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1 Biografia • Cordisburgo (MG), 1908-1967. • Foi médico e diplomata. • 1ª publicação: Sagarana (1946). • Seu mundo é o sertão mineiro. João Guimarães Rosa 2 Características • Termos que caíram em desuso; • Estrutura diferenciada de frases; • Neologismos; • Coloquialismo do sertão mineiro. O anjo de Hamburgo Grande sertão: veredas 1956 3 Ela era. Tal que assim se desencantava, num encanto tão terrível; e levantei mão para me benzer - mas com ela tapei foi um soluçar; e enxuguei as lágrimas maiores. Uivei. Diadorim! Diadorim era uma mulher Diadorim era mulher como o sol não acende a água do rio Urucuia, como eu solucei meu desespero. O senhor não repare. Demore, que eu conto. A vida da gente nunca tem termo real. Eu estendi as mãos para tocar naquele corpo, e estremeci retirando as mãos para trás, incendiável: abaixei meus olhos. E a Mulher estendeu a toalha, recobrindo as partes. Mas aqueles olhos eu beijei, e as faces, a boca. Adivinhava os cabelos. Cabelos que cortou com a tesoura de prata... Cabelos que, no só ser, haviam de dar para baixo da cintura... E eu não sabia por que nome chamar; eu exclamei me doendo: - Meu amor!... Aqui a estória se acabou. Aqui, a estória acabada. Aqui, a estória acaba. “O real não está no início nem no fim, ele se mostra pra gente é no meio da travessia”. “O correr da vida embrulha tudo. A vida é assim: esquenta e esfria, aperta e daí afrouxa, sossega e depois desinquieta. O que ela quer da gente é coragem”. “O senhor sabe o que é silêncio é? É a gente mesmo, demais”. Riobaldo Diadorim