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Perícia Contábil I Aline Alves, Danielle Regina da Natividade Ferreira, Fabiana Tramontin Bonho, José Valter Januário, Tatiane Antonovz UNIDADE 4 - MEDIAÇÃO E ARBITRAGEM 1 de 56 PÚBLICA Mediação e arbitragem: conceitos Objetivos de aprendizagem: Ao final deste texto, você deve apresentar os seguintes aprendizados: • Definir os conceitos de mediação e conciliação. • Descrever o conceito de arbitragem. • Identificar as vantagens do uso da mediação e da arbitragem. Introdução A mediação e a conciliação são dois diferentes instrumentos que as partes podem utilizar. A mediação é um processo formal. Ela depende do auxílio de um terceiro para ocorrer. Sua atuação deverá contar com absoluta independência. Já a conciliação é um processo um pouco diferente, mais leve e que pode ser conhecido como mediador. Esse processo, composto de seis diferentes etapas, visa a agilizar a solução para a lide, trazendo mais rapidez e objetividade para questões legais. A arbitragem, outra forma de solução de problemas legais, inclui também órgãos da administração direta e indireta. O perito contábil tem aqui novamente um papel decisivo. Cabe a ele calcular os valores envolvidos nos processos, as despesas relativas a eles ou os valores julgados como pagáveis ao final de todas as análises. Isso tanto na mediação quanto na conciliação ou na arbitragem. Neste texto, você irá entender as diferentes características tanto da mediação quanto da conciliação, suas fases e os envolvidos. Também vai compreender a arbitragem e todas as suas nuances. Além disso, verá como o perito desempenha suas funções, auxiliando no cálculo dos valores apurados. Perícia Contábil I Aline Alves, Danielle Regina da Natividade Ferreira, Fabiana Tramontin Bonho, José Valter Januário, Tatiane Antonovz UNIDADE 4 - MEDIAÇÃO E ARBITRAGEM 2 de 56 PÚBLICA Mediação e conciliação A mediação é um processo formal. Nele, partes conflitantes recebem auxílio de um terceiro, que deverá obrigatoriamente ser imparcial em relação a elas. Esse terceiro pode ser substituído por um painel de pessoas também sem interesses diretos na causa da lide. Saiba mais A lide é o conflito de interesses manifestado em juízo. O termo lide frequentemente é utilizado como sinônimo da palavra ação. Ele também pode estar relacionado à demanda, ao litígio ou ainda ao pleito judicial (DIREITONET, 2005). A pessoa ou o painel de pessoas, também denominado como mediador, não sugere nem impõe uma solução. Também não interfere nos termos de um eventual acordo entre as partes. Todo o trabalho de mediação é regido pelas Leis no 13.105 e no 13.140, ambas de 2015. O papel do mediador é fazer com que as partes divergentes possam chegar a um acordo julgado como bom para ambas. A conciliação, por sua vez, é um processo mais breve. É oriundo de ajustes de interesses entre as partes discordantes. Além disso, sempre tem o objetivo de dirimir os conflitos a partir da interposição de um acordo. Em tal acordo, as partes divergentes recebem auxílio de um terceiro. Este também é imparcial. Se necessário, um painel de pessoas sem qualquer interesse na causa pode substituí-lo. O terceiro é denominado conciliador. Ele utiliza técnicas específicas para auxiliar todas as partes a chegarem a uma solução para o caso, denominada acordo. Diferente do mediador, o conciliador apenas sugere uma solução para a lide. Ele não impõe qualquer possibilidade às partes, ficando tal prerrogativa ao árbitro ou a um juiz. Todo o processo de conciliação é normatizado pelo Manual de Mediação do CNJ (CONSELHO NACIONAL DE JUSTIÇA, 2015). Perícia Contábil I Aline Alves, Danielle Regina da Natividade Ferreira, Fabiana Tramontin Bonho, José Valter Januário, Tatiane Antonovz UNIDADE 4 - MEDIAÇÃO E ARBITRAGEM 3 de 56 PÚBLICA O processo de mediação é composto de seis etapas distintas. São elas: 1. Início e ambientação. 2. Reunião de informações. 3. Identificação de questões, interesses e sentimentos. 4. Esclarecimento das controvérsias e dos interesses. 5. Resolução das questões do conflito. 6. Encerramento, que é o registro das resoluções encontradas. Um mediador, no entanto, pode pular ou abreviar as etapas da maneira que julgar mais conveniente, sempre de forma que beneficie ambas as partes. Além disso, deve manter a total transparência do processo. Tanto a mediação quanto a conciliação são regidas por alguns princípios básicos. São a independência, a imparcialidade, a autonomia da vontade, a confidencialidade, a oralidade, a informalidade e a decisão confirmada, todos definidos pela Lei no 13.140 (BRASIL, 2015b). De acordo com a legislação específica que versa sobre o tema, tanto a mediação quanto a conciliação têm a utilização aventada quando a divergência tiver a possibilidade de ser resolvida com o uso de diálogo. Isso vale para pessoas físicas e jurídicas, sejam elas públicas ou privadas. A mediação é largamente utilizada. Ela possui maior eficácia quando já existe um vínculo entre as partes. A conciliação, por sua vez, é mais indicada em casos específicos, com uma controvérsia bem direcionada e delimitada. Nessas situações, não há a necessidade de se manter o relacionamento eventual entre as partes após os trâmites terem terminado. É possível usar tanto a mediação quanto a conciliação de duas maneiras distintas: na esfera judicial e na esfera extrajudicial. A diferença entre as duas é que a primeira está ligada aos trâmites legais formais, e a segunda, não. Esta se caracteriza pelo maior nível de informalidade e, consequentemente, rapidez para as partes envolvidas na controvérsia. Os juízes, advogados, defensores públicos e membros do Ministério Público devem estimular essas formas de resolução de problemas. Afinal, elas são consensuais e mais ágeis. Cabe ao autor da ação indicar de maneira explícita na petição inicial se deseja ou não a audiência de conciliação ou de mediação. Perícia Contábil I Aline Alves, Danielle Regina da Natividade Ferreira, Fabiana Tramontin Bonho, José Valter Januário, Tatiane Antonovz UNIDADE 4 - MEDIAÇÃO E ARBITRAGEM 4 de 56 PÚBLICA A lei também estabelece que não cabe às partes a aceitação ou não dos mediadores. A única situação em que isso pode ocorrer é nos casos comprovados de impedimento ou suspeição por parte dos mediadores. Para ações que não ultrapassam o montante de 40 salários-mínimos e com menor potencial ofensivo, a conciliação passou a ser uma regra nas infrações penais, de acordo com o que estabelece a Lei no 9.099 (BRASIL, 1995). Já no ano de 2016, uma resolução foi aprovada, a 174 do Conselho Superior da Justiça do Trabalho. Ela traz regulamentação para a mediação, mas no âmbito da Justiça do Trabalho. O objetivo é deixar esse ramo mais ágil, garantindo não somente os interesses dos funcionários, mas também os direitos dos empregadores. Já na esfera extrajudicial, a mediação trata de conflitos em que as partes procuram um profissional em mediação ou em conciliação. Alternativamente, uma entidade especializada neste tipo de serviço pode ser procurada pelas partes. O convite para que a mediação extrajudicial ocorra deve ser feito com o uso de qualquer meio de comunicação. Ele deve deixar claro tanto a matéria que será objeto da negociação como a data e o local em que se pretende que ocorra a mediação. Caso esse pedido não seja respondido no prazo de 30 dias contados do seu recebimento, o mesmo será considerado rejeitado. É possível realizar uma audiência de conciliação ou de mediação por meio eletrônico, não havendo necessidade de que tal meio seja homologado pela Justiça. O uso da internet está completamente liberado para a difusão de informação de áudio e vídeo das partes. Isso, como você deve imaginar, desde que não haja qualquer objeção de nenhuma parte envolvida. Fique atento Um perito contábil sempre será o responsável por calcular os valoresenvolvidos em um processo. Ele definirá quanto cada parte será responsável por cobrir. Nesse sentido, se consideram tanto despesas relativas ao processo quanto valores julgados como pagáveis ao final de todas as análises. Isso vale para a mediação e para a conciliação. Existem duas maneiras distintas pelas quais as pessoas podem escolher a mediação. Elas são a cláusula compromissória e o compromisso de mediação. A primeira delas, a cláusula compromissória, já vem explícita nos Perícia Contábil I Aline Alves, Danielle Regina da Natividade Ferreira, Fabiana Tramontin Bonho, José Valter Januário, Tatiane Antonovz UNIDADE 4 - MEDIAÇÃO E ARBITRAGEM 5 de 56 PÚBLICA contratos. Ela estabelece que a mediação poderá ser o meio utilizado para dirimir os eventuais conflitos que ocorram. O compromisso de mediação se refere ao compromisso dos envolvidos em uma lide qualquer de utilização do processo de mediação. É possível verificar que a cláusula compromissória normalmente vem antes do compromisso de mediação, momento em que já há alguma rusga existente. Também é importante você saber que, mesmo se tratando de situação extrajudicial, em nenhum momento qualquer das partes está impedida de ingressar no Poder Judiciário com processo judicial. Se houver qualquer suspeita de que os procedimentos podem prejudicar uma parte, esta tem completa liberdade para exercer esses direitos. Um perito contábil é o melhor profissional para direcionar as partes e definir se um acordo está, de fato, trazendo justiça a um processo, seja ele judicial ou extrajudicial. O conceito de arbitragem A Lei no 9.307 (BRASIL, 1996), alterada pela Lei no 13.129/15, estabelece todas as normas relativas à arbitragem. Ela especifica que as pessoas podem se utilizar dessa ferramenta para acabar com problemas de ordem legal ligados a direitos patrimoniais disponíveis. Isso inclui órgãos tanto da administração direta quanto da administração indireta das três esferas governamentais. O processo de arbitragem também possui alguns princípios norteadores explícitos. São a boa-fé das partes, a igualdade das partes, o contraditório e a ampla participação das partes no processo, a celeridade e a imparcialidade do árbitro, além de seu livre convencimento. Fique atento Nos casos em que a arbitragem tiver como parte a administração pública, seja ela direta ou indireta, se deve utilizar complementarmente o princípio da publicidade. Além dele, se fazem necessários os princípios gerais de direito e as regras internacionais de comércio, em sua integralidade. Considere as situações em que se fazem necessários o cálculo e o levantamento de valores monetários para a identificação de direitos e a Perícia Contábil I Aline Alves, Danielle Regina da Natividade Ferreira, Fabiana Tramontin Bonho, José Valter Januário, Tatiane Antonovz UNIDADE 4 - MEDIAÇÃO E ARBITRAGEM 6 de 56 PÚBLICA compensação financeira de qualquer parte. Nelas, o trabalho do perito contábil ganha importância. Afinal, ele é o único profissional capaz de realizar o levantamento preciso dos direitos e do que necessita ser compensado a cada parte envolvida na situação de arbitragem. Para ser um árbitro, é necessário seguir o que estabelece a Lei no 9.307 (BRASIL, 1996), que é a Lei da Arbitragem. De acordo com ela, se deve ter a confiança das partes envolvidas no processo, e a pessoa deve ser legalmente capaz. As partes podem efetuar a nomeação de um ou mais árbitros, mas sempre totalizando um número ímpar. Isso também vale para o número dos suplentes. A utilização de um número ímpar de árbitros evita a situação de empate nos julgamentos. As partes também podem convencionar que utilizarão um órgão arbitral institucional ou uma empresa que preste serviços de seleção de árbitros. Enquanto estiver no pleno desempenho da função, o árbitro sempre deve agir com imparcialidade, com independência, com competência, com diligência e com discrição. Assim como no caso dos juízes, os árbitros também estão sujeitos a impedimento por suspeição. Nesse sentido, se aplicam a eles as mesmas obrigações e responsabilidades previstas no Código de Processo Civil (BRASIL, 2015a). Outro fato merece destaque. O árbitro, de maneira distinta de um perito contábil, é considerado um funcionário público para efeitos penais enquanto estiver no pleno desempenho de suas funções. Além disso, você deve considerar que a sentença do árbitro não é sujeita a recurso nem necessita de homologação do Poder Judiciário. Isso faz com que ele seja um juiz não somente de fato, mas também de direito. Uma das obrigações de um árbitro é, sempre que for instaurado o devido processo arbitral, a condução e a decisão da controvérsia. As partes e seus representantes legais, os advogados, são obrigados a colaborar, cooperar e fornecer ao árbitro todos os elementos necessários para que o julgamento da lide ocorra da melhor maneira. Um processo arbitral é finalizado com a emissão da sentença. Esta é firmada pelo árbitro ou pelo conjunto de árbitros, se houver. Para que ele seja finalizado, também é necessário que o relatório contenha os nomes de todas as partes e um breve resumo da causa geradora da lide. Nele devem constar ainda os fundamentos para a decisão tomada, em que se tomam como base todas as provas e ocorridos de fato e de direito. Nesse sentido, Perícia Contábil I Aline Alves, Danielle Regina da Natividade Ferreira, Fabiana Tramontin Bonho, José Valter Januário, Tatiane Antonovz UNIDADE 4 - MEDIAÇÃO E ARBITRAGEM 7 de 56 PÚBLICA é necessário deixar claro que os árbitros julgaram o processo utilizando a equidade. Também se deve incluir no relatório o dispositivo utilizado para que os árbitros resolvessem as questões e definissem o prazo para que a decisão seja cumprida. Por último, devem constar o local e a data em que a sentença foi definida. Fique atento Caso não haja um prazo definido pelas partes, a sentença será proferida no prazo de até seis meses. Esse prazo é contado a partir do início do processo de arbitragem ou da eventual substituição do árbitro ou dos árbitros existentes. Cabe lembrar que a sentença arbitral possui as mesmas prerrogativas legais de uma sentença proferida por um juiz. Ela é caracterizada como um título executivo de condenação. Dado seu escopo, é salutar que um perito contábil calcule e defina os valores devidos pelas partes. Isso para efeito de compensação por prejuízos ou outras perdas julgadas como procedentes pelo árbitro ou pelo conjunto de árbitros após proferida a sentença arbitral. Comparativamente com a Justiça estatal, a arbitragem apresenta uma série de distinções. Estas trazem mais facilidade para o trabalho de todos. Considere uma perícia contábil, por exemplo, que é muito requisitada nos casos que envolvem bens tangíveis e intangíveis. Ela se torna muito mais direcionada e facilitada quando o processo é movido com o uso da arbitragem em vez do uso da Justiça comum. Fique atento O tempo médio de um processo tramitando no regime de arbitragem é de alguns poucos meses, não chegando a completar um ano, em média. Já um processo de mesma monta e importância, se ajuizado na Justiça comum e seguindo todos os trâmites, normalmente demora anos para ser considerado transitado em julgado. Com relação aos custos incorridos por todas as partes, no caso da Justiça comum há as custas processuais ordinárias, além dos honorários Perícia Contábil I Aline Alves, Danielle Regina da Natividade Ferreira, Fabiana Tramontin Bonho, José Valter Januário, Tatiane Antonovz UNIDADE 4 - MEDIAÇÃO E ARBITRAGEM 8 de 56 PÚBLICA advocatícios e dos ônus de sucumbência. Isso sem contar todos os protocolos e pagamentos necessários para recorrer a instâncias superiores nos casos de recursos a serem impetrados pelas partes. Já no caso da arbitragem, os custos do procedimento são bem inferiores aos ordinários. Isso fazcom que todas as partes possam honrar com tais pagamentos sem prejudicar o seu equilíbrio financeiro de maneira indevida. Quanto à representatividade realizada por terceiros, nos casos da Justiça comum, a constituição de um advogado e o pagamento de custas são obrigatórios. Assim, deixa de existir tal obrigatoriedade nos casos de arbitragem, pois a própria pessoa pode se representar e se defender sozinha. O mesmo ocorre com as possibilidades de negociação. Eles são muito amplos nos processos de arbitragem e mais restritas em se tratando de Justiça comum. Fique atento Um processo que se encaminhe em uma câmara de arbitragem possui sigilo que pode ser pleiteado pelas partes sem qualquer restrição. Já na Justiça comum todos os processos são de acesso público, a não ser que tramitem em regime de confidencialidade. Isso, contudo, se apresenta como exceção à regra de publicidade do direito brasileiro. Outro fator que diferencia muito a arbitragem da Justiça comum é a eficácia da sentença e os possíveis recursos que as partes podem impetrar. Na arbitragem, não há possibilidade de recurso. Já na Justiça comum existe uma ampla possibilidade de recursos, se podendo chegar até a Suprema Corte brasileira em casos extremos. Na esfera arbitral, a sentença é anunciada em instância única. Assim, é automaticamente constituída em título executivo judicial. É nesse momento que o trabalho do perito contábil se faz importante. Afinal, uma vez proferido o resultado final pelo árbitro, o perito contábil já pode iniciar os trabalhos de coleta de informações e de cálculos periciais para auxiliá-lo nos trabalhos finais. Em se tratando da Justiça comum, a sentença judicial apenas é considerada como um título executivo após o julgamento do último recurso ajuizado pela parte interessada. Conforme você viu anteriormente, há várias possibilidades de recursos por parte dos interessados que se julgarem Perícia Contábil I Aline Alves, Danielle Regina da Natividade Ferreira, Fabiana Tramontin Bonho, José Valter Januário, Tatiane Antonovz UNIDADE 4 - MEDIAÇÃO E ARBITRAGEM 9 de 56 PÚBLICA injustiçados ou prejudicados. Contudo, todos os recursos representam custas adicionais para os pleiteantes. Vantagens do uso da mediação e da arbitragem Não é novidade buscar novas soluções para fazer com que o Poder Judiciário fique menos sobrecarregado. Como você sabe, hoje há imensa quantidade de processos em fila para serem analisados e julgados. Assim, qualquer cidadão pode utilizar uma maneira alternativa, porém legal, de ter sua controvérsia analisada e seu problema resolvido. Isso sem a necessidade de recorrer ao Poder Judiciário de maneira direta, o que acarretaria mais um peso para o já tão sobrecarregado sistema brasileiro. O profissionalismo da mediação e da arbitragem é equivalente ao de um juiz. Isso traz tranquilidade para todas as partes de um processo, assim como para seus representantes legais devidamente constituídos. Quando se retira do Estado a responsabilidade exclusiva pelo julgamento de lides entre diversas partes, não se retira de forma alguma o seu poder ou a sua soberania. O que se faz é exatamente o contrário. Afinal, o Estado continua tão poderoso que resolve delegar tal tarefa a outros partícipes. Estes são considerados tão competentes quanto ele para o desempenho de tarefas de julgamento e definição de sentenças. No Brasil, existe tanto a Lei de Arbitragem quanto a Lei de Mediação. Elas resultam de uma evolução da cultura jurídica brasileira. Assim, dão à população a escolha de buscar a Justiça estatal ou a Justiça privada, sem qualquer prejuízo. Essas leis buscam tornar o direito processual brasileiro mais social. Elas identificam os ajustes necessários decorrentes da nova realidade tecnológica. Além disso, rompem com o mito de que apenas o aparelhamento estatal tem o poder de resolver conflitos jurídicos. Saiba mais Atualmente, a arbitragem passou a ser um instrumento muito usual nos negócios. Ela ganhou princípios e tem uma importância tão grande, que já passou a ser parte integrante de especificidades contratuais País afora. Essas Perícia Contábil I Aline Alves, Danielle Regina da Natividade Ferreira, Fabiana Tramontin Bonho, José Valter Januário, Tatiane Antonovz UNIDADE 4 - MEDIAÇÃO E ARBITRAGEM 10 de 56 PÚBLICA influências podem ser tanto positivas quanto negativas, caracterizando a eficácia do uso da arbitragem como solucionadora de problemas entre partes. A arbitragem possui um caráter bem amplo. Isso ocorre pois trata de relações entre particulares, sendo largamente utilizada no âmbito comercial. Causas mais ou menos complexas muitas vezes sequer necessitam do trabalho mais técnico de um perito contábil. Afinal, já estão claras as especificidades contratuais e os meandros de cada rusga contratual que eventualmente ocorra. No entanto, você sabe que não é possível prever todas as ocorrências, nem mapear todos os problemas de uma relação contratual. Dessa forma, o uso dos serviços de um perito contábil se faz presente e importante em muitos processos de arbitragem no País. Como benefícios diretos da mediação e da conciliação, você pode considerar a celeridade, a autonomia da vontade das partes, a informalidade dos processos, a efetividade, a confidencialidade, a exequibilidade e a prevenção de conflitos. Além disso, o processo é mais brando do que um processo normal. Isso acontece porque as partes concordaram previamente em buscar uma solução alternativa para dirimir seus conflitos. Toda a etapa procedimental também é mais simplificada, e as partes podem compreendê-la mais facilmente. Isso permite que elas mesmas criem artifícios e possam pensar em alternativas que auxiliem o mediador ou o conciliador durante as tarefas rotineiras. Com a aproximação mais latente entre as partes e os titulares pela mediação, eles identificam melhor as necessidades. Isso, é claro, sem deixar de respeitar as individualidades e os diretos de nenhuma das partes. Saiba mais Para que a mediação seja realmente simples, é necessária uma análise mais minuciosa. Normalmente, um perito contábil realiza essa análise. Esse trabalho de perícia é muito mais ágil que uma perícia judicial. Isso ocorre pois ele normalmente possui um aval prévio da parte afetada, deixando o processo todo mais rápido. Perícia Contábil I Aline Alves, Danielle Regina da Natividade Ferreira, Fabiana Tramontin Bonho, José Valter Januário, Tatiane Antonovz UNIDADE 4 - MEDIAÇÃO E ARBITRAGEM 11 de 56 PÚBLICA Outro fator benéfico para todas as partes é que elas mesmas são responsáveis por apresentar possíveis soluções para os conflitos em questão. Isso gera uma possibilidade quase nula de insatisfação com os resultados finais alcançados. Você pode perceber isso especialmente se comparar essa situação com uma decisão imposta por um terceiro. A mediação diminui o desgaste emocional, economizando tempo, recursos financeiros, controlando os riscos e mantendo a relação afetiva, negocial ou social que previamente existia entre as partes. Assim, representa uma ótima relação custo-benefício. Se for interesse de ambas as partes que todo o processo seja levado sob sigilo, há o princípio da confidencialidade. Dessa forma, fica completamente resguardado o completo sigilo das informações e das deliberações realizadas pelo mediador ou pelo conciliador. Esse recurso é bastante atraente em determinadas situações. Já para a arbitragem, as vantagens diretas estão ligadas à celeridade e à economia, assim como na mediação e na conciliação. Há ainda vantagens relacionadas à especialidade, à confidencialidade, à autonomia da vontade, à segurança jurídica processual e à irrecorribilidade, ou seja, à incapacidade das partes de recorrerem de uma decisão tomada por um árbitro. Isso deixa o processo mais rápido, diminuindo para zero as possibilidades de recursos ou postergaçõesprocessuais tão comuns no Poder Judiciário. Perícia Contábil I Aline Alves, Danielle Regina da Natividade Ferreira, Fabiana Tramontin Bonho, José Valter Januário, Tatiane Antonovz UNIDADE 4 - MEDIAÇÃO E ARBITRAGEM 12 de 56 PÚBLICA Referências BRASIL. Lei no 9.099, de 26 de setembro de 1995. Brasília, DF, 1995. Disponível em: <http:// www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L9099.htm>. Acesso em: 10 ago. 2017. BRASIL. Lei no 9.307, de 23 de setembro de 1996. Brasília, DF, 1996. Disponível em: <http:// www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L9307.htm>. Acesso em: 25 set. 2016. BRASIL. Lei no 13.105, de 16 de março de 2015. Brasília, DF, 2015a. Disponível em: <http:// www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2015- 2018/2015/lei/l13105.htm>. Acesso em: 10 ago. 2017. BRASIL. Lei no 13.140, de 26 de junho de 2015. Brasília, DF, 2015b. Disponível em: <http:// www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2015- 2018/2015/Lei/L13140.htm>. Acesso em: 10 ago. 2017. CONSELHO NACIONAL DE JUSTIÇA. Comitê Gestor Nacional da Conciliação. Manual de mediação judicial 2015. Brasília, DF, 2015. Disponível em: <http://www.cnj.jus.br/ files/conteudo/destaques/arquivo/2015/06/c276d2f56a76b701ca94df1ae 0693f5b. pdf>. Acesso em: 18 set. 2017. CONSELHO SUPERIOR DA JUSTIÇA DO TRABALHO. Resolução CSJT no 174, de 30 de setem-bro de 2016. Brasília, DF, 2016. Disponível em: <http://www.csjt.jus.br/c/document_li-brary/get_file?uuid=235e3400- 9476-47a0-8bbb-bccacf94fab4&groupId=955023>. Acesso em: 19 set. 2017. DIREITONET. Lide. Sorocaba, 2015. Disponível em: <http://www.direitonet.com.br/ dicionario/exibir/873/Lide>. Acesso em: 19 set. 2017. Perícia Contábil I Aline Alves, Danielle Regina da Natividade Ferreira, Fabiana Tramontin Bonho, José Valter Januário, Tatiane Antonovz UNIDADE 4 - MEDIAÇÃO E ARBITRAGEM 13 de 56 PÚBLICA Mediação e arbitragem: fundamentação legal Objetivos de aprendizagem: Ao final deste texto, você deve apresentar os seguintes aprendizados: • Definir a perícia arbitral prevista na legislação aplicável. • Identificar a aplicação da convenção de arbitragem. • Reconhecer a diferença entre a mediação e a arbitragem conforme a legislação. Introdução Você conhece as diferenças existentes entre os processos de mediação e arbitragem? A mediação corresponde a um método de solução de litígios em que um terceiro neutro e imparcial auxilia as partes interessadas. Esse terceiro incentiva a comunicação para que as partes reflitam e tenham um entendimento sobre o conflito. Assim, elas mesmas solucionam o caso em questão. Já na arbitragem, quem analisa e decide sobre o litígio é o árbitro. Ele declara sua sentença e a impõe às partes envolvidas. Neste texto, você vai estudar a execução da convenção de arbitragem e seus efeitos. Também vai aprender sobre a legislação que prevê a arbitragem e sobre a diferença entre os processos de mediação e arbitragem. O que prevê a legislação sobre a prática da perícia arbitral? A arbitragem representa um processo que possui todas as garantias do procedimento judicial. Ela tem o intuito de fazer com que as partes envolvidas se sujeitem a juízes particulares indicados por elas mesmas para solucionar um conflito específico. Saiba mais A arbitragem poderá ser utilizada pela administração pública direta e indireta a fim de reduzir situações de conflitos relacionados a direitos patrimoniais disponíveis. Isso está definido na Lei no 13.129/15 (BRASIL, 2015), por meio do artigo 1º, parágrafo 1º. Perícia Contábil I Aline Alves, Danielle Regina da Natividade Ferreira, Fabiana Tramontin Bonho, José Valter Januário, Tatiane Antonovz UNIDADE 4 - MEDIAÇÃO E ARBITRAGEM 14 de 56 PÚBLICA A prática da arbitragem visa à utilização de árbitros em vez de juízes, prevenindo assim ações judiciais. Na prática, a legislação consolidou o que já estava sendo aplicado pelos profissionais, trazendo, dessa forma, maior segurança para as partes envolvidas no conflito. A legislação prevê que qualquer pessoa poderá ser árbitro e atuar como um. Isso desde que tenha capacidade, conhecimento e inspire confiança nas partes envolvidas. Você pode averiguar esses aspectos mediante a Lei no 9.307/96 (BRASIL, 1996), artigo 13, que posteriormente foi alterada pela Lei no 13.129/15 (BRASIL, 2015). O árbitro, na sua atuação, poderá emitir a carta arbitral, conforme a Lei no 13.129/15, artigo 22-C (BRASIL, 2015): Art. 22-C. O árbitro ou o tribunal arbitral poderá expedir carta arbitral para que o órgão jurisdicional nacional pratique ou determine o cumprimento, na área de sua competência territorial, de ato solicitado pelo árbitro. Parágrafo único. No cumprimento da carta arbitral será observado o segredo de justiça, desde que comprovada a confidencialidade estipulada na arbitragem. Instaurada a arbitragem, é necessário explicar a questão apresentada na convenção de arbitragem, elaborada com as partes envolvidas e fixada por todos. Assim, o árbitro passará a pertencer e participar da convenção de arbitragem. A convenção de arbitragem, de acordo com a Lei no 9.307/96 (BRASIL, 1996), artigo 3o, representa um gênero. Ou seja, ela envolve preferências ou escolhas. Já o compromisso arbitral e a cláusula compromissória se referem a circunstâncias ou espécies. A convenção de arbitragem corresponde à fonte ordinária do direito processual arbitral. Esta é designada à resolução particular, também denominada de privada, dos litígios. Além disso, a fonte possui como base a independência da escolha pelas partes. Perícia Contábil I Aline Alves, Danielle Regina da Natividade Ferreira, Fabiana Tramontin Bonho, José Valter Januário, Tatiane Antonovz UNIDADE 4 - MEDIAÇÃO E ARBITRAGEM 15 de 56 PÚBLICA A prática da convenção de arbitragem A arbitragem apresentou novidades para solucionar conflitos. Ela é embasada na Leiºn°9.307/96, que foi posteriormente modificada pela Lei nº13.129/15. A arbitragem é vista como um dos processos mais relevantes dentro dos meios da legislação com o intuito de solucionar situações em que exista discórdia. A arbitragem, democrática e fidedigna, pode substituir um processo judicial. Isso pois possui capacidade e qualificação. Além disso, tem por finalidade resolver situações de conflitos patrimoniais vinculados à área de atuação do profissional de contabilidade. Sendo assim, é necessário estender o conhecimento da classe contábil a fim de conseguir exercer atividade de perito nas soluções de controvérsias decorrentes de relações contratuais nacionais ou internacionais. Por meio da Lei nº 9.307/96 (BRASIL, 1996), alterada pela Lei nº 13.129/15 (BRASIL, 2015), você pode averiguar sobre o acordo na arbitragem e os reflexos gerados. Estes podem ser verificados no artigo 3º da mesma legislação (BRASIL, 1996): Capítulo II Da Convenção de Arbitragem e seus Efeitos Art. 3º As partes interessadas podem submeter a solução de seus litígios ao juízo arbitral mediante convenção de arbitragem, assim entendida a cláusula compromissória e o compromisso arbitral. Art. 4º A cláusula compromissória é a convenção através da qual as partes em um contrato comprometem-se a submeter à arbitragem os litígios que possam vir a surgir, relativamente a tal contrato. § 1º A cláusula compromissória deve ser estipulada por escrito, podendo estar inserta no próprio contrato ou em documento apartado que a ele se refira. § 2º Nos contratos de adesão, a cláusula compromissória só terá eficácia se o aderente tomar a iniciativa de instituir a arbitragem ou concordar, expressamente, com a sua instituição, desde que por escrito em documento anexo ou em negrito, com a assinatura ou visto Perícia Contábil I Aline Alves, Danielle Regina da Natividade Ferreira, Fabiana Tramontin Bonho, José Valter Januário, Tatiane Antonovz UNIDADE 4 - MEDIAÇÃO E ARBITRAGEM 16 de 56 PÚBLICA especialmente para essa cláusula.Na ocorrência de não haver um acordo precedente referente ao método de aplicação da arbitragem, a parte interessada revelará à outra parte seu intuito de iniciar o processo de arbitragem. Deve fazer isso pelos meios de comunicação usuais, podendo ser pelo método tradicional – como correio – ou de forma eletrônica. Também deve haver constatação de recebimento, intimando a parte para fixar compromisso arbitral. Se a parte intimada não comparecer, ou comparecer e se recusar a fixar contrato ou compromisso arbitral, a outra parte envolvida terá o direito de propor o que prevê o artigo 7º da Lei nº 9.307/96 (BRASIL, 1996): Art. 7º Existindo cláusula compromissória e havendo resistência quanto à instituição da arbitragem, poderá a parte interessada requerer a citação da outra parte para comparecer em juízo a fim de lavrar-se o compromisso, designando o juiz audiência especial para tal fim. § 1º O autor indicará, com precisão, o objeto da arbitragem, instruindo o pedido com o documento que contiver a cláusula compromissória. § 2º Comparecendo as partes à audiência, o juiz tentará, previamente, a conciliação acerca do litígio. Não obtendo sucesso, tentará o juiz conduzir as partes à celebração, de comum acordo, do compromisso arbitral. § 3º Não concordando as partes sobre os termos do compromisso, decidirá o juiz, após ouvir o réu, sobre seu conteúdo, na própria audiência ou no prazo de dez dias, respeitadas as disposições da cláusula compromissória e atendendo ao disposto nos arts. 10 e 21, § 2º, desta Lei. § 4º Se a cláusula compromissória nada dispuser sobre a nomeação de árbitros, caberá ao juiz, ouvidas as partes, estatuir a respeito, podendo nomear árbitro único para a solução do litígio. § 5º A ausência do autor, sem justo motivo, à audiência designada para a lavratura do compromisso arbitral, importará a extinção do processo sem julgamento de mérito. § 6º Não comparecendo o réu à audiência, caberá ao juiz, ouvido o autor, Perícia Contábil I Aline Alves, Danielle Regina da Natividade Ferreira, Fabiana Tramontin Bonho, José Valter Januário, Tatiane Antonovz UNIDADE 4 - MEDIAÇÃO E ARBITRAGEM 17 de 56 PÚBLICA estatuir a respeito do conteúdo do compromisso, nomeando árbitro único. § 7º A sentença que julgar procedente o pedido valerá como com- promisso arbitral. Diferença entre mediação e arbitragem Mediação A mediação está relacionada à técnica de solução de conflitos intermediados por terceiros, além de ser um processo. O processo tem por finalidade resolver de modo tranquilo os problemas existentes. Ele deve preservar as relações de confiança e responsabilidades que ligam as partes. Todas as pessoas podem ser agrupadas em cinco níveis, como uma pirâmide. É possível, por exemplo, envolver suas necessidades fisiológicas básicas, de segurança, sociais, de autoestima e de autorrealização. As necessidades básicas se referem a atitudes simples que as pessoas precisam satisfazer, como comer, beber água, entre outras. A ação de uma pessoa a fim de satisfazer suas necessidades poderá encontrar barreiras. Ou seja, interesses de outras pessoas podem ser contrários à satisfação dessas necessidades, o que provavelmente ocasionará conflitos. O mediador tem como função buscar, por intermédio de técnicas específicas, uma alteração comportamental. Essa alteração deve auxiliar os envolvidos a analisar e a reagir ao conflito de forma mais rápida. Fique atento O processo de mediação desenvolve uma comunicação que será a base para esclarecer casos. Ele também pode melhorar a relação entre as partes envolvidas. A mediação corresponde a um processo transdisciplinar. Ou seja, está designada a aproximar as partes envolvidas na solução do conflito e levá- las a perceber no litígio a possibilidade de resolver seus problemas. Isso se Perícia Contábil I Aline Alves, Danielle Regina da Natividade Ferreira, Fabiana Tramontin Bonho, José Valter Januário, Tatiane Antonovz UNIDADE 4 - MEDIAÇÃO E ARBITRAGEM 18 de 56 PÚBLICA dá por meio da comunicação, com ideias criativas que preservem a relação entre ambas. Uma das finalidades da mediação é descobrir os interesses que normalmente são escondidos pelas partes envolvidas, ou seja, que não são claros. Os métodos da mediação permitem averiguar os reais interesses e orientam à identificação diferenciada. Nesse sentido, se entende que um fato é o conflito processado e outro é o conflito real. A mediação permite o conhecimento absoluto sobre o que gerou o conflito. Também possibilita a solução do mesmo, preservando sempre a relação entre os litigantes. Arbitragem A arbitragem corresponde a uma técnica usada na solução de conflitos por meio da intervenção de uma ou mais pessoas. Estas são designadas e possuem poderes de uma convenção privada. Definem, assim, sem qualquer intervenção do Estado, a melhor decisão designada a assumir eficácia de sentença judicial. A arbitragem é formada mediante a vontade das partes envolvidas em um acordo chamado de convenção de arbitragem. Ou seja, se refere ao compromisso arbitral ou cláusula compromissória, conforme a Lei nº 9.307/96 (BRASIL, 1996), artigo 3º (alterada pela Lei nº 13.129/15). O árbitro ou o tribunal arbitral eleito pelas partes envolvidas redigirá a sentença que terá o mesmo valor de um título executivo judicial. Nela, não haverá qualquer recurso, com exceção dos embargos de declaração. Saiba mais A arbitragem corresponde ao último método de resolução extrajudicial de conflitos. A decisão tomada pelo árbitro é executada com base nos mesmos termos que teria um juiz de tribunal. Mediação versus arbitragem Ambos os processos, mediação e arbitragem, às vezes são tratados como se fossem similares na resolução de conflitos. No entanto, são métodos Perícia Contábil I Aline Alves, Danielle Regina da Natividade Ferreira, Fabiana Tramontin Bonho, José Valter Januário, Tatiane Antonovz UNIDADE 4 - MEDIAÇÃO E ARBITRAGEM 19 de 56 PÚBLICA bem diferentes, fundamentados em argumentos quase opostos e perspectivas distintas. A mediação pode ser solucionada em poucas semanas ou mesmo em dias. Porém, na arbitragem é utilizado um grande período de tempo. Isso ocorre devido à necessidade de produzir provas para o árbitro. Posterior às provas, o árbitro precisa de tempo para decidir sobre o conflito. Ele necessita, para chegar a tal decisão, realizar leituras e estudar o que foi verificado. Isso com base nas leis e também em casos similares. Depois, pode enfim analisar e declarar a sentença. Fique atento No processo de mediação, quem decide sobre o conflito em questão são as próprias partes envolvidas. O foco está na resolução da questão. Uma diferença relevante entre os dois procedimentos é que a mediação se refere a um auxílio que direciona as partes envolvidas a chegarem a um acordo. Já o processo de arbitragem tem como resultado o laudo arbitral. Ou seja, origina uma decisão tomada pelo árbitro do processo, que é obrigatória às partes envolvidas. Desse modo, é relevante que na mediação as partes tenham real interesse em solucionar o problema em questão de forma afetuosa e amigável. O papel do mediador nesse processo é assessorar para que os interessados alcancem esse caminho e solucionem o conflito. Fique atento No processo de arbitragem, não existe mais a comunicação entre as partes. Desse modo, não há o diálogo. Portanto, é preciso que um terceiro direcione as ações que devem ser realizadas ou não. Outra diferença relevante entre os dois processos é que a mediação pode ter início em qualquer instante. No entanto, a arbitragem só poderá ocorrer se tiver sido prevista em contrato inicial. Você deve saber também que o mediador poderá ser demandado antes, durante e depois de um processo arbitral ou judicial. Perícia Contábil I Aline Alves, Danielle Regina da Natividade Ferreira, Fabiana TramontinBonho, José Valter Januário, Tatiane Antonovz UNIDADE 4 - MEDIAÇÃO E ARBITRAGEM 20 de 56 PÚBLICA Referências BRASIL. Lei no 9.307, de 23 de setembro de 1996. Brasília, DF, 1996. Disponível em: <http:// www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L9307.htm>. Acesso em: 16 jul. 2017. BRASIL. Lei no 13.129, de 26 de maio de 2015. Brasília, DF, 2015. Disponível em: <http:// www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2015- 2018/2015/Lei/L13129.htm>. Acesso em: 16 jul. 2017. Leituras recomendadas BACELLAR, R. P. Mediação e arbitragem. São Paulo: Saraiva, 2012. BRASIL. Lei no 13.105, de 16 de março de 2015. Brasília, DF, 2015. Disponível em: <http:// www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2015- 2018/2015/Lei/L13105.htm#art1046>. Acesso em: 22 jul. 2017. CONSELHO REGIONAL DE CONTABILIDADE DO RIO GRANDE DO SUL. Mediação e arbitragem: a decisão por especialistas da contabilidade. Porto Alegre: CRCRS, 2005. Disponível em: <http://www.crcrs.org.br/arquivos/livros/livro_arbitragem.PDF>. Acesso em: 15 jul. 2017. HENRIQUE, M. R.; SOARES, W. A. Perícia, avaliação e arbitragem. Curitiba: InterSaberes, 2015. MOURA, R. Perícia contábil: judicial e extrajudicial. 4. ed. Rio de Janeiro: Freitas Bastos, 2017. ORNELAS, M. M. G. Perícia contábil. 5. ed. São Paulo: Atlas, 2011. SÁ, A. L. de. Perícia contábil. 9. ed. São Paulo: Atlas, 2009. SOUSA, S. H. M.; GRANDE, C. G. Perícias na prática. Curitiba: Juruá, 2010. Perícia Contábil I Aline Alves, Danielle Regina da Natividade Ferreira, Fabiana Tramontin Bonho, José Valter Januário, Tatiane Antonovz UNIDADE 4 - MEDIAÇÃO E ARBITRAGEM 21 de 56 PÚBLICA Mediação e arbitragem: procedimentos Objetivos de aprendizagem: Ao final deste texto, você deve apresentar os seguintes aprendizados: - Explicar o processo de mediação. - Reconhecer o processo de arbitragem. - Demonstrar o método de convenção de arbitragem e seus reflexos. Introdução Você sabe como ocorre o procedimento arbitral? Na arbitragem, as partes envolvidas possuem a liberdade de escolher os árbitros que atuarão no processo. O princípio de independência da vontade das partes afirma que elas poderão realizar todo o procedimento arbitral do modo como preferirem. Podem inclusive confiar a regulação ao órgão institucional ou ao árbitro. Vale destacar que as partes envolvidas deverão possuir total confiança no árbitro. Afinal, ele orientará o procedimento que regulará a arbitragem. Neste texto, você vai estudar os procedimentos de mediação e arbitragem. Também aprenderá sobre a convenção de arbitragem e seus reflexos. Procedimentos de mediação A mediação está evidenciada na legislação mediante a Lei nº 13.140/15. Essa lei demonstra os princípios que regem o processo, conforme especifica o artigo 2º (BRASIL, 2015b): Art. 2º A mediação será orientada pelos seguintes princípios: I – imparcialidade do mediador; II – isonomia entre as partes; I – oralidade; IV – informalidade; Perícia Contábil I Aline Alves, Danielle Regina da Natividade Ferreira, Fabiana Tramontin Bonho, José Valter Januário, Tatiane Antonovz UNIDADE 4 - MEDIAÇÃO E ARBITRAGEM 22 de 56 PÚBLICA V – autonomia da vontade das partes; VI – busca do consenso; VII – confidencialidade; VIII – boa-fé. § 1º Na hipótese de existir previsão contratual de cláusula de mediação, as partes deverão comparecer à primeira reunião de mediação. § 2º Ninguém será obrigado a permanecer em procedimento de mediação. O procedimento de mediação está definido no artigo 14 da Lei nº 13.140/15 (BRASIL, 2015b). Esse artigo declara que, na primeira reunião e sempre que for preciso julgar, o mediador deverá lembrar às partes envolvidas a respeito das normas de confidencialidade executáveis ao procedimento. O procedimento de mediação estabelece critérios que contemplam fases. Isso ocorre a fim de se atingir um resultado aceitável para as partes envolvidas. Uma das fases é a introdução. Ela se destaca pela comunicação inicial entre o mediador e as partes interessadas. Nessa etapa, são definidas algumas regras. Posterior à fase introdutória do procedimento de mediação, há as fases de ingresso do mediador no litígio e de definição de normas. Nesta, se inserem os princípios que direcionam a mediação. Assim, se demonstram a função do mediador e a responsabilidade que ele possui no processo. As fases do processo ainda englobam a evolução e o entendimento com relação às partes envolvidas. Estas fazem seus relatos e depois há o encerramento, com um acordo que satisfaça a todos os envolvidos no litígio. Saiba mais Pode-se considerar instituída a mediação a partir da data em que ocorrer a primeira reunião. Depois do início da mediação, as demais reuniões com a presença das partes envolvidas apenas poderão ser agendadas com a sua aprovação. Perícia Contábil I Aline Alves, Danielle Regina da Natividade Ferreira, Fabiana Tramontin Bonho, José Valter Januário, Tatiane Antonovz UNIDADE 4 - MEDIAÇÃO E ARBITRAGEM 23 de 56 PÚBLICA O procedimento de mediação será considerado finalizado a partir da lavratura do termo que encerra o processo. Isso também pode ocorrer no momento em que for confirmado o acordo, ou ainda quando não se expliquem novos procedimentos a fim de adquirir o consenso. Nesse sentido, é válida tanto a declaração do mediador nesse caminho quanto a demonstração de qualquer das partes envolvidas. Quanto à mediação extrajudicial, o convite para instituir o processo ocorrerá por meio de qualquer método de comunicação. É necessário estimar a finalidade proposta para a negociação, a data e o lugar onde será efetuada a primeira reunião. O convite para o processo de mediação será considerado recusado ou rejeitado se não for respondido dentro do prazo de até 30 dias a partir da data do seu recebimento. De acordo com o artigo 22 da Lei nº 13.140/15, a estimativa contratual de mediação precisará obter no mínimo (BRASIL, 2015b): I – prazo mínimo e máximo para a realização da primeira reunião de mediação, contado a partir da data de recebimento do convite; II – local da primeira reunião de mediação; III – critérios de escolha do mediador ou equipe de mediação; IV – penalidade em caso de não comparecimento da parte convidada à primeira reunião de mediação. A estimativa contratual poderá substituir os itens especificados no artigo 22 da Lei nº 13.140/15 (BRASIL, 2015b), conforme indicação de regulamento. Nesse caso, é necessária a atuação de uma instituição idônea que preste serviço de mediação. Esta deve contemplar métodos transparentes para adoção do mediador e efetuação da primeira reunião da mediação. Contudo, não existindo a estimativa contratual completa, é necessário analisar alguns métodos para que ocorra a primeira reunião do processo de mediação: Considerar o prazo mínimo de 10 dias úteis e máximo de três meses, que devem ser contados a partir do recebimento do convite; Definir um lugar apropriado para a reunião, onde seja possível discutir informações confidenciais; Elaborar uma lista que contenha cinco nomes, informações relativas a contato e referências profissionais de mediadores qualificados. A parte convidada poderá decidir sobre qualquer um dos cinco Perícia Contábil I Aline Alves, Danielle Regina da Natividade Ferreira, Fabiana Tramontin Bonho, José Valter Januário, Tatiane Antonovz UNIDADE 4 - MEDIAÇÃO E ARBITRAGEM 24 de 56 PÚBLICA apresentados. Porém, na ocorrência de a parte convidada não se manifestar, será considerado o primeiro nome da lista indicada. Considerando a mediação judicial, se sabe que os tribunais criarão pontos centrais judiciários com o intuito de solucionar litígios. Esse pontos serão responsáveis pela realização de sessões e audiências relativas à conciliação e à mediação, pré-processuais e processuais. Também atuam na elaboração de sistemas designados a assessorar, direcionar e estimar a autocomposição.No processo de mediação judicial, os mediadores não são submetidos à prévia confirmação das partes, conforme o que expõe o artigo 5º da Lei nº 13.140/15 (BRASIL, 2015b): Art. 5o Aplicam-se ao mediador as mesmas hipóteses legais de impedi- mento e suspeição do juiz. Parágrafo único. A pessoa designada para atuar como mediador tem o dever de revelar às partes, antes da aceitação da função, qualquer fato ou circunstância que possa suscitar dúvida justificada em relação à sua imparcialidade para mediar o conflito, oportunidade em que poderá ser recusada por qualquer delas. Os procedimentos de mediação judicial precisarão ser finalizados no prazo de até 60 dias, contados a partir da primeira reunião. Isso não ocorre quando as partes envolvidas homologarem, em concordância, o acordo por sentença e o termo conclusivo da mediação, definindo o arquivamento do processo. Saiba mais Quando o problema for resolvido por meio da mediação antes da citação do réu, não serão cabíveis custas judiciais finais. Perícia Contábil I Aline Alves, Danielle Regina da Natividade Ferreira, Fabiana Tramontin Bonho, José Valter Januário, Tatiane Antonovz UNIDADE 4 - MEDIAÇÃO E ARBITRAGEM 25 de 56 PÚBLICA Procedimentos de arbitragem Na arbitragem, as partes envolvidas têm livre arbítrio para escolher quem as representará juridicamente. Assim, não têm a obrigatoriedade de serem representadas por advogados no processo de arbitragem. A arbitragem pode ocorrer mediante formas diferentes. A seguir, você pode conhecer melhor essas formas. Arbitragem de direito ou equidade: atribui às partes envolvidas a capacidade de escolher normas que serão executadas pelo árbitro. Ela se concretiza fundamentada nos princípios do direito, na utilização e nos hábitos do contrato e nas normas internacionais de comércio ou empresariais. Arbitragem institucional: acontece quando as partes envolvidas escolhem um organismo institucional que apresenta as normas que apoiarão o julgamento do litígio. Arbitragem avulsa: ocorre sem a participação de uma entidade caracterizada, ou seja, especializada. Assim, as partes envolvidas poderão realizar a contratação de um árbitro e, dessa forma, minimizar os custos da arbitragem. Arbitragem única e colegiada: destaca-se por possuir somente um árbitro indicado pelas partes envolvidas. Se escolherem mais de um árbitro, a quantidade deverá ser em número ímpar. Uma das características do processo de arbitragem única e colegiada é que ocorre mediante notificação por escrito. No mesmo documento contratual ou em um anexo deverão constar a qualificação das partes envolvidas e dos árbitros, a indicação do objeto e o lugar para protelação da sentença. As etapas da arbitragem envolvem: Nomeação do árbitro; Procedimento arbitral; Sentença arbitral. O procedimento arbitral está definido na legislação. Você pode conferi-lo na Lei nº 9.307/96 (BRASIL, 1996), modificada pela Lei nº 13.129/15 Perícia Contábil I Aline Alves, Danielle Regina da Natividade Ferreira, Fabiana Tramontin Bonho, José Valter Januário, Tatiane Antonovz UNIDADE 4 - MEDIAÇÃO E ARBITRAGEM 26 de 56 PÚBLICA (BRASIL, 2015a): Art. 21. A arbitragem obedecerá ao procedimento estabelecido pelas partes na convenção de arbitragem, que poderá reportar-se às regras de um órgão arbitral institucional ou entidade especializada, facultando-se, ainda, às partes delegar ao próprio árbitro, ou ao tribunal arbitral, regular o procedimento. § 1º Não havendo estipulação acerca do procedimento, caberá ao árbitro ou ao tribunal arbitral discipliná-lo. § 2º Serão, sempre, respeitados no procedimento arbitral os princípios do contraditório, da igualdade das partes, da imparcialidade do árbitro e de seu livre convencimento. § 3º As partes poderão postular por intermédio de advogado, respeitada, sempre, a faculdade de designar quem as represente ou assista no procedimento arbitral. § 4º Competirá ao árbitro ou ao tribunal arbitral, no início do procedimento, tentar a conciliação das partes, aplicando-se, no que couber, o art. 28 desta Lei. Art. 22. Poderá o árbitro ou o tribunal arbitral tomar o depoimento das partes, ouvir testemunhas e determinar a realização de perícias ou outras provas que julgar necessárias, mediante requerimento das partes ou de ofício. § 1º O depoimento das partes e das testemunhas será tomado em local, dia e hora previamente comunicados, por escrito, e reduzido a termo, assinado pelo depoente, ou a seu rogo, e pelos árbitros. § 2º Em caso de desatendimento, sem justa causa, da convocação para prestar depoimento pessoal, o árbitro ou o tribunal arbitral levará em consideração o comportamento da parte faltosa, ao proferir sua sentença; se a ausência for de testemunha, nas mesmas circunstâncias, poderá o árbitro ou o presidente do tribunal arbitral requerer à autoridade judiciária que conduza a testemunha renitente, comprovando a existência da convenção de arbitragem. § 3º A revelia da parte não impedirá que seja proferida a sentença arbitral. Perícia Contábil I Aline Alves, Danielle Regina da Natividade Ferreira, Fabiana Tramontin Bonho, José Valter Januário, Tatiane Antonovz UNIDADE 4 - MEDIAÇÃO E ARBITRAGEM 27 de 56 PÚBLICA Na ocorrência da substituição do árbitro durante a sentença arbitral, ficará a critério do novo árbitro repetir as provas que já foram fornecidas. O procedimento de arbitragem acontece de uma forma menos formal, ou seja, é mais flexível. Ele permite maior celeridade na execução do processo e, por isso, possui um custo menor se comparado ao processo judicial. Saiba mais A maior diferença existente entre o Judiciário e a arbitragem está exatamente no método como é realizado o procedimento. A vantagem da arbitragem está na rapidez com que o processo ocorre, já que é mais econômico, mais rápido e menos formal que os procedimentos judiciais em vigor. A convenção de arbitragem e seus reflexos O artigo 3º da Lei nº 9.307/96 (BRASIL, 1996), modificada pela Lei nº 13.129/15 (BRASIL, 2015a), apresenta a convenção de arbitragem e seus efeitos. Esse artigo determina que: As partes interessadas podem submeter a solução de seus litígios ao juízo arbitral mediante convenção de arbitragem, assim entendida a cláusula compromissória e o compromisso arbitral. Um dos reflexos do surgimento da Lei da Arbitragem é que os dois instru- mentos são qualificados para propiciar a solução do litígio com a eliminação da jurisdição e da tutela estatal. Assim, se beneficia a independência da vontade das partes interessadas. A cláusula de arbitragem gera efeitos impeditivos ao processo estatal e assertivos quando se trata de processos arbitrais. Isso ocorre devido à cláusula arbitral ser de essência jurídica de negócio jurídico no campo do processo. Você deve saber também que, com a cláusula compromissória ou com o compromisso arbitral, se confere autoridade aos árbitros. O processo de arbitragem apenas poderá ser estabelecido por meio da liberdade de escolha das partes envolvidas. Tudo de acordo com a convenção de arbitragem. Tanto a cláusula compromissória quanto o Perícia Contábil I Aline Alves, Danielle Regina da Natividade Ferreira, Fabiana Tramontin Bonho, José Valter Januário, Tatiane Antonovz UNIDADE 4 - MEDIAÇÃO E ARBITRAGEM 28 de 56 PÚBLICA compromisso arbitral correspondem à convenção de arbitragem. A arbitragem pode dispensar o compromisso se a própria cláusula contar como empenho, com a ocupação de todas as exigências imprescindíveis que possibilitam verificar tal qualidade. A cláusula compromissória se refere a uma convenção. Por meio dela, as partes envolvidas se responsabilizam, por escrito, a sujeitar ao processo de arbitragem os conflitos relacionados a direitos patrimoniais disponíveis que por virtude possam aparecer, em referência a um contrato. Você deve saber que a cláusulacompromissória possui independência em relação ao contrato em que está inclusa. A existência da cláusula compromissória válida terá influência, ocasionando a retirada do Poder Judiciário (reflexo negativo). Isso ocorre pois nesse caso pode haver atrasos no processo, já que ele envolve mais fatores quando se trata do judiciário. Dessa forma, se estabelece a competência arbitral (reflexo positivo), porque o processo não terá imprevistos que o tornem mais lento. Conforme tenha sido determinada, a cláusula compromissória dispensará do compromisso ou poderá ser definida mediante termos gerais. É possível definir que não se possui autonomia ou que se possui relativa independência. Desse modo, se estabelece uma situação em que o devido compromisso será considerado. O compromisso arbitral possui a missão, como contrato, de determinar as circunstâncias para que a escolha da arbitragem possa se tornar ideal e finali-zada. O papel do compromisso será definido de acordo com a preferência das partes envolvidas. Posterior à escolha do árbitro ou da instituição arbitral, se configura o compromisso, bem como as circunstâncias efetivas para o início do processo arbitral. Existem implicações e reflexos positivos e negativos da convenção de arbitragem. O reflexo negativo da convenção ou impedimento faz parar o juízo estatal, atrasando a sua incumbência. Desse modo, impossibilita o exame do conflito que representa o objeto da convenção arbitral e que precisará ser verificado pelo juízo arbitral. Quanto ao efeito positivo da convenção de arbitragem, é possível afirmar que, com a cláusula compromissória, se confere jurisdição aos árbitros. Isso pode ser considerado positivo, já que possibilita às partes envolvidas definir critérios para os árbitros. Se for preciso, também é possível solicitar do Perícia Contábil I Aline Alves, Danielle Regina da Natividade Ferreira, Fabiana Tramontin Bonho, José Valter Januário, Tatiane Antonovz UNIDADE 4 - MEDIAÇÃO E ARBITRAGEM 29 de 56 PÚBLICA Estado providências com relação à testemunha insistente em comparecer perante a audiência de arbitragem e prestar seu depoimento sobre um acontecimento. Perícia Contábil I Aline Alves, Danielle Regina da Natividade Ferreira, Fabiana Tramontin Bonho, José Valter Januário, Tatiane Antonovz UNIDADE 4 - MEDIAÇÃO E ARBITRAGEM 30 de 56 PÚBLICA BRASIL. Lei no 9.307, de 23 de setembro de 1996. Brasília, DF, 1996. Disponível em: <http:// www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L9307.htm>. Acesso em: 16 jul. 2017. BRASIL. Lei no 13.129, de 26 de maio de 2015. Brasília, DF, 2015a. Disponível em: <http:// www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2015- 2018/2015/Lei/L13129.htm>. Acesso em: 16 jul. 2017. BRASIL. Lei no 13.140, de 26 de junho de 2015. Brasília, DF, 2015b. Disponível em: <http:// www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2015- 2018/2015/Lei/L13140.htm>. Acesso em: 29 ago. 2017. Leituras recomendadas BACELLAR, R. P. Mediação e arbitragem. São Paulo: Saraiva, 2012. BRASIL. Lei no 13.105, de 16 de março de 2015. Brasília, DF, 2015. Disponível em: <http:// www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2015- 2018/2015/Lei/L13105.htm#art1046>. Acesso em: 22 jul. 2017. CONSELHO REGIONAL DE CONTABILIDADE DO RIO GRANDE DO SUL. Mediação e arbitragem: a decisão por especialistas da contabilidade. Porto Alegre: CRCRS, 2005. Disponível em: <http://www.crcrs.org.br/arquivos/livros/livro_arbitragem.PDF>. Acesso em: 15 jul. 2017. HENRIQUE, M. R.; SOARES, W. A. Perícia, avaliação e arbitragem. Curitiba: InterSaberes, 2015. MOURA, R. Perícia contábil: judicial e extrajudicial. 4. ed. Rio de Janeiro: Freitas Bastos, 2017. ORNELAS, M. M. G. Perícia contábil. 5. ed. São Paulo: Atlas, 2011. SÁ, A. L. de. Perícia contábil. 9. ed. São Paulo: Atlas, 2009. SOUSA, S. H. M.; GRANDE, C. G. Perícias na prática. Curitiba: Juruá, 2010. Perícia Contábil I Aline Alves, Danielle Regina da Natividade Ferreira, Fabiana Tramontin Bonho, José Valter Januário, Tatiane Antonovz UNIDADE 4 - MEDIAÇÃO E ARBITRAGEM 31 de 56 PÚBLICA Câmaras Objetivos de aprendizagem: Ao final deste texto, você deve apresentar os seguintes aprendizados: - Reconhecer as câmaras arbitrais atuantes no Brasil. - Identificar o perfil de árbitros, conciliadores e mediadores em câmaras privadas. - Demonstrar o que a legislação prevê sobre as câmaras privadas de conciliação e mediação. Introdução Você sabe como as câmaras privadas funcionam? As câmaras privadas atuam de forma autônoma com relação aos tribunais. No entanto, não estão dispensadas das verificações de homologação por um juiz da área. As câmaras privadas podem atuar com o jurídico das organizações e também de forma direta com pessoas físicas. Neste texto, você vai estudar as câmaras arbitrais atuantes no Brasil. Também aprenderá sobre o perfil de árbitros, conciliadores e mediadores em câmaras privadas. Além disso, conhecerá melhor a legislação perti- nente às câmaras privadas de conciliação e mediação. Câmaras arbitrais No Brasil, a formação da mediação e da arbitragem ocorreu por meio da Lei no 9.307/96, que foi alterada pela Lei no 13.129/15. O sistema de arbitragem é executado em outros países, como Estados Unidos, Inglaterra, França, Alemanha, Itália e Espanha, com êxito e como um auxílio ao Poder Judiciário. A primeira câmara de arbitragem que foi estendida a nível nacional foi a Câmara Brasileira de Mediação e Arbitragem Empresarial (CBMAE). Ela foi instituída a partir da estrutura reproduzida pelo Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID). O BID possuía convênios que também ampararam a construção de várias câmaras estaduais relacionadas às associações comerciais e industriais locais. Os acordos permitiram a similaridade de estruturas organizacionais das câmaras com listas de Perícia Contábil I Aline Alves, Danielle Regina da Natividade Ferreira, Fabiana Tramontin Bonho, José Valter Januário, Tatiane Antonovz UNIDADE 4 - MEDIAÇÃO E ARBITRAGEM 32 de 56 PÚBLICA árbitros e com a efetivação de cursos para capacitação em critérios de solução de litígios. Saiba mais As câmaras de conciliação, mediação e arbitragem são denominadas também de centros especializados. Elas representam organizações que estão direcionadas aos critérios apropriados de solução de litígios, mediante métodos jurídicos. Assim, buscam solucionar situações contraditórias por meio de arbitragem, mediação e conciliação. As câmaras privadas atuam de forma autônoma com relação aos tribunais. No entanto, não estão dispensadas das verificações e homologação de acordo com um juiz da área. As câmaras privadas podem atuar com o jurídico das organizações e também de forma direta com pessoas físicas. Não basta apenas abrir uma câmara sem saber o que são os métodos ade- quados de solução de conflito. Também é necessário conhecer as características para esse segmento. Afinal, haverá a participação de vários profissionais de diferentes áreas que contemplarão a câmara. Estes podem trabalhar internamente ou atuar como mediadores, conciliadores e árbitros. O modelo também será distinto. Devem existir espaços próprios para mediação, conciliação e arbitragem. Para abrir uma câmara privada, são necessários complementos básicos que auxiliarão no desenvolvimento dos processos. Como exemplo, você pode considerar materiais de escritório, colaboradores e softwares que vão conduzir a câmara, assessorando de forma financeira ou administrativa. Ou seja, há fatores que fazem a diferença diante de câmaras que iniciam suas atividades sem possuir esse conhecimento. As câmaras de conciliação, mediação e arbitragem são constituídas sem fins lucrativos. Elas possuem por finalidade propiciar a solução extrajudicial de litígios. A CBMAE instala suas câmaras em associações comerciais e empresariais. Essas câmaras trabalham com prioridade a favor do desenvolvimento do ambiente de negócios para as empresas. Cada câmaratem uma listagem em que constam todos os especialistas que podem operar nos procedimentos. Perícia Contábil I Aline Alves, Danielle Regina da Natividade Ferreira, Fabiana Tramontin Bonho, José Valter Januário, Tatiane Antonovz UNIDADE 4 - MEDIAÇÃO E ARBITRAGEM 33 de 56 PÚBLICA No Brasil, é possível identificar algumas câmaras de arbitragem atuantes, como: - Centro de Arbitragem e Mediação da Câmara de Comércio Brasil-- Canadá (CAM/CCBC). - Câmara de Comércio Internacional – Corte Internacional de Arbitragem. - Câmara de Conciliação, Mediação e Arbitragem Ciesp/Fiesp. - Câmara de Arbitragem do Mercado BM&FBovespa. - Centro de Mediação e Arbitragem da Amcham (American Chamber of Commerce for Brazil). - Câmara da FGV de Conciliação e Arbitragem. - Tribunal de Mediação, Conciliação e Arbitragem da Comissão das Sociedades de Advogados da OAB/SP. A Câmara de Arbitragem do Mercado (CAM) foi constituída pela Bovespa em junho de 2001. Ela busca ofertar um foro apropriado para a resolução de situações relacionadas ao mercado de capitais, principalmente as de cunho societário. A câmara de arbitragem exerce atividades que visam a resolver conflitos que ocorreram no âmbito das companhias empenhadas com a escolha de práticas distintas de governança corporativa e transparência. Saiba mais A Justiça Sem Processo (JUSPRO) foi a primeira câmara privada cadastrada pelo Tribunal de Justiça de São Paulo. Perfil: árbitros, conciliadores e mediadores nas câmaras privadas O perfil dos mediadores, dos árbitros e dos conciliadores que exercem atividades em câmaras privadas é bastante variado. Esses profissionais Perícia Contábil I Aline Alves, Danielle Regina da Natividade Ferreira, Fabiana Tramontin Bonho, José Valter Januário, Tatiane Antonovz UNIDADE 4 - MEDIAÇÃO E ARBITRAGEM 34 de 56 PÚBLICA poderão ser pessoas mais jovens, que pretendem ingressar na área, entre outras. Cada atribuição busca competências distintas. É necessária capacitação para todas essas responsabilidades. Nas câmaras privadas, não existe a imposição de formações própria. Ou seja, podem atuar advogados, por exemplo, sendo imprescindível possuir conhecimento sobre o assunto em debate. No processo de mediação e arbitragem, não basta à câmara escolher. É necessário que exista um processo de confiabilidade. A confiança das partes interessadas na mediação ou na conciliação possui grande importância. Tanto o mediador quanto o conciliador estão a serviço dos dois lados do processo. A opção do mediador ou do conciliador se modifica conforme a dificuldade das situações. Frente aos debates organizacionais, contratuais, o advogado é convocado, por exemplo. Quando se trata de um caso familiar, o encaminhamento é direcionado para um profissional da área de terapia ou psicologia. Com relação ao perfil, a escolha dos mediadores e conciliadores para a câmara que administra é relacionada à qualificação. Entram em jogo a certificação pelo Conselho Nacional de Justiça (CNJ) e o cadastro dessas pessoas diante dos tribunais, nos referidos Núcleos Permanentes de Métodos Consensuais de Solução de Conflitos (Nupemecs). A Lei nº 13.140/15 (BRASIL, 2015b), em seu artigo 11, define sobre a formação do profissional que atua na mediação: Art. 11. Poderá atuar como mediador judicial a pessoa capaz, graduada há pelo menos dois anos em curso de ensino superior de instituição reconhecida pelo Ministério da Educação e que tenha obtido capacitação em escola ou instituição de formação de mediadores, reconhecida pela Escola Nacional de Formação e Aperfeiçoamento de Magistrados – ENFAM ou pelos tribunais, observados os requisitos mínimos estabelecidos pelo Conselho Nacional de Justiça em conjunto com o Ministério da Justiça. É importante que você entenda a relevância dos treinamentos referentes a técnicas para orientar uma negociação e a identificação de situações de Perícia Contábil I Aline Alves, Danielle Regina da Natividade Ferreira, Fabiana Tramontin Bonho, José Valter Januário, Tatiane Antonovz UNIDADE 4 - MEDIAÇÃO E ARBITRAGEM 35 de 56 PÚBLICA conflitos. Fique atento Para o árbitro, a experiência é fundamental. Já com relação ao mediador, o êxito resulta da habilidade para recomendar acordos. O conciliador tem por característica primordial a sensibilidade. Com relação aos árbitros, conciliadores e mediadores privados, eles correspondem a pessoas que possuem experiência elevada em áreas específicas. Essas pessoas são indicadas pelas partes que necessitam da atuação desse profissional a fim de solucionar algum conflito existente. Regulamentação das câmaras privadas de conciliação e mediação A legislação que ampara as câmaras privadas de conciliação e mediação é a Lei nº 13.105/15 (BRASIL, 2015a). Alguns artigos da legislação estabelecem como ocorre o processo de credenciamento dos mediadores e conciliadores. Também definem as solicitações relativas ao perfil de quem irá atuar na área, entre outros requisitos. O artigo 167 da Lei nº 13.105/15 apresenta o conteúdo pertinente sobre conciliadores e mediadores das câmaras privadas. Observe (BRASIL, 2015a): Art. 167. Os conciliadores, os mediadores e as câmaras privadas de conciliação e mediação serão inscritos em cadastro nacional e em cadastro de tribunal de justiça ou de tribunal regional federal, que manterá registro de profissionais habilitados, com indicação de sua área profissional. § 1º Preenchendo o requisito da capacitação mínima, por meio de curso realizado por entidade credenciada, conforme parâmetro curricular definido pelo Conselho Nacional de Justiça em conjunto com o Ministério da Justiça, o conciliador ou o mediador, com o respectivo certificado, poderá requerer sua inscrição no cadastro nacional e no cadastro de tribunal de justiça ou de tribunal regional federal. Perícia Contábil I Aline Alves, Danielle Regina da Natividade Ferreira, Fabiana Tramontin Bonho, José Valter Januário, Tatiane Antonovz UNIDADE 4 - MEDIAÇÃO E ARBITRAGEM 36 de 56 PÚBLICA § 2º Efetivado o registro, que poderá ser precedido de concurso público, o tribunal remeterá ao diretor do foro da comarca, seção ou subseção judiciária onde atuará o conciliador ou o mediador os dados necessários para que seu nome passe a constar da respectiva lista, a ser observada na distribuição alternada e aleatória, respeitado o princípio da igualdade dentro da mesma área de atuação profissional. § 3º Do credenciamento das câmaras e do cadastro de conciliadores e mediadores constarão todos os dados relevantes para a sua atuação, tais como o número de processos de que participou, o sucesso ou insucesso da atividade, a matéria sobre a qual versou a controvérsia, bem como outros dados que o tribunal julgar relevantes. § 4º Os dados colhidos na forma do § 3º serão classificados sistematicamente pelo tribunal, que os publicará, ao menos anualmente, para conhecimento da população e para fins estatísticos e de avaliação da conciliação, da mediação, das câmaras privadas de conciliação e de mediação, dos conciliadores e dos mediadores. § 5º Os conciliadores e mediadores judiciais cadastrados na forma do caput, se advogados, estarão impedidos de exercer a advocacia nos juízos em que desempenhem suas funções. § 6º O tribunal poderá optar pela criação de quadro próprio de conciliadores e mediadores, a ser preenchido por concurso público de provas e títulos, observadas as disposições deste Capítulo. A legislação apresentada e que regulamenta as câmaras privadas (BRASIL, 2015a, art. 168) afirma que as partes envolvidas possuem o direito de escolha, ambas em conformidade, o conciliador, o mediador ou a câmara privada de conciliação e de mediação. O conciliador ou mediador indicado pelas partes envolvidas poderá estar cadastrado no tribunal ou não. Na ocorrência de não existir concordância entre as partes envolvidas com relaçãoao mediador ou conciliador, ocorrerá distribuição entre os que estiverem cadastrados no registro do tribunal, em conformidade com a sua formação. Fique atento Perícia Contábil I Aline Alves, Danielle Regina da Natividade Ferreira, Fabiana Tramontin Bonho, José Valter Januário, Tatiane Antonovz UNIDADE 4 - MEDIAÇÃO E ARBITRAGEM 37 de 56 PÚBLICA Sempre que for necessário ou sugerido, será designado mais de um mediador ou conciliador. O artigo 169 (BRASIL, 2015a) define que o conciliador e o mediador ga- nharão, pelo trabalho prestado, uma remuneração. Esta é estimada conforme a tabela fixada pelo tribunal, de acordo com as medidas definidas pelo Conselho Nacional de Justiça (CNJ). Saiba mais A mediação e a conciliação podem ser executadas como um serviço voluntário. Isso conforme a legislação adequada e a regulamentação do tribunal. Os tribunais definirão a quantidade em percentual referente a audiências não remuneradas que precisarão ser sustentadas pelas câmaras privadas de conciliação e mediação. Isso visando a cumprir aos processos em que foi concedida a gratuidade da justiça como compensação de seu credenciamento. A mesma legislação trata, no artigo 174, sobre a formação de câmaras de mediação e conciliação (BRASIL, 2015a): Art. 174. A União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios criarão câmaras de mediação e conciliação, com atribuições relacionadas à solução consensual de conflitos no âmbito administrativo, tais como: I – dirimir conflitos envolvendo órgãos e entidades da administração pública; II – avaliar a admissibilidade dos pedidos de resolução de conflitos, por meio de conciliação, no âmbito da administração pública; III – promover, quando couber, a celebração de termo de ajustamento de conduta. Art. 175. As disposições desta Seção não excluem outras formas de conciliação e mediação extrajudiciais vinculadas a órgãos institucionais ou realizadas por intermédio de profissionais independentes, que poderão ser regulamentadas por lei específica. Parágrafo único. Os dispositivos desta Seção aplicam-se, no que couber, às câmaras privadas de conciliação e mediação. Perícia Contábil I Aline Alves, Danielle Regina da Natividade Ferreira, Fabiana Tramontin Bonho, José Valter Januário, Tatiane Antonovz UNIDADE 4 - MEDIAÇÃO E ARBITRAGEM 38 de 56 PÚBLICA Perícia Contábil I Aline Alves, Danielle Regina da Natividade Ferreira, Fabiana Tramontin Bonho, José Valter Januário, Tatiane Antonovz UNIDADE 4 - MEDIAÇÃO E ARBITRAGEM 39 de 56 PÚBLICA Referências BRASIL. Lei nº 13.105, de 16 de março de 2015. Brasília, DF, 2015a. Disponível em: <http:// www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2015- 2018/2015/lei/l13105.htm>. Acesso em: 14 jul. 2017. BRASIL. Lei nº 13.140, de 26 de junho de 2015. Brasília, DF, 2015b. Disponível em: <http:// www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2015- 2018/2015/Lei/L13140.htm>. Acesso em: 09 ago. 2017. Leituras recomendadas BACELLAR, R. P. Mediação e arbitragem. São Paulo: Saraiva, 2012. BM&FBOVESPA. Câmara de arbitragem do mercado (CAM). São Paulo, c2016. Disponível em: <http://www.bmfbovespa.com.br/pt_br/servicos/camara-de-arbitragem- do--mercado-cam/perguntas-frequentes/>. Acesso em: 09 ago. 2017. ORNELAS, M. M. G. Perícia contábil. 5. ed. São Paulo: Atlas, 2011. SÁ, A. L. de. Perícia contábil. 9. ed. São Paulo: Atlas, 2009. SOUSA, S. H. M.; GRANDE, C. G. Perícias na prática. Curitiba: Juruá, 2010. Perícia Contábil I Aline Alves, Danielle Regina da Natividade Ferreira, Fabiana Tramontin Bonho, José Valter Januário, Tatiane Antonovz UNIDADE 4 - MEDIAÇÃO E ARBITRAGEM 40 de 56 PÚBLICA O árbitro Objetivos de aprendizagem: Ao final deste texto, você deve apresentar os seguintes aprendizados: - Descrever a responsabilidade do árbitro e seus requisitos obrigatórios. - Listar os critérios de nomeação para árbitro. - Identificar a principal função do árbitro. Introdução Você sabia que os árbitros não possuem poder de imposição ou de opressão? Isso expressa que, se a parte perdedora no processo arbitral não se sujeitar à decisão dos árbitros, a parte que ganhar terá que recorrer ao Judiciário para efetivar a decisão. A arbitragem, como você pode perceber, é dependente desse órgão para validar suas decisões. Neste texto, você vai estudar as funções e características exigidas para a atuação do árbitro. Além disso, aprenderá como ocorre o processo de indicação desse profissional. A função do árbitro O juízo arbitral se concretiza favorecendo ao contador um novo meio de atuação. Isso ocorre de duas formas: no instante em que o contador atua na função de árbitro e também quando é preciso que se efetue a perícia arbitral. O processo de arbitragem representa um método extrajudicial que tem por finalidade a solução de conflitos. O domínio dos árbitros e a escolha das partes envolvidas correspondem a fatores importantes que concretizam esse processo. As partes envolvidas podem ser pessoas físicas ou ainda pessoas jurídicas. Elas visam, de modo voluntário, a um recurso rápido e determinante para Perícia Contábil I Aline Alves, Danielle Regina da Natividade Ferreira, Fabiana Tramontin Bonho, José Valter Januário, Tatiane Antonovz UNIDADE 4 - MEDIAÇÃO E ARBITRAGEM 41 de 56 PÚBLICA o conflito. Buscando esse fim, procuram uma instituição arbitral ou ainda a assessoria de um árbitro. Fique atento O objetivo do árbitro é buscar informações técnicas sobre um assunto específico. Assim, ele direciona a tomada de decisão para a qual foi escolhido. O processo de arbitragem se mostra uma escolha assertiva. As partes possuem a livre escolha dos árbitros, podendo dessa forma indicar um especialista na área jurídica que atue para decidir sobre o conflito. Elas também têm a opção de escolher uma pessoa capacitada na questão de conflitos. Conforme a lei que abrange a arbitragem, Lei nº 9.307/1996 (BRASIL, 1996), é possível verificar que o processo resolve sobre conflitos privados sem a interferência do poder estatal. Saiba mais Como afirma o parágrafo 1o do artigo 23 da Lei nº 9.307/96 (BRASIL, 1996), alterada pela Lei nº 13.129/15, o árbitro, na sua atuação, poderá articular sentenças parciais. No parágrafo 2o do mesmo artigo, você pode verificar que as partes interessadas e os árbitros, mediante negociação em comum, poderão estender o prazo a fim de expressar a decisão final (BRASIL, 1996). O árbitro precisa ouvir a narrativa das partes, do mesmo modo que os advogados e também as testemunhas. Ele precisa verificar os documentos e pode solicitar peritos para atuarem na tomada de decisão. Antecedendo o julgamento do conflito, o árbitro poderá promover um acordo ou mediação entre as partes, com o intuito de incentivar a negociação. O parecer técnico é emitido pelo perito-contador assistente técnico. Na esfera arbitral, ele auxiliará o árbitro e também as partes nas suas tomadas de decisão. Perícia Contábil I Aline Alves, Danielle Regina da Natividade Ferreira, Fabiana Tramontin Bonho, José Valter Januário, Tatiane Antonovz UNIDADE 4 - MEDIAÇÃO E ARBITRAGEM 42 de 56 PÚBLICA Saiba mais O árbitro poderá decidir o litígio fundamentado nas regras do direito. Assim, deve tomar suas decisões em conformidade com o conhecimento real que possui. Dessa forma, é preciso que as partes envolvidas aprovem e comuniquem a escolha desse procedimento. Entendendo como ocorre o processo de indicação de um árbitro A Lei nº 13.129/15 modifica a Lei nº 9.307/96 e a Lei nº 6.474/76. Faz isso a fim de estender o âmbito de execução do processo de arbitragem. Além disso, a modificação objetiva apresentar o processo de escolha do árbitro e o momento em que as partes interessadas recorrem ao órgão arbitral. O perito corresponde ao contador que possui registro no Conselho Regional de Contabilidade