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ESTRATÉGIA VESTIBULARES – A MATÉRIA E SUAS TRANSFORMAÇÕES AULA 00 – A MATÉRIA E SUAS TRANSFORMAÇÕES 1 FUVEST Prof. Guilherme Alves Aula 00 - A Matéria e Suas Transformações Domine os principais conceitos químicos iniciais, dentro de uma visão macroscópica, e aprenda a ler e a interpretar tipos diferentes de informações, como gráficos e tabelas. vestibulares.estrategia.com EXTENSIVO 2024 Exasi u ESTRATÉGIA VESTIBULARES – A MATÉRIA E SUAS TRANSFORMAÇÕES AULA 00 – A MATÉRIA E SUAS TRANSFORMAÇÕES 2 SUMÁRIO APRESENTAÇÃO GERAL 4 SOBRE ESTE MATERIAL 5 APRESENTAÇÃO PESSOAL 5 METODOLOGIA 5 SOBRE A PROVA DO ENEM 6 Distribuição da prova de Química 7 Distribuição da prova de Química na área de Físico-Química 7 Distribuição da prova de Química na área de Química Geral 8 Distribuição da prova de Química na área de Química Orgânica 9 Distribuição da prova de Química nas demais áreas 10 CRONOGRAMA DE AULAS 12 INTRODUÇÃO – A QUÍMICA 13 1. CONCEITOS FUNDAMENTAIS 16 MATÉRIA 16 ENERGIA 19 TRANSFORMAÇÕES 21 2. PROPRIEDADES DA MATÉRIA 23 PROPRIEDADES GERAIS 23 PROPRIEDADES FUNCIONAIS 25 PROPRIEDADES ESPECÍFICAS 26 Organolépticas 26 Químicas 26 Físicas 26 3. UNIDADES DE MEDIDA 28 MASSA 30 TEMPERATURA 31 PRESSÃO 31 VOLUME 32 DENSIDADE 33 Densidade e Flutuação 35 Fatores que afetam a densidade 35 ESTRATÉGIA VESTIBULARES – A MATÉRIA E SUAS TRANSFORMAÇÕES AULA 00 – A MATÉRIA E SUAS TRANSFORMAÇÕES 3 4. CLASSIFICAÇÃO DA MATÉRIA 38 SISTEMA 39 SUBSTÂNCIAS PURAS 41 Classificação das substâncias puras 42 MISTURAS 44 5. OS ESTADOS FÍSICOS 51 SÓLIDO 52 LÍQUIDO 52 GASOSO 52 MUDANÇAS DE ESTADOS FÍSICOS 53 6. CURVAS DE AQUECIMENTO 55 7. SEPARAÇÃO DE MISTURAS 64 MISTURAS HETEROGÊNEAS 65 MISTURAS HOMOGÊNEAS 80 8. CONSIDERAÇÕES FINAIS 93 ESTRATÉGIA VESTIBULARES – A MATÉRIA E SUAS TRANSFORMAÇÕES AULA 00 – A MATÉRIA E SUAS TRANSFORMAÇÕES 4 APRESENTAÇÃO GERAL Você já venceu a primeira dificuldade para entender um pouco mais sobre química e dar um passo importante rumo à aprovação na universidade dos seus sonhos: pegou este livro! Muitas pessoas olhariam para a palavra Química no título e não pensariam duas vezes em largar o livro no chão, como se fosse uma barata asquerosa (eu odeio baratas. Me julgue! ). Eu já perdi a conta de quantas vezes, ao começar uma conversa com alguém, a pessoa me pergunta: “O que você faz?” “Sou professor”, eu respondia. “Mesmo?! E você dá aulas de quê?” Eu tento responder, transparecendo de maneira mais agradável possível: “Química”. E o que vejo, na maioria das vezes, é uma expressão quase que de terror/medo/pânico/pavor e, às vezes, asco/antipatia/ojeriza/repulsa, seguido por um: “Ah, eu nunca gostei de química. Eu acho muito difícil” ou “Você deve ser muito doido, por estudar e ensinar química” ou ainda “Falou, valeu. Tchau!”. Eu penso que esse sentimento é comum à maioria das pessoas porque a Química é ensinada de forma muito abstrata, muito “matemática” (é o que já ouvi uma vez), muito fora da realidade que vivemos. Mas, de uma forma ou de outra, todos nós fazemos Química. Somos Química. O tempo todo. Lembra quando você era criança (eu, pelo menos, em uma era distante, onde não existiam essas máquinas fantásticas e maravilhosas chamadas smartphones) e usava bicarbonato de sódio e vinagre para fazer um vulcãozinho, ou uma “bomba”, colocando esses ingredientes dentro do recipiente que vinha dentro de um Kinder Ovo? Isto é Química! Você cozinha, ou limpa, ou usa o removedor de esmalte para unhas? Tudo isso é Química. Meus professores de química do colégio eram pessoas protocolares, pra não dizer desinteressantes. Era meio desestimulante, sabe? Mas no cursinho, após eu me formar no ensino médio (oh, época! ) tive professores que me fisgaram! Eu me divertia, eu via como era fascinante aprender algo que antes era uma cruz a ser carregada. Foi aí que eu me percebi apaixonado por essa ciência e, adiante, descobri minha vocação: o Ensino. Química é, às vezes, chamada de “ciência central” (principalmente por nós, químicos hahaha) porque, para se ter um bom entendimento de biologia, ou geologia, ou até mesmo física, você tem que ter um bom entendimento de Química. Nosso mundo é química, e eu espero que você aproveite a descoberta da sua natureza química e que, assim como eu, se apaixone por ela. ESTRATÉGIA VESTIBULARES – A MATÉRIA E SUAS TRANSFORMAÇÕES AULA 00 – A MATÉRIA E SUAS TRANSFORMAÇÕES 5 Meu maior desejo, primeiramente, é que você alcance sua tão sonhada aprovação no vestibular dos seus sonhos e, simultaneamente, aprenda, de forma prazerosa, a ver a beleza que é essa ciência. SOBRE ESTE MATERIAL Meu objetivo neste material não é fazer de você um químico (se isso for um impulso eu ficarei imensamente feliz, claro!). Minha intenção é fornecer a você uma compreensão ampla sobre os tópicos da Química mais cobrados no seu vestibular, tendo o cuidado, claro, de te dar todos os pré-requisitos necessários para isso (e eu serei muito irritante nesse ponto, pois não abro mão de uma base bem construída). Não é pelo fato de você assistir às pessoas jogando basquete, por exemplo, independente da intensidade, que você vai se tornar uma estrela da NBA. Você precisa praticar e se dedicar. O mesmo acontece com a Química: Ela, de forma alguma, é um esporte para espectadores. Como você está se preparando para o vestibular, é preciso praticar, incansavelmente, a leitura, trabalhar os problemas e as questões, enfim, ser protagonista em seu aprendizado. Isso será muito trabalhoso e, às vezes, cansativo, não vou te enganar, mas o fim será doce e prazeroso. Confie em mim. APRESENTAÇÃO PESSOAL Antes de continuarmos, deixa eu me apresentar: meu nome é Guilherme Alves, Professor de Química do Estratégia Vestibulares. Sou Mestre, Licenciado e Bacharel em Química pela Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF) e ensino essa ciência MARAVILHOSA desde 2011, ano a partir do qual eu passei a me dedicar, de forma integral, a ensinar e a ajudar meus alunos na busca do melhor caminho rumo a um aprendizado consistente e prazeroso – algo que, a meu ver, não faz sentido acontecer de forma isolada. De lá para cá, tenho presenciado e participado de muitas histórias de lutas e superação dos meus alunos, e comemorado suas vitórias e conquistas, percebendo que um dos segredos desse sucesso (além de dedicação, constância no objetivo e disciplina) é ter acesso a um material de qualidade aliado a um equilíbrio emocional, que nunca deve ser desprezado. METODOLOGIA A metodologia aplicada na construção das aulas e do material consiste em: DESENVOLVIMENTO COMPLETO DOS CONTEÚDOS + QUESTÕES FUNDAMENTAIS (fixação de conceitos básicos) + LISTA COM QUESTÕES DE OUTROS VESTIBULARES + QUESTÕES ANTERIORES DAS PROVAS DO ENEM, TODAS RESOLVIDAS item a item para servir como padrão de resposta quando você for brincar com elas. ESTRATÉGIA VESTIBULARES – A MATÉRIA E SUAS TRANSFORMAÇÕES AULA 00 – A MATÉRIA E SUAS TRANSFORMAÇÕES 6 No Fórum de dúvidas, alguns procedimentos podem acelerar o tempo de resposta: 1. Sempre copie a questão por completo quando for tirar uma dúvida. Isso evita que o professor tenha que buscá-la na aula. Lembre-se que temos materiais personalizados por universidade e nem sempre encontrar uma questão é uma tarefa rápida; 2. Você pode anexar arquivos sempre que julgar necessário; 3. Nosso fórum ainda não conta com um sistema que dá sequência às mensagens enviadas previamente. Assim, ao fazer referência a uma pergunta feita há alguns dias, retome o assunto por completo. SOBRE A PROVA DO ENEM Para que o seu rendimento no vestibular do ENEM seja o melhor possível, apresento a você uma estatística dos temas mais cobrados nas provas de Químicadessa instituição, desde o ano 2000. Teoria completa em linguagem direta e clara (Caderno de Teoria) Exercícios resolvidos em cada tópico (Caderno de Teoria) QUESTÕES "Já caiu nos principais vestibulares" (Caderno de Questões) QUESTÕES "Já caiu NO SEU VESTIBULAR" (Caderno de Questões) Todas as questões resolvidas item a item Fórum de Dúvidas: Canal direto entre mim e você APROVAÇÃO! ESTRATÉGIA VESTIBULARES – A MATÉRIA E SUAS TRANSFORMAÇÕES AULA 00 – A MATÉRIA E SUAS TRANSFORMAÇÕES 7 Distribuição da prova de Química Distribuição dos temas das questões de Química nas provas do ENEM desde 2000 Distribuição da prova de Química na área de Físico-Química Temas mais cobrados em Físico-Química. ESTRATÉGIA VESTIBULARES – A MATÉRIA E SUAS TRANSFORMAÇÕES AULA 00 – A MATÉRIA E SUAS TRANSFORMAÇÕES 8 Sendo que, mais detalhadamente, temos a seguinte distribuição: Temas detalhados da Físico-Química. Distribuição da prova de Química na área de Química Geral Temas mais cobrados em Química Geral. ESTRATÉGIA VESTIBULARES – A MATÉRIA E SUAS TRANSFORMAÇÕES AULA 00 – A MATÉRIA E SUAS TRANSFORMAÇÕES 9 De forma mais detalhada, temos a seguinte distribuição: Temas detalhados da Química Geral. Distribuição da prova de Química na área de Química Orgânica Temas mais cobrados em Química Orgânica. ESTRATÉGIA VESTIBULARES – A MATÉRIA E SUAS TRANSFORMAÇÕES AULA 00 – A MATÉRIA E SUAS TRANSFORMAÇÕES 10 Detalhando um pouquinho mais, temos: Temas detalhados em Química Orgânica. Distribuição da prova de Química nas demais áreas Temas mais cobrados nas demais áreas. ESTRATÉGIA VESTIBULARES – A MATÉRIA E SUAS TRANSFORMAÇÕES AULA 00 – A MATÉRIA E SUAS TRANSFORMAÇÕES 11 Portanto, para que você já tenha noção do que é historicamente mais cobrado nas provas do ENEM, esquematizo e resumo, a seguir, com base nos dados que você acabou de ver, os principais assuntos das áreas da Química exploradas por este vestibular. Por fim, lembre-se: sou seu aliado nesta caminhada, estarei sempre à disposição e terei o maior prazer em te ajudar! Espero que você aproveite bastante nosso material. - Bora lá? - Então vamos juntos! “O homem não teria alcançado o possível se, repetidas vezes, não tivesse tentado o impossível.” Max Weber “Superar o fácil não tem mérito, é obrigação; vencer o difícil é glorificante.” Profª Lourdes Duarte Grande abraço! Professor Guilherme Alves Principais Temas Demais áreas Conversão de Energia Físico-Química Equilíbrios Química Geral Cálculos Estequiométricos Química Orgânica Propriedades Físicas dos Compostos orgânicos ESTRATÉGIA VESTIBULARES – A MATÉRIA E SUAS TRANSFORMAÇÕES AULA 00 – A MATÉRIA E SUAS TRANSFORMAÇÕES 12 CRONOGRAMA DE AULAS O cronograma das aulas de Química foi elaborado de uma forma que você possa mesclar os estudos da Química Geral, Físico-Química e Química Orgânica, de forma periódica. Dessa forma, evita-se um período longo de intervalos de estudos entre as áreas de Química. Inicialmente, destacam-se diversos assuntos da Química Geral, pois estes são fundamentos básicos para as diversas áreas. Basicamente, nosso curso está dividido nas seguintes aulas: Aula 00 – Substâncias e Misturas Aula 01 – Atomística Aula 02 – Teoria Atômico Molecular Aula 03 – Estequiometria Aula 04 – Tabela Periódica Aula 05 – Ligações Químicas Aula 06 – Propriedades Físicas dos Compostos Químicos (Geometria, Polaridade e Forças Intermoleculares) Aula 07 – Oxirredução (Nox, Reações e Métodos de Balanceamento) Aula 08 - Funções inorgânicas Aula 09 - Reações inorgânicas Aula 10 - Química Orgânica: Fundamentos Aula 11 – Funções Orgânicas Aula 12 – Soluções (parte 1) Aula 13 – Soluções (parte 2) Aula 14 - Propriedades Coligativas Aula 15 – Termoquímica Aula 16 - Cinética Química Aula 17 – Fundamentos do Equilíbrio Químico Aula 18 - Propriedades físicas dos Compostos Orgânicos Aula 19 - Isomerias Aula 20 - Equilíbrio Iônico Aula 21 - Reações Orgânicas (parte 1) Aula 22 - Gases Aula 23 - Eletroquímica Aula 24 – Reações Orgânicas (parte 2) Aula 25 – Polímeros e Biomoléculas Aula 26 – Química Nuclear Aula 27 – Química Ambiental Aula 28 – Aplicações Tecnológicas da Química Orgânica ESTRATÉGIA VESTIBULARES – A MATÉRIA E SUAS TRANSFORMAÇÕES AULA 00 – A MATÉRIA E SUAS TRANSFORMAÇÕES 13 INTRODUÇÃO – A QUÍMICA Entendo que, antes de iniciarmos o conteúdo propriamente dito, você precisa enxergar como a química ajudou na evolução da sociedade e como ela está presente em praticamente todo o nosso cotidiano. Por isso, boa parte deste primeiro capítulo será dedicado a essas noções iniciais, no intuito de tentar tornar a química mais palpável para você. Vamos lá?! Antes de iniciar a leitura desta aula, você talvez tenha dado uma espiadinha no WhatsApp, não foi? Pois é, naquele momento ocorreu uma reação química na bateria do seu smartphone, que liberou energia por meio da passagem de corrente elétrica pelo circuito do aparelho. Essa energia foi utilizada para acender o visor e processar os dados que você leu. Ocorreu, portanto, a transformação de energia química em energia elétrica. No final do dia, quando sua bateria já está quase totalmente descarregada, você pluga seu aparelho à rede elétrica por meio de um carregador e se inicia o caminho inverso da reação química, no qual se utiliza a energia elétrica para carregar a bateria, ou seja, produzir energia química. Pilhas e baterias são dispositivos muito presentes em nosso dia a dia, não é mesmo? Agora mesmo, enquanto digito, estou aqui de olho no nível de bateria do meu notebook. No exemplo acima, os iniciantes em química podem ter se deparado com vários conceitos ainda novos: reação química, liberação de energia, energia química e energia elétrica. Não se preocupe, você estará familiarizado com todos esses conceitos logo logo. Do atrito entre duas pedras chispam faíscas e, assim, o homem pode ter aprendido a produzir o fogo, que, até então, só ocorria de forma natural por meio de raios. A produção do fogo foi uma das maiores revoluções já realizadas, não pelo invento em si, mas por suas consequências para o homem. De início, podemos lembrar que o fogo iluminava as noites escuras e espantava os predadores. Além disso, o cozimento dos alimentos não só melhorava os sabores dos alimentos como também ajudava em sua preservação. Isto é, alimentos perecíveis, como carnes, passaram a durar por muito mais tempo sem que estragassem. Só essas vantagens já configurariam uma revolução produzida pelo uso do fogo controlado, já que estamos falando de 7 mil anos a.C., época dos Homo erectus, ancestral do Homo sapiens. ESTRATÉGIA VESTIBULARES – A MATÉRIA E SUAS TRANSFORMAÇÕES AULA 00 – A MATÉRIA E SUAS TRANSFORMAÇÕES 14 Mas as consequências do fogo para o homem foram muito além, muito mesmo! Durante o cozimento de um alimento, estão envolvidas várias reações. Uma delas é a transformação da madeira em cinzas, na qual também são liberados vapores para a atmosfera. Entretanto, neste momento estou interessado em falar do cozimento do alimento propriamente dito, no qual ocorrem reações químicas no alimento, modificando-o quimicamente. Essas modificações melhoram a digestibilidade do alimento, ou seja, o alimento é mais facilmente digerido pelo sistema digestivo do homem, melhorando/facilitando a absorção dessa energia pelo nosso organismo. O uso do fogo também permitiu ao homem a produção de cerâmica a partir de utensílios de barro e a obtenção de metais e ligas metálicas, como cobre e estanho (bronze) a partir do aquecimento de minérios (rochas). A análise do uso fogo demonstra como a química sempre esteve presente, acompanhou e colaborou para a evolução humana. O próprio fogo é resultado de uma reação química de combustão (queima) de um combustível (madeira, capim seco,gasolina etc.), que libera energia na forma de calor. Esse aproveitamento energético de combustíveis como carvão e petróleo, foi o que permitiu, por exemplo, a 1ª e a 2ª revoluções industriais. Na 1ª, houve a substituição de métodos artesanais de produção por máquinas. O carvão era queimado e o calor liberado, utilizado para transformar água líquida em vapor de água, o qual era utilizado para mover as engrenagens das máquinas. Já a 2ª Revolução Industrial foi marcada pela substituição de carvão por petróleo. Essa fase foi acompanhada de grandes inventos (avião, refrigeração, industrialização de alimentos, produção em massa de produtos e telefone), viabilizados, quase sempre, pelo maior aproveitamento energético que a utilização do petróleo, como combustível, permitiu. Vale lembrar que a indústria realiza a modificação de matérias-primas, em geral, por meio de reações químicas, para obter seus produtos. Além disso, muito do desenvolvimento da indústria farmacêutica se deu por meio da descoberta ou da síntese de novas substâncias químicas. Já deve estar mais que claro para você como a química, as reações químicas e os processos químicos estiveram diretamente relacionados ao caminho percorrido pelo homem até à sociedade moderna, não é mesmo? No início desta seção, falei como Whatsapp e química se relacionam. Retomando essa perspectiva, listo na tabela a seguir alguns exemplos de como a química está presente em nosso cotidiano. ESTRATÉGIA VESTIBULARES – A MATÉRIA E SUAS TRANSFORMAÇÕES AULA 00 – A MATÉRIA E SUAS TRANSFORMAÇÕES 15 Área Exemplos Combustíveis A combustão (queima) de combustíveis é uma reação química que libera energia na forma de calor. Em outro exemplo é a produção do biodiesel se dá a partir de uma reação denominada transesterificação entre um álcool e um éster. Agricultura Desenvolvimento e utilização de fertilizantes (conjunto de substâncias químicas), que têm a função de reequilibrar a quantidade de nutrientes do solo esgotados ou naturalmente pobres, permitindo novos cultivos e a produção de alimentos. Saúde Na produção de medicamentos estão envolvidas reações e processos químicos. Além disso, toda parte de insumos para saúde (luvas, equipamentos, seringas, produtos para desinfecção hospitalar etc) são decorrentes de processos químicos industriais. Fermentação Algumas reações químicas da indústria ocorrem sob a ação de bactérias e recebem o nome de fermentação. Dessas reações, temos produtos como pães, cervejas, iogurtes, combustíveis etc. Metalurgia Os metais e ligas metálicas são obtidos dos minérios (rochas) a partir de processos físicos e químicos. Outros exemplos Uso de reagentes químicos no tratamento de água e efluentes (esgoto), indústrias químicas em geral (papel, alimentos, pigmentos, vidros, polímeros, cosmético, produtos de limpeza), vestuário (utilização de fibras sintéticas) etc. Nós mesmos utilizamos várias substâncias químicas em nosso cotidiano: usamos o sal de cozinha (cloreto de sódio) para temperar alimentos; ingerimos bebidas que contêm álcool (etanol ou álcool etílico) [ingestão permitida apenas para maiores de 18 anos]; a acetona (propanona) é muito utilizada para remoção de esmaltes de unhas. Quando eu morava com minha mãe, embora eu fosse o químico da residência, era ela que produzia sabão a partir de óleo de cozinha usado e soda cáustica (hidróxido de sódio). Por fim, lembro do exemplo do vinagre, muito utilizado em saladas, o qual apresenta em sua constituição o ácido acético. ESTRATÉGIA VESTIBULARES – A MATÉRIA E SUAS TRANSFORMAÇÕES AULA 00 – A MATÉRIA E SUAS TRANSFORMAÇÕES 16 Acredito que, a essa altura, você já tenha enxergado como a química se relacionou com a evolução da humanidade e como ela se faz muito presente em nosso dia a dia. No entanto, pode haver, ainda, alguns pontos de interrogação na sua cabeça: • O que seria, então, a Química? • O que é matéria? E energia? • O que são substâncias químicas? Como são classificadas? • O que são reações químicas? Você não pode sair desta aula com nenhuma destas dúvidas, então, vamos começar a respondê-las. 1. CONCEITOS FUNDAMENTAIS Chegou a hora esclarecer muitos dos conceitos que foram citados no capítulo anterior e que são fundamentais para o estudo dos diferentes ramos da química. Os autores e fontes trazem conceitos ligeiramente diferentes, mas, no geral, dizem a mesma coisa: Química é a ciência que estuda a matéria, avaliando suas propriedades, composição e estrutura. Além disso, a química avalia as transformações sofridas pela matéria e o fluxo (movimento) de energia envolvido nesses processos. Nada de desespero pensando que precisará decorar os conceitos apresentados nesta seção. O mais producente para seu aprendizado é compreendê-los, então é isso que vamos fazer. A partir do conceito do que é Química, aparecem novos termos que ainda não foram definidos ou explicados como: matéria, composição química, transformações e energia. Este capítulo terá como objetivo principal esmiuçar todos esses termos, a fim de criar uma base teórica sólida que será usada durante todo o restante do nosso curso. MATÉRIA Olhe ao seu redor. Pegue uma caneta, um caderno, uma borracha, sinta o ar que respiramos. Se colocar essas coisas em uma balança verá que elas têm massa e ocupam um lugar no espaço. Podemos definir então que: Em química, matéria é tudo que apresenta massa e volume, ocupando, portanto, um lugar no espaço. Em outras palavras, a matéria é qualquer coisa que tem existência física, ou seja, que é real. Por isso, água, madeira, papel, pedra, ar são exemplos de matéria. ESTRATÉGIA VESTIBULARES – A MATÉRIA E SUAS TRANSFORMAÇÕES AULA 00 – A MATÉRIA E SUAS TRANSFORMAÇÕES 17 A definição de matéria é muito ampla e, para facilitar o estudo, geralmente analisamos uma parte ou porção limitada, que denominamos corpo. Caso esse corpo possua uma finalidade específica para o homem, ele também será denominado objeto. Assim, papel, como um todo, pode ser denominado matéria. Um caderno ou um rolo de papel higiênico, por serem uma representação limitada da matéria papel, são exemplos de corpos e, por motivos e especificações óbvias, também objetos. danilo-alvesd-UMv7URWXY4s-unsplash richard-dykes-SPuHHjbSso8-unsplash O que diferencia um pedaço de madeira de um punhado de areia, de certo, é a composição química que é bem diferente. A composição química de uma madeira extraída de um determinado tipo de árvore será ligeiramente diferente daquela extraída de outro tipo de árvore. Observe a figura abaixo em que três tipos de solos são colocados lado a lado. Note o quanto a coloração é diferente, devido às suas diferentes composições químicas. Mas, professor, o que seria essa tal composição química? – Você pode estar aí aflito se perguntando. Bom, para melhorar sua compreensão sobre o que é composição química e, mais tarde, transformações, vou introduzir aqui alguns conceitos, como os de átomos, elementos químicos e moléculas. Mas não se preocupe, não esgotarei esse assunto aqui. Teremos outras aulas, mais a frente, em que aprofundaremos melhor em cada ponto. ESTRATÉGIA VESTIBULARES – A MATÉRIA E SUAS TRANSFORMAÇÕES AULA 00 – A MATÉRIA E SUAS TRANSFORMAÇÕES 18 Átomo é a unidade fundamental da matéria. De modo simples, podemos pensar que, se dividirmos a matéria, continuamente, em partes cada vez menores, chegaremos a um ponto em que essa divisão não poderá mais ser feita. Chegamos ao átomo. Sabemos, hoje, que existem várias partículas subatômicas (menores que o átomo e que estão contidas nele), sendo as principais: prótons, elétrons e nêutrons. Entretanto, átomo continua sendo a unidade fundamental da matéria, por preservar características comuns aos outros átomos do mesmo. Estrutura do átomo: o átomo apresenta um núcleo positivo que é constituído de partículaspositivas (prótons) e partículas sem carga (nêutrons). Os elétrons (partículas negativas) estão em constante movimento na eletrosfera (região em torno do núcleo). A estabilização dos átomos é possível pela contraposição de forças de repulsão e atração. As forças de repulsão ocorrem entre partículas de mesmo sinal (elétron-elétron ou próton-próton) e as de atração entre partículas de sinais diferentes (prótons e elétrons). Hoje, já se conhece modelos matemáticos mais finos e precisos que melhor descrevem o átomo mas, para a aula de hoje, esse modelo é suficiente e mais didático. Elemento químico: conjunto de átomos que apresentam o mesmo número de prótons (número atômico). Desta forma, o átomo de um elemento químico é diferente do átomo de outro elemento. Por exemplo, o elemento Ferro apresenta átomos com número atômico 26, os quais são diferentes dos átomos do elemento cobre, que apresentam 29 prótons. Como é intuitivo pensar, diferentes elementos químicos apresentam propriedades físicas e químicas diferentes. E, vale lembrar, que na tabela periódica estão representados os vários elementos químicos existentes, sendo a maioria encontrados na natureza e, alguns outros, criados artificialmente. Átomo Núcleo Prótons Partículas positivas Nêutrons Partículas sem carga Eletrosfera Elétrons Partículas negativas ESTRATÉGIA VESTIBULARES – A MATÉRIA E SUAS TRANSFORMAÇÕES AULA 00 – A MATÉRIA E SUAS TRANSFORMAÇÕES 19 Molécula: formada pela combinação de, pelo menos, dois átomos, que podem ser de um mesmo elemento ou de elementos químicos diferentes. Em geral, uma molécula é a menor estrutura que guarda as propriedades de uma substância pura. Por exemplo: dois átomos do elemento hidrogênio (H) combinam para formar uma molécula de gás hidrogênio (H2). Já na molécula de água (H2O), dois átomos do elemento hidrogênio se ligam ao átomo do elemento oxigênio, ou seja, temos uma molécula formada por 3 átomos de 2 elementos químicos diferentes. Nesse sentido, outro exemplo é a molécula de glicose (um tipo de açúcar), C6H12O6, que é formada por 6 átomos de carbono (C), 12 de hidrogênio e 6 de oxigênio (O). Embora não possamos dizer que o átomo é uma esfera perfeita, considerá-lo como tal é muito útil para, a partir de modelos moleculares, entendermos a disposição espacial dos átomos em uma molécula. Veja no modelo molecular abaixo como se ligam e se organizam os átomos de uma molécula de progesterona (C21H30O2), em que as esferas pretas representam os carbonos; as vermelhas, os oxigênios; e as cinza, os hidrogênios. Molécula de progesterona Fonte: wikipedia ENERGIA Atualmente o consumo de energia é cada vez maior e sua produção, crescentemente diversificada, seja pela queima do carvão e dos derivados de petróleo que movimenta caldeiras, automóveis, aviões etc; pela energia elétrica que ilumina nossas ruas e edifícios e aciona um grande número de aparelhos domésticos e industriais; seja pela energia química de pilhas e baterias, fundamental para o funcionamento de aparelhos portáteis (rádios, telefones celulares etc.); ou, ainda, pela energia nuclear, defendida por alguns e combatida por outros, e que, talvez, se torne importante no futuro. Mas, afinal, o que é energia? É difícil defini-la, por se tratar de algo que não é material, mas nem por isso duvidamos de sua existência. ESTRATÉGIA VESTIBULARES – A MATÉRIA E SUAS TRANSFORMAÇÕES AULA 00 – A MATÉRIA E SUAS TRANSFORMAÇÕES 20 Energia é a capacidade de realização de trabalho; é tudo aquilo que é capaz de modificar a matéria. Também, é tudo aquilo capaz de provocar ou anular movimentos e causar deformações, além do fato de ser interconversível em suas várias formas Observações: 1. No Sistema Internacional de Unidades (SI), a energia é expressa em joule (J). 2. Existem muitas formas de energia: energia elétrica, térmica, luminosa, química, nuclear, magnética, solar (radiante). 3. A Lei da Conservação da Energia diz que a energia não pode ser criada nem destruída. Sempre que desaparece uma quantidade de uma classe de energia, uma quantidade exatamente igual de outra(s) classe(s) de energia é(são) produzida(s). Nas usina hidrelétricas, quando a água represada cai através de tubulações, faz girar turbinas acopladas a um gerador, o qual produz energia elétrica. Nas usinas nucleares, como nas termelétricas, através de processos físico- químicos, produz-se energia térmica, que é transformada em energia elétrica. A energia eólica (ar em movimento), que já foi usada para produzir energia mecânica nos moinhos, atualmente é usada com auxílio de turbinas, para produzir energia elétrica. ESTRATÉGIA VESTIBULARES – A MATÉRIA E SUAS TRANSFORMAÇÕES AULA 00 – A MATÉRIA E SUAS TRANSFORMAÇÕES 21 TRANSFORMAÇÕES Transformação da matéria é qualquer modificação que possa ocorrer por meio de um ou mais processos. Tais transformação são também conhecidos como fenômenos, que podem ser classificados da seguinte maneira: Fenômenos físicos: quando não se altera a composição ou natureza da matéria. Os átomos, íons ou moléculas, não são alterados; eles são apenas agitados, desarrumados, reordenados etc. Muda-se a forma física como se apresenta, não sua constituição. É o caso, por exemplo, das mudanças de estado físico, que falaremos no capítulo 7 dessa aula. Fenômenos químicos: São fenômenos que mudam a identidade química das substâncias, mas a identidade dos átomos se conserva. Quando ocorre um fenômeno químico, uma ou mais substâncias se transformam e dão origem a novas substâncias. Então, dizemos que ocorreu uma reação química. Fonte: pixabay.com Quando você queima um pedaço de papel, constituído de celulose, ocorrem a formação de uma substância de cor preta (carvão) e, simultaneamente, a formação de fumaça, constituída principalmente de vapor d’água e gás carbônico. Essas novas substâncias foram formadas pela reação química entre a celulose e o oxigênio do ar. Simplificando: Uma maneira bem simples de reconhecermos a ocorrência de um fenômeno químico é a observação visual de alterações que ocorrem no sistema. A formação de uma nova substância está associada a: Transformações Físicas Não há modificação da composição da matéria Rompimento de interações intermoleculares Químicas Modificação da composição da matéria Quebra de ligações interatômicas ESTRATÉGIA VESTIBULARES – A MATÉRIA E SUAS TRANSFORMAÇÕES AULA 00 – A MATÉRIA E SUAS TRANSFORMAÇÕES 22 1. Mudança de cor. Exemplos: queima de papel; cândida ou água de lavadeira em tecido colorido; queima de fogos de artifício. 2. Liberação de um gás (efervescência). Exemplos: antiácido estomacal em água; bicarbonato de sódio (fermento de bolo) em vinagre. 3. Formação de um sólido. Exemplos: líquido de bateria de automóvel + cal de pedreiro dissolvida em água; água de cal + ar expirado pelo pulmão (gás carbônico). 4. Aparecimento de chama ou luminosidade. Exemplos: álcool queimando, luz emitida pelos vaga-lumes. Porém, algumas reações ocorrem sem essas evidências visuais. A formação de novas substâncias é constatada pela mudança das propriedades físico-químicas. Outra forma de reconhecermos se ocorreu uma reação química é a alteração da quantidade de energia na reação. Quando colocamos magnésio metálico em ácido clorídrico, além de observarmos a saída de gases, notamos que o recipiente em que eles foram misturados fica aquecido, isto é, há liberação de calor para o ambiente. As combustões são reações que liberam calor. Efeitos térmicos acompanham as reações químicas, quanto a eles as reações podem ser: • Exotérmicas: liberam calor para o ambiente. • Endotérmicas: absorvem calor do ambiente As reações químicas são representadas por equações químicas, que mostramas fórmulas das substâncias participantes, em proporções adequadas. Esquematicamente, podemos representar uma equação da seguinte maneira: 𝐑𝐄𝐀𝐆𝐄𝐍𝐓𝐄𝐒 ⟶ 𝐏𝐑𝐎𝐃𝐔𝐓𝐎𝐒 Como uma reação é um rearranjo dos átomos, é necessário que: nº total de átomos dos reagentes = nº total de átomos dos produtos Sempre que o número total de átomos dos reagentes for igual ao dos produtos, diz-se que a equação está balanceada. ESTRATÉGIA VESTIBULARES – A MATÉRIA E SUAS TRANSFORMAÇÕES AULA 00 – A MATÉRIA E SUAS TRANSFORMAÇÕES 23 + → Gás hidrogênio Gás oxigênio Água 4 átomos de hidrogênio + 2 átomos de oxigênio = 4 átomos de hidrogênio 2 átomos de oxigênio REAGENTES (início) PRODUTOS (final) Estudaremos mais profundamente sobre esse assunto na aula sobre Leis Ponderais e Estequiometria. 2. PROPRIEDADES DA MATÉRIA Propriedades são determinadas características que, em conjunto, servirão para definir cada espécie de matéria. Ao definirmos uma pessoa, por exemplo, nos referimos às suas características: sua altura, aparência, disposição, habilidades. Semelhantemente, todas as espécies de matéria apresentam propriedades e, do mesmo modo que alguém pode ser identificado pela relação de suas propriedades, assim também é cada material. Podemos dividi-las em 3 grupos: gerais, funcionais e específicas. PROPRIEDADES GERAIS São aquelas propriedades comuns a toda espécie de matéria. Podemos destacar: Massa: O conceito de massa é um pouco complexo. Você pode perceber a ideia de massa, mas é muito complicado saber exatamente o que seja. Um copo cheio de água possui maior quantidade de matéria que um copo vazio. Diremos, então, que o copo cheio possui maior massa que o copo vazio. Observação É importante saber a diferença entre massa e peso. O peso de um corpo é a força de atração gravitacional sofrida por ele, ou seja, é a força de atração que o centro da terra exerce sobre a massa dos corpos. O peso de um corpo irá variar em função da posição que ele assumir em relação ao centro da terra, enquanto a massa é uma medida invariável em qualquer local. Em Química trabalhamos preferencialmente com massa. Extensão: É o espaço que a matéria ocupa, o seu volume. Inércia: É a propriedade que os corpos têm de manter o seu estado de movimento ou de repouso inalterado, a menos que alguma força interfira e modifique esse estado. Observação ESTRATÉGIA VESTIBULARES – A MATÉRIA E SUAS TRANSFORMAÇÕES AULA 00 – A MATÉRIA E SUAS TRANSFORMAÇÕES 24 A massa de um corpo está associada à sua inércia, isto é, a dificuldade de fazer variar o seu estado de movimento ou de repouso, portanto, podemos definir massa como a medida da inércia. fonte: shutterstock Impenetrabilidade: Imagine-se entrando numa banheira totalmente cheia: assim que você entra uma parte da água se derrama. Isso é chamado impenetrabilidade. Duas porções de matéria não podem ocupar o mesmo lugar ao mesmo tempo. fonte: shutterstock Divisibilidade: Com o auxílio de um martelo, podemos reduzir a pó um pedaço de giz, de grafite, de granito etc. Isso é possível porque a matéria pode ser dividida em pequenas partículas. Qualquer espécie de matéria pode ser dividida em partes cada vez menores até atingir o átomo que, se for dividido, perde as propriedades da matéria. Compressibilidade: Sob a ação de forças externas, o volume ocupado por uma porção de matéria pode diminuir. Observação: de uma maneira geral os gases são mais compressíveis que os líquidos e estes por sua vez são mais compressíveis que os sólidos. Elasticidade: Dentro de certo limite, se a ação de uma força causar deformação da matéria, ela retornará à forma original assim que essa força deixar de agir. ESTRATÉGIA VESTIBULARES – A MATÉRIA E SUAS TRANSFORMAÇÕES AULA 00 – A MATÉRIA E SUAS TRANSFORMAÇÕES 25 fonte: shutterstock Porosidade: É a matéria descontínua. Isso quer dizer que existem espaços (poros) entre as partículas que formam qualquer tipo de matéria. Esses espaços podem ser maiores ou menores, tornando a matéria mais ou menos densa. Exemplos: A cortiça apresenta poros maiores que os poros do ferro, logo a densidade da cortiça é bem menor que a densidade do ferro. Indestrutibilidade: Quando um pedaço de lenha é queimado, os materiais que fazem parte da composição da madeira se transformam em cinza e fumaça. Essa transformação mostra que não houve destruição da matéria e sim transformação. A matéria não pode ser criada nem destruída, apenas transformada. PROPRIEDADES FUNCIONAIS São propriedades comuns a determinados grupos de compostos, identificados pela função que desempenham. Normalmente, essas propriedades aparecem em função de certos grupos de átomos que são comuns a grupos de moléculas. Exemplos: Ácidos, em soluções aquosas, liberam íons H+ (ou H3O+) e diminuem o pH das soluções; Bases, em soluções aquosas, liberam íons OH- e aumentam o pH; Sais, são compostos iônicos que, em solução aquosa, dissociam gerando cátions e ânions; Óxidos, podem sem covalentes ou iônicos, mas todos eles possuem o oxigênio como átomo mais eletronegativo; Álcoois são compostos orgânicos que possuem o grupo hidroxila ligada a carbono saturado; Aldeídos são compostos orgânicos que possuem o grupo carbonila em carbono terminal; ESTRATÉGIA VESTIBULARES – A MATÉRIA E SUAS TRANSFORMAÇÕES AULA 00 – A MATÉRIA E SUAS TRANSFORMAÇÕES 26 Cetonas são compostos orgânicos que possuem o grupo carbonila em carbono secundário Etc, etc, etc... PROPRIEDADES ESPECÍFICAS São propriedades individuais de cada tipo de matéria. Podem ser: organolépticas, químicas ou físicas. Organolépticas São propriedades capazes de impressionar os nossos sentidos, como a cor, que impressiona a visão; o sabor, que impressiona o paladar; o odor, que impressiona o nosso olfato; e a fase de agregação da matéria (sólido, líquido, gasoso, pastoso, pó), que impressiona o tato. Exemplos: Água pura (incolor insípida, inodora, líquida em temperatura ambiente). Barra de ferro (brilho metálico, sólida). Químicas Responsáveis pelos tipos de transformação que cada matéria é capaz de sofrer. Relacionam-se à maneira de reagir de cada substância. É a característica que uma matéria apresenta de se transformar em outra, em um processo denominado de fenômeno químico. Muitas vezes um fenômeno químico só ocorre quando a matéria é submetida a determinadas condições (temperatura, catalisadores, eletrólise etc.). Exemplos: Oxidação do ferro, combustão do etanol. Físicas São certos valores encontrados experimentalmente para o comportamento de cada tipo de matéria quando submetidas a determinadas condições. Essas condições não alteram a constituição da matéria, por mais diversas que sejam. As principais propriedades físicas da matéria são: ESTRATÉGIA VESTIBULARES – A MATÉRIA E SUAS TRANSFORMAÇÕES AULA 00 – A MATÉRIA E SUAS TRANSFORMAÇÕES 27 Pontos de fusão e solidificação: São temperaturas nas quais a matéria passa da fase sólida para a fase líquida e da fase líquida para a sólida, respectivamente, sempre em relação a uma determinada pressão atmosférica. Observação: A pressão atmosférica (pressão exercida pelo ar atmosférico) quando ocorre a 0 ºC, ao nível do mar e a 45º de latitude, recebe o nome de pressão normal, à qual se atribuiu, convencionalmente, o valor de 1 atm. Exemplo: A água funde/solidifica a 0 ºC; o oxigênio funde/solidifica a –218,8 ºC; o fósforo branco funde/solidifica a 44,1 ºC. Pontos de ebulição e condensação: São as temperaturas nas quais a matéria passa da fase líquida para a fase gasosa e da fase gasosa para a líquida, respectivamente, sempre em relação a uma determinada pressão atmosférica. Exemplo: Água ebule/condensa a 100 °C; o oxigênio ebule/condensa a –182,8 °C; o fósforo branco ebule/condensa a 280 °C. Densidade: É a relação entre a massa e o volume ocupado pela matéria.Exemplo: água, d = 1,00 g/cm3; ferro, d = 7,87 g/cm3. Coeficiente de solubilidade: É a máxima quantidade de uma matéria (soluto, nesse caso) capaz de se dissolver totalmente em uma porção fixa e bem determinada de outra matéria (solvente), geralmente 100 g água, a uma certa temperatura. Exemplo: Em 100g de H2O, a 10°C, é possível dissolver 20,9 g de KNO3 sem que ocorra precipitação; Em 100g de H2O, a 20°C, é possível dissolver 31,6 g de KNO3 sem que ocorra precipitação; Em 100g de H2O, a 0°C, é possível dissolver 20,0 g de Ce2(SO4)3 sem que ocorra precipitação; Em 100g de H2O, a 25°C, é possível dissolver 10,0 g de Ce2(SO4)3 sem que ocorra precipitação; Dureza: É a resistência que um sólido apresenta ao ser riscado por outro. Quanto maior a resistência ao risco, mais duro é o material. Entre dois materiais, X e Y, decidimos qual é mais duro pela capacidade que um tem de riscar o outro. Mohs elaborou uma escala, formada por dez materiais que ocorrem na crosta terrestre, e de durezas diferentes, atribuindo a cada um deles valores crescentes de dureza que variam de 1 a 10. Tenacidade: É a resistência que a matéria apresenta ao choque mecânico, isto é, ao impacto. Dizemos que um material é tenaz quando ele resiste a um forte impacto sem se quebrar. ESTRATÉGIA VESTIBULARES – A MATÉRIA E SUAS TRANSFORMAÇÕES AULA 00 – A MATÉRIA E SUAS TRANSFORMAÇÕES 28 Observe que o fato de um material ser duro não garante que ele seja tenaz, uma vez que se trata de propriedades distintas. Exemplo: O diamante, considerado o material natural mais duro, ao sofrer um forte impacto quebra-se totalmente. Logo, mesmo apresentando alta dureza, é pouco tenaz. Brilho: É a capacidade que a matéria possui de refletir a luz que incide sobre ela. Quando a matéria não reflete luz, ou reflete muito pouco, dizemos que ela não tem brilho. Uma matéria que não possui brilho, não é necessariamente opaca e vice-versa. Matéria opaca é simplesmente aquela que não se deixa atravessar pela luz. Assim, uma barra de ouro é brilhante e opaca, pois reflete a luz sem se deixar atravessar por ela. 3. UNIDADES DE MEDIDA Muitas propriedades da matéria são quantitativas, isto é, são associadas a números. Quando um número representa uma medida quantitativa, as unidades de grandeza devem sempre ser especificadas. Dizer que um lápis tem o comprimento de 17,5 não significa nada. Dizer que é 17,5 centímetros descreve, de forma adequada, seu comprimento. As unidades usadas em medidas científicas são as do sistema métrico. O sistema métrico foi desenvolvido inicialmente na França, no final do século XVIII, e é usado como o sistema de medidas na maioria dos países do mundo. Vários países adotam o sistema inglês de medidas, embora o uso do sistema métrico esteja se tornando cada vez mais comum nesses países. Em Química, além dos conceitos básicos de matéria e energia, também é necessário conhecer algumas unidades de medida. A medida de uma grandeza é um número que expressa uma quantidade, comparada com um padrão previamente estabelecido. Por exemplo, se eu digo que o Everest mede 8849 m de comprimento (é verdade, eu procurei no google ), 8849 é o número que expressa o comprimento (grandeza) dessa montanha, comparada a um padrão existente conhecido que é o “1 metro”. Ou seja, é a mesma coisa que dizer o Everest é 8849 vezes maior que o padrão 1 m. Sacou? Unidades no SI Em 1960, chegou-se a um acordo internacional especificando uma escolha particular de unidades métricas para uso em medidas científicas. Essas unidades preferenciais são chamadas unidades SI, abreviatura de Système International d'Unités. O sistema SI tem sete ESTRATÉGIA VESTIBULARES – A MATÉRIA E SUAS TRANSFORMAÇÕES AULA 00 – A MATÉRIA E SUAS TRANSFORMAÇÕES 29 unidades básicas das quais todas as outras são derivadas. A tabela abaixo relaciona essas unidades básicas e seus símbolos. Os prefixos são usados para indicar frações decimais ou múltiplos de várias unidades. Por exemplo, o prefixo mili representa uma fração 10-3 da unidade: um miligrama (mg) é 10-3 grama (g), um milímetro (mm) é 10-3 metro (m), e por aí vai... Os prefixos usados com maior frequência em química estão relacionados na tabela abaixo. Ao usar o sistema SI para resolver os exercícios e questões, é preciso saber utilizar notação exponencial. Se você não está familiarizado com esse conceito, sugiro que você recorra ao seu material de matemática ou procure o professor dessa disciplina para uma abordagem adequada. Dica: você precisará demais! Pro resto da sua vida! (ta bom, exagerei... foi só uma ênfase maior pra falar que é muito importante) ESTRATÉGIA VESTIBULARES – A MATÉRIA E SUAS TRANSFORMAÇÕES AULA 00 – A MATÉRIA E SUAS TRANSFORMAÇÕES 30 Outro ponto ao qual devemos nos atentar diz respeito à classificação das grandezas relacionadas a uma substância. Podemos dividir em duas categorias: Grandezas Extensivas: são aquelas cujo valor numérico depende da quantidade de matéria presente na amostra da substância. Como exemplo: massa, volume. Pense em um recipiente com água líquida. O volume de 1L de água líquida tem uma massa de aproximadamente 1 kg. Quando você duplica a quantidade de água nesse recipiente, o volume ocupado pela água passará a 2L e a sua massa também aumentará para 2 kg. Grandezas Intensivas: são aquelas cujo valor numérico não depende da quantidade de matéria presente na amostra. Um dos melhores exemplos é a densidade, que discutiremos ainda nesta aula. Um recipiente contendo 1 litro de água tem densidade de 1 kg/L, lembrando-nos que esse volume apresenta a massa igual a 1 kg. 𝑑 = 1 𝑘𝑔 1 𝐿 = 1 𝑘𝑔/𝐿 Para uma jarra com 2 litros de água, que apresenta massa de 2kg, pode ser calculada por: 𝑑 = 2 𝑘𝑔 2 𝐿 = 1 𝑘𝑔/𝐿 Perceba, portanto, que a densidade da água não depende da quantidade de matéria. É uma característica da substância, não da amostra. Por isso, a densidade é uma grandeza intensiva. Bem, vamos falar um pouco sobre as principais grandezas utilizadas para caracterizar a matéria, bem como as principais unidades de medida de cada uma. MASSA Massa é a quantidade de matéria que existe num corpo. elena-mozhvilo-j06gLuKK0GM venyamin-koretskiy-dbi8irkhlww ESTRATÉGIA VESTIBULARES – A MATÉRIA E SUAS TRANSFORMAÇÕES AULA 00 – A MATÉRIA E SUAS TRANSFORMAÇÕES 31 No Sistema Internacional (SI), a unidade-padrão de massa é o quilograma (kg) quilograma (kg) 1000 g ou 103 g grama 1 g ou 100 g miligrama (mg) 0,001 g ou 10-3 g TEMPERATURA Compreendemos temperatura como a medida de calor ou frieza de um objeto. De fato, a temperatura determina a direção do fluxo de calor. O calor sempre flui espontaneamente de uma substância à temperatura mais alta para outra à temperatura mais baixa. A escala Kelvin é a escala de temperatura no SI e a unidade SI de temperatura é o kelvin (K). As escalas Celsius e Kelvin têm unidades de mesmo tamanho - isto é, um kelvin é do mesmo tamanho que um grau Celsius. Assim, as escalas Kelvin e Celsius relacionam-se da seguinte forma: 𝑲 = ℃ + 𝟐𝟕𝟑, 𝟏𝟓 PRESSÃO A relação entre a força exercida na direção perpendicular, sobre uma dada superfície, e a área dessa superfície. A Terra está envolvida por uma camada de ar que tem espessura aproximada de 800 km. Essa camada de ar exerce pressão sobre os corpos: a pressão atmosférica, que será a unidade que mais usaremos aqui, mesmo não sendo a unidade-padrão para a pressão. A pressão atmosférica varia de acordo com a altitude. Em regiões de grande altitude, há menor quantidade de partículas do ar por unidade de volume, portanto a pressão também é menor. ESTRATÉGIA VESTIBULARES – A MATÉRIA E SUAS TRANSFORMAÇÕES AULA 00 – A MATÉRIA E SUAS TRANSFORMAÇÕES 32 Pelo Sistema Internacional (SI), a unidade-padrão é o pascal (Pa), que se relaciona com a unidade atmosferana seguinte proporção: 𝟏 𝒂𝒕𝒎 = 101325 𝑃𝑎 = 100 𝑘𝑃𝑎 = 𝟕𝟔𝟎 𝒎𝒎𝑯𝒈 = 𝟕𝟔𝟎 𝒕𝒐𝒓𝒓 = 𝟏𝟎𝟎 𝒌𝑷𝒂 VOLUME Ocupar lugar no espaço é uma característica da matéria associada à grandeza denominada volume. Em outras palavras, o volume de uma porção de matéria expressa o quanto de espaço é ocupado por ela. No Sistema Internacional (SI), a unidade-padrão de volume é o metro cúbico (m3). No entanto, a unidade mais usada em química é o litro (L) m3 1000 dm3 ou 1000 L dm3 ou L 1 dm3 ou 1 L cm3 ou mL 0,001 dm3 ou 0,001 L 10-3 dm3 ou 10-3 L Os objetos mais comumente usados em química para medir volume estão ilustrados a seguir. Buretas e pipetas permitem verter líquidos com mais precisão do que provetas. Balões volumétricos são usados para conter volumes específicos de líquidos. ESTRATÉGIA VESTIBULARES – A MATÉRIA E SUAS TRANSFORMAÇÕES AULA 00 – A MATÉRIA E SUAS TRANSFORMAÇÕES 33 Como calcular volume de sólidos irregulares: Muitas vezes nos deparamos com questões que envolvem o cálculo do volume de sólidos, porém, nem sempre é algo tão direto. Se o sólido apresenta forma geométrica bem definida, fica simples, para você determinar seu volume, basta medir suas dimensões e usar equações matemáticas próprias. Se for o caso de um sólido com formato irregular, do qual conhecemos somente a sua massa, sem conhecer a sua densidade, você pode proceder da seguinte forma, na prática: a) Coloque água em um recipiente graduado, como uma proveta ou um béquer, até um determinado volume. Anote esse volume. b) Mergulhe o sólido de formato irregular no recipiente contendo água e, após observar o deslocamento do líquido, verifique e anote o novo volume de água. c) A diferença entre o volume final e o volume inicial é o volume deste sólido. DENSIDADE Propriedade muito utilizada para caracterizar substâncias. A densidade de um objeto ou de uma amostra de certo material ou substância é o resultado da divisão da sua massa pelo seu volume. A unidade da densidade é composta por uma unidade de massa dividida por uma unidade de volume. Assim, podemos expressá-la, por exemplo, em g/cm3, g/L, kg/L etc. Matematicamente, podemos escrever: ESTRATÉGIA VESTIBULARES – A MATÉRIA E SUAS TRANSFORMAÇÕES AULA 00 – A MATÉRIA E SUAS TRANSFORMAÇÕES 34 𝑑𝑒𝑛𝑠𝑖𝑑𝑎𝑑𝑒 = 𝑚𝑎𝑠𝑠𝑎 𝑣𝑜𝑙𝑢𝑚𝑒 Em geral, materiais diferentes que ocupam o mesmo volume apresentam massas diferentes. Sendo a densidade e a massa grandezas diretamente proporcionais, quanto maior a massa maior a densidade. Por exemplo, um certo volume de chumbo possui maior massa que o mesmo volume de madeira. Dizemos, então, que o chumbo é mais denso que a madeira. A densidade de uma mistura, caso não ocorra expansão ou contração de volume, sempre será um valor intermediário entre as densidades das substâncias. Ao se misturar um material A de densidade 0,5 g/mL com o material B de densidade 0,8 g/mL, o valor da densidade da mistura se encontrará entre 0,5 e 0,8. Para materiais diferentes que possuem mesma massa, será mais denso aquele que ocupar menor volume, uma vez que densidade e volume são grandezas inversamente proporcionais. É o famoso quem pesa mais: 1 kg de chumbo ou 1 kg de algodão? ESTRATÉGIA VESTIBULARES – A MATÉRIA E SUAS TRANSFORMAÇÕES AULA 00 – A MATÉRIA E SUAS TRANSFORMAÇÕES 35 Os termos densidade e peso, algumas vezes pode causar uma certa confusão. Quando uma pessoa diz que o chumbo pesa mais que o algodão, normalmente essa pessoa quer dizer que uma substância tem uma densidade maior do que outra. Apesar de apresentarem o mesmo peso 𝑃𝑒𝑠𝑜 = 𝑚𝑎𝑠𝑠𝑎 · 𝑎𝑐𝑒𝑙𝑒𝑟𝑎çã𝑜 𝑑𝑎 𝑔𝑟𝑎𝑣𝑖𝑑𝑎𝑑𝑒 o peso aparente não é o mesmo. O algodão apresenta um peso aparente menor. Você sente o chumbo mais pesado. Tanto no chumbo como no algodão atua uma força dirigida para cima denominada EMPUXO 𝐸𝑚𝑝𝑢𝑥𝑜 = 𝑑𝑒𝑛𝑠𝑖𝑑𝑎𝑑𝑒 · 𝑎𝑐𝑒𝑙𝑒𝑟𝑎çã𝑜 𝑑𝑎 𝑔𝑟𝑎𝑣𝑖𝑑𝑎𝑑𝑒 · 𝑣𝑜𝑙𝑢𝑚𝑒 Essa força se contrapõe ao peso e depende do volume do corpo. Como 1 kg de algodão tem um volume muito maior que 1 kg de chumbo, então o empuxo no algodão é maior tornando-o “mais leve”: 𝑃𝑒𝑠𝑜 𝑎𝑝𝑎𝑟𝑒𝑛𝑡𝑒 = 𝑃𝑒𝑠𝑜 − 𝐸𝑚𝑝𝑢𝑥𝑜 (Sem querer causar intrigas, longe de mim, mas que tal você importunar o professor de física sobre esse assunto... assim, do nada... ele vai adorar te responder isso! Hahahaha) Densidade e Flutuação Comparando os valores de densidades dos seguintes materiais: 𝑑á𝑔𝑢𝑎 = 1 𝑔/𝑐𝑚 3 𝑑𝑐𝑜𝑟𝑡𝑖ç𝑎 = 0,32 𝑔/𝑐𝑚 3 𝑑𝑐ℎ𝑢𝑚𝑏𝑜 = 11,3 𝑔/𝑐𝑚 3 A cortiça flutua na água porque é menos densa que ela e o chumbo afunda porque é mais denso que esse líquido. A comparação entre as densidades permite prever se um corpo irá afundar ou flutuar em um certo líquido. Imagine, por exemplo, que uma bolinha de gude (d = 2,7 g/cm3) e um pedaço de isopor (d = 0,03 g/cm3) sejam colocados num frasco com azeite de oliva (d = 0,92 g/cm3). O que se pode prever é que o pedaço de isopor, menos denso que o azeite, irá flutuar nele. E a bolinha de gude, mais densa que ele, irá afundar. Fatores que afetam a densidade A densidade depende, em primeiro lugar, do material considerado (Ah, vá! Jura?!). Alguns valores de densidade aparecem na tabela a seguir. ESTRATÉGIA VESTIBULARES – A MATÉRIA E SUAS TRANSFORMAÇÕES AULA 00 – A MATÉRIA E SUAS TRANSFORMAÇÕES 36 Substância Densidade (g/cm3) a 25 oC Material Densidade (g/cm3) a 25 oC Ósmio 22,6 Madeira balsa 0,11 a 0,14 Platina 21,5 Bambu 0,31 a 0,4 Ouro 19,3 Couro seco 0,86 Mercúrio 13,5 Manteiga 0,86 a 0,87 Chumbo 11,3 Borracha 0,91 a 1,25 Prata 10,5 Ébano 1,11 a 1,33 Cobre 8,96 Gelatina 1,27 Ferro 7,87 Osso 1,7 a 2,0 Cloreto de sódio 2,17 Quartzo 2,65 Água 1,00 Granito 2,64 a 2,76 Lítio 0,53 Diamante 3,51 Em segundo lugar, a densidade de um mesmo material depende da temperatura. De forma geral, ao diminuir a agitação das partículas, essas se aproximam ocorrendo uma contração de volume do material, ocupando menor espaço. Por outro lado, quanto maior a agitação entre as partículas, maior o afastamento entre elas e, consequentemente, maior será expansão de volume observada. Portanto, de forma geral, a matéria no estado sólido ocupa menos volume que o estado líquido e gasoso. Entretanto, é observado na água um comportamento anômalo, relativo à expansão/contração térmica: considerando uma mesma massa, a água no estado sólido (gelo) ocupa um volume maior do que no estado líquido. ESTRATÉGIA VESTIBULARES – A MATÉRIA E SUAS TRANSFORMAÇÕES AULA 00 – A MATÉRIA E SUAS TRANSFORMAÇÕES 37 Figura: Arranjo cristalino das moléculas de água no gelo (Fonte: Coleção Explorando o Ensino, v. 5 – Química) Quando a água passa para o estado sólido, cada molécula passa a acomodar um número máximo de quatro ligações de hidrogênio (um tipo de interação que ocorre entre as moléculas de água – Veremos sobre isso na aula 6). Como as moléculas no estado sólido geralmente não se deslocam — apenas vibram em torno de suas posições no retículo cristalino — essas ligações de hidrogênio são duráveis e não se desfazem. Para acomodar esse grande número de ligações, o arranjo cristalino do gelo é bastante ‘aberto’, pois as moléculas acomodam-se em arranjos hexagonais, restando grandes espaços vazios no interior desses hexágonos (vide figura ao lado). Isso faz com que o arranjo ocupe um volume maior, o que explica a menor densidade do gelo. Quando o gelo se funde, esses vazios desaparecem e as moléculas de água podem ficar mais próximas umas das outras, o que faz com que o volume ocupado por elas diminua, aumentando a densidade. Enquanto isso, para a maior parte dos outros materiais o que se observa é uma contração de volume e aumento da densidade.commons.wikimedia.org Como a densidade é a razão entre a massa e o volume, a água sólida, abaixo de 0 °C, tem densidade menor (d = 0,92 g/cm3) do que a 25 °C (d = 1 g/cm3), considerando amostras de mesmo volume. Essa diferença faz com que o gelo flutue sobre a água líquida. Uma constatação natural para esse fenômeno é, por exemplo, o congelamento superficial de lagos. Como o gelo é um mau condutor, ele evita que o resto da água perca calor para a atmosfera, fato esse que permite a existência de vida marinha na parte não congelada, ao fundo. ESTRATÉGIA VESTIBULARES – A MATÉRIA E SUAS TRANSFORMAÇÕES AULA 00 – A MATÉRIA E SUAS TRANSFORMAÇÕES 38 No caso de gases, cujo volume é muito sensível a variações de pressão, a densidade, além de depender da temperatura, depende também da pressão. Falaremos sobre a densidade de gases, de forma apropriada, na aula sobre esse tema. Um caso particular importante é o da medição das densidades dos líquidos, que é feita diretamente pelos densímetros. Esse instrumento é um tubo de vidro, como mostrado a seguir, cuja parte inferior é mais larga e “pesada” do que a superior, que consiste em uma haste graduada em densidades. Colocado num líquido o densímetro afunda mais ou menos, e a graduação da haste, que coincide com o nível líquido, dá diretamente a densidade do líquido. Os densímetros são usados, por exemplo, em postos de gasolina, para medir a densidade do álcool vendido; em cooperativas de leite, para comprovar a qualidade do leite negociado, e assim por diante. O densímetro indicado na figura A flutua na água de modo que sua escala marca 1,0 g/mL (densidade da água pura) na superfície do líquido. O densímetro da figura B flutua numa solução de bateria de automóvel carregada de modo que sua escala marca 1,3 g/mL (densidade da solução de bateria carregada). O líquido da bateria é uma solução de ácido sulfúrico em água, apresentando densidade maior que a água. 4. CLASSIFICAÇÃO DA MATÉRIA Quando estudamos uma “porção limitada da matéria”, passamos a chamá-la de sistema de estudo. Veremos então que alguns sistemas se apresentam uniformes, como a água límpida e potável, o leite, um fragmento de metal etc, e outros não-uniformes, como uma pedra que possui pontos claros e outros escuros (como o granito), um pedaço de madeira com veios de diferentes cores etc. ESTRATÉGIA VESTIBULARES – A MATÉRIA E SUAS TRANSFORMAÇÕES AULA 00 – A MATÉRIA E SUAS TRANSFORMAÇÕES 39 Fonte: pixabay.com Em decorrência dessas observações, surge a necessidade da seguinte classificação: SISTEMA Talvez esse seja um dos conceitos mais importantes para as classificações que faremos daqui para frente. A Química é uma ciência experimental e, para fazer experiências com um determinado material, o químico precisa isolar uma porção desse material do resto do universo. Sistema é uma parte do universo considerada como um todo para efeito de estudo. Tudo que não é o sistema, está em contato com ele e chamaremos isso de vizinhança ou meio. Podemos classificar um sistema de duas maneiras diferentes e independentes entre si: 1) A partir do número de substâncias presentes: Uma substância será chamada de PURA quando, em um sistema considerado, ela for a única ali presente. Ao contrário, quando houver mais de uma substância presente, chamaremos de MISTURA. 2) A partir do número de fases observadas: Podemos definir fase como uma amostra de matéria que apresenta as mesmas propriedades. Uma fase pode se apresentar de forma contínua (monofásica) ou fragmentada em várias partes (polifásica). Simplificando, fase é tudo aquilo com conseguimos distinguir visualmente, dentro do sistema. É cada uma das porções do sistema, a qual apresenta aspecto visual homogêneo ou uniforme. Um sistema será chamado de HOMOGÊNEO quando, nele, for observado somente uma fase, independentemente do número de substâncias presentes, mantendo as mesmas propriedades em todos os pontos. Teremos um sistema HETEROGÊNEO quando esse possuir A água límpida é um exemplo de sistema homogêneo. O granito é um bom exemplo de sistema heterogêneo. Ouro 18k, um exemplo de sistema homogêneo ESTRATÉGIA VESTIBULARES – A MATÉRIA E SUAS TRANSFORMAÇÕES AULA 00 – A MATÉRIA E SUAS TRANSFORMAÇÕES 40 mais de uma fase, independentemente do número de substâncias, não observando as mesmas propriedades por toda sua extensão. Alguns sistemas aparentam ter uma única fase a olho nu, porém são classificados como heterogêneos. Primeiramente, fase é a porção de um corpo que apresenta aspecto homogêneo mesmo quando observado por um microscópio comum. Sabendo disso, é necessário ter atenção com alguns materiais como, por exemplo, sangue e leite. Esses materiais aparentam um único aspecto quando observados a olho nu, porém ao olhar por um Á gu a Número de substâncias: 1 Número de fases: 1 Classificação: Pura e homogênea Á gu a e aç ú ca r Número de substâncias: 2 Número de fases: 1 Classificação: Mistura homogênea A çú ca r Número de substâncias: 1 Número de fases: 1 Classificação: Pura e homogênea Á gu a e ó le o Número de substâncias: 2 Número de fases: 2 Classificação: Mistura heterogênea Á gu a e ar ei a Número de substâncias: 2 Número de fases: 2 Classificação: Mistura heterogênea Á gu a e ge lo Número de substâncias: 1 Número de fases: 2 Classificação: Pura e heterogênea ESTRATÉGIA VESTIBULARES – A MATÉRIA E SUAS TRANSFORMAÇÕES AULA 00 – A MATÉRIA E SUAS TRANSFORMAÇÕES 41 microscópico comum percebemos mais de uma fase. Portanto, leite e sangue são classificados como materiais heterogêneos. Fonte: pixabay.com Resumindo, um sistema pode ser classificado da seguinte maneira: SUBSTÂNCIAS PURAS Uma substância pura é todo material que apresenta propriedades químicas, como composição molecular, e físicas, como as temperaturas de fusão (PF) e de ebulição (PE) e a densidade, constantes e bem definidas, a uma dada pressão e temperatura. Ou seja, apresentam um valor de temperatura de fusão, um valor de temperatura de ebulição e densidade característica. ESTRATÉGIA VESTIBULARES – A MATÉRIA E SUAS TRANSFORMAÇÕES AULA 00 – A MATÉRIA E SUAS TRANSFORMAÇÕES 42 Duas substâncias diferentes podem possuir algumas propriedades iguais, mas nunca todas elas. Caso aconteça de todas as propriedades de duas substâncias serem iguais, então elas são, na verdade, a mesma substância. Classificação das substâncias puras Uma substância pura pode ser classificada quanto ao número de elementos formadores. Essa classificação se dá da seguinte forma: 1) Substância pura simples: São formadas pela combinação de átomos de um único elemento químico como, por exemplo, o gás hidrogênio (H2) formado por dois átomos de hidrogênio e o ozônio (O3) formado por três átomos de oxigênio. Outros exemplos: Ag, Cu, H2, O2, O3 e S8. Água: líquido incolor com PF = 0 oC, PE = 100 oC, d = 1,0 g/cm3. Enxofre: sólido amarelo com PF = 115 oC, PE = 445 oC, d = 2,07 g/cm3. Ferro: sólido cinza com PF = 1538 oC, PE = 2861 oC, d = 7,87 g/cm3. Cloreto de sódio: sólido branco com PF = 801 oC, PE = 1465 oC, d = 2,17 g/cm3. ESTRATÉGIA VESTIBULARES – A MATÉRIA E SUAS TRANSFORMAÇÕES AULA 00 – A MATÉRIA E SUAS TRANSFORMAÇÕES 43 Há átomos que permanecem isolados. Um exemplo é o átomo de hélio, que representa simultaneamente o elemento químico hélio e a substância simples hélio. Assim, um átomo de hélio representa uma molécula de hélio.Chama-se atomicidade o número de átomos existentes em uma molécula de substância simples. Dessa definição decorre a seguinte classificação: • moléculas monoatômicas, quando têm um átomo (exemplo: He); • moléculas diatômicas, quando têm dois átomos (exemplo: O2); • moléculas triatômicas, quando têm três átomos (exemplo: O3); e assim por diante. 1.1) Alotropia: A alotropia é o fenômeno no qual substâncias simples diferentes são formadas pelo mesmo elemento químico. Essas substâncias simples podem diferir entre si pela quantidade diferentes de átomos (atomicidade) ou por suas posições relativas diferentes nas estruturas de cada variedade alotrópica. ESTRATÉGIA VESTIBULARES – A MATÉRIA E SUAS TRANSFORMAÇÕES AULA 00 – A MATÉRIA E SUAS TRANSFORMAÇÕES 44 2) Substância pura composta: São formadas pela combinação de átomos de dois ou mais elementos químicos diferentes como, por exemplo, a água (H2O) formada por dois átomos de hidrogênio e um átomo de oxigênio e o ácido clorídrico (HCl) formado por um átomo de hidrogênio e um átomo de cloro. Elas são classificadas de acordo com o número de elementos: binárias (2 elementos químicos), ternárias (3 elementos químicos), quaternárias (3 elementos químicos) etc. Outros exemplos: binárias (CO2, C2H6); ternárias (H2SO4, HNO3, C12H22O11); e quaternárias ((NH4)2SO4, C17H34COONa). MISTURAS São pouquíssimas as substâncias puras encontradas na natureza. Quase tudo que nos cerca são misturas. A água da chuva, por exemplo, é formada por várias substâncias, por isso dizemos que ela é uma mistura. Nas várias formas em que encontramos a água na natureza e, dependendo das substâncias que estão misturadas a ela, sua temperatura varia durante a fusão e a ebulição, bem como sua densidade. Logo, podemos conceituar misturas como: Misturas: materiais em que a fusão e a ebulição ocorrem em determinado intervalo de temperatura e apresentam densidades que variam de acordo com sua composição (número de componentes na mistura e quantidade de cada uma delas). Simplificando, suas propriedades físicas variam de acordo com a proporção dos participantes da mistura. Exemplo: É muito comum ver fotos de pessoas boiando nas águas do Mar Morto, lendo um livro e tranquilas. Essa mesma cena muito dificilmente será vista nas águas de Guarapari ou ESTRATÉGIA VESTIBULARES – A MATÉRIA E SUAS TRANSFORMAÇÕES AULA 00 – A MATÉRIA E SUAS TRANSFORMAÇÕES 45 de Cabo Frio. Para se ter uma ideia, a média da quantidade de sal nos oceanos é de 35g para cada litro d’água, enquanto no Mar Morto a média é de 300g! Fonte: pixabay.com 1) Misturas homogêneas: É a mistura de substâncias que apresenta uma única fase, ou seja, possui aspecto visual homogêneo. Exemplos: Água e açúcar dissolvido, água e álcool, ar atmosférico, vinagre, ligas metálicas, água de torneira, soro caseiro, soro fisiológico, gasolina (mistura de hidrocarbonetos) etc. 2) Misturas heterogêneas: É a mistura que apresenta mais de uma fase, ou seja, não possui um aspecto visual homogêneo. Exemplos: Água e óleo, ar e poeira, gasolina e água, areia e sal, granito (quartzo, feldspato e mica), madeira, água com gás, açúcar e sal etc. Observações: 1. As misturas homogêneas são chamadas soluções. 2. Misturas formadas por n sólidos apresentam n fases. Exemplos: açúcar e sal (2 componentes e 2 fases). 3. Misturas formadas por quaisquer composições de gases são sempre homogêneas. ESTRATÉGIA VESTIBULARES – A MATÉRIA E SUAS TRANSFORMAÇÕES AULA 00 – A MATÉRIA E SUAS TRANSFORMAÇÕES 46 A hierarquia dos materiais: a matéria, seja sólida, líquida ou gasosa, é feita de misturas ou de substâncias. As substâncias são feitas de compostos ou de elementos. Técnicas físicas são usadas para separar as misturas em substâncias puras. Técnicas químicas são usadas para separar compostos em seus elementos. Sistema Número de substâncias Uma substância Pura Simples 1 elemento Composta + de 1 elemento Mais de uma substância Mistura Homogênea 1 fase Heterogênea + de 1 fase Número de fases Monofásico 1 fase Homogêneo Polifásico + de 1 fase Heterogêneo ESTRATÉGIA VESTIBULARES – A MATÉRIA E SUAS TRANSFORMAÇÕES AULA 00 – A MATÉRIA E SUAS TRANSFORMAÇÕES 47 (UNICAMP SP/2013) Como um químico descreve a cerveja? “Um líquido amarelo, homogêneo enquanto a garrafa está fechada, e uma mistura heterogênea quando a garrafa é aberta. Constitui-se de mais de 8.000 substâncias, entre elas o dióxido de carbono, o etanol e a água. Apresenta um pH entre 4,0 e 4,5, e possui um teor de etanol em torno de 4,5 % (v/v).” Sob a perspectiva do químico, a cerveja a) apresenta uma única fase enquanto a garrafa está fechada, tem um caráter ligeiramente básico e contém cerca de 45 gramas de álcool etílico por litro do produto. b) apresenta duas fases logo após a garrafa ser aberta, tem um caráter ácido e contém cerca de 45 ml de álcool etílico por litro de produto. c) apresenta uma única fase logo após a garrafa ser aberta, tem um caráter ligeiramente ácido e contém cerca de 45 gramas de álcool etílico por litro de produto. d) apresenta duas fases quando a garrafa está fechada, tem um caráter ligeiramente básico e contém 45 ml de álcool etílico por 100 ml de produto. Comentários: a) Errado. Enquanto está fechada apresenta uma única fase, porém apresenta pH menor que 7, logo é um material ácido. E apresenta 4,5 % em volume de álcool, ou seja, de 1 litro da cerveja 4,5/100 x 1 L = 0,045 L = 45 mL de etanol. b) Correto. Após aberta a garrafa apresentará bolhas, ou seja, 2 fases (1 fase líquida e 1 fase gasosa). O pH é menor que 7, logo é ácido. E possui 4,5/100 x 1 L = 0,045 L = 45 mL de etanol. c) Errado. A cerveja após ser aberta apresentará duas fases (1 fase líquida e 1 fase gasosa) e não possui 45 gramas de etanol, mas sim 45 mL. d) Errado. Desconsiderando o ar contido na embalagem, a cerveja apresenta uma única fase e caráter ácido (pH menor que 7) e 45 mL de álcool etílico. Gabarito: B (UERJ/2016) Cosméticos de uso corporal, quando constituídos por duas fases líquidas imiscíveis, são denominados óleos bifásicos. Observe na tabela as principais características de um determinado óleo bifásico. Para diferenciar as duas fases, originariamente incolores, é adicionado ao óleo um corante azul de natureza iônica, que se dissolve apenas na fase em que o solvente apresenta maior afinidade pelo corante. Essa adição não altera as massas e volumes das fases líquidas. ESTRATÉGIA VESTIBULARES – A MATÉRIA E SUAS TRANSFORMAÇÕES AULA 00 – A MATÉRIA E SUAS TRANSFORMAÇÕES 48 As duas fases líquidas do óleo bifásico podem ser representadas pelo seguinte esquema: a) b) c) d) Comentários: O corante irá se dissolver na água pelo fato de ter característica iônica. A água é uma substância polar e a fase orgânica é apolar. Como a água e a fase orgânica são imiscíveis, a fase de maior densidade será depositada ao fundo e a fase menos densa irá flutuar. Iremos apresentar duas resoluções: - Resolução detalhada Cálculo da densidade de cada material: 𝑑𝑒𝑛𝑠𝑖𝑑𝑎𝑑𝑒 = 𝑚𝑎𝑠𝑠𝑎 𝑣𝑜𝑙𝑢𝑚𝑒 𝑑á𝑔𝑢𝑎 = 30,0 𝑔 30,0 𝑚𝐿 = 1,0 g/mL 𝑑𝑜𝑟𝑔â𝑛𝑖𝑐𝑜 = 56,0 𝑔 70,0 𝑚𝐿 = 0,8 g/mL Portanto, a fase aquosa com o corante azul será depositada ao fundo do recipiente. - Resolução rápida Ao invés de fazer a conta completa, basta fazer uma dedução do valor. O mais importante é determinar o maior e o menor valor, não, necessariamente, calcular o valor. Essa estratégia em provas de vestibulares é mais recomendada para ganhar tempo e evitar erros de atenção em contas. Temos duas razões comparativas: 30,0 𝑔 30,0 𝑚𝐿 𝑒56,0 𝑔 70,0 𝑚𝐿 Conseguimos perceber que a primeira razão é maior que a segunda, logo a água é mais densa. Consequentemente, a fase aquosa azulada estará depositada ao fundo do recipiente. Gabarito: D (FGV SP/2013) Em um experimento na aula de laboratório de química, um grupo de alunos misturou em um recipiente aberto, à temperatura ambiente, quatro substâncias diferentes: ESTRATÉGIA VESTIBULARES – A MATÉRIA E SUAS TRANSFORMAÇÕES AULA 00 – A MATÉRIA E SUAS TRANSFORMAÇÕES 49 Nas anotações dos alunos, consta a informação correta de que o número de fases formadas no recipiente e sua ordem crescente de densidade foram, respectivamente: a) 2; mistura de água e etanol; mistura de grafite e polietileno. b) 3; polietileno; mistura de água e etanol; grafite. c) 3; mistura de polietileno e etanol; água; grafite. d) 4; etanol; polietileno; água; grafite. e) 4; grafite; água; polietileno; etanol. Comentários: A água e o etanol são miscíveis – formam uma única fase –, os outros materiais em pó formarão uma fase cada, assim, o número de fases total será: 1 fase para polietileno em pó, 1 fase para água e etanol e 1 fase para grafite em pó. Somente com essa análise já conseguimos saber que a resposta correta é o item B, pois é a única opção que apresentou as fases corretamente. Porém, a fim de determinar a ordem crescente de densidade, iremos calcular a densidade da mistura água e etanol. 𝑑á𝑔𝑢𝑎+𝑒𝑡𝑎𝑛𝑜𝑙 = massaá𝑔𝑢𝑎+ massa𝑒𝑡𝑎𝑛𝑜𝑙 volumeá𝑔𝑢𝑎+ volume𝑒𝑡𝑎𝑛𝑜𝑙 𝑑𝑒𝑛𝑠𝑖𝑑𝑎𝑑𝑒 = 𝑚𝑎𝑠𝑠𝑎 𝑣𝑜𝑙𝑢𝑚𝑒 𝑚𝑎𝑠𝑠𝑎á𝑔𝑢𝑎 = 1,0 𝑔 𝑚𝐿 ∙ 20 𝑚𝐿 = 20 g (sabendo que 1 mL = 1 cm3) 𝑚𝑎𝑠𝑠𝑎𝑒𝑡𝑎𝑛𝑜𝑙 = 0,8 𝑔 𝑚𝐿 ∙ 5 𝑚𝐿 = 4 g 𝑑á𝑔𝑢𝑎+𝑒𝑡𝑎𝑛𝑜𝑙 = 20 𝑔+ 4 𝑔 20 mL+5 mL = 0,96 𝑔/𝑚𝐿 Assim, a ordem crescente de densidade será: dpolietileno (0,9 g/cm3) < dágua e etanol (0,96 g/cm3) < dgrafite (2,3 g/cm3) Gabarito: B (CEFET MG/2016) Em uma aula prática de Ciências os alunos analisaram um líquido de identidade desconhecida. Inicialmente verificaram a existência de uma única fase. Em seguida, determinaram a densidade, a temperatura de ebulição e a massa residual após a evaporação de 100 mL do líquido. A tabela abaixo evidencia os resultados das análises: ESTRATÉGIA VESTIBULARES – A MATÉRIA E SUAS TRANSFORMAÇÕES AULA 00 – A MATÉRIA E SUAS TRANSFORMAÇÕES 50 Com base nos resultados, o líquido em questão é uma a) substância simples. b) substância composta. c) mistura heterogênea. d) mistura homogênea. Comentários: O material não possui temperatura de ebulição definida, portanto não pode ser uma substância. Como o líquido analisado apresenta uma única fase, logo, se trata de uma mistura homogênea. Gabarito: D (UNESP SP/2015) Alguns historiadores da Ciência atribuem ao filósofo pré-socrático Empédocles a Teoria dos Quatro Elementos. Segundo essa teoria, a constituição de tudo o que existe no mundo e sua transformação se dariam a partir de quatro elementos básicos: fogo, ar, água e terra. Hoje, a química tem outra definição para elemento: o conjunto de átomos que possuem o mesmo número atômico. Portanto, definir a água como elemento está quimicamente incorreto, porque trata-se de a) uma mistura de três elementos. b) uma substância simples com dois elementos. c) uma substância composta com três elementos. d) uma mistura de dois elementos. e) uma substância composta com dois elementos. Comentários: A água apresenta fórmula definida por H2O contendo 2 elementos químicos e 3 átomos, sendo 2 átomos de hidrogênio e 1 átomo de oxigênio por molécula. A fórmula da água apresenta dois elementos químicos em sua composição, logo é classificada como substância composta. Gabarito: E (UFGD MS/2015) Os elementos químicos que estão representados na tabela periódica podem se unir por meio de ligações químicas, para formar diversas substâncias. As diversas moléculas existentes podem ser chamadas de substâncias e classificadas como substâncias simples ou compostas. No esquema abaixo, cada “bolinha” representa um átomo diferente. Conforme a quantidade de moléculas, substâncias simples e substâncias compostas, assinale a alternativa correta. ESTRATÉGIA VESTIBULARES – A MATÉRIA E SUAS TRANSFORMAÇÕES AULA 00 – A MATÉRIA E SUAS TRANSFORMAÇÕES 51 a) 5 moléculas, 12 substâncias simples e 3 substâncias compostas b) 12 moléculas, 5 substâncias simples e 3 substâncias compostas c) 5 moléculas, 3 substâncias simples e 2 substâncias compostas d) 5 moléculas, 2 substâncias simples e 3 substâncias compostas e) 12 moléculas, 2 substâncias simples e 3 substâncias compostas Comentários: O sistema apresentado possui 5 moléculas, que são agrupamentos de átomos; 3 elementos químicos, que são os tipos de átomos; 12 átomos, que são as esferas totais; 3 substâncias simples, formadas por um único elemento químico; 2 substâncias compostas, que são formadas por elementos químicos distintos; e 5 substâncias diferentes que formam uma mistura. Lembrando que essa é uma representação microscópica, sendo assim, impossível, somente com esses detalhes, determinar se essa mistura é homogênea ou heterogênea. Gabarito: C 5. OS ESTADOS FÍSICOS Toda matéria é constituída de pequenas partículas e, dependendo do maior ou menor grau de agregação entre elas, ou seja, dependendo do quão próximas essas partículas estão, poderão ser encontradas em três estados físicos principais na natureza: sólido, líquido e gasoso. Esses estados físicos apresentam diferentes formas de empacotamento de suas partículas. Em geral, quanto mais próximas estiverem as partículas, maior a tendência de se encontrarem no estado sólido. Em contrapartida, quanto maior o grau de liberdade entre elas, maior a tendência de serem encontradas no estado gasoso. O grau de liberdade confere características macroscópicas como forma e volume. Cada um dos três estados de agregação apresenta características próprias, como o volume, a densidade e a forma, que podem ser alteradas pela variação da energia do sistema, através do aquecimento ou do resfriamento, por exemplo. Quando uma substância muda de estado físico, sofre alterações nas suas características macroscópicas (volume, forma etc.) e microscópicas (arranjo das partículas), não havendo, contudo, rompimento de ligações entre os átomos que compõem sua estrutura, ou seja, sem que haja alteração em sua composição. ESTRATÉGIA VESTIBULARES – A MATÉRIA E SUAS TRANSFORMAÇÕES AULA 00 – A MATÉRIA E SUAS TRANSFORMAÇÕES 52 SÓLIDO No estado sólido, as partículas se encontram bem próximas umas das outras. Essas partículas possuem apenas movimento vibracional, ou seja, oscilam entorno de um ponto de equilíbrio, o que confere a esse estado físico forma e volume definidos, bem como alta organização. No estado sólido, as partículas vibram com baixas velocidades, possuindo assim, baixa energia cinética média. Como as forças de atração entre as partículas são altas, esse é o estado de menor energia interna. LÍQUIDO No estado líquido, as partículas se encontram mais afastadas do que no estado sólido, executando movimentos vibracionais, rotacionais e translacionais de curto alcance com velocidade e energia cinética intermediárias. A existência de movimentos translacionais confere a esse estado físico uma forma variável. A razoável proximidade entre as partículas torna um líquido muito pouco influenciado pela pressão, ou seja, pouco compressível, pois é necessária uma pressão muito elevada para produzir uma redução de volume muito pequena. Como a energia cinética e as forças de atração entre essas partículas são intermediárias (medianas), o estado líquido apresenta energia interna também intermediária. GASOSO As partículas que um gás estão totalmente afastadas e apresentam grande movimentação (têm movimento vibracional,