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AULA 5 
PLANEJAMENTO E 
SUSTENTABILIDADE URBANA 
Profª Tharsila Maynardes Dallabona Fariniuk 
2 
INTRODUÇÃO 
O acesso universal ao abastecimento de água e ao saneamento básico se 
refere ao sexto Objetivo de Desenvolvimento Sustentável da ONU, e deve ser um 
elemento de muita atenção das gestões em todo o mundo. Nessa aula, 
discutiremos a questão da gestão dos recursos hídricos no Brasil, em face ao 
processo de planejamento e gestão urbana. 
No tema 1, discutiremos sobre a oferta de água nos municípios brasileiros. 
Traçaremos um panorama sobre o abastecimento de água nas regiões brasileiras 
e conversaremos também sobre o que significa a insegurança hídrica. Serão 
também apresentados pontualmente alguns mecanismos para a gestão hídrica 
local. 
No segundo tema, falaremos sobre a Política Nacional de Recursos 
Hídricos (PNRH), promulgada no ano de 1997 e em contínuas revisões desde 
então. Estudaremos os princípios essenciais dos planos e também as 
perspectivas para a revisão dos Planos que está sendo formulada para o horizonte 
2022-2040. 
No tema três, abordaremos um panorama sobre a questão do saneamento 
básico no Brasil, e refletiremos sobre as assimetrias no atendimento a municípios 
de todas as regiões, o que está diretamente relacionado às capacidades da gestão 
pública. Falaremos também sobre o Plano Nacional de Saneamento Básico e 
demais normativas. 
No tema quatro, abordaremos a questão do impacto das mudanças 
climáticas sobre o meio ambiente e sobre a gestão hidrológica e sanitária, algo 
que está diretamente relacionado com a qualidade de vida das pessoas e com o 
processo de planejamento urbano. Falaremos também sobre a Política Nacional 
de Mudanças Climáticas e sobre as diretrizes de adaptação nacional frente aos 
novos desafios desses setores urbanos. 
Por fim, no quinto e último tema, abordaremos a questão da inovação em 
CT& I na gestão hidrológica e sanitária, e estudaremos algumas oportunidades de 
adoção de novas estratégias nesse processo, bem como áreas promissoras de 
pesquisa científica. 
Boa aula, bons estudos! 
 
 
3 
TEMA 1 – A OFERTA DE ÁGUA NOS MUNICÍPIOS BRASILEIROS 
Quais regiões do país sofrem mais com a insegurança hídrica? Como se 
dá a utilização da água em nosso país? Nesse tópico, vamos traçar um panorama 
sobre o abastecimento de água no Brasil, bem como entender um pouco mais 
sobre o processo de gestão dos recursos hídricos a nível local. 
1.1 Panorama do abastecimento de água no Brasil 
O Brasil possui 8 grandes bacias hidrográficas; a disponibilidade hídrica se 
deve principalmente às características de irrigação de grandes rios por todo o 
território, bem como à variedade climática que ocorre durante o ano em todas as 
regiões. A chuva é o elemento mais relevante para a manutenção da vazão dos 
rios e a consequente captação pelos sistemas de abastecimento. 
Segundo a Agência Nacional de Águas (ANA, 2020), que regulamenta a 
gestão de recursos hídricos no Brasil –, até 2020, havia 4466 massas d´água 
registradas no território, sendo a maior parte delas destinadas para irrigação e 
para hidroeletricidade (Figura 1). O monitoramento do volume de água disponível 
ocorre também nas estações fluviométricas e pluviométricas que compõem a 
Rede Hidrometereológica Nacional (RNH). 
Figura 1 – Quantidade de reservatórios (massas d´água) do país, divididos por 
função 
 
Fonte: elaborado por Fariniuk, 2021, com base em ANA, 2020. 
A demanda por utilização de água no Brasil é maior justamente para fins 
de irrigação, além do abastecimento urbano. A indústria e o uso animal 
representam também porções consideráveis do consumo anual de m³. Embora a 
 
 
4 
utilização para fins rurais (agricultura e pecuária) seja bastante significativa, é no 
meio urbano que aparecem as maiores disparidades e desequilíbrios da utilização 
da água. E podemos iniciar essa reflexão observando a quantidade de pessoas 
de possui ou que não possui acesso à água potável por sistema de distribuição, 
conforme mostra a figura a seguir. 
Figura 2 – Percentual da população sem acesso à rede de abastecimento de água, 
por região 
 
Fonte: elaborado por Fariniuk, 2021, com base em Instituto Trata Brasil, 2021a. 
* Dados relativos a 2018. 
Essa consideração é muito importante para falarmos de como é importante 
o processo de gestão dos recursos hídricos de modo equilibrado no processo de 
planejamento urbano. Garantir a disponibilidade de água em quantidade suficiente 
é o que chamamos de segurança hídrica. A segurança hídrica demanda: 
• Atendimento suficiente para as necessidades humanas; 
• Atendimento suficiente para exercer as atividades econômicas; 
• Atendimento que permita conservar os ecossistemas aquáticos; 
• Atendimento que equilibre a dinâmica entre períodos de secas e de cheias. 
1.2 Gestão local para demanda de água 
A demanda de água em uma sociedade é um fator endógeno (interno), que 
depende de fatores exógenos (externos), conforme apresenta a figura 3. 
 
 
 
5 
Figura 3 – Fatores determinantes para o consumo de água 
 
Fonte: elaborado por Fariniuk, 2021, com base em Instituto Trata Brasil, 2020. 
A insegurança hídrica pode ser combatida por meio de ações de 
planejamento, em médio e longo prazo, e/ou por ações emergenciais, de reação 
imediata ao desequilíbrio. Um resumo das ações para combate à insegurança 
hídrica nos municípios pode ser visualizado no Quadro 1. 
Quadro 1 – Ações de combate à insegurança hídrica 
Tempo Tipo de ação Descrição 
Longo 
Prazo 
Soluções estruturantes Investimento em infraestrutura e 
legislação 
Planejamento por prioridades 
de uso 
Planejamento em mais longo prazo, 
considerando demandas territoriais 
Médio 
Prazo 
Alocação negociada Articulação institucional e setorial 
Regulamentação das 
operações 
Legislação e regulamentações 
Curto 
Prazo 
Restrição ou suspensão de uso Medidas extremas de rodízio e/ou 
revezamento para utilização dos 
recursos 
Soluções paliativas Soluções pontuais e/ou paliativas 
Fonte: elaborado por Fariniuk, 2021, com base em ANA, 2020. 
 
 
6 
E o que esperar para o futuro? Os estudos do Instituto Trata Brasil (2020) 
nos 100 maiores municípios brasileiros indicam que a demanda por água vai 
aumentar consideravelmente no Brasil até o ano de 2040. Estima-se que, devido 
à expansão demográfico e ao crescimento econômico, a demanda irá crescer em 
25% nesse período, o que é maior do que a soma do consumo de água em todo 
o estado de São Paulo no ano de 2017, por exemplo. Na prática, isso indica que 
precisaríamos de três unidades extras do Sistema Cantareira apenas para dar 
conta da demanda adicional de água em 2040. 
Saiba mais 
Para saber mais sobre a classificação dos corpos d´água no Brasil, 
consulte a Resolução CONAMA n. 357 de 2005. 
TEMA 2 – PLANO NACIONAL DE RECURSOS HÍDRICOS (PNRH) 
A Política Nacional de Recursos Hídricos foi determinada pela Lei n. 9.333 
de 1997, a chamada “Lei das águas” – quando também foi criado o Sistema 
Nacional de Gerenciamento de Recursos Hídricos (Brasil, 1997). Após essa data, 
foram feitas diversas atualizações na legislação, considerando também novas 
demandas e novos entendimentos sobre comunidades sustentáveis. 
2.1 Panorama da PNRH 
A PNRH de 1997 possui quatro macro objetivos, sendo eles: 
1. Assegurar à atual e às futuras gerações a necessária disponibilidade de 
água, em padrões de qualidade adequados aos respectivos usos; 
2. A utilização racional e integrada dos recursos hídricos, incluindo o 
transporte aquaviário, com vistas ao desenvolvimento sustentável; 
3. A prevenção e a defesa contra eventos hidrológicos críticos de origem 
natural ou decorrentes do uso inadequado dos recursos naturais; 
4. Incentivar e promover a captação, a preservação e o aproveitamento de 
águas pluviais. 
 
 
 
7 
Figura 4 – Instrumentos da Política Nacional de Recursos Hídricos de 1997Fonte: elaborado por Fariniuk, 2021, a partir de Brasil, 1997. 
Em 2006, foi aprovada a resolução n. 58/2006 que criou o Plano Nacional 
de Recursos Hídricos, com o intuito de orientar a gestão, em caráter permanente 
de construção, de participação popular (baseado na gestão urbana democrática) 
e de atuação multidisciplinar, envolvendo toda uma rede de instituições das três 
esferas de poder e de diversos níveis hierárquicos. Ao ser promulgado, o Plano 
visava traçar um panorama da situação de recursos hídricos no Brasil, 
considerando o cenário até o ano de 2020 para elaboração de programas e metas. 
Planos de recursos 
hídricos 
Diagnóstico da 
situação dos 
recursos hídricos, 
com base em 
análises de 
expansão territorial 
e populacional; 
Balanço entre 
disponibilidades e 
demandas e metas 
de racionalização 
do uso de água 
Classificação dos 
corpos de água 
Classificação 
segundo os usos 
preponderantes, a 
fim de assegurar 
medidas e mais 
qualidade e de 
combate à poluição 
Outorga do direito 
de uso de água 
 
Assegurar o 
controle quali e 
quantitativo do uso 
de água 
Derivação, 
captação e 
distribuição, 
aproveitamento de 
potencial energético 
 
Cobrança pelo uso 
da água 
Reconhecimento e 
valorização da água 
como bem 
econômico e social 
Incentivo ao uso 
racional do recurso 
Financiamento da 
infraestrutura e 
programas que 
compõe o PNRH 
 
Sistema de informações 
sobre recursos hídricos 
Banco de dados para a 
gestão e acesso à 
informação 
Descentralização da 
informação e integração 
dos sistemas 
Atualização permanente 
dos dados para acesso 
a todos os cidadãos 
 
 
8 
No período entre 2006 e 2020, foram realizadas revisões nas metas e 
objetivos dos planos, em observância às novas demandas por recursos hídricos. 
O PNRH 2016-2020, revisão mais recente publicada pelo Ministério do 
Desenvolvimento Regional (2021), possui 16 prioridades que podem ser 
sintetizadas nas seguintes ideias principais: 
• Planejamento de longo prazo para uso racional e conservação das águas; 
• Aprimorar a disponibilidade dos recursos hídricos; 
• Propor ações para áreas vulneráveis e mitigação de ocorrências extremas 
(secas, inundações etc.); 
• Ampliar o acesso à informação e o conhecimento sobre recursos hídricos 
e fortalecer a participação social nos processos decisórios; 
• Integração das políticas hídricas com as políticas de saneamento e 
setoriais. 
Saiba mais 
Para conhecer com mais detalhes cada uma das 16 prioridades, visite a 
página do Ministério do Desenvolvimento Regional. Disponível em: 
<https://www.gov.br/mdr/pt-br/assuntos/seguranca-hidrica/plano-nacional-de-
recursos-hidricos-1/analise-global-da-implementacao-do-pnrh>. Acesso em: 11 
ago. 2021. 
2.2 O novo PNRH: 2022 a 2040 
Desde 2020, ano em que se encerraram as metas do primeiro Plano 
promulgado em 2006, começou a se alinharem as metas para os próximos 20 
anos. São fatores que interferiram na elaboração das diretrizes: 
• A vulnerabilidade climática (tema sobre o qual trataremos ainda nesta aula); 
• Crescimento da demanda e intensificação de conflitos pelo uso da água; 
• Crescimento da poluição hídrica; 
• Demandas por novas alternativas de oferta de água; 
• Demanda por aprimoramento na infraestrutura hídrica (ANA, 2020). 
Uma das premissas do novo plano – em processo de preparação entre os 
anos de 2020 e 2021 – é a promoção da integração entre as normativas e 
diretrizes já estabelecidas em outros níveis: 
 
 
 
9 
Figura 5 – Premissa de integração de planos: horizonte 2040 
 
Fonte: elaborado por Fariniuk, 2021, a partir de ANA, 2020. 
A autora Elizabeth Borelli (2020) comenta que uma questão importante a ser 
observada no futuro é a outorga do direito de uso dos recursos hídricos. A 
legislação ainda é incipiente no que diz respeito à gestão integrada de todo o ciclo 
da água, especialmente em termos de alternativas de reaproveitamento da água 
e de proteção dos ecossistemas. Nas palavras da autora: 
São poucas e incipientes as iniciativas decorrentes de políticas públicas 
para fomentar o reuso de águas residuárias, como parte de estratégia e 
instrumentos de saneamento ambiental e gestão sustentável de 
águas. A escassez hídrica em algumas regiões do país proporcionou 
algumas oportunidades para iniciativas isoladas, por corporações 
diversas (indústrias, estabelecimentos comerciais e condomínios 
residenciais) para reuso de águas pluviais, mas será necessário se 
avançar na promoção do reuso seguro de águas residuárias 
domésticas, industriais e agrícolas. (Borelli, 2020, p.10, grifo nosso) 
TEMA 3 – PANORAMA DO SANEAMENTO NAS CIDADES BRASILEIRAS 
A história do saneamento no Brasil se inicia nos períodos colonial e 
imperial, com a instalação das primeiras estruturas para abastecimento de água 
e coleta de esgoto. Ainda hoje, séculos depois, percebem-se assimetrias no 
atendimento do saneamento básico em municípios de todo o Brasil, o que nos 
revela muito sobre capacidade de gestão pública e necessidades de atualização 
e aprimoramento constante. Nesse tópico, traçaremos um panorama sobre esse 
aspecto. 
3.1 O acesso ao saneamento no Brasil 
O saneamento básico é um ciclo composto de 7 etapas, algumas das quais 
já estudamos em nossa disciplina. Em aulas anteriores, falamos sobre tratamento 
 
 
10 
de resíduos sólidos; nessa aula, já conversamos sobre a gestão dos recursos 
hídricos. Dessa forma, vamos destacar agora alguns aspectos específicos sobre 
esgotamento sanitário. 
Figura 6 – Ciclo do Saneamento Básico 
 
Fonte: elaborado por Fariniuk, 2021, com base em de Instituto Trata Brasil, 2018. 
O acesso ao esgotamento sanitário no Brasil pode ser sintetizado em 4 
tipologias, sendo elas: 
a) A rede geral de esgoto ou pluvial (alternativa mais adequada); 
b) Fossas sépticas; 
c) Fossas rudimentares; 
d) Destinação em valas ou corpos hídricos (Ministério do desenvolvimento 
urbano, 2019). 
No Brasil, ainda há diversos municípios que sofrem com problemas de 
esgotamento sanitário, com pouca ou nenhuma estrutura para a condução 
adequada dos dejetos. Isso fica ainda mais visível em locais onde há esgotos a 
céu aberto, tornando insalubres as áreas habitacionais e prejudicando os 
ecossistemas hídricos. O acesso à rede de coleta de esgoto ainda não é 
universalizado no país; em determinadas regiões do país, a problemática é mais 
 
 
11 
intensa. O déficit em saneamento é calculado a partir da dinâmica entre pessoas 
que tem ou não acesso à rede coletiva de esgoto, categorizadas, ainda, entre o 
recebimento adequado ou inadequado dos serviços ou, ainda, o não recebimento 
(não atendimento) de tais serviços (Ministério do desenvolvimento regional, 2019). 
A figura 7 apresenta o percentual da população sem acesso à rede, o que 
nos provoca múltiplas reflexões sobre assimetrias sociais, sobre processos de 
gestão e sobre implementação de infraestruturas. 
Figura 7 – A insalubridade dos esgotos a céu aberto 
 
Crédito: Guentermanau/Shutterstock. 
Figura 8 – Percentual da população sem acesso à rede de coleta de esgoto, por 
região 
 
Fonte: elaborado por Fariniuk, 2021, com base em Instituto Trata Brasil, 2021a. 
* Dados relativos a 2018. 
 
 
12 
Por outro lado, vale ressaltar também que, segundo levantamento anual do 
Instituto Trata Brasil com os 100 maiores municípios brasileiros (2021b), no ano 
de 2021, diversos municípios se destacaram na avaliação de indicadores do 
saneamento básico, como, por exemplo, Nova Iguaçu (RJ), Santo André (SP) e 
os municípios de Curitiba, Londrina, Maringá, Cascavel e Ponta Grossa, no 
Paraná. Alguns municípios do estado do Pará, tais como São João do Meriti, 
Ananindeua e Santarém, figuram como os com avaliação mais crítica, com menos 
de 5% de atendimento total de esgoto nas condições adequadas. 
3.2 Plano Nacional de Saneamento Básico e demais normativas 
No Brasil, temos diretrizes normativas para o saneamentobásico, 
orientadas pela Lei n. 11.445 de 2007, que criou o Comitê Interministerial de 
Saneamento Básico, e que foi atualizada pela Lei n. 14.026 de 2020. Essa 
legislação atualiza até algumas prerrogativas da Lei n. 6.766/79, que infere sobre 
o parcelamento de solo urbano. Isso nos indica a importância da questão do 
saneamento para o planejamento do espaço urbano. A legislação define os 
seguintes instrumentos de gestão do saneamento básico: 
• Planejamento: para orientação das ações da prestação adequada de 
serviços; 
• Regulação: para normatizar o padrão de qualidade dos serviços e a 
metodologia de cálculo de tarifas e taxas; 
• Fiscalização: para acompanhar a qualidade e o desempenho dos serviços 
públicos; 
• Prestação de serviços: o atendimento em si, adequado às demandas da 
comunidade; 
• Controle social: Acesso à informação, representação e participação na 
política de saneamento urbano. 
No ano de 2019, foi publicado o PLANSAB (Plano Nacional de Saneamento 
Básico), que apresenta diversas diretrizes para os horizontes de 2023 e de 2033. 
Esse plano é complementado por planos setoriais e municipais. Entre as diretrizes 
do PLANSAB, está a implantação de um módulo de gestão municipal dentro das 
hierarquias do SINISA (Sistema Nacional de Informações sobre Saneamento), o 
que descentraliza a adoção de medidas e volta o olhar para iniciativas mais 
 
 
13 
pontuais, por meio de diagnósticos e ações locais. Além disso, o PLANSAB prevê 
a coleta de esgoto de 93% dos domicílios brasileiros em áreas urbanas até 2023. 
 
TEMA 4 – O IMPACTO DAS MUDANÇAS CLIMÁTICAS NA GESTÃO DE 
RECURSOS HÍDRICOS E SANEAMENTO 
Os efeitos das mudanças climáticas não geram apenas desastres naturais; 
eles estão relacionados diretamente com o acesso aos recursos hídricos e com o 
equilíbrio dos sistemas de drenagem e de saneamento. Ou seja, inferem sobre a 
qualidade de vida das pessoas e sobre o processo de planejamento urbano. 
4.1 Efeitos das mudanças climáticas 
A preocupação com aquecimento global não é algo totalmente recente; 
alguns pesquisadores acreditam que já havia traços dessa preocupação desde o 
século XIX. Porém, apenas no final do século XX, especialmente a partir dos anos 
90, que a temática ganhou mais força nos debates mundo afora. No Brasil, essa 
questão passou a fazer parte das políticas públicas apenas na década de 2000, 
principalmente após a promulgação do Estatuto da Cidade, definido pela Lei n. 
10.257/2001, que estabeleceu algumas diretrizes para sustentabilidade na gestão 
democrática urbana. 
As mudanças climáticas ocorrem devido à pressão sobre o meio ambiente, 
incluindo fatores como a expansão urbana sem planejamento, a existência de 
ilhas de calor e a pouca permeabilidade do solo. Embora o impacto imediato seja 
sobre o meio ambiente em si, há também muito impacto sobre a sociedade, e são 
justamente as camadas mais vulneráveis e menos favorecidas da população que 
sofrem os maiores efeitos das mudanças climáticas. 
Figura 9 – Algumas consequências das mudanças climáticas 
 
 
14 
 
Fonte: elaborado pela Fariniuk, 2021, a partir de Iberdrola, [S.d.]. 
No Brasil, a captação de água depende fundamentalmente do regime de 
chuvas e vazão dos rios. Dessa maneira, as mudanças climáticas afetam 
especialmente o processo de abastecimento no país e, por outro lado, afetam a 
vazão dos rios, causando problemas de inundações e desequilíbrios nos sistemas 
de esgotamento sanitário. 
Figura 10– Enchente 
 
Crédito: Narongpon Chaibot/Shutterstock. 
Especificamente no caso dos recursos hídricos e do saneamento básico, 
podemos elencar os seguintes impactos das mudanças climáticas. 
Quadro 2 – Impactos das mudanças climáticas na gestão de recursos hídricos e 
saneamento 
 
 
15 
Fator Consequência 
Elevação das 
temperaturas na 
atmosfera e nos 
oceanos 
Alteração nos índices de umidade do ar, 
intensificando eventos críticos como chuvas 
intensas e/ou secas prolongadas 
Aumento da evaporação 
e mudança no padrão 
de circulação de ventos 
Menor disponibilidade hídrica e aumento da 
demanda por água. 
 
Aumento da 
temperatura das águas 
e vazão mais baixa 
Redução da qualidade da água e poluição mais 
acentuada nos corpos hídricos 
Intensificação de 
chuvas 
Alagamentos e deslizamentos causados pela alta 
vazão de várzeas e pela impermeabilização do solo 
Prolongamento de 
secas e estiagens 
Risco de colapso nos sistemas de abastecimento 
de água 
Elevação do nível do 
mar 
Penetração de água salina nos lençóis e sistemas 
de abastecimento urbanos 
Fonte: elaborado por Fariniuk, 2021, com base em Veiga et al., 2019. 
4.2 Política Nacional de Mudanças Climáticas 
Em 2009, foi estabelecida a Lei n. 12.187 (Brasil, 2009), que instituiu uma 
normatização específica para mitigação das mudanças climáticas e criou o PNA 
(Plano Nacional de Adaptação), que, entre outras premissas, fornece as diretrizes 
relacionadas à gestão de recursos hídricos. 
Figura 11 – Adaptação na gestão de recursos hídricos frente às mudanças 
climáticas 
 
 
16 
 
 
Fonte: elaborado por Fariniuk, 2021, com base em MMA, 2016, e Veiga et al., 2019. 
 
TEMA 5 – INOVAÇÃO E TECNOLOGIA NA GESTÃO DE RECURSOS HÍDRICOS 
E SANEAMENTO 
A todo momento, surgem novas tecnologias, cada vez menores e mais 
sofisticadas, e é importante que as gestões municipais aproveitem de maneira 
estratégica esse potencial tecnológico, inclusive na gestão hidrológica e sanitária. 
Vamos estudar algumas dessas oportunidades de aplicação e também áreas de 
interesse na pesquisa de CT&I. 
5.1 Oportunidades de inovação na gestão hidrológica e sanitária 
Abastecimento urbano
•Integração dos recursos hídricos com demais setores urbanos
•Dinâmica disponibilidade x disponibilidade 
•Racionalização do uso e qualidade das águas
Irrigação
•Planos de contingência
•Melhoria do monitoramento de previsibilidade sobre a 
disponibilidade de água para irrigação 
Energia 
•Aumento da capacidade de reservação 
•Integração entre reservatórios
•Soluções locais para geração de energia complementar 
Indústria 
•Investimento em fontes alternativas de energia, uso racional e 
reuso de água
•Tecnologias para redução de poluentes em corpos hídricos
•Planos de contingência para eventos hidrológicos extremos
Qualidade da água e do meio 
•Monitoramento sistemático qualidade da água e do meio
•Planos de segurança, controle e vigilância
•Investimentos na recuperação de APPs e no tratamento de 
efluentes
 
 
17 
Essa área da gestão municipal pode se beneficiar de estratégias 
inovadoras em três níveis: 
a) Pela utilização da estratégia em si, em processos de planejamento e 
produtos; 
b) Por meio de inovação em nível institucional, em processos de mudança de 
cultura organizacional; 
c) Com a adoção de tecnologias propriamente ditas, tais como sensores, 
placas, drones e ferramentas de medição, fiscalização e monitoramento (da 
qualidade das águas, das vazões, das infraestruturas etc.). 
Além disso, há múltiplas oportunidades de inovação na área, conforme 
apresenta a figura a seguir: 
Figura 12 – Oportunidades de inovação na gestão hidrológica e sanitária 
Controle de perdas 
nos sistemas de 
abastecimento 
Economia do recurso 
água 
Reaproveitamento dos 
recursos 
Recuperação de redes 
envelhecidas 
Micro e macromedição 
de sistemas de 
abastecimento 
Substituição ou adoção 
de equipamentos 
hidráulicos de baixo 
consumo 
Aprimoramento de 
normas técnicas 
Estratégias de CT&I 
para padrões de 
desempenho e 
certificações 
Educação para a 
economia 
Reutilização de água de 
esgotos domésticos 
após tratamento para 
fins não potáveis 
(irrigação, proteção 
contra incêndio etc.) 
 
Reaproveitamento em 
processos industriais de 
resfriamento, proteção 
de vapor etc. 
Coleta de água da 
chuva 
Redução da poluição 
difusa de origem 
Inovações no sistema 
de esgotamento 
sanitárioTecnologias para 
captação e consequente 
Diagnósticos de relação 
chuva-vazão 
Tecnologias para 
operação independente 
 
 
18 
diminuição da pressão 
sobre os recursos locais 
Simulações de captação 
para relação demanda x 
disponibilidade 
Mitigação de redução 
dos resíduos sólidos nos 
sistemas de drenagem 
pluvial 
Tecnologias 
compensatórias de 
drenagem pluvial 
entre redes pluviais, 
fluviais e de 
esgotamento 
 
Modelagem matemática 
para avaliação de 
efetividade dos sistemas 
Capacitação técnica 
para operação e 
manutenção dos 
sistemas 
 
Fonte: elaborado por Fariniuk, 2021, com base em Nascimento; Heller, 2005. 
É importante considerar que todas essas estratégias se iniciam por 
processos de pesquisa e diagnóstico. E são múltiplas as oportunidades de 
pesquisa em CT&I no Brasil nessa área, das quais destacamos algumas 
(aproveite essa menção para identificar potenciais de pesquisa que você pode 
realizar futuramente): 
• Sustentabilidade hídrica de regiões semiáridas; 
• Gestão urbana integrada de recursos; 
• Impacto das mudanças climáticas na gestão de recursos hídricos; 
• Prevenção e controle de eventos extremos; 
• Metodologias de avaliação da qualidade da água e comportamento dos 
sistemas; 
• Capacitação de recursos humanos na área; 
• Infraestruturas, inovação e tecnologias (Tucci; Cordeiro, 2004). 
5.2 Desafios em CT&I na gestão municipal hidrológica e sanitária 
Todo processo de quebra de paradigmas e de adoção de novas estratégias 
envolve uma série de desafios; na gestão municipal voltada para inovações na 
área hidrológica e sanitária, não é diferente. Segundo o material da Confederação 
Nacional dos Municípios (2015), alguns desafios da gestão municipal na 
implementação de novas estratégias são: 
 
 
19 
• Capacitação profissional (interna, inclusive); 
• Arranjos políticos, institucionais e burocráticos; 
• Cultural: reação organizacional frente às mudanças; 
• Apropriação e aceite das novas estratégias pela população; 
• Criação de ambiente de ideias e não de insegurança. 
O PLANSAB, em sua versão atualizada de 2019, elabora cenários para 
política de saneamento e gestão hídrica no Brasil, colocando cinco eixos 
condicionantes a serem considerados no futuro: 
Figura 13 – Eixos condicionantes para o futuro da política hídrica no Brasil 
 
Fonte: elaborado por Fariniuk, 2021, com base PLANSAB, 2019. 
A questão da inovação na gestão municipal será ainda abordada 
futuramente, em nossa disciplina. 
 
 
 
 
20 
REFERÊNCIAS 
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Desenvolvimento Regional, 2020. Disponível em: 
<http://conjuntura.ana.gov.br/static/media/conjuntura-completo.23309814.pdf>. 
Acesso em: 11 ago. 2021. 
BORELLI, E. Uma análise da gestão da água e saneamento no Brasil sob a 
perspectiva da agenda 2030 para o desenvolvimento sustentável. In: VIII SINGEP 
– Simpósio Internacional de Gestão de Projetos, Inovação e 
Sustentabilidade; 8th CIK. Outubro, 2020. Disponível em: 
<http://submissao.singep.org.br/8singep/arquivos/406.pdf>. Acesso em: 11 ago. 
2021. 
BRASIL. Lei n. 9433 de 8 de janeiro de 1997. Brasília: Diário Oficial, 8 de janeiro 
de 1997. 
_____. Lei n. 11.445, de 5 de janeiro de 2007. Brasília: Diário Oficial, 5 de janeiro 
de 2007. 
_____. Lei n. 12.187, de 29 de dezembro de 2009. Brasília: Diário Oficial, 29 de 
dezembro de 2009. 
_____. Lei n. 14.026, de 15 de julho de 2020. Brasília: Diário Oficial, 2020. 
CONFEDERAÇÃO NACIONAL DE MUNICÍPIOS. CNM Anais do Seminário 
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<http://www.tratabrasil.org.br/blog/2018/11/06/por-dentro-do-ciclo-completo-do-
saneamento-basico/>. Acesso em: 11 ago. 2021. 
INSTITUTO TRATA BRASIL. Demanda futura por água tratada nas cidades 
brasileiras 2017 a 2040. São Paulo: 2020. Disponível em: 
<http://www.tratabrasil.org.br/estudos/estudos-itb/itb/demanda-futura-por-agua-
tratada-nas-cidades-brasileiras-2017-a-2040>. Acesso em: 11 ago. 2021. 
 
 
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brasileiras-com-agua-tratada-e-coleta-de-esgoto>. Acesso em: 11 ago. 2021. 
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Implementação das Prioridades e Metas do PNRH 2016 – 2021. Publicado em 
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