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Luís Cláudio Mendonça Figueiredo fez a graduação em psicologia na Universidade Federal do Rio de 
Janeiro, Universidade católica de Chile e PUC-SP; obteve os títulos de Mestre, Doutor e Livre-Docente em 
psicologia pela Universidade de São Paulo; lecionou na Universidade Federal da Paraíba, na UFRJ e na 
PUC-RJ. Atualmente leciona na PUC-SP. Tem trabalhos publicados nas áreas da filosofia, ciências sociais, 
da psicologia e psicanálise. Pedro Luiz Ribeiro de Santi formou-se em psicologia pela PUC-SP; fez o curso 
de especialização em Fundamentos filosóficos da psicologia e da psicanálise pela Unicamp e obteve o 
título d Mestre em filosofia pela USP. Atualmente faz doutorado em psicologia clínica na PUC-SP, é 
professor; tem trabalhos publicados na áreas da historia da psicologia e da psicanálise. Segundo os 
autores, no primeiro capitulo o objetivo é apresentar resumidamente uma visão panorâmica e critica da 
psicologia contemporânea. A psicologia está ai com suas pretensões de autonomia e, é importante 
ressaltar as origens dessa disciplina. O capitulo dois traz as precondições socioculturais para o 
aparecimento da psicologia como ciência no século XIX, uma dessas precondições é a subjetividade 
privatizada, a necessidade que todos temos deque as demais pessoas não tenham acesso as nossas 
experiências, e está relacionada ao desejo de liberdade e responsabilidade de suas decisões. 
 
O texto prossegue observando que independentemente de um conceito de autoridade acima dele, o 
homem escolhe seus caminhos e arca com as consequências de suas opções, nesse contexto havendo 
cada vez mais a valorização do homem , que, no renascimento, era considerado o centro do mundo. Os 
autores encerram o capitulo falando que a subjetividade privatizada é uma precondição para que se 
formulem projetos de psicologia cientifica identificando as diversidades de sociedades e culturas. A 
experiência da ilusão é um dos principais objetivos da psicologia como ciência a serviço das disciplinas. 
No capitulo três fica evidente que para compreender o começo da psicologia cientifica é necessário 
reconhecer a força e a profundidade dos fatores subjetivos para controlá-los, pois é assim que o homem 
torna-se um possível objeto da ciência .Os projetos de psicologia como ciência independente é o assunto 
principal do capitulo quatro, o objeto da psicologia para Wundt é a experiência imediata dos sujeitos, 
embora ele não esteja primordialmente interessado nas diferenças individuais entre esses sujeitos. 
Wundt utiliza o método experimental, a analise dos fenômenos naturais a psicologia social e fisiológica. 
O projeto de Titchener, um dos mais famosos alunos de Wundt, redefine o objeto da psicologia como 
sendo a experiência dependente de um sujeito- sendo este concebido como um puro organismo e, em 
última analise, como um sistema nervoso-, e não mais experiência imediata, logo , a mente perde a sua 
autonomia. A psicologia funcional, segundo o texto, definia a psicologia como uma ciência biológica 
interessada em estudar os processos, operações e atos psíquicos como forma de interação adaptativa. 
Para os psicólogos funcionalistas, o objeto da psicologia são os processos e operações mentais eo estudo 
desses processos exige uma diversidade de métodos. No comportamentalismo, projeto elaborado por J. 
B. Watson, o objeto já não é a mente, o objeto é o próprio comportamento e suas interações como 
ambiente. O método deve ser o de qualquer ciência: observação e experimentação, mas sempre 
envolvendo comportamentos publicamente observáveis e evitando a auto-observação. 
 
Projetos de psicologia e condições de produção estava relacionado as condições socioculturais que 
incentivaram o seu aparecimento e sua maior finalidade era o estudo do comportamento independente 
do que o sujeito pensa, crê, sente ou deseja, contribuindo para que as ilusões de liberdade vivam num 
mundo em que há cada vez menos liberdade. A psicologia da Gestalt descobriu que todos os fenômenos 
de percepção, da memória, da solução de problemas, da afetividade eram vividos pelo sujeito sob a 
forma de relações entre partes que faziam com que a forma resultante fosse mais que a mera soma das 
suas partes. O behaviorismo radical de Skinner, embora se trate de um comportamentalismo, se afasta 
imensamente do de Watson quando não rejeita a experiência imediata, mas trata de entender sua 
gênese e sua natureza, devemos investigar em que condições a vida subjetiva privatizada se desenvolve, 
a resposta do autor remete as relações sociais. Piaget e Freud fazem o caminho do ser biológico ao ser 
moral. A psicologia cognitivista de Piaget e a psicanálise de Freud têm a sua união na perspectiva de 
estudar a gênese do sujeito levando em consideração sua experiência imediata, mas não restringindo a 
essa experiência na busca de compreensões e explicações mais profundas. No capitulo cinco os autores 
trazem a psicologia como profissão e como cultura. Enquanto a profissão , esteve inicialmente ligada aos 
problemas de educação e trabalho, atualmente está nas clinicas, nas escolas, nas organizações 
empresariais. Enquanto cultura, é cada vez mais freqüente que as teorias psicológicas se popularizem e 
sejam assimiladas pelo linguajar popular. A leitura deste trabalho certamente trará esclarecimento ao 
leitor que está adaptando-se ao curso de psicologia, fazendo-o entender o que a psicologia é, como se 
firmou , qual o seu objetivo e objeto de estudo, além de trazer de forma resumida e objetiva os olhares 
das diferentes teorias psicológicas. Ressalto usando as palavras dos autores, que , a psicologia estuda o 
homem enquanto um ser que se comporta, tem percepção, consciência e inconsciência, mas a mesma 
não tem apenas o homem, único e individualizado como centro de todas as coisas. 
 
 
RESENHA: PSICOLOGIA UMA NOVA INTRODUÇÃO – LUIZ FIGUEIREDO E PEDRO SANTI 
Psicologia: Uma (nova) introdução é um livro escrito por Luiz Claudio M. Figueiredo e Pedro Luiz Ribeiro 
de Santi, publicado pela primeira vez em 1991, pela Educ – Editora da PUC-SP. A obra traz uma visão 
histórica da psicologia como ciência, desde os primórdios e os projetos até os dias atuais, com sua 
atuação profissional e visão cultural. 
Os autores descrevem o caminho percorrido para a psicologia se tornar uma ciência independente, 
trazendo uma visão panorâmica e crítica. Segundo o livro, a psicologia ganhou um território próprio 
somente a partir de meados do século XIX, se destacando no ensino e na pesquisa e com a existência do 
psicólogo. 
Para acontecer o surgimento da psicologia, os autores comentam que existiram algumas precondições 
culturais, como a experiência da subjetividade privatizada, na qual o homem sente que suas sensações 
são próprias, originais, incomunicáveis. Com as crises sociais e a quebra de tradições culturais, o homem 
perde seus referenciais e descobre que é responsável pelas suas próprias decisões e passa a crer na 
liberdade. 
Com o desenvolvimento da modernidade e sua crise, percebeu-se que o homem não é tão livre e tão 
diferente de outras pessoas como imaginava, ajudando a formular e entender o que está por trás das 
experiências. A psicologia surgiu, então, para compreender o comportamento humano, os projetos de 
previsão e controle científico. 
Os conhecimentos da Filosofia e dos pesquisadores da época ajudaram na visão da psicologia como uma 
ciência. Ao mesmo tempo em que o cientista se via na condição de dominar a natureza, criou-se a 
crença da objetividade, para a obtenção de um conhecimento verdadeiro e o entendimento e 
dominação da subjetividade. 
A obra cita alguns projetos de psicologia como ciência independente, como o Projeto de Wundt, o 
projeto de Titchener, a psicologia funcional, o comportamentalismo, a psicologia da Gestalt, o 
behaviorismo radical de Skinner, a psicologia cognitivista de Piaget e a psicanálise freudiana. 
Projeto de Wundt – o alemão Wundt foi um dospioneiros na formulação de um projeto de psicologia 
como ciência e estudando a experiência imediata, não se limitando a experiência subjetiva, mas usando 
métodos experimentais e analisando os fenômenos culturais. 
Projeto de Titchener – a psicologia deixa de ser independente e se aproxima das ciências naturais, 
através da observação e experimentação. Além da existência da mente, estuda-se também o corpo 
(processos psicofisiológicos). 
Psicologia Funcional – a psicologia é vista como uma ciência biológica interessada em estudar os 
processos, operações e atos psíquicos como formas de interação adaptativa (instrumentos de adaptação 
e comportamentos adaptados). 
Comportamentalismo – a psicologia estuda o comportamento e suas interações com o ambiente, 
deixando um pouco de lado a auto-observação. Há a preocupação com o controle do comportamento 
para a obtenção de uma sociedade administrativa e estritamente funcional. 
Gestalt – psicologia da estrutura, da totalidade ou da forma, a Gestalt analisam os fenômenos da 
percepção e da memória relacionado à forma de estruturas. Entre as características dos projetos 
gestaltistas estão o reconhecimento da experiência imediata e a relação entre experiência com a 
natureza física-biológica e valores socioculturais. 
Behaviorismo radical de Skinner – o projeto skinneriano reconhece a experiência imediata a partir de um 
ponto de vista social, entendendo sua gênese e natureza e aceitando a importância das relações sociais. 
Psicologia cognitivista de Piaget – estuda o desenvolvimento das funções cognitivas e da moralidade, 
através da observação do comportamento da criança e como essas experiências vão transformando sua 
forma de ver o mundo. 
Psicanálise freudiana – Freud se dedica a clínica psicanalítica. O psicanalista estuda o inconsciente e 
descobre com os pacientes o significado de suas palavras, pensamentos e sonhos, encontrando uma 
relação com os seus sintomas. 
Quando se trata da psicologia vista como profissão, os autores falam desde a sua atuação em empresas 
para selecionar funcionários, no sistema educacional, na clínica. “O psicólogo aparece para muita gente 
como uma espécie de adivinho e de bruxo, que descobre rapidamente quem somos e produz mudanças 
mágicas no nosso jeito de ser”, afirmam. 
O livro também fala como a psicologia é aplicada na cultura, no entanto os autores criticam que muitas 
vezes ela ajuda a disseminar mitos, como a ilusão da liberdade e da singularidade, e as tão divulgadas 
terapias de autoajuda.