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MÓDULO 2 Reconhecer a superelevação e a transição da superelevação em curvas horizontais de uma ferrovia CONCEITOS INERENTES À GEOMETRIA DE FERROVIAS Como uma via de transporte, a ferrovia guarda grande semelhança com a rodovia e seus conceitos de projeto geométrico. Dessa forma, considerando o traçado horizontal da ferrovia, é possível a existência de: Clique nas informações a seguir. Devemos perceber que o atrito transversal entre roda e pista não ocorre entre roda e trilho, em especial, pela reduzida área de contato. Dessa maneira, a ocorrência mais temida nas curvas das ferrovias é a ação dos esforços que atuam transversal e paralelamente ao plano de rolamento, ocorrendo assim o descarrilamento, ou o tombamento, sobretudo pela ação dos momentos atuantes nas curvas. Vamos então aprender os cálculos de superelevação e seu re�exo no cálculo das curvas horizontais com transição. Antes, entretanto, pode ser necessário um pequeno estudo sobre as curvas que podem surgir e o cálculo do comprimento da curva de transição. TIPOS DE CURVAS HORIZONTAIS As curvas de concordância horizontal são os elementos utilizados para concordar os alinhamentos retos. Essas curvas podem ser classi�cadas em: Objeto com interação. CURVAS SIMPLES CURVAS COMPOSTAS COM TRANSIÇÃO Quando se empregam as espirais de transição na concordância dos alinhamentos retos. Curva circular composta com transição. Comprimento de transição Ao longo de sua extensão, a curva de transição deve proporcionar uma variação suave de aceleração centrífuga para o veículo que se desloca ao longo da concordância. É nessa porção das espirais de transição que a superelevação será aplicada na via permanente. O comprimento da espiral de transição, baseada na fórmula de Shortt, pode ser dado pela fórmula: L = 0, 07 V 3 R Em que: • é o comprimento da curva de transição em metros. • é a velocidade em km/h. • é o raio da curva circular em metros. Também pode ser de�nido o comprimento de transição mínimo, dado pela fórmula a seguir: L V R L = 0, 60V Em função da taxa de elevação do trilho externo em mm/m, tem-se a seguinte fórmula também para determinação do comprimento de transição: L ≥ H A Em que: • é a superelevação em mm. • é a taxa de elevação do trilho externo em mm/m, que é dada pela tabela a seguir: H A V A V ≥ 100km/h 1 ou 1,5mm/m 100km/h > V > 80km/h 1 ou 2mm/m 80km/h > V > 60km/h 2 ou 3mm/m 60km/h > V > 40km/h 3 ou 4mm/m V ≤ 40km/h 4mm/m Tabela da taxa de elevação do trilho externo. Elaborada por Giuseppe Miceli Junior Atenção! Para visualização completa da tabela utilize a rolagem horizontal A velocidade mostrada na tabela refere-se à velocidade de projeto e, geralmente, é dada por: V = 4, 5 √ R min SUPERELEVAÇÃO FERROVIÁRIA Nas curvas horizontais, eleva-se o trilho externo que tem o objetivo de equilibrar os efeitos da força centrífuga. Na situação de equilíbrio dinâmico, só existirão esforços normais aos trilhos e de valores idênticos, representando uma situação ideal que é chamada de superelevação teórica. Para esse caso especí�co, a superelevação é dada por: s s = 7, 865 BV 2 R Em que: • é a distância entre os eixos dos trilhos. • é a velocidade em km/h. • é o raio da curva em m. No caso da superelevação de uma via com bitola larga, temos e daí temos: B V R B = 1, 6m s = 13, 1 V 2 R Já para o caso de uma bitola métrica, temos e daí:B = 1, 00m s = 8, 65 V 2 R Atenção A superelevação em ferrovias ocorrerá sempre com a elevação do trilho externo da curva! Aplicando a uma situação real, qual superelevação deve servir de base para os cálculos? Ou melhor, qual velocidade deve prevalecer? Um trem lento com uma velocidade adotada baixa não será su�ciente para os trens mais rápidos, com perigo de descarrilamento. Se for considerada uma velocidade maior, baseada nos trens velozes, a superelevação será excessiva para os trens mais lentos. Então, como contornar isso? Uma forma de calcularmos essa superelevação prática, que é chamada de critério empírico da superelevação, é estabelecer uma velocidade intermediária entre os valores máximos e mínimos, ou então, calcular a média das superelevações calculadas para as velocidades máxima e mínima. Neste caso, a velocidade V da fórmula da superelevação teórica deve ser calculada da seguinte forma: V = √ V 2 max + V 2 min 2 Em que: é a velocidade máxima e é a velocidade mínima da via. Se for igual a zero, então, V será igual a . Já o chamado critério do conforto estabelece uma fórmula um pouco diferente, considerando a aceleração centrífuga residual, como mostrado a seguir: V máx Vmin Vmin 0, 71V máx Δs = a r B g Em que: • é a nova aceleração centrífuga, de acordo com o critério do conforto. • é a aceleração centrífuga residual em . • é o tamanho da bitola. Δs A r m/s 2 B javascript:void(0) javascript:void(0) javascript:void(0) javascript:void(0) Em valores usuais nas bitolas larga e métrica, temos: Bitola 1,60 0,65 1,675 111 1,00 0,55 1,065 60 Tabela de valores de superelevação. Extraída de Antas et al., 2010, p. 81. (m) A r (m/s 2 ) B(m) Δs(mm) Atenção! Para visualização completa da tabela utilize a rolagem horizontal De acordo com critérios adotados pela extinta RFFSA, o limite de superelevação a ser adotado em ferrovias de bitola larga é de 160mm e, em ferrovias de bitola métrica, 100mm. Note que isso equivale a 10% do valor da bitola. A adoção de uma superelevação máxima ocorre basicamente para garantir maior segurança operacional à ferrovia, a �m de se evitar esforço excessivo no trilho interno e relativa instabilidade no equilíbrio dos veículos. Do cálculo da superelevação máxima a ser adotada e a velocidade de projeto, podemos de�nir o raio mínimo a ser adotado. A partir da fórmula da superelevação teórica e isolando , temos:R R min = 7, 865 BV 2 s max Decorre assim a seguinte tabela de raios mínimos para linhas de tronco e linhas subsidiárias para regiões planas, onduladas e montanhosas. Relevo Linhas tronco Linhas subsidiárias Bitola larga (B = 1,60m) Plana 1145,93 491,141 Ondulada 572,987 383,016 Montanhosa 382,016 312,576 Bitola métrica (B = 1,0m) Plana 572,987 382,016 Ondulada 491,141 343,823 Montanhosa 343,823 286,537 Tabelas de raios mínimos (em metros) para bitolas de 1,60m e de 1,00m. Extraída de Antas et al., 2010, p. 85 Atenção! Para visualização completa da tabela utilize a rolagem horizontal Diante do exposto, a extinta RFFSA recomenda os seguintes procedimentos para determinação da superelevação das curvas: Em caso de absoluta predominância de trens de carga, adota-se a superelevação teórica. Em caso de predominância de trens de passageiros, adota-se 2/3 da superelevação teórica. Em caso intermediário, deve ser adotada uma superelevação prática de acordo com a importância de cada um. Adota-se entre 50% e 60% da superelevação teórica. Vamos então realizar alguns problemas para �xar o conteúdo: SUPERELEVAÇÃO EM CURVAS DE FERROVIA 05:36 Um trem de bitola larga possui e passa por uma curva de raio de 300m. Calcule a superelevação a ser adotada dessa curva. V = 30km/h Clique no botão para ver as informações. Determine o comprimento de transição de curva de uma ferrovia em que e passa por uma curva de raio de 200m. V = 60km/h Clique no botão para ver as informações. Para calcular o comprimento de transição, podemos utilizar a fórmula: L = 0, 07 V 3 R Em que: é o comprimento da curva de transição em metros. é a velocidade em km/h. é o raio da curva circular em metros. Substituindo os valores, temos: Resolvendo a equação, temos então: L V R L = 0, 07 V 3 R = 0, 07 60 3 200 Atenção! Para visualização completa da equação utilize a rolagem horizontal L = 75, 6m VERIFICANDO O APRENDIZADO 1. Os efeitos da superelevação em uma ferrovia existem para se contrapor à existência da força normal.A) centrípeta.B) centrífuga.C) peso.D) hidrostática.E)Comentário Parabéns! A alternativa "C" está correta. Quando uma composição faz uma curva, é necessária a adoção de uma superelevação para combater os efeitos da força centrífuga. 2. Sobre o cálculo dos valores da espiral de transição em ferrovias, pode-se dizer com certeza que ela é Comentário Parabéns! A alternativa "E" está correta. Para calcular o comprimento de transição, podemos utilizar a fórmula: Em que: é o comprimento da curva de transição em metros. é a velocidade em km/h. é o raio da curva circular em metros. Podemos perceber pela fórmula que a transição é diretamente proporcional ao cubo da velocidade diretriz e inversamente proporcional ao raio da curva circular. L = 0, 07 V 3 R L V R diretamente proporcional ao raio da curva.A) diretamente proporcional ao quadrado do raio da curva.B) diretamente proporcional à velocidade diretriz da ferrovia.C) diretamente proporcional ao quadrado da velocidade diretriz da ferrovia.D) diretamente proporcional ao cubo da velocidade diretriz da ferrovia.E)