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Cap 4 - Mediacao e Arbitragem - Aline Alves v01

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Perícia Contábil I 
Aline Alves, Danielle Regina da Natividade Ferreira, Fabiana Tramontin Bonho, José 
Valter Januário, Tatiane Antonovz 
UNIDADE 4 - MEDIAÇÃO E ARBITRAGEM 
 
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PÚBLICA 
Mediação e arbitragem: conceitos 
 
Objetivos de aprendizagem: 
Ao final deste texto, você deve apresentar os seguintes aprendizados: 
• Definir os conceitos de mediação e conciliação. 
• Descrever o conceito de arbitragem. 
• Identificar as vantagens do uso da mediação e da arbitragem. 
 
Introdução 
A mediação e a conciliação são dois diferentes instrumentos que as partes 
podem utilizar. A mediação é um processo formal. Ela depende do auxílio 
de um terceiro para ocorrer. Sua atuação deverá contar com absoluta 
independência. Já a conciliação é um processo um pouco diferente, mais 
leve e que pode ser conhecido como mediador. Esse processo, composto 
de seis diferentes etapas, visa a agilizar a solução para a lide, trazendo mais 
rapidez e objetividade para questões legais. A arbitragem, outra forma de 
solução de problemas legais, inclui também órgãos da administração direta 
e indireta. O perito contábil tem aqui novamente um papel decisivo. Cabe 
a ele calcular os valores envolvidos nos processos, as despesas relativas a 
eles ou os valores julgados como pagáveis ao final de todas as análises. Isso 
tanto na mediação quanto na conciliação ou na arbitragem. 
Neste texto, você irá entender as diferentes características tanto da 
mediação quanto da conciliação, suas fases e os envolvidos. Também vai 
compreender a arbitragem e todas as suas nuances. Além disso, verá como 
o perito desempenha suas funções, auxiliando no cálculo dos valores 
apurados. 
 
 
Perícia Contábil I 
Aline Alves, Danielle Regina da Natividade Ferreira, Fabiana Tramontin Bonho, José 
Valter Januário, Tatiane Antonovz 
UNIDADE 4 - MEDIAÇÃO E ARBITRAGEM 
 
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PÚBLICA 
Mediação e conciliação 
 
A mediação é um processo formal. Nele, partes conflitantes recebem 
auxílio de um terceiro, que deverá obrigatoriamente ser imparcial em 
relação a elas. Esse terceiro pode ser substituído por um painel de pessoas 
também sem interesses diretos na causa da lide. 
 
Saiba mais 
 
A lide é o conflito de interesses manifestado em juízo. O termo lide 
frequentemente é utilizado como sinônimo da palavra ação. Ele também 
pode estar relacionado à demanda, ao litígio ou ainda ao pleito judicial 
(DIREITONET, 2005). 
 
A pessoa ou o painel de pessoas, também denominado como mediador, 
não sugere nem impõe uma solução. Também não interfere nos termos de 
um eventual acordo entre as partes. Todo o trabalho de mediação é regido 
pelas Leis no 13.105 e no 13.140, ambas de 2015. O papel do mediador é 
fazer com que as partes divergentes possam chegar a um acordo julgado 
como bom para ambas. 
 
A conciliação, por sua vez, é um processo mais breve. É oriundo de ajustes 
de interesses entre as partes discordantes. Além disso, sempre tem o 
objetivo de dirimir os conflitos a partir da interposição de um acordo. Em 
tal acordo, as partes divergentes recebem auxílio de um terceiro. Este 
também é imparcial. Se necessário, um painel de pessoas sem qualquer 
interesse na causa pode substituí-lo. O terceiro é denominado conciliador. 
Ele utiliza técnicas específicas para auxiliar todas as partes a chegarem a 
uma solução para o caso, denominada acordo. 
 
Diferente do mediador, o conciliador apenas sugere uma solução para a 
lide. Ele não impõe qualquer possibilidade às partes, ficando tal 
prerrogativa ao árbitro ou a um juiz. Todo o processo de conciliação é 
normatizado pelo Manual de Mediação do CNJ (CONSELHO NACIONAL DE 
JUSTIÇA, 2015). 
 
 
 
 
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Aline Alves, Danielle Regina da Natividade Ferreira, Fabiana Tramontin Bonho, José 
Valter Januário, Tatiane Antonovz 
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PÚBLICA 
 
 
O processo de mediação é composto de seis etapas distintas. São elas: 
1. Início e ambientação. 
2. Reunião de informações. 
3. Identificação de questões, interesses e sentimentos. 
4. Esclarecimento das controvérsias e dos interesses. 
5. Resolução das questões do conflito. 
6. Encerramento, que é o registro das resoluções encontradas. 
 
Um mediador, no entanto, pode pular ou abreviar as etapas da maneira que 
julgar mais conveniente, sempre de forma que beneficie ambas as partes. 
Além disso, deve manter a total transparência do processo. 
Tanto a mediação quanto a conciliação são regidas por alguns princípios 
básicos. São a independência, a imparcialidade, a autonomia da vontade, a 
confidencialidade, a oralidade, a informalidade e a decisão confirmada, 
todos definidos pela Lei no 13.140 (BRASIL, 2015b). 
De acordo com a legislação específica que versa sobre o tema, tanto a 
mediação quanto a conciliação têm a utilização aventada quando a 
divergência tiver a possibilidade de ser resolvida com o uso de diálogo. Isso 
vale para pessoas físicas e jurídicas, sejam elas públicas ou privadas. 
A mediação é largamente utilizada. Ela possui maior eficácia quando já 
existe um vínculo entre as partes. A conciliação, por sua vez, é mais indicada 
em casos específicos, com uma controvérsia bem direcionada e delimitada. 
Nessas situações, não há a necessidade de se manter o relacionamento 
eventual entre as partes após os trâmites terem terminado. 
É possível usar tanto a mediação quanto a conciliação de duas maneiras 
distintas: na esfera judicial e na esfera extrajudicial. A diferença entre as 
duas é que a primeira está ligada aos trâmites legais formais, e a segunda, 
não. Esta se caracteriza pelo maior nível de informalidade e, 
consequentemente, rapidez para as partes envolvidas na controvérsia. 
Os juízes, advogados, defensores públicos e membros do Ministério Público 
devem estimular essas formas de resolução de problemas. Afinal, elas são 
consensuais e mais ágeis. Cabe ao autor da ação indicar de maneira explícita 
na petição inicial se deseja ou não a audiência de conciliação ou de 
mediação. 
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A lei também estabelece que não cabe às partes a aceitação ou não dos 
mediadores. A única situação em que isso pode ocorrer é nos casos 
comprovados de impedimento ou suspeição por parte dos mediadores. 
Para ações que não ultrapassam o montante de 40 salários-mínimos e com 
menor potencial ofensivo, a conciliação passou a ser uma regra nas 
infrações penais, de acordo com o que estabelece a Lei no 9.099 (BRASIL, 
1995). Já no ano de 2016, uma resolução foi aprovada, a 174 do Conselho 
Superior da Justiça do Trabalho. Ela traz regulamentação para a mediação, 
mas no âmbito da Justiça do Trabalho. O objetivo é deixar esse ramo mais 
ágil, garantindo não somente os interesses dos funcionários, mas também 
os direitos dos empregadores. 
Já na esfera extrajudicial, a mediação trata de conflitos em que as partes 
procuram um profissional em mediação ou em conciliação. 
Alternativamente, uma entidade especializada neste tipo de serviço pode 
ser procurada pelas partes. 
O convite para que a mediação extrajudicial ocorra deve ser feito com o uso 
de qualquer meio de comunicação. Ele deve deixar claro tanto a matéria 
que será objeto da negociação como a data e o local em que se pretende 
que ocorra a mediação. Caso esse pedido não seja respondido no prazo de 
30 dias contados do seu recebimento, o mesmo será considerado rejeitado. 
É possível realizar uma audiência de conciliação ou de mediação por meio 
eletrônico, não havendo necessidade de que tal meio seja homologado pela 
Justiça. O uso da internet está completamente liberado para a difusão de 
informação de áudio e vídeo das partes. Isso, como você deve imaginar, 
desde que não haja qualquer objeção de nenhuma parte envolvida. 
 
Fique atento 
 
Um perito contábil sempre será o responsável por calcular os valoresenvolvidos em um processo. Ele definirá quanto cada parte será responsável 
por cobrir. Nesse sentido, se consideram tanto despesas relativas ao 
processo quanto valores julgados como pagáveis ao final de todas as 
análises. Isso vale para a mediação e para a conciliação. 
 
Existem duas maneiras distintas pelas quais as pessoas podem escolher a 
mediação. Elas são a cláusula compromissória e o compromisso de 
mediação. A primeira delas, a cláusula compromissória, já vem explícita nos 
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contratos. Ela estabelece que a mediação poderá ser o meio utilizado para 
dirimir os eventuais conflitos que ocorram. O compromisso de mediação se 
refere ao compromisso dos envolvidos em uma lide qualquer de utilização 
do processo de mediação. É possível verificar que a cláusula 
compromissória normalmente vem antes do compromisso de mediação, 
momento em que já há alguma rusga existente. 
Também é importante você saber que, mesmo se tratando de situação 
extrajudicial, em nenhum momento qualquer das partes está impedida de 
ingressar no Poder Judiciário com processo judicial. Se houver qualquer 
suspeita de que os procedimentos podem prejudicar uma parte, esta tem 
completa liberdade para exercer esses direitos. Um perito contábil é o 
melhor profissional para direcionar as partes e definir se um acordo está, 
de fato, trazendo justiça a um processo, seja ele judicial ou extrajudicial. 
 
O conceito de arbitragem 
 
A Lei no 9.307 (BRASIL, 1996), alterada pela Lei no 13.129/15, estabelece 
todas as normas relativas à arbitragem. Ela especifica que as pessoas 
podem se utilizar dessa ferramenta para acabar com problemas de ordem 
legal ligados a direitos patrimoniais disponíveis. Isso inclui órgãos tanto da 
administração direta quanto da administração indireta das três esferas 
governamentais. 
O processo de arbitragem também possui alguns princípios norteadores 
explícitos. São a boa-fé das partes, a igualdade das partes, o contraditório 
e a ampla participação das partes no processo, a celeridade e a 
imparcialidade do árbitro, além de seu livre convencimento. 
 
Fique atento 
 
Nos casos em que a arbitragem tiver como parte a administração pública, 
seja ela direta ou indireta, se deve utilizar complementarmente o princípio 
da publicidade. Além dele, se fazem necessários os princípios gerais de 
direito e as regras internacionais de comércio, em sua integralidade. 
 
Considere as situações em que se fazem necessários o cálculo e o 
levantamento de valores monetários para a identificação de direitos e a 
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compensação financeira de qualquer parte. Nelas, o trabalho do perito 
contábil ganha importância. Afinal, ele é o único profissional capaz de 
realizar o levantamento preciso dos direitos e do que necessita ser 
compensado a cada parte envolvida na situação de arbitragem. 
Para ser um árbitro, é necessário seguir o que estabelece a Lei no 9.307 
(BRASIL, 1996), que é a Lei da Arbitragem. De acordo com ela, se deve ter a 
confiança das partes envolvidas no processo, e a pessoa deve ser 
legalmente capaz. As partes podem efetuar a nomeação de um ou mais 
árbitros, mas sempre totalizando um número ímpar. Isso também vale para 
o número dos suplentes. A utilização de um número ímpar de árbitros evita 
a situação de empate nos julgamentos. As partes também podem 
convencionar que utilizarão um órgão arbitral institucional ou uma empresa 
que preste serviços de seleção de árbitros. 
Enquanto estiver no pleno desempenho da função, o árbitro sempre deve 
agir com imparcialidade, com independência, com competência, com 
diligência e com discrição. Assim como no caso dos juízes, os árbitros 
também estão sujeitos a impedimento por suspeição. Nesse sentido, se 
aplicam a eles as mesmas obrigações e responsabilidades previstas no 
Código de Processo Civil (BRASIL, 2015a). 
Outro fato merece destaque. O árbitro, de maneira distinta de um perito 
contábil, é considerado um funcionário público para efeitos penais 
enquanto estiver no pleno desempenho de suas funções. Além disso, você 
deve considerar que a sentença do árbitro não é sujeita a recurso nem 
necessita de homologação do Poder Judiciário. Isso faz com que ele seja um 
juiz não somente de fato, mas também de direito. 
Uma das obrigações de um árbitro é, sempre que for instaurado o devido 
processo arbitral, a condução e a decisão da controvérsia. As partes e seus 
representantes legais, os advogados, são obrigados a colaborar, cooperar e 
fornecer ao árbitro todos os elementos necessários para que o julgamento 
da lide ocorra da melhor maneira. 
Um processo arbitral é finalizado com a emissão da sentença. Esta é firmada 
pelo árbitro ou pelo conjunto de árbitros, se houver. Para que ele seja 
finalizado, também é necessário que o relatório contenha os nomes de 
todas as partes e um breve resumo da causa geradora da lide. Nele devem 
constar ainda os fundamentos para a decisão tomada, em que se tomam 
como base todas as provas e ocorridos de fato e de direito. Nesse sentido, 
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é necessário deixar claro que os árbitros julgaram o processo utilizando a 
equidade. Também se deve incluir no relatório o dispositivo utilizado para 
que os árbitros resolvessem as questões e definissem o prazo para que a 
decisão seja cumprida. Por último, devem constar o local e a data em que a 
sentença foi definida. 
 
Fique atento 
 
Caso não haja um prazo definido pelas partes, a sentença será proferida no 
prazo de até seis meses. Esse prazo é contado a partir do início do processo 
de arbitragem ou da eventual substituição do árbitro ou dos árbitros 
existentes. 
 
Cabe lembrar que a sentença arbitral possui as mesmas prerrogativas legais 
de uma sentença proferida por um juiz. Ela é caracterizada como um título 
executivo de condenação. 
Dado seu escopo, é salutar que um perito contábil calcule e defina os 
valores devidos pelas partes. Isso para efeito de compensação por prejuízos 
ou outras perdas julgadas como procedentes pelo árbitro ou pelo conjunto 
de árbitros após proferida a sentença arbitral. 
Comparativamente com a Justiça estatal, a arbitragem apresenta uma série 
de distinções. Estas trazem mais facilidade para o trabalho de todos. 
Considere uma perícia contábil, por exemplo, que é muito requisitada nos 
casos que envolvem bens tangíveis e intangíveis. Ela se torna muito mais 
direcionada e facilitada quando o processo é movido com o uso da 
arbitragem em vez do uso da Justiça comum. 
 
Fique atento 
 
O tempo médio de um processo tramitando no regime de arbitragem é de 
alguns poucos meses, não chegando a completar um ano, em média. Já um 
processo de mesma monta e importância, se ajuizado na Justiça comum e 
seguindo todos os trâmites, normalmente demora anos para ser considerado 
transitado em julgado. 
 
Com relação aos custos incorridos por todas as partes, no caso da Justiça 
comum há as custas processuais ordinárias, além dos honorários 
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advocatícios e dos ônus de sucumbência. Isso sem contar todos os 
protocolos e pagamentos necessários para recorrer a instâncias superiores 
nos casos de recursos a serem impetrados pelas partes. Já no caso da 
arbitragem, os custos do procedimento são bem inferiores aos ordinários. 
Isso fazcom que todas as partes possam honrar com tais pagamentos sem 
prejudicar o seu equilíbrio financeiro de maneira indevida. 
Quanto à representatividade realizada por terceiros, nos casos da Justiça 
comum, a constituição de um advogado e o pagamento de custas são 
obrigatórios. Assim, deixa de existir tal obrigatoriedade nos casos de 
arbitragem, pois a própria pessoa pode se representar e se defender 
sozinha. O mesmo ocorre com as possibilidades de negociação. Eles são 
muito amplos nos processos de arbitragem e mais restritas em se tratando 
de Justiça comum. 
 
Fique atento 
 
Um processo que se encaminhe em uma câmara de arbitragem possui sigilo 
que pode ser pleiteado pelas partes sem qualquer restrição. Já na Justiça 
comum todos os processos são de acesso público, a não ser que tramitem em 
regime de confidencialidade. Isso, contudo, se apresenta como exceção à 
regra de publicidade do direito brasileiro. 
 
Outro fator que diferencia muito a arbitragem da Justiça comum é a eficácia 
da sentença e os possíveis recursos que as partes podem impetrar. Na 
arbitragem, não há possibilidade de recurso. Já na Justiça comum existe 
uma ampla possibilidade de recursos, se podendo chegar até a Suprema 
Corte brasileira em casos extremos. 
Na esfera arbitral, a sentença é anunciada em instância única. Assim, é 
automaticamente constituída em título executivo judicial. É nesse 
momento que o trabalho do perito contábil se faz importante. Afinal, uma 
vez proferido o resultado final pelo árbitro, o perito contábil já pode iniciar 
os trabalhos de coleta de informações e de cálculos periciais para auxiliá-lo 
nos trabalhos finais. 
Em se tratando da Justiça comum, a sentença judicial apenas é considerada 
como um título executivo após o julgamento do último recurso ajuizado 
pela parte interessada. Conforme você viu anteriormente, há várias 
possibilidades de recursos por parte dos interessados que se julgarem 
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injustiçados ou prejudicados. Contudo, todos os recursos representam 
custas adicionais para os pleiteantes. 
 
 
Vantagens do uso da mediação e da arbitragem 
 
Não é novidade buscar novas soluções para fazer com que o Poder 
Judiciário fique menos sobrecarregado. Como você sabe, hoje há imensa 
quantidade de processos em fila para serem analisados e julgados. Assim, 
qualquer cidadão pode utilizar uma maneira alternativa, porém legal, de ter 
sua controvérsia analisada e seu problema resolvido. Isso sem a 
necessidade de recorrer ao Poder Judiciário de maneira direta, o que 
acarretaria mais um peso para o já tão sobrecarregado sistema brasileiro. 
O profissionalismo da mediação e da arbitragem é equivalente ao de um 
juiz. Isso traz tranquilidade para todas as partes de um processo, assim 
como para seus representantes legais devidamente constituídos. 
Quando se retira do Estado a responsabilidade exclusiva pelo julgamento 
de lides entre diversas partes, não se retira de forma alguma o seu poder 
ou a sua soberania. O que se faz é exatamente o contrário. Afinal, o Estado 
continua tão poderoso que resolve delegar tal tarefa a outros partícipes. 
Estes são considerados tão competentes quanto ele para o desempenho de 
tarefas de julgamento e definição de sentenças. 
No Brasil, existe tanto a Lei de Arbitragem quanto a Lei de Mediação. Elas 
resultam de uma evolução da cultura jurídica brasileira. Assim, dão à 
população a escolha de buscar a Justiça estatal ou a Justiça privada, sem 
qualquer prejuízo. 
Essas leis buscam tornar o direito processual brasileiro mais social. Elas 
identificam os ajustes necessários decorrentes da nova realidade 
tecnológica. Além disso, rompem com o mito de que apenas o 
aparelhamento estatal tem o poder de resolver conflitos jurídicos. 
 
Saiba mais 
 
Atualmente, a arbitragem passou a ser um instrumento muito usual nos 
negócios. Ela ganhou princípios e tem uma importância tão grande, que já 
passou a ser parte integrante de especificidades contratuais País afora. Essas 
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influências podem ser tanto positivas quanto negativas, caracterizando a 
eficácia do uso da arbitragem como solucionadora de problemas entre 
partes. 
 
A arbitragem possui um caráter bem amplo. Isso ocorre pois trata de 
relações entre particulares, sendo largamente utilizada no âmbito 
comercial. Causas mais ou menos complexas muitas vezes sequer 
necessitam do trabalho mais técnico de um perito contábil. Afinal, já estão 
claras as especificidades contratuais e os meandros de cada rusga 
contratual que eventualmente ocorra. No entanto, você sabe que não é 
possível prever todas as ocorrências, nem mapear todos os problemas de 
uma relação contratual. Dessa forma, o uso dos serviços de um perito 
contábil se faz presente e importante em muitos processos de arbitragem 
no País. 
Como benefícios diretos da mediação e da conciliação, você pode 
considerar a celeridade, a autonomia da vontade das partes, a 
informalidade dos processos, a efetividade, a confidencialidade, a 
exequibilidade e a prevenção de conflitos. Além disso, o processo é mais 
brando do que um processo normal. Isso acontece porque as partes 
concordaram previamente em buscar uma solução alternativa para dirimir 
seus conflitos. 
Toda a etapa procedimental também é mais simplificada, e as partes podem 
compreendê-la mais facilmente. Isso permite que elas mesmas criem 
artifícios e possam pensar em alternativas que auxiliem o mediador ou o 
conciliador durante as tarefas rotineiras. Com a aproximação mais latente 
entre as partes e os titulares pela mediação, eles identificam melhor as 
necessidades. Isso, é claro, sem deixar de respeitar as individualidades e os 
diretos de nenhuma das partes. 
 
Saiba mais 
 
Para que a mediação seja realmente simples, é necessária uma análise mais 
minuciosa. Normalmente, um perito contábil realiza essa análise. Esse 
trabalho de perícia é muito mais ágil que uma perícia judicial. Isso ocorre 
pois ele normalmente possui um aval prévio da parte afetada, deixando o 
processo todo mais rápido. 
 
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Outro fator benéfico para todas as partes é que elas mesmas são 
responsáveis por apresentar possíveis soluções para os conflitos em 
questão. Isso gera uma possibilidade quase nula de insatisfação com os 
resultados finais alcançados. Você pode perceber isso especialmente se 
comparar essa situação com uma decisão imposta por um terceiro. 
A mediação diminui o desgaste emocional, economizando tempo, recursos 
financeiros, controlando os riscos e mantendo a relação afetiva, negocial 
ou social que previamente existia entre as partes. Assim, representa uma 
ótima relação custo-benefício. 
Se for interesse de ambas as partes que todo o processo seja levado sob 
sigilo, há o princípio da confidencialidade. Dessa forma, fica completamente 
resguardado o completo sigilo das informações e das deliberações 
realizadas pelo mediador ou pelo conciliador. Esse recurso é bastante 
atraente em determinadas situações. 
Já para a arbitragem, as vantagens diretas estão ligadas à celeridade e à 
economia, assim como na mediação e na conciliação. Há ainda vantagens 
relacionadas à especialidade, à confidencialidade, à autonomia da vontade, 
à segurança jurídica processual e à irrecorribilidade, ou seja, à incapacidade 
das partes de recorrerem de uma decisão tomada por um árbitro. Isso deixa 
o processo mais rápido, diminuindo para zero as possibilidades de recursos 
ou postergaçõesprocessuais tão comuns no Poder Judiciário. 
 
 
 
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Referências 
 
BRASIL. Lei no 9.099, de 26 de setembro de 1995. Brasília, DF, 1995. 
Disponível em: <http:// www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L9099.htm>. 
Acesso em: 10 ago. 2017. 
BRASIL. Lei no 9.307, de 23 de setembro de 1996. Brasília, DF, 1996. 
Disponível em: <http:// www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L9307.htm>. 
Acesso em: 25 set. 2016. 
BRASIL. Lei no 13.105, de 16 de março de 2015. Brasília, DF, 2015a. 
Disponível em: <http:// www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2015-
2018/2015/lei/l13105.htm>. Acesso em: 10 ago. 2017. 
BRASIL. Lei no 13.140, de 26 de junho de 2015. Brasília, DF, 2015b. 
Disponível em: <http:// www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2015-
2018/2015/Lei/L13140.htm>. Acesso em: 10 ago. 2017. 
CONSELHO NACIONAL DE JUSTIÇA. Comitê Gestor Nacional da Conciliação. 
Manual de mediação judicial 2015. Brasília, DF, 2015. Disponível em: 
<http://www.cnj.jus.br/ 
files/conteudo/destaques/arquivo/2015/06/c276d2f56a76b701ca94df1ae
0693f5b. pdf>. Acesso em: 18 set. 2017. 
CONSELHO SUPERIOR DA JUSTIÇA DO TRABALHO. Resolução CSJT no 174, 
de 30 de setem-bro de 2016. Brasília, DF, 2016. Disponível em: 
<http://www.csjt.jus.br/c/document_li-brary/get_file?uuid=235e3400-
9476-47a0-8bbb-bccacf94fab4&groupId=955023>. Acesso em: 19 set. 
2017. 
DIREITONET. Lide. Sorocaba, 2015. Disponível em: 
<http://www.direitonet.com.br/ dicionario/exibir/873/Lide>. Acesso em: 
19 set. 2017. 
 
Perícia Contábil I 
Aline Alves, Danielle Regina da Natividade Ferreira, Fabiana Tramontin Bonho, José 
Valter Januário, Tatiane Antonovz 
UNIDADE 4 - MEDIAÇÃO E ARBITRAGEM 
 
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Mediação e arbitragem: fundamentação legal 
 
Objetivos de aprendizagem: Ao final deste texto, você deve apresentar os 
seguintes aprendizados: 
• Definir a perícia arbitral prevista na legislação aplicável. 
• Identificar a aplicação da convenção de arbitragem. 
• Reconhecer a diferença entre a mediação e a arbitragem conforme a 
legislação. 
 
Introdução 
 
Você conhece as diferenças existentes entre os processos de mediação e 
arbitragem? A mediação corresponde a um método de solução de litígios 
em que um terceiro neutro e imparcial auxilia as partes interessadas. Esse 
terceiro incentiva a comunicação para que as partes reflitam e tenham um 
entendimento sobre o conflito. Assim, elas mesmas solucionam o caso em 
questão. Já na arbitragem, quem analisa e decide sobre o litígio é o árbitro. 
Ele declara sua sentença e a impõe às partes envolvidas. 
Neste texto, você vai estudar a execução da convenção de arbitragem e 
seus efeitos. Também vai aprender sobre a legislação que prevê a 
arbitragem e sobre a diferença entre os processos de mediação e 
arbitragem. 
 
O que prevê a legislação sobre a prática da perícia arbitral? 
 
A arbitragem representa um processo que possui todas as garantias do 
procedimento judicial. Ela tem o intuito de fazer com que as partes 
envolvidas se sujeitem a juízes particulares indicados por elas mesmas para 
solucionar um conflito específico. 
 
Saiba mais 
 
A arbitragem poderá ser utilizada pela administração pública direta e 
indireta a fim de reduzir situações de conflitos relacionados a direitos 
patrimoniais disponíveis. Isso está definido na Lei no 13.129/15 (BRASIL, 
2015), por meio do artigo 1º, parágrafo 1º. 
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A prática da arbitragem visa à utilização de árbitros em vez de juízes, 
prevenindo assim ações judiciais. Na prática, a legislação consolidou o que 
já estava sendo aplicado pelos profissionais, trazendo, dessa forma, maior 
segurança para as partes envolvidas no conflito. 
A legislação prevê que qualquer pessoa poderá ser árbitro e atuar como 
um. Isso desde que tenha capacidade, conhecimento e inspire confiança 
nas partes envolvidas. Você pode averiguar esses aspectos mediante a Lei 
no 9.307/96 (BRASIL, 1996), artigo 13, que posteriormente foi alterada pela 
Lei no 13.129/15 (BRASIL, 2015). 
O árbitro, na sua atuação, poderá emitir a carta arbitral, conforme a Lei no 
13.129/15, artigo 22-C (BRASIL, 2015): 
 
Art. 22-C. O árbitro ou o tribunal arbitral poderá expedir carta arbitral 
para que o órgão jurisdicional nacional pratique ou determine o 
cumprimento, na área de sua competência territorial, de ato solicitado 
pelo árbitro. Parágrafo único. No cumprimento da carta arbitral será 
observado o segredo de justiça, desde que comprovada a 
confidencialidade estipulada na arbitragem. 
 
Instaurada a arbitragem, é necessário explicar a questão apresentada na 
convenção de arbitragem, elaborada com as partes envolvidas e fixada por 
todos. Assim, o árbitro passará a pertencer e participar da convenção de 
arbitragem. 
A convenção de arbitragem, de acordo com a Lei no 9.307/96 (BRASIL, 
1996), artigo 3o, representa um gênero. Ou seja, ela envolve preferências 
ou escolhas. Já o compromisso arbitral e a cláusula compromissória se 
referem a circunstâncias ou espécies. A convenção de arbitragem 
corresponde à fonte ordinária do direito processual arbitral. Esta é 
designada à resolução particular, também denominada de privada, dos 
litígios. Além disso, a fonte possui como base a independência da escolha 
pelas partes. 
 
 
 
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A prática da convenção de arbitragem 
 
A arbitragem apresentou novidades para solucionar conflitos. Ela é 
embasada na Leiºn°9.307/96, que foi posteriormente modificada pela 
Lei nº13.129/15. A arbitragem é vista como um dos processos mais 
relevantes dentro dos meios da legislação com o intuito de solucionar 
situações em que exista discórdia. A arbitragem, democrática e fidedigna, 
pode substituir um processo judicial. 
Isso pois possui capacidade e qualificação. Além disso, tem por finalidade 
resolver situações de conflitos patrimoniais vinculados à área de atuação 
do profissional de contabilidade. Sendo assim, é necessário estender o 
conhecimento da classe contábil a fim de conseguir exercer atividade de 
perito nas soluções de controvérsias decorrentes de relações contratuais 
nacionais ou internacionais. Por meio da Lei nº 9.307/96 (BRASIL, 1996), 
alterada pela Lei nº 13.129/15 
(BRASIL, 2015), você pode averiguar sobre o acordo na arbitragem e os 
reflexos gerados. Estes podem ser verificados no artigo 3º da mesma 
legislação (BRASIL, 1996): 
 
Capítulo II 
Da Convenção de Arbitragem e seus Efeitos 
Art. 3º As partes interessadas podem submeter a solução de seus litígios 
ao juízo arbitral mediante convenção de arbitragem, assim entendida a 
cláusula compromissória e o compromisso arbitral. 
Art. 4º A cláusula compromissória é a convenção através da qual as 
partes em um contrato comprometem-se a submeter à arbitragem os 
litígios que possam vir a surgir, relativamente a tal contrato. 
§ 1º A cláusula compromissória deve ser estipulada por escrito, podendo 
estar inserta no próprio contrato ou em documento apartado que a ele 
se refira. 
§ 2º Nos contratos de adesão, a cláusula compromissória só terá 
eficácia se o aderente tomar a iniciativa de instituir a arbitragem ou 
concordar, expressamente, com a sua instituição, desde que por escrito 
em documento anexo ou em negrito, com a assinatura ou visto 
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especialmente para essa cláusula.Na ocorrência de não haver um acordo precedente referente ao método de 
aplicação da arbitragem, a parte interessada revelará à outra parte seu 
intuito de iniciar o processo de arbitragem. Deve fazer isso pelos meios de 
comunicação usuais, podendo ser pelo método tradicional – como correio 
– ou de forma eletrônica. Também deve haver constatação de recebimento, 
intimando a parte para fixar compromisso arbitral. 
Se a parte intimada não comparecer, ou comparecer e se recusar a fixar 
contrato ou compromisso arbitral, a outra parte envolvida terá o direito de 
propor o que prevê o artigo 7º da Lei nº 9.307/96 (BRASIL, 1996): 
 
Art. 7º Existindo cláusula compromissória e havendo resistência quanto 
à instituição da arbitragem, poderá a parte interessada requerer a 
citação da outra parte para comparecer em juízo a fim de lavrar-se o 
compromisso, designando o juiz audiência especial para tal fim. 
§ 1º O autor indicará, com precisão, o objeto da arbitragem, instruindo 
o pedido com o documento que contiver a cláusula compromissória. 
§ 2º Comparecendo as partes à audiência, o juiz tentará, previamente, 
a conciliação acerca do litígio. Não obtendo sucesso, tentará o juiz 
conduzir as partes à celebração, de comum acordo, do compromisso 
arbitral. 
§ 3º Não concordando as partes sobre os termos do compromisso, 
decidirá o juiz, após ouvir o réu, sobre seu conteúdo, na própria 
audiência ou no prazo de dez dias, respeitadas as disposições da 
cláusula compromissória e atendendo ao disposto nos arts. 10 e 21, § 
2º, desta Lei. 
§ 4º Se a cláusula compromissória nada dispuser sobre a nomeação de 
árbitros, caberá ao juiz, ouvidas as partes, estatuir a respeito, podendo 
nomear árbitro único para a solução do litígio. 
§ 5º A ausência do autor, sem justo motivo, à audiência designada para 
a lavratura do compromisso arbitral, importará a extinção do processo 
sem julgamento de mérito. 
§ 6º Não comparecendo o réu à audiência, caberá ao juiz, ouvido o 
autor, 
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estatuir a respeito do conteúdo do compromisso, nomeando árbitro 
único. § 7º A sentença que julgar procedente o pedido valerá como com-
promisso arbitral. 
Diferença entre mediação e arbitragem 
 
Mediação 
 
A mediação está relacionada à técnica de solução de conflitos 
intermediados por terceiros, além de ser um processo. O processo tem por 
finalidade resolver de modo tranquilo os problemas existentes. Ele deve 
preservar as relações de confiança e responsabilidades que ligam as partes. 
Todas as pessoas podem ser agrupadas em cinco níveis, como uma 
pirâmide. É possível, por exemplo, envolver suas necessidades fisiológicas 
básicas, de segurança, sociais, de autoestima e de autorrealização. As 
necessidades básicas se referem a atitudes simples que as pessoas precisam 
satisfazer, como comer, beber água, entre outras. 
A ação de uma pessoa a fim de satisfazer suas necessidades poderá 
encontrar barreiras. Ou seja, interesses de outras pessoas podem ser 
contrários à satisfação dessas necessidades, o que provavelmente 
ocasionará conflitos. 
O mediador tem como função buscar, por intermédio de técnicas 
específicas, uma alteração comportamental. Essa alteração deve auxiliar os 
envolvidos a analisar e a reagir ao conflito de forma mais rápida. 
 
Fique atento 
 
O processo de mediação desenvolve uma comunicação que será a base para 
esclarecer casos. Ele também pode melhorar a relação entre as partes 
envolvidas. 
 
A mediação corresponde a um processo transdisciplinar. Ou seja, está 
designada a aproximar as partes envolvidas na solução do conflito e levá-
las a perceber no litígio a possibilidade de resolver seus problemas. Isso se 
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dá por meio da comunicação, com ideias criativas que preservem a relação 
entre ambas. 
Uma das finalidades da mediação é descobrir os interesses que 
normalmente são escondidos pelas partes envolvidas, ou seja, que não são 
claros. Os métodos da mediação permitem averiguar os reais interesses e 
orientam à identificação diferenciada. Nesse sentido, se entende que um 
fato é o conflito processado e outro é o conflito real. 
A mediação permite o conhecimento absoluto sobre o que gerou o conflito. 
Também possibilita a solução do mesmo, preservando sempre a relação 
entre os litigantes. 
 
Arbitragem 
 
A arbitragem corresponde a uma técnica usada na solução de conflitos por 
meio da intervenção de uma ou mais pessoas. Estas são designadas e 
possuem poderes de uma convenção privada. Definem, assim, sem 
qualquer intervenção do Estado, a melhor decisão designada a assumir 
eficácia de sentença judicial. 
A arbitragem é formada mediante a vontade das partes envolvidas em um 
acordo chamado de convenção de arbitragem. Ou seja, se refere ao 
compromisso arbitral ou cláusula compromissória, conforme a 
Lei nº 9.307/96 (BRASIL, 1996), artigo 3º (alterada pela Lei nº 13.129/15). O 
árbitro ou o tribunal arbitral eleito pelas partes envolvidas redigirá a 
sentença que terá o mesmo valor de um título executivo judicial. Nela, não 
haverá qualquer recurso, com exceção dos embargos de declaração. 
 
Saiba mais 
 
A arbitragem corresponde ao último método de resolução extrajudicial de 
conflitos. A decisão tomada pelo árbitro é executada com base nos mesmos 
termos que teria um juiz de tribunal. 
 
Mediação versus arbitragem 
 
Ambos os processos, mediação e arbitragem, às vezes são tratados como 
se fossem similares na resolução de conflitos. No entanto, são métodos 
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bem diferentes, fundamentados em argumentos quase opostos e 
perspectivas distintas. 
A mediação pode ser solucionada em poucas semanas ou mesmo em dias. 
Porém, na arbitragem é utilizado um grande período de tempo. Isso ocorre 
devido à necessidade de produzir provas para o árbitro. Posterior às provas, 
o árbitro precisa de tempo para decidir sobre o conflito. Ele necessita, para 
chegar a tal decisão, realizar leituras e estudar o que foi verificado. Isso com 
base nas leis e também em casos similares. Depois, pode enfim analisar e 
declarar a sentença. 
 
Fique atento 
 
No processo de mediação, quem decide sobre o conflito em questão são as 
próprias partes envolvidas. O foco está na resolução da questão. 
 
Uma diferença relevante entre os dois procedimentos é que a mediação se 
refere a um auxílio que direciona as partes envolvidas a chegarem a um 
acordo. Já o processo de arbitragem tem como resultado o laudo arbitral. 
Ou seja, origina uma decisão tomada pelo árbitro do processo, que é 
obrigatória às partes envolvidas. 
Desse modo, é relevante que na mediação as partes tenham real interesse 
em solucionar o problema em questão de forma afetuosa e amigável. O 
papel do mediador nesse processo é assessorar para que os interessados 
alcancem esse caminho e solucionem o conflito. 
 
Fique atento 
 
No processo de arbitragem, não existe mais a comunicação entre as partes. 
Desse modo, não há o diálogo. Portanto, é preciso que um terceiro direcione 
as ações que devem ser realizadas ou não. 
 
Outra diferença relevante entre os dois processos é que a mediação pode 
ter início em qualquer instante. No entanto, a arbitragem só poderá ocorrer 
se tiver sido prevista em contrato inicial. Você deve saber também que o 
mediador poderá ser demandado antes, durante e depois de um processo 
arbitral ou judicial. 
 
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Referências 
 
BRASIL. Lei no 9.307, de 23 de setembro de 1996. Brasília, DF, 1996. 
Disponível em: <http:// www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L9307.htm>. 
Acesso em: 16 jul. 2017. 
BRASIL. Lei no 13.129, de 26 de maio de 2015. Brasília, DF, 2015. 
Disponível em: <http:// www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2015-
2018/2015/Lei/L13129.htm>. Acesso em: 16 jul. 2017. 
 
Leituras recomendadas 
 
BACELLAR, R. P. Mediação e arbitragem. São Paulo: Saraiva, 2012. BRASIL. 
Lei no 13.105, de 16 de março de 2015. Brasília, DF, 2015. Disponível em: 
<http:// www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2015-
2018/2015/Lei/L13105.htm#art1046>. Acesso em: 22 jul. 2017. 
CONSELHO REGIONAL DE CONTABILIDADE DO RIO GRANDE DO SUL. 
Mediação e arbitragem: a decisão por especialistas da contabilidade. 
Porto Alegre: CRCRS, 2005. Disponível em: 
<http://www.crcrs.org.br/arquivos/livros/livro_arbitragem.PDF>. Acesso 
em: 15 jul. 2017. 
HENRIQUE, M. R.; SOARES, W. A. Perícia, avaliação e arbitragem. Curitiba: 
InterSaberes, 2015. 
MOURA, R. Perícia contábil: judicial e extrajudicial. 4. ed. Rio de Janeiro: 
Freitas Bastos, 2017. 
ORNELAS, M. M. G. Perícia contábil. 5. ed. São Paulo: Atlas, 2011. SÁ, A. L. 
de. Perícia contábil. 9. ed. São Paulo: Atlas, 2009. SOUSA, S. H. M.; 
GRANDE, C. G. Perícias na prática. Curitiba: Juruá, 2010. 
 
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Mediação e arbitragem: procedimentos 
 
Objetivos de aprendizagem: 
Ao final deste texto, você deve apresentar os seguintes aprendizados: 
- Explicar o processo de mediação. 
- Reconhecer o processo de arbitragem. 
- Demonstrar o método de convenção de arbitragem e seus reflexos. 
 
Introdução 
 
Você sabe como ocorre o procedimento arbitral? Na arbitragem, as partes 
envolvidas possuem a liberdade de escolher os árbitros que atuarão no 
processo. O princípio de independência da vontade das partes afirma que 
elas poderão realizar todo o procedimento arbitral do modo como 
preferirem. Podem inclusive confiar a regulação ao órgão institucional ou 
ao árbitro. Vale destacar que as partes envolvidas deverão possuir total 
confiança no árbitro. Afinal, ele orientará o procedimento que regulará a 
arbitragem. Neste texto, você vai estudar os procedimentos de mediação e 
arbitragem. Também aprenderá sobre a convenção de arbitragem e seus 
reflexos. 
 
Procedimentos de mediação 
 
A mediação está evidenciada na legislação mediante a Lei nº 13.140/15. 
Essa lei demonstra os princípios que regem o processo, conforme especifica 
o artigo 2º (BRASIL, 2015b): 
 
Art. 2º A mediação será orientada pelos seguintes princípios: 
I – imparcialidade do mediador; 
II – isonomia entre as partes; 
I – oralidade; 
IV – informalidade; 
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V – autonomia da vontade das partes; 
VI – busca do consenso; 
VII – confidencialidade; 
VIII – boa-fé. 
§ 1º Na hipótese de existir previsão contratual de cláusula de mediação, 
as partes deverão comparecer à primeira reunião de mediação. 
§ 2º Ninguém será obrigado a permanecer em procedimento de 
mediação. 
O procedimento de mediação está definido no artigo 14 da Lei nº 13.140/15 
(BRASIL, 2015b). Esse artigo declara que, na primeira reunião e sempre que 
for preciso julgar, o mediador deverá lembrar às partes envolvidas a 
respeito das normas de confidencialidade executáveis ao procedimento. 
O procedimento de mediação estabelece critérios que contemplam fases. 
Isso ocorre a fim de se atingir um resultado aceitável para as partes 
envolvidas. Uma das fases é a introdução. Ela se destaca pela comunicação 
inicial entre o mediador e as partes interessadas. Nessa etapa, são definidas 
algumas regras. 
Posterior à fase introdutória do procedimento de mediação, há as fases de 
ingresso do mediador no litígio e de definição de normas. Nesta, se inserem 
os princípios que direcionam a mediação. Assim, se demonstram a função 
do mediador e a responsabilidade que ele possui no processo. 
As fases do processo ainda englobam a evolução e o entendimento com 
relação às partes envolvidas. Estas fazem seus relatos e depois há o 
encerramento, com um acordo que satisfaça a todos os envolvidos no 
litígio. 
 
Saiba mais 
 
Pode-se considerar instituída a mediação a partir da data em que ocorrer a 
primeira reunião. Depois do início da mediação, as demais reuniões com a 
presença das partes envolvidas apenas poderão ser agendadas com a sua 
aprovação. 
 
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O procedimento de mediação será considerado finalizado a partir da 
lavratura do termo que encerra o processo. Isso também pode ocorrer no 
momento em que for confirmado o acordo, ou ainda quando não se 
expliquem novos procedimentos a fim de adquirir o consenso. Nesse 
sentido, é válida tanto a declaração do mediador nesse caminho quanto a 
demonstração de qualquer das partes envolvidas. 
Quanto à mediação extrajudicial, o convite para instituir o processo 
ocorrerá por meio de qualquer método de comunicação. É necessário 
estimar a finalidade proposta para a negociação, a data e o lugar onde será 
efetuada a primeira reunião. O convite para o processo de mediação será 
considerado recusado ou rejeitado se não for respondido dentro do prazo 
de até 30 dias a partir da data do seu recebimento. 
De acordo com o artigo 22 da Lei nº 13.140/15, a estimativa contratual de 
mediação precisará obter no mínimo (BRASIL, 2015b): 
I – prazo mínimo e máximo para a realização da primeira reunião de 
mediação, contado a partir da data de recebimento do convite; 
II – local da primeira reunião de mediação; 
III – critérios de escolha do mediador ou equipe de mediação; 
IV – penalidade em caso de não comparecimento da parte convidada à 
primeira reunião de mediação. 
A estimativa contratual poderá substituir os itens especificados no artigo 22 
da Lei nº 13.140/15 (BRASIL, 2015b), conforme indicação de regulamento. 
Nesse caso, é necessária a atuação de uma instituição idônea que preste 
serviço de mediação. Esta deve contemplar métodos transparentes para 
adoção do mediador e efetuação da primeira reunião da mediação. 
Contudo, não existindo a estimativa contratual completa, é necessário 
analisar alguns métodos para que ocorra a primeira reunião do processo de 
mediação: 
 Considerar o prazo mínimo de 10 dias úteis e máximo de três meses, 
que devem ser contados a partir do recebimento do convite; 
 Definir um lugar apropriado para a reunião, onde seja possível 
discutir informações confidenciais; 
 Elaborar uma lista que contenha cinco nomes, informações relativas 
a contato e referências profissionais de mediadores qualificados. A 
parte convidada poderá decidir sobre qualquer um dos cinco 
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apresentados. Porém, na ocorrência de a parte convidada não se 
manifestar, será considerado o primeiro nome da lista indicada. 
 
Considerando a mediação judicial, se sabe que os tribunais criarão pontos 
centrais judiciários com o intuito de solucionar litígios. Esse pontos serão 
responsáveis pela realização de sessões e audiências relativas à conciliação 
e à mediação, pré-processuais e processuais. Também atuam na elaboração 
de sistemas designados a assessorar, direcionar e estimar a 
autocomposição.No processo de mediação judicial, os mediadores não são submetidos à 
prévia confirmação das partes, conforme o que expõe o artigo 5º da 
Lei nº 13.140/15 (BRASIL, 2015b): 
 
Art. 5o Aplicam-se ao mediador as mesmas hipóteses legais de impedi-
mento e suspeição do juiz. 
Parágrafo único. A pessoa designada para atuar como mediador tem o 
dever de revelar às partes, antes da aceitação da função, qualquer fato 
ou circunstância que possa suscitar dúvida justificada em relação à sua 
imparcialidade para mediar o conflito, oportunidade em que poderá ser 
recusada por qualquer delas. 
 
Os procedimentos de mediação judicial precisarão ser finalizados no prazo 
de até 60 dias, contados a partir da primeira reunião. Isso não ocorre 
quando as partes envolvidas homologarem, em concordância, o acordo por 
sentença e o termo conclusivo da mediação, definindo o arquivamento do 
processo. 
 
Saiba mais 
 
Quando o problema for resolvido por meio da mediação antes da citação do 
réu, não serão cabíveis custas judiciais finais. 
 
 
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Procedimentos de arbitragem 
 
Na arbitragem, as partes envolvidas têm livre arbítrio para escolher quem 
as representará juridicamente. Assim, não têm a obrigatoriedade de serem 
representadas por advogados no processo de arbitragem. 
A arbitragem pode ocorrer mediante formas diferentes. A seguir, você pode 
conhecer melhor essas formas. 
Arbitragem de direito ou equidade: atribui às partes envolvidas a 
capacidade de escolher normas que serão executadas pelo árbitro. Ela se 
concretiza fundamentada nos princípios do direito, na utilização e nos 
hábitos do contrato e nas normas internacionais de comércio ou 
empresariais. 
Arbitragem institucional: acontece quando as partes envolvidas escolhem 
um organismo institucional que apresenta as normas que apoiarão o 
julgamento do litígio. 
Arbitragem avulsa: ocorre sem a participação de uma entidade 
caracterizada, ou seja, especializada. Assim, as partes envolvidas poderão 
realizar a contratação de um árbitro e, dessa forma, minimizar os custos da 
arbitragem. 
Arbitragem única e colegiada: destaca-se por possuir somente um árbitro 
indicado pelas partes envolvidas. Se escolherem mais de um árbitro, a 
quantidade deverá ser em número ímpar. Uma das características do 
processo de arbitragem única e colegiada é que ocorre mediante 
notificação por escrito. No mesmo documento contratual ou em um anexo 
deverão constar a qualificação das partes envolvidas e dos árbitros, a 
indicação do objeto e o lugar para protelação da sentença. 
As etapas da arbitragem envolvem: 
 
 Nomeação do árbitro; 
 Procedimento arbitral; 
 Sentença arbitral. 
 
O procedimento arbitral está definido na legislação. Você pode conferi-lo 
na Lei nº 9.307/96 (BRASIL, 1996), modificada pela Lei nº 13.129/15 
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(BRASIL, 2015a): 
 
Art. 21. A arbitragem obedecerá ao procedimento estabelecido pelas 
partes na convenção de arbitragem, que poderá reportar-se às regras 
de um órgão arbitral institucional ou entidade especializada, 
facultando-se, ainda, às partes delegar ao próprio árbitro, ou ao 
tribunal arbitral, regular o procedimento. 
§ 1º Não havendo estipulação acerca do procedimento, caberá ao 
árbitro ou ao tribunal arbitral discipliná-lo. 
§ 2º Serão, sempre, respeitados no procedimento arbitral os princípios 
do contraditório, da igualdade das partes, da imparcialidade do árbitro 
e de seu livre convencimento. 
§ 3º As partes poderão postular por intermédio de advogado, 
respeitada, sempre, a faculdade de designar quem as represente ou 
assista no procedimento arbitral. 
§ 4º Competirá ao árbitro ou ao tribunal arbitral, no início do 
procedimento, tentar a conciliação das partes, aplicando-se, no que 
couber, o art. 28 desta Lei. 
Art. 22. Poderá o árbitro ou o tribunal arbitral tomar o depoimento das 
partes, ouvir testemunhas e determinar a realização de perícias ou 
outras provas que julgar necessárias, mediante requerimento das partes 
ou de ofício. 
§ 1º O depoimento das partes e das testemunhas será tomado em local, 
dia e hora previamente comunicados, por escrito, e reduzido a termo, 
assinado pelo depoente, ou a seu rogo, e pelos árbitros. 
§ 2º Em caso de desatendimento, sem justa causa, da convocação para 
prestar depoimento pessoal, o árbitro ou o tribunal arbitral levará em 
consideração o comportamento da parte faltosa, ao proferir sua 
sentença; se a ausência for de testemunha, nas mesmas circunstâncias, 
poderá o árbitro ou o presidente do tribunal arbitral requerer à 
autoridade judiciária que conduza a testemunha renitente, 
comprovando a existência da convenção de arbitragem. 
§ 3º A revelia da parte não impedirá que seja proferida a sentença 
arbitral. 
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Na ocorrência da substituição do árbitro durante a sentença arbitral, ficará 
a critério do novo árbitro repetir as provas que já foram fornecidas. 
O procedimento de arbitragem acontece de uma forma menos formal, ou 
seja, é mais flexível. Ele permite maior celeridade na execução do processo 
e, por isso, possui um custo menor se comparado ao processo judicial. 
 
Saiba mais 
 
A maior diferença existente entre o Judiciário e a arbitragem está 
exatamente no método como é realizado o procedimento. A vantagem da 
arbitragem está na rapidez com que o processo ocorre, já que é mais 
econômico, mais rápido e menos formal que os procedimentos judiciais em 
vigor. 
 
 
A convenção de arbitragem e seus reflexos 
 
O artigo 3º da Lei nº 9.307/96 (BRASIL, 1996), modificada pela 
Lei nº 13.129/15 (BRASIL, 2015a), apresenta a convenção de arbitragem e 
seus efeitos. Esse artigo determina que: 
 
As partes interessadas podem submeter a solução de seus litígios ao juízo 
arbitral mediante convenção de arbitragem, assim entendida a cláusula 
compromissória e o compromisso arbitral. 
Um dos reflexos do surgimento da Lei da Arbitragem é que os dois instru-
mentos são qualificados para propiciar a solução do litígio com a eliminação 
da jurisdição e da tutela estatal. Assim, se beneficia a independência da 
vontade das partes interessadas. A cláusula de arbitragem gera efeitos 
impeditivos ao processo estatal e 
assertivos quando se trata de processos arbitrais. Isso ocorre devido à 
cláusula arbitral ser de essência jurídica de negócio jurídico no campo do 
processo. Você deve saber também que, com a cláusula compromissória ou 
com o compromisso arbitral, se confere autoridade aos árbitros. 
O processo de arbitragem apenas poderá ser estabelecido por meio da 
liberdade de escolha das partes envolvidas. Tudo de acordo com a 
convenção de arbitragem. Tanto a cláusula compromissória quanto o 
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compromisso arbitral correspondem à convenção de arbitragem. 
A arbitragem pode dispensar o compromisso se a própria cláusula contar 
como empenho, com a ocupação de todas as exigências imprescindíveis 
que possibilitam verificar tal qualidade. A cláusula compromissória se 
refere a uma convenção. Por meio dela, as 
partes envolvidas se responsabilizam, por escrito, a sujeitar ao processo de 
arbitragem os conflitos relacionados a direitos patrimoniais disponíveis que 
por virtude possam aparecer, em referência a um contrato. 
Você deve saber que a cláusulacompromissória possui independência em 
relação ao contrato em que está inclusa. 
 
A existência da cláusula compromissória válida terá influência, ocasionando 
a retirada do Poder Judiciário (reflexo negativo). Isso ocorre pois nesse caso 
pode haver atrasos no processo, já que ele envolve mais fatores quando se 
trata do judiciário. Dessa forma, se estabelece a competência arbitral 
(reflexo positivo), porque o processo não terá imprevistos que o tornem 
mais lento. Conforme tenha sido determinada, a cláusula compromissória 
dispensará 
do compromisso ou poderá ser definida mediante termos gerais. É possível 
definir que não se possui autonomia ou que se possui relativa 
independência. Desse modo, se estabelece uma situação em que o devido 
compromisso será considerado. O compromisso arbitral possui a missão, 
como contrato, de determinar as 
circunstâncias para que a escolha da arbitragem possa se tornar ideal e 
finali-zada. O papel do compromisso será definido de acordo com a 
preferência das partes envolvidas. Posterior à escolha do árbitro ou da 
instituição arbitral, se configura o compromisso, bem como as 
circunstâncias efetivas para o início do processo arbitral. Existem 
implicações e reflexos positivos e negativos da convenção de 
arbitragem. O reflexo negativo da convenção ou impedimento faz parar o 
juízo estatal, atrasando a sua incumbência. Desse modo, impossibilita o 
exame do conflito que representa o objeto da convenção arbitral e que 
precisará ser verificado pelo juízo arbitral. Quanto ao efeito positivo da 
convenção de arbitragem, é possível afirmar 
que, com a cláusula compromissória, se confere jurisdição aos árbitros. Isso 
pode ser considerado positivo, já que possibilita às partes envolvidas definir 
critérios para os árbitros. Se for preciso, também é possível solicitar do 
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Estado providências com relação à testemunha insistente em comparecer 
perante a audiência de arbitragem e prestar seu depoimento sobre um 
acontecimento. 
 
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PÚBLICA 
BRASIL. Lei no 9.307, de 23 de setembro de 1996. Brasília, DF, 1996. 
Disponível em: <http:// www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L9307.htm>. 
Acesso em: 16 jul. 2017. 
BRASIL. Lei no 13.129, de 26 de maio de 2015. Brasília, DF, 2015a. 
Disponível em: <http:// www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2015-
2018/2015/Lei/L13129.htm>. Acesso em: 16 jul. 2017. 
BRASIL. Lei no 13.140, de 26 de junho de 2015. Brasília, DF, 2015b. 
Disponível em: <http:// www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2015-
2018/2015/Lei/L13140.htm>. Acesso em: 29 ago. 2017. 
Leituras recomendadas 
BACELLAR, R. P. Mediação e arbitragem. São Paulo: Saraiva, 2012. BRASIL. 
Lei no 13.105, de 16 de março de 2015. Brasília, DF, 2015. Disponível em: 
<http:// www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2015-
2018/2015/Lei/L13105.htm#art1046>. Acesso em: 22 jul. 2017. 
CONSELHO REGIONAL DE CONTABILIDADE DO RIO GRANDE DO SUL. 
Mediação e arbitragem: a decisão por especialistas da contabilidade. Porto 
Alegre: CRCRS, 2005. Disponível em: 
<http://www.crcrs.org.br/arquivos/livros/livro_arbitragem.PDF>. Acesso 
em: 15 jul. 2017. 
HENRIQUE, M. R.; SOARES, W. A. Perícia, avaliação e arbitragem. Curitiba: 
InterSaberes, 2015. 
MOURA, R. Perícia contábil: judicial e extrajudicial. 4. ed. Rio de Janeiro: 
Freitas Bastos, 2017. 
ORNELAS, M. M. G. Perícia contábil. 5. ed. São Paulo: Atlas, 2011. SÁ, A. L. 
de. Perícia contábil. 9. ed. São Paulo: Atlas, 2009. SOUSA, S. H. M.; GRANDE, 
C. G. Perícias na prática. Curitiba: Juruá, 2010. 
 
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Câmaras 
 
Objetivos de aprendizagem: Ao final deste texto, você deve apresentar os 
seguintes aprendizados: 
 - Reconhecer as câmaras arbitrais atuantes no Brasil. 
 - Identificar o perfil de árbitros, conciliadores e mediadores em câmaras 
privadas. 
- Demonstrar o que a legislação prevê sobre as câmaras privadas de 
conciliação e mediação. 
 
Introdução 
 
Você sabe como as câmaras privadas funcionam? As câmaras privadas 
atuam de forma autônoma com relação aos tribunais. No entanto, não 
estão dispensadas das verificações de homologação por um juiz da área. As 
câmaras privadas podem atuar com o jurídico das organizações e também 
de forma direta com pessoas físicas. Neste texto, você vai estudar as 
câmaras arbitrais atuantes no Brasil. 
Também aprenderá sobre o perfil de árbitros, conciliadores e mediadores 
em câmaras privadas. Além disso, conhecerá melhor a legislação perti-
nente às câmaras privadas de conciliação e mediação. 
 
Câmaras arbitrais 
 
No Brasil, a formação da mediação e da arbitragem ocorreu por meio da Lei 
no 9.307/96, que foi alterada pela Lei no 13.129/15. O sistema de 
arbitragem é executado em outros países, como Estados Unidos, Inglaterra, 
França, Alemanha, Itália e Espanha, com êxito e como um auxílio ao Poder 
Judiciário. A primeira câmara de arbitragem que foi estendida a nível 
nacional foi a Câmara Brasileira de Mediação e Arbitragem Empresarial 
(CBMAE). Ela foi instituída a partir da estrutura reproduzida pelo Banco 
Interamericano de Desenvolvimento (BID). O BID possuía convênios que 
também ampararam a construção de várias câmaras estaduais relacionadas 
às associações comerciais e industriais locais. Os acordos permitiram a 
similaridade de estruturas organizacionais das câmaras com listas de 
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árbitros e com a efetivação de cursos para capacitação em critérios de 
solução de litígios. 
 
Saiba mais 
 
As câmaras de conciliação, mediação e arbitragem são denominadas 
também de centros especializados. Elas representam organizações que estão 
direcionadas aos critérios apropriados de solução de litígios, mediante 
métodos jurídicos. Assim, buscam solucionar situações contraditórias por 
meio de arbitragem, mediação e conciliação. 
 
As câmaras privadas atuam de forma autônoma com relação aos tribunais. 
No entanto, não estão dispensadas das verificações e homologação de 
acordo com um juiz da área. As câmaras privadas podem atuar com o 
jurídico das organizações e também de forma direta com pessoas físicas. 
Não basta apenas abrir uma câmara sem saber o que são os métodos ade-
quados de solução de conflito. Também é necessário conhecer as 
características para esse segmento. Afinal, haverá a participação de vários 
profissionais de diferentes áreas que contemplarão a câmara. Estes podem 
trabalhar internamente ou atuar como mediadores, conciliadores e 
árbitros. 
O modelo também será distinto. Devem existir espaços próprios para 
mediação, conciliação e arbitragem. Para abrir uma câmara privada, são 
necessários complementos básicos que auxiliarão no desenvolvimento dos 
processos. Como exemplo, você pode considerar materiais de escritório, 
colaboradores e softwares que vão conduzir a câmara, assessorando de 
forma financeira ou administrativa. Ou seja, há fatores que fazem a 
diferença diante de câmaras que iniciam suas atividades sem possuir esse 
conhecimento. 
As câmaras de conciliação, mediação e arbitragem são constituídas sem fins 
lucrativos. Elas possuem por finalidade propiciar a solução extrajudicial de 
litígios. A CBMAE instala suas câmaras em associações comerciais e 
empresariais. Essas câmaras trabalham com prioridade a favor do 
desenvolvimento do ambiente de negócios para as empresas. Cada câmaratem uma listagem em que constam todos os especialistas que podem 
operar nos procedimentos. 
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No Brasil, é possível identificar algumas câmaras de arbitragem atuantes, 
como: 
- Centro de Arbitragem e Mediação da Câmara de Comércio Brasil--
Canadá (CAM/CCBC). 
- Câmara de Comércio Internacional – Corte Internacional de 
Arbitragem. 
- Câmara de Conciliação, Mediação e Arbitragem Ciesp/Fiesp. 
- Câmara de Arbitragem do Mercado BM&FBovespa. 
- Centro de Mediação e Arbitragem da Amcham (American Chamber 
of Commerce for Brazil). 
- Câmara da FGV de Conciliação e Arbitragem. 
- Tribunal de Mediação, Conciliação e Arbitragem da Comissão das 
Sociedades de Advogados da OAB/SP. 
 
A Câmara de Arbitragem do Mercado (CAM) foi constituída pela Bovespa 
em junho de 2001. Ela busca ofertar um foro apropriado para a resolução 
de situações relacionadas ao mercado de capitais, principalmente as de 
cunho societário. A câmara de arbitragem exerce atividades que visam a 
resolver conflitos que ocorreram no âmbito das companhias empenhadas 
com a escolha de práticas distintas de governança corporativa e 
transparência. 
 
 
Saiba mais 
 
A Justiça Sem Processo (JUSPRO) foi a primeira câmara privada cadastrada 
pelo Tribunal de Justiça de São Paulo. 
 
Perfil: árbitros, conciliadores e mediadores nas câmaras privadas 
 
O perfil dos mediadores, dos árbitros e dos conciliadores que exercem 
atividades em câmaras privadas é bastante variado. Esses profissionais 
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poderão ser pessoas mais jovens, que pretendem ingressar na área, entre 
outras. 
Cada atribuição busca competências distintas. É necessária capacitação 
para todas essas responsabilidades. Nas câmaras privadas, não existe a 
imposição de formações própria. Ou seja, podem atuar advogados, por 
exemplo, sendo imprescindível possuir conhecimento sobre o assunto em 
debate. 
No processo de mediação e arbitragem, não basta à câmara escolher. É 
necessário que exista um processo de confiabilidade. A confiança das partes 
interessadas na mediação ou na conciliação possui grande importância. 
Tanto o mediador quanto o conciliador estão a serviço dos dois lados do 
processo. A opção do mediador ou do conciliador se modifica conforme a 
dificuldade das situações. Frente aos debates organizacionais, contratuais, 
o advogado é convocado, por exemplo. Quando se trata de um caso 
familiar, o encaminhamento é direcionado para um profissional da área de 
terapia ou psicologia. 
Com relação ao perfil, a escolha dos mediadores e conciliadores para a 
câmara que administra é relacionada à qualificação. Entram em jogo a 
certificação pelo Conselho Nacional de Justiça (CNJ) e o cadastro dessas 
pessoas diante dos tribunais, nos referidos Núcleos Permanentes de 
Métodos Consensuais de Solução de Conflitos (Nupemecs). 
A Lei nº 13.140/15 (BRASIL, 2015b), em seu artigo 11, define sobre a 
formação do profissional que atua na mediação: 
 
Art. 11. Poderá atuar como mediador judicial a pessoa capaz, graduada 
há pelo menos dois anos em curso de ensino superior de instituição 
reconhecida pelo Ministério da Educação e que tenha obtido 
capacitação em escola ou instituição de formação de mediadores, 
reconhecida pela Escola Nacional de Formação e Aperfeiçoamento de 
Magistrados – ENFAM ou pelos tribunais, observados os requisitos 
mínimos estabelecidos pelo Conselho Nacional de Justiça em conjunto 
com o Ministério da Justiça. 
 
É importante que você entenda a relevância dos treinamentos referentes 
a técnicas para orientar uma negociação e a identificação de situações de 
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conflitos. 
 
 
Fique atento 
 
Para o árbitro, a experiência é fundamental. Já com relação ao mediador, o 
êxito resulta da habilidade para recomendar acordos. O conciliador tem por 
característica primordial a sensibilidade. Com relação aos árbitros, 
conciliadores e mediadores privados, eles correspondem a pessoas que 
possuem experiência elevada em áreas específicas. Essas pessoas são 
indicadas pelas partes que necessitam da atuação desse profissional a fim 
de solucionar algum conflito existente. 
 
Regulamentação das câmaras privadas de conciliação e 
mediação 
 
A legislação que ampara as câmaras privadas de conciliação e mediação é a 
Lei nº 13.105/15 (BRASIL, 2015a). Alguns artigos da legislação estabelecem 
como ocorre o processo de credenciamento dos mediadores e 
conciliadores. Também definem as solicitações relativas ao perfil de quem 
irá atuar na área, entre outros requisitos. 
 O artigo 167 da Lei nº 13.105/15 apresenta o conteúdo pertinente sobre 
conciliadores e mediadores das câmaras privadas. Observe (BRASIL, 2015a): 
 
Art. 167. Os conciliadores, os mediadores e as câmaras privadas de 
conciliação e mediação serão inscritos em cadastro nacional e em 
cadastro de tribunal de justiça ou de tribunal regional federal, que 
manterá registro de profissionais habilitados, com indicação de sua área 
profissional. 
§ 1º Preenchendo o requisito da capacitação mínima, por meio de 
curso realizado por entidade credenciada, conforme parâmetro 
curricular definido pelo Conselho Nacional de Justiça em conjunto com 
o Ministério da Justiça, o conciliador ou o mediador, com o respectivo 
certificado, poderá requerer sua inscrição no cadastro nacional e no 
cadastro de tribunal de justiça ou de tribunal regional federal. 
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§ 2º Efetivado o registro, que poderá ser precedido de concurso público, 
o tribunal remeterá ao diretor do foro da comarca, seção ou subseção 
judiciária onde atuará o conciliador ou o mediador os dados necessários 
para que seu nome passe a constar da respectiva lista, a ser observada 
na distribuição alternada e aleatória, respeitado o princípio da 
igualdade dentro da mesma área de atuação profissional. 
§ 3º Do credenciamento das câmaras e do cadastro de conciliadores e 
mediadores constarão todos os dados relevantes para a sua atuação, 
tais como o número de processos de que participou, o sucesso ou 
insucesso da atividade, a matéria sobre a qual versou a controvérsia, 
bem como outros dados que o tribunal julgar relevantes. 
§ 4º Os dados colhidos na forma do § 3º serão classificados 
sistematicamente pelo tribunal, que os publicará, ao menos 
anualmente, para conhecimento da população e para fins estatísticos e 
de avaliação da conciliação, da mediação, das câmaras privadas de 
conciliação e de mediação, dos conciliadores e dos mediadores. 
§ 5º Os conciliadores e mediadores judiciais cadastrados na forma do 
caput, se advogados, estarão impedidos de exercer a advocacia nos 
juízos em que desempenhem suas funções. 
§ 6º O tribunal poderá optar pela criação de quadro próprio de 
conciliadores e mediadores, a ser preenchido por concurso público de 
provas e títulos, observadas as disposições deste Capítulo. 
 
A legislação apresentada e que regulamenta as câmaras privadas (BRASIL, 
2015a, art. 168) afirma que as partes envolvidas possuem o direito de 
escolha, ambas em conformidade, o conciliador, o mediador ou a câmara 
privada de conciliação e de mediação. 
O conciliador ou mediador indicado pelas partes envolvidas poderá estar 
cadastrado no tribunal ou não. Na ocorrência de não existir concordância 
entre as partes envolvidas com relaçãoao mediador ou conciliador, 
ocorrerá distribuição entre os que estiverem cadastrados no registro do 
tribunal, em conformidade com a sua formação. 
 
Fique atento 
 
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Sempre que for necessário ou sugerido, será designado mais de um mediador 
ou conciliador. 
 
O artigo 169 (BRASIL, 2015a) define que o conciliador e o mediador ga-
nharão, pelo trabalho prestado, uma remuneração. Esta é estimada 
conforme a tabela fixada pelo tribunal, de acordo com as medidas definidas 
pelo Conselho Nacional de Justiça (CNJ). 
 
Saiba mais 
 
A mediação e a conciliação podem ser executadas como um serviço 
voluntário. Isso conforme a legislação adequada e a regulamentação do 
tribunal. Os tribunais definirão a quantidade em percentual referente a 
audiências não remuneradas que precisarão ser sustentadas pelas câmaras 
privadas de conciliação e mediação. Isso visando a cumprir aos processos em 
que foi concedida a gratuidade da justiça como compensação de seu 
credenciamento. 
 
A mesma legislação trata, no artigo 174, sobre a formação de câmaras de 
mediação e conciliação (BRASIL, 2015a): 
 
Art. 174. A União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios criarão 
câmaras de mediação e conciliação, com atribuições relacionadas à 
solução consensual de conflitos no âmbito administrativo, tais como: 
I – dirimir conflitos envolvendo órgãos e entidades da administração 
pública; 
II – avaliar a admissibilidade dos pedidos de resolução de conflitos, por 
meio de conciliação, no âmbito da administração pública; 
III – promover, quando couber, a celebração de termo de ajustamento 
de conduta. Art. 175. As disposições desta Seção não excluem outras 
formas de conciliação e mediação extrajudiciais vinculadas a órgãos 
institucionais ou realizadas por intermédio de profissionais 
independentes, que poderão ser regulamentadas por lei específica. 
Parágrafo único. Os dispositivos desta Seção aplicam-se, no que couber, 
às câmaras privadas de conciliação e mediação. 
 
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Referências 
BRASIL. Lei nº 13.105, de 16 de março de 2015. Brasília, DF, 2015a. 
Disponível em: <http:// www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2015-
2018/2015/lei/l13105.htm>. Acesso em: 14 jul. 2017. 
BRASIL. Lei nº 13.140, de 26 de junho de 2015. Brasília, DF, 2015b. 
Disponível em: <http:// www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2015-
2018/2015/Lei/L13140.htm>. Acesso em: 09 ago. 2017. 
 
Leituras recomendadas 
 
BACELLAR, R. P. Mediação e arbitragem. São Paulo: Saraiva, 2012. 
BM&FBOVESPA. Câmara de arbitragem do mercado (CAM). São Paulo, 
c2016. Disponível em: 
<http://www.bmfbovespa.com.br/pt_br/servicos/camara-de-arbitragem-
do--mercado-cam/perguntas-frequentes/>. Acesso em: 09 ago. 2017. 
ORNELAS, M. M. G. Perícia contábil. 5. ed. São Paulo: Atlas, 2011. 
SÁ, A. L. de. Perícia contábil. 9. ed. São Paulo: Atlas, 2009. 
SOUSA, S. H. M.; GRANDE, C. G. Perícias na prática. Curitiba: Juruá, 2010. 
 
 
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O árbitro 
 
 Objetivos de aprendizagem: Ao final deste texto, você deve apresentar os 
seguintes aprendizados: 
 
- Descrever a responsabilidade do árbitro e seus requisitos obrigatórios. 
- Listar os critérios de nomeação para árbitro. 
- Identificar a principal função do árbitro. 
 
Introdução 
 
Você sabia que os árbitros não possuem poder de imposição ou de 
opressão? Isso expressa que, se a parte perdedora no processo arbitral não 
se sujeitar à decisão dos árbitros, a parte que ganhar terá que recorrer ao 
Judiciário para efetivar a decisão. A arbitragem, como você pode perceber, 
é dependente desse órgão para validar suas decisões. 
Neste texto, você vai estudar as funções e características exigidas para a 
atuação do árbitro. Além disso, aprenderá como ocorre o processo de 
indicação desse profissional. 
 
A função do árbitro 
 
O juízo arbitral se concretiza favorecendo ao contador um novo meio de 
atuação. Isso ocorre de duas formas: no instante em que o contador atua 
na função de árbitro e também quando é preciso que se efetue a perícia 
arbitral. 
O processo de arbitragem representa um método extrajudicial que tem por 
finalidade a solução de conflitos. O domínio dos árbitros e a escolha das 
partes envolvidas correspondem a fatores importantes que concretizam 
esse processo. 
As partes envolvidas podem ser pessoas físicas ou ainda pessoas jurídicas. 
Elas visam, de modo voluntário, a um recurso rápido e determinante para 
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o conflito. Buscando esse fim, procuram uma instituição arbitral ou ainda a 
assessoria de um árbitro. 
 
Fique atento 
 
O objetivo do árbitro é buscar informações técnicas sobre um assunto 
específico. Assim, ele direciona a tomada de decisão para a qual foi 
escolhido. 
 
O processo de arbitragem se mostra uma escolha assertiva. As partes 
possuem a livre escolha dos árbitros, podendo dessa forma indicar um 
especialista na área jurídica que atue para decidir sobre o conflito. Elas 
também têm a opção de escolher uma pessoa capacitada na questão de 
conflitos. 
Conforme a lei que abrange a arbitragem, Lei nº 9.307/1996 (BRASIL, 1996), 
é possível verificar que o processo resolve sobre conflitos privados sem a 
interferência do poder estatal. 
 
Saiba mais 
 
Como afirma o parágrafo 1o do artigo 23 da Lei nº 9.307/96 (BRASIL, 1996), 
alterada pela Lei nº 13.129/15, o árbitro, na sua atuação, poderá articular 
sentenças parciais. No parágrafo 2o do mesmo artigo, você pode verificar 
que as partes interessadas e os árbitros, mediante negociação em comum, 
poderão estender o prazo a fim de expressar a decisão final (BRASIL, 1996). 
 
 
O árbitro precisa ouvir a narrativa das partes, do mesmo modo que os 
advogados e também as testemunhas. Ele precisa verificar os documentos 
e pode solicitar peritos para atuarem na tomada de decisão. Antecedendo 
o julgamento do conflito, o árbitro poderá promover um acordo ou 
mediação entre as partes, com o intuito de incentivar a negociação. 
O parecer técnico é emitido pelo perito-contador assistente técnico. Na 
esfera arbitral, ele auxiliará o árbitro e também as partes nas suas tomadas 
de decisão. 
 
Perícia Contábil I 
Aline Alves, Danielle Regina da Natividade Ferreira, Fabiana Tramontin Bonho, José 
Valter Januário, Tatiane Antonovz 
UNIDADE 4 - MEDIAÇÃO E ARBITRAGEM 
 
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PÚBLICA 
 
 
 
Saiba mais 
 
O árbitro poderá decidir o litígio fundamentado nas regras do direito. Assim, 
deve tomar suas decisões em conformidade com o conhecimento real que 
possui. Dessa forma, é preciso que as partes envolvidas aprovem e 
comuniquem a escolha desse procedimento. 
 
Entendendo como ocorre o processo de indicação de um árbitro 
 
A Lei nº 13.129/15 modifica a Lei nº 9.307/96 e a Lei nº 6.474/76. Faz isso a 
fim de estender o âmbito de execução do processo de arbitragem. Além 
disso, a modificação objetiva apresentar o processo de escolha do árbitro e 
o momento em que as partes interessadas recorrem ao órgão arbitral. 
O perito corresponde ao contador que possui registro no Conselho Regional 
de Contabilidade

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