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Geografia_TSMG_V1_2016-193-194

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Trata-se de uma questão delicada, pois envolve interesses geopolíticos e econômi-
cos, particularmente de grandes potências, como Estados Unidos, japão, rússia, entre 
outras, que já exploram recursos minerais nos fundos oceânicos, sobretudo nas dorsais.
Atualmente, um país precisa realizar pesquisas e mostrar o interesse em explorar 
recursos, como manganês, cobre, ouro, além de terras raras, e entrar com pedido 
junto à Autoridade Internacional de Fundos Marinhos (Isba), um órgão ligado à 
OnU. A partir disso, o país tem um período, por exemplo, de 15 anos para fazer a 
exploração. Em 2014, o Brasil conseguiu autorização para explorar minérios numa 
área distante cerca de 1.500 km da costa do estado do rio de janeiro, no Atlântico, 
numa região conhecida como Elevação do rio Grande.
• limites da soberania brasileira sobre o território oceânico
O mar territorial brasileiro compreende uma faixa de 12 milhas náuticas (pouco 
mais de 22 quilômetros) de largura, a partir do litoral continental e insular. O Brasil 
tem soberania sobre essa faixa oceânica e o espaço aéreo correspondente, que são 
acrescidos ao território continental. Veja a figura 22.
A zona contígua brasileira abrange uma faixa de mais 12 milhas (pouco mais de 
22 quilômetros) a partir do limite do mar territorial. nela o país pode fiscalizar navios 
e reprimir infrações cometidas, de acordo com as leis brasileiras. 
A zona econômica exclusiva brasileira compreende uma faixa que se estende até 
200 milhas náuticas (cerca de 370 quilômetros), a partir do litoral, em que o Brasil 
exerce soberania para fins de exploração e aproveitamento, conservação e gestão 
dos recursos naturais, das águas do mar e do subsolo, para fins econômicos e de 
investigação científica.
Figura 22. Plataforma continental brasileira
Águas
interiores
Mar
territorial
12 milhas
náuticas
12 milhas
náuticas
Zona econômica exclusiva
200 milhas náuticas
Atual reivindicação brasileira
(+ 150 milhas náuticas)
Zona 
contígua
Mar territorial
(12 milhas náuticas)
Zona contígua
(12 milhas náuticas)
Reivindicação brasileira
(+ 150 milhas náuticas)
Zona econômica exclusiva
(200 milhas náuticas)
Recursos
marinhos
Recursos
minerais
Fonte: elaborado com base em Marinha do Brasil. Disponível em: <www.mar.mil.br›. Acesso em: jul. 2015.
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O Brasil reivindica a extensão de 150 milhas náuticas (277,8 quilômetros) de sua 
plataforma continental, além das 200 milhas náuticas (cerca de 370 quilômetros), 
tendo solicitado isso formalmente à CnUDm, em 2004. Para tanto, precisa apresentar 
estudos criteriosos sobre essa região, inclusive sobre a capacidade de conservação 
da biodiversidade. se aprovada a ampliação, seriam adicionados 960 mil km² à área 
de 3,5 milhões de km² a que o país tem direito.
A região da plataforma continental brasileira é chamada pela marinha do Brasil 
de “Amazônia azul”, numa alusão à Amazônia verde, não só pelo potencial em 
192 Unidade 4 | Água: uso e problemas
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termos de recursos naturais e pela grande biodiversidade que abriga, mas tam-
bém pela necessidade de conservação. Vários países, como China, japão, Coreia 
do sul, França, Estados Unidos e Índia, exploram diversos recursos minerais em 
sua plataforma continental, como terras raras, zinco, matéria-prima para insumos 
agrícolas (fosforitas), sais de potássio, carbonatos, manganês, cobre, cobalto. 
O Brasil precisa desenvolver tecnologia para explorar esses recursos, intensifi-
cando as pesquisas que vêm sendo feitas. O sucesso na exploração de petróleo em 
águas profundas, que coloca hoje o Brasil na vanguarda desse tipo de tecnologia, é 
uma prova de que se pode atingir também uma excelência em termos tecnológicos 
na mineração submarina.
Questão das ÁGuas Continentais
Cerca de 1/3 das fronteiras entre os países do mundo é delimitado por rios ou 
lagos, e 2/3 dos rios mais extensos do mundo têm suas águas partilhadas por diver-
sos países. Obras hidráulicas ou atividades poluentes à montante de um rio podem 
prejudicar o fluxo de água no país vizinho, que utiliza as águas à jusante. 
no início do século xxI, o problema da seca em numerosas e extensas áreas da 
Terra tornou-se tão grave que os países começam a reavaliar o verdadeiro valor da 
água e sua importância estratégica para o desenvolvimento econômico e a sobrevi-
vência da humanidade.
Provavelmente, a água potável será o recurso natural mais disputado do planeta 
neste século. sua escassez em um grande número de países, principalmente na 
África, na Ásia e especialmente no Oriente médio, será a principal causa de guerras. 
Essa é a conclusão de diversos órgãos internacionais, como o Centro de Estudos 
Estratégicos Internacionais e o Banco mundial.
nas últimas décadas, a África do norte e o Oriente médio foram as duas regiões 
do mundo que registraram o maior crescimento de importação de cereais, devido 
principalmente à escassez de água. Além da precariedade dos recursos hídricos, os 
países dessas regiões possuem crescimento populacional acelerado. Os mais ricos –
grandes exportadores de petróleo – utilizam-se de técnicas modernas e caras para 
obter água: perfuram poços extremamente profundos para atingir as águas subterrâ-
neas ou dessalinizam as águas marinhas. já nos países mais pobres, as populações 
percorrem muitos quilômetros para obter água, que nem sempre é de boa qualidade.
no Oriente médio, a principal rede hidrográfica é formada pelos rios Eufrates e 
Tigre, que nascem na Turquia e percorrem todo o Iraque e parte da síria. na Tur-
quia, a construção da Represa de Atatürk e o desvio das águas para irrigação de 
áreas agrícolas, que fazem parte do Projeto Grande Anatólia, diminuíram o volume 
dos dois rios, prejudicando os outros países alcançados por suas águas (figura 23).
Montante
Trecho de um rio situado acima 
de um determinado ponto, mais 
próximo de sua nascente.
Jusante
Trecho de um rio situado abaixo 
de um determinado ponto, mais 
próximo de sua foz.
leituRa
O manifesto da água – 
Argumentos para um 
contrato mundial
De Riccardo Petrella. 
Vozes, 2002.
O livro faz uma crítica ao 
sistema atual em que 
a água é tratada como 
mercadoria e não como 
um recurso natural, 
comunitário e um direito 
fundamental de todo ser 
humano.
Figura 23. represa de Atatürk 
(Turquia), parte do Projeto 
Grande Anatólia, 2011.
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193Capítulo 10 – hidrosfera: características, gestão e confl itos
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