quem há, como eu sou? Gonçalves Dias. MACUNAÍMA (Epílogo) Acabou-se a história e morreu a vitória. Não havia mais ninguém lá. Dera tangolomângolo na tribo Tapanhumas e os filhos dela se acabaram de um em um. Não havia mais ninguém lá. Aqueles lugares, aqueles campos, furos puxadouros arrastadouros meios-barrancos, aqueles matos misteriosos, tudo era solidão do deserto... Um silêncio imenso dormia à beira do rio Uraricoera. Nenhum conhecido sobre a terra não sabia nem falar 18 da tribo nem contar aqueles casos tão pançudos. Quem podia saber do Herói? Mário de Andrade. (Enem) A leitura comparativa dos dois textos indica que AAambos têm como tema a figura do indígena brasileiro apresentada de forma realista e heroica, como símbolo máximo do nacionalismo romântico. BBa abordagem da temática adotada no texto escrito em versos é discriminatória em relação aos povos indígenas do Brasil. CCas perguntas "- Quem há, como eu sou?" (10. texto) e "Quem podia saber do Herói?" (20. texto) expressam diferentes visões da realidade indígena brasileira. DDo texto romântico, assim como o modernista, aborda o extermínio dos povos indígenas como resultado do processo de colonização no Brasil. EEos versos em primeira pessoa revelam que os indígenas podiam expressar-se poeticamente, mas foram silenciados pela colonização, como demonstra a presença do narrador, no segundo texto. Questão 31 TEXTO I No meio do caminho No meio do caminho tinha uma pedra Tinha uma pedra no meio do caminho Tinha uma pedra No meio do caminho tinha uma pedra [...] ANDRADE, C. D. Antologia poética. Rio de Janeiro/São Paulo: Record, 2000. (fragmento) TEXTO II A comparação entre os recursos expressivos que constituem os dois textos revela que AAo texto 1 perde suas características de gênero poético ao ser vulgarizado por histórias em quadrinho. BBo texto 2 pertence ao gênero literário, porque as escolhas linguísticas o tornam uma réplica do texto 1. CCa escolha do tema, desenvolvido por frases semelhantes, caracteriza-os como pertencentes ao mesmo gênero. DDos textos são de gêneros diferentes porque, apesar da intertextualidade, foram elaborados com finalidades distintas. EEas linguagens que constroem significados nos dois textos permitem classificá-los como pertencentes ao mesmo gênero. Questão 32 (Enem) Cântico VI Tu tens um medo de Acabar. Não vês que acabas todo o dia. Que morres no amor. Na tristeza. Na dúvida. No desejo. Que te renovas todo dia. No amor. Na tristeza. Na dúvida. No desejo. Que és sempre outro. Que és sempre o mesmo. Que morrerás por idades imensas. Até não teres medo de morrer. E então serás eterno. MEIRELES, C. Antologia poética, Rio de Janeiro: Record. 1963 (fragmento). A poesia de Cecília Meireles revela concepções sobre o homem em seu aspecto existencial. Em Cântico VI, o eu lírico exorta seu interlocutor a perceber, como inerente à condição humana, 19 AAa sublimação espiritual graças ao poder de se emocionar. BBo desalento irremediável em face do cotidiano repetitivo. CCo questionamento cético sobre o rumo das atitudes humanas. DDa vontade inconsciente de perpetuar-se em estado adolescente. EEum receio ancestral de confrontar a imprevisibilidade das coisas. Questão 33 (Enem 2ª aplicação) Texto I XLI Ouvia: Que não podia odiar E nem temer Porque tu eras eu. E como seria Odiar a mim mesma E a mim mesma temer. HILST, H. Cantares. São Paulo: Globo, 2004 (fragmento). Texto II Transforma-se o amador na cousa amada Transforma-se o amador na cousa amada, por virtude do muito imaginar; não tenho, logo, mais que desejar, pois em mim tenho a parte desejada.Camões. Sonetos. Disponível em: http://www.jornaldepoesia.jor.br. Acesso em: 03 set. 2010 (fragmento). Nesses fragmentos de poemas de Hilda Hilst e de Camões, a temática comum é AAo “outro” transformado no próprio eu lírico, o que se realiza por meio de uma espécie de fusão de dois seres em um só. BBa fusão do “outro” com o eu lírico, havendo, nos versos de Hilda Hilst, a afirmação do eu lírico de que odeia a si mesmo. CCo “outro” que se confunde com o eu lírico, verificando-se, porém, nos versos de Camões, certa resistência do ser amado. DDa dissociação entre o “outro” e o eu lírico, porque o ódio ou o amor se produzem no imaginário, sem a realização concreta. EEo “outro” que se associa ao eu lírico, sendo tratados, nos Textos I e II, respectivamente, o ódio o amor. Questão 34 Não somos tão especiais Todas as características tidas como exclusivas dos humanos são compartilhadas por outros animais, ainda que em menor grau. INTELIGÊNCIA A ideia de que somos os únicos animais racionais tem sido destruída desde os anos 40. A maioria das aves e mamíferos tem algum tipo de raciocínio. AMOR O amor, tido como o mais elevado dos sentimentos, é parecido em várias espécies, como os corvos, que também criam laços duradouros, se preocupam com o ente querido e ficam de luto depois de sua morte. CONSCIÊNCIA Chimpanzés se reconhecem no espelho. 20 Orangotangos observam e enganam humanos distraídos. Sinais de que sabem quem são e se distinguem dos outros. Ou seja, são conscientes. CULTURA O primatologista Frans de Waal juntou vários exemplos de cetáceos e primatas que são capazes de aprender novos hábitos e de transmiti-los para as gerações seguintes. O que é cultura se não isso? BURGIERMAN, D. Superinteressante, n.º 190, jul. 2003. O título do texto traz o ponto de vista do autor sobre a suposta supremacia dos humanos em relação aos outros animais. As estratégias argumentativas utilizadas para sustentar esse ponto de vista são AAdefinição e hierarquia. BBexemplificação e comparação. CCcausa e consequência. DDfinalidade e meios. EEautoridade e modelo. Questão 35 (Enem PPL) Quantos há que os telhados têm vidrosos E deixam de atirar sua pedrada, De sua mesma telha receiosos. Adeus, praia, adeus, ribeira, De regatões tabaquista, Que vende gato por lebre Querendo enganar a vista. Nenhum modo de desculpa Tendes, que valer-vos possa: Que se o cão entra na igreja, É porque acha aberta a porta. GUERRA, G. M. In: LIMA, R. T. Abecê de folclore. São Paulo: Martins Fontes, 2003 (fragmento). Ao organizar as informações, no processo de construção do texto, o autor estabelece sua intenção comunicativa. Nesse poema, Gregório de Matos explora os ditados populares com o objetivo de AAenumerar atitudes. BBdescrever costumes. CCdemonstrar sabedoria. DDrecomendar precaução. EEcriticar comportamentos. Questão 36 (Enem) Nesse texto, a combinação de elementos verbais e não verbais configura-se como estratégia argumentativa para AAmanifestar a preocupação do governo com a segurança dos pedestres. BBassociar a utilização do celular às ocorrências de atropelamento de crianças. CCorientar pedestres e motoristas quanto à utilização responsável do telefone móvel. DDinfluenciar o comportamento de motoristas em relação ao uso de celular no trânsito. EEalertar a população para os riscos da falta de atenção no trânsito das grandes cidades. Questão 37 TEXTO I Canção do vento e da minha vida O vento varria as folhas, O vento varria os frutos, O vento varria as flores... E a minha vida ficava Cada vez mais cheia De frutos, de flores, de folhas. [...] O vento varria os sonhos 21 E varria as amizades... O vento varria as mulheres... E a minha vida ficava Cada vez mais cheia De afetos e de mulheres. O vento varria os meses E varria os teus sorrisos... O vento varria tudo! E a minha vida ficava Cada vez mais cheia De tudo. BANDEIRA, M. Poesia completa e prosa. Rio de Janeiro: José Aguilar, 1967. (Enem) Na estruturação do texto, destaca-se AAa construção de oposições semânticas. BBa apresentação de ideias de forma objetiva. CCo emprego recorrente de figuras de linguagem, como o eufemismo. DDa repetição de sons e de construções sintáticas semelhantes. EEa inversão da ordem sintática das palavras. Questão 38 (Enem) Pequeno concerto que virou canção Não, não há por que mentir ou esconder A dor que foi maior do que é capaz meu coração Não, nem há por que seguir cantando só para explicar Não vai nunca entender de amor quem nunca soube amar Ah, eu vou voltar pra mim Seguir sozinho assim Até me consumir ou consumir toda essa dor Até sentir de novo o coração capaz de amor VANDRE. G. Disponível em: http://www.letras.terra.com.br. Acesso em 29 jun. 2011. Na canção de Geraldo Vandré, tem-se a manifestação da função poética da linguagem, que é percebida na elaboração artística e criativa da mensagem, por meio de combinações sonoras e rítmicas. Pela análise do texto, entretanto, percebe-se, também, a presença marcante da função emotiva ou expressiva, por meio da qual o emissor AAimprime à canção as marcas de sua atitude pessoal, seus sentimentos. BBtransmite informações objetivas sobre o tema de que trata a canção. CCbusca persuadir o receptor da canção a adotar um certo comportamento. DDprocura explicar a própria linguagem que utiliza para construir a canção. EEobjetiva verificar ou fortalecer a eficiência da mensagem veiculada. Questão 39 (Enem) – Famigerado? [...] – Famigerado é “inóxio”, é “célebre”, “notório”, “notável” ... – Vosmecê mal não veja em minha grossaria no não entender. Mais me diga: é desaforado? É caçoável? É de arrenegar? Farsância? Nome de ofensa? – Vilta nenhuma, nenhum doesto. São expressões neutras, de outros usos ... – Pois ... e o que é que é, em fala de pobre, linguagem de em dia de semana? – Famigerado? Bem. É: “importante”, que merece louvor, respeito ... ROSA, G. Famigerado. In: Primeiras estórias. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 2001. Nesse texto, a associação de vocábulos da língua portuguesa a determinados dias da semana remete ao AAlocal de origem dos interlocutores. BBestado emocional dos interlocutores. CCgrau de coloquialidade da comunicação. DDnível de intimidade entre os interlocutores. EEconhecimento compartilhado na comunicação. 22 Questão 40 (Enem) da sua memória mil e mui tos out ros ros tos sol tos pou coa pou coa pag amo meu ANTUNES, A. 2 ou + corpos no mesmo espaço. São Paulo: Perspectiva, 1998. Trabalhando com recursos formais inspirados no Concretismo, o poema atinge uma expressividade que se caracteriza pela AAinterrupção da fluência verbal, para testar os limites da lógica racional. BBreestruturação formal da palavra, para provocar o estranhamento no leitor. CCdispersão das unidades verbais, para questionar o sentido das lembranças. DDfragmentação da palavra, para representar o estreitamento das lembranças. EErenovação das formas tradicionais, para propor uma nova vanguarda poética. Questão 41 (Enem 2ª aplicação) Poema tirado de uma notícia de jornal João Gostoso era carregador de feira livre e morava no morro da Babilônia num barracão sem número. Uma noite ele chegou no bar Vinte de Novembro Bebeu Cantou Dançou Depois se atirou na lagoa Rodrigo de Freitas e morreu afogado. BANDEIRA, M. Estrela da vida inteira: poesias reunidas. Rio de Janeiro: José Olympio, 1980. No poema de Manuel Bandeira, há uma ressignificação de elementos da função referencial da linguagem pela AAatribuição de título ao texto com base em uma notícia veiculada em jornal. BButilização de frases curtas, características de textos do gênero jornalístico. CCindicação de nomes de lugares como garantia da veracidade da cena narrada. DDenumeração de ações, com foco nos eventos acontecidos à personagem do texto.EEapresentação de elementos próprios da notícia, tais como quem, onde, quando e o quê. Questão 42 (Enem PPL) Soneto Oh! Páginas da vida que eu amava, Rompei-vos! nunca mais! tão desgraçado!... Ardei, lembranças doces do passado! Quero rir-me de tudo que eu amava! E que doido que eu fui! como eu pensava Em mãe, amor de irmã! em sossegado Adormecer na vida acalentado Pelos lábios que eu tímido beijava! Embora – é meu destino. Em treva densa Dentro do peito a existência finda 23 Pressinto a morte na fatal doença! A mim a solidão da noite infinda! Possa dormir o trovador sem crença. Perdoa minha mãe – eu te amo ainda! AZEVEDO, A. Lira dos vinte anos. São Paulo: Martins Fontes, 1996. A produção de Álvares de Azevedo situa-se na década de 1850, período conhecido na literatura brasileira como Ultrarromantismo. Nesse poema, a força expressiva da exacerbação romântica identifica-se com o(a) AAamor materno, que surge como possibilidade de salvação para o eu lírico. BBsaudosismo da infância, indicado pela menção às figuras da mãe e da irmã. CCconstrução de versos irônicos e sarcásticos, apenas com aparência melancólica. DDpresença do tédio sentido pelo eu lírico, indicado pelo seu desejo de dormir. EEfixação do eu lírico pela ideia da morte, o que o leva a sentir um tormento constante. Questão 43 (Enem) As diferentes esferas sociais de uso da língua obrigam o falante a adaptá-la as variadas situações de comunicação. Uma das marcas linguísticas que configuram a linguagem oral informal usada entre avô e neto neste texto é AAa opção pelo emprego da forma verbal “era” em lugar de “foi”. BBa ausência de artigo antes da palavra “árvore”. CCo emprego da redução “tá” em lugar da forma verbal “está”. DDo uso da contração “desse” em lugar da expressão “de esse”. EEa utilização do pronome “que” em início de frase exclamativa. Questão 44 Da minha aldeia vejo quanto da terra se pode ver no Universo... Por isso minha aldeia é grande como outra qualquer Porque sou do tamanho do que vejo E não do tamanho da minha altura... (Alberto Caeiro) A tira "Hagar" e o poema de Alberto Caeiro (um dos heterônimos de Fernando Pessoa) expressam, com linguagens diferentes, uma mesma ideia: a de que a compreensão que temos do mundo é condicionada, essencialmente, AApelo alcance de cada cultura. BBpela capacidade visual do observador. CCpelo senso de humor de cada um. DDpela idade do observador. EEpela altura do ponto de observação. 24 Questão 45 (Enem) Pode aparecer onde menos se espera em cinco formas diferentes. É por isso que o Dia Mundial Contra a Hepatite está aí para alertar você. As hepatites A, B, C, D e E têm diversas causas e muitas formas de chegar até você. Mas, evitar isso é bem simples. Você, só precisa ficar atento aos cuidados necessários para cuidar do maior bem que você tem: A SUA SAÚDE! Algumas maneiras de se prevenir: - Vacine-se contra as hepatites A e B. - Use água tratada e siga sempre as recomendações quanto à restrição de banhos em locais públicos e ao uso de desinfetantes em piscinas. - Lave SEMPRE bem os alimentos como frutas, verduras e legume. - Lave SEMPRE bem as mãos após usar o toalete e antes de se alimentar. - Ao usar agulhas e seringas, certifique-se da higiene do local e de todos os acessórios. - Certifique-se de que seu médico ou profissional da saúde esteja usando a proteção necessária, como luvas e máscaras, quando houver a possibilidade de contato de sangue ou secreções contaminadas com o vírus. Disponível em: http://farm5.static.flickr.com. Acesso em: 26 out. 2011 (adaptado). Nas peças publicitárias, vários recursos verbais e não verbais são usados com o objetivo de atingir o público-alvo, influenciando seu comportamento. Considerando as informações verbais e não verbais trazidas no texto a respeito da hepatite, verifica-se que AAo tom lúdico é empregado como recurso de consolidação do pacto de confiança entre o médico e a população. BBa figura do profissional da saúde é legitimada, evocando-se o discurso autorizado como estratégia argumentativa. CCo uso de construções coloquiais e específicas da oralidade são recursos de argumentação que simulam o discurso do médico. DDa empresa anunciada deixa de se autopromover ao mostrar preocupação social e assumir a responsabilidade pelas informações. EEo discurso evidencia uma cena de ensinamento didático, projetado com subjetividade no trecho sobre as maneiras de prevenção. 25 INSTRUÇÕES PARA A REDAÇÃO 1. O rascunho da redação deve ser feito no espaço apropriado. 2. O texto definitivo deve ser escrito à tinta, na própria folha, em até 30 linhas. 3. A redação que apresentar cópia dos textos da Proposta de Redação ou do Caderno de Questões terá o número de linhas copiadas desconsiderado para efeito de correção. 4. Receberá nota zero, em qualquer das situações expressas a seguir, a redação que: 4.1 tiver até 7 (sete) linhas escritas, sendo considerada "texto insuficiente". 4.2 fugir do tema ou que não atender ao tipo dissertativo-argumentativo. 4.3. apresentar parte do texto deliberadamente desconectada do tema proposto. TEMA: O PROTAGONISMO JUVENIL NAS DECISÕES POLÍTICAS DO BRASIL ATUAL TEXTOS MOTIVADORES Texto 1 Tuitaço para incentivar os jovens a tirar o título movimenta a internet e alcança mais de 88 milhões de pessoas Dezenas de celebridades, fã-clubes, times de futebol e instituições públicas e privadas, além do próprio TSE e dos TREs, participaram da iniciativa A Semana do Jovem Eleitor 2022 ainda não terminou, mas já é possível conhecer alguns dos resultados da mobilização para incentivar jovens de 15 a 18 anos a tirarem o primeiro título de eleitor e votar nas Eleições Gerais de outubro. Nesta quarta-feira (16.03.22), os perfis da rede social Twitter do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), dos Tribunais Regionais Eleitorais (TREs), de diversos influenciadores digitais, de organizações da sociedade civil e de instituições públicas e privadas participaram de um tuitaço para conscientizar a juventude sobre a importância de tirar o título de eleitor. A partir das 10h, a rede foi inundada por publicações chamando a atenção para o prazo para se alistar ou mudar o domicílio eleitoral, que se encerra no dia 4 de maio. Segundo dados da plataforma, foram publicados durante a mobilização cerca de 6,8 mil tuítes com esse tema, que chegaram às telas de mais de 88 milhões de pessoas. Mais de 4,7 mil usuários do Twitter participaram da iniciativa, fazendo suas próprias publicações ou retransmitindo as postagens feitas por pessoas a quem seguem. Fonte: https://www.tse.jus.br/imprensa/noticias-tse/2022/Marco/tuitaco-para-incentivar-os-jovens-a-tirar-o-titulo-movimenta-a-internet-e-alcanca- mais-de-88-milhoes-de-pessoas 26 Texto 02 “A solução dos problemas e a melhoria de vida dos brasileiros passa necessariamente pela política. Afinal, tudo se resolve por meio da política, como por exemplo o valor do IPVA, o valor do gás, a vacinação, com as negociações e composições entre os partidos para aprovação de leis que vão ou não beneficiar a sociedade. Só fazer o alistamento e votar não resolve. A participação ativa faz toda a diferença: reivindicando, participando em debates, dialogando sobre as opções de candidaturas, dentre outras ações.” Professor de Direito Constitucional e de Direito Eleitoral da Universidade Tiradentes (Unit), doutor José Eduardo de Santana Macêdo. Fonte: https://portal.unit.br/blog/noticias/eleicoes-2022-por-que-e-importante-a-participacao-dos-jovens/ Texto 03 Número de jovens eleitores em 2022 é o menor em 20 anos Participação nas urnas, no entanto, foi em média de 80% nas últimas eleições, segundo TSE.. Faltando menos de 1 mês para terminar o prazo de emissão do título de eleitor para quem pretende votar nas eleições de 2022, os principais pré-candidatos à Presidência estão empenhados em convencer o público jovem a participardo processo eleitoral. Dados do TSE (Tribunal Superior Eleitoral) indicam que 2022 registrou 1.051.000 jovens, entre 16 e 17 anos, com título de eleitor até março -é o menor número de adolescentes aptos a votar em 20 anos. Em 2002, o país tinha 2.218.000 pessoas nessa faixa etária... 27 Fonte: https://portal.unit.br/blog/noticias/eleicoes-Fonte: https://www.poder360.com.br/eleicoes/numero-de-jovens-eleitores-em-2022-e-o-menor-em- 20-anos/-por-que-e-importante-a-participacao-dos-jovens/ 28 RASCUNHO REDAÇÃO 2022 TRANSCREVA A SUA REDAÇÃO PARA A FOLHA DE REDAÇÃO 01 02 03 04 05 06 07 08 09 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 21 22 23 24 25 26 27 28 29 30 29 CIÊNCIAS HUMANAS E SUAS TECNOLOGIAS Questões de 46 a 90 Questão 46 (Fuvest) O IPHAN - Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional e a Prefeitura da Cidade do Rio de Janeiro envidaram esforços no sentido de deixar exposta para a contemplação da população parte do Sítio Arqueológico do Cais do Valongo, com o objetivo de apresentar ao visitante, através daquele pequeno, mas representativo espaço, a materialização do momento mais trágico da nossa história, fazendo com que ele não seja esquecido. (...) A história do Cais do Valongo e do seu entorno está indissoluvelmente ligada à história universal, por ter sido a porta de entrada do maior volume de africanos escravizados nas Américas. O Rio de Janeiro era, então, a mais afro-atlântica das cidades costeiras do território brasileiro (...). Disponível em http://portal.iphan.gov.br/. O texto integra a proposta elaborada pelo IPHAN, em 2016, para inscrição do Sítio Arqueológico do Cais do Valongo na lista do Patrimônio Mundial. Com base no documento, a história do Cais do Valongo se entrelaça à história universal, pois se relaciona ao AAtráfico de africanos escravizados para a América de colonização portuguesa. BBRio de Janeiro como única cidade escravista das Américas na época colonial. CCtrabalho de escavação realizado por arqueólogos estrangeiros no passado. DDfluxo de escravizados do Brasil para outras partes das Américas, após as independências. EEesforço do IPHAN para silenciar a história da escravidão no mundo atlântico. Questão 47 (Fuvest) No cerne da ideologia Bannon há uma série de contrastes extraordinariamente simplificadores entre bom e mau, sagrado e profano. Essa série semiótica cria perigosos outros, cuja existência contínua ameaça a boa gente que constitui o que Bannon descreve como a “verdadeira América”(...). Numa ordem social democrática, o conflito entre oponentes partidários é agonístico, não antagonístico. Bannon vê de outra forma. Não há espaço para a cortesia em seu universo (...). Jeffrey Alexander. “Vociferando contra o iluminismo: A ideologia de Steve Bannon”. Sociologia & Antropologia, vol. 08, n. 3, set-dez, 2018. O antagonismo é a luta entre inimigos, enquanto o agonismo representa a luta entre adversários. (...) o propósito da política democrática é transformar antagonismo em agonismo. Isso demanda oferecer canais por meio dos quais às paixões coletivas serão dados mecanismos de expressarem-se sobre questões que, ainda que permitindo possibilidade suficiente de identificação, não construirão o opositor como inimigo, mas como adversário. Chantal Mouffe. “Por um modelo agonístico de democracia”. Revista de Sociologia e Política, Curitiba, n. 25, nov. 2005, p. 11-23. A primeira citação foi retirada de um texto em que o sociólogo Jeffrey Alexander desenvolve o que compreende ser a ideologia de Steve Bannon, assessor do ex-presidente norteamericano Donald Trump. A segunda citação foi extraída de um artigo em que a cientista política Chantal Mouffe desenvolve a noção de “pluralismo agonístico”. A partir da perspectiva apresentada nas citações, é correto afirmar que a ideologia de Steve Bannon AAdefende uma ordem social agonística baseada na divisão entre grupos e nos conflitos entre inimigos políticos. BBsustenta uma ordem social baseada em consensos e que não admite conflitos entre adversários. CCdefende a possibilidade de conflitos entre adversários, mas não admite a lógica antagonística da aniquilação e exclusão do inimigo. DDdefende uma ordem social dividida entre bom e mau e que transforma o antagonismo em agonismo. EEsustenta uma ordem social antagonística fundada na divisão da sociedade entre lados opostos que devem ser entendidos como inimigos. 30 Questão 48 (Fuvest) Uma mancha de petróleo com mais de 3000 km de extensão se espalhou por praias e manguezais da costa da região nordeste e parte do sudeste, atingindo áreas marinhas protegidas como o Parque Nacional Marinho de Abrolhos, um dos principais bancos de corais e berço de biodiversidade do Atlântico Sul. Desde que foi detectada pela primeira vez, no dia 30 de agosto de 2019, a mancha de petróleo atingiu cerca de 900 locais em mais de 127 municípios em 11 estados. A origem do petróleo está estimada em algum local a leste do litoral do estado de Pernambuco, distante, aproximadamente, 600 km da linha de costa. Disponível em https://www.wwf.org.br/. 2019. Adaptado. Com base em seus conhecimentos sobre o litoral brasileiro e as correntes marítimas superficiais que margeiam a costa, assinale a alternativa correta que aponta o fator que contribuiu para a dispersão do petróleo. AAAs reentrâncias e os recortes do litoral brasileiro, com sua geomorfologia costeira, foram responsáveis pelo impacto ambiental causado pelo derramamento de petróleo. BBA presença de correntes marítimas frias em superfície, características dessa região, com elevado potencial de transporte de sedimentos, acentuou a dispersão do petróleo. CCA corrente marítima das Falkland (Malvinas), que margeia a costa brasileira até o litoral da região nordeste, com águas frias em superfície, potencializou a dispersão do petróleo. DDA reduzida profundidade média do litoral brasileiro favoreceu a dispersão do petróleo ao longo da costa de norte a sul, resultando em impactos negativos, em especial para a fauna marinha. EEA corrente marítima do Brasil, que é caracterizada pelo movimento de águas superficiais quentes ao longo da linha de costa e provenientes do Atlântico Equatorial, espalhou o petróleo. Questão 49 (Enem PPL) O processo formativo do Estado desenrolou-se segundo a dinâmica de dois movimentos contraditórios e simultâneos: fragmentação e centralização. De um lado, fragmentação na medida em que os príncipes europeus tiveram de lutar contra o poder universalista do papa; e centralizador na medida em que os príncipes tiveram que lutar contra o poder político e militar de outros chefes políticos rivais. Desse processo resultaram as características fundamentais do Estado moderno: exército e burocracia civil permanentes, padronização tributária, direito codificado e mercado unificado. GONÇALVES, W. Relações internacionais. Rio de Janeiro: Zahar, 2008 (adaptado). A institucionalização política mencionada teve como uma de suas causas o êxito de alguns príncipes em AAmonopolizar o uso legítimo da força. BBreforçar a hegemonia social do clero. CCrestringir a influência cultural da nobreza. DDrespeitar a diversidade das vivências locais. EEconter a autoridade das lideranças carismáticas. Questão 50 (Enem PPL) Para Rawls, a estrutura básica mais justa de uma sociedade é aquela que alguém escolheria se não soubesse qual viria a ser seu papel particular no sistema de cooperação daquela sociedade. LOVETT, F. Uma teoria da justiça, de John Rawls. Porto Alegre: Penso, 2013. A teoria da justiça proposta pelo autor, conforme exposto no texto, pressupõe assumir uma posição hipotética chamada de AAreino de Deus. BBmundo da utopia. CCvéu da ignorância. DDestado de natureza. EEcálculo da felicidade. 31 Questão 51 (Enem PPL) Tão bem há muito pau-brasil nestas Capitanias de que