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Dissertaao-de-Mestrado---Pium

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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE
CENTRO DE TECNOLOGIA
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ARQUITETURA E 
URBANISMO
Dra. Françoise Dominique Valéry - Professora orientadora
A METAMORFOSE SOCIOESPACIAL DE PIUM
Dissertação de Mestrado
DÁLIA MARIA MAIA CAVALCANTI DE LIMA
Natal - RN
2000
DÁLIA MARIA MAIA CAVALCANTI DE LIMA
A METAMORFOSE SOCIOESPACIAL DE PIUM
Dissertação apresentada ao Programa de 
Pós-Graduação “Stricto Senso” de 
Arquitetura e Urbanismo da Universidade 
Federal do Rio Grande do Norte para 
obtenção do título de Mestre em 
Arquitetura e Urbanismo sob a orientação 
da professora Dra. Françoise Dominique 
Valéry. 
Natal - RN
2000
UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE
CENTRO DE TECNOLOGIA
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ARQUITETURA E URBANISMO
A dissertação “A Metamorfose Socioespacial de Pium” foi 
apresentada por Dália Maria Maia Cavalcanti de Lima, com vista à obtenção 
ao título de Mestre em Arquitetura e Urbanismo, recebendo o conceito “A”, 
conforme avaliação da Banca Examinadora instituída pelo Programa de Pós-
Graduação em Arquitetura e Urbanismo da Universidade Federal do Rio 
Grande do Norte, composta pelas professoras doutoras: Françoise 
Dominique Valéry, presidente e orientadora da candidata, Rosa Ester 
Rossini, examinadora externa/USP, e Rita de Cássia Conceição Gomes, 
Examinadora interna/UFRN. 
Dissertação avaliada em Natal, 11 de outubro de 2000.
AGRADECIMENTOS
À professora Françoise Dominique Valéry por acreditar na minha 
potencialidade e pelo grande incentivo durante todo o mestrado.
À Beta, amiga e nativa de Pium e sua família que por meio de suas 
conversas permitiram um melhor entendimento da vida do local.
Aos professores Ademir Araújo, Edna Furtado, Márcio Valença, Rita 
Gomes e Valdenildo Pedro, pelas críticas construtivas que me levaram a procurar 
uma forma de fazer melhor.
Aos professores do mestrado que me possibilitaram a aquisição de 
novos conhecimentos.
Á Ana Carina e ao João César que auxiliaram na coleta dos dados 
para elaboração desta pesquisa.
Á Liana Teixeira e Iaçonara pela contribuição na revisão final deste 
trabalho.
À minha família, especialmente, a Carlos José, Veluzia, Cristiane e 
Carlos Eduardo pela paciência e colaboração nesta etapa de minha jornada.
SUMÁRIO
Páginas
LISTA DE FIGURAS
LISTA DE TABELAS
RESUMO 
ABSTRACT
INTRODUÇÃO........................................................................................................ 9
1 – A PAISAGEM PIUENSE..................................................................................17
2 – A (RE)PRODUÇÃO DO ESPAÇO LOCAL......................................................38
2.1 – A influência do lazer e do turismo na (re)produção do espaço piuense
................................................................................................................................43
2.2 – A Expansão urbana de Natal como fator influenciador na (re)produção
 do espaço local ...................................................................................................62
3 – MUDANÇAS NO MODO DE VIDA DA POPULAÇÃO....................................73
4 – PERSPECTIVAS LOCAIS...............................................................................81
5 – CONSIDERAÇÕES FINAIS.............................................................................91
6 – REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS................................................................96
LISTA DE FIGURAS
Páginas
1 - Rio Grande do Norte, Distribuição dos municípios localizados na Zona Costeira 
 ..........................................................................................................................22
 2 – Pium, localização e elementos característicos de seu entorno, enfatizando
 a “Rota do Sol”.................................................................................................24
 3 - Residências da população de menor poder aquisitivo, demostrando um padrão 
 construtivo simples e menos dispendioso ......................................................26
 4 - Residências da população de maior poder aquisitivo, mostrando um padrão 
 construtivo melhor elaborado e mais dispendioso .........................................26
 5 – Pium, localização da duplicação da “Rota do Sol” em seu interior................28
 6 – Pium, Início da duplicação da “Rota do Sol” - ...............................................29
 7 – Pium, continuação da duplicação da “Rota do Sol” .................................29
 8 – Pium, padrão construtivo.................................................................................32
 9 – Pium, residência que apresentam reformas destinadas ao comércio ...........33
10 –Pium, comércio priorizando o turismo............................................................34
11 – Pium, feira permanente de frutas e verduras, destacando o estacionamento 
 de veículos dos visitantes...............................................................................35
12 – Pium, Pousada, construção adequada a esse fim ........................................35
13 – Pium, Panificadora com loja de conveniência, onde encontram-se produtos 
mais sofisticados, destinados principalmente a clientela de turistas e moradores 
temporários.............................................................................................................36
14 – Pium, Aspectos do fluxo de veículos na estrada duplicada..........................51
LISTA DE TABELAS
Páginas
 1 –Pium - Modificação nas residências nos últimos 10 anos...............................30
 2 –Pium - Tipo de modificações nas residências .................................................31
 3 – Pium – Tipo de Utilização dos imóveis ...........................................................37
 4 – Pium - Caracterização por naturalidade dos moradores ................................54
 5 – Pium - Motivo de residência dos moradores...................................................55
 6 – Pium - Grau de instrução dos moradores .......................................................57
 7 – Pium - Ocupação dos moradores....................................................................58
 8 – Pium - Maior fluxo de pessoas e veículos por meses do ano .......................60
 9 – Pium - Dias da semana de maior fluxo de pessoas e veículos ......................60
10 – Natal – Região Metropolitana – Taxas de crescimento populacional dos 
 municípios, 1991-96........................................................................................69
11 – Pium - Local de trabalho dos moradores .......................................................71
12 – Pium – Constatação das Mudanças ocorridas na vida da comunidade........75
13 – Pium - Principais tipos de transformações apontadas pelos moradores nos 
 questionários...................................................................................................76
LIMA, Dália Maria Maia Cavalcanti de. A Metamorfose socioespacial de Pium. 
Dissertação (Mestrado em Arquitetura e Urbanismo) – UFRN, Natal, 2000.
RESUMO
A análise do processo de metamorfose socioespacial durante a 
década de 90 em Pium, bairro pertencente ao Município de Parnamirim-RN, 
apresenta a paisagem piuense no contexto do Litoral Oriental do Rio Grande do 
Norte e a dinâmica que interfere na produção deste espaço; reflete a respeito dos 
principais fatores de sua produção, enfatizando as relações com seu entorno para 
o entendimento da transformação ocorrida nessa localidade. Para desenvolver 
esta análise utilizou-se pesquisa bibliográfica, observação de campo, registros 
feitos em mapas do uso e ocupação do solo na atualidade e fotografias tiradas da 
área, além da coleta de dados primários por meio de formulários aplicados aos 
moradores. A análise aponta que as mudançasna paisagem se relacionam com 
um conjunto de fatores, entre eles, com o crescente fluxo de veículos em função 
das atividades turísticas e do lazer desenvolvidas no Litoral Oriental do Rio 
Grande do Norte, assim como, com a expansão urbana de Natal, fatores esses 
que se articulam a outros fatores externos ao território norte-rio-grandense para a 
produção do fenômeno observado. Conclui-se que as mudanças percebidas nessa 
paisagem refletem uma relação recíproca entre elas e as transformações de 
natureza social, nas quais as mudanças no modo de vida e trabalho desta 
comunidade, articuladas à forma de uso do solo, caracterizam uma metamorfose 
socioespacial nesse local.
LIMA, Dália Maria Maia Cavalcanti de. A Metamorfose socioespacial de Pium. 
Dissertação (Mestrado em Arquitetura e Urbanismo) – UFRN, Natal, 2000.
ABSTRACT
The analyze the metamorphose process of the social and space 
variations in Pium, which belongs to the Municipal of Parnamirim/RN, it presents 
the view of the place in the context of the East Coast of Rio Grande do Norte, and 
the space dynamic that interferes in the production of this space; it reflects on the 
main factors of its production and emphasizing its relations around the 
understanding of the transformation which occurred in this region in the 90s. This 
analysis starts from the bibliographical research, field observation, from 
registrations done on maps about the use and occupation of the land nowadays, 
photographs taken of the area, and the collection of prime data obtained through 
questionnaires applied to the inhabitants. The analysis shows that the 
transformations are interrelated in a number of factors: the increasing number of 
vehicles dealing with tourist activities and the leisure activities developing on the 
East Coast of Rio Grande do Norte, and the urban expansion of Natal, factors 
which circulate around other external factors to the territory of Rio Grande do Norte 
for the production of the phenomenon observed. In conclusion, the changes 
observed in the landscape reflect the transformation of a social nature, with 
changes in the way of life and work of the local community which characterize a 
social and space metamorphose in this area.
INTRODUÇÃO
 
Entender a dinâmica da paisagem em Pium, os fatores que interferem 
na sua realidade socioespacial e como se apresenta na vida cotidiana foi a 
preocupação que permeou o presente estudo.
Para tanto, foi analisada a metamorfose socioespacial ocorrida em 
Pium, compreendendo os principais fatores que a influenciaram, como este 
processo se percebeu na vida da comunidade, o que permitiu apontar tendências 
que possibilitem aos moradores, empreendedores e planejadores uma atuação 
consciente no local.
O interesse em estudar essa localidade surgiu de observações 
empíricas do acelerado processo de mudança na paisagem em Pium, 
principalmente durante a década de noventa, da curiosidade em entender o 
sentido lógico das transformações ocorridas, e da necessidade de analisar os 
fatores e processos que interferem nestas transformações e que sirvam de 
parâmetros as intervenções adequadas no local. 
A análise da realidade socioespacial de Pium foi iniciada com dois 
estudos anteriores (Lima, 1999b e Lima, 1999a) que constataram respectivamente 
a influência da duplicação da “Rota do Sol” na transformação dessa área e o 
crescimento do setor terciário no local, devido ao fluxo de passagem de turistas.
Os trabalhos elaborados anteriormente fazem parte de uma seqüência 
de produções acadêmicas que representam um permanente esforço para 
apreensão da realidade percebida e análise científica desta realidade.
Pium é um bairro de pequenas dimensões, situado no Município de 
Parnamirim (Região Metropolitana de Natal), na Zona Oriental do Estado do Rio 
Grande do Norte que tem apresentado crescimento recente, influenciado, entre 
outros fatores, pelo adensamento urbano polarizado por Natal.
9
Esse adensamento polarizado por Natal tem se caracterizado por uma 
ocupação desordenada do litoral baseado no consumo dos lugares em sua 
proximidade e, principalmente, da parte que se encontra ao Sul dessa Capital, 
onde existe grande quantidade de casas de veraneio, ocupações de terreno da 
Marinha ao longo da costa e até invasões de áreas de reservas ambientais.
As mudanças percebidas na paisagem em Pium apresentaram 
características semelhantes às existentes em outras localidades do nosso litoral, 
porém considerou-se relevante analisar de que forma estes aspectos se 
reproduziram nesse local e quais as especificidades encontradas.
O estudo destas especificidades, a forma particular dos fatores internos 
e externos articularem-se na produção desse espaço, e como refletem-se no 
modo de vida dessa comunidade, foram sistematizados a partir de uma visão 
crítica dos fatores e processos que interferiram nessas mudanças. A tomada de 
consciência da realidade atual e a análise de como ocorreu seu processo de 
produção indicaram tendências que representam possibilidades concretas em prol 
da melhoria de vida da comunidade que reside permanentemente em Pium. 
Esta análise possibilitou a compreensão das interferências de variadas 
instâncias, públicas e privadas, tanto em nível nacional, estadual quanto 
municipal, pois as atividades econômicas aí desenvolvidas recebem influências de 
instituições governamentais que exercem o poder de decisão de forma 
espontânea ou articulada com a iniciativa privada. Neste sentido, as atividades de 
lazer e particularmente de turismo, que recebem incentivos estatais e a expansão 
metropolitana de Natal foram elementos importantes para o entendimento das 
questões que nortearam a presente análise. Sendo assim, passou-se a investigar:
- Quais os fatores que interferiram nas modificações constatadas em 
Pium?
- De que forma essas modificações foram influenciadas pela duplicação 
da via "Rota do Sol" no perímetro urbano de Pium? 
- De que maneira as mudanças do espaço local refletiram-se na vida da 
comunidade? 
 10
- Quais as tendências e perspectivas para a transformação deste 
espaço?
Para concretizar o presente estudo, utilizou-se o arcabouço teórico de 
diversas disciplinas necessárias ao entendimento da organização do espaço, 
principalmente da Geografia, da Sociologia, da Arquitetura e Urbanismo, pois 
compreende-se que a problemática apresentada necessita de uma visão 
interdisciplinar. 
Segundo Japiassu (1976, p.112-113), ao abordar a construção do 
conhecimento de forma interdisciplinar:
A exigência de unidade faz parte da própria natureza de nosso 
conhecimento. Ela está na própria origem de todo o saber, 
permanecendo imanente a cada uma de suas formas, por mais 
especializadas que seja. O conhecimento humano é sintético e global 
antes de ser analítico e especializado.
A análise desenvolvida buscou a interpretação dialética e a aplicação 
de uma metodologia crítica adequada à dinâmica da realidade social, 
possibilitando a compreensão das contradições e o entendimento dos processos 
de mudança. Este movimento dialético permite um constante diálogo com o que 
foi produzido, desvendando novos conhecimentos, nos quais o que já existia 
permanece de alguma forma no atual. 
A escolha da dialética, deveu-se ao caráter dinâmico da realidade social 
estudada na presente pesquisa, que de acordo com Demo (1987, p.86):
A dialética não escapa à condição comum de ser uma interpretação da 
realidade, ou seja, de ser uma das formas de a construir. Será preferível 
às outras, não porque não tenha defeitos, mas porque os tem menosem relação a realidade a ser pesquisada.
A pesquisa científica apresentou-se aqui como uma forma de 
interpretação do mundo e das suas contradições; visou o entendimento mais 
aprofundado da vida cotidiana, resgatando, assim, a própria natureza humana, 
colocando o ser humano como elemento importante na discussão da produção do 
espaço, levando em consideração que sua humanidade é produzida ao longo da 
história e que se realiza no processo de reprodução da vida. 11
Este trabalho enfatizou a produção do espaço, analisada com base no 
materialismo dialético, porém numa abordagem não dogmática, que permitiu uma 
articulação entre a forma espacial e o processo social, combinando a descrição 
dos fenômenos geográficos com explicações fornecidas pela economia política 
marxista adaptada ao nosso tempo.
Os dados secundários utilizados no desenvolvimento desta pesquisa 
foram encontrados em estudos bibliográficos e documentais, por meio de leitura e 
análise em documentos oficiais e em trabalhos selecionados de acordo com sua 
pertinência para o aprofundamento da análise proposta, enfatizando o processo 
de urbanização, morfologia urbana, características litorâneas e das atividades 
turísticas.
Foram utilizadas as abordagens que tratam os problemas espaciais 
articulados aos problemas sociais, encontradas nas obras de Gottdiener (1997), “A 
Produção Social do Espaço Urbano”, e na de Soja (1993), “Geografias Pós-
Modernas: A Reafirmação do Espaço na Teoria Social Crítica”. Estes estudos 
apresentam as tendências de análise urbana marxista e de uma geografia 
comprometida com a sociedade.
Foram utilizadas, como suporte teórico na análise da realidade 
brasileira, as formulações dos seguintes autores: Milton Santos (1997, 1998a, 
1998b, 1999), que teoriza sobre a ciência geográfica e aponta caminhos para o 
entendimento dos fenômenos geográficos no Brasil; Antônio Carlos Robert Moraes 
(1996, 1999), ao articular reflexões sobre as bases teórico-metodológicas para a 
análise da problemática ambiental e sua gestão; Ruy Moreira, e a preocupação 
com a práxis da geografia no nosso País (1987); Ana Fani Alessandri Carlos 
(1994) que, ao analisar a (re)produção do espaço urbano, permite repensar o 
lugar do homem dentro do espaço; Adyr Balastreri Rodrigues (1997a, 1997b) que 
fundamenta as reflexões sobre as manifestações espaciais do fenômeno turístico; 
Flávio Vilaça (1998), que trata da questão do espaço intra-urbano no Brasil; Luiz 
César de Queiroz Ribeiro, Osvaldo Alves Santos Júnior (1997) e Luiz César de
12
Queiroz Ribeiro, Robert Pechman (1996), que apresentam reflexões sobre as 
cidades brasileiras, o urbanismo no Brasil e as possibilidades de superação da 
crise das cidades brasileiras.
Quanto à análise das transformações ocorridas no litoral do RN, dentre 
as várias pesquisas existentes, destacaram-se os trabalhos técnicos, como: os 
estudos feitos pelo Programa Nacional de Gerenciamento Costeiro, que apontam 
o perfil dos Estados litorâneos brasileiros (Brasil. PNMA, 1996); as pesquisas 
desenvolvidas pelo IDEC em prol do gerenciamento costeiro do Estado (IDEC, 
1997b), nos quais se encontram subsídios importantes para a análise que foi 
realizada e a proposta do Plano Diretor do Município de Parnamirim, ainda em 
tramitação na Câmara dos Vereadores.
Entre os trabalhos teóricos que apresentam as características 
socioambientais de nosso Estado, nos quais encontram-se dados importantes 
para a presente análise, destacaram-se o trabalho de Pontes et al. (1993), que 
trata da produção do espaço urbano da zona costeira dos municípios de 
Parnamirim e Nísia Floresta; os textos de José Lacerda Felipe e Rita de Cássia da 
Conceição Gomes (Felipe, Gomes, 1994), compilados na publicação “Rio Grande 
do Norte e outras Geografias”, que permitiu a contextualização da área estudada 
na realidade norte-rio-grandense, e na recente dissertação de mestrado, que tem 
por título, “O Turismo e a Transformação do Espaço e da Paisagem Litorânea 
Potiguar” (Marcelino, 1999), que encaminha questões sobre o turismo no litoral do 
Estado, um dos fatores considerados no estudo do espaço Piuense.
Especificamente sobre Pium, foram utilizados os resultados das 
seguintes pesquisas: “A colônia do Pium do Japonês” (Dantas, 1982), que 
possibilita o entendimento dos processos históricos que influenciaram no 
crescimento de Pium; no que trata do fenômeno conurbação no local, utilizou-se o 
trabalho com o título “Conurbação” (Bandeira, Savalli, 1995), que aborda a 
existência deste fenômeno entre os municípios de Natal e Parnamirim. Quanto a 
dados primários mais recentes, utilizou-se de duas pesquisas desenvolvidas 
durante os anos de 1998 e 1999, as quais encontram-se nos trabalhos
13
apresentados em forma de dissertação denominados: “O Que Fica no Caminho: 
Conseqüências Sócio-espaciais Decorrentes da Duplicação da Rota do Sol em 
Pium” (Lima, 1999a) e “Transformações no Uso e Ocupação do Solo de Pium 
Provocados pela Duplicação da Rota do Sol” (Lima, 1999b). 
Essas pesquisas anteriores (Lima, 1999a, 1999b), constataram a 
existência de mudanças no uso e na ocupação do solo nessa localidade, apontada 
pela comunidade algumas vezes como sendo negativa, outras como benéfica, 
porém sempre referida como provocadora de alterações no seu cotidiano, 
motivando a continuação do estudo da área.
Para avaliar a relação existente entre as mudanças percebidas na 
paisagem e os fatores que interferiram neste processo, utilizou-se na presente 
pesquisa: dados primários que foram obtidos através de pesquisa de campo, por 
meio da aplicação de formulários na comunidade ; sistematização dos registros do 
uso e ocupação do solo; e registros fotográficos. Estes dois últimos como 
resultado do levantamento in loco das características atuais da área e da 
comunidade residente.
Quanto aos dados cartográficos para localização e delimitação da área 
estudada, utilizou-se o mapa planimétrico do litoral de Parnamirim, elaborado pela 
Prefeitura Municipal de Parnamirim/RN (1994), na escala 1/10.000, foram também 
utilizadas fotos aéreas no 788 e no 789 pertencentes a SPU-RN (Secretaria do 
Patrimônio da União – RN, 1998), correspondente ao trecho R. Potengi-R. Guajú, 
produzidas pela Universal S.A., na escala 1/8.000.
Utilizou-se ainda, os mapas 1, 2, 4 e 5, anexos ao Plano Diretor de 
Desenvolvimento Urbano do Município de Parnamirim, elaborado em 1999, que 
tratam: Mapa 1 – Macrozoneamento Ambiental e Áreas de Conservação 
Ambiental; Mapa 2 – Zoneamento Funcional do Município; Mapa 4 – Estrutura 
Viária Principal; e Mapa 5 – Limites de Gabarito Estabelecidos. Todos na escala 
1:30.000.
Para a atualização do mapeamento do uso e ocupação do solo pela 
atividade terciária em Pium contou-se, em 1999, com a colaboração dos
 14
 componentes da base de pesquisa - Unidade Interdisciplinar de 
Estudos sobre a
 Habitação e o Espaço Construído - do Departamento de 
Geografia/CCHLA/UFRN, Coordenada pela Profa. Edna Maria Furtado. Essa 
equipe tomou como base um croqui fornecido pelo Setor de Cartografia da 
Fundação Nacional de Saúde, FNS/RN, de 1995.
A coleta de informações no campo ocorreu no período de junho de 
1998 à maio do ano 2000. A delimitação do recorte da área estudada foi 
possibilitada através do trabalho de reconhecimento de campo e pelo registro 
fotográfico das principais características encontradas no lugar.
O universo analisado, foi definido como o assentamento em que vive a 
população residente no bairro de Pium, sendo incluídos neste estudo a Praia de 
Cotovelo e o Valede Pium, apenas a partir de dados secundários que 
possibilitaram o entendimento do que ocorre no referido local.
Como procedimento adotado para aplicação dos formulários foram 
escolhidas as famílias domiciliadas no local, representadas por um dos seus 
membros, preferencialmente a pessoa mantenedora da família no domicílio.
A escolha dos procedimentos de observação direta foi indicada pela 
consultoria técnica da CONSULEST (Consultoria Estatística - CCET - Centro de 
Ciências Exatas e da Terra) - UFRN, tendo sido definido também, em conjunto 
com essa consultoria, o percentual do universo a ser estudado e os locais de 
aplicação.
No croqui de Pium utilizado neste estudo, existem 35 quadras 
identificadas no perímetro urbano. Para a observação direta, adotou-se o 
procedimento de seleção por amostragem numa amostra significativa em relação 
a todas as residências deste bairro. 
Foram aplicados 88 formulários, onde a forma de escolha das 
residências foi dada pela técnica de “amostragem por conglomerado”, onde cada 
conglomerado é identificado como sendo uma quadra, compondo, assim, 35 
conglomerados, numerados de acordo com a FNS (Fundação Nacional de Saúde) 
– RN. 15
No primeiro estágio, foram escolhidas seis quadras apontadas de 
acordo com o tratamento estatístico escolhido pela CONSULEST, que foram as 
seguintes: 1, 3, 7, 18, 25, e 34.
No segundo estágio, a seleção de oitenta e oito residências foi feita de 
forma aleatória. Cada uma teve a mesma probabilidade de ser escolhida. Entre 
elas, foram sorteadas quinze nos quatro primeiros conglomerados, e quatorze nos 
restantes, observando-se que as residências escolhidas não fossem vizinhas.
Os resultados foram apresentados em forma de tabelas, que tiveram 
como objetivo apresentar elementos que possibilitem a análise da problemática 
proposta.
Este trabalho foi sistematizado partindo da aparência da paisagem, que 
com o auxílio dos dados primários, secundários e referências teóricas, permitiu 
chegar próximo a essência das mudanças ocorridas e dos fatos que interferiram 
na modificação da comunidade de Pium, em suas condições socioespaciais, as 
quais materializaram-se no espaço construído. Nesta dissertação, o Capítulo 1, 
apresenta as mudanças percebidas na paisagem Piuense.
Em seguida, o Capítulo 2 trata da (re)produção do espaço e os fatores 
que interferiram na sua organização, enfatizando como elementos chaves, o lazer 
e o turismo e a expansão urbana de Natal.
As transformações ocorridas na vida da população são analisadas no 
Capítulo 3, onde foram relacionados os dados locais no contexto socioespacial do 
Rio Grande do Norte. 
O Capítulo 4 aponta as perspectivas locais e conclui-se este estudo no 
Capítulo 5, com algumas observações consideradas pertinentes ao tema e à 
presente pesquisa. 
16
1 – A PAISAGEM PIUENSE
O espaço foi considerado neste trabalho como o resultado da ação 
humana no meio ambiente, num movimento dialético intermediado pelos objetos 
naturais e artificiais. Na medida em que o ser humano interfere na natureza, há 
entre os dois uma relação recíproca cultural, que é também política e técnica, que 
provoca sua própria alteração.
O espaço apresenta-se, assim, como o resultado da soma e da síntese 
sempre refeita da paisagem com a sociedade, em que os objetos servem para 
concretizar uma série de realizações, sendo o espaço o resultado da ação dos 
seres humanos sobre estes objetos.
Todos os espaços são geográficos e são modificados pelo movimento 
da sociedade e da produção, sendo a paisagem a dimensão percebida do espaço. 
Porém, o fenômeno geográfico vai além de sua dimensão corpórea, pois existe 
uma essência no acontecer geográfico.
Neste estudo, a paisagem foi considerada como um conjunto 
heterogêneo de formas naturais e artificiais, porém que não apresenta-se apenas 
como um conjunto de elementos estáticos (uma fotografia), e sim uma 
manifestação concreta do processo de produção do espaço como elemento 
percebido a partir da dimensão real criada pelas relações sociais em cada 
momento.
A paisagem apresenta um aspecto relevante na análise do espaço, pois 
nela se manifesta o movimento do real, sendo na sua forma que se expressa a 
“concretude momentânea” da produção e reprodução do espaço. A existência 
social dos seres humanos não se faz fora de sua existência material. Portanto, as 
formas se manifestam a partir dos atos práticos, das relações concretas entre os 
indivíduos. Lefebvre, chama a atenção para o fato de que a paisagem reproduz, 
num determinado momento, vários momentos passados que na articulação com o 
novo, reproduzem uma paisagem peculiar onde a história tem peso importante 
(Carlos,1994, p. 46). 17
A paisagem tem um movimento que pode ser mais ou menos rápido 
dependendo da dinâmica social e desvendar essa dinâmica é fundamental para o 
entendimento do percebido. A paisagem, contudo, não consegue dar conta da 
apreensão da totalidade do espaço, porque ainda que seja a materialização das 
relações que produzem o espaço, revela apenas um momento da sociedade. Por 
isso existe a necessidade de se articular as transformações percebidas com o 
processo de produção do espaço que possibilitaram sua existência.
O conjunto de dados naturais (solo, relevo, clima etc.), em maior ou 
menor escala, transformados pela ação consciente do ser humano através de 
sucessivos sistemas de engenharia, e a dinâmica social, ou o conjunto de 
relações que definem uma sociedade em um dado momento, formam a 
configuração espacial. Em cada momento histórico, os modos de produzir a vida 
material são diferentes. O trabalho humano vai se tornando cada vez mais 
complexo, exigindo mudanças correspondentes às inovações assim como uma 
nova configuração espacial.
No perímetro urbano, as casas, as ruas, as praças, são resultado do 
trabalho transformado em objetos culturais, suscetíveis às mudanças irregulares 
no tempo. Então, a paisagem é percebida, como um conjunto de formas 
heterogêneas representativas das diversas maneiras de produzir as coisas e de 
construir o espaço.
Uma das características importantes quando utiliza-se a paisagem 
como categoria relevante de análise do espaço geográfico, é sua 
heterogeneidade, tanto em termos de concentração populacional, quanto em 
diversidade de utilização dos recursos disponíveis, o que revela informações sobre 
como este espaço encontra-se organizado. A interpretação das modificações na 
paisagem é um dos pontos de partida para se entender seu significado e as 
articulações entre as forças gerais que influenciam na sua mudança.
A diversidade observada é condição e resultado, em que a divisão do 
trabalho é o processo pelo qual os recursos naturais disponíveis são distribuídos 
socialmente e geograficamente. 18
O estudo da paisagem de Pium foi feito a partir dos seus elementos 
entendidos em um constante movimento de composição, onde o ritmo de 
mudança se deu de acordo com o desenvolvimento das relações sociais, sem 
perder de vista a idéia de totalidade. As formas criadas recentemente 
juntaram-se às formas do passado, que foram percebidas nas mudanças na 
paisagem e possibilitaram uma relação com as mudanças estruturais da 
sociedade. 
As intensas mudanças ocorridas na paisagem local caracterizam um 
conjunto de alterações significativas nas formas, nos movimentos e na estrutura 
social, ao que denomina-se metamorfose. A percepção da mudança na paisagem 
que ocorreu em Pium induz a uma necessidade de compreender as modificações 
sociais que existiram nesse espaço.
Interrelacionar essas mudanças visíveis com as mudanças sociais e 
analisar os fatores globais que interferiram no local representouuma elaboração 
complexa onde os fatores analisados entrelaçaram-se numa construção e 
reconstrução constante do conhecimento.
Para compreender a metamorfose socioespacial Piuense, foi 
necessário analisar as mudanças estruturais e funcionais existentes nessa 
paisagem, partindo-se da descrição da paisagem e de suas mudanças articuladas 
aos principais fatores de transformação do espaço local, e como estes se 
interrelacionaram com a vida da comunidade. 
De acordo com Santos (1997, p.69), as mudanças estruturais 
apresentam alterações significativas nas formas com substituição de antigas 
edificações por edificações modernas, ou seja, existe a alteração das velhas 
formas empregadas para adaptação às novas funções, além da construção de 
novos edifícios e equipamentos urbanos.
As mudanças funcionais da paisagem representam principalmente 
alterações nos movimentos, e sua ocorrência nas avenidas, ruas e praças em 
diversos momentos distintos dos dias, das semanas e do ano, compondo a 
paisagem de forma diferente.
19
O intenso movimento percebido na paisagem Piuense, em 
determinados períodos (determinados meses do ano e dias da semana), alteram 
totalmente a paisagem, saltando aos olhos também o número de novas formas 
edificadas, construções essas de caráter recente ou em processo de mudança.
Esta metamorfose local apresenta-se vinculada ao processo de 
ocupação do espaço litorâneo brasileiro e particularmente do Rio Grande do 
Norte. Para compreendê-la, tornou-se necessário abordar Pium no contexto 
litorâneo brasileiro e norte-rio-grandense, apontando também as suas 
especificidades.
A configuração espacial da urbanização brasileira é inicialmente 
concretizada pelos motivos que impulsionaram as ações dos nossos 
colonizadores, cujo caráter exploratório fixou as populações nas zonas litorâneas, 
a fim de, a baixo custo, melhor escoar nossas riquezas para o mercado europeu. 
Desde os tempos da colonização, a região litorânea em todo o Brasil 
apresenta as características de um desenvolvimento mal distribuído socialmente, 
e de uma grande degradação do patrimônio natural .
Segundo Moraes (1999, p.66), o litoral brasileiro, que foi povoado 
inicialmente num padrão descontínuo, com arquipélagos demográficos de 
adensamento, apresenta hoje um processo vertiginoso de expansão do 
povoamento na zona litorânea de forma contínua, o qual iniciou-se no final da 
década de sessenta e consolidou-se nos anos setenta. Até esse momento ainda 
seria possível encontrar áreas isoladas bastante próximas das grandes 
aglomerações litorâneas, sendo a urbanização do litoral brasileiro, um processo 
contemporâneo ainda em curso na atualidade.
A permanência dessa concentração é decorrente não só das condições 
fisiográficas da nossa costa, mas também dos tipos de ocupação e dos 
investimentos que favoreceram esse tipo de ocupação até hoje.
Atualmente o processo de reprodução do espaço litorâneo do Nordeste 
Brasileiro de forma mais ampla, e o que ocorre no Litoral Oriental do Rio Grande 
do Norte, mais especificamente, está estreitamente relacionado ao
 20
 desenvolvimento das atividades de lazer e turismo, atividades que 
estão atreladas
 ao processo histórico de organização do espaço brasileiro e 
contribuem para um povoamento intenso da fachada atlântica.
De acordo com Felipe (1994, p.10), no Rio Grande do Norte, três 
fatores contribuem para o tipo de distribuição populacional existente:
 1)A concentração dos serviços e sua ampliação de influências na 
economia terciária, particularmente em Natal, juntamente com as 
atividades ligadas ao turismo, tornando-se fato econômico importante no 
Estado nas últimas décadas. 2) o surgimento de economias novas na 
Região de Mossoró, exploração de petróleo e produção de frutos 
tropicais (melão, caju, melancia, graviola, maracujá e manga), faz com 
que Mossoró assuma o papel de 2º pólo de atração do Estado (...). 3) 
Sem investimentos novos, sem perspectivas econômicas de curto e 
médio prazo, o resto do Estado e seus municípios com exceção de 
Natal e Mossoró, tendem a reduzir a sua população, reduzindo também 
a superação deste quadro econômico. 
Essa concentração dos serviços e sua ampliação de influências na 
economia terciária, particularmente em Natal, juntamente com as atividades 
ligadas ao turismo, as quais vêm se tornando fato econômico importante no 
Estado nas últimas décadas, justificaram a investigação acerca da interferência do 
lazer, em sentido amplo, e do turismo, em sentido mais restrito, na dinâmica da 
paisagem Piuense.
No Rio Grande do Norte a Zona Litorânea Oriental do Estado é a mais 
urbanizada. De acordo com estudos feitos pelo IDEC-RN (1997a), está havendo 
desde 1970 um deslocamento para essa área, onde encontra-se a Grande Natal - 
Zona Metropolitana criada em 1997, pela Lei Complementar N.º 152, que envolve 
os municípios de Natal, Parnamirim, Macaíba, São Gonçalo do Amarante, 
Extremoz e Ceará-Mirim.
A proximidade de Pium a Natal, núcleo central da Região Metropolitana 
que envolve os vários municípios vizinhos e, particularmente, Parnamirim, onde 
Pium está inserido, reporta à necessidade de entender como essa área 
metropolitana tende a se ampliar através da incorporação dos espaços vizinhos e 
de que forma o crescimento de Natal influencia na mudança da paisagem em 
Pium . 21
Ainda segundo Felipe (1994, p.8-9), as políticas públicas assumem 
caráter discriminatório em termos espaciais e sociais, no momento que 
concentram investimentos e induz a concentração populacional num ponto do 
espaço geográfico, o que tem ocorrido no Litoral Oriental, uma área em que os 
investimentos feitos pelo Estado, através de construção de vias estatais, 
apresentam-se com uma certa constância devido à grande potencialidade de lazer 
e turismo decorrente das riquezas naturais e paisagísticas encontradas, e do clima 
agradável durante todo o ano.
O Litoral Oriental (Figura 1), onde encontra-se Pium, tem características 
que possibilitam o desenvolvimento destas atividades, dentre essas 
características, destaca-se o clima tropical - litorâneo úmido, cuja temperatura 
média anual revela pequena amplitude térmica, com verões quentes e invernos 
amenos, onde a média das mínimas fica em torno de 23ºC e a das máximas em 
torno de 31ºC.
Fonte: AtualizaçãoPium/RN satellite map large rectangle image link. Pium/RN satellite 
map maplandia.com
Figura 1 – Brasil -Rio Grande do Norte, Pium.
22
Outras características naturais da paisagem desse trecho Oriental do 
litoral norte-rio-grandense, são os resquícios da Mata Atlântica e seus 
ecossistemas associados, as restingas, os manguezais e a formação vegetal 
denominada de tabuleiros litorâneos, cuja fitofisionomia assemelha-se ao cerrado 
(Figura 2).
Nessa parte do litoral, apresentam-se dunas de altura bastante elevada, 
vasto complexo estuarino, enseadas separadas por portões rochosos, praias e 
falésias instáveis, que sofrem ação erosiva do mar, um importante potencial 
hídrico de superfície e, ainda, paralelos à costa, bancos rochosos (sedimentos do 
grupo barreiras, recifes etc.), que formam belas paisagens. 
Os ecossistemas naturais têm sido degradados, principalmente as 
dunas por causa da constante retirada de vegetação nativa fixadora, 
apresentando problemas no equilíbrio do sistema, com um processo acentuado de 
migração das areias, assoreamento de rios, riachos e lagoas.
Nos principais rios, lagoas, estuários e manguezais, a expansão urbana 
também provoca impactos ambientais, acarretandoa contaminação dos lençóis de 
aqüíferos, uma vez que quase todo o esgoto dos núcleos urbanos não sofre 
tratamento adequado, sendo depositado in natura em suas águas. Estas áreas 
também sofrem influência da atividade pesqueira indiscriminada.
Além disso, esta paisagem natural litorânea vem sendo 
descaracterizada principalmente em razão da especulação imobiliária e de 
empreendimentos turísticos.
A paisagem desta área litorânea, apresenta como destaque do espaço 
construído a rodovia RN-063, mais conhecida como “Rota do Sol”, que liga o 
bairro de Ponta Negra em Natal à Nísia Floresta. 
Essa rodovia foi um dos componentes apresentados para a análise da 
ocupação urbana ao Sul de Natal, pois viabiliza a utilização de grande parte do 
espaço litorâneo, já dotado de assentamentos urbanos preexistentes, para 
atividades econômicas voltadas para o lazer e turismo (Figura 2).
23
 Encontra-se nessa área o vale do Pium, um dos mais importantes 
situados nas proximidades de Natal, pois apresenta grande potencialidade para a 
produção de alimentos, tendo sido alvo de projetos de assentamentos de colonos 
para exploração desta potencialidade. Pode-se citar como exemplo o Projeto 
PIC/PIUM - Projeto Integrado de Colonização do Pium, na década de 50, 
elaborado e implantado pelo Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária 
(INCRA).
 Contudo, existe um processo natural de assoreamento do rio, que em 
face de sua pequena declividade nesse trecho do vale, necessita da realização de 
serviços periódicos de dragagem, a fim de possibilitar o adequado aproveitamento 
do vale.
 
Fonte: Atualização Fonte : PraiasaereoCotoveloePium.jpg vilaboadegoias.com.br
Figura 2 – Pium, localização e elementos característicos de seu entorno, 
enfatizando a “Rota do Sol”.
24
http://www.google.com.br/imgres?q=pium+rn&hl=pt-BR&client=firefox-a&sa=X&rls=org.mozilla:pt-BR:official&channel=np&biw=1024&bih=665&tbm=isch&prmd=imvns&tbnid=azSwhgP0fJel0M:&imgrefurl=http://www.vilaboadegoias.com.br/pipa.htm&docid=wNoLkrG4NbtOSM&imgurl=http://www.vilaboadegoias.com.br/praias/Praias%252520aereo%252520Cotovelo%252520e%252520Pium.jpg&w=640&h=480&ei=uZ_HT4u5M8iigweC2MGKDg&zoom=1&iact=hc&vpx=724&vpy=154&dur=3621&hovh=194&hovw=259&tx=70&ty=237&sig=110676327854882895781&page=1&tbnh=144&tbnw=193&start=0&ndsp=12&ved=1t:429,r:3,s:0,i:76
Porém, a drenagem do vale não foi priorizada pelo poder público local 
e, conseqüentemente, a população, que tinha sua economia voltada 
principalmente para as atividades agrícolas, passou a deslocar sua força de 
trabalho para atividades do setor terciário. 
De acordo com pesquisa elaborada por Dantas (1982, p.46-47), sobre 
este local: “...a produção agrícola desta área, encontra-se decadente, e que os 
agricultores aí assentados, vêm abandonando as culturas de hortifruticultura 
devido a problemas financeiros, e em decorrência da especulação imobiliária...” 
Atrelada a estes fatores e com o incentivo às atividades turísticas no 
litoral ao Sul de Natal, que tem Pium como ponto principal de passagem, a 
comunidade local, que antes estava voltada para as atividades agrícolas de 
subsistência, hortifrutigranjeiras e extração de frutos nativos, passou a ter no setor 
terciário uma atividade que as substituíram e hoje se constitui na principal fonte de 
trabalho e renda, fator que apresentou-se na paisagem, materializada no grande 
número de estabelecimentos comerciais no bairro.
Pium, comunidade vista por muito tempo como pequeno aglomerado 
urbano pertencente ao Município de Parnamirim, passou a ser considerada bairro 
pela Lei Municipal nº 841/94, que define toda a área que constitui o Município 
como perímetro urbano ou área de expansão urbana.
A justificativa dada pela Secretaria de Indústria, Comércio e Turismo de 
Parnamirim para que todo o Município, que ainda apresenta grandes vazios entre 
alguns dos seus bairros, ser considerado área urbana provém do seu acelerado 
crescimento, uma vez que esse Município recebe um contingente populacional 
deslocado de outras regiões do Estado, provocando assim, um crescente 
adensamento urbano.
Entretanto, a paisagem Piuense, em alguns aspectos apresentou 
características de um pequeno povoado, intercalado de terrenos não urbanizados, 
na maior parte do tempo, pacata a espera de movimento e, em outros, com 
características de um subúrbio metropolitano, onde, dependendo da hora e do dia, 
o movimento acelera-se, e o fluxo de pessoas e veículos é grande. 25
Também apareceu na paisagem local as contradições sociais, 
principalmente no que diz respeito as diferenças de poder aquisitivo entre os 
moradores, que evidenciaram-se no padrão diferenciado de suas residências 
(Figuras 3 e 4).
 
 Foto: Fonte atuaçlização classidigi.com 
Figura 3 – Residências da população de menor poder aquisitivo, 
demonstrando um padrão construtivo mais simples e menos 
dispendioso.
 
 Foto: Fonte atualização classidigi.com 
Figura 4 – Residências da população de maior poder aquisitivo, mostrando 
um padrão construtivo melhor elaborado e mais dispendioso.
26
Quanto a sua população e quantidade de prédios, segundo informações 
fornecidas em maio de 2000, pelo Setor de Cadastramento Imobiliário da 
Secretaria de Finanças da Prefeitura de Parnamirim, em Pium existiam 348 
prédios, com uma população residente de 1.566 habitantes.
Pium apresenta interligações com os bairros e municípios vizinhos por 
meio de duas vias estaduais, a RN-313 e a RN-063 ou “Rota do Sol”. Sendo esta 
última a via que tem maior fluxo de veículos, que no interior do bairro desdobra-se 
em duas avenidas.
Percebeu-se que o bairro tem como referencial para ocupação urbana a 
“Rota do Sol”. A duplicação dessa via transformou-se num importante fator para a 
ocupação de novas áreas e para mudanças de seu uso, visto que essa duplicação 
provocou a abertura de uma nova avenida no interior desse bairro.
No período de 1980 a 1985, o Departamento de Estradas e Rodagem 
do Rio Grande do Norte (DER-RN), concluiu a rodovia RN-063, que passa no 
centro de Pium e faz a ligação entre Natal e todas as praias ao Sul da Capital, 
indo até o Município de Nísia Floresta, como já foi dito. Recentemente, parte 
dessa via foi duplicada, possibilitando melhor fluxo de veículos para praias do 
litoral ao Sul de Natal. 
De acordo com o Setor de Obras e Operações do DER-RN, a 
duplicação no interior de Pium teve início em março de 1992, sendo concluída em 
março de 1993, passando a ser composta por duas vias, cada uma com tráfego 
em apenas um sentido, desde o bairro de Ponta Negra, em Natal, até Búzios, em 
Nísia Floresta.
O trecho entre o bairro de Ponta Negra e Pium estende-se por oito 
quilômetros. Em Pium essa duplicação resultou em duas avenidas distintas 
(Figura 5). As avenidas decorrentes da duplicação tiveram sua construção 
possível devido a desapropriação de terrenos vazios ou que tinham a função de 
quintais das residências situadas na rua Padre Cícero. A “Rota do Sol” percorre 
um quilômetro e meio no interior de Pium, desde o Posto Policial, ao Norte do 
bairro, até o Posto de abastecimento de veículos, ao Sul, delimitando-se, assim, a 
referida duplicação (Figuras 6 e 7). 27
 
 Fonte: Atualização: rapadurabiker.blogspot.com 
Figura 5 – Pium, localização da duplicação da “Rota do Sol” em seu interior.
 28
 Foto: Fonte Atualização.viacertanatal.com 
 Figura 6 – Pium, início da duplicação da “Rota doSol” 
 Foto: Fonte Atualização: viacertanatal.com 
Figura 7 – Duplicação da “Rota do Sol” 
29
A parte mais edificada do bairro tem formato triangular, cujas principais 
edificações são uma Igreja Católica; um Posto da TELEMAR - Telecomunicações 
do Rio Grande do Norte S/A; um Posto de Saúde; uma Feira de Frutas e 
Verduras, esta de caráter permanente; além de vários estabelecimentos 
comerciais. Esse local também se caracteriza por ter um permanente movimento 
de pessoas e veículos, apresentando-se como centro para essa comunidade, pois 
nessa área encontram-se concentradas algumas das principais instituições 
coletivas do bairro.
A rodovia, na localidade, exerce a função de principais avenidas. O 
trecho que apresenta o sentido Natal-Praias, no perímetro urbano, é denominado 
Avenida Joaquim Patrício, e o que possibilita o tráfego no sentido Praias-Natal, 
chama-se Avenida Edgar Medeiros. 
Percorrendo-se Pium, percebeu-se o surgimento constante de novos 
elementos, com novas ruas surgindo nas proximidades da “Rota do Sol”, casas 
recém construídas ou em construção, e muitas reformas nas residências já 
existentes. As novas ruas apresentaram-se diferenciadas das principais, pois são 
pavimentadas por paralelepípedos ou apenas recobertas com piçarro, enquanto 
as principais são asfaltadas. Foram encontrados também, às margens da “Rota do 
Sol”, estabelecimentos comerciais e de prestação de serviços, com misto de 
construções de uso residencial.
Na paisagem local a alteração na forma foi confirmada segundo dados 
averiguados nas entrevistas aplicadas aos moradores, que apontaram 42 % dos 
imóveis pesquisados apresentando modificações nos últimos 10 anos.
Tabela 1
PIUM - MODIFICAÇÕES NAS RESIDÊNCIAS NOS ÚLTIMOS DEZ ANOS
Modificações/ no domicílios Total %
Sim
Não
Total 
37 
51 
88 
42,0
58,0
100,0
Fonte: Dália Lima. Pesquisa de campo, abril de 2000.
 30
Esse número expressivo de modificações, demonstrou que a paisagem 
está passando por um processo de alterações substanciais nos seus elementos 
fixos, confirmando a existência da mutação estrutural da paisagem local, onde 
essas mudanças também apontaram para novas funções desse espaço. 
Segundo Santos (1997, p.77), o espaço é formado de fixos e fluxos. Os 
elementos fixos compõem-se dos instrumentos de trabalho e das forças 
produtivas, que materializam-se em objetos técnicos e sociais, e formam os 
sistemas de engenharia. Sendo os fixos que dão o processo imediato do trabalho, 
enquanto os fluxos representam os movimentos e a circulação, estando 
vinculados aos fenômenos de distribuição e consumo.
Outros dados apontados foram referentes aos principais tipos de 
modificações ocorridas nestes domicílios. Em 62,1% das residências, foram feitas 
ampliações nas construções já existentes; 32,4% mudaram a forma dos prédios, 
uns para atender um novo uso que geralmente passou de residencial para 
comercial ou para estabelecimentos de prestação de serviços, existindo também 
os imóveis que passaram a ter uso misto. Existindo ainda 13,5% que mudaram o 
próprio local de suas residências.
Percebeu-se claramente na paisagem que os elementos novos como as 
reformas, as ampliações e outras construções estão ainda agregados a elementos 
mais antigos, em que construções rudimentares de taipa e alvenaria simples se 
misturam a lojas de dois pavimentos construídas com processo técnico mais 
avançado, permitindo afirmar que ocorreu um processo recente de mudanças.
Tabela 2
PIUM - TIPO DE MODIFICAÇÕES NAS RESIDÊNCIAS
Tipos / no de domicílios Total %
 Ampliação 
Uso 
Local 
23
12
05
62,1
32,4
13,5
Obs. Alguns dos 37 questionários afirmativos de mudança, apontaram mais de uma modificação
Fonte: Dália Lima - Pesquisa de campo, abril de 2000.
Os pédios em Pium, em sua maioria, foram construídas em alvenaria, 
existindo algumas ainda em taipa, sem forro, rebocadas, com cobertura
 31
de telhas, e duas águas, piso de cimento, instalação elétrica exposta, apenas um 
banheiro simples, algumas vezes com terraço, os jardins geralmente delimitados 
por cercas de estacas e arames, com ausência de calçadas e meio fio, 
apresentando, portanto, um aspecto rural, mesmo nas ruas mais movimentadas 
(Figura 8).
As reformas efetivadas nos prédios modificaram, muitas vezes, o 
padrão de construção das residências, tanto no tipo de material utilizado, quanto 
na orientação das residências situadas na rua Padre Cícero, onde os principais 
cômodos foram colocados de frente para a Avenida Edgar Medeiros.
Após a duplicação da “Rota do Sol”, em alguns locais já destinados ao 
lazer de turistas, os proprietários fizeram reformas que possibilitaram duas 
fachadas nos dois sentidos, para aproveitar melhor o fluxo de turistas que 
percorrem as duas avenidas.
Exemplo disso é o “Recanto do Garcia” - restaurante anteriormente 
voltado apenas para a Avenida Joaquim Patrício, que, após reformado, abriu um 
novo acesso pela Avenida Edgar Medeiros. O mesmo ocorreu com a Associação 
dos Servidores do DNER-RN (Departamento Nacional de Estradas e Rodagem), 
destinada ao lazer e que serve de pousada para os associados que querem 
desfrutar a vizinha Praia de Cotovelo.
Foto: Atualização Fonte: skyscrapercity.com.
Figura 8 – Pium, Padrão construtivos. 32
As reformas citadas como ampliação geralmente apresentaram 
adaptações de partes das residências para a utilização comercial (Figura 9).ou 
para prestação de serviços(Figura 10), surgindo uma incipiente verticalização, com 
algumas construções em dois pavimentos, onde a parte térrea é destinada ao 
comércio, e o andar de cima ficando destinado à moradia 
Em Pium foi reservada uma área para Feira de Artesanato, onde foram 
construídos quiosques de madeira e alvenaria, padronizados, nos quais são 
vendidos produtos artesanais principalmente aos turistas. Essa feira está dotada 
de um amplo espaço calçado para estacionamento de ônibus e outros veículos 
utilizados para o turismo .
Foto:Fonte atualização: rn.quebarato.com.b Dália Lima, 1999
Figura 9 – Pium, residências que apresentam reformas destinadas ao 
comércio.
 33
 
 Foto: Fonte atualização: rn.quebarato.com.b 
Figura 10 – Pium, comércio enfatizando ao turismo 
A Feira de Frutas e Verduras, antes existente na parte central do bairro, 
teve seu espaço aumentado e modificaram-se os tipos de barracas, que 
anteriormente eram rudimentares e sem alinhamento. Passaram, então, a ser 
padronizadas e delimitadas, cobertas com lona, existindo também um espaço 
destinado ao estacionamento de veículos dos passantes, turistas e veranistas 
(Figura 11).
A ampliação da referida feira desencadeou um aumento da área 
destinada às barracas e, conseqüentemente uma priorização de um maior espaço 
para o comércio em detrimento do conforto das moradias ali existentes, pois 
provocou uma maior proximidade dessas barracas com as residências nos seus 
arredores, dificultando a ventilação e a visualização das mesmas.
34
Surgiram, também, construções de alguns prédios apropriados a 
pousadas (Figura 12) e de algumas lojas de conveniência, onde encontram-se 
produtos mais sofisticados e até produtos importados de outros países, destinados 
principalmente a clientela de turistas e moradores temporários (Figura 13).
 
 
 Foto: Ana Melo, 1999 Atualização fonte - Margarete. Upload 2008-10-19
Figura 11 – Pium, Feira Permanente de Frutas e Verduras, destacando o 
estacionamento de veículos dos visitantes.
Foto: Fonte Atualização: porondeandamos2011.blogspot.com
Figura 12 – Pium, Pousada, construção adequadaa esse fim.
 35
A alteração das antigas formas para adaptação às novas funções, deu-
se em Pium principalmente em relação ao tipo de reforma, pois as residências 
receberam novos cômodos na parte frontal (no caso da Av. Joaquim Patrício) ou 
acréscimos na sua parte de fundos (no caso da Av. Edgar Medeiros), sempre com 
o objetivo de se beneficiar do tráfego mais intenso. 
Essas reformas geralmente envolveram a ampliação das portas para 
possibilitar melhor acesso aos compradores, existindo também o acréscimo de um 
terraço que serve para expor os produtos de maior venda. Essa diferença dos 
usos do espaço chamou a atenção na observação da paisagem, pois perceberam-
se os usos comerciais e de serviços em determinadas ruas, que detêm melhor 
infra-estrutura disponível e nas quais existe o fluxo de passantes para outras 
localidades do litoral.
Constatou-se que a metamorfose do espaço ocorreu em Pium de forma 
diferenciada, onde as áreas centrais modificaram-se, beneficiadas com a melhor 
infra estrutura e as ruas de formação recente, habitadas pela população de menor 
poder aquisitivo apresentaram-se sem infra-estrutura adequada (com ausência de 
drenagem, pavimentação, iluminação, saneamento básico). 
 
 
 Foto: Fonte atualização: piumonline.com.b 
Figura 13 – Panificadora com loja de conveniência, onde encontram-se produtos 
mais sofisticados e até produtos importados de outros países, destinados 
principalmente a clientela de turistas e moradores temporários. 
36
De acordo com a pesquisa de campo, 9,1% dos prédios apresentaram 
uso misto, ou seja, as famílias residiam e instalaram seu comércio; 3,4% foram 
destinados à prestação de serviços; tendo 86,3% dos imóveis destinados apenas 
a fins residenciais (Tabela 3).
Nas margens da “Rota do Sol”, os principais tipos de serviços prestados 
identificados foram: borracharias, oficinas de lanternagem, mecânicas de 
consertos de eletrodomésticos, cabeleireiros, manicures, além da presença de 
várias lojas de material de construção, e verificou-se uma maior incidência de 
estabelecimentos comerciais. 
A mutação funcional da paisagem em Pium percebeu-se tanto na 
mudança das funções desempenhadas pelas edificações, como também no 
funcionamento diferenciado das avenidas e ruas, com ritmos distintos durante 
períodos de tempos definidos, segundo horas do dia, dias da semana e meses do 
ano. Essas diferenciações são causadas pelo fluxo de veranistas e turistas, bem 
como pelo próprio movimento dos moradores, nas idas e vindas para o trabalho e 
em outras atividades rotineiras pertinentes ao cotidiano do bairro.
Tabela 3
PIUM – TIPO DE UTILIZAÇÃO DOS IMÓVEIS
Tipo / no de domicílios Total %
Residencial 
Prest. Serviços 
Resid e Comercial 
Outros
Total 
76
 3
 8 
 1
88
86,4
 3,4
 9,1
 1,1
100,0
Fonte: Dália Lima. Pesquisa de campo, abril de 2000.
A diferenciação percebida no trânsito foi evidente: os ônibus e 
automóveis percorrem a rodovia em grande número, principalmente nos finais de 
semana e em alguns meses do ano, quando o fluxo de turistas e veranistas 
intensifica-se. 
 37
Os ônibus destinados ao transporte público coletivo municipal e 
intermunicipal circulam pelas avenidas citadas. Observou-se que os principais 
pontos de espera dos coletivos estão situados precariamente nas laterais das 
referidas avenidas, sem a devida proteção quanto a radiação solar, chuva e vento.
Foi constatado que no interior de Pium, a “Rota do Sol” não contém 
calçadas laterais ou semáforos que facilitem o fluxo de pedestres, privilegiando, 
assim, o fluxo de veículos em detrimento da segurança dos moradores da 
localidade.
Existiam apenas algumas lombadas (elevações na estrada) para o 
controle da velocidade dos veículos. Apesar da melhor iluminação pública das 
avenidas centrais, percebeu-se que nas ruas adjacentes a mesma era deficiente, 
existindo ainda precários acostamentos e rara sinalização.
Fazendo a ligação entre as duas principais avenidas decorrentes da 
duplicação, foram encontradas ruas secundárias, sendo a maior parte sem 
pavimentação e sem calçadas laterais. Percorrendo-se a Avenida Edgar Medeiros, 
observou-se o surgimento de novas ruas, transversais, sem traçado definido, 
existindo até ruas sem saídas. Constatou-se que nessas ruas, existiam grande 
número de casas recém construídas ou em construção.
Essas mudanças percebidas na paisagem, são de natureza qualitativa, 
uma vez que vão surgindo novas construções a cada dia em lugares que 
guardavam predominância de elementos naturais, como sítios e granjas, assim 
como quantitativas, devido à maior quantidade de elementos agregados a esses 
espaços, ao aumento de infra-estrutura e ao crescimento da concentração 
populacional.
A metamorfose apresentada na paisagem Piuense em sua área e nas 
formas espaciais, nas infra-estruturas disponíveis e no movimento de pessoas e 
veículos revelou a materialização de transformações funcionais decorrentes da 
dinâmica das relações sociais ali existentes. 
Para analisar as transformações funcionais e a dinâmica socioespacial 
existente em Pium, foi necessário articular mudanças percebidas na paisagem 
com fatores que interferiram na (re)produção espacial do local . 38
2 – A (RE)PRODUÇÃO DO ESPAÇO LOCAL
Para proceder a análise do processo de (re)produção socioespacial que 
ocorreu em Pium, este estudo remeteu-se ao lugar como uma parcela de espaço 
que, apesar de sujeito às mesmas leis gerais do processo de produção espacial, 
também se reproduz a partir de fatores históricos específicos. ”O mundo é apenas 
um conjunto de possibilidades, cuja efetivação depende das oportunidades 
oferecidas pelos lugares.” (Santos, 1999, p.271).
Pium apresentou-se neste estudo como uma totalidade real que, 
fundamentada na indissociabilidade dos fenômenos sociais, detém uma relação 
de interdependência com o todo, sendo o mundo o ponto de partida e de chegada 
da análise, que enfatiza o possível, onde em cada época existe uma pluralidade 
de possibilidades que se realizam no processo histórico. Para Lefebvre (apud 
Carlos, 1996, p. 129) “por meio do espaço atual, sua crítica e seu conhecimento 
se chega ao global, à síntese”. O espaço apresenta-se, assim, como um conjunto 
de possibilidades, organizadas pela relação existente entre os elementos naturais 
e sociais que o compõem.
De acordo com Santos (1997, p.72) “...O espaço resulta do casamento da 
sociedade com a paisagem. O espaço contém o movimento. Por isso paisagem e espaço 
são um par dialético. Complementando-se e se opondo...”
A paisagem artificial é a paisagem transformada pelo homem, a grosso 
modo podemos dizer que a paisagem natural é aquela ainda não mudada pelo 
trabalho humano. O que se percebeu na paisagem Piuense é que a paisagem 
natural, vem sendo substituída pela paisagem artificial, onde os objetos 
geográficos – casas, pousadas, bares, restaurantes, ruas, através dos seus 
arranjos, vão dando uma nova configuração ao lugar.
As transformações estruturais e funcionais da paisagem em Pium foram 
indicadores da existência de fatores que interferiram na (re)produção do espaço 
local, estando por trás da paisagem o movimento, em que a luta entre contrários 
configura-se numa inter-relação dialética permanente entre o externo e o interno, o 
novo e o velho, o Estado e o mercado. 39
Um determinado lugar, num determinado momento, é o resultado da 
ação de diversos elementos, ou seja, toda situação apresenta-se como resultado e 
processo, pois “...O espaço torna-se o lugar e o meio da emergência e realização 
das diferenças (...) Obra e produto da espécie humana ...” Lefebvre (apud Carlos, 
1996, p 134). O lugar apresenta-se,então, como o ponto de manifestação dos 
conflitos, dos desequilíbrios, das tendências da sociedade, daí a importância de 
sua análise para o entendimento da dialética global versus local, tão característica 
desse final de século, frente às mudanças territoriais econômicas e sociais que 
ocorrem no planeta Terra (Gomes, 1997).
Para Carlos (1994, p.83-85), a (re)produção do espaço urbano recria 
constantemente as condições gerais a partir das quais se realiza o processo de 
reprodução do capital. O modo de ocupação de determinado lugar, dá-se a partir 
da necessidade de realização de determinada ação, seja ela de produzir, 
consumir, habitar ou viver.
Para a maioria dos autores que trabalham a questão da produção do 
espaço, nenhum subespaço ou lugar pode escapar hoje ao processo conjunto de 
globalização e fragmentação. A globalização deve ser entendida como uma 
questão global de múltiplas diferenciações locais. A ordem global busca impor a 
todos os lugares uma única racionalidade, porém a ordem local responde segundo 
suas especificidades e contradições. A economia internacional encontra respostas 
nas políticas nacionais, tendo os Estados como atores importantes encorajando ou 
inibindo os desígnios do capital internacional.
De forma concreta, o Banco Mundial e o Fundo Monetário Internacional 
vêm exercendo importantes intervenções em prol do capital “Global”. Mas, por 
mais maciças que sejam essas intervenções, a complexidade da organização 
espacial apresenta-se como problemas a serem regulados e geridos pelo poder 
nacional e pelos poderes locais nos seus diversos níveis (Santos,1999, p. 269). 
A produção espacial é conjugada a fatores internos, que num dado 
momento aparecem como local e, por fatores externos, a partir dos quais o 
processo de produção espacial do lugar vincula-se a uma produção espacial mais 
ampla. 40
Porém, nenhuma variável externa internaliza-se numa localidade, se esta não 
apresenta internamente condições para aceitá-la. Segundo, Santos (1997, p. 97) 
“...Os lugares se diferenciam pela maneira pela qual os fatores internos resistem aos 
externos, determinando as modalidades do impacto sobre a organização pré existente”.
A diferente capacidade de oferecer rentabilidade apresenta-se como 
fator de maior ou menor interferência do capital global no lugar, estando a 
rentabilidade vinculada às condições técnicas locais (equipamentos, 
acessibilidade, infra-estrutura), às organizacionais (leis locais, impostos, mão-de-
obra), e às naturais (clima, solo, relevo).
Cada paisagem combina variáveis de tempos diferentes. Sendo assim, 
quando uma variável nova chega a um lugar, muda as relações preexistentes e 
estabelece outras. Em alguns lugares, as formas antigas resistem por muito 
tempo, o que também depende de um conjunto de variáveis e, portanto, as 
inovações penetram de forma diferenciada nos lugares.
O tempo atual se defronta com os tempos passados, cristalizando-se 
em formas. Os elementos construídos representam um patrimônio que não se 
pode deixar de levar em conta, já que têm um papel na localização dos fenômenos 
observados.
Paisagem e espaço apresentam uma acumulação e uma substituição 
de formas, onde a ação das diferentes gerações superpõem-se. Em cada 
momento a sociedade está agindo sobre ela própria, mudando a paisagem e sua 
dinâmica. Para Lefebvre (apud Martins, 1996, p. 54-56), é necessário 
compreender como ocorre atualmente a produção (e reprodução) das relações 
sociais pela ação do Estado e sua implicação na dinâmica social, já que o 
capitalismo se modificou (criando novos setores, como a informática e o lazer, 
entre outros).
No momento atual, algo novo se impõe. O espaço mundial se reproduz 
acentuando as conexões locais e nacionais, por meio das forças produtivas, das 
tecnologias avançadas, das novas formas de organização, das ideologias,
41
existindo hoje uma dificuldade real na tomada de decisão dos governos dos 
Estados nacionais, em um contexto caracterizado por tendências contraditórias de 
globalização e de processos internos a nível local e regional.
A nível de superestrutura, existe a interferência pelos órgãos de 
planejamento, instituições municipais, estaduais e federais, que exercem a gestão 
e o controle do uso do solo, que muitas vezes colidem com os anseios e 
necessidades da sociedade. Esta contradição leva aos antagonismos de forças 
que determinam a dinâmica da reprodução do espaço. 
O político une-se ao econômico, existindo dentro do próprio Estado uma 
divisão social do trabalho da qual a camada tecnoburocrática onde se incluem os 
planejadores (engenheiros, arquitetos, geógrafos...) atuam como os intelectuais do 
poder político, que viabilizam a implantação das concepções urbanas idealizadas 
nos escritórios oficiais. Muitas vezes, estas intervenções reúnem interesses que 
resultam em opções que modificam a organização do cotidiano dos lugares, sem 
preocupação em beneficiar a maioria da população.
A forma de intervenção desses técnicos depende da concepção de 
espaço que adotam. Se a vêm apenas como objeto possível de remodelação por 
um saber científico, desvinculado da prática social, poderão estar se afastando do 
interesse da comunidade como um todo, visto que a construção de grandes 
projetos de infra-estrutura, muitas vezes atrelado a um discurso 
desenvolvimentista, está articulado a fatores econômicos mundializados e acabam 
redefinindo o espaço local.
Para Gramsci (apud Soja, 1993, p.112-114), a ascensão de uma nova 
economia política urbana e regional voltada para os problemas locais, deveria ser 
centrada nas lutas locais e na mobilização dos movimentos sociais, numa 
elaboração conjunta entre trabalhadores e intelectualidade. 
Assim, para desenvolver-se a análise do processo de reprodução do 
espaço Piuense, tornou-se necessário compreender as intervenções feitas no 
local, que apresentaram-se como fruto de diversos fatores locais e globais. 
Destacaram-se entre eles, o incentivo às atividades voltadas para o turismo e
 42
 lazer nesta parte do litoral, como estratégia do Governo do Estado do Rio Grande
 do Norte, para sua inserção no mercado mundial, que se concretiza por meio de 
obras de infra-estrutura e investimentos voltados para essas atividades. Também 
foi destacada nesta análise, a expansão metropolitana de Natal que de forma 
articulada refletiu-se no processo socioespacial que se configurou na paisagem.
2.1 – A influência do lazer e do turismo na (re)produção do espaço piuense
Para a análise das modificações ocorridas em Pium, se fez necessário 
o entendimento de como as atividades de lazer e turismo interferiram neste local, 
tendo em vista as modificações nos elementos encontradas na paisagem deste 
lugar, que estão em grande parte relacionadas a expansão do comércio 
concentrada às margens da “Rota do Sol”, via que serve de corredor para o fluxo 
de pessoas e veículos que destinam-se aos locais de lazer e turismo no Litoral 
Oriental do Rio Grande do Norte. Estas atividades econômicas apresentaram-se 
como fatores importantes para a (re)produção do espaço local.
O lazer foi apresentado no decorrer desta análise como a ocupação do 
tempo livre não destinado às atividades produtivas pelo ser humano. Segundo 
Rodrigues (1997b, p. 106-107), o ócio ou tempo disponível e não produtor de 
riqueza, atualmente representa um tempo também possível de ser controlado 
socialmente pelo Estado, que por meio de legislações e de estruturação de 
políticas de investimento, penetra indiretamente na escolha das atividades 
desenvolvidas nesse tempo livre do cidadão. Portanto, o tempo livre torna-seum 
tempo social e o lazer torna-se um produto da sociedade de consumo, mercadoria 
que se vende e se compra.
O turismo representa um tipo de lazer, atividade que exige 
deslocamento e que se destina a ocupação do tempo livre do cidadão. Hoje a 
população mundial, de forma geral, introjetou que a viagem é necessária como 
fuga do trabalho e dos ambientes rotineiros causadores de tensão. Intensificou-se, 
então, o turismo como a busca de novos ambientes para a reposição de energia
43
 física e mental, tornando, com o passar do tempo, a atividade turística uma das 
mais importantes fontes de reprodução do capital e de arrecadação de divisas no 
comércio internacional. “Situa-se entre os três maiores produtores de riqueza - 6% do 
PNB global - só perdendo para a indústria de armamentos e petróleo” (Rodrigues, 1997b, 
p.17).
No entanto, o turismo não representa apenas uma atividade econômica, 
mas também um fenômeno complexo, que envolve a natureza econômica, social, 
política e cultural, exprimindo-se em espacialidades variadas.
 O espaço turístico é, antes de mais nada, espaço geográfico e, 
portanto, uma realidade objetiva, com um produto social em permanente processo 
de transformação. Para o seu desenvolvimento, o turismo cria espaços 
urbanizados, uma vez que depende, para sua realização, do comércio, dos 
serviços, das infra-estruturas básica e de apoio, dos sistemas de promoção e de 
comercialização, necessitando, também, das instituições que exercem o poder de 
decisão e da iniciativa privada de forma espontânea ou articulada às políticas 
públicas.
O turismo também intensifica a substituição do espaço natural pelo 
espaço técnico, isto é, os elementos naturais da paisagem vão sendo substituídos 
por elementos culturais, onde os artefatos proliferam. A inter-relação entre o 
turismo e o meio ambiente é incontestável, uma vez que este último constitui 
elemento importante da atividade turística. Entretanto, esta inter-relação muitas 
vezes não se apresenta harmoniosa.
Nunca é demais lembrar que, sendo o meio ambiente um elemento 
fundamental do turismo, seu equilíbrio é essencial para a manutenção dessa 
atividade. De acordo com Ruschimann (1997, p 37) “o impacto do desenvolvimento 
turístico sobre o patrimônio natural e cultural são percebidos local, regional, nacional e 
internacionalmente, e a intensidade dos impactos pode apresentar-se nestes diferentes 
níveis.”
Compreender a inserção do Litoral Oriental onde encontra-se Pium, no 
contexto do turismo mundial levou a considerar que as características do Nordeste
44
 brasileiro, devido à suas belezas naturais e características climáticas propícias às 
atividades turísticas praticamente o ano inteiro, apresentam esta região como foco 
privilegiado para projetos em prol do desenvolvimento dessa atividade econômica.
 Nos últimos vinte anos, duas políticas de turismo vem se destacando 
em escala regional no Nordeste. Uma, a que denomina-se de “Política de 
Megaprojetos”, e outra, o PRODETUR - NORDESTE, Programa de Ação para o 
Desenvolvimento do Turismo no Nordeste. A política de Megaprojetos, que surgiu 
na década de 70, destina recursos públicos sob forma de incentivos a projetos de 
grande porte, elaborados e apresentados pelo Governo Federal e tem como 
características principais a ocupação de extensas áreas de costa e o elevado 
custo da implantação.
 No Rio Grande do Norte, destaca-se o Projeto Parque das Dunas - Via 
Costeira, em Natal, como projeto pioneiro. O “Parque Estadual das Dunas de 
Natal”, criado em 1997, como parte do Projeto que deu origem ao Complexo 
Turístico da Via Costeira, procura aliar o incentivo ao turismo com a criação de 
áreas de preservação, que torna-se suporte político necessário para sua 
aprovação, tanto pelos órgãos ambientais competentes, quanto pela comunidade 
envolvida.
O PRODETUR foi instituído pela Portaria n.º1, de 29/11/1991, por ação 
conjunta da Superintendência do Desenvolvimento do Nordeste (SUDENE) e da 
Empresa Brasileira de Turismo (EMBRATUR), objetivando ordenar o 
desenvolvimento do turismo na região, mediante a alocação de recursos públicos 
nacionais e internacionais.
Os recursos oriundos do PRODETUR-NE têm como principal objetivo a 
criação e/ou melhoria da estrutura básica como estratégia regional de apoio ao 
desenvolvimento da atividade turística em diversos estados da região. No Estado 
do Rio Grande do Norte, esses recursos totalizaram 48 milhões de reais, que 
representam o terceiro maior valor dos investimentos nessa região, segundo 
levantamento do PRODETUR/RN, dos quais as estradas abarcaram 20,47%,
45
estando também inclusas neste montante, as obras de melhoria e abertura de 
novas estradas de interligação entre as praias dos municípios de Parnamirim, 
Extremoz e Tibau do Sul (Marcelino, 1999, p.134).
O Banco do Nordeste vem financiando à iniciativa privada para a 
implantação de projetos de apoio ao turismo que contam com recursos oriundos 
do Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão. O Governo do Estado 
integra o programa de iniciativas para o Nordeste, inserido no plano mais amplo 
em nível de Governo Federal, chamado “Avança Brasil”, no qual o turismo está 
citado juntamente com outras atividades econômicas.
Através de um plano de ação, que faz parte do programa de 
reestruturação política da base econômica, a Secretaria Estadual de Turismo 
enfatiza a municipalização do turismo e assume o subprojeto na área de 
marketing. Este programa atua indiretamente sobre as estratégias estaduais de 
desenvolvimento do turismo e reforça a concentração dos equipamentos turísticos 
em localidades previamente escolhidas, tornando claro que a tendência do 
crescimento dessa atividade econômica nessa área do litoral conta com o apoio 
de verbas tanto federais quanto estaduais.
Essas duas políticas visam consolidar o território litorâneo nordestino 
dentro do mercado turístico global e geralmente obedecem a um modelo de 
urbanização turística que implica no uso intensivo do solo e reprodução de 
padrões urbanísticos de fora do local. 
É importante lembrar que a excessiva concentração de equipamentos 
turísticos e de infra-estrutura, significa maior risco de degradação de recursos 
ambientais e a valorização excessiva das áreas litorâneas, além de intensificar o 
crescimento desequilibrado da população em relação as outras áreas do Estado.
A concentração populacional, é observado historicamente no Rio 
Grande do Norte e sua permanência se pode constatar através dos seguintes 
dados: no Litoral Oriental e região Mossoroense do RN o crescimento 
populacional entre 1980-1991 foi de 2,2%, enquanto nas outras regiões do Estado, 
o crescimento foi abaixo de 1% (IDEC-RN, 1997a, p.13). 
 46
Os investimentos voltados para o turismo foram um dos importantes 
fatores de atração da população do Estado para a área litorânea, graças aos 
fatores naturais aqui existentes que motivam esses investimentos estatais e 
privados em prol do desenvolvimento dessa atividade econômica.
Este fato tende a intensificar-se, pois segundo Cardoso (1997, p.37-
39)
... Em curto período de tempo, o turismo possibilitou ocupar o segundo 
lugar no índice de arrecadação tributária aos cofres públicos (...) As 
atividades turísticas têm dimensões econômicas e sociais que atingem toda 
a sociedade norte-rio-grandense.
Investimentos foram feitos pelo Estado e Prefeituras no litoral Oriental 
norte-rio-grandense através da construção de obras de infra-estrutura viária, como 
é o caso da duplicação da estrada que liga Ponta Negra, em Natal, a Nísia 
Floresta, a qual corta a área mais construída de Pium em toda

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