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PÓS-VEN DA Introdução Tendências de mercado Tendências do varejo digital Foco no cliente Determinantes para desenvolver o omnichannel no varejo Referências Introdução Marketing de relacionamento (CRM) Gestão do marketing no processo de venda OMNICHANNEL Administração de vendas Análise do cliente Referências O consumidor atual está cada vez mais exigente, pois tem mais acesso às informações sobre os produtos, concorrentes e também usuários que já compraram determinado produto e expõem suas impressões sobre ele nas redes sociais. Nesse contexto, a competição também �ca mais acirrada. Se, antigamente, as pessoas iam em duas ou três lojas antes de comprar um produto, atualmente podem pesquisar em casa e só ir até a loja depois de decidir qual mercadoria adquirir e qual preço pagar. Ou seja, a decisão que, antes, era tomada de impulso, na frente do vendedor (e, muitas vezes, por causa dele), agora é racional, com base nos depoimentos de outros consumidores que já compraram o produto (ou o concorrente). De que maneira o varejo deve se adequar a esse cenário? 1 / 12 Introdução Em um ambiente competitivo, onde tudo muda de uma hora para a outra, as empresas são obrigadas a buscar novos mercados, produtos e soluções para agradar a seus clientes, que também estão em constante mutação. O cliente que será atendido amanhã não é o mesmo de ontem, e o que fará com que ele compre um produto não é o mesmo motivo que o levou a fazer sua última compra. Seus medos, desejos e expectativas são outras. Figura 1. Fonte: © box912 / / Shutterstock. (Adaptado). 2 / 12 Tendências de mercado É nesse cenário de mudanças que as empresas devem repensar suas estratégias de mercado e se preparar para atender com excelência seus próximos clientes. Canais de distribuição Canais de distribuição são “[...] os meios através dos quais os produtos ou serviços chegam aos locais onde são adquiridos ou consumidos” (KOTLER; KELLER, 2013). Ou seja, são os caminhos que os produtos percorrem desde quando saem da fábrica até serem usados ou consumidos por seus usuários �nais. Por exemplo, uma geladeira deixa a fábrica e vai numa carreta com outras tantas iguais até um centro de distribuição em determinada região e �ca aguardando até que um consumidor vá a uma loja de eletrodomésticos e efetue sua compra. Nesse momento, ela sai do centro de distribuição e vai, em um furgão menor, ser entregue em seu endereço. Figura 2. Fonte: © AmaPhoto / / Shutterstock. Quando uma pessoa consome uma cerveja no sábado na praia, signi�ca que a bebida saiu da indústria e seguiu um caminho um pouco diferente, indo até o centro de distribuição de uma rede supermercadista, onde o dono do quiosque da praia a comprou e a levou até seu ponto de venda e a pôs no gelo, pois ela deve ser consumida bem gelada. Nesse caso, além de fazer com que a mercadoria fosse da indústria até o consumidor �nal, o vendedor da cerveja na praia ainda teve que gelar o produto para que fosse desejado e consumido pelo cliente. Gelar o produto para consumo imediato é um dos muitos serviços que podem ser prestados pelo canal de distribuição ao usuário �nal. Outro exemplo é o atendimento especializado e personalizado de uma revendedora de cosméticos ao ajudar uma cliente a escolher o batom que mais combina com seu tom de pele. De�nição de omnichannel A expansão da tecnologia e da internet móvel com o elevado número de clientes permanentemente conectados à internet, pelos computadores e smartphones, mudou a forma de comprar. Os clientes consultam seus celulares, mesmo quando estão em lojas físicas, para pesquisarem mais informações, comparar versões e até fazer cotação de preços dos produtos que estão experimentando, vendo ou testando. Assim, omnichannel é uma forma de varejo que permite aos consumidores comprarem por meio de canais, em qualquer lugar e a qualquer momento, oferecendo-lhes uma experiência de compra única, completa e perfeita que rompe as barreiras entre canais (JUANEDA-AVENSA; MOSQUERA; SIERRA 2016). Figura 3. Fonte: © George Rudy / / Shutterstock. A compra na loja física é in�uenciada pelos resultados encontrados na internet. Por isso, o termo omnichannel é usado quando não se consegue mais diferenciar o que é on-line do off-line, isto é, quando tudo é uma só coisa e o varejista precisa prover a melhor experiência de compra a seu cliente, independentemente de ele estar conectado ou não. É preciso haver integração de toda a oferta, de todos os canais, e ser onipresente para o cliente. Histórico e evolução Conforme Teixeira (2017, p. 15), a partir dos anos 2000, novas tecnologias empoderaram os consumidores, dando- lhes a possibilidade de acessar “[...] qualquer tipo de informação em qualquer lugar e a qualquer tempo, com uma maior informação para comparação de preços e produtos”. Isso obrigou as empresas a buscarem novos canais de contato com seus clientes, além dos canais físicos de vendas. Por exemplo: um cliente pode optar por conversar num �nal de semana com o atendente do call center para tirar uma dúvida ou registrar uma reclamação, mas, em um dia de semana, pode preferir fazê-lo por um chat, pois está em seu ambiente de trabalho e não quer que as pessoas ouçam sua conversa no telefone. Figura 4. Fonte: © Andrey_Popov / / Shutterstock. Por outro lado, o cliente pode precisar trocar determinada roupa comprada pela internet em uma loja física. Ou exatamente o oposto: ir a uma loja, experimentar um tênis, anotar seu modelo e tamanho e, depois, fazer a compra em casa, no e-commerce. A evolução tecnológica afetou as empresas (varejistas e fabricantes) e os consumidores, que tiveram seu comportamento de compras afetado pelas estratégias omnichannel, como demonstra o quadro a seguir. Figura 5. A evolução do comportamento do consumidor Fonte: SOUZA, 2009. (Adaptado). Teixeira (2017) cita um exemplo dessa evolução: a Sears iniciou suas atividades com venda por catálogos em 1886 e, em 1925, abriu sua primeira loja física, sendo uma das pioneiras na experiência multicanal, com vendas por catálogos e vendas diretas. Atualmente, as formas mais comuns de atendimento aos clientes são por telefone, cartas, chat, e-mail, Skype, Whatsapp, SMS, redes sociais e lojas físicas, e é preciso que o cliente possa trocar de canal sem perder a qualidade do contato. Foi com a consolidação do comércio via internet, entre 1999 e 2000, que as empresas realmente se tornaram omnichannel, dedicando atenção e investimentos aos clientes dos mais variados canais. Omnichannel: principais características e benefícios A experiência omnichannel permite às empresas a construção de um relacionamento próximo e �rme com seus clientes, oferecendo não só o produto, como, também, informações relevantes, serviços e suporte.Se, antes, o fato de um cliente iniciar o processo de compra no site e não o �nalizar era visto pelos comerciantes como uma perda, isso não é mais verdade. Pode ser que este cliente tenha preferido terminar a compra na loja física, tocando, sentindo, experimentando o produto. Ele já pode ter obtido todas as informações que precisava na internet e já se sente seguro o su�ciente para partir para o processo de decisão de compra na loja física. Figura 6. Fonte: © diignat / / Shutterstock. Consumidores de livros, por exemplo, podem tocar, sentir e cheirar o livro no processo de compra. Depois, �nalizam o processo comprando na internet, numa livraria que ofereça o mesmo produto a um preço menor, sem se preocupar com o horário de expediente da loja física. Mas não é só para buscar informações e realizar cotação de preços que os consumidores usam a internet. O esquema a seguir ilustra as etapas cumpridas pelos consumidores no contexto do omnichannel. Atividades omnichannel mais comuns por etapa do processo de compra. Acompanhe a seguir: Figura 7. Fonte: EUROMONITOR INTERNATIONAL, 2015. (Adaptado). Entre as vantagens esperadas por quem adota o omnichannel, estão a redução de custos em geral,o aumento do faturamento e do ticket médio de compra por meio da análise da movimentação de clientes na loja e na gestão integrada de estoques, entre outros. A marca ainda pode desfrutar de maior visibilidade e engajamento social e obter mais e melhores informações sobre o per�l de seus consumidores, que serão úteis na tomada de decisão e no alinhamento estratégico da empresa. Segundo Fernandes et al. (2018, p. 31), é de se esperar que as empresas que ainda não operam nesse modelo apresentem: [...] duplicação de investimentos, duplicação de dados, inconsistência nas informações sobre os consumidores, inabilidade de compartilhar decisões estratégicas entre os canais, gerenciamento de estoque falho, perda de oportunidades de vendas, erosão de margem e experiência de serviço ruim. PAUSA PARA REFLETIR: Você concorda que quem tem mais e melhores informações toma as melhores decisões? Por outro lado, com o omnichannel, espera-se que o nível de satisfação do consumidor com a empresa e seu índice de �delização aumentem. O varejo digital, que possibilitou que as empresas se tornassem omnichannel, tem apresentado crescimento exponencial. Na mesma medida em que as pessoas vão tendo mais acesso à internet, por uma oferta de pacote de dados mais em conta e por uma maior área de cobertura de sinal, vão se conectando e consumindo, aproveitando a conveniência de comprar em casa a qualquer hora. Figura 8. Fonte: © DisobeyArt / / Shutterstock. O e-commerce permite uma expansão no mercado atendido, com acesso a clientes especiais e diferenciados, com custos muito menores que os experimentados pelas lojas físicas. Conceito de National Retail Federation – Federação Nacional de Varejo (NRF) 3 / 12 Tendências do varejo digital Figura 2. Fonte: © AmaPhoto / / Shutterstock. A National Retail Federation (NRF), ou Federação Nacional do Varejo, é a maior associação comercial de varejistas, que costuma reunir anualmente em sua feira, a Big Show, em Nova York, as grandes potências varejistas do mundo. É essa feira mundial que estabelece as tendências e regras do setor de varejo, onde se apresentam ideias, produtos e soluções que visam ampliar a experiência de compra ofertada aos consumidores. Omnichannel na NRF A NRF costuma abordar o omnichannel entendendo que a integração entre canais de distribuição é um caminho sem volta: Esse tema é relativamente novo e nasceu a partir de uma pesquisa realizada pela National Retail Federation (NRF), entre 2010 e 2011, com o objetivo de analisar o impacto do uso do aparelho celular no processo de decisão de compra. O estudo apontou um novo desenho de canais, que deu origem ao termo omnichannel. Desde então, o tema vem sendo abordado no congresso anual que a NRF realiza no início de janeiro, em Nova York. (GRACIOSO, 2015). O avanço tecnológico permite livrar os vendedores de tarefas operacionais, deixando-os livres para agirem estrategicamente, gerando vendas com maior valor agregado, pois assumem um papel consultivo, proporcionando experiências memoráveis aos consumidores. A tecnologia também permite que as empresas ofereçam e entreguem produtos e serviços customizados, aumentando o vínculo com seus clientes, facilitando o processo de �delização da marca. Para que tudo isso funcione, é preciso integrar os canais de distribuição. Os clientes compram pela internet e buscam na loja física ou o contrário. Experimentam, tocam, interagem com o produto básico numa loja física onde também podem escolher entre inúmeras opções e personalizar o produto que será entregue mais tarde em sua casa. Omnichannel no mundo Países com forte adesão à internet móvel, como Estados Unidos e Japão, destacam-se no uso do omnichannel. Contudo, ainda há um vasto campo a ser ocupado na mente do consumidor, pois o rápido avanço tecnológico e mercadológico, aliados à mudança no comportamento dos consumidores tendem a impulsionar o omnichannel. Na Europa, por exemplo, 71% dos varejistas entrevistados se enquadravam como varejo multicanal, contudo, apenas 21% das empresas participantes da pesquisa disseram oferecer uma experiência omnichannel (PWC, 2017). Omnichannel no Brasil No Brasil, segundo dados da PWC (2017), poucos varejistas, como Magazine Luiza e Pão de Açúcar, estão investindo no omnichannel. CURIOSIDADE: Até o nome da pro�ssão está passando por mudanças. Hoje, poucas empresas ainda nomeiam o cargo como vendedor, preferindo chamar seus colaboradores de consultores de vendas. Comumente, no Brasil, os produtos apresentam preços diferentes na loja física e na loja virtual de uma mesma varejista, demonstrando que falta integração. Além disso, em algumas lojas, como as que operam no sistema de franquia, não há como trocar uma peça de roupa em outra loja que não seja a mesma na qual você comprou. E isso é complicado para o cliente, pois ele não enxerga o CNPJ da loja, mas a marca. O objetivo de toda a estratégia omnichannel é atender melhor aos clientes, a�nal, são eles quem compram e a razão principal de ser de todas as empresas varejistas. Sendo assim, companhias buscam integrar seus canais de distribuição para propiciarem aos clientes uma experiência memorável de compra, transitando por diversos canais que igualmente os conhecem e reconhecem, que sabem como foi sua última experiência de compra, como reagiram ao receber um e-mail marketing, como se sentiram ao saírem de uma loja física ou como foi seu contato com a central de call center. Todos os canais da empresa devem saber quem são seus clientes e usem esse conhecimento para proporcionar-lhes uma experiência ímpar no momento da compra. UX design A internet e os sistemas computadorizados são protagonistas na lógica de integrar canais de venda e distribuição, coordenando e estruturando todos os dados das empresas e dos consumidores. Para tanto, o UX design, ou user experience design (experiência do usuário ou design de interação) surgiu entre as décadas de 1970 e 1980 para facilitar e harmonizar a interação entre homens e máquinas, dotando os sistemas de usabilidade para melhorar a experiência dos consumidores ao utilizá-los. 4 / 12 Foco no cliente AFIRMAÇÃO: A usabilidade garante que as interfaces sejam fáceis de usar e que a arquitetura de informação seja coerente” (GASPARETTO; PEDROZO; OLIVEIRA, 2016, p. 8). Enquanto a usabilidade é apenas a habilidade de um usuário usar o objeto para realizar a tarefa com sucesso, a experiência do usuário é mais ampla, analisando toda a interação do indivíduo como pensamentos, sentimentos, e percepções que resultam da interação. Portanto, o omnichannel precisa abordar toda a experiência do consumidor ao usar os sistemas e serviços da empresa. Tudo o que o cliente realiza, sente, experimenta e vivencia é importante para determinar o sucesso ou fracasso de sua experiência de compra. Gestão de dados omnichannel Para que um cliente possa ter uma experiência omnichannel, as empresas devem ter uma gama de informações sobre eles, suas preferências e hábitos, e usar esses dados de forma sinérgica com o que sabem sobre seu comportamento em pesquisas de produtos ou em compras anteriores. O omnichannel permite uma coleta de dados aprimorada sobre o cliente. Com ele, as empresas conseguem informações mais completas e precisas sobre eles e seus hábitos de consumo. Porém, com o tempo, esses dados vão aumentando, em quantidade e em complexidade, impondo um complicador a mais para as empresas que pretendem ingressar nessa modalidade de varejo. Embora o país não caminhe na mesma velocidade dos grandes varejistas mundiais em relação ao omnichannel, há casos brasileiros de sucesso, como do Magazine Luiza, que está obtendo sucesso nessa plataforma: O cliente quer comprar determinado produto de uma loja pelo WhatsApp ou Facebook, mas o estabelecimento não está preparado para atender esse tipo de demanda. Ou então, o consumidor viu um produto na loja física e gostaria de recebê-lo em casa, mas o local também não faz essetipo de venda. Esses problemas são mais comuns do que se imagina. Como solucioná-los? A saída é estruturar uma operação omnichannel. (ALVES, 2018). Com isso, ainda segundo Alves (2018), a solução é organizar a gestão �nanceira de todos os canais, integrando-os e simpli�cando-os. Busca inteligente e Inteligência arti�cial no processo de compra Busca inteligente são os parâmetros por meio dos quais os consumidores encontram informações e acessa empresas. Esses parâmetros são fornecidos pelos próprios clientes, por meio da interação com o seus smartphones, por exemplo. Ao pesquisar sobre algum tipo de comércio, um aplicativo aproveita a informação da geolocalização do usuário para informar os comércios mais próximos de onde o cliente esteja. Isso é um aprimoramento da pesquisa tradicional, que apenas relacionaria várias empresas, muitas das quais poderiam estar a quilômetros de distância. Por exemplo, é comum pesquisar no Google os sintomas de uma doença. Muitas pesquisas são feitas diariamente no mecanismo, o que o permite ter conhecimento grande sobre seus usuários. O aplicativo ainda tem acesso a e- mails, compromissos e contatos e, juntando todas essas informações, pode responder às buscas de forma inteligente. Segundo Schiavini (2013), as principais funções que a tecnologia de busca inteligente deve oferecer. PAUSA PARA REFLETIR Quantas informações seu smartphone tem sobre você, seus hábitos e costumes? PAUSA PARA REFLETIR Como O pode o Google ser uma das empresas mais valiosas do mundo se nós nunca pagamos pelas buscas que fazemos no aplicativo? Busca fonética Sobre os erros de digitação, já que o retorno tem por base o som da palavra e não apenas um conjunto de letras. Sugestão de termos Facilita a digitação de palavras com escrita complexa e nomes de marcas ou produtos que não se originam do português, facilitando a experiência do usuário. Lista de produtos Inserir esta lista no campo de busca encurta o caminho do usuário até o produto. Colocando a lista dos cinco primeiros produtos no campo de busca, encurta o caminho do cliente até o fechamento do pedido. Filtro Filtro para re�nar o resultado de busca facilitando o usuário a encontrar o que procura quando a busca é um termo abrangente, como livro. Recurso humano Um analista comportamental que periodicamente veri�ca as palavras mais buscadas e faz ajustes na busca fonética. De acordo com Russel e Norvig (2004), a Inteligência arti�cial sistematiza e automatiza tarefas intelectuais, motivo pelo qual é relevante para qualquer esfera da atividade intelectual humana. E isso inclui as vendas e o comércio. Em uma das edições da NRF, foram apontadas as seguintes possibilidades. Mais de mil empresas apresentaram no evento soluções com inteligência arti�cial, e uma de suas principais aplicações é a análise de dados (JUNQUEIRA, 2019.) Realidade aumentada e virtual A realidade virtual é uma interface computacional que permite a interação das pessoas em tempo real, em um espaço tridimensional gerado por computador, usando seus sentidos, por meio de dispositivos especiais (KIRNER; KIRNER 2011). Já realidade aumentada é: [...] uma interface baseada na sobreposição de informações virtuais geradas por computador (imagens dinâmicas, sons espaciais e sensações hápticas) com o ambiente físico do usuário, percebida através de dispositivos tecnológicos. Quando as informações virtuais são trazidas para o espaço físico do usuário, que usa suas interações naturais, tem-se a realidade aumentada. (KIRNER; KIRNER, 2011, p. 14- 15). O omnichannel permite que as empresas utilizem a experiência da realidade aumentada e virtual para incrementar suas vendas. Por exemplo, uma pessoa, em vez de ter que se deslocar até um apartamento que ainda está sendo construído, pode usar seu smartphone para realizar uma visita virtual. Essa experiência pode signi�car economia para a construtora, que não precisará mais investir tanto na decoração física do imóvel em construção. Segundo Carvalho e Campomar (2014), as ideias sobre omnichannel começaram a ser disseminadas em 2012, caracterizando um desa�o aos varejistas: aprender a trabalhar de forma sinérgica e coordenada, integrando diversos processos, como logística, armazenagem, distribuição, atendimento de clientes, registro de dados e markerting. O varejo deixou o single channel (canal único) para o multi channel (canais múltiplos), no qual as empresas se comunicavam com seus clientes por meio de alguns canais. Com o avanço da tecnologia, elas iniciaram a convergência e integração de alguns dos canais, criando o cross channel (canal cruzado). Mas só com a completa convergência, integrando e dotando os canais de interatividade, é que elas chegaram ao estágio do omnichannel, como mostra a imagem a seguir: 5 / 12 Determinantes para desenvolver o omnichannel no varejo Figura 10. O primeiro passo para implantar uma �loso�a omnichannel é conhecer muito bem seu cliente. O segundo é agir com foco nele. Depois, é preciso uni�car todos os sistemas de informação do cliente, integrando tudo em uma só plataforma, que colete os dados relevantes e os disponibilize para todos os canais de forma sincronizada e organizada. Por �m, devem-se estabelecer processos internos claros e simples, para que ninguém tenha dúvidas na hora de atender bem aos clientes. Respostas atitudinais e comportamentais do consumidor O ambiente omnichannel é mais complexo para os varejistas, pois se espera que os produtos possam ser customizados facilmente e em níveis individuais. O interesse dos consumidores não depende apenas da publicidade que é feita pelos varejistas, pois os consumidores estão permanentemente conectados a experts virtuais, análises de outros consumidores e opiniões de amigos em redes sociais. Todos esses pontos de contato afetarão em algum grau seu interesse em fazer negócio com uma ou outra empresa. Além disso, os clientes omnichannel não apenas frequentam a loja física como os compradores tradicionais faziam, mas se mantêm atualizados de forma contínua, recebendo informações relevantes de outros varejistas e canais, comparando preços e versões e exigindo retorno rápido para todas suas demandas. O quadro a seguir apresenta algumas estatísticas sobre os consumidores omnichannel. Figura 11. Estatísticas sobre os consumidores omnichannel Fonte: NEWVOICE, 2016. (Adaptado). Na busca por canais integrados para melhorar sua experiência de compra, os consumidores buscam unir os conhecimentos e informações disponíveis nos canais digitais e virtuais com os atos de tocar, sentir e experimentar os produtos na loja física. Ao mesmo tempo, buscam conciliar o melhor do on-line com o melhor do off-line. Não se trata de adequar ou otimizar, mas maximizar. Os clientes querem o máximo de vantagens dos dois mundos (real e virtual), pois para eles, essa distinção não existe mais. Determinantes da escolha do canal e o consumo omnichannel O conceito de omnichannel é um avanço em relação ao multicanais. Para os clientes, segundo Fernandes et al. (2018, p. 34), “[...] em vez de multicanais, o omnichannel seria um único canal com múltiplos pontos de contato, que entregam uma experiência única e consistente para os clientes”. Quase sempre os varejistas se perdem nessa tentativa de integrar os canais, ao invés de alinhar os canais para impedir a sobreposição e/ou a canibalização, como no omnichannel, acabam criando multicanais concorrentes entre si em que a falta de coordenação e de comunicação levam a efeitos danosos (Fernandes et al. ,2018). O problema, conforme apontado por Fernandes et al. (2018), é que os vários canais de distribuição à disposição dos clientes foram criados de forma separada pelos varejistas. Cada um nasceu numa época distinta e para resolver problemas diferentes, com estratégias e formas de atuação variadas entre si. Enquanto o cliente espera uma experiência omnichannel, o varejo tradicional internamente ainda opera numaestrutura de multicanais, em que cada canal tem uma estrutura própria, com custos e metas de desempenho e resultados mensurados de forma segmentada. Plataformas Figura 12. Fonte: © Mr. Thanakom Kotpootorn / / Shutterstock. Diversas plataformas permitem que pequenos e médios varejistas iniciem suas experiências no omnichannel. É possível contratar uma plataforma que funciona como uma loja virtual de e-commerce, mas que integra os diversos canais do varejista, proporcionando outras funções. Um dos serviços que devem ser prestados pelas plataformas é a estante in�nita, na qual todo o estoque é compartilhado e, se uma compra on-line for feita, a encomenda pode sair da loja física mais próxima (e não necessariamente do centro de distribuição único da empresa), barateando o processo e reduzindo o prazo de entrega. Não há a dependência do estoque de um único centro de distribuição. As plataformas também costumam oferecer experiências de checkout simpli�cado, sem exigir longos cadastros para o fechamento de uma venda e aceitando várias bandeiras de cartões de crédito, pois não se pode perder o cliente já tão perto de �nalizar sua compra. Se o sistema é complicado e burocrático, o cliente desiste e compra do concorrente que apresenta um sistema de checkout mais simpli�cado. Além dessas facilidades, as plataformas fornecem uma gama de informações necessárias para que os gestores dos varejos omnichannel possam tomar decisões para incrementar suas vendas. Qualidade na gestão omnichannel: visão de serviços Os novos consumidores buscam a excelência em suas experiências de compra, além de desejarem que seus problemas sejam resolvidos logo no primeiro atendimento, independentemente de qual canal estão usando. Não é a empresa que deve escolher o canal correto para resolver um problema. Os clientes devem poder usar qualquer um, sem restrições. Normalmente, os consumidores optam pelo canal com o qual se sentem à vontade, o que deve garantir uma experiência mais confortável de compra. Contudo, é fundamental que a comunicação e o atendimento tenham uma �uidez tal que, se for necessário ou se o cliente optar pela troca do canal, a experiência e o conforto não se percam. Para isso, é preciso investir em integração de sistemas e pessoas treinadas para o atendimento, independentemente do canal. Em qualquer contato que o cliente tiver com a empresa, sua percepção será sempre a percepção da empresa, sendo assim, se o atendimento for bom, a impressão que �cará será positiva. Se o atendimento for ruim ou insatisfatório, a percepção é que a empresa não é boa o su�ciente para que ele repita o processo de compra. Assim, deve haver uniformidade para que a empresa seja vista de uma única forma pelo cliente, seja quem for o atendente, ou por qual canal o atendimento é realizado. Proposta de atividade Agora é a hora de recapitular tudo o que você aprendeu nesse capítulo! Elabore um resumo de 15 a 20 linhas, destacando as principais ideias abordadas ao longo do capítulo. Ao produzir seu resumo, considere as leituras básicas e complementares realizadas. Recapitulando A integração dos diversos canais de distribuição no modelo ominchannel trouxe inovações ao comércio varejista, buscando propiciar ao consumidor uma experiência mais amigável de compra. Os clientes podem escolher qualquer dos diversos canais que a empresa utiliza para interagir, pois todos estão devidamente preparados para recebê-los e atender correta e e�cientemente a sua demanda. Para tanto, as empresas precisam integrar inúmeros canais diferentes, cada qual com suas especi�cidade e informações, dentro de uma única plataforma que atenda a todos os diversos canais e que agregue valor ao consumidor. Nesse cenário de transformações tecnológicas, também apresentamos os conceitos de busca inteligente, realidade virtual e realidade aumentada, que podem incrementar a experiência dos clientes com as marcas, oferecendo novas possibilidades de fazer negócio, com novas perspectivas para acessar e experimentar o produto. Toda a tecnologia e investimento não trarão resultados signi�cativos se não houver, de forma sincronizada, um grande investimento em mão de obra e em recursos humanos devidamente quali�cados e capacitados para atender e encantar os clientes. 6 / 12 Referências CARVALHO, J. L. G.; CAMPOMAR, M. C. Multichannel at retail and omnichannel: challenges for marketing and logistics. Business and Management Review, [s,l,]. v. 4, 2014. EUROMONITOR INTERNATIONAL. Internet Retailing in Brazil. 2015. Disponível em: <https://bit.ly/3ysd8SK>. Acesso em: 01/07/2019. FERNANDES, R. B. et al. 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São diferentes dos antigos, por terem uma experiência prévia de compra da mesma marca ou loja, portanto, não requerem tanto esforço da força de vendas. A�nal, se um cliente retornou ao mesmo ponto de venda, é porque acredita e con�a naquela organização. Nesse sentido, é preciso questionar continuamente: como garantir a satisfação dos clientes com a empresa e/ou produto? 7 / 12 Introdução Vivemos a era do relacionamento.As empresas buscam mais do que um simples e eventual contato num processo isolado de compra. As empresas, dada a concorrência, procuram manter e estreitar o relacionamento com seus clientes, mostrando-lhes produtos e pontos de venda novos e questionando o que eles procuram, para poder atendê-los com e�ciência e e�cácia. Figura 1. Fonte: © Monster Ztudio / / Shutterstock. Dado o aumento da concorrência, é essencial se relacionar bem com os clientes, construindo um canal de comunicação de mão dupla. 8.1.1 Conceito e objetivo O marketing de relacionamento busca estreitar a relação com os clientes, fazendo com que eles se sintam “dentro” do negócio. Para tanto, existe o Customer Relationship Manager (CRM), ou Gerência de 8 / 12 Marketing de relacionamento (CRM) Relacionamento com Clientes, que, segundo Swift (2001, p. 12), é “[...] uma abordagem empresarial destinada a atender e in�uenciar o comportamento dos clientes, por meio de comunicações signi�cativas para melhorar as compras, a retenção, a lealdade e a lucratividade deles”. Usualmente, os softwares de registro, controle e monitoramento dos contatos com os clientes também são chamados de CRM. Atualmente, existem tantas formas de comunicação que não faz sentido uma organização só ter contato com o consumidor quando ele entra pela porta da loja. Um exemplo de ação adicional possível é entrar em contato com ele no dia de seu aniversário, parabenizando-o pela data e oferecendo um brinde ou desconto para que ele retorne para uma nova venda. As estratégias de contato também são possíveis no lançamento de uma nova coleção, no início de uma promoção, em uma data comemorativa quando o produto possa desfrutar de um incremento nas vendas, na inauguração de um novo ponto de venda, ou perguntando ao cliente se ele está satisfeito com o produto adquirido e o que ele precisa para que faça uma nova aquisição (esse é o conceito de mão dupla de comunicação). A ideia é estar próximo ao cliente, agindo como um amigo, ouvindo e falando, ou seja, estabelecendo um canal de comunicação franco e aberto. O objetivo é fazer com que ele se sinta próximo e à vontade com a marca, desenvolvendo intimidade para que ele repita suas compras e perceba uma diferença no tratamento em relação ao concorrente. Além disso, com a internet, a comunicação é rápida. Com as redes sociais, um comentário, seja positivo, seja negativo sobre a empresa, viraliza facilmente e atinge milhares de pessoas de um dia para o outro. Feitosa e Botelho (2015) a�rmam que ter um grupo de consumidores satisfeitos e �éis fará com que eles ajam como defensores da sua marca, defendendo-a e minimizando os efeitos de um comentário maldoso. PAUSA PARA REFLETIR Quantos cadastros você preencheu no ano passado? E quantos cartões de aniversário você recebeu de lojistas? Em suma, nesse cenário, o objetivo do CRM é descobrir novas oportunidades para fazer negócios e lucrar no presente e no futuro com o cliente. Foco no cliente x foco no produto De acordo com Swift (2001, p. 25): “A gestão bem-sucedida de relacionamento com os clientes signi�ca aprender os hábitos e as necessidades deles, antecipando futuros padrões de compra e descobrindo novas oportunidades para fazer negócios.” Contudo, o pesquisador Theodore Levitt (1960) estabeleceu o termo miopia de marketing, que signi�ca que alguns empresários estão tão concentrados em oferecer um produto melhor, que perdem o foco naquilo que os clientes realmente precisam. Os empresários míopes são aqueles que só conseguem enxergar o próprio produto e, com isso, perdem a oportunidade de fazer negócios com o cliente no futuro. Figura 2. Fonte: © VasiliyBudarin / / Shutterstock. Conforme Levitt (1960, p. 56), o foco das empresas é a orientação para o cliente, devendo se dedicar prioritariamente “[...] não a produção de bens e serviços, mas a aquisição de clientes”. Um exemplo da miopia de marketing é quando as fabricantes de ratoeira se esmeravam em construir modelos mais fortes e resistentes para caçar os ratos presentes na rede de esgoto. Depois que o rato é morto, é necessário retirá-lo da ratoeira e lavá-la para um próximo uso. Diante dessa realidade, outras empresas decidiram desenvolver uma forma mais limpa de acabar com o problema: venenos em pó que, espalhados pelo ambiente, sujam os ratos, que acabam levando a substância nociva para seus ninhos. Pode- se concluir que os clientes não precisavam de ratoeiras melhores, mas, sim, de condições superiores para exterminar os roedores. Outro caso é o da Kodak, que se empenhou em desenvolver �lmes e processos de revelação melhores e mais rápidos para atender aos fotógrafos. Na época dos �lmes analógicos, era preciso esperar o momento da revelação, geralmente, no mínimo, um dia, para só então veri�car se as fotos �caram boas ou não. Figura 3. Fonte: © maserrac / / Shutterstock. Enquanto isso, a Sony criou a máquina fotográ�ca digital, com a qual a fotogra�a pode ser vista no exato momento em que é tirada. A melhoria não foi no produto, mas na forma de atender ao cliente. Data Minning Para atender aos consumidores, é preciso conhecê-los, sabendo quais canais de comunicação utilizam, como preferem ser abordados e o que esperam das empresas das quais consomem. Conforme Swift (2001, p. 3): “O conhecimento dos desejos e história do cliente pode fornecer mais benefícios que os obtidos anteriormente. Informação transformada em conhecimento é o fator diferenciador para o sucesso”. Por isso, as empresas investem em pesquisas de satisfação, de hábito de consumo, de comportamento e de consumo de mídias, por exemplo. Todo esse trabalho de buscar informações sobre o cliente é conhecido como Data Minning, ou mineração de dados, “[...] uma nova metodologia para melhorar a qualidade e a e�ciência das decisões, por meio da obtenção de conhecimento útil para tomada de decisões estratégicas, baseada nos dados históricos armazenados” (LEMOS; STEINER; NIEVOLA, 2005, p. 226). Por exemplo, as lojas podem pedir que seus clientes preencham cadastros no momento da compra, em um processo inicial para conhecê-los. A tecnologia favorece esse trabalho, pois, cada vez que alguém acessa determinada loja na internet, recebe em seu computador um cookie que o identi�ca e detecta os produtos procurados. Isso faz com que a internet direcione para o computador desse consumidor especí�co propagandas de itens similares aos pesquisados. PAUSA PARA REFLETIR: Quais os benefícios de obter o máximo de informações possíveis sobre os clientes e como fazer isso? ESCLARECIMENTO: A analogia com o processo de mineração não é à toa. Os clientes têm uma in�nidade de informações, e é preciso obter apenas as que interessam à empresa, para determinada ação de vendas ou de relacionamento. Quando o consumidor faz a compra, o próprio site oferece vendas complementares, a�rmando que uma porcentagem das pessoas que adquiriu o mesmo produto comprou também outros itens, tentando estimular a compra de mais mercadorias. Tudo isso funciona com base no conhecimento que se tem dos clientes, por meio das informações recolhidas em cada momento de contato entre eles e a empresa, por qualquer um de seus canais de distribuição ou comunicação. ESCLARECIMENTO: Cookie é um pequeno arquivo de texto criado por um site para armazenar dados no computador que o acessou, incluindo as páginas visitadas, nome e e-mail do usuário, detalhes de uma compra etc. (FREITAS, 2006). EXEMPLO: Se você compra uma calça, o site oferece um cinto para combinar com ela, de acordo com os dados que tem sobre outros clientes que �zeram compras similares. A gestão do marketing, segundo Kotler e Keller (2006, p. 4), é “[...] a arte e a ciência da escolha de mercados-alvo e da captação, manutenção e �delização de clientes por meio da criação, da entrega e da comunicação de um valor superior para o cliente”. Trata-se de oferecer ao cliente o produto certo, na hora certa, na condição certa, pelo preço certo etc.O marketing começa a existir muito antes de o produto ser colocado à venda, pois, em todas as fases de seu planejamento, os fabricantes devem seguir as recomendações do pessoal do marketing, que conhecem as reais necessidades dos clientes. Por outro lado, ele não termina com a compra do produto, devendo acompanhar todo o processo de aquisição, uso e descarte, no processo chamado de pós-venda. Isso signi�ca que não se pode abandonar o cliente porque ele comprou o produto, pois ele tem uma vida útil e o consumidor poderá precisar dele novamente. Marketing na estrutura organizacional Nos primórdios do estudo do marketing, ele era considerado um departamento das empresas, assim como Recursos Humanos (RH), �nanças, comercial, produção e outros, como ilustra a imagem a seguir. 9 / 12 Gestão do marketing no processo de venda Figura 4. Atualmente, ele é considerado importante demais para ser deixado a cargo do departamento de marketing, e todos na organização têm de tomar decisões baseadas no impacto sobre o consumidor (KOTLER; ARMSTRONG, 1993). Figura 6. O marketing deve ser praticado por todos, em todos os momentos, não devendo ser resumido a um departamento. Departamento de marketing x departamento de vendas O marketing existe para facilitar o trabalho das vendas. Quando o é bem feito, as pessoas querem comprar o produto, e o único trabalho que o departamento de vendas tem é permitir que elas obtenham o que precisam. Ou seja, não precisam vender, apenas deixar que os clientes comprem. Nesse sentido, o marketing é mais amplo que vendas. Richers (2017, p. 15-16), a�rma que: [...] além das funções de transação de bens ou serviços (compra e venda), o pro�ssional de marketing é responsável por pesquisas de mercado, pela formulação e execução de uma política de produtos, pela escolha e o controle de um sistema adequado de distribuição física dos produtos sob sua responsabilidade, pela divulgação e promoção de seus produtos, bem como o controle dos resultados de suas transações comerciais. Se o cliente e suas necessidades são conhecidos, é mais provável que ele se satisfaça. Assim, em empresas que praticam os conceitos de marketing, os vendedores, em vez de terem uma postura ativa, de apresentar o produto, demonstrar suas qualidades e benefícios e convencer o cliente a comprar, podem assumir um papel mais passivo, apenas tirando pedidos, entregando os produtos e recebendo pela venda, sem precisar executar um grande trabalho de convencimento. Quando uma empresa não tem uma grande quantidade e variedade de conhecimento sobre seus clientes, o marketing e as vendas devem se juntar para que a venda aconteça. De um modo geral, os clientes vão até a loja motivados e incentivados pelas ações de marketing que a empresa realiza, mas é a excelência do trabalho dos vendedores que consegue garantir a conversão de um prospect (cliente interessado no produto, mas que ainda não fechou a venda) em consumidor. Figura 6. Funil de vendas Observando a imagem, é possível concluir que um número grande de pessoas trafega pelo ponto de vendas, como visitantes, mas apenas alguns poucos realmente chegam a virar clientes, comprando o produto. Com o auxílio desse funil de vendas, pode-se ver o papel desempenhado pelo marketing e por vendas, no processo de converter o prospect em cliente. O marketing tem o papel de atrair, converter e se relacionar com os interessados, enquanto cabe às vendas aproveitar a oportunidade e efetivamente fechar a venda. Modelo de estrutura da função marketing na organização O marketing deve atuar como função integradora das empresas para satisfazer e atender bem aos clientes, que devem ser seu foco. Todos os outros setores devem interagir com os clientes, usando as ferramentas e estratégias do marketing. Quando um cliente entra em uma empresa e é recebido por um vendedor ou recepcionista, esses pro�ssionais devem entender e praticar ações de marketing para satisfazê-los, saudando-os com gentileza e respeito e se colocando à disposição para auxiliar no que for preciso durante o processo de compra. Figura 7. Fonte: © Rido / / Shutterstock. Outro exemplo é quando um motorista de entrega leva o produto comprado até a casa do cliente. Ele também precisa praticar os conceitos básicos do marketing, honrando a marca com a qual trabalha e fazendo seu trabalho com excelência, agilidade e limpeza. Todos os funcionários de todos os setores da organização precisam prestar um atendimento de excelência. CURIOSIDADE: A empresa de transportes Fedex descobriu que o visual de seus veículos afetava sua imagem. Se eles estivessem sujos e malcuidados, passavam a ideia de que a empresa não cuidava nem de seus próprios veículos, que dirá das encomendas a ela con�adas. É preciso disponibilizar meios e condições para que as vendas aconteçam conforme previsto. Ou seja, se a previsão é de que consumidores de uma determinada região é que vão consumir o produto, então ele deve estar disponível nesse local. Já se os consumidores esperam uma venda técnica, com detalhamento e especi�cidades do produto, é preciso viabilizar vendedores com conhecimento técnico su�ciente para atendê-los. A administração de vendas depende do que será vendido, onde, pra quem e em que quantidade. Conceito e objetivo Segundo Chiavenato (2010, p. 47), a administração de vendas, compreende: [...] o planejamento, organização, direção e controle das atividades de vendas, incluindo o recrutamento, seleção, treinamento, remuneração, previsão de vendas, de�nição de cotas e zonas de vendas, na medida em que essas atividades se aplicam diretamente ao pessoal de vendas. Em outras palavras, inclui desde o levantamento da previsão de vendas, ou seja, de quanto uma empresa espera vender num determinado período, até a disponibilização de recursos humanos e materiais para que seja factível a venda dessa quantidade prevista. Seu objetivo é fazer com que as empresas atinjam sua previsão de vendas, por meio de processos de venda simples, mas bem elaborados, com vendedores treinados e motivados, distribuídos regionalmente para atender a todo o mercado consumidor. 10 / 12 Administração de vendas Acompanhamento e avaliação da força de vendas Como as empresas têm diversos vendedores e canais diferentes de venda e distribuição, precisam acompanhar o desempenho de cada um. Por exemplo, se determinado vendedor não consegue vender a metade do que os outros conseguem no mesmo período, é preciso lhe dar uma atenção especial, pois lhe podem estar faltando algumas ferramentas de venda. Figura 8. Fonte: © Golden Sikorka / / Shutterstock. Não é apenas o número bruto de itens vendidos que devem ser mensurados, mas, também, deve-se mapear a satisfação de cada cliente e a taxa de retenção e �delização de cada um para saber se há algum vendedor em especí�co ou algum canal de vendas que precisa de uma reciclagem. Além do número de produtos vendidos, é preciso avaliar se houve muita concessão de descontos ou não, se todos os produtos do portfólio estão sendo vendidos em quantidades adequadas e se as promessas feitas pelos vendedores (seja de entrega, instalação ou de desempenho do produto) são factíveis. Basicamente, toda empresa varejista tem metas periódicas a atingir, em consonância com o que foi traçado em seu planejamento estratégico. A avaliação da força de vendas é feita comparando o resultado obtido com o que era esperado nesse planejamento. Indicadores na área de vendas Entre os indicadores na área de vendas que as empresas devem acompanhar, estão os indicadores de vendas, de lucratividade e de desempenho. Entre os indicadores de vendas, está a quantidade de cada item comercializado por cada vendedor e em cada canal da empresa, acompanhando quem vende mais, qual produto tem mais saída etc. Para produtos com vendas baixas ou vendedores com números insatisfatórios, é possível elaborar planos de ação corretivos emergenciais. Não basta vender, é preciso que as vendas tragam lucro paraa empresa, isto é, que sejam feitas com uma qualidade tal que o desconto eventualmente concedido não prejudique a margem de lucro. Além disso, o prazo para pagamento deve estar dentro do que a empresa tem negociado com seus fornecedores, para não causar problemas de falta de �uxo de capital e, por �m, é preciso que as vendas sejam efetivamente pagas. Ou seja, deve- se também acompanhar a cobrança dos itens vendidos. As organizações devem mensurar o nível de satisfação dos clientes com os vendedores, com a marca e com os produtos. Para isso, passados alguns dias da compra, elas podem enviar aos compradores um formulário de pesquisa para a avaliação da compra e do produto, que já deve estar em uso. Esse tipo de formulário possibilita à empresa saber se tudo o que foi prometido pelo vendedor, de fato, ocorreu, sem criar falsas expectativas. Como vimos, todo o processo de marketing é feito objetivando a plena satisfação do cliente, o que demanda conhecê-lo bem. Algumas perguntas que podem ser feitas são: quem ele é? É homem ou mulher? Mais jovem ou de meia idade? Onde mora? Pertence a que grupo de pessoas? O que ele busca com o produto comprado? Como prefere ser tratado? Como pagará? Quanto comprará? Para descobrir as respostas para essas e outras perguntas, existem pesquisas de mercado. Formas de pesquisa de mercado Segundo Pinheiro (2015, p. 19), a pesquisa de mercado “[...] faz o diagnóstico de uma determinada situação mercadológica a partir de um esforço planejado e organizado para a obtenção de fatos e novos conhecimento de mercado, de modo a minimizar os riscos de uma tomada de decisão.” As pesquisas de mercado feitas pela empresa para melhor conhecer seus clientes e suas necessidades, podem ser feitas por observação, analisando o comportamento dos clientes no ponto de venda, ou por levantamento, quando as empresas se comunicam com os consumidores por carta, e-mail, telefone, SMS, perguntando algo importante para a estratégia de vendas. 11 / 12 Análise do cliente DICA: Leia o livro Vamos às Compras! (UNDERHILL, 2009), que trata do comportamento do consumidor, observando as câmeras em lojas de varejo. O quadro a seguir mostra alguns tipos de pesquisa que podem ser realizadas para conhecer mais o cliente e até mesmo um produto ou setor. Figura 9. Tipos de pesquisas de mercado Há pesquisas que podem ser realizadas internamente na empresa, sem a necessidade de contato com o cliente, apenas com base nos dados de vendas. Existem várias informações a serem coletadas, seja dos consumidores ou internamente. O limite das informações pesquisadas é o da imaginação: o que se pensar pode ser pesquisado, perguntado e observado no comportamento do cliente no ponto de venda. Sistema de �delização Um cliente é �delizado quando minimiza as ofertas feitas pelos concorrentes e volta para efetuar uma nova compra na mesma empresa de antes. De acordo com Gonçalves (2007, p. 14), “[...] conhecer o consumidor e adotar práticas ligadas ao marketing de relacionamento devem ser as principais ferramentas para as empresas dos segmentos de produtos e serviços garantirem a conquista de novos clientes e os manter cativos”. Nesse sentido, Bogmann (2002, p. 21) de�ne a �delização de clientes como “[...] o processo pelo qual um cliente se torna �el, isto é, aquele cliente que sempre volta à empresa por estar satisfeito com os produtos ou serviços oferecidos”. Ou seja, apesar da concorrência, o cliente ainda prefere retornar no lugar onde já efetuou uma compra anteriormente. Para que um cliente seja �el, tem que estar à vontade e reconhecer que a situação de �delidade lhe é conveniente. O cliente é �el quando percebe que a compra daquela mesma marca ou loja é racionalmente o melhor a ser feito, seja pelo atendimento, pelas facilidades no prazo de pagamento, pela rapidez na entrega, pela qualidade do produto etc. Se ele não enxergar vantagens, comprará no concorrente, que pode lhe oferecer a conveniência que ele estava procurando e a primeira empresa não foi capaz de oferecer. Nesse sentido, Oliveira e Santos (2004, p. 6) a�rmam que: A construção da �delização dos clientes pode representar para uma empresa uma fonte constante de renda durante muitos anos, porém essa vantagem não pode ser tomada como certa, pois a �delidade dos clientes só continuará enquanto o mesmo achar que suas expectativas estão sendo amplamente atendidas. Figura 10. Fonte: © Pasuwan / / Shutterstock. Portanto, para que haja �delidade, é preciso um trabalho contínuo para conhecer os clientes (que estão sempre mudando) e atender a todas suas expectativas (também em constante mutação) quanto aos produtos e ao processo de compra. Por isso, a importância do marketing de relacionamento, pois é preciso se manter em contato com os clientes o tempo todo, e, não, apenas quando ele vai até a loja. Formas de retenção A �delização é diferente da retenção. O cliente é �el porque quer, por enxergar uma vantagem em ser �el, mas a retenção nem sempre ocorre por livre e espontânea vontade. Às vezes, depende mais das estratégias da empresa vendedora do que do comportamento ou da vontade do cliente. Gonçalves (2007, p. 40) a�rma que a retenção “se inicia quando o cliente começa a se afastar da empresa” e é detectada pela “queda de consumo ou visitação e reclamações sucessivas”. Um exemplo é a compra de impressoras. Ao escolher um modelo, o cliente �ca retido pelo modelo de cartucho, que é diferente entre os diversos fabricantes. Figura 11. Fonte: © pticelov / / Shutterstock. O mesmo acontece quando se adquire um aparelho de barbear. Com o uso regular, é preciso trocar a lâmina e, para cada modelo, só há uma oferta de lâmina, ou seja, se o usuário quiser continuar aproveitando seu aparelho, terá que comprar o re�l correspondente, o que o retém consumidor daquela marca. Também é possível exempli�car a retenção com as assinaturas de jornais e revistas, TV a cabo, internet, telefonia etc. As empresas oferecem descontos e valores promocionais, mas, para rescindir o contrato, é preciso aguardar um tempo de carência ou pagar uma multa rescisória. Indicadores de desempenho quantitativos e qualitativos com relação ao cliente �nal As empresas devem utilizar dois tipos de indicadores de desempenho. Os quantitativos mostram quantos consumidores existem, quantos retornaram para comprar num determinado período, quanto produziram de receita e lucro para a empresa, quantos clientes novos foram trazidos pelos antigos e satisfeitos etc. De forma qualitativa, deve-se veri�car quão satisfeitos os clientes estão com a empresa, seu processo de vendas e seu produto ou serviço. Pequenas alterações nos indicadores podem indicar que o produto ou atendimento não é mais tão bom, o que demanda agir urgentemente para corrigir os problemas para não perder clientes. Proposta de atividade Agora é a hora de recapitular tudo o que você aprendeu neste capítulo! Elabore um esquema, destacando como alguma das informações obtidas sobre um cliente, no processo de pesquisa, podem ser usadas para atendê-lo melhor. Ao produzir seu esquema, considere as leituras básicas e complementares realizadas. Recapitulando As empresas precisam conhecer bem seus clientes para poder atendê-los com excelência, de forma que ele opte a voltar a comprar. Para isso, é preciso um relacionamento de credibilidade e transparência entre a empresa e os consumidores, para que eles não se sintam atendidos apenas quando querem ou precisam comprar algo. Os clientes devem estar plenamente satisfeitos com o processo de compra, que inclui as ações de marketing que os levaram até o ponto de venda e o atendimento dado pelos vendedores e pelos demais funcionários com os quais teve contato. Além disso, o produto comprado deve atender a suas expectativas, o que pode ser acompanhado pelo processo de pós-venda. 12 / 12 Referências BOGMANN, I. M. Marketing de Relacionamento: estratégias de �delização e suas implicações �nanceiras. São Paulo: LivrariaNobel, 2002. CHIAVENATO, I. Administração de Vendas. Rio de Janeiro: Elsevier, 2010. FEITOSA, W. R.; BOTELHO, D. O papel da excitação no engajamento de defensores da marca: suas reações a notícias positivas e negativas no ambiente virtual. Economia & Gestão, Belo Horizonte, v. 15, n. 40, out. 2015. Disponível em: <https://bit.ly/3gGzgD0>. Acesso em: 22/07/2019. FREITAS, A. R. Perícia Forense Aplicada à Informática. Rio de Janeiro: Brasport, 2006. GONÇALVES, Helmer José Fidelização de Clientes. 2007. 61 f.. Trabalho de Conclusão de Curso (Especialização em Gestão de Negócios Financeiros) – Escola de Administração, Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Porto Alegre, 2007. Disponível em: <https://bit.ly/3jn6GbB>. 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