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Os rios voadores “Há dezenas de anos já se sabia da influência da Floresta Amazônica sobre o clima da Terra e da Amé- rica do Sul. Para os cientistas, sempre foi claro que a imensa quantidade de vapor-d'água liberada pelas folhas das incontáveis plantas da região tinha algum efeito sobre o teor da umidade da atmosfera do pla- neta. O mesmo acontecia com a incorporação de dió- xido de carbono (CO 2 ), pelo processo de fotossíntese (respiração das plantas). Era impossível calcular os efeitos da circulação desses imensos volumes de água, oxigênio e carbono por meio do solo, da água e do ar. Nos últimos 30 anos a ciência que estuda o clima, a climatologia, acumulou dados resultantes de obser- vações locais, fotos de satélites e desenvolveu diversos programas em supercomputadores, permitindo simular situações climáticas cada vez mais complexas. Even- tos antes incompreendidos e outros nem percebidos podiam agora ser previstos e estudados. Um desses fenômenos é o que os cientistas batizaram de ‘rios voadores’. Trata-se do deslocamento do vapor-d'água evaporado pela Floresta Amazônica, que se desloca a grandes alturas em direção a outras partes do conti- nente. O conceito é bastante simples, mas tem muitas consequências, algumas até agora desconhecidas. O explorador ambiental Gérard Moss (1955-) estuda o fenômeno desde 2007, por meio de viagens realizadas com seu avião, especialmente preparado para esse fim. Moss, em uma entrevista à revista Saneamento Ambiental, descreve o fenômeno: ‘Existe uma forte recirculação de água entre a superfície e a atmosfera que é causada pela transpiração de plantas que compõem a floresta. Do total de chuva que cai acima de uma floresta densa, 25% da água é retida nas folhas, 50% são transpirados pelas árvores e apenas 25% escoam pelos igarapés. Isso significa que 75% das águas da chuva voltam para a atmosfera’. Segundo Moss, o processo começa quando ventos trazem nuvens do Oceano Atlântico, que se transformam em chuva. Essa cai sobre a floresta e evapora novamente, incorporando-se aos ventos que avançam sobre a planície amazônica até os contrafortes dos Andes. Como as correntes de ar não conseguem avançar sobre a barreira de montanhas, mudam de direção e se dirigem para o Sul e Sudeste do Brasil. [...] O volume de água se deslocando por milhares de quilômetros é muito grande. Moss acompanhou uma massa de ar se deslocando durante oito dias, verifi- cando que a vazão chegava a 3.200 m3 por segundo. Comparativamente a vazão do Rio São Francisco é de 2.800 m3 por segundo. Ficou assim definitivamente provada a influência da Floresta Amazônica sobre o regime de chuvas – leia-se agricultura, geração de eletricidade, abastecimento de água, entre outros – em todo o Sudeste e Sul do Brasil. Agora, junte-se a essa equação os desmatamentos, reduzindo a área da floresta geradora dos ‘rios voadores’.” ROSE, Ricardo Ernesto. Como está a questão ambiental? Rio de Janeiro: Ciência Moderna, 2011. p. 148-149. 1. Qual é a relação entre a Floresta Amazônica e as regiões Sul e Sudeste? 2. Com base nas informações do texto, identifique as etapas da formação e de deslocamento dos chamados "rios voadores" numeradas de 1 a 4 no esquema ao lado. D A C O s t A M A p A s rios voadores OCEANO ATLÂNTICO OCEANO ATLÂNTICO N 0 840 km 1 2 3 4 4 Fonte: rios voadores. Disponível em: <http://riosvoadores.com.br>. Acesso em: dez. 2015. O esquema não apresenta convenções cartográficas. 170 unidade 3 | Clima e formações vegetais TS_V1_U3_CAP9_153-171.indd 170 5/7/16 1:17 PM 1. Observe a imagem, o climograma e responda às questões. J F M A M J J A S O N D 400 300 200 100 0 20 30 40 0 10 Pluviosidade (mm) Temperatura (¡C) Fonte: MENDONÇA, F.; DANNI-OLIVEIrA, I. M. Climatologia: noções básicas e climas do Brasil. São Paulo: Oficina de Textos, 2011. p. 175. a) Identifique o clima e o bioma representados. b) Escreva sobre a situação de preservação desse bioma. c) Descreva as características que as formações arbustivas possuem para se adaptar às condições climáticas dessa região natural. 2. Leia o texto e responda às questões. Fazendas alojavam trabalhadores junto com porcos no Piau’ “Ao menos 20 trabalhadores, entre eles 4 adolescen- tes, foram encontrados em alojamentos junto a porcos no município de Luís Correia, no litoral do Piauí. Eles atuavam na extração da palha da carnaúba, cuja cera é usada como matéria-prima pelas indústrias cosmética e de eletroeletrônicos. Entre 12 propriedades rurais inspecionadas, 11 tive- ram irregularidades apontadas. Trabalhadores eram mantidos em situação análoga à escravidão, segundo a Procuradoria do Trabalho. Foram encontrados trabalhadores sem alojamento adequado, sem carteira assinada, sem equipamentos de proteção individual e sem condições mínimas de higiene, saúde e segurança [...].” FILHO, Venceslau B. Fazendas alojavam trabalhadores junto com porcos no Piauí. Folha de S.Paulo, São Paulo, 29 jul. 2015. a) Em qual formação florestal do Brasil foram regis- tradas as ocorrências reveladas pelo artigo e quais as suas espécies dominantes? b) Por que esse tipo de vegetação é chamado de Mata de Transição? 3. Consulte os mapas climático e de vegetação original na página 156 e responda às questões. a) Identifique e caracterize o tipo climático do estado em que você vive. b) Qual é a formação vegetal original do estado onde você vive? Qual a situação em relação à sua preservação? O trabalho em situação análoga à escravidão será tratado no Capítulo 7 do Volume 3 desta coleção. Faça no caderno • (Enem 2005) Em um estudo feito pelo Instituto Florestal, foi possível acompanhar a evolução de ecossistemas paulistas desde 1962. Desse estudo publicou-se o Inventário Florestal de São Paulo, que mostrou resultados de décadas de transformações da Mata Atlântica. 1962-1963 72,6 43,9 33,3 34,6 1971-1973 1990-1992 2000-2001 B is área de vegetação natural (em mil km2) Fonte: “Pesquisa”. 91, São Paulo: FAPESP, set/2003, p. 48. Examinando o gráfico da área de vegetação natural remanescente (em mil km2) pode-se inferir que a) a Mata Atlântica teve sua área devastada em 50% entre 1963 e 1973. b) a vegetação natural da Mata Atlântica aumentou antes da década de 60, mas reduziu nas décadas posteriores. c) a devastação da Mata Atlântica remanescente vem sendo contida desde a década de 60. d) em 2000-2001, a área de Mata Atlântica preser- vada em relação ao período de 1990-1992 foi de 34,6%. e) a área preservada da Mata Atlântica nos anos 2000 e 2001 é maior do que a registrada no período de 1990-1992. s O N iA v A z R O G É R iO R E is /p u L s A R i M A G E N s 171Capítulo 9 – dinâmica climática e formações vegetais no Brasil TS_V1_U3_CAP9_153-171.indd 171 5/7/16 1:17 PM