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Trata-se de uma questão delicada, pois envolve interesses geopolíticos e econômi- cos, particularmente de grandes potências, como Estados Unidos, japão, rússia, entre outras, que já exploram recursos minerais nos fundos oceânicos, sobretudo nas dorsais. Atualmente, um país precisa realizar pesquisas e mostrar o interesse em explorar recursos, como manganês, cobre, ouro, além de terras raras, e entrar com pedido junto à Autoridade Internacional de Fundos Marinhos (Isba), um órgão ligado à OnU. A partir disso, o país tem um período, por exemplo, de 15 anos para fazer a exploração. Em 2014, o Brasil conseguiu autorização para explorar minérios numa área distante cerca de 1.500 km da costa do estado do rio de janeiro, no Atlântico, numa região conhecida como Elevação do rio Grande. • limites da soberania brasileira sobre o território oceânico O mar territorial brasileiro compreende uma faixa de 12 milhas náuticas (pouco mais de 22 quilômetros) de largura, a partir do litoral continental e insular. O Brasil tem soberania sobre essa faixa oceânica e o espaço aéreo correspondente, que são acrescidos ao território continental. Veja a figura 22. A zona contígua brasileira abrange uma faixa de mais 12 milhas (pouco mais de 22 quilômetros) a partir do limite do mar territorial. nela o país pode fiscalizar navios e reprimir infrações cometidas, de acordo com as leis brasileiras. A zona econômica exclusiva brasileira compreende uma faixa que se estende até 200 milhas náuticas (cerca de 370 quilômetros), a partir do litoral, em que o Brasil exerce soberania para fins de exploração e aproveitamento, conservação e gestão dos recursos naturais, das águas do mar e do subsolo, para fins econômicos e de investigação científica. Figura 22. Plataforma continental brasileira Águas interiores Mar territorial 12 milhas náuticas 12 milhas náuticas Zona econômica exclusiva 200 milhas náuticas Atual reivindicação brasileira (+ 150 milhas náuticas) Zona contígua Mar territorial (12 milhas náuticas) Zona contígua (12 milhas náuticas) Reivindicação brasileira (+ 150 milhas náuticas) Zona econômica exclusiva (200 milhas náuticas) Recursos marinhos Recursos minerais Fonte: elaborado com base em Marinha do Brasil. Disponível em: <www.mar.mil.br›. Acesso em: jul. 2015. w A LT E r C A L D E Ir A O Brasil reivindica a extensão de 150 milhas náuticas (277,8 quilômetros) de sua plataforma continental, além das 200 milhas náuticas (cerca de 370 quilômetros), tendo solicitado isso formalmente à CnUDm, em 2004. Para tanto, precisa apresentar estudos criteriosos sobre essa região, inclusive sobre a capacidade de conservação da biodiversidade. se aprovada a ampliação, seriam adicionados 960 mil km² à área de 3,5 milhões de km² a que o país tem direito. A região da plataforma continental brasileira é chamada pela marinha do Brasil de “Amazônia azul”, numa alusão à Amazônia verde, não só pelo potencial em 192 Unidade 4 | Água: uso e problemas TS_V1_U4_CAP10_172-196.indd 192 5/7/16 1:28 PM termos de recursos naturais e pela grande biodiversidade que abriga, mas tam- bém pela necessidade de conservação. Vários países, como China, japão, Coreia do sul, França, Estados Unidos e Índia, exploram diversos recursos minerais em sua plataforma continental, como terras raras, zinco, matéria-prima para insumos agrícolas (fosforitas), sais de potássio, carbonatos, manganês, cobre, cobalto. O Brasil precisa desenvolver tecnologia para explorar esses recursos, intensifi- cando as pesquisas que vêm sendo feitas. O sucesso na exploração de petróleo em águas profundas, que coloca hoje o Brasil na vanguarda desse tipo de tecnologia, é uma prova de que se pode atingir também uma excelência em termos tecnológicos na mineração submarina. Questão das ÁGuas Continentais Cerca de 1/3 das fronteiras entre os países do mundo é delimitado por rios ou lagos, e 2/3 dos rios mais extensos do mundo têm suas águas partilhadas por diver- sos países. Obras hidráulicas ou atividades poluentes à montante de um rio podem prejudicar o fluxo de água no país vizinho, que utiliza as águas à jusante. no início do século xxI, o problema da seca em numerosas e extensas áreas da Terra tornou-se tão grave que os países começam a reavaliar o verdadeiro valor da água e sua importância estratégica para o desenvolvimento econômico e a sobrevi- vência da humanidade. Provavelmente, a água potável será o recurso natural mais disputado do planeta neste século. sua escassez em um grande número de países, principalmente na África, na Ásia e especialmente no Oriente médio, será a principal causa de guerras. Essa é a conclusão de diversos órgãos internacionais, como o Centro de Estudos Estratégicos Internacionais e o Banco mundial. nas últimas décadas, a África do norte e o Oriente médio foram as duas regiões do mundo que registraram o maior crescimento de importação de cereais, devido principalmente à escassez de água. Além da precariedade dos recursos hídricos, os países dessas regiões possuem crescimento populacional acelerado. Os mais ricos – grandes exportadores de petróleo – utilizam-se de técnicas modernas e caras para obter água: perfuram poços extremamente profundos para atingir as águas subterrâ- neas ou dessalinizam as águas marinhas. já nos países mais pobres, as populações percorrem muitos quilômetros para obter água, que nem sempre é de boa qualidade. no Oriente médio, a principal rede hidrográfica é formada pelos rios Eufrates e Tigre, que nascem na Turquia e percorrem todo o Iraque e parte da síria. na Tur- quia, a construção da Represa de Atatürk e o desvio das águas para irrigação de áreas agrícolas, que fazem parte do Projeto Grande Anatólia, diminuíram o volume dos dois rios, prejudicando os outros países alcançados por suas águas (figura 23). Montante Trecho de um rio situado acima de um determinado ponto, mais próximo de sua nascente. Jusante Trecho de um rio situado abaixo de um determinado ponto, mais próximo de sua foz. leituRa O manifesto da água – Argumentos para um contrato mundial De Riccardo Petrella. Vozes, 2002. O livro faz uma crítica ao sistema atual em que a água é tratada como mercadoria e não como um recurso natural, comunitário e um direito fundamental de todo ser humano. Figura 23. represa de Atatürk (Turquia), parte do Projeto Grande Anatólia, 2011. B E n jA m In L A r D E r E T /D E m O T Ix /C O r B Is /F O T O A r E n A 193Capítulo 10 – hidrosfera: características, gestão e confl itos TS_V1_U4_CAP10_172-196.indd 193 5/7/16 1:28 PM