Prévia do material em texto
Logística Em presarial M arcio A . H . Fedichina Código Logístico I000104 ISBN 978-65-5821-094-8 9 786558 210948 Logística Empresarial Marcio A. H. Fedichina IESDE BRASIL 2021 © 2021 – IESDE BRASIL S/A. É proibida a reprodução, mesmo parcial, por qualquer processo, sem autorização por escrito do autor e do detentor dos direitos autorais. Projeto de capa: IESDE BRASIL S/A. Imagem da capa: Golden Sikorka /Shutterstock Todos os direitos reservados. IESDE BRASIL S/A. Al. Dr. Carlos de Carvalho, 1.482. CEP: 80730-200 Batel – Curitiba – PR 0800 708 88 88 – www.iesde.com.br CIP-BRASIL. CATALOGAÇÃO NA PUBLICAÇÃO SINDICATO NACIONAL DOS EDITORES DE LIVROS, RJ F318L Fedichina, Marcio A. H. Logística empresarial / Marcio A. H. Fedichina. - 1. ed. - Curitiba [PR] : Iesde, 2021. 162 p. : il. Inclui bibliografia ISBN 978-65-5821-094-8 1. Logística empresarial. 2. Canais de distribuição - Administração. 3. Administração da produção. I. Título. 21-74104 CDD: 658.5 CDU: 005.936.43 Marcio A. H. Fedichina Doutor em Administração pela Universidade de São Paulo (USP). CEO, tendo atuado em diversas empresas nacionais e multinacionais de médio e grande porte (consultorias e treinamentos) e na coordenação e gestão de instituições de ensino. Professor universitário de cursos das áreas de administração e gestão em diversas instituições de Ensino Superior. Pesquisador, tendo vários trabalhos publicados em periódicos e congressos científicos, com ênfase em temas relacionados a produção e operações, à logística, às redes de suprimentos e aos simuladores organizacionais. Consultor ad hoc da Capes/MEC na Avaliação Quadrienal 2017. Avaliador de trabalhos da Agência de Inovação da USP, do International Conference on Information Systems and Technology Management (Contecsi), dos Seminários em Administração (Semead – FEA/USP) e da Revista Brasileira de Gestão de Negócios. SUMÁRIO Agora é possível acessar os vídeos do livro por meio de QR codes (códigos de barras) presentes no início de cada seção de capítulo. Acesse os vídeos automaticamente, direcionando a câmera fotográ�ca de seu smartphone ou tablet para o QR code. Em alguns dispositivos é necessário ter instalado um leitor de QR code, que pode ser adquirido gratuitamente em lojas de aplicativos. Vídeos em QR code! SUMÁRIO Agora é possível acessar os vídeos do livro por meio de QR codes (códigos de barras) presentes no início de cada seção de capítulo. Acesse os vídeos automaticamente, direcionando a câmera fotográ�ca de seu smartphone ou tablet para o QR code. Em alguns dispositivos é necessário ter instalado um leitor de QR code, que pode ser adquirido gratuitamente em lojas de aplicativos. Vídeos em QR code! 1 Logística e gestão da cadeia de suprimentos 9 1.1 Histórico, conceitos e importância 10 1.2 Fatores de complexidade logística e cadeia de valor 18 1.3 Elementos da gestão logística 24 2 Estratégia e competitividade na gestão logística 32 2.1 Estratégia e posicionamento na rede logística 32 2.2 Fluxos de informações, de bens e serviços 37 2.3 Fluxos puxados, empurrados e híbridos 45 2.4 Relacionamento na logística 47 2.5 Mapeamento dos processos logísticos 52 3 Recursos logísticos 63 3.1 Serviço ao cliente 63 3.2 Modais de transporte 71 3.3 Armazenagem e distribuição 79 3.4 Tecnologia de informação logística 90 3.5 Logística reversa 102 4 Gestão da demanda, suprimentos e estoques 108 4.1 Gestão da demanda 108 4.2 O efeito chicote e a coordenação da demanda 115 4.3 Suprimentos na logística 118 4.4 Estoques na logística 126 5 Medição de desempenho na logística 136 5.1 O que é medição de desempenho 136 5.2 Tipos de medição de desempenho logístico 143 5.3 Tendências em logística empresarial 149 6 Resolução das atividades 156 Esta obra objetiva discutir os principais conceitos da logística empresarial e a sua importância para o aumento competitivo das organizações. Os estudos da logística e da cadeia de suprimentos vão além dos mecanismos que envolvem o controle e a gestão. Eles necessitam que novos elementos sejam incorporados ao processo logístico, como a análise dos seus diversos elementos operativos (compras, recebimento, fluxo, movimentação, armazenagem, estocagem e distribuição), o alinhamento da estratégia empresarial com as políticas e os objetivos definidos, a proposta de competição e atendimento ao cliente (serviço ao cliente), o uso de tecnologias de informação e comunicação, o compartilhamento de dados, entre outros. O primeiro capítulo apresenta alguns conceitos da gestão logística e da cadeia de suprimentos, bem como de cadeia de valor, e os principais elementos que compõem o gerenciamento das operações logísticas empresariais. O segundo capítulo trata das atividades logísticas e do fluxo operacional, procurando focar o posicionamento estratégico e o alinhamento com as operações, os modelos de fluxos puxado, empurrado e híbrido, o relacionamento com os parceiros de negócio e o mapeamento dos processos logísticos. O terceiro capítulo descreve os principais recursos logísticos (estratégicos e operacionais) presentes na gestão da logística empresarial. Também apresenta os recursos relacionados ao serviço ao cliente, os principais tipos de modais de transporte, a armazenagem e distribuição, a tecnologia envolvida na logística e a logística reversa. Outros elementos da gestão logística e da cadeia de suprimentos, como a gestão da demanda, os suprimentos e os estoques, são apresentados no quarto capítulo. Também são abordadas as causas da variabilidade da demanda, os problemas de sincronização entre os parceiros (elos) da cadeia APRESENTAÇÃO Vídeo de suprimentos (efeito chicote), os fatores que influenciam as compras e algumas ferramentas de gestão e controle de estoques. O quinto capítulo discute a importância do uso de sistemas de medição de desempenho na logística. São descritos o conceito de medição de desempenho e a sua importância para a gestão das operações logísticas, os principais tipos de indicadores logísticos e algumas tendências da logística para o futuro. Gerenciar a logística na empresa, portanto, é um importante elemento na gestão eficiente das organizações, por ser um dos principais responsáveis pela melhoria contínua dos processos e pelo aumento competitivo empresarial no mercado. Bons estudos! Logística e gestão da cadeia de suprimentos 9 1 Logística e gestão da cadeia de suprimentos Desde o início da civilização, o ser humano sempre procurou comer- cializar os seus produtos da melhor maneira, buscando atender e satisfa- zer aos seus clientes. Quanto melhor era a oferta de produtos (qualidade, preço, prazo de entrega, condições físicas da mercadoria, entre outros), maiores eram as possibilidades de venda e de lucros. Imagine um camponês que tem uma pequena propriedade rural, si- tuada nos arredores de uma cidade. Ele planta hortaliças e verduras, além de criar aves poedeiras. Todas as manhãs, ainda de madrugada, ele colhe os hortifrutigranjeiros, carrega-os em seu veículo, e os leva para vender na feira da cidade. O camponês sempre oferta produtos frescos e colhidos no dia, ele é conhecido por comercializar produtos de ótima qualidade, o que garante o seu sucesso nas vendas e o reconhecimento dos clientes. Essa, portanto, é a essência fundamental da logística: ofertar produtos e serviços, de acordo com as expectativas e as necessidades dos consumi- dores. Assim, este capítulo apresenta os principais conceitos da logística e da cadeia de suprimentos e fornece alguns dos elementos fundamentais que compõem o processo de gestão nas organizações. Bons estudos! 10 Logística Empresarial 1.1 Histórico, conceitos e importância Vídeo A logística e a gestão da cadeia de suprimentos consistem em al- gumas das atividades mais antigas da humanidade. Ao longo do tem- po, elas foram sendo aperfeiçoadas e aprimoradase se mostraram, cada vez mais, importantes elementos de apoio às operações e aos processos de atendimento ao cliente. Mesmo nas guerras, a logística é muito importante, pois é a respon- sável pelo sistema de abastecimento das tropas que estão em com- bate. Por exemplo, o fornecimento de pessoas (médicos, enfermeiros, cozinheiros, religiosos etc.), medicamentos, alimentos, estoque de mu- nição e informação é um dos principais fatores que podem influenciar a vitória ou a derrota em uma batalha. Esse sistema (cadeia) de abaste- cimento nas guerras, muitas vezes, é denominado de sistema de apoio ou de intendência. Em uma das guerras mais conhecidas, a Guerra da Independência norte-americana, a derrota britânica é atribuída muitas vezes a fa- lhas logísticas na cadeia de suprimentos durante a operação. Como os suprimentos vinham da Inglaterra, eles demoravam para chegar, e o exército inglês não conseguia repor os suprimentos (munições e alimentos) necessários às tropas. Em outro exemplo, na Segunda Guerra Mundial, a logística teve papel fundamental no desembarque na Europa ao promover um sistema sincronizado de ataque pelas tro- pas aliadas (CHRISTOPHER, 2011). 1.1.1 Conceitos e fundamentos De acordo com Taylor (2005, p. 322), a cadeia de suprimentos con- siste em uma “rede de instalações e rotas de transporte que trans- formam matérias-primas em produtos acabados e os entregam aos consumidores”. Ao mesmo tempo, para Simchi-Levi et al. (2003, p. 27), a gestão da cadeia de suprimentos é um conjunto de abordagens utilizadas para integrar eficien- temente fornecedores, fabricantes, depósitos e armazéns, de forma que a mercadoria seja produzida e distribuída na quanti- dade certa, para a localização certa e no tempo certo, de forma a minimizar os custos globais do sistema ao mesmo tempo em que atinge o nível de serviço desejado. • Conhecer o histórico e os principais conceitos relacionados à logística. • Reconhecer a impor- tância da logística e da cadeia de suprimentos para a competitividade organizacional e para o aumento da eficiência das operações empresariais. Objetivos de aprendizagem Logística e gestão da cadeia de suprimentos 11 A figura a seguir ilustra a estrutura de uma cadeia de suprimentos típica. Figura 1 Cadeia de suprimentos típica Fonte: Adaptada de Corrêa, 2010, p. 27. Mercado e ambiente global Fornecedores Concorrentes Fabricantes Ambiente competitivo Organização Distribuidores e varejistas Clientes U suários Fluxo de bens e serviços Fluxo de informação Fluxo financeiro Observe, na Figura 1, que uma cadeia de suprimentos é formada por diversos parceiros de negócio (elos) que necessitam interagir en- tre si para que seus produtos e serviços possam ser consumidos pelo cliente (usuário). O fluxo de bens e o monetário transitam no mesmo caminho, mas em sentidos opostos. Enquanto o fluxo de bens segue o caminho dos fornecedores até o usuário (consumidor), passando pelos fabricantes, distribuidores e varejistas, o fluxo monetário segue o sentido oposto, partindo do consumidor, chegando até o fornecedor. Ao mesmo tem- po, as informações são trocadas entre os elos da cadeia, permitindo que os processos sejam integrados e que os fluxos (bens e monetário) ocorram de maneira eficiente. Basicamente, esse é o funcionamento de uma cadeia de suprimen- tos típica. Como exemplo, podemos citar uma cadeia de suprimentos do setor de pneus. O fornecedor extrai o látex das seringueiras e o envia para o fabricante tratar a borracha e desenvolver o pneu. Após a fabricação, os pneus são comercializados para os distribuidores e va- rejistas, que os estocam para o atendimento ao cliente. Este, por fim, adquire o pneu para o seu veículo, realizando o pagamento pelo produ- to, que abastece monetariamente todos os elos participantes e gera o compartilhamento de informações ao longo da cadeia de suprimentos. 12 Logística Empresarial O Council of Supply Chain Management Professionals (CSCMP, ou em tradução livre, conselho de profissionais de gerenciamento da ca- deia de suprimentos), a principal entidade mundial sobre logística e cadeia de suprimentos, define a logística como “a parte da gestão da cadeia de suprimentos que planeja, implementa e controla o fluxo eficiente e eficaz de recebimento, entrega e armazenamento de produtos, ser- viços e informações, entre o ponto de origem e o de destino, com a finalidade de atender às necessidades dos clientes” (CSCMP..., 2021, tradução nossa). Os conceitos de Taylor (2005), Simchi-Levi et al. (2003) e do CSCMP são completos e denotam as principais características da cadeia de su- primentos e da logística. No entanto, é importante ressaltarmos que as funções logísticas em uma empresa ultrapassam as atividades re- lacionadas à preocupação evidente no fluxo de mercadorias (entrada, armazenagem e saída). Elas também promovem a intensa troca de in- formações entre os parceiros de negócio, estabelecendo um melhor relacionamento entre eles. Resumidamente, logística consiste no uso conjunto de ferramen- tas, técnicas, metodologias e conhecimentos, com vistas a subsidiar a gestão e o fluxo de recebimentos de insumos, movimentação e arma- zenagem de mercadorias, estocagem de produtos e distribuição. A fi- gura a seguir ilustra a evolução do pensamento logístico. Figura 2 Evolução do pensamento logístico Al ek sa nd r B ry lia ev /S hu tte rs to ck (Continua) ERA DO "CAMPO AO MERCADO" ATÉ OS ANOS 1940 ANOS 1940 – 1960 ERA DA ESPECIALIZAÇÃO • Economia agrária. • Começou no início do século XX, quando a principal atividade consistia no transporte para o escoamento da produção agrícola. • Ênfase nos desempenhos funcionais. • Sofreu influência militar, pois havia a necessidade do armazenamento e transporte de armas, munições, produtos de saúde e alimentos no campo de batalha. A preocupação dessa era consistia no abastecimento adequado das tropas – função muito importante para o sucesso das batalhas. Logística e gestão da cadeia de suprimentos 13 ERA DA INTEGRAÇÃO INTERNA ERA DO SUPPLY CHAIN ANOS 1960 – 1970 MEADOS DOS ANOS 1980 ATÉ OS DIAS ATUAIS ANOS 1970 ATÉ MEADOS DE 1980 ERA DO FOCO NO CLIENTE • Funções integradas. • Denominada era das funções integradas, a questão logística começou a ser analisada conjuntamente com as outras operações da empresa. Uma visão mais sistêmica da organização começou a ser observada, e as atividades de estoque, manufatura e distribuição passaram a ser consideradas. É tida a era que dá início aos estudos logísticos. • Logística como diferenciação. • É considerada uma era em que a logística passa a ser uma questão estratégica nas empresas. O avanço da tecnologia de informação e comunicação e os processos de integração dos mercados possibilitaram o desenvolvimento do pensamento relacionado a uma gestão da cadeia de suprimentos integrada (ou Supply Chain Management – SCM). Com isso, novas perspectivas de alcance de maior competitividade no mercado passaram a considerar a logística e o SCM nesse contexto. • Busca por eficiência. • Refere-se ao uso de metodologias quantitativas nas funções logísticas. Questões como o desempenho, a produtividade e os custos da operação (estoques, por exemplo) passaram a ser consideradas e estudadas, principalmente em cursos de gestão e administração. Fonte: Elaborada com base em Fleury et al., 2000. O SCM é considerado um importante método de gestão das organi- zações modernas. As empresas verificaram que não era mais possível a busca pela maior produtividade interna se os outros parceiros de ne- gócio não estavam sendo produtivos. Assim, conceitos que envolvem a logística e o SCM, como o comakership (gestão do relacionamento com o cliente), as alianças estratégicas, as subcontratações e a distribuição por diversos canais, são elementos importantes que desafiam as orga- nizações a serem competitivas no atual momento. Nas empresas, as operações logísticas representam significativa participaçãonos seus custos totais – entre 5% e 35% do faturamento bruto (BOWERSOX; CLOSS, 2001). Dessa maneira, a logística e a gestão 14 Logística Empresarial da cadeia de suprimentos constituem um importante mecanismo com- petitivo para as organizações. Ao desenvolver maior integração dos fluxos e das operações (de bens e de serviços) entre os seus diversos parceiros de negócio, pro- movendo o relacionamento entre eles e gerenciando conjuntamente os processos, a gestão da cadeia de suprimentos e a logística se tornam relevantes para que as empresas consigam aumentar a sua capacidade de competição no mercado. 1.1.2 Fases do processo logístico As principais fases do processo logístico envolvem as atividades mais relevantes que estão relacionadas ao fluxo das mercadorias na empre- sa. É importante destacarmos que essas fases podem ser divididas em outras subpartes, dependendo das características do produto ou dos ob- jetivos da empresa. A figura a seguir ilustra essas principais dimensões. Figura 3 Fases do processo logístico m at sa be /S hu tte rs to ckSUPRIMENTO Conferência (quantidade, estado físico, qualidade, configuração, especificações e prazos) da mercadoria que chega à empresa. Atividade importante para garantir que erros no recebimento sejam comunicados e que haja procedimentos relacionados à devolução ou ao abatimento dos problemas verificados. A adoção de processos rígidos de controle do recebimento evita a ocorrência de diversos problemas nos processos logísticos seguintes. MOVIMENTAÇÃO Movimentação das mercadorias de modo eficiente, para que não ocorram acidentes com os produtos ou as pessoas. Para isso, o adequado uso de equipamentos e maquinários é necessário, uma vez que evita problemas e gera operações seguras no fluxo de produtos até o armazém. Quando possível, é recomendável que a empresa utilize processos automatizados e que estes sejam padronizados nessas tarefas. ARMAZENAGEM Estocagem ordenada dos produtos. A organização é fundamental nessa fase do processo, pois ela garante que os produtos sejam classificados, ordenados e dispostos em uma sequência lógica e de fácil localização; por exemplo, a disposição de produtos nas gôndolas, separados por critérios como a maior ou menor circulação, prazo de validade, espaço ocupado, entre outros. (Continua) Logística e gestão da cadeia de suprimentos 15 PICKING OU SEPARAÇÃO Separação das mercadorias de acordo com os pedidos do cliente. O processo de separação depende fundamentalmente das dimensões anteriores para que seja operacionalizado de maneira eficiente. O uso de softwares de gestão dessa fase também é importante, visto que gera confiabilidade e eficiência ao processo. DISTRIBUIÇÃO Entrega das mercadorias ao cliente. Assim como a separação, esta fase necessita que as anteriores sejam eficientemente organizadas e integradas. Tarefas relacionadas a essa dimensão, como a checagem da documentação, das quantidades corretas, dos trajetos a serem percorridos, dos prazos combinados etc., são algumas ações importantes a serem consideradas. Fonte: Elaborada pelo autor. Assim, a logística é muito importante para a competitividade das or- ganizações, pois ela consiste na integração de ações que visam entregar os produtos e serviços corretos, na localidade certa, em perfeito estado físico e no tempo combinado. Ela contribui decisivamente para o plane- jamento, a organização e a administração do fluxo de produtos e servi- ços, desde o seu recebimento até o momento da entrega ao cliente final. 1.1.3 Importância da logística Gerenciar a logística na organização é uma atividade fundamental para o desenvolvimento e a melhoria dos processos operacionais rela- cionados ao fluxo de produtos e serviços. A Figura 4 ilustra os principais objetivos ao se criar uma estratégia logística e os principais benefícios proporcionados por ela. Figura 4 Objetivos e benefícios da estratégia logística Objetivos Otimização do capital Melhoria dos processos Redução de custos im Gh an i/S hu tte rs to ck Benefícios Melhoria dos serviços prestados Maior visibilidade dos processos Aumento da rentabilidade Fonte: Elaborada pelo autor. 16 Logística Empresarial Desenvolver o conhecimento em logística, portanto, significa desen- volver uma estratégia competitiva empresarial que objetiva principal- mente a otimização do capital monetário investido, por meio do uso de métodos e técnicas que reduzem a dependência por armazéns e estoques; a melhoria contínua dos processos (serviços de recebimento, estocagem, movimentação e de entrega das mercadorias); e a conse- quente redução dos custos da operação. Com isso, um bom gerenciamento logístico permite à organização conseguir alcançar níveis elevados de competitividade, em que os bene- fícios para ela são evidentes, como a melhoria dos serviços prestados, com maior agilidade e eficiência na operação; a maior visibilidade dos processos, por meio do acompanhamento direto nas operações, desde o recebimento até a distribuição; e o aumento da rentabilidade, por meio da otimização dos processos e da redução dos custos operacionais. Os objetivos e benefícios descritos permitem considerar que a utili- zação da logística nas empresas demanda a integração dos processos organizacionais – tanto internos quanto externos. Essa integração é denominada logística integrada; utiliza elementos de gestão conjunta de diversas áreas da empresa e de fora dela, como a integração com o marketing, as finanças, a manufatura, o pessoal, os fornecedores e os clientes. A figura a seguir ilustra um sistema logístico integrado. Figura 5 Sistema logístico integrado Fornecedores Logística integrada Marketing / finanças pessoal / manufatura ClientesRecebimento Fluxo de materiais Fluxo monetário Fluxo de informações Distribuição Fonte: Elaborada pelo autor. Desse modo, a logística integrada deve ser considerada um sistema, ou seja, um conjunto de elementos interligados, gerenciados de maneira Logística e gestão da cadeia de suprimentos 17 coordenada, com o propósito de atingir objetivos comuns da organiza- ção. Isso porque ela permite à empresa alcançar a excelência logística (redução de custos e melhoria do nível de serviço). Algumas dimensões da excelência logística podem ser citadas, como a busca pelo sucesso do cliente, a integração interna e externa, os processos com base no tempo, a mensuração de desempenho e o benchmarking 1 (FLEURY et al., 2000). A logística integrada também se caracteriza por apresentar basica- mente três ciclos de atividade principais, conforme mostra a Figura 6. O ciclo de suprimento refere-se às atividades caracterizadas pelo sistema de compras e de recebimento das mercadorias, incluindo a seleção dos fornecedores, a realização do pedido de compra, o transporte e o recebimento. O ciclo de apoio à manufatura envolve as ativi- dades que compõem a produção no caso dos fabricantes, ou o sistema de armazenamento dos produtos no caso dos distribuidores e va- rejistas. Esse ciclo fundamenta-se em auxiliar a gestão dos estoques, da movimentação in- terna dos materiais e do processo de separa- ção dos itens de acordo com os pedidos. Já o ciclo de distribuição física caracteriza-se por apresentar os principais elementos necessá- rios para a entrega das mercadorias ao cliente final. Ele envolve a determinação do tipo de transporte a ser uti- lizado, o trajeto, as distâncias a serem percorridas, o tempo do percur- so, o cumprimento dos prazos acordados e os custos envolvidos. Dessa maneira, a compreensão dos ciclos das atividades logísti- cas é essencial para o entendimento e a gestão dos processos logís- ticos na organização. A complexidade das operações organizacionais demanda que a análise logística aborde as atividades presentes nesses ciclos, procurando desenvolver um processo logístico mais ágil e consistente. Processos bem-sucedidos copiados de outros seto- res de negócio. Por exem- plo, o setor hospitalarrealiza benchmarking do setor hoteleiro, visando à melhoria no atendimento aos seus pacientes. 1 Figura 6 Ciclos de atividades logísticas Ci clo d e su pr im ent o Ciclo de apoio à m anufatura Ciclo de distribuição físic a seamuss/Shutterstock Fonte: Elaborada pelo autor com base em Bowersox; Closs, 2001. Assista ao vídeo O que é logística?, publicado pelo canal IFRO Câmpus Porto Velho Zona Norte. Ele traz alguns exemplos práticos para ampliar a sua reflexão sobre esse importante conceito. Disponível em: https://youtu.be/ OdGxTs6vgUQ. Acesso em: 6 ago. 2021. Vídeo https://youtu.be/OdGxTs6vgUQ https://youtu.be/OdGxTs6vgUQ 18 Logística Empresarial 1.2 Fatores de complexidade logística e cadeia de valor Vídeo Um dos principais propósitos da gestão logística e da cadeia de su- primentos consiste em entregar um pacote de valor que possa agregar tanto aos fornecedores quanto aos clientes. Ao mesmo tempo, geren- ciar a logística e a cadeia de suprimentos é uma tarefa complexa que exige a integração de diversos processos e operações. 1.2.1 Fatores de complexidade logística O entendimento sobre a cadeia de suprimentos e a logística pressu- põe a observação de que ela é um completo paradoxo. Ao mesmo tem- po que se constitui em uma das atividades econômicas mais antigas, refere-se também a um dos conceitos de gestão mais modernos. O que vem fazendo da logística um dos fundamentos de gestão mais moder- nos são basicamente dois conjuntos de mudanças: as mudanças eco- nômicas, que aumentam a necessidade por maior competitividade das organizações, e as mudanças tecnológicas, que viabilizam a efetividade das operações logísticas cada vez mais complexas (FLEURY et al., 2000). A complexidade logística é determinada pela ocorrência de diver- sos fatores que influenciam o modo de gerenciamento das operações logísticas empresariais. A figura a seguir mostra alguns desses fatores. Figura 7 Alguns fatores de complexidade logística Fa uz yS to re /S hu tte rs to ck Fatores de complexidade logística 1 2 3 6 5 4 Tecnologia da informação Velocidade no lançamento de produtos Organizações em rede Questão socioambiental Valorização do cliente Competição global Fonte: Elaborada pelo autor. • Estudar os principais fatores que influenciam a gestão da logística e da cadeia de suprimen- tos, com os desafios e as oportunidades. • Compreender a cadeia de suprimentos como um elemento de valor para as organizações. Objetivos de aprendizagem A proliferação de novos negócios e o aumento da competição global geram significativas influências no modo de gestão logística das organi- zações. A necessidade de desenvolvimento de novos mecanismos de ação e o estabelecimento de modelos que permitam a melhoria da efi- ciência das operações fazem com que as empresas tenham que conti- nuamente perseguir o aumento de sua competitividade (redução dos custos da operação, aumento da rentabilidade do negócio, melhoria nos processos, entre outros fatores). Por exemplo, corporações que atuam em diversos países necessitam flexibilizar as suas operações logísticas, adequando-as ao perfil competitivo específico de cada localidade. O avanço da tecnologia da informação (TI) proporciona a melho- ria (velocidade e precisão) da comunicação de dados e voz, permitindo a integração dos processos entre os elos da cadeia de suprimentos. Além disso, o desenvolvimento de novos equipamentos de movimenta- ção e transporte logístico tem auxiliado as operações de fluxo dos pro- dutos e serviços, viabilizando um melhor atendimento às necessidades dos clientes. Tecnologias como a internet de última geração utilizada na comunicação e a solução de uso da sobreposição de dois contêi- neres (denominada de double stack) em um mesmo vagão ferroviário são alguns exemplos de soluções tecnológicas que visam melhorar a eficiência das operações. Na Figura 8, temos um exemplo de sistema double stack; observe o uso de dois contêineres em um mesmo vagão e o potencial de redução de custos no transporte. Além disso, a cada dia, novos produtos e serviços são lan- çados em uma velocidade cada vez maior. O aumento da competitividade tem gerado novos desafios para as em- presas; com o surgimento veloz de novos produtos, rapidamente eles se tornam obsoletos e necessi- tam de atualizações e inovações. O lançamento de novas gerações de modelos de veículos, Maersk Line/Wikimedia Commons Logística e gestão da cadeia de suprimentosLogística e gestão da cadeia de suprimentos 1919 Figura 8 Sistema double stack 20 Logística Empresarial por exemplo, tem os seus prazos cada vez mais encurtados. Veículos que antigamente levavam muitos anos para serem remodelados, como alguns veículos antigos (a Kombi, por exemplo, que não teve mudanças em seu design por muitas décadas), hoje precisam passar por um face- lift (novo design), pelo menos, a cada três anos – como os veículos da Honda ou Toyota, que a cada três anos passam por um facelift e uma nova geração surge a cada cinco ou seis anos. Outro exemplo refere-se à quantidade de novos produtos de estética e beleza, com milhares de lançamentos a cada ano. A necessidade competitiva também fez com que as empresas bus- cassem se organizar em redes de negócio, para que pudessem otimi- zar as suas operações e focar suas atividades principais (essenciais). Hoje, diversos modelos de redes de organizações têm sido criados para atender a essas necessidades, como a marca Café do Cerrado, que con- siste em uma associação cooperativista de cafeicultores que trabalham em conjunto para o desenvolvimento da marca e das características únicas do café plantado naquela região (triângulo mineiro). Com a utilização mais intensa de recursos naturais e sociais, as empresas também necessitam, a cada dia, elaborar mecanismos que possam justificar o desenvolvimento de seu negócio em modelos sus- tentáveis e que promovam a conservação ambiental, além de ser socialmente aceitáveis. Um dos mecanismos atualmente desenvolvi- dos para esse fim é o Environmental, Social and Governance (ESG) 2 , ou melhores práticas ambientais, sociais e de governança corporativa. Trata-se de um conjunto de dados, transformados em métricas, que mostram que a empresa adota padrões e boas práticas com relação à sustentabilidade, ao socialmente consciente, ao respeito ambiental e à governança corporativa. O ESG promove as organizações responsáveis e projeta melhores perspectivas futuras para os negócios delas, princi- palmente considerando que as operações logísticas são fundamentais para o aumento competitivo no mercado. Por fim, a conquista dos clientes torna-se a cada dia um dos prin- cipais objetivos da organização. Atender o cliente da melhor manei- ra e procurar satisfazer às suas necessidades são desafios logísticos importantes e que devem ser considerados pelas empresas. Diversos negócios são criados na busca pela satisfação plena dos clientes, pro- porcionando a eles um novo relacionamento e uma nova experiência Para saber mais sobre o modelo de negócio da rede Café do Cerrado, acesse o link a seguir. Disponível em: https://www. cafedocerrado.org/index. php?pg=home. Acesso em: 6 ago. 2021. Saiba mais Clique no link a seguir para saber mais sobre o ESG. Disponível em: https://www. ecycle.com.br/esg/. Acesso em: 6 ago. 2021. 2 https://www.cafedocerrado.org/index.php?pg=home https://www.cafedocerrado.org/index.php?pg=home https://www.cafedocerrado.org/index.php?pg=home https://www.ecycle.com.br/esg/ https://www.ecycle.com.br/esg/ Logística e gestão da cadeia de suprimentos 21 de compra e uso dos produtos e serviços. Um exemplo é a empresa Salesforce 3 , que presta serviços nessa era do cliente. A compreensão sobre os fatores de complexidade logística é funda- mental para que a gestão da cadeia de suprimentos seja eficientemente administrada, gerando significativos ganhos (redução de custos, otimi- zação de operações,aumento da rentabilidade, maior velocidade no fluxo de produtos e serviços, entre outros) a todos os elos participantes. 1.2.2 Cadeia de valor Gerenciar a logística e a cadeia de suprimentos significa desenvol- ver um conjunto de atividades integradas que visam entregar valor para fornecedores, clientes e acionistas. O conceito de cadeia de valor foi originalmente criado por Porter (1990), ao analisar que o nível compe- titivo da organização é determinado pelo valor que a cadeia de supri- mentos a que ela pertence efetivamente consegue entregar a clientes, fornecedores e acionistas. Para o autor, a cadeia de valor necessita se posicionar em uma das principais estratégias de competição: buscar a diferenciação do negócio por meio da oferta de custos mais baixos, foco ou pela agregação de valor ao produto ou serviço (qualidade) que seja reconhecido pelo cliente. A figura a seguir mostra a matriz de com- petitividade elaborada pelo autor. Figura 9 Vantagem competitiva de Porter Amplitude de mercado Origem de vantagem competitiva Liderança em custo Diferenciação Foco em custo baixo Foco em diferenciação Custo Mercado global Mercado específico Exclusividade Fonte: Adaptada de Bertaglia, 2003, p. 45. Clique no link a seguir para saber mais sobre a empresa Salesforce. Disponível em: https://www. salesforce.com/br/. Acesso em: 6 ago. 2021. 3 https://www.salesforce.com/br https://www.salesforce.com/br 22 Logística Empresarial As estratégias genéricas elaboradas por Porter (1990) descrevem uma orientação sobre como as organizações devem se posicionar para conse- guirem competir no mercado. Caso a vantagem competitiva seja focada no custo, a empresa necessita desenvolver uma liderança em baixo cus- to (mercado global) ou focar as suas estratégias no custo mais baixo do mercado (mercado específico). Em contrapartida, caso a organização desenvolva uma estratégia de diferenciação, ela necessita que a sua ca- deia de suprimentos seja caracterizada por agregar valor aos produtos e serviços no mercado global, ou atender o consumidor de mercados específicos por meio da diferenciação customizada a esses mercados. Assim, a logística e o SCM estão intimamente ligados à criação de valor, a qual está relacionada a duas premissas principais: tempo e lugar. Produtos e serviços não conseguem gerar valor, a menos que estejam no momento (tempo) e no lugar em que os clientes preferem consumi-los (BALLOU, 2001). Portanto, o principal objetivo da logística e do SCM consiste em maximizar o valor agregado geral. Para isso, é necessário que a cadeia de suprimentos alcance a rentabilidade no ne- gócio (lucros) em todos os seus parceiros (elos). A lucratividade em uma cadeia de suprimentos é a diferença entre a receita gerada pelo cliente e os custos envolvidos nos elos em todo o processo que originou o pedido do cliente. A figura a seguir mostra os principais atores da cadeia de suprimentos, que são os responsáveis pela gestão das receitas e custos no SCM. Figura 10 Principais atores do SCM Fornecedores de materiais Prestadores de serviço Organização Clientes Vyacheslavikus/Shutterstock Fonte: Elaborada pelo autor. As operações realizadas por esses atores, muitas vezes, são inde- pendentes e representam os interesses da organização na busca pela excelência e criação de valor – e até a sua sobrevivência no mercado (BOWERSOX; CLOSS, 2001). Logística e gestão da cadeia de suprimentos 23 Os fornecedores de materiais consistem nos atores que são os res- ponsáveis pelo abastecimento das mercadorias (matérias-primas, in- sumos e recursos) com os menores custos para o funcionamento da cadeia de suprimentos. A organização é a responsável pelo processa- mento dos materiais em produtos acabados ou serviços que serão ofertados e comercializados aos clientes. Os clientes são os consumi- dores dos produtos acabados. Por fim, os prestadores de serviços são os responsáveis pela logística, pela distribuição, pelo assessoramento, pela consultoria e pelo apoio nas operações da cadeia de suprimentos. Dessa forma, a atuação desses atores é muito importante para tornar o processo logístico eficiente, com maior flexibilidade e assertividade no fluxo de mercadorias do fornecedor ao cliente. A figura a seguir ilustra as principais fases de decisão com potencial de gerar valor em uma cadeia de suprimentos. Figura 11 Fases de decisão em um SCM ESTRATÉGIA OU PROJETO DE CADEIA DE SUPRIMENTOS PLANEJAMENTO DA CADEIA DE SUPRIMENTOS OPERAÇÃO DA CADEIA DE SUPRIMENTOS Consiste na estruturação e na configuração da cadeia de suprimentos, ou seja, como ela será definida para os próximos anos. Com base nessa definição, são identificados e analisados quais recursos e processos serão alocados, como decisões sobre terceirização ou realização interna, localização da instalação (fábrica, armazém e centro de distribuição), capacidade da operação, centralização ou descentralização dos locais, modos de transporte, rotas a serem percorridas e o sistema de informação a ser utilizado. Um projeto de cadeia de suprimentos adequadamente configurado garante que os objetivos estratégicos sejam alcançados e gera valor ao produto ou serviço entregue ao cliente. Refere-se ao processo de planejamento da cadeia de suprimentos com base na configuração e nas limitações desenvolvidas no momento da definição estratégica do projeto. O objetivo principal dessa fase é procurar maximizar o valor gerado durante o período de planejamento – normalmente de três meses a um ano. O planejamento consiste em decisões sobre os mercados a serem atendidos, questões que envolvem a manufatura (subcontratações, por exemplo), políticas de armazenagem e estocagem e como os produtos ou serviços serão efetivamente comercializados (decisões de marketing e preços). Durante essa fase, é importante considerar os aspectos relacionados à incerteza, às mudanças do mercado e à posição dos concorrentes. Inclui definições de médio e longo prazos (ações e planos) e de curto prazo (definições operacionais e procedimentais). Consiste em ações realizadas no curto prazo (horas, dias ou semanas). As ações da operação são determinadas e fixas, pois já foram elaboradas e criadas nas fases de estratégia e planejamento. Nessa fase, ações são desempenhadas, como o controle dos estoques, dos pedidos (quantidade e prazos), dos tempos de entrega, dos meios de transporte e das reposições necessárias. Assim, o objetivo central é atender aos pedidos realizados pelos clientes de maneira a maximizar o desempenho das operações de atendimento. da vo od a/ Sh ut te rs to ck Fonte: Elaborada pelo autor com base em Chopra; Meindl, 2011. Assista ao vídeo Cadeia de valor (Porter) | o que é e as 04 dicas incríveis (para trabalhar do jeito certo!), publicado pelo canal Blog Abri Minha Empresa. Ele trata dos principais elementos da cadeia de suprimentos com potencial para gerar valor aos clientes. Disponível em: https://youtu.be/ QkiFJ6Fyiy0. Acesso em: 6 ago. 2021. Vídeo https://youtu.be/QkiFJ6Fyiy0 https://youtu.be/QkiFJ6Fyiy0 24 Logística Empresarial Para que uma logística seja eficientemente gerenciada, é muito im- portante que ela esteja inserida dentro do contexto da gestão da ca- deia de suprimentos. Assim, o SCM necessita conter os aspectos que envolvem a gestão logística, para que os processos sejam eficientes e causem benefícios a todos os elos participantes. 1.3 Elementos da gestão logística Vídeo Nesta seção, trataremos especificamente dos principais elementos que compõem a gestão da logística nas organizações. Muitas vezes, esta consiste na integração de diversos processos e ações que visam melhorar o fluxo de materiais, desde o fornecedor até o consumidor final. Entretanto, primeiro, vamos entender o conceito de gestão. A gestão empresarial consiste em uma ciência social aplicada rela- cionada aos conhecimentos necessáriospara a administração de uma empresa, com o propósito de alcançar os objetivos e as metas determi- nados. Basicamente, uma empresa é constituída de recursos organiza- cionais, que são os responsáveis por representar os principais aspectos que envolvem um negócio, conforme mostra a figura a seguir. Recursos organizacionais Administrativos Gestão administrativa Operacionais Produção, logística e operações Financeiros Capital financeiro empregado na empresa Pessoais/Humanos Pessoas e comportamentos Mercadológicos Mercado interno e externo Fa uz yS to re /S hu tte rs to ck Figura 12 Principais recursos organizacionais Fonte: Elaborada pelo autor. 1 2 3 4 5 • Conhecer os princi- pais fatores-chave de desempenho logístico. • Compreender que os fatores-chave são fundamentais para que a gestão da logística e da cadeia de suprimentos seja realizada de manei- ra eficiente e competitiva pelas empresas. Objetivos de aprendizagem Logística e gestão da cadeia de suprimentos 25 Gerenciar uma organização, portanto, envolve o desenvolvimento e o trabalho do planejamento (planejar ações relativas ao futuro, isto é, as próximas ações), da organização (estabelecer ordens de atividades e processos), da direção e execução (conduzir as ações, garantindo que o que foi planejado seja executado de maneira eficiente) e do controle e avaliação (analisar os resultados e as proposições de alteração ou melhoria). Essas são as principais funções do ato de administrar ou ge- renciar uma empresa. Assim, realizar uma gestão eficiente na organização consiste em ações integradas nos vários setores da empresa, por meio da associa- ção dos processos, das atividades e das informações, proporcionan- do uma visão sistêmica e objetiva das operações que apontem para o trajeto desejado. Com isso, uma adequada gestão consegue tomar decisões assertivas que geram potencial de crescimento do negócio. Nesse sentido, a gestão logística é o gerenciamento do processo integrado que combina as diversas ações e atividades relacionadas ao fluxo de materiais, do fornecedor ao consumidor final, em uma cadeia de suprimentos. 1.3.1 Fatores-chave de desempenho Alguns fatores-chave de desempenho logístico e da cadeia de supri- mentos são importantes. A figura a seguir mostra os principais. Figura 13 Fatores-chave de desempenho Fonte: Elaborada pelo autor. Fatores-chave de desempenho Instalações Estoque Transporte Informação Compras – sourcing Precificação – pricing 26 Logística Empresarial Vamos conhecer, em detalhes, cada um desses fatores-chave de de- sempenho logístico da cadeia de suprimentos, com base em Chopra e Meindl (2011). As instalações referem-se aos locais físicos e às estruturas onde os produtos são fabricados, montados ou armazenados. Observe na figura a seguir a importância dos diferentes tipos de instalações para o desempenho logístico. Figura 14 Tipos de instalações M ac ro ve ct or /S hu tte rs to ck A decisão sobre as instalações está ligada à sua localização, à capa- cidade da infraestrutura e à sua flexibilidade. Esses aspectos influen- ciam diretamente o desempenho logístico e da cadeia de suprimentos. Um atacadista, por exemplo, deve decidir entre ter diversos pontos de atendimento (melhoria no atendimento) espalhados e próximos aos clientes e reduzir sua eficiência operacional (pelo maior número de lo- cais), ou centralizar a sua distribuição em apenas um local (menor nível de atendimento), com maior eficiência. O estoque consiste em todos os materiais necessários, desde o re- cebimento da mercadoria, passando pelo processo de movimentação e transformação, até o momento de sua armazenagem e posterior embar- que para a distribuição (na empresa e em sua cadeia de suprimentos). As políticas de estoque podem influenciar a eficiência das opera- ções, pois a estratégia adotada – manter altos estoques para atender às necessidades do cliente, ou manter menos estoques para melhorar os custos de armazenagem – faz com que a organização desenvolva a sua competência competitiva de acordo com os objetivos traçados. Na Figura 15, observe a disposição dos estoques em um centro de distribuição. A organização, por meio da otimização da estoca- gem, estrutura o processo de armazenagem em sistemas elevados, em que os estoques podem ser agrupados em prateleiras sobre- postas, aproveitando os espaços com maior eficiência. Ao mesmo tempo, o uso de equipamentos como empilhadeiras, sistemas de elevação, carrinhos de movimentação etc. é necessário para tornar o processo de depósito e retirada mais eficiente. Uma das maiores re- des varejistas do mercado de vestuário, a espanhola Zara, é um dos principais exemplos de como o gerenciamento dos estoques gera vantagem competitiva para a empresa. Veja mais sobre o sistema de estoque e operações da Zara no link a seguir. Disponível em: https:// analistamodelosdenegocios.com. br/modelo-de-negocio-da-zara/. Acesso em: 6 ago. 2021. Saiba mais Figura 15 Armazém com produtos em estoque Maha Heang 245789/Shutterstock Logística e gestão da cadeia de suprimentosLogística e gestão da cadeia de suprimentos 2727 https://analistamodelosdenegocios.com.br/modelo-de-negocio-da-zara https://analistamodelosdenegocios.com.br/modelo-de-negocio-da-zara https://analistamodelosdenegocios.com.br/modelo-de-negocio-da-zara Com relação ao transporte, este envolve o processo de movimenta- ção do estoque de um ponto a outro dentro da organização ou da cadeia de suprimentos. Diversas combinações de transporte podem ser configu- radas (tipos de rotas, tipos de transporte/modais, entre outros), as quais influenciam a capacidade de movimentação da carga e a sua eficiência. Observe na Figura 16 os vários tipos de modais de transporte exis- tentes (rodoviário, marítimo, aéreo, ferroviário, dutoviário e internet). O uso de um modal, ou a combinação de dois ou mais deles, permite o aumento da capacidade de transporte e a melhora da eficiência da operação, com a redução dos custos envolvidos no processo. Uma das principais organizações cuja essência do seu negócio está funda- da no transporte de cargas é a FedEx 4 . A empresa, uma das maiores do mundo em transporte e movimentação de cargas, utiliza diversos sistemas e modais de transporte para aumentar a eficiência e a velo- cidade da sua operação. Já a informação consiste na identificação e na análise dos dados referentes a todo o processo logístico, que envolve as instalações, os estoques, o transporte, os custos, os preços, os fornecedores e os clien- tes. Ela é muito importante para o processo de gestão logística e da cadeia de suprimentos, pois é a responsável pela integração de dados Clique no link a seguir para conhecer mais sobre a FedEx. Disponível em: https://www.fedex. com/pt-br/home.html. Acesso em: 6 ago. 2021. 4 Suwin/Shutterstock 2828 Logística EmpresarialLogística Empresarial Figura 16 Tipos ou modais de transporte https://www.fedex.com/pt-br/home.html https://www.fedex.com/pt-br/home.html Logística e gestão da cadeia de suprimentos 29 e informações e pela padronização dos processos, ajustando-os ao mo- delo de negócio proposto. Figura 17 Informação na logística M ac ro ve ct or /S hu tte rs to ck Rastreamento das entregas Entregas rápidas e no momento certo Frete marítimo Armazém de produto Carga aérea Pacote Em bar que s Log ísti ca A Figura 17 mostra a importância da informação na integração das operações logísticas em uma cadeia de suprimentos. Ela tem a capaci- dade de processar dados que podem ser compartilhados por todos os elos do SCM, tornando as decisões mais rápidas e assertivas. O fator compras, ou sourcing, envolve o processo de aquisição de materiais e a busca pela fonte dos recursos que suprem as atividades de produção, estocagem e armazenamento, distribuição e análise de informações (também denominada em inglês de procurement). A figura ao lado mostra as compras e seu processo deintegração na organização e na cadeia de suprimentos. Decisões como realizar internamente ou terceirizar afetam a capacidade organiza- cional de responder eficientemente à demanda e sua relação de custos. Por exemplo, uma empresa que tem suas fábricas distantes, instaladas em países de baixo custo, reduz custos, mas tem as suas operações prejudi- Figura 18 Compras na logística Acesse o site ILOS para saber mais sobre a importância do sistema de informação logísti- ca para o aumento da competitividade. Disponível em: https://www.ilos. com.br/web/a-importancia-de- sistemas-de-informacao-para-a- competitividade-logistica/. Acesso em: 13 jul. 2021. Saiba mais Panchenko Vladimir/Shutterstock COMPRAS Leia o Capítulo 1 do livro Gestão da cadeia de suprimentos: estratégia, planejamento e operações. Ele traz importantes ele- mentos sobre a logística e a cadeia de suprimen- tos, com exemplos de empresas reais. CHOPRA, S.; MEINDL, P. 4. ed. São Paulo: Pearson Prentice Hall, 2011. Livro https://www.ilos.com.br/web/a-importancia-de-sistemas-de-informacao-para-a-competitividade-logistica https://www.ilos.com.br/web/a-importancia-de-sistemas-de-informacao-para-a-competitividade-logistica https://www.ilos.com.br/web/a-importancia-de-sistemas-de-informacao-para-a-competitividade-logistica https://www.ilos.com.br/web/a-importancia-de-sistemas-de-informacao-para-a-competitividade-logistica 30 Logística Empresarial cadas com relação ao atendimento ao mercado (maior demora no abas- tecimento). Outro exemplo são as empresas terceirizadas que buscam melhorar o sistema de resposta à demanda, sem que a redução de custos seja prejudicada; por exemplo, a empresa Flextronics 5 . Por fim, o fator precificação, ou pricing, envolve a determinação de quanto uma organização cobra pelos produtos e serviços. Estratégias que envolvem a precificação podem ser especificamente relacionadas à diferenciação do preço com o aumento da qualidade e a melhoria na resposta ao cliente, ou ao baixo custo, que envolve uma oferta de produtos e serviços com preços competitivos e mais acessíveis ao consumidor. Outras estratégias envolvem um sistema de precificação por meio do uso de diversos canais de atendimento (denominados de omnichannel) e o uso intensivo de dados e informações de compras dos clientes – considerando a Lei Geral de Proteção de Dados (LGPD). Esse é o caso do Alibaba 6 , uma das maiores empresas globais. Para administrar a logística e a cadeia de suprimentos de manei- ra adequada e competitiva, portanto, é muito importante que esses fatores-chave sejam considerados e presentes no processo de geren- ciamento das operações. Considerá-los e gerenciá-los adequadamen- te permite à organização ser eficiente nas suas atividades logísticas e, consequentemente, atender efetivamente o seu consumidor final. CONSIDERAÇÕES FINAIS A logística e a gestão da cadeia de suprimentos são atividades muito im- portantes para as operações de atendimento da empresa ao seu cliente. Assim, as organizações que objetivam o sucesso competitivo no mercado (interno e externo) passam a depender do relacionamento e da integração com os seus parceiros de negócio (fornecedores, terceirizados e clientes). Dessa maneira, o processo da logística empresarial exige que os adminis- tradores da organização desenvolvam características de gestão relativas à maior flexibilidade, agilidade e compreensão sobre as mudanças. Ao mesmo tempo, os avanços tecnológicos, isto é, o desenvolvimento de novos equipamentos de movimentação e criação de sistemas de con- trole de estoques e distribuição, têm proporcionado à logística e à gestão da cadeia de suprimentos nas empresas uma evolução contínua para no- vos patamares competitivos. Essa evolução permite às organizações con- seguir melhor estruturar os seus processos e desenvolver avanços para atender adequadamente aos seus consumidores. Clique no link a seguir para saber mais sobre o sistema de negócio da empresa Flextronics. Disponível em: https://www. istoedinheiro.com.br/flextronics- -a-maior-montadora-do-mundo/. Acesso em: 6 ago. 2021. 5 Clique no link a seguir para saber mais sobre a estratégia da empresa Alibaba. Disponível em: https://www.clien- tesa.com.br/artigos/68723/o-novo- -varejo-e-a-evolucao-dos-clientes. Acesso em: 6 ago. 2021. 6 https://www.istoedinheiro.com.br/flextronics-a-maior-montadora-do-mundo/ https://www.istoedinheiro.com.br/flextronics-a-maior-montadora-do-mundo/ https://www.istoedinheiro.com.br/flextronics-a-maior-montadora-do-mundo/ https://www.clientesa.com.br/artigos/68723/o-novo-varejo-e-a-evolucao-dos-clientes https://www.clientesa.com.br/artigos/68723/o-novo-varejo-e-a-evolucao-dos-clientes https://www.clientesa.com.br/artigos/68723/o-novo-varejo-e-a-evolucao-dos-clientes Logística e gestão da cadeia de suprimentos 31 Assim, a organização deve entender a logística e a cadeia de suprimen- tos em que está inserida, as quais consistem em um fundamento impor- tante para que as empresas sejam eficientes, competitivas e busquem a melhoria contínua em suas operações. ATIVIDADES Atividade 1 Explique por que a logística é considerada um paradoxo. Atividade 2 Qual é o impacto dos fatores de complexidade para a gestão da logística e da cadeia de suprimentos? Atividade 3 Por que compreender os fatores-chave de desempenho é impor- tante para a gestão logística? REFERÊNCIAS BALLOU, R. H. Gerenciamento da cadeia de suprimentos: planejamento, organização e logística empresarial. Porto Alegre: Bookman, 2001. BERTAGLIA, P. R. Logística e gerenciamento da cadeia de abastecimento. São Paulo: Saraiva, 2003. BOWERSOX, D. J.; CLOSS, D. J. Logística empresarial: o processo de integração da cadeia de suprimento. São Paulo: Atlas, 2001. CHOPRA, S.; MEINDL, P. Gestão da cadeia de suprimentos: estratégia, planejamento e operações. São Paulo: Pearson Prentice Hall, 2011. CHRISTOPHER, M. Logística e gerenciamento da cadeia de suprimentos. São Paulo: Cengage Learning, 2011. CORRÊA, H. L. Gestão de redes de suprimento: integrando cadeias de suprimento no mundo globalizado. São Paulo: Atlas, 2010. CSCMP Supply Chain Management Definitions and Glossary. CSCMP, 2021. Disponível em: https://cscmp.org/CSCMP/Educate/SCM_Definitions_and_Glossary_of_Terms.aspx. Acesso em: 6 ago. 2021. FLEURY et al. Logística empresarial: a perspectiva brasileira. São Paulo: Atlas, 2000. PORTER, M. E. Vantagem competitiva. Rio de Janeiro: Campus, 1990. SIMCHI-LEVI, D. et al. Cadeia de suprimentos: projeto e gestão. Porto Alegre: Bookman, 2003. TAYLOR, D. A. Logística na cadeia de suprimentos: uma perspectiva gerencial. São Paulo: Pearson Addison-Wesley, 2005. https://cscmp.org/CSCMP/Educate/SCM_Definitions_and_Glossary_of_Terms.aspx 32 Logística Empresarial 2 Estratégia e competitividade na gestão logística A gestão estratégica e competitiva da logística e da cadeia de supri- mentos (SCM) demanda que a organização atenda fundamentalmente às necessidades do cliente. A análise estratégica pressupõe que a compe- titividade de uma empresa e de sua cadeia de suprimentos é destacada pelos melhores procedimentos adotados, os mais eficientes e que geram maior valor agregado aos produtos e serviços oferecidos. Assim, pensar em estratégia e competitividade na gestão logísti- ca significa compreender e desenvolver mecanismos e processos que possibilitem o melhor fluxo dos produtos e serviços (menor tempo e cus- to e maior rapidez e agilidade) nas entregas ao cliente, proporcionando valor que seja efetivamente reconhecido e valorizado por quem consome. Este capítulo, portanto, visa descrever o sistema estratégico de com- petitividade logística e como o mapeamento dos processos deve ocorrer. O entendimento das estratégias logísticas é fundamental para a melhoria contínua dos processos e fluxos de produtos e serviços, tornando-os mais eficientes e valiosos ao cliente. 2.1 Estratégia e posicionamento na rede logística Vídeo O interesse na estratégia logísticae de gerenciamento da cadeia de suprimentos ou SCM (supply chain management, em inglês) tem se veri- ficado crescente nos meios tanto acadêmico quanto empresarial, cor- porativo. Essa preocupação com a logística e a sua cadeia constitui um dos principais elementos que compõem a experiência competitiva da organização no mercado. Ser competitivo, basicamente, significa atuar de maneira a atender às necessidades dos clientes (e ser valorizado por eles), por meio de desempenho superior à concorrência. Esse de- sempenho vale para os processos logísticos da organização e para os relativos à sua cadeia de suprimentos. Estratégia e competitividade na gestão logística 33 A gestão da logística e da cadeia de suprimentos demanda que a or- ganização desenvolva diversas ações planejadas e estratégicas, as quais visam analisar continuamente as operações e atividades realizadas. 2.1.1 Entendendo o que é estratégia e posicionamento Para que possamos compreender o papel da estratégia na com- petitividade logística, precisamos inicialmente entender o conceito de estratégia, que consiste em “realizar de maneira diferente as ativida- des que os concorrentes realizam e que, por conseguinte, geram uma vantagem competitiva” (BERTAGLIA, 2003, p. 37). Ao mesmo tempo, para Porter (1990, p. 22), a estratégia “de uma unidade empresarial é o cami- nho para a vantagem competitiva que determinará o seu desempenho”. Os conceitos apresentados mostram a importância da estratégia para as organizações, pois ela é o processo de adaptação, mudança, transformação e desenvolvimento de ações que visam aumentar o ní- vel competitivo e de excelência, agregando valor ao cliente e sustentan- do o negócio no longo prazo. A estratégia é materializada na empresa por meio de sua inser- ção em um plano estratégico, o qual é composto de diversos ele- mentos que norteiam suas ações em direção ao alcance dos seus objetivos. A figura a seguir ilustra alguns dos principais elementos de um plano estratégico. Figura 1 Elementos do plano estratégico Fonte: Elaborada pelo autor. af af .a sf /F au zy St or e/ Sh ut te rs to ck Análise dos ambientes interno e externo Missão, visão e princípios norteadores Objetivos Estratégias Prazos e responsáveis • Estudar os elementos que compõem o planejamento e a estratégia logística. • Distinguir os níveis de decisão estratégica e as principais etapas para a elaboração de uma estra- tégia logística e da rede de suprimentos. Objetivos de aprendizagem 34 Logística Empresarial Vamos conhecer esses principais elementos. A análise dos ambien- tes interno e externo é a análise do ambiente organizacional. Uma das principais ferramentas a ser utilizada nesse momento é a matriz SWOT 1 , a qual envolve a análise interna da organização (pontos fortes e fracos) e a externa (oportunidades e ameaças). Isso permite que a empresa conheça e entenda o seu ambiente de negócios e quais são as suas principais características que devem ser reforçadas ou mesmo melhoradas. O entendimento do seu ambiente de negócios permite à organização se posicionar melhor diante dos desafios e das oportuni- dades oferecidos pelo mercado. A missão é a razão de existência da empresa e quais os produtos ou serviços oferecidos por ela ao mercado. Possui um fundamento filosófico que norteia as ações organizacionais e posiciona-as com relação ao mercado de atuação. Já a visão é o posicionamento e o direcionamento dos rumos que a empresa está tomando e como ela pretende ser no médio e longo prazo. Retrata como a empresa se en- xerga nos próximos anos e décadas. Por fim, os princípios norteado- res são os valores que posicionam e orientam a organização em suas ações. A ética, a satisfação do cliente, o compliance, a valorização das pessoas, a melhoria contínua da qualidade, entre outros, são alguns exemplos de princípios. Os objetivos são o “lugar” onde a empresa quer chegar no futu- ro, ou seja, qual posição ela quer estabelecer. Servem como direcio- nadores da organização, fundamentando as ações, as atividades e os processos em determinado sentido e direção. Aumentar o faturamen- to, reduzir os custos operacionais, melhorar o relacionamento com os clientes e fornecedores, aumentar a eficiência do transporte e otimizar os estoques são alguns exemplos de objetivos a serem alcançados. Já as estratégias são as responsáveis pela determinação das ações e pelo desenvolvimento dos processos a serem realizados para o al- cance de objetivos e posições organizacionais estabelecidos. Portanto, consistem na operacionalização das atividades da empresa em direção aos objetivos traçados. Finalmente, os prazos são os momentos em que cada ação, ativi- dade e processo deve ser realizado, dentro de um planejamento inte- Sigla para strengths (pon- tos fortes); weaknesses (pontos fracos); opportunities (oportunida- des); e threats (ameaças). 1 compliance: atuação dentro de regras e pro- cedimentos aprovados e adequados interna e externamente. Glossário Estratégia e competitividade na gestão logística 35 grado e conjunto com as diversas áreas da empresa. Além dos prazos determinados, são estabelecidos os responsáveis (pessoas ou áreas) para o desenvolvimento dessas ações. Em uma organização, a estratégia e o posicionamento também po- dem ser divididos em, pelo menos, três níveis principais de decisão es- tratégica (Figura 2). O objetivo é distribuir as decisões em níveis que possam atender aos diversos objetivos da empresa. Definir o plano estratégico e, consequentemente, considerar a logística e a cadeia de suprimentos nesse contexto é fundamental para que a organização de- senvolva competência competitiva e melhore seus resultados. Figura 2 Níveis de decisão estratégica Trata-se de organizações que possuem mais de uma unidade de negócios, sendo direcionadas de acordo com as estratégias norteadoras da unidade central. Envolve a definição das ações que cada unidade de negócio deve realizar. Esse nível refere-se à maneira de gestão das unidades, por meio da análise com- petitiva junto aos seus fornecedores, clientes, concorrentes e ambiente de negócios. Envolve o menor nível, ou mais específico, em que são elaboradas as estratégias de operações, flu- xo, relacionamento na cadeia de suprimentos, armazenagem de produtos, distribuição e entrega, entre outros. Corporativa Competitiva Funcional Al ek sa nd r B ryl iae v/ Sh ut te rs to ck Fonte: Elaborada pelo autor com base em Corrêa, 2010. Em organizações menores, os três níveis de decisão estratégica po- dem não ser facilmente reconhecidos. No entanto, é importante que a pequena e a média empresa considerem, pelo menos, dois níveis de decisão: um mais relacionado às propostas da organização e outro di- recionado às ações específicas de cada área. 36 Logística Empresarial 2.1.2 Estratégia competitiva na logística e na cadeia de suprimentos Desenvolver uma adequada estratégia logística e de cadeia de supri- mentos, que possa ser competitiva, demanda algumas etapas a serem cumpridas para o entendimento e a caracterização dos produtos e servi- ços oferecidos pela empresa. Basicamente, esse entendimento permite que a organização consiga determinar a melhor estruturação de sua ca- deia de suprimentos, aprimorando as suas operações e aumentando a sua competitividade. A figura a seguir ilustra as principais etapas. Figura 3 Etapas de elaboração estratégica logística Etapa 1 Etapa 2 Etapa 3 Tipo de produto ou serviço Tipo de cadeia de suprimento Relação produto e cadeia de suprimento Vyac hes lav iku s/S hu tte rs to ck Fonte: Elaborada pelo autor com base em Corrêa, 2010. Na etapa 1 é importante que a organização reconheça o tipo de produto ou serviço ofertado ao mercado. Os produtos podem ser classificados em funcionais e inovadores. Os funcionais são aqueles consumidos no dia a dia, em geral, “commoditizados”, que as pessoas compram, por exemplo, de vários canais varejistas, comoprodutos de limpeza, de mercearia, chocolates, salgadinhos e combustíveis. Já os inovadores são aqueles diferenciados, com valor agregado relevante, lançados, em geral, com ciclo de vida mais curto e demanda menos previsível. São oferecidos ao consumidor atribuindo-lhes outras razões para comprá-los, além da questão do menor preço. Após a determinação da característica dos produtos ou serviços ofe- recidos, é importante entender os principais aspectos dos processos que os envolvem. Segue-se, então, à etapa 2. Como os produtos fun- cionais devem estar sempre disponíveis para o cliente, exigem que a cadeia de suprimentos seja pautada pela eficiência de seus processos. A sua demanda é contínua e relativamente prevista, portanto devem estar à disposição no momento exato de seu consumo e com os meno- commodity: produto comum e de baixo valor agregado. Glossário Estratégia e competitividade na gestão logística 37 res preços possíveis. Já os produtos inovadores requerem que a estru- tura da cadeia de suprimentos tenha a agilidade, flexibilidade e rapidez necessárias para o atendimento de um produto com demanda instável e imprevisível. Eles exigem uma cadeia de resposta mais rápida e que possa atender às situações inesperadas de sua demanda. Na etapa 3 é necessário estruturar a estratégia logística e da ca- deia de suprimentos mais adequada a cada tipo de produto ou serviço oferecido. Uma cadeia de suprimentos também pode ser considera- da uma rede de suprimentos, pois, em muitos casos, uma empresa relaciona-se com diversos parceiros de negócio diferentes (fornecedo- res, clientes e terceirizados), formando realmente uma grande rede de conexões e operações integrada. O quadro a seguir mostra a matriz de adequação dessa etapa. Quadro 1 Matriz de adequação Produto funcional Produto inovador Rede de suprimento eficiente Adequado Inadequado Rede de suprimento de resposta rápida Inadequado Adequado Fonte: Fischer, 1997 apud Corrêa, 2010, p. 39. O quadro mostra que a estratégia mais adequada para os produtos funcionais é a configuração de rede de suprimentos eficiente, pois per- mite que os processos e recursos sejam organizados de modo a reduzir custos e realizar as reposições e disponibilidades de produtos de maneira mais eficaz. Já a rede de resposta rápida é mais adequada aos produtos inovadores, pois possibilita que a rede de suprimentos seja mais flexível e adaptável, de acordo com uma demanda instável e incerta. Leia o Capítulo 2 do livro Gestão de redes de supri- mento: integrando cadeias de suprimento no mundo globalizado. Ele traz impor- tantes elementos sobre a logística e a cadeia de su- primentos, com exemplos de empresas reais. CORRÊA, H. L. São Paulo: Atlas, 2010. Leitura 2.2 Fluxo de informações, de bens e serviços Vídeo O fluxo logístico é a movimentação (interna e externa) dos recursos organizacionais, como os bens materiais, a informação e os valores fi- nanceiros, ao longo do SCM. A análise e o controle da movimentação desses recursos fazem com que as operações logísticas aconteçam de maneira efetiva, com todos os elos da cadeia verificando as vantagens e sustentando o negócio. 38 Logística Empresarial A gestão logística e da cadeia de suprimentos demanda que a iden- tificação e a análise dos fluxos logísticos sejam efetivamente verificadas e entendidas para a realização da melhor estratégia de ação. Esse processo envolve o desenvolvimento de diversas ações ope- racionais e estratégicas, devendo ser implementado para que os elos da cadeia obtenham os recursos necessários para a sustentabilidade (e sobrevivência) dos negócios. Esses recursos devem ser eficiente- mente planejados, organizados, gerenciados e controlados, para que os objetivos organizacionais sejam alcançados. Dessa maneira, estu- dar e compreender a relevância do gerenciamento dos fluxos logísti- cos dentro da cadeia de suprimentos consiste em identificar e analisar as principais atividades e operações presentes nela, gerenciando-as e dimensionando-as, com vistas a proporcionar a entrega de valor e o ganho competitivo do negócio. Compreender a logística e a cadeia de suprimentos pressupõe o fluxo que o cliente faz ao realizar a compra do produto ou serviço no varejo. O consumidor abastece o SCM com o fluxo monetário (o seu pagamento vai ser distribuído a todos os elos da cadeia de suprimen- tos). Em contrapartida, do outro lado da cadeia, o fornecedor disponi- biliza os bens ou serviços que fluirão pelos outros elos da cadeia até chegarem ao consumidor. Nesse processo logístico, a troca, tanto de informações quanto de bens e serviços, entre os elos deve ser eficiente e contínua. A figura a seguir apresenta os três principais tipos de fluxos dentro da logística e da cadeia de suprimentos. Figura 4 Principais fluxos da cadeia logística Vyacheslavikus/Shutterstock Bens e serviços Monetário Informação Fonte: Elaborada pelo autor. Vamos conhecê-los em maiores detalhes nas subseções a seguir. 2.2.1 Fluxo de bens e serviços Refere-se ao movimento de matérias-primas, componentes e pro- dutos acabados nos vários elos da cadeia de suprimentos. O objetivo principal da identificação, da análise e do controle do fluxo de bens e Aprender sobre os princi- pais tipos de fluxo logístico, desde a análise do sistema de movimentação até o posicionamento estratégico e competitivo que envolve a sua adoção. Objetivo de aprendizagem Estratégia e competitividade na gestão logística 39 serviços é que o produto ou serviço tenha o seu valor agregado a cada momento da cadeia de suprimentos, com os posteriores reconheci- mento e compra pelo cliente. O porte da empresa e o tamanho de sua rede de suprimentos não são considerados relevantes no processo de análise desse fluxo. Pelo contrário, as atividades e operações de como as mercadorias são adquiridas e movimentadas na empresa e, em seguida, vendidas e dis- tribuídas são aspectos muito importantes a serem adotados. A figura a seguir ilustra o fluxo de bens e serviços sob a perspecti- va de três dimensões principais: o sistema de compras, as operações internas (fabricação, movimentação e estocagem) e a distribuição do pacote de valor. Figura 5 Dimensões do fluxo de bens e serviços Compras Atividades Distribuição Fluxo de bens e serviços Vyac hes lav iku s/S hu tte rs to ck Fonte: Elaborada pelo autor. As compras (sistema de suprimento) são as atividades inerentes ao processo de aquisição de materiais (matérias-primas, componentes ou produtos) pela organização. Essas atividades, desde a requisição e compra até o abastecimento da mercadoria adquirida na empresa, en- volvem uma variada gama de processos de recebimento. No contexto 40 Logística Empresarial interno da organização, as compras ativam os processos de descarga e recebimento do material adquirido, sua movimentação e sua armaze- nagem (isto é, o espaço disponível e suas condições), as pessoas envol- vidas, o trajeto a ser percorrido, a quantidade de itens e o sistema de estocagem. Dessa forma, essa dimensão trata da movimentação das mercadorias, desde o fornecedor até a disponibilização eficiente, para que sejam utilizadas pela empresa. As atividades referem-se às operações realizadas internamente na empresa, relacionadas à movimentação, ao uso e ao manuseio das mercadorias compradas. Essa dimensão trata da movimentação e do controle dos produtos no recebimento, na movimentação, na armaze- nagem, no controle, na transformação (fabricação) e no preparo para a distribuição. O principal aspecto abordado nas atividades diz respeito ao alcance da eficiência do fluxo das mercadorias, com a redução de custos operacionais e a melhoria da movimentação das cargas. Por fim, a distribuição trata do processo de entrega do pacote de valor (de bens e serviços) ao consumidor final. Sua movimentação caracteriza-se por apresentar a locomoção das mercadorias, da estoca- gem na empresa até a entrega ao cliente. A organização efetivaa distri- buição das mercadorias por meio de diversos modos próprios (modais disponíveis) ou terceirizados. Outro aspecto importante é a ação inte- grada com o marketing, ao agregar valor aos pacotes oferecidos e en- tregues (tempo, prazo, custo, estado da mercadoria, entre outros). Esse fluxo refere-se à manufatura da mercadoria pelo fornecedor, a sua ar- mazenagem e a sua efetiva distribuição ao cliente que a adquiriu. 2.2.2 Fluxo de informação Caracteriza-se, na logística, por apresentar a troca de dados e in- formações entre os parceiros de negócio da cadeia de suprimentos. O fluxo é bidirecional, ocorrendo de um lado a outro, com vistas à in- tegração de informações que possam contribuir para a melhoria das operações e a redução dos custos do processo. A integração das in- formações permite que os elos da cadeia de suprimentos realizem, de maneira conjunta, o planejamento e o controle das operações, propor- cionando a busca pela sua coordenação conjunta e melhoria do pro- cesso de gestão logística. Estratégia e competitividade na gestão logística 41 O fluxo de informação inadequado gera descoordenação e falta de integração nas atividades, prejudicando o desempenho logístico. A fi- gura a seguir ilustra o fluxo de informação e o fluxo monetário (ou financeiro) dentro da cadeia de suprimentos. Figura 6 Fluxo de informação e fluxo financeiro na cadeia logística Cadeia de suprimentos Fluxo de informação Usuário final Gestão de informações: fornecedores, clientes, atividades internas e distribuição. Fluxo financeiro Fluxo financeiro Organização Fluxo financeiro Fluxo de bens Fluxo de bens Compras P&D Produção Logística Comercial Finanças Gestão estratégica da rede (projeto da rede, gestão de risco, alinhamento de incentivos) Fonte: Adaptada de Corrêa, 2010. Percebemos na figura que a troca contínua e em tempo real de informações possibilita a integração dos diversos elos da cadeia, permitindo que as operações e os processos possam ser coordena- dos de maneira eficiente. Veja, por exemplo, uma empresa fabricante de peças automotivas e sua distribuição para uma rede varejista de lojas. A troca de informa- ções entre elas permite que a organização realize um adequado plane- jamento de fabricação das peças, reduzindo os custos e melhorando a movimentação de seu material. Assim, todos os elos podem se bene- ficiar dos ganhos competitivos e gerar maior valor agregado ao cliente final. O impacto na melhoria das operações entre os elos da cadeia de suprimentos é significativo quando eles estão dispostos a trocar infor- mações e alinhar os processos operacionais. Outro importante elemento do fluxo de informação é o monitora- mento e controle das operações conjuntas. A integração da informação 42 Logística Empresarial permite que o controle do fluxo de produtos seja mais eficiente, desde a chegada da mercadoria, sua fabricação, estocagem até a distribuição. Dessa maneira, o fluxo adequado da informação é muito importan- te para a gestão logística, contribuindo para o funcionamento e a inte- gração das operações da cadeia de suprimentos. 2.2.3 Fluxo monetário É o responsável pelo abastecimento do dinheiro dentro da cadeia de suprimentos, permitindo que todos os elos possuam valor mone- tário para o seu funcionamento. Os elos da cadeia de suprimentos são empresas que possuem objetivos específicos a serem alcançados e que, portanto, necessitam que as suas atividades agreguem valor e rentabilidade aos negócios. Na Figura 6 vimos que o fluxo monetário parte da compra do produto ou serviço pelo cliente. Desse ponto em diante, por meio do pa- gamento do usuário final, outros elos recebem o valor monetário correspondente à sua participação no processo que agregou valor ao produto final. A compreensão do fluxo financeiro sugere que a cadeia de supri- mentos seja analisada dentro de uma visão sistêmica e estratégica, em que cada elo contribui com a sua parcela no desenvolvimento do valor do produto final. Dessa maneira, a participação de cada elo torna-se muito importante no processo de criação de valor, encarecendo-o ou reduzindo os seus custos, e está diretamente relacionada à competiti- vidade de toda a cadeia de suprimentos. 2.2.3.1 Custos de transação Consistem na análise financeira que envolve as transações entre produtos e serviços. Uma transação trata de diversas atividades que potencialmente geram custos na operação, como a facilidade ou a di- ficuldade na busca por fornecedores, a informação sobre produtos e serviços disponíveis, a confecção de contratos, a cotação de preços, a disponibilidade de itens necessários, entre outros. Segundo Corrêa (2010), os custos de transação são analisados por, pelo menos, quatro fatores principais: a quantidade de fornecedores potenciais que podem ser localizados para a aquisição de determinado ativo (bem); as características dos ativos envolvidos na transação (sim- ples ou complexos); a incerteza que envolve a transação pelo número Estratégia e competitividade na gestão logística 43 limitado de informações sobre a transação; e a frequência com que as transações ocorrem. A figura a seguir ilustra os fatores que influenciam os custos de transação. Figura 7 Fatores que influenciam os custos de transação. Baixo custo de transação Alto custo de transação Alto Baixa Baixa Baixa Baixo Alta Alta Alta Número de potenciais fornecedores Especificidade de ativos do cliente Incerteza envolvida Frequência envolvida Fonte: Corrêa, 2010, p. 47. A figura mostra que os menores custos de transação envolvem um elevado número de fornecedores, pela facilidade de encontrar o forne- cedor adequado, baixa especificidade de ativos (podem ser utilizados de diversas maneiras), baixa incerteza envolvida (as perturbações nas operações são reduzidas) e baixa frequência (diretamente relacionada ao número de transações realizadas). Entretanto, os maiores custos de transação ocorrem quando existem poucas opções de fornecedores, elevada especificidade dos ativos transacionados e alta incerteza e fre- quência nas transações. Assim, o estudo rigoroso dos custos de transação é um impor- tante elemento a ser considerado para a redução do fluxo monetá- rio em particular e a melhoria contínua das operações logísticas no contexto mais amplo. 2.2.3.2 Competências centrais Outro aspecto importante refere-se à análise das competências cen- trais (core competences, em inglês) da organização. Elas podem ser de- finidas como o conjunto de competências (habilidades, conhecimentos e tecnologias) únicas da organização e que a diferenciam das demais empresas, sendo difícil de serem copiadas pelos concorrentes (HAMEL; PRAHALAD, 1994). Assim, elas consistem na capacidade organizacional de possuir excelência na competição de produtos e serviços. A figura 44 Logística Empresarial a seguir demonstra as principais características que a empresa precisa ter, de modo a reconhecer competências centrais. Figura 8 Características das competências centrais m at sa be /S hu tte rs to ck Valor para o cliente A organização necessita possuir características competitivas que geram valor relevante para o cliente. Este percebe e reconhece o valor como algo que é oferecido, de maneira exclusiva, pela empresa. Diferenciação sobre a concorrência Existem características únicas da organização que a diferenciam dos demais concorrentes, tornando-a competitivamente reconhecida no mercado. Como exemplo, podemos citar as empresas Avon Brasil e Natura, que possuem elevada expertise (conhecimento acumulado) em distribuição de produtos nas casas dos clientes. Extendabilidade A empresa possui a capacidade de aproveitar o seu conhecimento e estender as suas operações para a prestação de serviços similares ou mesmo complementares. Um exemplo é a Avon Brasil, que utilizou o seu conhecimento em distribuição eficiente de produtos de beleza para distribuir também calçados. Hoje a empresa é considerada uma das maiores distribuidoras