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Resumo Módulo 1 – Camila 1)Definir sessão tutorial descrevendo as funções dos membros do grupo tutorial. Grupo tutorial: são pequenos grupos, tradicionalmente compostos por oito a dez estudantes e um tutor. Dependendo do “modelo” de ABP(Aprendizagem baseado em problemas) e do número de estudantes, o grupo pode optar, a cada sessão, por eleger um coordenador e um secretário, sendo que esses papéis devem rodiziar entre os alunos nas diferentes sessões, de forma a propiciar que todos sejam coordenadores e secretários. Tempo: varia de acordo com o número de integrantes e com o tipo de problema apresentado, no entanto, sessões muito extensas, com mais de três horas de duração, podem ser cansativas e levar à redução da atenção e da produtividade individual e do grupo. Quando o grupo é composto, é recomendável que todos os integrantes, juntos, estabeleçam regras claras de funcionamento, a fim de garantir o trabalho harmônico ao longo das sessões. Geralmente os pequenos grupos são rearranjados a cada módulo ou semestre, de modo que os estudantes aprendam a trabalhar com diversos colegas. Desta forma, o pequeno grupo facilita o processo de aquisição de conhecimentos e contribui de maneira significativa para o desenvolvimento de outros atributos na formação do aluno, entre eles: habilidades de comunicação, trabalho em equipe, solução de problemas, respeito aos colegas e desenvolvimento de postura crítica. Abertura – conhecimento prévio Fechamento -conhecimento teórico, com fontes Composição: em média 10 alunos ( número máximo 11 alunos) – entre 8 e 12 alunos Frequência: duas vezes por semana ( abertura e fechamento) Objetivos: Aprendizado auto-dirigido: curiosidade intelectual, busca pela informação independente Raciocínio clínico e resolução de problemas: execução dos passos do raciocínio clínico, da identificação do problema a geração da hipótese, identificação e uso adequado das fontes de informação Ferramenta de comunicação: transmissão de informação e interação interpessoal Auto-avaliação e avaliação inter-pares: identificação de virtudes e fraquezas pessoais e dos pares; desenvolvimento de estratégias de melhora Suporte: suporte emocional; interação social e crescimento pessoal Tutor: participação ocorre durante um módulo temático ou semestre. O tutor necessita ser treinado e conhecer de antemão os objetivos de aprendizado pretendidos para cada problema. Porém, não deverá impor estes objetivos, nem os desvendar para os alunos, pois o processo de aprendizado é tão importante quanto o conhecimento em si. Suas principais atribuições são: estimular o processo de aprendizagem dos estudantes; estimular o trabalho do grupo e a participação dos estudantes; respeitar a opinião dos estudantes; detectar eventuais rivalidades, monopólios, inconformismos; detectar estudantes com problemas; fornece feedback e realizar avaliações. O tutor não necessita ser especialista nos temas, tampouco é esperado que ele dê uma aula para os estudantes. Assim, a interferência do tutor deve ser a mínima necessária e preferencialmente na forma de perguntas, com intuito apenas de estimular a participação ativa de todos estudantes e também corrigir rumos quando a discussão se afastar muito do tema proposto. · Conhecer o conteúdo do módulo educacional. · Conhecer os recursos de aprendizado disponíveis para este módulo no ambiente da Universidade (bibliográficos, audiovisuais, laboratoriais, assistenciais). · Conhecer os problemas do módulo e os objetivos de aprendizagem dos problemas. · Esclarecer suas dúvidas junto ao coordenador geral do módulo previamente ao início das atividades tutoriais. · Obter informações sobre os alunos que pertencerão a seu grupo tutorial, seus pontos positivos e negativos e seu desempenho em grupos tutoriais prévios. · Solicitar ao grupo que indique um coordenador de atividades e um secretário para cada problema a ser trabalhado, garantindo a rotação destes papéis entre os alunos do grupo durante o tutorial. · Observar a metodologia dos 7 passos. · Apoiar as atividades do coordenador e do secretário. · Lembrar que não é papel do tutor dar uma aula sobre o tema ou os temas dos problemas, mas sim facilitar a discussão dos alunos de modo a que os mesmos possam identificar o que precisam estudar para aprender os fundamentos científicos sobre aquele tema. · Não intimidar os alunos com seus próprios conhecimentos, mas formular questões apropriadas para que os alunos enriqueçam suas discussões, quando necessário. · Favorecer o bom relacionamento dos alunos entre si e com o tutor, ajudando a construir um ambiente de confiança para o aprendizado. · Cobrar dos alunos as fontes de aprendizado que consultaram previamente ao início das atividades do grupo (fechamento) · Aplicar as avaliações pertinentes com critério e exigir que os alunos o façam · Entregar as avaliações imediatamente após terem sido aplicadas. · Participar das reuniões semanais de tutores e apresentar críticas de debilidades do módulo e dos problemas e sugestões para melhorá-los. · Criticar individual e construtivamente os alunos do grupo quando pertinente. · Valorizar a avaliação. · Avaliar os membros do grupo tutorial sempre que pertinente, conforme recomendado pelo Coordenador de Avaliação Coordenador: é um estudante do grupo que deverá auxiliar a facilitação durante a discussão no grupo tutorial. · Coordenador deve orientar os colegas na discussão do problema, segundo a metodologia dos 7 passos, favorecendo a participação de todos e mantendo o foco das discussões no problema · Desestimular a monopolização ou a polarização das discussões entre poucos membros do grupo, favorecer a participação de todos. · Apoiar as atividades do secretário · Estimular a apresentação de hipóteses e o aprofundamento das discussões pelos colegas · Respeitar posições individuais e garantir que estas sejam discutidas pelo grupo com seriedade, e que tenham representação nos objetivos de aprendizado sempre que o grupo não conseguir refutá-las adequadamente. · Resumir as discussões quando pertinente · Exigir que os objetivos de aprendizado sejam apresentados pelo grupo de forma clara e objetiva e compreensível para todos e que sejam específicos e não amplos e generalizados. · Solicitar auxílio do tutor quando pertinente e estar atento às orientações do tutor quando estas forem oferecidas espontaneamente. Secretário: é um estudante do grupo que realizará as anotações referentes à discussão, garantindo que as várias etapas da discussão sejam anotadas de forma que o grupo não se perca na discussão e não volte a pontos que já foram discutidos anteriormente. · O secretário deve anotar em quadro, de forma legível e compreensível, as discussões e os eventos ocorridos no grupo tutorial de modo a facilitar uma boa visão dos trabalhos por parte de todos os envolvidos. · Deve, sempre que possível, ser claro e conciso em suas anotações e fiel às discussões ocorridas - para isso solicitar a ajuda do coordenador dos trabalho e do tutor. · Deve respeitar as opiniões do grupo e evitar privilegiar suas próprias opiniões ou as opiniões com as quais concorde. · Deve anotar com rigor os objetivos de aprendizado apontados pelo grupo · Deve anotar as discussões posteriores e classificá-las segundo os objetivos de aprendizado anteriormente apontados Membros ativos do grupo: deverão se esforçar para realizar uma boa discussão do problema, de forma metódica, respeitando as diretrizes do coordenador do grupo. · Acompanhar todas as etapas do processo · Participar das discussões · Ouvir e respeitar a opinião do colega · Fazer questionamentos · Procurar alcançar os objetivos de aprendizagem 2)Descrever o perfil do egresso do curso de medicina constante das Diretrizes Curriculares do Ministério da Educação e Cultura (MEC). 30% em atenção básica e emergência e urgência no SUS. Atender aos princípios do sus – humanista e generalista – direcionada nos princípios integrais Parágrafo único: O Curso de Graduação em Medicina tem carga horária mínima de 7.200 (sete mil e duzentas) horas e prazo mínimode 6 (seis) anos para sua integralização. Art. 3º O graduado em Medicina terá formação geral, humanista, crítica, reflexiva e ética, com capacidade para atuar nos diferentes níveis de atenção à saúde, com ações de promoção, prevenção, recuperação e reabilitação da saúde, nos âmbitos individual e coletivo, com responsabilidade social e compromisso com a defesa da cidadania, da dignidade humana, da saúde integral do ser humano e tendo como transversalidade em sua prática, sempre, a determinação social do processo de saúde e doença. Art. 4º Dada a necessária articulação entre conhecimentos, habilidades e atitudes requeridas do egresso, para o futuro exercício profissional do médico, a formação do graduado em Medicina desdobrar-se-á nas seguintes áreas: I - Atenção à Saúde; II - Gestão em Saúde; III - Educação em Saúde. Art. 5º Na Atenção à Saúde, o graduando será formado para considerar sempre as dimensões da diversidade biológica, subjetiva, étnico-racial, de gênero, orientação sexual, socioeconômica, política, ambiental, cultural, ética e demais aspectos que compõem o espectro da diversidade humana que singularizam cada pessoa ou cada grupo social, no sentido de concretizar: I - acesso universal e equidade II - integralidade e humanização do cuidado III - qualidade na atenção à saúde IV - segurança na realização de processos e procedimentos V - preservação da biodiversidade com sustentabilidade VI - ética profissional VII - comunicação, por meio de linguagem verbal e não verbal VIII - promoção da saúde IX - cuidado centrado na pessoa sob cuidado, na família e na comunidade X - Promoção da equidade no cuidado Art. 6º Na Gestão em Saúde, a Graduação em Medicina visa à formação do médico capaz de compreender os princípios, diretrizes e políticas do sistema de saúde, e participar de ações de gerenciamento e administração para promover o bem estar da comunidade (...) Art. 7º Na Educação em Saúde, o graduando deverá corresponsabilizar-se pela própria formação inicial, continuada e em serviço, autonomia intelectual, responsabilidade social, ao tempo em que se compromete com a formação das futuras gerações de profissionais de saúde, e o estímulo à mobilidade acadêmica e profissional (...) Art. 8º (...)Parágrafo único. Para os efeitos desta Resolução, competência é compreendida como a capacidade de mobilizar conhecimentos, habilidades e atitudes, com utilização dos recursos disponíveis, e exprimindo-se em iniciativas e ações que traduzem desempenhos capazes de solucionar, com pertinência, oportunidade e sucesso, os desafios que se apresentam à prática profissional, em diferentes contextos do trabalho em saúde, traduzindo a excelência da prática médica, prioritariamente nos cenários do Sistema Único de Saúde (SUS). 3)Identificar os movimentos de mudanças da formação médica, justificando a necessidade de formar médicos de maneira diferente (Modelo Flexner). Passou um histórico -desde dos primórdios como era a atuação médica.Não precisava de uma liberação para que a faculdades fossesm abertos, não tinha padronização dos cursos de medicina. Abraham Flexner, médico americano, que assume, em 1910, um amplo estudo sobre a educação médica norte-americana. Além de influenciar o ensino norte-americano, influenciou a prática médica mundial, consolidando o paradigma da medicina científica, que orientou e que ainda orienta em muitos lugares o ensino e as práticas profissionais na área da saúde ao longo de todo o século XX. Suas principais características são: a segmentação em ciclos básico e profissional, o ensino baseado em disciplinas ou especialidades e ambientado em sua maior parte dentro de hospitais. O modelo flexneriano começou a ser implantado no Brasil na década de 40, influenciando os novos cursos de Medicina, Odontologia e Enfermagem, além de reformular os cursos já existentes A utilização de um currículo integrado, flexível, dinâmico e contextualizado, centrado no estudante, facilita a articulação entre teoria e prática. Esse intenciona aperfeiçoar a autonomia individual, desenvolver a interdisciplinaridade, a fim de favorecer a compreensão de aspectos cognitivos, afetivos, socioeconômicos, políticos e culturais, constituindo uma prática pedagógica socialmente contextualizada. A articulação entre conhecimento, habilidades, tecnologia e o atendimento a uma demanda social fizeram com que a formação dos profissionais de saúde fosse revista e reestruturada. No atual contexto social, considerando-se as relações dinâmicas e as constantes transformações no mundo, a formação fragmentada do profissional de saúde que valoriza as especializações, o cuidado curativo, individual e hospitalocêntrico destoa das reais necessidades coletivas. A fim de abandonar a visão reducionista e fragmentada da saúde para um atendimento integral e humanizado As novas diretrizes são o resultado de uma resposta política a uma necessidade popular, tendo como um dos pontos-chave a educação em saúde voltada para a corresponsabilização do acadêmico na sua formação, garantindo-lhe autonomia no seu processo de construção do conhecimento A metodologia tradicional, historicamente, rege a formação dos profissionais de saúde, sendo caracterizada por um modelo pedagógico pautado no acúmulo mecânico de informações propedêuticas, compartimentalizando o conhecimento em campos altamente especializados, em busca da eficiência técnica Flexner: a necessidade da associação da universidade com hospitais-escola, laboratórios para experimentação, o ensino das ciências básicas e a prática clínica, sob orientação de docente conceituado É importante ressaltar que formar profissionais para atuar no sistema de saúde sempre foi um desafio, para isso, deve-se, então, aproximar a teoria da realidade, envolvendo a participação de alunos, professores, profissionais, usuários e gestores para a resolução dos problemas de saúde. Sendo assim, os conteúdos essenciais do curso de graduação em medicina devem guardar estreita relação com as necessidades de saúde frequentemente identificadas nas comunidades. Ademais, a compreensão dos determinantes sociais, culturais, comportamentais, psicológicos, ecológicos, éticos e legais, nos níveis individual e coletivo, torna-se essencial para complementar o estudo biológico. · Muitas faculdades de medicinas não tem uma prova de retificação – precisa de ser estudado, porque a medicina está em constante mudanças. · Para o Flexer a faculdade tinha que ser estadista · Faculdade – é focada somente em um eixo temático. Universidade tem extensão, pesquisa..... · Considera o aspecto pscicosocial e não somente as questões biológicas – medicina atual · Modelo flexeriano considera a doença e não o doente. 4)Caracterizar metodologias ativas de ensino-aprendizagem, diferenciando-as. Metodologias ativas como uma possibilidade de ativar o aprendizado dos estudantes, colocando-os no centro do processo, em contraponto à posição de expectador, conforme descrito anteriormente. Ao contrário do método tradicional, que primeiro apresenta a teoria e dela parte, o método ativo busca a prática e dela parte para a teoria O aprendiz passa a ter mais controle e participação efetiva na sala de aula, já que exige dele ações e construções mentais variadas, tais como: leitura, pesquisa, comparação, observação, imaginação, obtenção e organização dos dados, elaboração e confirmação de hipóteses, classificação, interpretação, crítica, busca de suposições, construção de sínteses e aplicação de fatos e princípios a novas situações, planejamento de projetos e pesquisas, análise e tomadas de decisões No método ativo, os estudantes ocupam o centro das ações educativas e o conhecimento é construído de forma colaborativa. Assim, o método ativo propõe o movimento inverso, ou seja, passam a ser compreendidos como sujeitos históricos e, portanto, a assumir um papel ativo na aprendizagem, posto que têm suas experiências, saberes e opiniões valorizadas como ponto de partida para construção do conhecimento.Com base nesse entendimento, o método ativo é um processoque visa estimular a autoaprendizagem e a curiosidade do estudante para pesquisar, refletir e analisar possíveis situações para tomada de decisão, sendo o professor apenas o facilitador desse processo. Método da Problematização: Arco de Maguere: arco de Maguerez, base para a aplicação da Metodologia da Problematização, foi elaborado na década de 70 do século XX, e tornado público por Bordenave e Pereira (1989) a partir de 1977, mas foi pouco utilizado na época pela área da educação. Com o fortalecimento da necessidade de uma perspectiva de ensino mais voltada para a construção do conhecimento pelo aluno, essa alternativa passou a ser considerada nas últimas décadas do século XX, para além das áreas de Agronomia e Enfermagem, alcançando a área da Educação. 1. Partir da observação da realidade de uma sala de aula, durante alguns dias/horas, para a identificação de problemas pedagógicos e a escolha de um deles para o desenvolvimento da investigação. 2. Refletir sobre os possíveis fatores e determinantes maiores do problema eleito e definição dos pontos-chave do estudo. 3. Investigação de cada um dos pontos-chave, buscando informações onde quer que elas se encontrem e analisando-as para se responder ao problema, compondo assim a teorização; 4. Elaboração de hipóteses de solução para o problema. 5. Aplicação de uma ou mais das hipóteses de solução, como um retorno do estudo à realidade investigada. TBL: Team Based Learning: este método estrutura-se basicamente em três etapas: (1) Preparação (consulta prévia dos alunos a um material antes da aula); (2) Garantia de Preparação (avaliação individual e em equipe com feedback imediato do professor); (3) Estudos de Caso (análise e/ou aplicação de conceitos de forma prática). As equipes são heterogêneas para que os alunos possam exercitar pensar, discutir e decidir em um grupo, tal qual na vida profissional, composto por pessoas que pensem diferente, e que tenham reações e decisões distintas as dos pares que geralmente escolhemos trabalhar por facilidade e afinidade de pensamento e conduta. O fato de as equipes permanecerem fixas cria um elo de compromisso em prol de objetivos comuns e exercita a maleabilidade dos integrantes no sentido de um bem maior que é o êxito do coletivo. Na etapa 1, os alunos consultam antes da aula um material pedagógico disponibilizado pelo professor, podendo ser textos, filmes, videoaulas, etc. Essa preparação prévia é sumamente importante, pois, sem ela, o aluno não consegue realizar a avaliação individual e pouco contribui na discussão da avaliação em grupo. Na etapa 2, quando inicia o processo de garantia de preparo, em sala, o professor na hora acordada previamente, aplica uma avaliação individual e, após esta, os alunos reúnem-se nas equipes na qual realizam a mesma avaliação, ambas sem consulta. No momento individual, o aluno pode aferir o quanto compreendeu do assunto e, ao passar para a equipe, podem juntos revisar e refinar suas compreensões individuais, chegando a uma resposta única. Em seguida, passa-se ao momento do feedback imediato, quando o professor registra as respostas de todos os grupos e passa à correção, em que os grupos justificam suas respostas e o professor faz os devidos esclarecimentos. É natural que o professor se atenha mais tempo em questões com maiores divergências nas respostas dos grupos. Na etapa 3, ocorrem os chamados estudos de caso, onde “os estudantes devem ser desafiados a fazerem interpretação, inferências, análises ou sínteses” do conhecimento do módulo correspondente. Pelo fato do TBL ser um método que moldou-se e disseminou-se a partir de cursos da área da saúde, esta etapa é a que o professor expõe casos clínicos aos alunos e estes têm de realizar diagnósticos e encaminhar profilaxias. A aula expositiva entra no final do processo, com o objetivo de esclarecer e aprofundar pontos que não tenham sido atingidos nas etapas anteriores. Metódo PBL = explicado no objetivo seis Medicina curativa e atuante preventiva e assistencialista. Novas metodologias 5)Descrever os passos do método da Aprendizagem Baseada em Problemas (PBL), identificando as bases que fundamentam este método. PBL: Na ABP, os problemas são elaborados pelos docentes e devem: ser formulados segundo uma descrição neutra de fenômenos ou eventos da realidade do modo mais concreto possível”; ativar os conhecimentos prévios dos estudantes; e apresentar um desafio cognitivo para o qual se reconhece a utilidade. Idealmente, o papel do tutor deve ser de um facilitador desse processo, e os estudantes devem participar de modo colaborativo e cooperativo no processamento do problema. Bases do pbl 12 problemas · Educação Centrada no Estudante · Educação Integrada e Integradora · Aprendizagem Baseada em Problemas · Relevância de Problemas Prioritários em Diversidade de Cenários · Avaliação Formativa “Versus” Somativa (somação de informações) · Uso de Tempo “Eletivo” · Equilíbrio entre Conhecimentos, Habilidades e Atitudes · Seleção de Conhecimentos Essenciais. · Capacitação Docente em Habilidades que vão além da Especialidade que exercem · Fortalecimento das Relações entre Docentes e Estudantes · Desenvolvimento da Capacidade de Análise e de Avaliação Crítica · Uso de grupos pequenos e docentes facilitadores As metodologias ativas de ensino-aprendizagem, particularmente com enfoque problematizador, vêm sendo utilizadas na formação e capacitação de profissionais de saúde, como estratégia voltada à integração de saberes e à promoção de uma atitude crítica e reflexiva sobre a prática. Ele tem como foco a aprendizagem ativa, centrada no aluno, por meio do estudo autônomo e da discussão de problemas atuais, relacionados com a disciplina ou com outros contextos sociais, econômicos Sete passos do PBL – importante Passo 1 - Esclarecer termos e expressões no texto do problema Passo 2 - Definir o problema Passo 3 - Analisar o problema Passo 4 - Sistematizar análise e hipóteses de explicação ou solução do problema Passo 5 - Formular objetivos de aprendizagem Passo 6 - Identificar fontes de informação e adquirir novos conhecimentos individualmente Passo 7 - Sintetizar conhecimentos e revisar hipóteses iniciais para o problema (debate e compartilhamento do que foi aprendido nos estudos individuais.) 1. Leitura do problema, identificação e esclarecimento de termos desconhecidos; 2. Identificação dos problemas propostos pelo enunciado; 3. Formulação de hipóteses explicativas para os problemas identificados no passo anterior (os alunos se utilizam nesta fase dos conhecimentos de que dispõem sobre o assunto); 4. Resumo das hipóteses; 5. Formulação dos objetivos de aprendizado (trata-se da identificação do que o aluno deverá estudar para aprofundar os conhecimentos incompletos formulados nas hipóteses explicativas); 6. Estudo individual dos assuntos levantados nos objetivos de aprendizado; 7. Retorno ao grupo tutorial para rediscussão do problema frente aos novos conhecimentos adquiridos na fase de estudo anterior7 6)Apresentar evidências sobre a efetividade do método PBL, comparando-o aos métodos tradicionais. Evidências: Curitiba-PR, Brasil, um estudo realizado com 152 estudantes de Medicina, evidenciaram que a autonomia do estudante é progressiva com o método ABP. Ao longo dos semestres, o desenvolvimento do pensamento crítico progride durante as tutorias. Além disso, os módulos de Habilidades Médicas e Interação Ensino-Serviço na comunidade têm um papel fundamental, havendo um aprofundamento dos conhecimentos adquiridos e uma visão clara de suas futuras atividades profissionais. Coréia, em um estudo comparativo, avaliou o conhecimento e habilidade de 30 alunos de Fisiologia Respiratória que tiveram aulas fundamentadas na aprendizagem baseada em problemas com outros 30 que tiveram formação acadêmica pelo modelo tradicional de ensino. Foram aplicados testes de múltipla escolha e exame prático para ambos os grupos de estudantes. Através da pesquisa, constatou-se que alunos que utilizaram ABP obtiveram melhores escores em relaçãoaqueles que cursaram o currículo tradicional. Paquistão, realizaram um estudo com 23 alunos. Ao avaliar o método, os discentes relataram que apenas se beneficiariam do método quando iniciassem o ciclo clínico, pois no ciclo básico não conseguem aplicar na prática o que aprendem nos problemas e ainda, disseram que o tempo de estudo individual é insuficiente, o que acaba prejudicando o aprendizado. Mas houve mudanças de comportamento positivas, pois passaram a desenvolver habilidades de comunicação, aprenderam a trabalhar em grupo e se tornaram mais autoconfiantes. A maioria dos estudantes relatou a abordagem centrada no aluno como encorajadora, pois os motiva a buscarem informações, uma vez que a participação do aluno é a peça chave para o sucesso do grupo tutorial. Na Argentina, estudaram a comparação da ABP com o método tradicional no ensino de microbiologia. Nenhuma diferença significativa foi observada no conhecimento adquirido nos dois grupos. O grupo ABP mostrou maior motivação e comprometimento para desenvolver as atividades atribuídas, mas essa diferença não foi estatisticamente significativa. Metodologia tradicional: A metodologia tradicional, historicamente, rege a formação dos profissionais de saúde, sendo caracterizada por um modelo pedagógico pautado no acúmulo mecânico de informações, em busca da eficiência técnica, na formação fragmentada do profissional de saúde que valoriza as especializações, no cuidado curativo, individual e hospitalocêntrico destoa das reais necessidades coletivas. Desgaste do método tradicional, que afasta o médico do paciente, tornando-o cada vez mais cientista e menos solidário. Metodologia ativa: A integralidade é o eixo norteador da prática médica, o ensino deve basear-se em práticas centradas no usuário e não em procedimentos, rejeitando a rigidez engessada da grade curricular tradicional curativa e voltando-se para atividades preventivas. Diferença entre a metodologia ativa e a metodologia tradicional O método tradicional de ensino é baseado, principalmente, em um âmbito teórico que, para muitos alunos, resulta na memorização dos conteúdos para serem aplicados posteriormente em provas, que irão culminar na aprovação ou não. Já a ABP, por começar com a apresentação de um problema, rompe com esse pressuposto de memorização a ser utilizada em provas. A memorização deixa de ser monótona e passa a ser compreensiva, conferindo maior significância e aplicabilidade dos conhecimentos adquiridos. Espiral construtiva 7)Justificar a importância da avaliação acadêmica, diferenciando avaliação formativa e avaliação somativa. Avaliação do estudante A avaliação Formativa é aquela que tem como finalidade principal prover “feedback” construtivo para o estudante. Tem a finalidade de melhorar a qualidade. Não tem a intenção de tomar a decisão de quem vai progredir ou não. A avaliação Somativa decide sobre quem deve progredir ou não. É usada para certificação do indivíduo. Tem a finalidade verificar a altura dos padrões aceitáveis e definir pela continuidade, reestruturação ou descontinuidade do mesmo. Avaliação Formativa: A avaliação formativa tem como função informar o aluno e o professor sobre os resultados que estão sendo alcançados durante o desenvolvimento das atividades; melhorar o ensino e a aprendizagem; localizar; apontar; discriminar deficiências; insuficiências, no desenvolvimento do ensino-aprendizagem para eliminá-las, proporcionar feedback de ação (leitura, explicações, exercícios). A avaliação formativa tem como finalidade “proporcionar informações acerca do desenvolvimento do processo de ensino e aprendizagem, para que o professor possa ajustá-lo às características dos estudantes a que se dirige. Suas funções são as de orientar, apoiar, reforçar e corrigir”. Avaliação Somativa: Como o próprio nome já revela a avaliação somativa preocupa-se em somar resultados da aprendizagem a partir de atividades ministradas e desenvolvidas como a função classificatória, pois classifica o nível de aprendizagem de acordo com notas obtidas. A avaliação somativa manifesta-se nas propostas de abordagem tradicional, em que a condução do ensino está centrada no professor, baseia-se na verificação do desempenho dos alunos perante os objetivos de ensino estabelecidos no planejamento. Para examinar os resultados obtidos, são utilizados teste e provas, verificando quais objetivos foram atingidos considerando-se o padrão de aprendizagem desejável e, principalmente, fazendo o registro quantitativo do percentual deles. 8)Descrever a Taxonomia de Bloom e a pirâmide de Miller, ilustrando o uso destes instrumentos na construção dos objetivos de aprendizagem e como modelos de competência profissional (verificação, complexidade). Taxonomia de Bloom Taxonomia é um termo bastante usado em diferentes áreas e, segundo a Wikipédia (2006), é a ciência de classificação, denominação e organização de um sistema pré-determinado e que tem como resultante um framework conceitual para discussões, análises e/ou recuperação de informação Duas das inúmeras vantagens de se utilizar a taxonomia no contexto educacional são: · Oferecer a base para o desenvolvimento de instrumentos de avaliação e utilização de estratégias diferenciadas para facilitar, avaliar e estimular o desempenho dos alunos em diferentes níveis de aquisição de conhecimento; e · Estimular os educadores a auxiliarem seus discentes, de forma estruturada e consciente, a adquirirem competências específicas a partir da percepção da necessidade de dominar habilidades mais simples (fatos) para, posteriormente, dominar as mais complexas (conceitos). Domínios (possibilidade de conhecimento) · Cognitivo: relacionado ao aprender, dominar um conhecimento. Envolve a aquisição de um novo conhecimento, do desenvolvimento intelectual, de habilidade e de atitudes. Inclui reconhecimento de fatos específicos, procedimentos padrões e conceitos que estimulam o desenvolvimento intelectual constantemente. Organização dos processos de aprendizagem para estimular o desenvolvimento cognitivo. Nesse domínio, os objetivos foram agrupados em seis categorias e são apresentados numa hierarquia de complexidade e dependência (categorias), do mais simples ao mais complexo. Para ascender a uma nova categoria, é preciso ter obtido um desempenho adequado na anterior, pois cada uma utiliza capacidades adquiridas nos níveis anteriores. As categorias desse domínio são: Conhecimento; Compreensão; Aplicação; Análise; Síntese; e Avaliação; Para adquirir uma nova habilidade pertencente ao próximo nível, o aluno deve ter dominado e adquirido a habilidade do nível anterior. A taxonomia proposta não é apenas um esquema para classificação, mas uma possibilidade de organização hierárquica dos processos cognitivos de acordo com níveis de complexidade e objetivos do desenvolvimento cognitivo desejado e planejado. Conhecimento: memorização de padrões e conceitos, habilidade de lembrar um conteúdo. (menos complexo) – aprender as quatros operações básicas - executar Compreensão: habilidade de dar significado ao conteúdo – traduzir problemas – criação uma situação para aplicar o problema, porque existe as 4 operações básicas. Aplicação: habilidade de usar o conteúdo – utilizar a aprendizagem em novas situações Análise: habilidade de subdividir o conteúdo – estruturar a informação e repansar para outros colegas Síntese: habilidade de agregar e juntar partes ao conteúdo – estruturar situações com esses conhecimentos – Criar uma própria argumentação Avaliação: habilidade de julgar o valor do conteúdo para um propósito especifico.(mais complexo) – fazer julgamento, se é bom ou ruim a regra de três. Revisada · Afetivo: relacionado a sentimentos e posturas. Envolve categorias ligadas ao desenvolvimento da área emocional e afetiva, que incluem comportamento, atitude, responsabilidade, respeito, emoção e valores. Para ascender a uma nova categoria é preciso ter obtido um desempenho adequado na anterior, pois cada uma utiliza capacidades adquiridas nos níveis anteriores para serem aprimoradas.As categorias desse domínio são: Receptividade; Resposta; Valorização; Organização; e Caracterização; · Psicomotor: relacionado a habilidades físicas específicas. Bloom e sua equipe não chegaram a definir uma taxonomia para a área psicomotora, mas outros o fizeram e chegaram a seis categorias que incluem ideias ligadas a reflexos, percepção, habilidades físicas, movimentos aperfeiçoados e comunicação não verbal. Para ascender a uma nova categoria, é preciso ter obtido um desempenho adequado na anterior, pois cada uma utiliza capacidades adquiridas nos níveis anteriores. As categorias desse domínio são: Imitação; Manipulação; Articulação; e Naturalização. Embora todos os três domínios (cognitivo, afetivo e psicomotor) tenham sido amplamente discutidos e divulgados, em momentos diferentes e por pesquisadores diferentes, o domínio cognitivo é o mais conhecido e utilizado. Muitos educadores se apoiam nos pressupostos teóricos desse domínio para definirem, em seus planejamentos educacionais, objetivos, estratégias e sistemas de avaliação. Pirâmide de Miller Proposta pelo grande estudioso da educação médica norte-americano George Miller, no início dos anos 1990, que parece particularmente interessante para a escolha de métodos de avaliação aplicados ao ensino nas profissões da saúde. Níveis: Saber: que reporta ao conhecimento dos fatos, princípios e teorias. ( conhecimento mais teorico de fatos e mecanismos) Saber como faz: que envolve habilidades de resolver problemas e descrever procedimentos ( aqui pode usar os memos mecanismos, porém é um conhecimento mais aplicado, para a tomada de decisão e solução de problemas) Mostrar como faz: com a demonstração de habilidades em situação simulada ou padronizada Variam desde a observação direta do atendimento de pacientes reais pelo estudante até exames clínicos objetivos estruturados com o emprego de pacientes simulados, envolvendo tarefas diversificadas, aplicado simultaneamente a grande número de estudantes. Fazer: no qual o estudante é observado em situação de prática com pacientes reais ( no lugr próprio de trabalho) O reconhecimento de uma competência não passa apenas pela identificação de situações a serem controladas, de problemas a serem resolvidos, de decisões a serem tomadas, mas também pela explicitação dos saberes, das capacidades, dos esquemas de pensamento e das orientações éticas necessárias Função da avaliação A avaliação da aprendizagem já não é mais compreendida como o ato de medir o desempenho de um estudante. A avaliação é um instrumento de aprendizagem Avaliação é um método de coleta de dados necessários à melhoria da aprendizagem. Ela auxilia no esclarecimento de metas, na tomada de decisão em relação às mudanças curriculares e determina cada passo do processo ensino-aprendizagem, indicando sua eficácia. oferecer um feedback ao aprendiz, assumindo, assim, uma dimensão orientadora e não seletiva Vantagens e Desvantagens Metodologias ativas Vantagens: · Perspectivas de estudantes de Enfermagem e de Medicina da FAMEMA. · Por partirem de situações reais ou se aproximarem da realidade, estimulam o estudo constante, a independência e a responsabilidade do aluno. · A aprendizagem se torna mais significativa e duradoura. · O estudante adquire o desejo de aprender e se torna estimulado a produzir o próprio conhecimento. · A integração entre os ciclos básico e clínico, entre as disciplinas e entre as dimensões biopsicossociais. · Prepara para o trabalho em grupo, já que é possível desenvolver a capacidade de respeitar o outro, expor opiniões, fazer e receber críticas, além de contribuir para a aproximação entre tutor/estudante e estudante/estudante. Além de se aproximarem do referencial do trabalho em equipe, uma vez que lhe atribuem significados de complementaridade, interdependência, disposição para compartilhar objetivos, decisões e responsabilidades, aprimoramento das relações interpessoais e valorização da comunicação. Desvantagens: A abrupta mudança de método de ensino gera insegurança, requer grande esforço dos atores envolvidos no processo e exige uma mudança de comportamento, maturidade e organização dos estudantes. Sentir-se perdido na busca de conhecimento, principalmente em disciplinas básicas, além dos conteúdos serem pouco explorados, Anatomia, Bioquímica e Fisiologia. Metodologias tradicionais: Vantagens: · Linearidade com a metodologia das escolas regulares de Ensino Fundamental e Médio. · Maior segurança quanto ao cumprimento da grade curricular do curso. Desvantagens: · Um modelo pedagógico pautado no acúmulo mecânico de informações, em busca da eficiência técnica, que gera sobrecarga e superexposição a informações. · Dificuldade de consolidar o conhecimento, devido a carga horária e a grande demanda de conteúdo. · Dificuldade de correlacionar disciplinas, entre si e com a prática efetiva. · Formação fragmentada do profissional da saúde que valoriza as especializações. · Cria futuros médicos distantes dos pacientes, devido ao pouco convívio com a medicina prática, cada vez mais cientistas e menos solidários. Tutoria 2 1. Definir febre puerperal, indicando suas características. “Febre puerperal" é o nome de uma doença que ocorria nas maternidades, matando milhares de mães e crianças. Esse nome descrevia a fase em que a enfermidade ocorria: ela era observada no "puerpério"- o período logo após o parto. A doença era conhecida desde a Antiguidade, mas aumentou muito a partir do século XVII. Coincidentemente, essa foi a época em que os médicos começaram a se dedicar aos cuidados do parto. Antes disso, o nascimento das crianças era acompanhado apenas por parteiras. Entre 1652 e 1862 foram registradas 200 epidemias da doença. Era comum que 1/10 ou mais das mães morressem após o parto. Frequentemente, os bebês também morriam, com sintomas parecidos. Em certos casos, nas fases mais intensas das epidemias, morriam todas as mulheres que entravam nos hospitais. A enfermidade praticamente só ocorria nos hospitais - os partos realizados em casa, por parteiras, raramente eram seguidos pela febre puerperal. No fim do século XVIII, havia várias teorias sobre a causa da febre puerperal. · Uma delas dizia que a causa era a supressão da hemorragia posterior ao parto (isso na verdade é um sintoma e não a causa). · Outra teoria dizia que a causa era o acúmulo de leite dentro do corpo da mulher, após o parto, pois a autópsia dos cadáveres mostrava que muitos órgãos estavam cheios de um líquido branco (na verdade, não se tratava de leite e sim pus). · Outros pensavam que a doença era um distúrbio dos humores - descrito como uma condição gástrico-biliosa. · Também se atribuía a febre puerperal a fatores emocionais como medo, vergonha, etc. Desconfiava-se de fatores externos, atmosféricos – miasmas(sujeira), influências cósmicas ou terrestres. Também parecia existir o contágio: logo que a enfermidade aparecia em uma pessoa, no hospital, ela outras pessoas também adoeciam. A febre parecia se espalhar através de uma emanação virulenta, pelo ar. Na Inglaterra, a teoria mais popular era a do contágio pelo ar. De acordo com nossos conhecimentos atuais, a explicação está errada, mas levou a medidas higiênicas que melhoraram muito as estatísticas. Charles White, em um livro em 1773, atribuiu a febre puerperal às más condições de realização dos partos na Inglaterra. Adotou medidas de limpeza, ar fresco e temperatura ambiente adequada, além de separar as doentes das sãs. Depois que uma doente morresse ou se recuperasse, devia-se limpar o quarto, lavar cortinas e roupas de cama, passar vinagre no chão e móveis, para purificá-lo. Cenário Atual Atualmente, sabe-se que a doença é uma forma de infecção generalizada, que começa no útero e se espalha por todo o corpo, causada por estreptococos. A causa inicial da infecção é a entrada de germes por meio de mãos sujas, instrumentos cirúrgicos, contato com roupas sujas, etc. Como o útero fica ferido após o parto e o desprendimento da placenta, torna-se fácil uma infecção. A infecção puerperal é consideradaum tipo de infecção hospitalar, que tem origem no útero e acomete o aparelho genital após parto ou aborto recente. Trata-se então de qualquer infecção do trato genital, ocorrida durante o puerpério. É uma infecção grave, é uma das principais causas de morbimortalidade materna. A infecção puerperal pode ser polimicrobiana e os agentes patogênicos são microrganismo anaeróbios e aeróbios da flora do trato geniturinário e intestinal. O mais comum é o Streptococcus pyogenes. As infecções pós-parto, quando não causam a morte, podem levar a outras complicações, como a doença pélvica inflamatória e a infertilidade. A endometrite(inflamação do útero) é complicação frequente. Cerca de 10% das mortes maternas no mundo são atribuídas à sepse puerperal, que é considerada a terceira causa direta de mortalidade nesta população. Principais riscos para infecção O parto vaginal apresentar menor risco de infecção puerperal, e quando comparadas as taxas de mortalidade materna, o parto cesariana apresenta três vezes mais chances do que quando comparado ao parto normal no entanto, a origem da infecção pode ser exógena relacionada ao procedimento propriamente dito e condições locais de higiene, ou endógena, relacionada à própria flora genital da paciente. Piemia – conjunto de manifestações graves proveniente de uma infecção Tapiemia – aumento da frequências respiratória e da produção de células sanguíneas Fatores de que pode proporcionar – condições socioeconômicos, hemorragia excessiva, parto prologado, rompimento das barreiras Manifestações clínicas Os sinais e sintomas geralmente incluem febre superior a 38,0 °C, calafrios, dor no abdômen inferior, e possivelmente mau odor do corrimento vaginal. A infecção pode atingir todos os órgãos e a morte era quase sempre a consequência final. 2) Identificar os principais períodos e eventos (marcos) da história da medicina, sinalizando os marcos principais. ● Anatomia Moderna: Andreas Vesalius – 1514 (Bruxelas) Antes do belga Vesalius, médicos não dissecavam cadáveres. O estudo da anatomia era precário, não sistemático. Ele abria cadáveres de indigentes e as vezes violava covas em cemitérios, literalmente se sujando de sangue em nome da ciência. Assumia o risco ao mexer em órgãos infectados e putrefeitos. O resultado do seu trabalho aventuras está em De Humani Corporis Fabrica (A estrutura do corpo humano), um livro de anatomia considerado uma das obras-primas da medicina e porque não da arte. Ensino universitário da anatomia entre o século XIV e a metade do século XVI consistia na leitura de um texto pelo professor para os alunos, geralmente o pequeno e prático Anathomia de Mondino dei Liucci, seguido no século XVI por textos de Galeno, enquanto um assistente, usualmente um cirurgião iletrado, mostrava junto do cadáver as estruturas descritas nesse texto. Objetivo das dissecções conduzidas como parte do treinamento médico era instrução, mas não investigação. Consequência - Avanços no estudo de doenças e tratamentos. Bactérias (microrganismos): Antony van Leeuwenhoek – 1675 (Holanda) Sua descoberta foi devido a uma grande paixão: fabricar e usar microscópios. O holandês Leeuwenhoek, não era médico ou cientista, e saiu do anonimato quando viu criaturas minúsculas agitando-se em uma pequena amostra da água de chuva que havia se acumulado em uma tina, usando lentes que ele mesmo fabricara. Passou então a examinar ao microscópio tudo o que via, de fezes de animais ao próprio esperma. No século XVII, a descoberta dos microrganismos esteve associada à invenção do microscópio. Aquela época, um modelo simples utilizado por Antony van Leeuwenhoek (pronuncia-se lêiven ruk), um comerciante holandês que tinha como passatempo fazer lentes, permitiu que ele observasse na água de chuva o que chamou de animálculos, provavelmente referindo-se a bactérias e protozoários. Por volta de 1673, seus desenhos, feitos a partir de observações com a utilização desse microscópio, fizeram com que esse cientista amador fosse reconhecido pela sociedade científica. Contribuição para: Teoria Celular, Pasteurização, transmissão de doenças. Consequência – Descoberta de uma das maiores causas de doenças e mortes Circulação do sangues: William Harvey – 1628 (Inglaterra) Harvey abria porcos vivos durante suas aulas. Esse médico britânico dedicou a vida a estudar o funcionamento e a anatomia do coração, veias e artérias. O resultado está em Exercitatio Anatomica de Motu Cordis et Sanguinis in Animalibus, obra fundamental sobre a circulação sanguínea, que pôs por terra conceitos errados que sobreviviam havia 14 séculos. Determinou as diferenças entre a circulação arterial e venosa e colocou como órgão principal da circulação. E assim constatou que, nos animais, o coração posto a descoberto se contrai e enrijece, da mesma maneira que se contrai e enrijece o bíceps quando se dobra o braço. Deduziu imediatamente que o coração é precisamente um músculo, mas um músculo do tipo particular, já que é oco, o papel desse músculo oco não era, portanto, difícil de adivinhar, serve para lançar o sangue nos vasos. Mas Harvey conhecia perfeitamente as válvulas em ninho de pombos existentes nas veias. Por conseguinte, conforme já se estabeleceu, quando o coração se contrai para expulsar o sangue que lhe chegou através das veias, este é jorrado unicamente nas artérias. Assim, pois, Harvey foi levado a concluir que as veias levam o sangue ao coração e este o expulsa para as artérias quando das contrações cardíacas. Foi o primeiro a descrever as válvulas membranosas nas veias, que consistem em porções levantadas da sua túnica interior, de forma sigmóide ou semi-lunar, extremamente delicadas. A distância que separa umas das outras é variável de pessoa para pessoa. Aparecem ao longo da parede da veia, voltadas para cima, para a raiz da veia e para o seu lúmen. Pela maior parte dispostas aos pares, uma em face da outra, tocam-se e aderem rapidamente pelos bordos livres, de modo a impedir completamente o sangue de passar da raiz da veia para os seus ramos, ou de uma veia grande para outra menor. Consequência – Avanços no estudo de doenças e técnicas cirúrgicas. ● Vacina: Edward Jenner – 1796 Do latim vaccinae, vacca, que significa “da vaca” ou “relativo à vaca”. Este termo estava presente na expressão latina variolae vaccinae, para descrever a doença conhecida como a “varíola das vacas”. A varíola foi uma doença devastadora para época e matava até 40% dos doentes e, entre aqueles que sobreviviam, muitos ficavam cegos e multilados. O mal também atacava o gado, cavalos e porcos. O britânico Jenner descobriu que, se uma pessoa fosse contaminada pela ferida da varíola bovina, uma forma muito mais branda da doença, ficaria livre de pegar a varíola humana. Estava descoberto o princípio básico da vacina. Povos da África e demais da Ásia, iniciaram os experimentos que provocavam a varíola de forma mais branda por terem percebido que aqueles que já tinham sido infectados e sobreviviam à varíola, não mais contraíam a doença. A variolização era realizada por diferentes técnicas, mas todas com a mesma finalidade de inocular crostas ou pus de pessoas doentes em indivíduos saudáveis, de forma que o receptor do inoculo ficasse protegido das formas agravadas da doença. No entanto nesta fase inicial, as práticas eram bastante arriscadas, podendo gerar além do desenvolvimento da forma grave da doença e morte do receptor, a disseminação da própria varíola e também outras doenças, como sífilis e tuberculose. Janner se baseou na crendice dos camponeses de que aqueles que trabalhavam com vacas não eram infectados pela varíola humana, mas possuíam lesões de moléstia parecida, a vacina, que deu origem a imunização não natural desencadeada pela vacina. Não se deve menosprezar o histórico anterior aos experimentos de Jenner, pois é certo que ele não foi o primeiro a sugerir a imunização pela própria infecção, bem como não inovou na tentativa de inoculá-la com tal propósito. No entanto, ele é considerado precursor da imunologia, pelo fato deapresentar a primeira tentativa científica de controle da doença infecciosa pela vacinação. Edward Janner testou seus experimentos repetidas vezes durante dois anos, de 1796 a 1798, encontrando sempre o mesmo resultado. Após as constatações sobre a segurança e eficácia da inoculação, Jenner iniciou a imunização de crianças utilizando fragmentos de pústulas de cowpox. Na sequência passou a inocular outros indivíduos com o material extraído das feridas de pessoas inoculadas antes, passando, braço a braço, as inoculações. A vacina surgiu em 1789, quando o médico inglês Edward Jenner, em uma experiência transformadora, aplicou linfa das lesões de uma ordenha de vacas em um garoto, a partir da possiblidade de que a pústula da varíola bovina poderia gerar a imunização daqueles que com ela se contatassem, uma vez que após observar que as mulheres que ordenhavam vacas não contraíam a varíola, mas tinham pequenos ferimentos em suas mãos Quase oitenta anos após as descobertas científicas de Edward Janner, o contexto das vacinas ganhou um novo destaque, com os estudos de Pasteur e Koch, sendo o ano de 1870 um importante marco da vacinação, quando se estabeleceram as relações de causa–efeito entre a presença de microrganismos patogênicos e doenças. Pasteur e seus colaboradores desenvolveram a tecnologia de se atenuar o agente causal da doença, permitindo a sua inoculação nos indivíduos. Surge então o conceito de vacina e sua produção em larga escala. Consequência – Prevenção contra varíola e outras doenças graves. Anestesia: Crawford Long – 1842 Até o século 19, os pacientes costumavam desmaiar de dor e desespero durante as operações. Foi quando se descobriu o poder anestésico do éter. O primeiro a testar a teoria na mesa de cirurgia foi o americano Long, que convenceu um paciente a cheirar uma toalha embebida em éter até ficar inconsciente. Quando acordou, o sujeito estava sem um cisto no pescoço, sem memória das últimas horas e, melhor, não precisou sentir as dores atrozes da cirurgia. Na realidade, esta não era a primeira intervenção cirúrgica realizada com anestesia geral pelo éter. Na pequena cidade de Jefferson, no estado da Geórgia, nos Estados Unidos, em 1841, um jovem médico de nome Crawford Williamson Long tinha o hábito de realizar sessões de ether frolics em sua casa. Long participou de várias sessões e teve sua atenção despertada para a insensibilidade que se produzia durante os efeitos do éter, pois, por mais de uma vez, havia se machucado sem nada sentir. Teve, então, a ideia de utilizar o éter em pequenas intervenções cirúrgicas. O primeiro paciente a ser operado sob a ação do éter foi um amigo de nome Venable. Na presença de várias pessoas Long extirpou dois pequenos tumores na nuca do paciente sem que ele nada sentisse. A insensibilidade poderia ser atribuída à hipnose e não ao éter e para obter a prova decisiva, Long aproveitou-se de uma oportunidade ímpar. O filho de um escravo havia queimado a mão e necessitava amputar dois dedos. Long amputou o primeiro deles sob a ação do éter e o segundo depois de cessado o efeito do éter. O rapaz acusou dor somente na segunda amputação. Long chegou a operar oito casos com anestesia pelo éter, porém acreditava que o método não servisse para grandes intervenções a não ser que o paciente inalasse o éter o tempo todo, o que seria arriscado. Circularam rumores na cidade de que o médico estava pondo em risco a vida dos pacientes e certo dia uma comissão constituída das autoridades locais foi ao seu consultório pedir para que ele renunciasse a essas práticas audaciosas, pois, se um doente morresse ele poderia ser linchado em consequência da revolta da população, costume que era frequente na época. Long abandonou o uso do éter e suas experiências pioneiras só se tornaram conhecidas anos depois. Consequência – Cirurgias indolores e mais bem-sucedidas. Raios x: Wilhelm Röntgen – 1895 O alemão Röntgen investigava uma estranha luz amarelo-esverdeada emitida por um aparelho em seu laboratório. Fez vários testes e, desconfiado, chamou a esposa, Bertha, para comprovar seu palpite. Pediu a ela que colocasse a mão esquerda sobre uma chapa fotográfica e ligou o tal aparelho por seis minutos. Quando revelou a chapa, encontrou o desenho dos ossos dos dedos de Bertha e a silhueta de sua aliança. Eram os raios X. No dia 8 de novembro de 1895, Wilhelm Conrad Rõntgen, então professor de física na Universidade de Würzburg, Bavária, Alemanha, descobre uma nova espécie de radiação produzida pela passagem de uma corrente elétrica por um tubo de vidro sob vácuo, e que possuía a singular qualidade de, embora invisível a olho nu, produzir fluorescência ao incidir sobre um papel impregnado por cianureto de bário e platina. Mais impressionante era a capacidade destes raios de atravessar corpos sólidos (madeira, papel, partes do corpo humano), com maior ou menor intensidade, dependendo da natureza do material. Consequência – Método para diagnósticos mais rápidos e precisos. Cultura de tecidos: Ross Harrison – 1906 O zoologista americano Harrison descobriu como cultivar células vivas em laboratório, independentemente das plantas ou animais de onde vieram. A descoberta permitiu estudar moléculas e células de organismos vivos, desenvolver vacinas contra poliomielite, sarampo, caxumba e raiva, auxiliar na busca de indícios que ajudem a descobrir a causa do câncer e da aids. Retirou, em condições assépticas, um fragmento de 3 mm do tubo medular de um embrião de sapo e, com auxílio de uma pipeta fina, colocou em uma lamínula sobre uma gota de linfa de sapo adulto a linfa coagulava rapidamente mantendo o fragmento de tecido em posição fixada no vidro. A lamínula (lamina )era então invertida sobre uma lâmina de vidro contendo uma cavidade no centro e, em seguida, vedada nas bordas com parafina. Com essa técnica, chamada gota pendente, o tecido se mantinha vivo por um período de 1 a 4 semanas, desde que fosse preparado sobre rigorosa assepsia. Como, naquela época, os recursos de fotografia científica estavam ainda em fase inicial, a morfologia da cultura era registrada por meio de um desenho das imagens obtidas pelo microscópio. Nos estudos relacionados com o desenvolvimento embrionário do sistema nervoso, uma das questões mais importantes residia na origem das fibras nervosas. Duas teorias estavam em discussão na época: Hensen, respeitado anatomista alemão, defende a ideia de que as fibras seriam formadas a partir da ligação de pequenos segmentos originários das células locais. Santiago Ramon, na Espanha, e His, na Alemanha, acreditavam na teoria neuronal, admitindo que as fibras se desenvolveram mediante um processo de crescimento de dentro para fora das células. Em continuidade dos seus estudos, Harrison demonstrou, utilizando a técnica da gota pendente, que, de fato, as fibras nervosas emergiam em um processo de crescimento para fora das células, confirmando a teoria neuronal. Consequência – Revolução no estudo das doenças. Colesterol: Nikolai Anichkov – 1912 O russo Anichkov alimentou coelhos com gemas de ovos e descobriu que o animal que mais mata seres humanos no mundo é a galinha. Durante a autópsia, Anichkov notou a presença de placas nas artérias dos coelhinhos, iguais às encontradas nas aortas de corações humanos. Com essa observação, apontou para a medicina o perigo do consumo de colesterol e as doenças provocadas por esse tipo de gordura, como a arteriosclerose. Desde o século 19 já se sabia que as placas de ateroma nas artérias continham colesterol. Em função disso, o patologista russo Nikolaj Anitschkow realizou experimentos em coelhos, nos quais os alimentou com colesterol puro diluído em azeite de oliva. Os coelhos apresentaram depósitos de colesterol nas artérias. Também apresentaram depósitos de colesterol em tendões e outros tecidos conjuntivos. Isso não chega a ser surpresa pois, sendo os coelhos herbívoros , é evidente que não estão metabolicamente equipados para consumir colesterol, acumulando-o em diversos tecidos, coisa que não o correem humanos. Hoje está claro que estes experimentos apenas provam que coelhos não de veriam comer carne , mas na época ajudou a postular a hipótese de que o colesterol e levado no sangue era a causa de seu depósito na parede das artérias (não obstante o fato de que ovelhas, gado, cavalos e babuínos, todo s herbívoros, apresentam placas de aterosclerose embora comam exclusivamente de plantas). Esta teoria lipídica da doença cardiovascular não teve uma vida fácil na primeira metade do século 20. Já em 1936, estudos de necropsia realizados em pacientes que morreram por causas violentas demonstraram que a incidência e se ver idade da aterosclerose não tinha relação alguma com os níveis de colesterol dos falecidos. Consequência – Novos rumos para o estudo das doenças cardíacas · Transfusão sanguíneas – descobriu os grupos sanguíneos · Oswaldo cruz – saneamento básico do Brasil · Anestesia – ausência de sensibilidade, praticar um desmaio Antibióticos: Alexander Fleming – 1929 O médico e bacteriologista escocês Fleming descobriu, em 1929, a fórmula da penicilina, o primeiro antibiótico do mundo. Mas foram necessários mais de 12 anos para que se chegasse à etapa de ministrar a nova fórmula em humanos, o que ocorreu somente durante a Segunda Guerra Mundial. Base dos antibióticos, a penicilina revolucionou a medicina e deu impulso decisivo à moderna indústria farmacêutica. Quando retornou ao trabalho, em setembro, observou que algumas das placas estavam contaminadas com mofo, fato que é relativamente frequente. Colocou-as, então, em uma bandeja para limpeza e esterilização. Neste exato momento entrou no laboratório um seu colega, dr. Pryce, e lhe perguntou como iam suas pesquisas. Fleming apanhou novamente as placas para explicar alguns detalhes ao seu colega sobre as culturas de estafilococos que estava realizando, quando notou que havia, em uma das placas, um halo transparente em torno do mofo contaminante, o que parecia indicar que aquele fungo produzia uma substância bactericida. O assunto foi discutido entre ambos e Fleming decidiu fazer algumas culturas do fungo para estudo posterior O fungo foi identificado como pertencente ao gênero Penicillium, donde deriva o nome de penicilina dado à substância por ele produzida. Fleming passou a empregá-la em seu laboratório para selecionar determinadas bactérias, eliminando das culturas as espécies sensíveis à sua ação. A descoberta de Fleming não despertou inicialmente maior interesse e não houve a preocupação em utilizá-la para fins terapêuticos em casos de infecção humana até a eclosão da Segunda Guerra Mundial, em 1939. Em 1940, sir Howard Florey e Ernst Chain, de Oxford, retomaram as pesquisas de Fleming e conseguiram produzir penicilina com fins terapêuticos em escala industrial, inaugurando uma nova era para a medicina – a era dos antibióticos. Alguns anos mais tarde, Ronald Hare, colega de trabalho de Fleming, tentou, sem êxito, “redescobrir” a penicilina em condições semelhantes às que envolveram a descoberta de Fleming. Após um grande número de experiências verificou que a descoberta da penicilina só se tornou possível graças a uma série inacreditável de coincidências: • o fungo que contaminou a placa, como se demonstrou posteriormente, é um dos três melhores produtores de penicilina dentre todas as espécies do gênero Penicillium; • o fungo contaminante teria vindo pela escada do andar inferior, onde se realizavam pesquisas sobre fungos; • o crescimento do fungo e dos estafilococos se fez lentamente, condição necessária para se evidenciar a lise bacteriana; • no mês de agosto daquele ano, em pleno verão, sobreveio uma inesperada onda de frio em Londres, que proporcionou a temperatura ideal ao crescimento lento da cultura; • a providencial entrada do dr. Pryce no laboratório permitiu que Fleming reexaminasse as placas contaminadas e observasse o halo transparente em torno do fungo, antes de sua inutilização. Consequência – A melhor arma contra bactérias. DNA: Maurice Wilkins – 1953 Hoje já fazemos vacinas, medicações e temos até mesmo o genoma mapeado. Toda essa revolução deve-se na maior parte dos méritos pela descoberta do DNA. James Watson e Francis Crick são uma dupla de cientistas que publicou, em 1953, um artigo em que desvendavam o mistério da estrutura de espiral dupla que caracteriza a “chave da vida”. No entanto, a façanha não seria possível sem os estudos do físico neozelandês Wilkins, o primeiro a isolar uma molécula de DNA e fotografá-la com raios X, revelando a forma helicoidal. Maurice Wilkins, um físico nuclear, e o seu estudante Raymond Gosling, entraram na corrida experimentando uma nova tecnologia, chamada difração de raios-X. Eles fizeram passar raios-X através de ADN e, em seguida, observaram como o feixe de raios-X era disperso. A partir da forma como os raios dispersavam, eles obtiveram uma outra pista: O DNA tem uma estrutura repetitiva simples, com a forma de um saca-rolhas — ou uma hélice. Wilkins foi a uma conferência para contar esta pista a outros cientistas. Consequência – Revolução na biologia molecular. Hipócrates -separação da medicina da religião. Cada doença tinha sua causa, não era uma vontade de Deus Espiritual do que é cientifico 3) Descrever as etapas do método científico (observação, problematização, formulação da hipótese, experimentação, conclusão). O método científico é um processo de pesquisa que segue uma determinada sequência de etapas. Além disso, pode ser definido também como a maneira ou o conjunto de regras básicas empregadas em uma investigação científica com o intuito de obter os resultados mais confiáveis, quanto for possível. A criação do método científico foi atribuída a Descartes, mas, na verdade, tem suas raízes anteriores a ele, com dois grandes pensadores: Roger Bacon e Francis Bacon. O método científico surgiu no século XII, durante o período do Renascimento, após uma decadência geral da civilização na Idade Média, em que não houve praticamente nenhum avanço científico importante De modo geral, o método científico não é um procedimento lógico, rígido e não é uma receita ou uma sequência de passos lineares que necessariamente conduzem a uma resposta ou conclusão. Diante de tal afirmação, o conhecimento científico não é definitivo, nunca termina, está sempre evoluindo. A permanente evolução dos modelos científicos não é uma questão meramente funcionalista, mas as mudanças acontecem de acordo com a evolução da ciência e das regras Observação: Como o próprio diz, é a visualização de um fato (ou fenômeno). Essa observação deve ser repetida várias vezes, buscando obter o maior número possível de detalhes sendo realizada, portanto, com a maior precisão possível. Deve-se tomar o cuidado com os “vícios” para ocorra uma observação correta do fato; em muitos casos, a pessoa ver o que deseja ver, e não o que está ocorrendo de fato. Problematização: Corresponde à execução de questionamentos sobre o fato observado. E para essas perguntas, o pesquisador vai à busca de respostas. Um problema bem formulado é mais importante para a ciência do que a sua solução, pois, abrir caminho para diversas outras pesquisas. Formulação da hipótese: A hipótese nada mais é do que uma possível explicação para o problema. No jargão científico, hipótese equivale, habitualmente, à suposição verossímel, depois comprovável ou denegável pelos fatos, os quais hão de decidir, em última instância, sobre a verdade ou falsidade dos fatos que se pretende explicar. "A hipótese é a suposição de uma causa ou de uma lei destinada a explicar provisoriamente um fenômeno até que os fatos a venham contradizer ou afirmar." (Cervo & Bervian,1974:29) Experimentação: Etapa em que o pesquisador realiza experiências para provar (ou negar) a veracidade de sua(s) hipótese(s). Se, após a execução por repetidas vezes da experiência, os resultados obtidos forem os mesmos, a hipótese é considerada verdadeira. Conclusão: aceita ou nega a hipótese Uma hipótese confirmada nas experimentações passa a ser denominadade lei científica. A um conjunto de leis que explicam um determinado fenômeno (ou grupo deles) chamamos de teoria. As teorias científicas têm validade até que sejam incapazes de explicar determinados fatos ou fenômenos, ou até que algum descobrimento novo comprovado se oponha a elas. A partir de então, os cientistas começam a elaborar outra teoria que possa explicar esses novos descobrimentos. A Ciência é conhecimento evolutivo e não estacionário. Divulgação das informações 4) Caracterizar a história natural das doenças, identificando seus períodos e fases (período epidemiológico e período patogênico) (fase inicial ou de susceptibilidade ou pré-patogênese; fase patológica pré clínica; fase clínica; fase de incapacidade residual). Modelo Leavell e Clarck História natural da doença: refere-se à evolução de uma doença no indivíduo através do tempo, na ausência de intervenção. Descrevendo todos os processos que ocorrem no ambiente e no indivíduo que contrai uma doença até a sua cura, morte ou sequela pela doença. Em outras palavras é o modo próprio de evoluir que tem toda doença ou processo, quando se deixa seguir seu próprio curso. O processo se inicia com a exposição de um hospedeiro suscetível a um agente causal e termina com a recuperação, deficiência ou óbito. Na Figura 2.4 é apresentado o modelo tradicional da história natural da doença e sua relação com os níveis de prevenção propostos por Level e Clark. Definições Período epidemiológico que descreve a relação que acontece entre o ambiente e o homem. Período patológico que descreve as modificações que acontecem no organismo humano. Período pré-patogênico É o período em que a doença ainda não surgiu do organismo. Envolve a interação da pessoa com o ambiente. Por exemplo, a pessoa fuma cigarros enquanto é jovem e saudável OU a pessoa ainda não foi infectada pelo HIV OU a pessoa ainda não foi picada pelo Aedes aegypti infectado pelo zika vírus. No período pré-patogênico, descrevemos a interação da pessoa com os fatores de risco e a interação da pessoa com o ambiente em que ela vive e ainda mais se a pessoa possui condições físicas e genéticas que podem protegê-la ou prejudicá-la em relação à doença. Período patogênico este período se inicia com as primeiras ações que os agentes patogênicos exercem sobre o ser afetado. Seguem-se as perturbações bioquímicas em nível celular, continuam com as perturbações na forma e na função, evoluindo para defeitos permanentes, cronicidade, morte ou cura. Para esses autores, são considerados quatro níveis de evolução no período de patogênese: Interação estímulo-suscetível - nesta etapa a doença ainda não tomou desenvoltura, porém todos os fatores necessários para a sua ocorrência estão presentes. A má nutrição por exemplo, predispõe à ação patogênica do bacilo da tuberculose; altas concentrações de colesterol sérico contribuem para o aparecimento da doença coronariana; fatores genéticos diminuem a defesa orgânica, abrindo a porta do organismo às infecções. Alterações bioquímicas, fisiológicas e histológicas: neste estágio, a doença já está atuando no organismo afetado. Embora não se percebam manifestações clínicas, já existem alterações histológicas com percepção subclínica de caráter genérico. Estas alterações não são perceptíveis. Porém, ainda neste estágio, a doença já está presente e pode ser percebida através de exames clínicos ou laboratoriais orientados. Sinais e sintomas: acima do horizonte clínico os sinais iniciais da doença, ainda confusos, tornam se nítidos, transformam-se em sintomas. É o estágio chamado de clínico, iniciado ao ser atingida uma massa crítica de alterações funcionais no organismo acometido.A evolução da doença encaminha-se então para um desenlace; a doença pode passar ao período de cura, evoluir para a cronicidade ou progredir para a invalidez ou para a morte. Defeitos permanentes, cronicidade: a evolução clínica da doença pode progredir até o estado de cronicidade ou conduzir o doente a um dado nível da incapacidade física por tempo variável. Pode também produzir lesões que serão, no futuro, uma possibilidade para novas doenças. Do estado crônico, com incapacidade temporária para desempenho de alguma atividade específica, a doença pode evoluir para a invalidez permanente ou para a morte. Em alguns casos para a cura. O período patogênico mostra as mudanças que se apresentam no hospedeiro uma vez realizado um estímulo efetivo. O horizonte clínico marca o momento em que a doença é aparentemente clínica. Nesse modelo, é remarcada a importância das diferentes medidas de prevenção que podem ser realizadas dependendo do momento em que se encontre a doença e deste modo as atividades de prevenção primárias são efetuadas no período pré-patogênico e são encaminhadas para promover a saúde e a proteção específica; na prevenção secundária, as ações são o diagnóstico precoce, o tratamento imediato e a limitação do dano; e a prevenção terciária está focada na reabilitação. A prevenção primária que se faz com a intercepção dos fatores pré-patogênicos inclui: (a) promoção da saúde; (b) proteção especifica. A prevenção secundária é realizada no indivíduo, já sob a ação do agente patogênico, ao nível do estado de doença, e inclui: (a) diagnóstico; (b) tratamento precoce; (c) limitação da invalidez. A prevenção terciária consiste na prevenção da incapacidade através de medidas destinadas à reabilitação. Assim, o processo de reeducação e readaptação de pessoas com defeitos após acidentes ou devido a sequelas de doenças é exemplo de prevenção em nível terciário. 5) Definir promoção, prevenção e recuperação da saúde, exemplificando. Promoção: num contexto no qual está em evidência a busca de modelos de atenção à saúde que extrapolem a assistência médico-curativa, a promoção ganha destaque no campo da saúde pública. Ela resgata a concepção da saúde como produção social e busca desenvolver políticas públicas e ações de âmbito coletivo que extrapolem inclusive o enfoque de risco (campo da prevenção). “Promoção de Saúde é o nome dado ao processo de capacitação da comunidade para atuar na melhoria da sua qualidade de vida e saúde, incluindo uma maior participação no controle deste processo”. Intimamente relacionada à vigilância à saúde e a um movimento de crítica à medicalização do setor, a promoção de saúde supõe uma concepção que não restrinja a saúde à ausência de doença, mas que seja capaz de atuar sobre seus determinantes. Incidindo sobre as condições de vida da população, extrapola a prestação de serviços clínico-assistenciais, supondo ações intersetoriais que envolvam a educação, o saneamento básico, a habitação, a renda, o trabalho, a alimentação, o meio ambiente, o acesso a bens e serviços essenciais, o lazer, entre outros determinantes sociais da saúde. A OMS caracteriza como iniciativas de promoção de saúde os programas, as políticas e as atividades planejadas e executadas de acordo com os seguintes princípios: concepção holística, intersetorialidade, empoderamento, participação social, equidade, ações multi-estratégicas e sustentabilidade Uma vez que tem suas ações e políticas dirigidas aos determinantes da saúde, como já visto, operacionalizar a promoção requer a cooperação entre os diferentes setores envolvidos e a articulação de suas ações: legislação, sistema tributário e medidas fiscais, educação, habitação, serviço social, cuidados primários em saúde, trabalho, alimentação, lazer, agricultura, transporte, planejamento urbano etc. Trata-se, portanto, de um processo de fomento ao compromisso político (dos gestores e sociedade civil) e de impulsão às mudanças sociais. Prevenção: o termo 'prevenir' tem o significado de "preparar; chegar antes de; dispor de maneira que evite (dano, mal); impedir que se realize". A prevenção em saúde "exige uma ação antecipada, baseada no conhecimento da história natural a fim de tornar improvável o progresso posterior da doença. As ações preventivas definem-se como intervenções orientadas a evitaro surgimento de doenças específicas, reduzindo sua incidência e prevalência nas populações. A base do discurso preventivo é o conhecimento epidemiológico moderno; seu objetivo é o controle da transmissão de doenças infecciosas e a redução do risco de doenças degenerativas ou outros agravos específicos. Os projetos de prevenção e de educação em saúde estruturam-se mediante a divulgação de informação científica e de recomendações normativas de mudanças de hábitos. Recuperação: quando falavam do lugar de pessoas saudáveis, a promoção de saúde foi o recurso privilegiado; porém, nos momentos em que discutiam alguma doença ou fragilidade, o acesso a serviços e intervenções profissionais para propiciar sua recuperação foi o instrumento requerido. Foi pela aproximação e conversação com essas participantes que se gerou a reflexão sobre os múltiplos sentidos produzidos em torno de tais temas e termos referentes à saúde em seus cotidianos. Nas conversas sustentadas pela necessidade de cuidados especializados, além da questão do acesso se fazer importante (consulta/remédio / exame), no nosso entender, o que se mostrou fundamental para as integrantes do grupo foi a dificuldade para acessar esses cuidados. 6) Caracterizar a medicina baseada em evidências, identificando sua importância. A medicina baseada em evidências se traduz pela prática da medicina em um contexto em que a experiência clínica é integrada com a capacidade de analisar criticamente e aplicar de forma racional a informação científica de forma a melhorar a qualidade da assistência médica. Na MBE, as dúvidas que surgem ao resolver problemas de pacientes são os principais estímulos para que se procure atualizar os conhecimentos. A filosofia da MBE guarda similaridades e pode ser integrada com a metodologia de ensino-aprendizagem denominada Aprendizado Baseado em Problemas. A aquisição de conhecimentos de Epidemiologia Clínica, o desenvolvimento do raciocínio científico, atitudes de autoaprendizagem e capacidade de integrar conhecimentos de diversas áreas são fundamentais para a prática da BEM. Alguém pode ser considerado possuidor das competências necessárias para a prática da MBE quando for capaz de: 1. identificar os problemas relevantes do paciente; 2. converter os problemas em questões que conduzam às respostas necessárias; 3. pesquisar eficientemente as fontes de informação; 4. avaliar a qualidade da informação e a força da evidência, favorecendo ou negando o valor de uma determinada conduta 5. chegar a uma conclusão correta quanto ao significado da informação; 6. aplicar as conclusões dessa avaliação na melhoria dos cuidados prestados aos pacientes. Níveis de evidências Metodologias ativas estimula a MBE: contribui para a formação de profissionais capazes de selecionar adequadamente a fonte do conhecimento e de avaliar criteriosamente como se transferir a informação para a prática médica. Além do mais, é importante que as escolas utilizem métodos didáticos que capacitem o estudante a pesquisar e criticar a informação científica, contribuindo, desta forma, para o desenvolvimento de atitudes que resultem na melhoria da qualidade dos cuidados que o mesmo venha prestar aos seus pacientes ao se tornar médico. Pontos positivos: sensibilidade e usar estatísticas para promover mudança na prática médica 7) Descrever a finalidade das técnicas de higienização das mãos, indicando suas vantagens. Higienização das mãos esse procedimento tem sido recomendado como medida primária no controle da disseminação dos agentes infecciosos. As mãos são consideradas as principais ferramentas dos profissionais que atuam nos serviços de saúde, pois é através delas que eles executam suas atividades. Assim, a segurança dos pacientes, nesses serviços, depende da higienização cuidadosa e frequente das mãos desses profissionais. As mãos constituem a principal via de transmissão de microrganismos durante a assistência prestada aos pacientes, sendo a pele um possível reservatório de diversos germes, que podem ser transferidos de uma superfície para outra, pelo contato direto (pele com pele), ou indireto, através do contato com objetos e superfícies contaminados. Microbiota das mãos: residente e transitória A higienização das mãos apresenta as seguintes finalidades: · Remoção da sujidade, suor, oleosidade, pelos, células descamativas e da microbiota da pele, interrompendo a transmissão de infecções veiculadas ao contato. · Prevenção e redução das infecções causadas pela transmissão cruzada. Tipos de higienização · Higienização simples da mão – água e sabão · Higienização antisséptica das mãos uso sabonete antisséptico · Higienização por fricção antisséptica- utiliza gel ou espuma – podendo substituir a higienização simples das mãos. · Higienização antisséptica cirúrgica ou preparo pré-operatório. Esterilização de todos mecanismos A eficácia da higienização das mãos depende da duração e da técnica empregada. 8) Identificar as características dos principais antissépticos utilizados para a higienização das mãos (espectro antimicrobiano/ eficiência e velocidade de ação) A pele das mãos alberga, principalmente, duas populações de microrganismos: os pertencentes à microbiota residente e à microbiota transitória. A microbiota residente é constituída por microrganismos de baixa virulência, como estafilococos, corinebactérias e micrococos, pouco associados às infecções veiculadas pelas mãos. É mais difícil de ser removida pela higienização das mãos com água e sabão, uma vez que coloniza as camadas mais internas da pele. A microbiota transitória coloniza a camada mais superficial da pele, o que permite sua remoção mecânica pela higienização das mãos com água e sabão, sendo eliminada com mais facilidade quando se utiliza uma solução antisséptica. É representada, tipicamente, pelas bactérias Gram-negativas, como enterobactérias (Ex: Escherichia coli), bactérias não fermentadoras (Ex: Pseudomonas aeruginosa), além de fungos e vírus. Para prevenir a transmissão de microrganismos pelas mãos, três elementos são essenciais para essa prática: agente tópico com eficácia antimicrobiana; procedimento adequado ao utilizá-lo, com técnica adequada e no tempo preconizado; e adesão regular ao seu uso, nos momentos indicados. O principal problema da higienização das mãos não é a falta de bons produtos, mas sim a negligência dessa prática Sabonete comum: não contém agentes antimicrobianos ou os contém em baixas concentrações, funcionando apenas como conservantes. Os sabonetes para uso em serviços de saúde podem ser apresentados sob várias formas: em barra, em preparações líquidas (as mais comuns) e em espuma. Favorecem a remoção de sujeira, de substâncias orgânicas e da microbiota transitória das mãos pela ação mecânica A higienização com sabonete líquido remove a microbiota transitória, tornando as mãos limpas. Esse nível de descontaminação é suficiente para os contatos sociais em geral e para a maioria das atividades práticas nos serviços de saúde. Depende da técnica utilizada e do tempo gasto durante o procedimento, que normalmente dura, em média, 8 a 20 segundos – sem contar o tempo necessário para se deslocar até a pia e retornar. O processo completo leva muito mais tempo, sendo estimado em 40 a 60 segundos. O tempo gasto nessa prática tem influência direta na redução da microbiota transitória Um estudo revelou que a higienização simples das mãos, com água e sabonete comum, falhou em remover patógenos das mãos dos profissionais de saúde, ocorrendo a transmissão de bactéria Gram-negativa em 11 de 12 caso. Os sabonetes não associados a anti-sépticos podem se contaminar, causando colonização das mãos dos profissionais de saúde com bactérias Nos serviços de saúde, recomenda-se o uso de sabonete líquido, tipo refil, devido ao menor risco de contaminação do produto. Com o intuito de estimular a higienização das mãos e não criar obstáculos para a execução do procedimento, recomenda-se que o sabonete seja agradável ao uso, suave e de fácil enxágue, além de nãoressecar a pele, possuir fragrância leve ou ausente e ter boa aceitação entre os usuários Os agentes anti-sépticos utilizados para a higienização das mãos devem ter ação antimicrobiana imediata e efeito residual ou persistente. Não devem ser tóxicos, alergênicos ou irritantes para a pele. Recomenda-se que sejam agradáveis de utilizar, suaves e, ainda, custo-efetivos Alcoois: a atividade antimicrobiana em geral dos álcoois se eleva com o aumento da cadeia de carbono, porém a sua solubilidade em água diminui. Somente os álcoois alifáticos que são completamente miscíveis em água, preferencialmente o etanol, o isopropanol e o n-propanol, são usados como produtos para higienização das mãos A maioria das soluções à base de álcool para a anti-sepsia das mãos contém etanol (álcool etílico), isopropanol (álcool isopropílico), n-propanol ou, ainda, uma combinação de dois destes produtos. Por sua vez, o etanol é reconhecido como agente antimicrobiano, sendo recomendado para o “tratamento” das mãos, desde 1888. Ressalta-se que, no Brasil, é o mais utilizado O modo de ação predominante dos álcoois consiste na desnaturação e coagulação das proteínas. Outros mecanismos associados têm sido reportados, como a ruptura da integridade citoplasmática, a lise celular e a interferência no metabolismo celular. De modo geral, os álcoois apresentam rápida ação e excelente atividade bactericida e fungicida em relação a todos os agentes utilizados na higienização das mãos Soluções alcoólicas entre 60% e 80% são mais efetivas e concentrações mais altas são menos potentes, pois as proteínas não se desnaturam com facilidade na ausência de água. Os álcoois têm pouca atividade contra os esporos e oocistos de protozoários). Nos serviços de saúde em áreas tropicais, a falta de atividade do álcool contra parasitas é um aspecto preocupante no que se refere à promoção do uso do álcool para fricção anti-séptica das mãos. Nessa situação, recomenda-se lavar as mãos com água e sabonete para garantir a remoção mecânica de parasitas Os álcoois têm rápida ação microbicida quando aplicados à pele, mas não têm atividade residual apreciável. Entretanto, a recolonização bacteriana na pele ocorre lentamente após o uso de antiséptico à base de álcool nas mãos. A adição de clorexidina, octenidina ou triclosan à solução alcoólica pode resultar em atividade residual. As preparações alcoólicas não são apropriadas quando as mãos estiverem visivelmente sujas ou contaminadas com material protéico Os álcoois podem prevenir a transferência de patógenos hospitalares. Assim, produtos alcoólicos são mais efetivos na higienização das mãos de profissionais de saúde quando comparados aos sabonetes comuns ou sabonetes associados a anti-sépticos. Os álcoois também são efetivos na anti-sepsia cirúrgica ou no preparo pré-operatório das mãos dos integrantes das equipes cirúrgicas Ressalta-se que a eficácia de preparações alcoólicas para a higienização das mãos é afetada por vários fatores: tipo, concentração, tempo de contato, fricção e volume de álcool utilizado, e também se as mãos estavam molhadas no momento da aplicação do álcool Os produtos alcoólicos usados para higienização das mãos em serviços de saúde estão disponíveis nas formas solução (líquida), gel e espuma. Os dados são limitados quanto à eficácia relativa das várias formulações. Como os álcoois são inflamáveis, as preparações alcoólicas para higienização das mãos devem ser estocadas distantes de altas temperaturas e de fogo. Clorexidina O gluconato de clorexidina, foi desenvolvido na Inglaterra no início dos anos 1950 e introduzido nos EUA nos anos 70. A base clorexidina é pouco solúvel em água, mas a forma digluconato é solúvel em água. A atividade antimicrobiana da clorexidina provavelmente é atribuída à ligação e subseqüente ruptura da membrana citoplasmática, resultando em precipitação ou coagulação de proteínas e ácidos nucléicos. A atividade antimicrobiana imediata ocorre mais lentamente que a dos álcoois, sendo considerada de nível intermediário; seu efeito residual, porém, pela forte afinidade com os tecidos, torna-o o melhor entre os anti-sépticos disponíveis A clorexidina apresenta boa atividade contra bactérias Gram-positivas, menor atividade contra bactérias Gram-negativas e fungos, mínima atividade contra micobactérias, e não é esporicida. Tem atividade in vitro contra vírus envelopados (herpes simples, HIV, citomegalovírus, influenza e vírus sincicial respiratório), mas atividade substancialmente menor contra os vírus não envelopados (rotavírus, adenovírus e enterovírus) A atividade antimicrobiana é pouco afetada na presença de matéria orgânica, incluindo o sangue. Uma vez que a clorexidina é uma molécula catiônica, sua atividade pode ser reduzida por sabonetes naturais, vários ânions inorgânicos, surfactantes não iônicos e cremes para as mãos contendo agentes emulsificantes aniônicos O gluconato de clorexidina tem sido incorporado às várias preparações de higienização das mãos. Formulações aquosas ou detergentes A clorexidina tem efeito residual importante, em torno de seis horas. A adição de baixas concentrações desse anti-séptico (0,5% a 1%) às preparações alcoólicas resulta em atividade residual dessas formulações proporcionada pela clorexidina O uso de clorexidina para a higienização das mãos nos serviços de saúde é seguro e a absorção pela pele é mínima, senão nula. A ocorrência de irritação na pele é concentração-dependente, com probabilidade maior para produtos que contém 4% de clorexidina e quando utilizados com freqüência na higienização das mãos, sendo que reações alérgicas são raras Compostos de Iodo : o iodo é um anti-séptico reconhecido pela sua efetividade desde 1821. Entretanto, devido às propriedades de causar irritação e manchar a pele, foi substituído por PVPI ou iodóforos nos anos 60 Iodóforos: os iodóforos são moléculas complexas compostas de iodo e de um polímero carreador chamado polivinilpirrolidona, cuja combinação aumenta a solubilidade do iodo e provê um reservatório de iodo, liberando-o ao ser utilizado e reduzindo o ressecamento da pele. A quantidade de iodo molecular presente (iodo livre) é que determina o nível de atividade antimicrobiana do iodo, sendo que as soluções de PVPI(Polivinil Pirrolidona Iodo) a 10% contendo 1% de iodo disponível liberam iodo livre de aproximadamente 1 ppm A atividade antimicrobiana ocorre devido à penetração do iodo na parede celular, ocorrendo a inativação das células pela formação de complexos com aminoácidos e ácidos graxos insaturados, prejudicando a síntese protéica e alterando as membranas celulares. O iodóforo tem atividade ampla contra bactérias Gram-positivas e Gram-negativas, bacilo da tuberculose, fungos e vírus (exceto enterovírus), possuindo também alguma atividade contra esporos. Entretanto, em concentrações utilizadas para anti-sepsia, usualmente os iodóforos não têm ação esporicida O iodóforo é rapidamente inativado em presença de matéria orgânica, como sangue e escarro, e sua atividade antimicrobiana também pode ser afetada pelo pH, temperatura, tempo de exposição, concentração e quantidade/tipo de matéria orgânica e compostos inorgânicos presentes (por exemplo, álcool e detergentes). O tempo pelo qual o iodóforo exibe o efeito residual é controverso quando ocorre enxágue após a higienização anti-séptica das mãos. Em um estudo realizado por Paulson apud OMS (WHO, 2006), o efeito residual foi de seis horas, mas vários outros trabalhos demonstraram esse efeito entre 30 e 60 minutos após a anti-sepsia cirúrgica das mãos com iodóforo. Entretanto, em estudos nos quais a contagem bacteriana foi obtida após os indivíduos calçarem luvas por uma a quatro horas, depois da higienização das mãos, os iodóforos demonstraram um pobre efeito residual. Os iodóforos causam menos irritação da pele e menos reações alérgicas que o iodo, porém causam mais dermatite de contato irritativa que outras soluções anti-sépticas comumente utilizadas para a higienização anti-séptica das mãos Triclosan O triclosan, cujo nome químico é éter2,4,4’-tricloro-2’-hidroxidifenil, é um derivado fenólico, introduzido em 1965. É incolor, pouco solúvel em água, mas solúvel em álcool e em detergentes aniônicos A ação antimicrobiana do triclosan ocorre por sua difusão na parede bacteriana, inibindo a síntese da membrana citoplasmática, ácido ribonucléico, lipídios e proteínas, resultando na inibição ou morte bacteriana. Estudos recentes indicam que a atividade antimicrobiana é decorrente da sua ligação ao sítio ativo da redutase protéica enoil-acil, bloqueando a síntese lipídica. Este anti-séptico tem amplo espectro de atividade antimicrobiana, sendo bacteriostático (atua como antibiotico) com concentrações inibitórias mínimas (CIM) entre 0,1 a 10 µg/ ml. Em experimento com contaminação intencional das mãos com bactérias, a higienização antiséptica das mãos por um minuto com triclosan a 0,1% resultou em redução bacteriana de 2,8 log10, resultado semelhante à higienização simples das mãos com água e sabonete comum A velocidade da ação antimicrobiana é intermediária, tem efeito residual na pele como a clorexidina e é minimamente afetada por matéria orgânica. Detergentes contendo triclosan em concentrações menores que 2% são geralmente bem tolerados, sendo que em concentração de 1% apresentou menos problemas na pele do que os produtos à base de iodóforos e solução alcoólica a 70% contendo clorexidina a 4% Qual é o melhor? Dessa forma, a “resposta” ao questionamento supracitado ainda constitui um desafio para os serviços de saúde, dependendo de vários fatores, tais como: indicação, eficácia antimicrobiana, técnica utilizada, preferência e recursos disponíveis, entre outros. Ao decidir pela escolha do produto para higienizar as mãos, o profissional deverá levar em consideração a necessidade de remover a microbiota transitória e/ou residente. Produtos contendo anti-sépticos que exercem efeito residual na pele das mãos podem ser indicados nas situações em que há necessidade de redução prolongada da microbiota (cirurgia e procedimentos invasivos). Esses produtos normalmente não são necessários para a prática clínica diária, mas podem ser indicados em situações de surtos. A escolha do produto também dependerá, além da avaliação da Comissão de Controle de Infecção Hospitalar (CCIH) e da Comissão de Farmácia e Terapêutica (CFT), dos recursos disponíveis, do que é possível em termos práticos e, em certo grau, da preferência pessoal com base na aceitação dos insumos e/ou equipamentos necessários para a prática de higienização das mãos. Tutoria 3 1)Caracterizar anencefalia, identificando suas causas e consequências. O que é anencefalia ou meroanencefalia? A meroanencefalia (ausência parcial do encéfalo) é o mais grave defeito do tubo neural e é também a anomalia mais comum do SNC. Embora o termo anencefalia seja comumente usado, ele é um termo errôneo, pois o encéfalo não está completamente ausente, muitas vezes há falta de partes importantes do cérebro, mas a presença de algumas estruturas do tronco cerebral, o que sustenta a sobrevivência do feto. A anencefalia é uma condição caracterizada pela má formação ou ausência do cérebro e/ou da calota craniana (os rudimentos de cérebro, se existem, não são cobertos por ossos). Não existe cura ou tratamento para a anencefalia. Trata-se de ocorrência rara (1/1.000 ou 1/10.000), conforme as estatísticas. A incidência, na verdade, pode ser maior que essa porque ocorrem muitos casos de abortos espontâneos em que a condição não é diagnosticada. Quais são as causas da anencefalia? Geralmente, a meroanencefalia tem uma herança multifatorial. Esse defeito parece ser decorrente de fatores genéticos, nutricionais e ambientais, durante o primeiro mês de embriogênese. Sabe-se que a incidência de anencefalia aumenta em mães muito jovens ou nas de idade avançada e que essa condição tem seis vezes mais probabilidade de ocorrer em mães diabéticas que nas não diabéticas. A anomalia também tem sido associada a uma elevada exposição a toxinas, tais como cromo, chumbo, mercúrio e níquel. As evidências disponíveis indicam que o distúrbio primário (p. ex., uma droga teratogênica) afeta os destinos celulares, a adesão celular e o mecanismo de fechamento do tubo neural. Isso faz com que as pregas neurais não se fundam e formem o tubo neural. Defeitos no tubo neural também podem ser secundários a lesões que afetam o grau de flexão imposto sobre a placa neural durante a dobra do embrião ou ligados a elas. A meroanencefalia pode ser facilmente diagnosticada por ultra-sonografia, fetoscopia e radiografia, em virtude da ausência de extensas partes do encéfalo e da calvária. A anencefalia pode ser diagnosticada ainda no útero, por volta da décima segunda semana de gestação, através de um exame de ultrassonografia. Em mulheres sem acesso à ultrassonografia a condição da doença só é diagnosticada durante o parto, o que reforça a importância da realização adequada do pré-natal. A prevenção mais indicada para a anencefalia é a ingestão de ácido fólico durante a gestação, que previne más formações fetais de maneira geral. Ela é duas a quatro vezes mais comum em mulheres do que em homens. A meroanencefalia é a mais comum das anomalias graves observadas em fetos natimortos. Recém-nascidos com essa grave DTN(distúrbio do tubo neural) podem sobreviver ao parto, mas apenas por um curto período. Suspeita-se de meroanencefalia no útero quando há um nível elevado de alfa-fetoproteína ( alfa feto proteína é uma glicoproteína sintetizada pelo fígado, a AFP é a principal proteína do soro fetal, daí o seu nome, pois é produzida no desenvolvimento do embrião e do feto.) no líquido amniótico. Um excesso de líquido amniótico (poliidrâmnio) está frequentemente associado à meroanencefalia, possivelmente por faltar ao feto o controle nervoso necessário à deglutição do líquido amniótico; sendo assim, o líquido não vai para o intestino para sua absorção e consequentemente não é transferido para a placenta para ser eliminado. Consequências Os fetos anencéfalos podem assumir posições anômalas, dificultando o parto, já que o fenômeno físico do parto precisa do crânio. O ombro deles, não se sabe o porquê, é maior. E ainda existe o risco de não contração uterina após o parto levando a hemorragias no pós-parto, o que pode colocar a vida da mulher em risco. O prognóstico para estes pacientes é a morte. A maioria dos fetos não sobrevive ao nascimento. Quando o feto nasce com vida ele geralmente morre em poucas horas ou dias, de parada cardiorrespiratória. Cerca de 75% dos bebês morrem dentro do útero ou durante o parto e os restantes 25% morrem dentro de algumas horas ou dias após o parto. Há raros casos de sobrevivência de 20 a 24 meses. Se o bebê com anencefalia chega a nascer, ele geralmente é cego, surdo, inconsciente e incapaz de sentir dor, sendo, portanto, inviável. 2)Diferenciar interrupção da gestação: aborto X parto prematuro. Aborto espontâneo Aborto induzido ou provocado - medicamentos Precoce antes da 13 semana Tardio – entre a 13 a 22 semana Aborto: expulsar espontaneamente o feto ou retirá-lo por meios artificiais, sem que ele tenha condições de sobrevivência fora do útero materno. Aborto é a expulsão prematura do feto ou do embrião antes do tempo do parto. É a expulsão ou extração de um embrião ou feto pesando menos de 500g (aproximadamente 20-22 semanas de gestação), independentemente ou não da presença de sinais vitais. Sendo que a interrupção da gestação após esse período se chama antecipação do parto. Abortamento: é o ato de abortar, interrupção da gestação antes que o feto seja viável. · “abortamento” refere-se ao processo e “aborto”, ao produto eliminado. O abortamento é definido como a interrupção da gravidez antes de atingida a viabilidade fetal. Aborto é o processo de interrupção da gestação de fetos de até 20 ou 22 semanas, com peso previsto de até 500 gramas, sendo que a interrupção da gestação após esse período se chama antecipação do parto. Ele pode ser espontâneo (natural) ou induzido (provocado). Interrupção da gestação:refere ao processo de impedimento das etapas gestacionais, não necessariamente compatíveis com a vida, como é o caso da anencefalia que não terá viabilidade em nenhum momento. Todo aborto voluntário é uma interrupção voluntária de gravidez, mas nem toda interrupção voluntária de gravidez é aborto. Causas do aborto – mulheres tabagismo, imc e idade Parto prematuro: quando um bebê nasce antes de completar 37 semanas ou antes, o bebê é considerado prematuro e o nascimento prematuro. No Brasil, aproximadamente 10% dos bebês nascem antes do tempo. Mas o avanço da medicina tem possibilitado que a grande maioria consiga se desenvolver e crescer com saúde. A Organização das Nações Unidas (ONU) estima que, todos os anos, cerca de 15 milhões de crianças no mundo nasçam antes de completar 37 semanas de gestação. No Brasil, a prevalência de partos de crianças prematuras chega a 11,7%, segundo estudo de 2013 do Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef). A prematuridade é um fator de risco. Quanto maior o grau de prematuridade, maior o potencial de ocorrer algum atraso ou prejuízo no desenvolvimento funcional. Parto prematuro peso e idade: quando um feto com peso normal nasce durante este período, ele é considerado prematuro pela data, em oposição aos que são prematuros pelo peso. Baixo peso ao nascimento (abaixo de 2.000 g) é o principal prognóstico de morte infantil Causas A ruptura da membrana amniocoriônica é o evento mais comum que leva à antecipação do trabalho de parto e ao nascimento prematuro. O parto prematuro é duas vezes mais frequente do que nas mães que não fumam, e seus filhos pesam menos do que o normal Contrações de treinamento – pode confundir a mulher e passar o tempo do bebê nascer. Algumas das causas maternas de parto prematuro são: · Rotura prematura da bolsa amniótica; · Incompetência do colo uterino; · Infecção uterina; · Descolamento da placenta; · Pré-eclampsia; · Anemia; · Doenças como tuberculose, sífilis, infecção renal; · Gravidez de gêmeos ou mais bebês; · Fertilização in vitro; · Malformação fetal; · Esforço físico intenso; · Uso de drogas ilícitas e bebidas alcoólicas; · Miomas uterinos; · Cesariana anterior; · Vaginose bacteriana; · Presença de estreptococos do grupo B. 3)Diferenciar moral, ética e bioética, listando seus princípios e aplicações. Moral (regras, ordens, regulamentos, o que é esperado socialmente) Conjunto de normas que regulam o comportamento do homem em sociedade e, estas normas são adquiridas pela educação, tradição e cotidiano. Moral é o conjunto de regras que determinam o comportamento dos indivíduos em um grupo social. [...] Diz respeito à ação moral concreta, quando nos perguntamos: o que devo fazer? Como devo agir nessa situação? O que é certo? O que é condenável? e assim por diante Moral é o conjunto de regras aplicadas no cotidiano e usadas continuamente por cada cidadão. Essas regras orientam cada indivíduo, norteando as suas ações e os seus julgamentos sobre o que é moral ou imoral, certo ou errado, bom ou mau. No que tange aos costumes”, a moral é o conjunto de regras adquiridas através da cultura, da educação, da tradição e do cotidiano, os quais orientam o comportamento humano dentro de uma sociedade. A moral sempre existiu, pois, todo ser humano ter a consciência Moral que leva a distinguir o bem do mal no contexto que vive. Cada sociedade elege, portanto, de acordo com sua cultura, qual é a sua moral vigente, isto é, o que é o bem, o mal, o justo, o injusto, o certo, o errado. Princípios morais honestidade, a bondade, o respeito, a virtude Moral: conduta, temporal, cultural, é a conduta da regra Ética (reflexão dos indivíduos acerca da moralidade) – individual e a ética coletiva e a base da moral Etimologicamente, o termo ética deriva do grego ethos que significa modo de ser, caráter. Designa a reflexão filosófica sobre a moralidade, isto é, sobre as regras e os códigos morais que norteiam a conduta humana. Sua finalidade é esclarecer e sistematizar as bases do fato moral e determinar as diretrizes e os princípios abstratos da moral. Neste caso, a ética é uma criação consciente e reflexiva a moralidade, que é, por sua vez, criação espontânea e inconsciente de um grupo. Pode ser entendida como uma reflexão sobre os costumes ou sobre as ações humanas em suas diversas manifestações, nas mais diversas áreas. Também, pode ser ela tida como a existência pautada nos costumes considerados corretos, ou seja, aquele que se adequar aos padrões vigentes de comportamento numa classe social, de determinada sociedade e que caso não seja seguido, é passível de coação ao cumprimento por meio de punição. Em suma, temos a ética como estudo das ações e dos costumes humanos ou a análise da própria vida considerada virtuosa. Propõe-se, portanto, a desvendar não aquilo que o homem de fato é, mas aquilo que ele "deve fazer" de sua vida. Seu campo é o do juízo de valor e não o do juízo de realidade, ou da existência. Estuda as normas e regras de conduta estabelecidas pelo homem em sociedade, procurando identificar sua natureza, origem, fundamentação racional. Em alguns casos, conclui por formular um conjunto de normas a serem seguidas; em outros, limita-se a refletir sobre os problemas implícitos nas normas que de fato foram estabelecidas. Para que exista a conduta ética, é necessário que o agente seja consciente, quer dizer, que possua capacidade de discernir entre o bem e o mal Os valores podem ser entendidos como padrões sociais ou princípios aceitos e mantidos por pessoas, pela sociedade, dentre outros. Assim, cada um adquire uma percepção individual do que lhe é de valor; possuem pesos diferenciados, de modo que, quando comparados, se tornam mais ou menos valiosos. Tornam-se, sob determinado enfoque, subjetivos, uma vez que dependerão do modo de existência de cada pessoa, de suas convicções filosóficas, experiências vividas ou até, de crenças religiosas. Do que foi dito, as pessoas, a sociedade, as classes, cada qual têm seus valores, que devem ser considerados em qualquer situação. Ética é a reflexão sobre as noções e princípios que fundamentam a vida moral. Essa reflexão orienta-se nas mais diversas direções, dependendo da concepção de ser humano tomada como ponto de partida” Ética: princípio, permanente, universal, regra Ética é o seu pensamento, diante de um fato, onde você, sabe o que é certo e errado, moral é o que você faz diante do fato, obedecendo regras e normas da vida, ou seja, estará sendo ético diante de um fato. Bioética Definem Bioética (“ética da vida”) é que esta é a ciência “que tem como objetivo indicar os limites e as finalidades da intervenção do homem sobre a vida, identificar os valores de referência racionalmente proponíveis, denunciar os riscos das possíveis aplicações” O interesse pelos temas relativos à moral, e por conseguinte, à ética, existem há séculos, tendo sua origem no mundo grego antigo. Entretanto, o termo bioética, também denominado ética biomédica, juntamente com a disciplina que o designa, são novos. Ocupa-se a ética biomédica com aqueles temas morais que se originam na prática da medicina ou na atividade de pesquisa biomédica. Surgiu a partir de um movimento que tem por finalidade a conciliação da medicina com os interesses éticos e, ao mesmo tempo, humanísticos. Os homens que fazem parte deste movimento tentam, com uma visão crítica, examinar os princípios gerais éticos e o modo como estes princípios se aplicarão à ciência contemporânea e à prática da medicina. Conforme Mário López “bioética é o estudo sistemático da conduta humana nas áreas das ciências da vida e dos cuidados da saúde, à medida que tal conduta é examinada à luz dos valores e princípios morais". Funções da Bioética: · Descritiva – analisar e compreender, de maneira racional e imparcial, os conflitos e as questões morais; · Normativa – ponderar estes conflitos e propor soluções racionais razoáveis e aceitáveis pelos indivíduos envolvidos nos conflitos, prescrevendo comportamentos/condutas corretas e proscrevendo os incorretos; · Protetora– proteger os indivíduos e as populações em seus respectivos contextos. Princípios da bioética: 1 - Beneficência/não maleficência :o primeiro princípio que devemos considerar na nossa prática profissional é o de beneficência/ não maleficência. O benefício (e o não malefício) do paciente (e da sociedade) sempre foi a principal razão do exercício das profissões que envolvem a saúde das pessoas (física ou psicológica). Beneficência significa “fazer o bem”, e não maleficência significa “evitar o mal”. Desse modo, sempre que o profissional propuser um tratamento a um paciente, ele deverá reconhecer a dignidade do paciente e considerá-lo em sua totalidade (todas as dimensões do ser humano devem ser consideradas: física, psicológica, social, espiritual), visando oferecer o melhor tratamento ao seu paciente, tanto no que diz respeito à técnica quanto no que se refere ao reconhecimento das necessidades físicas, psicológicas ou sociais do paciente. Um profissional deve, acima de tudo, desejar o melhor para o seu paciente, para restabelecer sua saúde, para prevenir um agravo, ou para promover sua saúde. 2 -Autonomia: o segundo princípio que devemos utilizar como “ferramenta” para o enfrentamento de questões éticas é o princípio da autonomia. De acordo com esse princípio, as pessoas têm “liberdade de decisão” sobre sua vida. A autonomia é a capacidade de autodeterminação de uma pessoa, ou seja, o quanto ela pode gerenciar sua própria vontade, livre da influência de outras pessoas. A Declaração Universal dos Direitos Humanos, que foi adotada pela Assembleia Geral das Nações Unidas (1948), manifesta logo no seu início que as pessoas são livres. Nos últimos anos, tem sido frequente a busca pela liberdade (ou autonomia). Nos casos de atendimento clínico de pacientes, podemos mencionar o Código de Defesa do Consumidor, o qual, em alguns de seus artigos, garante proteção às pessoas que buscam serviços de saúde, por exemplo, no que diz respeito ao direito de ser suficientemente informada sobre o procedimento que o profissional vai adotar. Para que o respeito pela autonomia das pessoas seja possível, duas condições são fundamentais: a liberdade e a informação. Isso significa que, em um primeiro momento, a pessoa deve ser livre para decidir. Para isso, ela deve estar livre de pressões externas, pois qualquer tipo de pressão ou subordinação dificulta a expressão da autonomia. Em alguns momentos, as pessoas têm dificuldade de expressar sua liberdade. Nesses casos, dizemos que ela tem sua autonomia limitada. Vejamos o exemplo das crianças. Em razão de seu desenvolvimento psicomotor, a criança terá dificuldade de decidir o que é melhor para a saúde dela. Ela terá, ao contrário, uma tendência em fugir de todo tratamento que julgar desconfortável. Por essa razão, caberá aos responsáveis pela criança decidir o que deverá ser feito, qual tratamento será mais adequado, porque o responsável deseja que a saúde da criança se restabeleça e que o melhor tratamento seja feito ( pessoas incapazes) A correta informação das pessoas é que possibilita o estabelecimento de uma relação terapêutica ou a realização de uma pesquisa. A primeira etapa a ser seguida para minimizar essa limitação é reconhecer os indivíduos vulneráveis (que têm limitação de autonomia) e incorporá-los ao processo de tomada de decisão de maneira legítima. Assim, será possível estabelecer uma relação adequada com o paciente e maximizar sua satisfação com o tratamento. Para permitir o respeito da autonomia das pessoas, o profissional deverá explicar qual será a proposta de tratamento. Em todas as consultas o profissional deverá renovar as informações sobre o tratamento. Além disso, é preciso ter certeza de que o paciente entendeu as informações que recebeu. Por isso, consideramos que a informação não se encerra com as explicações do profissional, mas com a compreensão, com a assimilação das informações pelos pacientes, desde que essas informações sejam retomadas ao longo do tratamento. A esse processo de informação e compreensão e posterior comprometimento com o tratamento denominamos consentimento. Se entendermos que o respeito pela autonomia de uma pessoa é o princípio que deve ser considerado em primeiro lugar, cairemos em uma armadilha. Contudo, nem sempre o paciente tem condições de avaliar qual o melhor tratamento para ele (afinal ele é leigo, não tem o conhecimento técnico necessário para isso). Imaginemos um paciente que tem uma doença que exige a prescrição de medicamentos. Poderá ocorrer de ele se recusar a tomar os remédios. Contudo, nesse caso, o profissional não pode alegar que “o paciente é adulto, sua autonomia deve ser respeitada e por isso ele faz o que ele quiser”. Ao contrário, o profissional (por ter o conhecimento técnico que diz que aquele medicamento é necessário) deverá se esforçar ao máximo para explicar ao paciente a importância do medicamento, afinal o princípio da beneficência (e não o da autonomia) deve ser respeitado em primeiro lugar. Em algumas situações, a liberdade (autonomia) de algumas pessoas não é respeitada para que se respeite o benefício de outras. Por exemplo, a proibição de fumar em ambientes fechados. Se pensarmos no respeito pela autonomia daqueles que desejam fumar, não seria ético proibir, mas se pensarmos no benefício (ou não malefício) daqueles que não desejam fumar, a proibição se justifica. Outro exemplo é a interdição de restaurantes ou clínicas pela vigilância sanitária quando estes não apresentam condições satisfatórias para atender o público. O fechamento desses locais fere a autonomia do dono da clínica ou do restaurante em benefício da sociedade que os frequenta. 3 – Justiça: o terceiro princípio a ser considerado é o princípio de justiça. Este se refere à igualdade de tratamento e à justa distribuição das verbas do Estado para a saúde, a pesquisa etc. Costumamos acrescentar outro conceito ao de justiça: o conceito de equidade que representa dar a cada pessoa o que lhe é devido segundo suas necessidades, ou seja, incorpora-se a ideia de que as pessoas são diferentes e que, portanto, também são diferentes as suas necessidades. De acordo com o princípio da justiça, é preciso respeitar com imparcialidade o direito de cada um. Não seria ética uma decisão que levasse um dos personagens envolvidos (profissional ou paciente) a se prejudicar. É também a partir desse princípio que se fundamenta a chamada objeção de consciência, que representa o direito de um profissional de se recusar a realizar um procedimento, aceito pelo paciente ou mesmo legalizado. Todos esses princípios (insistimos que eles devem ser nossas “ferramentas” de trabalho) devem ser considerados na ordem em que foram apresentados, pois existe uma hierarquia entre eles. Isso significa que, diante de um processo de decisão, devemos primeiro nos lembrar do nosso fundamento (o reconhecimento do valor da pessoa); em seguida, devemos buscar fazer o bem para aquela pessoa (e evitar um mal!); depois devemos respeitar suas escolhas (autonomia); e, por fim, devemos ser justos. 4)Caracterizar o código de ética médica, enumerando seus princípios fundamentais. O presente Código de Ética Médica contém as normas que devem ser seguidas pelos médicos no exercício de sua profissão, inclusive nas atividades relativas a ensino, pesquisa e administração de serviços de saúde, bem como em quaisquer outras que utilizem o conhecimento advindo do estudo da medicina. II- As organizações de prestação de serviços médicos estão sujeitas às normas deste Código. III - Para o exercício da medicina, impõe-se a inscrição no Conselho Regional do respectivo estado, território ou Distrito Federal. IV - A fim de garantir o acatamento e a cabal execução deste Código, o médico comunicará ao Conselho Regional de Medicina, com discrição e fundamento, fatos de que tenha conhecimento e que caracterizem possível infração do presente Código e das demais normas que regulam o exercício da medicina. V - A fiscalização do cumprimento das normas estabelecidas neste Código é atribuiçãodos Conselhos de Medicina, das comissões de ética e dos médicos em geral. Código de Ética Médica é composto de 26 princípios fundamentais do exercício da medicina, 11 normas diceológicas(estudo dos deveres do médico), 117 normas deontológicas e quatro disposições gerais. A transgressão das normas deontológicas sujeitará os infratores às penas disciplinares previstas em lei. Princípios fundamentais I - A medicina é uma profissão a serviço da saúde do ser humano e da coletividade e será exercida sem discriminação de nenhuma natureza. II - O alvo de toda a atenção do médico é a saúde do ser humano, em benefício da qual deverá agir com o máximo de zelo e o melhor de sua capacidade profissional. III - Para exercer a medicina com honra e dignidade, o médico necessita ter boas condições de trabalho e ser remunerado de forma justa. IV - Ao médico cabe zelar e trabalhar pelo perfeito desempenho ético da medicina, bem como pelo prestígio e bom conceito da profissão. V - Compete ao médico aprimorar continuamente seus conhecimentos e usar o melhor do progresso científico em benefício do paciente e da sociedade. VI - O médico guardará absoluto respeito pelo ser humano e atuará sempre em seu benefício, mesmo depois da morte. Jamais utilizará seus conhecimentos para causar sofrimento físico ou moral, para o extermínio do ser humano ou para permitir e acobertar tentativas contra sua dignidade e integridade. VII - O médico exercerá sua profissão com autonomia, não sendo obrigado a prestar serviços que contrariem os ditames de sua consciência ou a quem não deseje, excetuadas as situações de ausência de outro médico, em caso de urgência ou emergência, ou quando sua recusa possa trazer danos à saúde do paciente. VIII - O médico não pode, em nenhuma circunstância ou sob nenhum pretexto, renunciar à sua liberdade profissional, nem permitir quaisquer restrições ou imposições que possam prejudicar a eficiência e a correção de seu trabalho. IX - A medicina não pode, em nenhuma circunstância ou forma, ser exercida como comércio. (o que mais ocorre nos EUA) X - O trabalho do médico não pode ser explorado por terceiros com objetivos de lucro, finalidade política ou religiosa. XI - O médico guardará sigilo a respeito das informações de que detenha conhecimento no desempenho de suas funções, com exceção dos casos previstos em lei. XII - O médico empenhar-se-á pela melhor adequação do trabalho ao ser humano, pela eliminação e pelo controle dos riscos à saúde inerentes às atividades laborais. XIII - O médico comunicará às autoridades competentes quaisquer formas de deterioração do ecossistema, prejudiciais à saúde e à vida. XIV - O médico empenhar-se-á em melhorar os padrões dos serviços médicos e em assumir sua responsabilidade em relação à saúde pública, à educação sanitária e à legislação referente à saúde. XV - O médico será solidário com os movimentos de defesa da dignidade profissional, seja por remuneração digna e justa, seja por condições de trabalho compatíveis com o exercício ético-profissional da medicina e seu aprimoramento técnico-científico. XVI - Nenhuma disposição estatutária ou regimental de hospital ou de instituição, pública ou privada, limitará a escolha, pelo médico, dos meios cientificamente reconhecidos a serem praticados para estabelecer o diagnóstico e executar o tratamento, salvo quando em benefício do paciente. XVII - As relações do médico com os demais profissionais devem basear-se no respeito mútuo, na liberdade e na independência de cada um, buscando sempre o interesse e o bem-estar do paciente. XVIII - O médico terá, para com os colegas, respeito, consideração e solidariedade, sem se eximir de denunciar atos que contrariem os postulados éticos. Capítulo I Princípios Fundamentais Capítulo II Direitos dos Médicos Capítulo III Responsabilidade Profissional Capítulo IV Direitos Humanos Capítulo V Relação com pacientes e familiares Capítulo VI Doação e Transplante de Órgãos e Tecidos Capítulo VII Relação entre médicos Capítulo VIII Remuneração profissional Capítulo IX Sigilo Profissional Capítulo X Documentos Médicos Capítulo XI Auditoria e Perícia Médica Capítulo XII Ensino e Pesquisa Médica Capítulo XIII Publicidade Médica Capítulo XIV Disposições Gerais 5)Descrever os conflitos entre a conduta médica e direitos pessoais do paciente. A ética médica, a legislação e as normas sociais exigem que os médicos ajam no interesse dos pacientes. Muitos autores descrevem isso como uma obrigação alienadora. Os médicos experimentam os conflitos de interesse quando têm incentivos para agir de forma a violar suas obrigações para com seus pacientes ou quando sua lealdade fica dividida entre seus pacientes e outras partes. Conflitos de interesse comprometem a lealdade dos médicos a seus pacientes bem como sua independência de julgamento. Eles aumentam o risco de os médicos não cumprirem as suas obrigações, mas não são por si só uma violação ao dever. O trabalho do médico não se limita só a diagnosticar e tratar doenças. Ele também deve ser amigo e conselheiro daquela pessoa que, acompanhada de um cônjuge ou parente, o procura geralmente em uma situação frágil. · Respeito as diferentes crenças O respeito à autonomia do paciente estende-se aos seus valores religiosos. Tais valores não podem ser desconsiderados ou minimizados por outrem, em particular pelos profissionais de saúde, a despeito dos melhores e mais sinceros interesses destes. Ademais, os valores religiosos podem ser uma força positiva para o conforto e a recuperação do paciente se ele estiver seguro de que os mesmos serão respeitados. As crenças religiosas estão entre as mais acalentadas convicções do ser humano, cuja vida é tremendamente influenciada por sua visão dos atributos de Deus (soberania e onipotência), dos atributos das outras pessoas (a santidade da vida) e da sua relação pessoal com Deus (comunicação e obediência aos mandamentos). O respeito mútuo às convicções pessoais faz com que haja uma relação pacífica entre as pessoas na atual sociedade pluralista em que vivemos. Respeito à autonomia do paciente deve estender-se aos seus valores religiosos. Tais valores não podem ser desconsiderados ou minimizados por outrem, sobretudo pelos profissionais de saúde, a despeito dos melhores e mais sinceros interesses destes profissionais. Os valores religiosos podem ser uma força positiva para o conforto e recuperação do paciente se ele estiver seguro de que seus valores serão respeitados. Por ser inerente à natureza humana, sustentar convicções e crenças pessoais é reconhecidamente um direito humano fundamental. Sob o prisma dos direitos humanos, o fato está contemplado pelos princípios estabelecidos na Declaração Universal dos Direitos do Homem. · Conflitos de interesse financeiro (abusar do conhecimento técnico – prolongar o tratamento) Surgem de incentivos que influenciam negativamente a conduta dos médicos. E incentivos que recompensam médicos, por aumentar ou diminuir serviços ou por fornecer um tipo de serviço em detrimento de outro, encorajam tratamentos que não se baseiam nas condições do paciente ou nos critérios da boa prática médica. Ao invés disso, eles encorajam os profissionais a fazer opções médicas em seu próprio benefício financeiro. Incentivos para recorrer a determinados prestadores de serviço ou para prescrever determinados testes e terapias também distorcem suas escolhas. O risco de conduta imprópria aumenta quanto maior for o incentivo e quanto mais estreita for a relação entre as ações do médico e a recompensa que elas geram. Ainda assim, como os médicos ganham a vida através de seu trabalho, sua prática pode acabar privilegiando o aumento de seus ganhos em detrimento dos interesses dos pacientes. Em consequência disso, os provedores, prestadores de serviço e seguradoras tentam influenciar as decisões clínicas dos médicos em seu próprio benefício. Assim, no cerne da atividade médica se encontra uma tensão entre o interesse próprio e o atendimento consciencioso aos pacientes e ao público. A poderosa ética médicavigente efetivamente influencia os médicos. Ainda assim, há um conflito entre o ethos profissional e os estímulos financeiros · Lealdade entre pacientes e um terceiro Conflitos de interesse entre lealdades divididas ocorrem quando médicos exercem papeis que interferem em sua ação em favor de seus pacientes ou quando sua lealdade está dividida entre pacientes e um terceiro. Médicos se envolvem frequentemente em atividades que, apesar de serem benignas em si, comprometem sua capacidade de agir de acordo com o melhor interesse do paciente, por exemplo, conduzindo experimentos para avaliar um novo medicamento ao mesmo tempo em que está tratando pacientes. Pacientes e médicos podem facilmente confundir estes dois papeis, apesar dos esforços no sentido de assegurar o consentimento informado do paciente. Assistência ao paciente e pesquisa são incompatíveis quando o médico inscreve um de seus pacientes em um experimento para testar um medicamento porque o objetivo da pesquisa não é o benefício do sujeito da pesquisa, mas o avanço da ciência. É bem verdade que a droga experimental pode ajudar o paciente voluntário da pesquisa; mas não se sabe é seguro ou eficaz e o paciente pode ter sua saúde mais comprometida. Capítulo V - Relação com Pacientes e Familiares É vedado ao médico: Art. 56 - Desrespeitar o direito do paciente de decidir livremente sobre a execução de práticas diagnósticas ou terapêuticas, salvo em caso de iminente perigo de vida. Art. 57 - Deixar de utilizar todos os meios disponíveis de diagnóstico e tratamento a seu alcance em favor do paciente. Art. 58 - Deixar de atender paciente que procure seus cuidados profissionais em caso de urgência, quando não haja outro médico ou serviço médico em condições de fazê-lo. Art. 59 - Deixar de informar ao paciente o diagnóstico, o prognóstico, os riscos e objetivos do tratamento, salvo quando a comunicação direta ao mesmo possa provocar-lhe dano, devendo, nesse caso, a comunicação ser feita ao seu responsável legal. Art. 60 - Exagerar a gravidade do diagnóstico ou prognóstico, ou complicar a terapêutica, ou exceder-se no número de visitas, consultas ou quaisquer outros procedimentos médicos. Art. 61 - Abandonar paciente sob seus cuidados. § 1° - Ocorrendo fatos que, a seu critério, prejudiquem o bom relacionamento com o paciente ou o pleno desempenho profissional, o médico tem o direito de renunciar ao atendimento, desde que comunique previamente ao paciente ou seu responsável legal, assegurando-se da continuidade dos cuidados e fornecendo todas as informações necessárias ao médico que lhe suceder. § 2° - Salvo por justa causa, comunicada ao paciente ou ao a seus familiares, o médico não pode abandonar o paciente por ser este portador de moléstia crônica ou incurável, mas deve continuar a assisti-lo ainda que apenas para mitigar o sofrimento físico ou psíquico. Art. 62 - Prescrever tratamento ou outros procedimentos sem exame direto do paciente, salvo em casos de urgência e impossibilidade comprovada de realizá-lo, devendo, nesse caso, fazê-lo imediatamente cessado o impedimento. Art. 63 - Desrespeitar o pudor de qualquer pessoa sob seus cuidados profissionais. Art. 64 - Opor-se à realização de conferência médica solicitada pelo paciente ou seu responsável legal. Art. 65 - Aproveitar-se de situações decorrentes da relação médico/paciente para obter vantagem física, emocional, financeira ou política. Art. 66 - Utilizar, em qualquer caso, meios destinados a abreviar a vida do paciente, ainda que a pedido deste ou de seu responsável legal. Art. 67 - Desrespeitar o direito do paciente de decidir livremente sobre o método contraceptivo ou conceptivo, devendo o médico sempre esclarecer sobre a indicação, a segurança, a reversibilidade e o risco de cada método. Art. 68 - Praticar fecundação artificial sem que os participantes estejam de inteiro acordo e devidamente esclarecidos sobre o procedimento. Art. 69 - Deixar de elaborar prontuário médico para cada paciente. Art. 70 - Negar ao paciente acesso a seu prontuário médico, ficha clínica ou similar, bem como deixar de dar explicações necessárias à sua compreensão, salvo quando ocasionar riscos para o paciente ou para terceiros. Art. 71 - Deixar de fornecer laudo médico ao paciente, quando do encaminhamento ou transferência para fins de continuidade do tratamento, ou na alta, se solicitado. 6)Descrever os aspectos, legal e ético, para o aborto, exemplificando casos em que o aborto é permitido. Aspectos éticos do aborto – no problema evidencia muito esse problema, Noemia fica muito dividida por causa dessas questões éticas. Considera a atividade cerebral – até três meses O aborto é um dos pontos mais difíceis da ética médica. Ele envolve aspectos religiosos, legais, médicos, socioculturais e políticos. · A primeira, pró-vida ou conservadora, defende o direito moral da vida do feto (víeis religioso) · A segunda, pró-escolha ou liberal, entende que a mulher tem um direito moral sobre o próprio corpo, o que lhe permite fazer o aborto. · Opiniões intermediárias. Alguns acham errado o aborto, mas defendem sua prática em casos específicos (por exemplo, quando a mulher ou o filho correm risco de morte - ou quando a mãe foi vítima de estupro). Do mesmo modo, entre aqueles que defendem o aborto, há os que são contra a prática sob certas circunstâncias, por exemplo, quando a gestação se encontra num estado avançado. Além disso, existem também situações que fogem a essas duas abordagens. Por exemplo, quando a mulher grávida precisa remover o útero por conta de um câncer. Neste caso, o aborto seria um efeito colateral. Sob o ponto de vista jurídico o aborto é simplesmente a interrupção da gestação, com o intuito da morte fetal, independentemente da idade gestacional. Aborto criminoso No Brasil o aborto voluntário ou provocado é considerado ato criminoso e detalhado no Código Penal de 1940 nos artigos 124 até 127. Motivado por surgimento de gestações não planejada e muitas vezes não desejada. Quando o aborto provocado é realizado em condições de risco, representa importante causa de óbito materno. Estima-se que seja realizado perto de 1 milhão de abortos por ano no Brasil. As informações são mascaradas por medo da paciente, ser discriminada ou descuidada no seu tratamento ou denunciada a polícia e responder criminalmente . Diante de um abortamento, seja ele, natural ou provocado, não pode o médico comunicar o fato a autoridade policial ou mesmo judicial, em razão de estar diante de uma situação típica de segredo médico. O segredo médico pertence ao paciente, sendo o médico o seu depositário e guardador, somente podendo revelá-lo em situações muito especiais como: dever legal, justa causa ou autorização expressa do paciente. Revelar o segredo sem a justa causa ou dever legal, causando danos ao paciente além de antiético é crime. Não cabe objeção de consciência nas seguintes situações de abortamento 1- Risco de vida para mulher. 2-Quando for aborto juridicamente permitido , na ausência de outro médico que o faça e quando a mulher puder sofrer agravos a saúde em razão da omissão do médico. 3- No atendimento de complicações derivadas de aborto provocado, por se tratarem de urgências. Aborto legal O aborto legal ou permitido por lei é explicitado no artigo 128 do CPB em situação bem caracterizada de exclusão de antijuridicidade Não se pune o aborto praticado por médico: · Se não houver outro meio de salvar a vida da gestante. · Se a gravidez for resultante de estupro e o aborto for precedido do consentimento da gestante e, quando menor ou incapaz, de seu representante legal. · De acordo com decisão do Supremo Tribunal Federal de abril de 2012, a antecipação terapêutica do parto de fetos anencéfalos (anomalidade) Documentos obrigatórios para interrupção da gravidez por estupro 1-Termo de relato do evento, realizado pela própria gestante. 2-Parecer técnico com anamnese, exame físico geral e ginecológico, laudo do USG, analisando compatibilidade entre a idade gestacional, a data do estupro e o laudo de USG; paralelamentea mulher receberá avaliação da equipe multidisciplinar. 3- Termo de aprovação de procedimento do aborto decorrente do estupro, assinado por três integrantes da equipe multidisciplinar. 4- Termo de responsabilidade, assinado pela gestante, onde constará, advertência expressa sobre a previsão de crime de falsidade ideológica (art.299 do código penal) e do aborto (art. 124 do código penal), caso não tenha sido vítima de violência sexual. 5- Termo de consentimento Livre e esclarecido, a garantia de sigilo, exceto quando em caso de requisição judicial e declaração expressa da mulher sobre a decisão voluntária e consciente de interromper a gestação. Todos os documentos assinados pela paciente, ou por seu representante legal deverão ser elaborados em duas vias, sendo uma entregue para a gestante e outra arquivada no prontuário médico. Não é necessário autorização judicial. Recomendações Éticas para interrupção da gestação decorrente do aborto O Atendimento com equipe multidisciplinar, orientar a mulher a tomar providências policiais e judiciais cabíveis, porém não negar o abortamento, caso ela não o faça. Além de orientá-la sobre as alternativas legais quanto ao destino da gestação e sobre a possibilidade de atenção nos serviços de saúde pública (ficar com o filho ou doar a criança). A palavra da mulher que afirma ter sofrido violência deve ser recebida como presunção de veracidade. O objetivo do serviço de saúde não deve ser confundido com os procedimentos reservados a polícia ou justiça. A realização do abortamento em gestação decorrente de estupro não está condicionada a apresentação de boletim de ocorrência policial, exame de corpo de delito e de alvará ou autorização judicial. Aborto Terapêutico -No risco de morte materno 1- Avaliação deverá ser de no mínimo dois profissionais, um deles deverá ser clinico geral ou especialista na doença que está motivando a interrupção. 2-O Prontuário Médico deverá conter as justificativas médicas detalhando o risco materno. 3- Ter a anuência e/ou consentimento esclarecido, assinado pela gestante ou por seus familiares, salvo se isso não for possível, em situações de eminente risco de vida. 4- Ter apoio e acompanhamento de uma equipe multiprofissional especialmente psicólogos, tendo em vista que a gestação é desejada. 5- Em situações especiais, por exemplo: coma, choque, câncer, quimioterapia, radioterapia; a conduta deve ser individualizada. Não é necessário autorização judicial, nem boletim de ocorrência e nem comunicação ao CRM(Conselho Regional de Medicina) . Aborto por Anomalia Fetal Diante de Detecção precoce das malformações do feto, muitas delas incompatíveis com a vida extra-uterina. Mesmo não estando previstas nas possibilidades legais do Código Penal Brasileiro, tem sido possível a interrupção da gestação mediante autorização judicial, exceto a anencefalia. Em estudo realizado anterior a decisão do STR, as causas mais frequentes de autorizações judiciais foram: anencefalia, malformações congênitas múltiplas , malformações do sistema urinário , anomalias ósseas ,erros de fechamento da linha média. Em Abril de 2012, o STF decidiu que é um direito constitucional da mulher a antecipação do parto em caso de anencefalia e que pode ser solicitada, sem necessidade de autorização judicial. Em caso de anencefalia, não há idade gestacional máxima para solicitar a antecipação Realização do procedimento: Todos os hospitais realizam o procedimento de aborto legal? Infelizmente não. Mas se no seu município não há esse serviço, você deve ser encaminhada, inclusive com fornecimento de transporte, ao serviço de referência mais próximo. Quais profissionais irão atender a mulher? As mulheres que procuram o serviço de aborto legal serão atendidas por uma equipe multidisciplinar formada por: médico/a ginecologista e/ou obstetra, anestesista, enfermeiro/a, psicólogo/a e/ou assistente social. É dever do Estado, manter, nos hospitais públicos, profissionais que realizem o abortamento. Caso a mulher venha a sofrer prejuízo de ordem moral, física ou psíquica em decorrência da omissão, poderá haver responsabilização pessoal e/ou institucional 7)Identificar os principais aspectos relacionados à pesquisa em saúde no Brasil, incluindo o papel do Comitê de Ética em Pesquisa (Resolução466) A Política Nacional de Ciência, Tecnologia e Inovação em Saúde (PNCTIS) define a Pesquisa em Saúde como o conjunto de conhecimentos, tecnologias e inovações produzidos que resultam em melhoria da saúde da população. Assim, a pesquisa em saúde deve superar a perspectiva disciplinar e caminhar para uma perspectiva setorial, que incluirá a totalidade das atividades de pesquisa clínica, biomédica e de saúde pública vinculadas às ciências da saúde, assim como as realizadas nas áreas das ciências humanas, sociais aplicadas, exatas e da terra, agrárias e engenharias e das ciências biológicas que mantenham esta vinculação. Organização e estrutura da pesquisa em saúde O sistema de ciência e tecnologia em saúde é composto por diversos atores e instituições públicas e privadas. Na gestão pública federal estão incluídas as ações desenvolvidas por três ministérios e suas instituições ou agências vinculadas aos mesmos: a) Ministério da Saúde, responsável pela implementação, monitoramento e avaliação da Política Nacional de Ciência, Tecnologia e Inovação em Saúde e da Agenda Nacional de Prioridades de Pesquisa em Saúde; b) Ministério da Educação, área de ensino superior, em especial a Coordenação de Aperfeiçoamento do Pessoal de Nível Superior (Capes), que coordena e avalia os planos e políticas do sistema nacional de pós-graduação, a formação de recursos humanos (programas de bolsas, auxílios e outros mecanismos) e o acesso à produção científi ca mundial, cabendo-lhe ainda a gestão dos hospitais universitários (pesquisa clínica); c) Ministério da Ciência e Tecnologia, por intermédio do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) e a Financiadora de Estudos e Projetos (Finep), responsável pela consolidação institucional do Sistema Nacional de Ciência, Tecnologia e Inovação, desenvolvimento da infra-estrutura e fomento da pesquisa científica e tecnológica, e promoção da inovação tecnológica nas empresas. Na gestão pública estadual estão as secretarias estaduais de saúde, de ciência e tecnologia e as fundações de amparo à pesquisa, responsáveis pela implementação das políticas estaduais de pesquisa em saúde. Incluem-se também os setores produtivos público e privado atuantes nas áreas farmacêutica, farmo-química, biotecnológica e de equipamentos e materiais; a comunidade científica, representada pelas universidades e institutos de pesquisa, associações científicas e profissionais, assim como a representação da sociedade civil e os organismos internacionais. Código de Nuremberg 1948: Nuremberg é uma cidade alemã que passa a sediar o Tribunal de Nuremberg, que julgou uma série de crimes de guerra do período da Segunda Guerra Mundial e crimes de guerra do nazismo. Após a finalização da Segunda Grande Guerra uma série de crimes de guerra vem à tona, alguns deles com a desculpa de serem pesquisas com testes em seres humanos em que os sujeitos eram colocados em risco, ocasionando muitos óbitos. Percebendo isso, surge a primeira codificação denominada Código deNuremberg abordando a ética em pesquisa composta por 10 princípios. Declaração de Helsinque: é estabelecida a sua primeira edição em 1964, decorrente da Associação Médica Mundial com a ideia de que existiam falhas no Código de Nuremberg. Essa declaração surgiu na Finlândia mas teve várias revisões posteriormente em que a Associação Médica Mundial se reuniu. A sétima revisão, de 2013, ocorreu no Brasil. Por ser uma declaração extensa, veremos as partes mais importantes. A Declaração de Helsinque apresenta sempre uma introdução, na qual conclama as responsabilidades da missão do médico, e busca diferenciar a pesquisa médica que tem como objetivo essencial o diagnóstico ou a terapia para um paciente, da pesquisa médica puramentecientífica e sem um valor direto diagnóstico ou terapêutico para a pessoa sujeita à pesquisa. Após a introdução, a Declaração apresenta seus princípios básicos, onde expõe a responsabilidade e as precauções que devem ser tomadas na pesquisa envolvendo seres humanos, salientando os riscos e a avaliação das consequências. Legislação Brasileira: regulamenta a pesquisa com seres humanos no Brasil. Comitê de Ética em Pesquisa: As primeiras normas brasileiras sobre a ética nas pesquisas com seres humanos surgiram em 1988 quando o Conselho Nacional de Saúde publicou a Resolução CNS n° 01/88. Essa primeira codificação foi considerada importante mas bastante frágil, com lacunas dentro da sua composição. Por conta dessas lacunas, após sete anos de aplicação, essas normas foram atualizadas por um grupo de trabalho integrado por representantes de vários segmentos sociais e profissionais. Desse amplo e complexo processo resultou a aprovação das Diretrizes e Normas Regulamentadoras de Pesquisas em Seres Humanos pela Resolução CNS n°196/96. Com isso, houve uma explosão de criação de comitês de ética em pesquisa nas instituições de ensino e pesquisa. A Resolução CNS 196/96 constitui um marco de referência e um instrumento de importância básica para o cumprimento dessas atribuições. Foi atualizada pela Resolução CNS 466/2012. A presente resolução fundamenta-se nos principais documentos internacionais que emanaram declarações e diretrizes sobre pesquisas que envolvem seres humanos. Esta resolução incorpora, sob a ótica do indivíduo e das coletividades, os quatro referenciais básicos da bioética: autonomia, não maleficência, beneficência e justiça, entre outros, e visa assegurar os direitos e deveres que dizem respeito à comunidade científica, aos sujeitos da pesquisa e ao Estado Adequar o suporte para o cumprimento de sua função de harmonizar os interesses da pesquisa com a proteção de saúde da população. A pesquisa pode ser retratada como atividade que desenvolve e contribui para o conhecimento generalizável (teoria, relações ou princípios). · Pesquisador: diante das várias ferramentas do conhecimento, o pesquisador necessita ter uma visão atualizada e abrangente, que faça técnicas e comportamentos agirem em forças aliadas. · Pesquisador responsável: responsável pela coordenação e realização da pesquisa, integridade e bem estar do sujeito da pesquisa. · Promotor: indivíduo ou instituição responsável pela promoção da pesquisa (FORP). · Patrocinador: pessoa física ou jurídica que dá apoio financeiro à pesquisa (FAPESP, CAPES, CNPq). · Riscos da pesquisa: danos físicos, psíquicos, morais, intelectuais, sociais, culturais ou espirituais. · Dano associado ou recorrente: agravo imediato ou tardio, ao indivíduo ou à coletividade, com nexo causal comprovado, direto ou indireto, decorrente do estudo científico. · Sujeito da pesquisa: Participante pesquisado, individual ou coletivamente, de caráter voluntário, vedada remuneração. · Consentimento Livre e Esclarecido: Aquiescência do sujeito da pesquisa e/ou representante legal, formulada em um TERMO (TCLE), autorizando sua participação voluntária na pesquisa. Esse documento implica em respeito ao ser humano, confidencialidade de dados, privacidade, autonomia, beneficência, não maleficência e justiça. · Indenização: cobertura material, em reparação a dano imediato ou tardio, causados ao sujeito da pesquisa. · Comitê de ética em pesquisa: analisar os protocolos de pesquisa, ensaios e estudos com seres humanos em todas as áreas do conhecimento. Fundamenta-se em importantes documentos internacionais de onde emanam declarações e diretrizes sobre as pesquisas envolvendo seres humanos. III - DOS ASPECTOS ÉTICOS DA PESQUISA ENVOLVENDO SERES HUMANOS III.1 - A eticidade da pesquisa implica em: a) respeito ao participante da pesquisa em sua dignidade e autonomia, reconhecendo sua vulnerabilidade, assegurando sua vontade de contribuir e permanecer, ou não, na pesquisa, por intermédio de manifestação expressa, livre e esclarecida; b) ponderação entre riscos e benefícios, tanto conhecidos como potenciais, individuais ou coletivos, comprometendo-se com o máximo de benefícios e o mínimo de danos e riscos; c) garantia de que danos previsíveis serão evitados; e d) relevância social da pesquisa, o que garante a igual consideração dos interesses envolvidos, não perdendo o sentido de sua destinação sócio-humanitária. III.2 - As pesquisas, em qualquer área do conhecimento envolvendo seres humanos, deverão observar as seguintes exigências: a) ser adequada aos princípios científicos que a justifiquem e com possibilidades concretas de responder a incertezas; b) estar fundamentada em fatos científicos, experimentação prévia e/ou pressupostos adequados à área específica da pesquisa; c) ser realizada somente quando o conhecimento que se pretende obter não possa ser obtido por outro meio; d) buscar sempre que prevaleçam os benefícios esperados sobre os riscos e/ou desconfortos previsíveis; e) utilizar os métodos adequados para responder às questões estudadas, especificando-os, seja a pesquisa qualitativa, quantitativa ou quali-quantitativa; f) se houver necessidade de distribuição aleatória dos participantes da pesquisa em grupos experimentais e de controle, assegurar que, a priori, não seja possível estabelecer as vantagens de um procedimento sobre outro, mediante revisão de literatura, métodos observacionais ou métodos que não envolvam seres humanos; g) obter consentimento livre e esclarecido do participante da pesquisa e/ou seu representante legal, inclusive nos casos das pesquisas que, por sua natureza, impliquem justificadamente, em consentimento a posteriori; h) contar com os recursos humanos e materiais necessários que garantam o bem-estar do participante da pesquisa, devendo o(s) pesquisador(es) possuir(em) capacidade profissional adequada para desenvolver sua função no projeto proposto; i) prever procedimentos que assegurem a confidencialidade e a privacidade, a proteção da imagem e a não estigmatização dos participantes da pesquisa, garantindo a não utilização das informações em prejuízo das pessoas e/ou das comunidades, inclusive em termos de autoestima, de prestígio e/ou de aspectos econômico-financeiros; j) ser desenvolvida preferencialmente em indivíduos com autonomia plena. Indivíduos ou grupos vulneráveis não devem ser participantes de pesquisa quando a informação desejada possa ser obtida por meio de participantes com plena autonomia, a menos que a investigação possa trazer benefícios aos indivíduos ou grupos vulneráveis; k) respeitar sempre os valores culturais, sociais, morais, religiosos e éticos, como também os hábitos e costumes, quando as pesquisas envolverem comunidades; l) garantir que as pesquisas em comunidades, sempre que possível, traduzir-se-ão em benefícios cujos efeitos continuem a se fazer sentir após sua conclusão. Quando, no interesse da comunidade, houver benefício real em incentivar ou estimular mudanças de costumes ou comportamentos, o protocolo de pesquisa deve incluir, sempre que possível, disposições para comunicar tal benefício às pessoas e/ou comunidades; m) comunicar às autoridades competentes, bem como aos órgãos legitimados pelo Controle Social, os resultados e/ou achados da pesquisa, sempre que estes puderem contribuir para a melhoria das condições de vida da coletividade, preservando, porém, a imagem e assegurando que os participantes da pesquisa não sejam estigmatizados; n) assegurar aos participantes da pesquisa os benefícios resultantes do projeto, seja em termos de retorno social, acesso aos procedimentos, produtos ou agentes da pesquisa; o) assegurar aos participantes da pesquisa as condições de acompanhamento, tratamento, assistência integral e orientação, conforme o caso, enquanto necessário, inclusive nas pesquisas de rastreamento; p) comprovar, nas pesquisas conduzidas no exterior ou com cooperação estrangeira, os compromissos e as vantagens, para os participantes das pesquisas e para o Brasil, decorrentes de sua realização. Nestes casos deveser identificado o pesquisador e a instituição nacional, responsáveis pela pesquisa no Brasil. Os estudos patrocinados no exterior também deverão responder às necessidades de transferência de conhecimento e tecnologia para a equipe brasileira, quando aplicável e, ainda, no caso do desenvolvimento de novas drogas, se comprovadas sua segurança e eficácia, é obrigatório seu registro no Brasil; q) utilizar o material e os dados obtidos na pesquisa exclusivamente para a finalidade prevista no seu protocolo, ou conforme o consentimento do participante; r) levar em conta, nas pesquisas realizadas em mulheres em idade fértil ou em mulheres grávidas, a avaliação de riscos e benefícios e as eventuais interferências sobre a fertilidade, a gravidez, o embrião ou o feto, o trabalho de parto, o puerpério, a lactação e o recém-nascido; s) considerar que as pesquisas em mulheres grávidas devem ser precedidas de pesquisas em mulheres fora do período gestacional, exceto quando a gravidez for o objeto fundamental da pesquisa; t) garantir, para mulheres que se declarem expressamente isentas de risco de gravidez, quer por não exercerem práticas sexuais ou por as exercerem de forma não reprodutiva, o direito de participarem de pesquisas sem o uso obrigatório de contraceptivos; e u) ser descontinuada somente após análise e manifestação, por parte do Sistema CEP/CONEP/CNS/MS que a aprovou, das razões dessa descontinuidade, a não ser em casos de justificada urgência em benefício de seus participantes. III.3 - As pesquisas que utilizam metodologias experimentais na área biomédica, envolvendo seres humanos, além do preconizado no item III.2, deverão ainda: a) estar fundamentadas na experimentação prévia, realizada em laboratórios, utilizando-se animais ou outros modelos experimentais e comprovação científica, quando pertinente; b) ter plenamente justificadas, quando for o caso, a utilização de placebo, em termos de não maleficência e de necessidade metodológica, sendo que os benefícios, riscos, dificuldades e efetividade de um novo método terapêutico devem ser testados, comparando-o com os melhores métodos profiláticos, diagnósticos e terapêuticos atuais. Isso não exclui o uso de placebo ou nenhum tratamento em estudos nos quais não existam métodos provados de profilaxia, diagnóstico ou tratamento; c) utilizar o material biológico e os dados obtidos na pesquisa exclusivamente para a finalidade prevista no seu protocolo, ou conforme o consentimento dado pelo participante da pesquisa; e d) assegurar a todos os participantes ao final do estudo, por parte do patrocinador, acesso gratuito e por tempo indeterminado, aos melhores métodos profiláticos, diagnósticos e terapêuticos que se demonstraram eficazes: d.1) o acesso também será garantido no intervalo entre o término da participação individual e o final do estudo, podendo, nesse caso, esta garantia ser dada por meio de estudo de extensão, de acordo com análise devidamente justificada do médico assistente do participante. Tutoria 4 Objetivos específicos: 1)Definir epidemiologia, identificando os principais conceitos epidemiológicos: perfil epidemiológico, incidência, prevalência, surto, epidemia, endemia, pandemia, boletim epidemiológico, etc. Epidemiologia: o estudo dos fatores que determinam a frequência e a distribuição das doenças nas coletividades humanas. Enquanto a clínica dedica-se ao estudo da doença no indivíduo, analisando caso a caso, a epidemiologia debruça-se sobre os problemas de saúde em grupos de pessoas, às vezes grupos pequenos, na maioria das vezes envolvendo populações numerosas – Outra definição Epidemiologia pode ser definida como a ciência que estuda o processo saúde doença em coletividades humanas, analisando a distribuição e os fatores determinantes das enfermidades, danos à saúde e eventos associados à saúde coletiva, propondo medidas específicas de prevenção, controle ou erradicação de doenças e fornecendo indicadores que sirvam de suporte ao planejamento, administração e avaliação das ações de saúde (ROUQUAYROL; GOLDBAUM; SANTANA, 2013). Objetivos: 1. Descrever a distribuição e a magnitude dos problemas de saúde das populações humanas. 1. Proporcionar dados essenciais para o planejamento, execução e avaliação das ações de prevenção, controle e tratamento das doenças, bem como para estabelecer prioridades. 1. Identificar fatores etiológicos na gênese das enfermidades. Utilidades: · Analisar a situação de saúde; · Identificar perfis e fatores de risco; · Proceder à avaliação epidemiológica de serviços; · Entender a causalidade dos agravos à saúde; · descrever o espectro clínico das doenças e sua história natural; · Avaliar o quanto os serviços de saúde respondem aos problemas e às necessidades das populações; · testar a eficácia, a efetividade e o impacto de estratégias de intervenção, bem como a qualidade, acesso e disponibilidade dos serviços de saúde para controlar, prevenir e tratar os agravos de saúde na comunidade; · Identificar fatores de risco de uma doença e grupos de indivíduos que apresentam maior risco de serem atingidos por determinado agravo; · Definir os modos de transmissão; · Identificar e explicar os padrões de distribuição geográfica das doenças; · Estabelecer os métodos e estratégias de controle dos agravos à saúde; · Estabelecer medidas preventivas; · Auxiliar o planejamento e desenvolvimento dos serviços de saúde; · Gerar dados para a administração e avaliação de serviços de saúde; · Estabelecer critérios para a Vigilância em Saúde. Definição de termos importantes Perfil Epidemiológico: consiste de um detalhado levantamento das características sociais e demográficas, ocorrência de morbidade/mortalidade, condições ambientais e de consumo coletivo, e de controle social (hábitos, doenças prévias, história familiar) Agente etiológico: é o agente causador ou responsável por uma doença. Pode ser vírus, bactéria, fungo, protozoário ou helminto. É sinônimo de “patógeno”. Incidência: indica o número de casos novos ocorridos em um certo período de tempo em uma população específica. Os novos casos ou incidentes podem ser compreendidos como aqueles indivíduos não doentes no início do período de observação (sob-risco/susceptível) e que adoeceram durante o período observado. Portanto, para se definir a incidência de uma doença com acurácia, é necessário acompanhar a população em observação. Prevalência: refere-se ao número de casos (novos e velhos) encontrados em uma população definida em um determinado ponto no tempo. Em outras palavras, são os casos já existentes (antigos) somados aos casos novos, numa dada população durante um período de tempo. A relação entre incidência e prevalência varia entre as doenças. Uma mesma doença pode apresentar baixa incidência e alta prevalência – como no diabetes – ou alta incidência e baixa prevalência – como no resfriado comum. Isso implica dizer que o resfriado ocorre mais frequentemente do que o diabetes, mas por um curto período, enquanto que o diabetes aparece menos frequentemente, mas por um longo período. Surto: é uma ocorrência epidêmica onde todos os casos estão relacionados entre si, atingindo uma área geográfica pequena e delimitada, como vilas e bairros, ou uma população institucionalizada, como colégios, quartéis, creches, asilos ( o surto pode ser só de um caso) Epidemia: pode ser definida “como sendo a ocorrência, numa comunidade ou região, de casos da mesma doença, em números que ultrapassam nitidamente a incidência normalmente esperada”/ Epidemia por fonte comum: é a epidemia na qual o agente etiológico pode ser veiculado pela água, alimentos ou pelo ar, permitindo a exposição de um elevado número de indivíduos ao agente etiológico, portanto pode haver uma explosão de casos em um curto período de tempo. Normalmente, a doença não é transmitida de pessoa para pessoa, e a velocidade de progressão da epidemia vai depender das características do agente etiológico (período de incubação). Epidemia progressiva ou programada: trata-se de uma epidemia mais lenta, na qual a formade transmissão provavelmente se dá de pessoa para pessoa. A transmissão pode ser direta ou indireta (fômites ou vetores). Endemia: refere- se a presença constante de uma doença dentro dos limites esperados, em uma determinada área geográfica, por um período de tempo ilimitado. (Ex: malária) Pandemia: é o nome dado à ocorrência epidêmica caracterizada por larga distribuição espacial, atingindo várias nações. Em outras palavras, a pandemia pode ser tratada como a ocorrência de uma série de epidemias localizadas em diferentes regiões e que ocorrem em vários países ao mesmo tempo Boletim Epidemiológico: o Boletim Epidemiológico, editado pela Secretaria de Vigilância em Saúde, é uma publicação de caráter técnico-científico, acesso livre, formato eletrônico com periodicidade mensal e semanal para os casos de monitoramento e investigação de doenças específicas sazonais. A publicação recebeu o número de ISSN: 2358-9450. Este código, aceito internacionalmente para individualizar o título de uma publicação seriada, possibilita rapidez, qualidade e precisão na identificação e controle da publicação. Ele se configura como instrumento de vigilância para promover a disseminação de informações relevantes qualificadas, com potencial para contribuir com a orientação de ações em Saúde Pública no país. No Boletim Epidemiológico são publicadas descrições de monitoramento de eventos e doenças com potencial para desencadear emergência de Saúde Pública; análises da situação epidemiológica de doenças e agravos de responsabilidade da SVS; relatos de investigação de surtos e de outros temas de interesse da Vigilância em Saúde para o Brasil. Comportamento de risco são práticas adotadas que aumentam o risco de contrair uma doença. O consumo de álcool, drogas e a prática de atividade sexual sem proteção, são fatores que potencializam o risco de um indivíduo adquirir, por exemplo, HIV.Não tenho certeza Grupo de risco: são pessoas precisam de atenção imediata com seu estado de saúde. Em geral, essas pessoas já possuem alguma doença que pode se agravar, mas isso não é regra. Exposição: A exposição possui duas dimensões: nível e duração. A exposição (causa) então é chamada de variável independente porque ela existe independentemente do desfecho que irá acontecer Dose: é usada outra forma de apresentar o nível de exposição. É a dose populacional. Para a radiação, esperase que uma dose populacional de 50 sievert (Sv) provoque um caso fatal de câncer. Se a dose populacional refere-se a 100 pessoas, cada uma com uma dose de 0,5 Sv, ou 10 mil pessoas com uma dose de 5 mSv, cada uma, o resultado será um caso fatal de câncer. Esse cálculo baseia-se na hipótese de que não há um limiar individual abaixo do qual o risco de câncer equivale a zero e de que o risco de câncer aumenta linearmente com a dose. Entretanto, a variação da dose dentro do grupo pode ser grande e os indivíduos com as maiores doses terão, obviamente, maior risco individual de câncer em decorrência dessa exposição. Desfecho: resulto, desenvolvimento ou não da doença (limitação, incapacidade e deficiência ou morte).O desfecho é chamado de variável dependente porque ele depende de algo, no caso, a exposição. Plausibilidade biológica – plausibilidade biológica para a causalidade. Ainda podemos concluir que o que parece implausível num momento pode se tornar plausível em outro e vice-versa. (estresse e doenças – enfraquece o sistema imunológico) mas às vezes não a conhecemos porque não temos meios de verifica-la. Caso da gastrite – bactérias colonizar o estômago porque é muito ácido. Anos de vida potencialmente perdidos (por morte prematura ou incapacidade devido a uma doença ou agravo. Erros potenciais em estudos epidemiológicos As investigações epidemiológicas têm por objetivo fornecer medidas precisas da ocorrência das doenças (ou outros desfechos). No entanto, há muitas possibilidades de erro nessas medidas. Os epidemiologistas têm tentado minimizar esses erros e estimar o impacto daqueles que não podem ser eliminados. Os erros podem ser aleatórios ou sistemáticos. Erro aleatório O erro aleatório ocorre quando o valor medido na amostra do estudo diverge, devido ao acaso, do verdadeiro valor da população. O erro aleatório decorre de medida imprecisa da associação. As três principais causas de erro aleatório são: • variação biológica individual; • erro de amostragem; • erros de medida. Um erro aleatório nunca pode ser completamente eliminado porque quase sempre o estudo é conduzido em uma pequena amostra da população. O erro de amostragem decorre, geralmente, da falta de representatividade da amostra, que não contempla toda a variabilidade da população. A melhor forma de reduzir o erro de amostragem é aumentar o tamanho amostral. Tamanho da amostra O tamanho da amostra deve ser grande o suficiente a fim de que o estudo tenha poder estatístico para detectar as diferenças importantes. As seguintes informações são necessárias antes de o cálculo ser realizado: • nível de significância estatística capaz de detectar uma diferença; • erro aceitável, ou a chance de não detectar um efeito real; • magnitude do efeito sob investigação; • frequência da doença na população; • tamanho adequado dos grupos que estão sendo comparados. Na realidade, o tamanho da amostra é frequentemente determinado por considerações logísticas e financeiras A precisão de um estudo pode também ser melhorada assegurando-se que os grupos sejam de tamanho apropriado. Isso diz respeito, frequentemente, aos estudos de casos e controles em relação à determinação do número ideal de controles para cada caso, visto que isso depende do custo relativo em selecioná-los. Não é possível definir uma proporção ideal de controles para cada caso, pois isso depende dos custos referentes ao acúmulo de casos e controles. Erro sistemático O erro sistemático (ou viés) ocorre em epidemiologia quando os resultados diferem de uma maneira sistemática dos verdadeiros valores. Um estudo com um pequeno erro sistemático é dito ter uma alta precisão (acurácia). A precisão não é afetada pelo tamanho da amostra. As possíveis fontes de erros sistemáticos em epidemiologia são muitas e variadas. Mais de 30 tipos específicos de vieses já foram identificados, sendo estes os principais: • viés de seleção - ocorre quando há uma diferença sistemática entre as características das pessoas selecionadas para o estudo em relação àquelas que não foram selecionadas. Uma fonte óbvia do viés de seleção ocorre quando os participantes são selecionados por conta própria (autosseleção), seja por estarem doentes ou por estarem preocupados com uma determinada exposição. • viés de mensuração (classificação) - ocorre quando a medida individual ou a classificação da doença ou exposição são imprecisas, isto é, não medem corretamente o que se propõem a medir. Há inúmeras fontes de viés de mensuração e seus efeitos variam de importância. Por exemplo, as medidas bioquímicas ou fisiológicas nunca são completamente precisas e, diferentes laboratórios produzem, frequentemente, resultados diferentes para um mesmo indivíduo. Fator de confusão O fator de confusão é outro grande problema nos estudos epidemiológicos. Ao se estudar a associação entre exposição a uma determinada causa (ou fator de risco) e a ocorrência da doença, o fator de confusão pode ocorrer quando existe outra exposição no estudo, que está associada com a doença e com a exposição em estudo. O problema aparece se esse fator estranho – por si só determinante ou fator de risco para a doença – encontrar-se desigualmente distribuído entre os subgrupos expostos. O fator de confusão ocorre quando o efeito de duas exposições (fatores de risco) não for diferenciado, levando à conclusão incorreta de que os efeitos são devido a uma variável e não a outra. Para ser fator de confusão, duas condições devem ser satisfeitas: a variável de confusão deve estar associada com a exponição, mas não ser consequência dela, e estar associada com os desfecho, independente da exponição. Os métodosmais comumente empregados para controlar fatores de confusão no delineamento de um estudo são: • randomização - a randomização, aplicável somente nos estudos experimentais, é o método ideal para assegurar que potenciais variáveis de confusão sejam igualmente distribuídas entre os grupos que estão sendo comparados. O tamanho da amostra tem de ser suficientemente grande para evitar a distribuição randômica inadequada dessas variáveis. A randomização evita que ocorra associação entre os potenciais variáveis de confusão e as exposições que estão sendo consideradas. • restrição - uma das formas de controlar os fatores de confusão é limitar o estudo a pessoas que apresentam uma característica em particular. Por exemplo, em um estudo sobre os efeitos do café na doença coronariana, a participação nesse estudo poderia ser restrita a não fumantes, removendo, assim, qualquer potencial fator de confusão resultante do hábito de fumar. • emparelhamento - os participantes do estudo são selecionados de forma a assegurar que as variáveis de confusão sejam igualmente distribuídas nos dois grupos de comparação. Por exemplo, em um estudo de casos e controles sobre exercícios físicos e doença cardíaca coronariana, cada paciente poderá ser emparelhado com um controle de mesma faixa etária e sexo a fim de evitar que essas variáveis atuem como fator de confusão. Durante a análise dos resultados, os fatores de confusão podem ser controlados por: • estratificação - que envolve a medida da força de associação em categorias homogêneas bem definidas (estratos) das variáveis de confusão. Se a idade for um fator de confusão, a associação pode ser medida em, por exemplo, grupos de 10 anos; se o sexo ou o grupo étnico for um fator de confusão, a associação é medida separadamente para homens e mulheres ou em diferentes grupos étnicos. Vários métodos estão disponíveis para resumir a associação global e produzir uma média ponderada das estimativas calculadas em cada estrato separadamente • modelagem estatística. 2)Caracterizar os diferentes tipos de estudos epidemiológicos, identificando as vantagens e desvantagens de cada um. Não sendo possível realizar experimentos em humanos nos resta apenas observá-los! Somente podemos testar em humanos, em medidas preventivas ou em tratamentos para uma determinada doença, jamais podemos causar qualquer mal a humanos Classificação dos estudos epidemiológicos · Quanto a intervenção Observacional: os estudos observacionais permitem que a natureza determine o seu curso: o investigador mede, mas não intervém. Esses estudos podem ser descritivos e analíticos: Experimental: inocula o fator causal são chamados de experimentos – quase experimento · Quanto a estratégia de observação Longitudinal – durante um longo período (continuo) Seccional – apenas em um momento especifico · Unidades de análise Individual – faz uma ficha individual de cada participante Ecológico – estudo de comunidade sem questionar cada um deles, obtendo esses dados por fontes secundárias. · Tipo de análise Descritivo - limita-se a descrever a ocorrência de uma doença em uma população, sendo, frequentemente, o primeiro passo de uma investigação epidemiológica. Muito usado para descrever assuntos ainda não muitos conhecidos Positivo: importante para relatar doenças novas Negativo: poucas observações, falta de um grupo controle, indivíduos observados altamente selecionados, depende muito de um único pesquisador. Analítico – aborda, com mais profundidade, as relações entre o estado de saúde e as outras variáveis. Ex: estuda a prevalência de determinada doença Positivo: fácil e barato de ser realizado, gerador de hipóteses de associação Negativo: não testa hipóteses, pois as variáveis são medidas simultaneamente · Momento da mensuração- momento durante o qual os dados foram registrados Retrospectivo - analisa os doentes e não doentes, relacionando com a exposição ou não no passado. Nos estudos retrospectivos a situação se inverte, os indivíduos são seguidos do “efeito” para a “causa”, ou seja, para trás, o processo a ser pesquisado já ocorreu e isso lhes confere um barateamento quando comparados aos prospectivos, entretanto há a dificuldade em escolher um grupo controle, que seja em tudo compatível com o grupo tratado e há ainda, o perigo de tendenciosidade na escolha do grupo controle. Vantagens: útil para doenças com longo período de latência e demanda menos recursos financeiros e tempo Desvantagens: controle limitado na obtenção da amostra e medição das variáveis. Dados incompletos. Prospectivo – analisa os expostos e os não expostos (no presente) e espera o desfecho. Nos estudos prospectivos os indivíduos são seguidos da “causa” para o “efeito”, ou seja, pra frente acompanhando o processo a ser pesquisado neles. É mais fácil obter um Vantagens: sequência temporal de risco aumenta a precisão, a quantidade e qualidade das informações Desvantagens: caro, demorado, não é útil para doenças raras, perdas durante o seguimento Tipos de estudos Observacionais: os estudos observacionais são quando indivíduos da amostra não foram designados aos grupos por processo aleatório, mas já estavam classificados nos respectivos grupos, no início da pesquisa (não é experimento). Por exemplo, em uma pesquisa na qual se quer estudar algum aspecto de um grupo de alcoólatras, não há a possibilidade de induzir um grupo a tornar-se alcoólatra, então o estudo é observacional e inclui o grupo que já era alcoólatra e um grupo de não alcoólatras como grupo controle. * Primeiramente tem que se observar o crescimento da criança, desde a infância até a fase adulta. * Tem que observar uma criança que foi nutrida e uma que não foi nutrida adequadamente. * Não se pode fazer o experimento aleatório neste caso, ou seja, nutrir um grupo de crianças e o outro não, para observar as consequências Constituem a única forma de estudar efeitos colaterais das diferentes terapias e também algumas contra-indicações (Ex: Se homens e mulheres têm diferença em relação à resposta do tratamento.) Descritivo Relato de casos: O relato de caso é o estudo que mais se identifica com o médico clínico. Pega um caso especifico e descrever toda história (descritivo). Relatos são a descrição detalhada de casos clínicos, contendo características importantes sobre os sinais, sintomas e outras características do paciente e relatando os procedimentos terapêuticos utilizados, bem como o desenlace do caso. Possuem indicação clara em situações de doenças raras, para as quais tanto o diagnóstico como a terapêutica não estão claramente estabelecidos na literatura científica. Os relatos de casos foram durante muito tempo a única base de informações científicas da medicina. Grande parte das bases das principais técnicas cirúrgicas que perduram até hoje foram advindas deste tipo de estudos. Como grande exemplo, citemos a cesariana que é a cirurgia mais realizada no mundo que foi aprimorada praticamente toda baseada em relatos de casos Resumindo, um bom relato de caso deve ter as características a seguir: • questão relevante como tema; • questão claramente definida para ser respondida; • ser único e interessante; • apresentação que siga um roteiro que será apresentado a seguir; • escrita compatível com o jornal escolhido para publicação; • apresentar conclusões e respostas compatíveis com as limitações de um relato de caso. Publique ou pereça – sofrem muitas críticas - São a primeira fonte de evidências para novas terapias (cirúrgicas ou clínicas) e para detecção de efeitos adversos raros de medicamentos Normalmente se publica somente os relatos de casos/terapias que obtiveram sucesso – casos com tratamento não positivos são raros. Vantagens: · fáceis e rápidos de serem elaborados e escritos · Barato · Bom para identificar doenças rara – descrição bastante detalhada e riqueza de detalhes · Formulações de novas hipóteses Desvantagens: · conclusões baseiam-se em poucos casos (limitada) · não possuem amostragem representativa e metodologia capaz devalidar associação causal · não há grupo controle para comparação · não quantifica a prevalência na população · metodologia de diagnóstico não é padronizada. Série de casos: um relato de caso engloba não mais que três casos e uma série de casos compreende de 3 a 10 casos Analítico Corte Transversal: neste caso o pesquisador deve ver a associação entre a exposição e o desfecho em apenas um instante na linha do tempo e, assim, é possível avaliar a prevalência da doença e utilizar a razão de prevalência para avaliar a força da associação entre a exposição e a doença (analisa em única oportunidade. Verifica-se o “agora”. Razoavelmente baratos, pois são considerados estudos comuns. Populações para o estudo bem definida. Bom para o estudo de doenças com baixa letalidade ou doenças crônicas de evolução lenta Exemplos: Se homens respondem melhor à cirurgia cardíaca do que as mulheres. Recém-nascidos com baixo peso têm problemas de mal formação cardíaca? Vantagens: · Mais barato · Rápido · Gerador de hipóteses de associação Desvantagens: · Indivíduos observados são altamente selecionados · Poucas observações · Viés do pesquisador · Falta de um grupo controle Coorte: são estudos chamados de longitudinais, isto significa que cada observação é analisada pelo menos duas vezes. Além de escolher a população com base na variante independente (tabagismo – causa), focando mais diretamente nos fatores relacionados ao desenvolvimento de um determinado desfecho Observa-se com o decorrer do tempo, pode ser tanto prospectivo quanto retrospectivos Vantagens · Mais preciso = é o pesquisador que determina o que ele vai medir, como ele vai medir e a forma como ele apresentará as respostas. · Tem mais controle das variáveis que ele vai medir · Importante para avaliar a incidência de doenças · Prospectivo (para frente) mais seguro · Diversas variáveis podem ser medidas Desvantagens · Mais caro · Mais longo · Precisa de amostras com número muito grande · Não é útil para doenças raras · Pode ocorrer perdas durante o estudo (uma pessoa morrer) A diferença entre o Estudo de Coorte e o de Caso/Controle é em relação ao foco (ambos tem grupo controle). Caso-controle: Parte-se de indivíduos com doença (casos) e sem doença (controles) e busca no passado a presença ou ausência do fator de exposição(retrospectivo). Compara-se os grupos para investigar a associação entre o evento de interesse e alguns preditores. São importantes para analisar doenças raras e situações de surtos ou agravos desconhecidos. Escolhe a população com base na variante dependente (desfecho – câncer de pulmão). Vantagens: · Mais barato · Fácil de execução · Pode analisar diversas variáveis ao mesmo tempo · Geralmente pessoas que já estão hospitalizadas e, portanto, já procuraram ajuda médica devido à doença. · É mais adequado para doenças raras. · Menor número de amostras para a observação, consequentemente, menos gastos Desvantagens: · Por ser retrospectivo, o paciente ao relatar sua história clínica pode esquecer de fatos importantes para o estudo ou até mesmo exagerar nos relatos. · Vários tipos de viés: tendenciosidade, informação, seleção e confusão de dados · Influência do pesquisador, que vai selecionar quem faz parte da pesquisa (seria bom se fosse aleatório) · Tendenciosidade: as pessoas se lembram de fatores mais recentes, mas se esquecem de fatores mais antigos que podem ser importantes no estudo. Correlação - realiza comparações -(ecológico): um estudo ecológico ou agregado focaliza a comparação de grupos, ao invés de indivíduos. Os dados dessa área são comparados a outras, ou no tempo (séries temporais) ou ambos .Muito usados na pesquisa de câncer em que taxas de câncer de diferentes órgãos são examinadas por áreas geográficas (distrito, cidade, estado, país) Vantagens: · Rápidos e baratos (evita a maior parte de recolher os dados) · Pode analisar causas e efeitos baseados no contexto social e econômico do grupo estudado · Gera e testa hipóteses rapidamente Desvantagens: · Não analisa ao nível individual (dados populacionais e não individual) · Dificuldade de controlar fatores de confusão Imagem: Conceitos e ferramentas da epidemiologia/ Rômulo Passos Experimentais Os estudos experimentais ou de intervenção têm por objetivo tentar mudar uma variável em um ou mais grupos de pessoas. Isso pode significar a eliminação de um fator alimentar relacionado a uma causa alérgica ou o teste de um novo tratamento para um grupo selecionado de pacientes. Os efeitos de uma intervenção são medidos através da comparação do desfecho nos grupos experimental e controle. Ensaios clínicos randomizado: o ensaio clínico randomizado é um experimento que tem por objetivo estudar os efeitos de uma intervenção em particular. Os indivíduos selecionados são aleatoriamente alocados para os grupos intervenção e controle, e os resultados são avaliados comparando-se os desfechos entre esses grupos. Para assegurar que os grupos comparados sejam equivalentes, os pacientes são alocados aleatoriamente, ou seja, ao acaso. Isso garante a comparabilidade entre os grupos intervenção e controle desde o início da intervenção. Assim, quaisquer diferenças observadas entre eles serão decorrentes do acaso, não sendo, portanto, afetadas por viés do investigador (estudo do tipo prospectivo) Cego – só os participantes não estão envolvidos Duplo cego – nem os participantes e os participantes Vantagens · Balanceai os fatores prognósticos(desfechos) entre os grupos de estudo · Permite a coleta de informações detalhadas · Doses podem ser pré-determinadas pelo investigador (por exemplo, dose do medicamento testado) · Cegamento dos participantes pode reduzir distorção na aferição de resultados. Desvantagens · Capacidade de generalização externa reduzida devido aos critérios de exclusão · Demorado · Amostras grandes · Custo elevado · Problemas éticos( é um experimento) Quase experimentais........ Ensaio de campo ou Intervenção: ensaios de campo, em contraste com os ensaios clínicos, envolvem pessoas que estão livres de doença (não pacientes), mas sob risco de desenvolvê-la. Os dados são coletados “no campo”, usualmente entre pessoas da população geral não institucionalizadas. Uma vez que os participantes estão livres da doença e o propósito é prevenir a ocorrência de doenças mesmo entre aquelas de baixa frequência Vantagens · Podem avaliar efeitos contextuais · Geram e testar novas hipóteses Desvantagens · Caro e envolvem um grande número de pessoas – logicamente complicado · Longa duração Um dos maiores ensaios de campo já realizados foi para testar a vacina Salk para prevenção da poliomielite, que envolveu mais de um milhão de crianças. Ensaio Comunitário: nesse tipo de experimento, os grupos de tratamento são comunidades ao invés de indivíduos. Esse delineamento é particularmente apropriado para doenças que tenham suas origens nas condições sociais e que possam ser facilmente influenciadas por intervenções dirigidas ao comportamento do grupo ou do indivíduo. As doenças cardiovasculares são um bom exemplo de uma condição apropriada para ensaios comunitários, muitas das quais estão, agora, sob investigação. Vantagens · Propor medidas de prevenção/ mudança da realidade social ao nível comunitário Desvantagens · Caro e demorado · Envolvem intervenções em nível de comunidade ao invés de indivíduos · Dificuldade de isolar uma comunidade para o estudo Níveis de evidência Os níveis de evidência destes estudos estão hierarquizados de acordo com os seus graus de confiança que está relacionado à qualidade metodológica dos mesmos. No topo da pirâmide encontram-se as revisões sistemáticas, seguidas de ensaios clínicos controlados randomizados, estudos de coorte, estudos de caso-controle, série de casos, relato de casos e por fim, a opinião de especialistas/ estudos in vitro ou com animais. 3) Descrever como os estudos em epidemiologia influenciam na prática médica e como estes são usados para a definição de políticas de saúde. A Epidemiologia colaborar, indicando uma melhoralocação de recursos e uma maior justiça social na distribuição dos benefícios. Sendo a lógica epidemiológica de definição de perfis de saúde-doença na população utilizada como parâmetro em documentos oficiais para o processo de gestão do SUS. Válidos e legítimos para a definição de prioridades A ocorrência de experiências inovadoras e criativas na prática da Epidemiologia, tanto pela inclusão da vigilância de outros agravos — como as mortalidades infantil e materna, os nascimentos de alto risco, entre outros — quanto pela formação de recursos humanos com uma abordagem mais aplicada às questões e problemas dos serviços de saúde. Epidemiologia direcionada aos serviços de saúde, com um maior esforço de adequação às práticas dos serviços Questão burocrática - A divulgação de dados epidemiológicos pertinentes para os conselhos municipais e estaduais, para a imprensa e para grupos organizados da população pode contribuir para a decisão sobre a alocação de recursos e conferir maior transparência ao processo decisório. Funções: · Diagnóstico da situação de saúde · Direcionamento das ações saneadoras: · Testar e formulação de hipóteses · Determinação de fatores e perfis de riscos · Aprimoramento na descrição do quadro clínico: · Determinação de prognósticos: · Planejamento e organização de serviços: · Avaliação das tecnologias, programas ou serviços: · Análise crítica de trabalhos científicos: · Definir modos de transmissão Diagnóstico da Situação de Saúde: Um importante faceta do trabalho em epidemiologia, que permeia este e os demais usos, consiste em gerar dados quantitativos, corretos, sobre a saúde do conjunto da população ou de seus segmentos, seja em atividades de rotina, seja em investigações especiais. Em conjunto, estes dados formam um diagnóstico populacional, dito coletivo ou epidemiológico, que pode determinar: • uma única condição seja um agravo à saúde, um fator de risco, o uso de serviços, uma característica da população ou outro evento de interesse; • um grupo de condições, exemplificado pelas doenças infecciosas ou pelas cardiovasculares; • a identificar e estimar a magnitude dos principais agravos à saúde, que incidem na população. Direcionamento das ações saneadoras (promoção da saúde) A distribuição dos casos aponta para as camadas da população em que o dano é mais frequente ou em que é raramente encontrado. O resultado é tomado como indicativo das necessidades atuais e de que em futuro próximo, se não houver mudanças na evolução natural do processo ou qualquer intervenção bem sucedida, esta desigualdade na distribuição de casos será também encontrada. Sendo assim, a identificação de desigualdades, no presente ou no passado, tem caráter preditivo, com certa margem de erro, como em toda previsão, mas apontando para a provável evolução do evento e indicando as características dos grupos que podem beneficiar-se de alguma forma de proteção que vise a diminuir os riscos e as suas consequências. Formulação de hipóteses A distribuição de um evento, na população, reflete a ação de fatores subjacentes que importa conhecer. A análise da distribuição dos casos, em diferentes épocas e lugares, assim como o seu estudo intensivo, na mesma população, permite levantar suspeitas causais quanto às possíveis razões para as diferenças encontradas, de modo a formular hipóteses sobre as causas da variação retratada nos coeficientes. O prosseguimento deste raciocínio leva ao segundo uso da epidemiologia, a investigação etiológica, apresentado na próxima seção. Em síntese, o conhecimento da distribuição de um evento não é um objetivo terminal em si, mas a fase inicial do processo de explicação do perfil das doenças ou de identificação de pontos onde as ações são mais necessárias, o que fornece os subsídios para a investigação etiológica e para a tomada de decisão, quanto à implementação de ações saneadoras. Determinação de riscos As investigações etiológicas, abordadas na seção anterior, geram resultados que apontam para os riscos a que uma pessoa está sujeita. São estas investigações que fornecem os dados básicos para a quantificação da associação entre a exposição a um determinado fator e o surgimento subsequente da doença. O conhecimento, derivado das pesquisas, é usado para produzir normas a serem recomendadas à população ou então, quando indicado, na elaboração de padrões para a vigilância do seu cumprimento pelas autoridades. Aprimoramento na descrição do quadro clínico Após dado conhecimento das observações pioneiras, na literatura especializada, elas são confirmadas ou refutadas por estudiosos da matéria. Certos detalhes da doença somente são esclarecidos em estudos populacionais posteriores, bem conduzidos, em que a epidemiologia muito auxilia na parte metodológica das investigações. Deste modo, a observação da evolução de uma afecção em um número suficiente de pacientes, reunidos de maneira adequada, e com a necessária objetividade na aferição, permite descrever detalhes e completar o quadro clínico. Determinação De Prognósticos: FATOR DE PROGNÓSTICO: Em geral, as investigações voltadas à determinação de prognósticos são efetuadas com maior propriedade quando incidem sobre uma coorte de pacientes, reunidos no estágio inicial da doença e acompanhados por tempo suficiente para que os efeitos da afecção possam se manifestar. O objetivo é identificar fatores presentes no momento do diagnóstico, que possam ser preditivos do curso da doença. Generalização dos resultados: As estatísticas sobre os eventos presentes no curso clínico podem ser interpretadas como valores probabilísticos, que são utilizados no manejo individual de cada paciente — visto que informam as probabilidades de ocorrência futura destes mesmos eventos. Isto significa que é possível aplicar, para um indivíduo isoladamente, com a necessária prudência, os achados relativos ao grupo. Planejamento e Organização de Serviço (questão da doação de sangue na abertura) As decisões tomadas na fase de planejamento e de organização dos serviços estão baseadas em informações produzidas com o emprego adequado da epidemiologia. Neste particular, alguns tipos de informação são empregados para subsidiar as decisões relativas à definição de prioridades e ao melhor uso dos recursos, entre as quais: • as informações referentes à magnitude e à distribuição dos problemas de saúde, dos fatores de risco e das características da população; • os resultados de estudos epidemiológicos, principalmente os “controlados”, sejam experimentais ou não, que forneçam informações relevantes e confiáveis sobre a relação causal entre características da população, fatores de risco e agravos à saúde, e, também, sobre o impacto das diversas formas de intervenção; • as informações sobre os recursos financeiros, humanos e materiais. A implementação das decisões tomadas em nível de planejamento leva à execução de “ações”, que podem ou não modificar as “condições de saúde”. O monitoramento das ações e, principalmente, das mudanças nos indicadores de saúde é feito com o auxílio dos ensinamentos contidos na epidemiologia, de modo que os dados sobre os agravos à saúde, os fatores de risco, os recursos empregados e a infra-estrutura de serviços sejam coletados, armazenados, organizados e interpretados com vistas à sua utilização no aprimoramento do funcionamento dos serviços de saúde. Avaliação Das Tecnologias, Programas Ou Serviços A modernização dos sistemas de saúde caracteriza-se pela crescente variedade e complexidade dos meios colocados à disposição dos profissionais e da população para lidar com as doenças, o que é acompanhado por muitos benefícios, mas também por efeitos colaterais em potencial e aumento significativo de gastos no setor. Tais fatores estão inter-relacionados e, dentre o elenco de medidas advogadas para lidar com a situação ressalta, como imprescindível, a avaliação sistemática das novas tecnologias, programas, serviços ou ações isoladas, assim como dos atualmente existentes, sobre cujos benefícios ainda pesem controvérsias. Ointuito é proceder a análises comparativas com objetividade, para identificar os produtos e procedimentos que ofereçam os melhores resultados e tenham impacto significativo na população. Análise Crítica de Trabalhos Científicos A evolução do ensino da epidemiologia permitiu preencher um claro, antes existente na formação dos profissionais de saúde: o de prover os princípios básicos da metodologia científica, abrangendo os conceitos e os processos destinados à realização de investigações. A adequação metodológica de uma investigação é a base para a credibilidade das suas conclusões. Para bem avaliar uma pesquisa, é necessário o conhecimento de múltiplos aspectos, entre os quais: • os principais métodos de investigação, suas aplicações e limitações; • os indicadores de saúde mais utilizados, para que se possa fazer a escolha do que melhor se adapte às condições do momento; • as características das fontes de dados, sabido que há variações de abrangência e de qualidade das informações; • as deturpações que podem ser introduzidas, em função do modo de seleção das pessoas que formam o grupo sobre o qual é feita a coleta de dados; • os erros mais comuns na própria coleta do dado; • a influência das variáveis que confundem a interpretação dos resultados e devem ser levadas em conta para terem seus efeitos neutralizados. Através de um processo ordenado de avaliação, é possível separar os trabalhos cujas conclusões podem ser aceitas, por estarem baseadas em metodologia adequada, dos demais, a serem descartados como inapropriados, cujas conclusões não devem ser levadas em conta. 4)Caracterizar os indicadores de saúde (demográficos, sócio econômicos, mortalidade, morbidade e fatores de risco, recursos, cobertura), enumerando os atributos de um bom indicador. Indicador de saúde pode ser definido como um dado que represente uma situação de saúde; em outras palavras, trata-se de um instrumento de mensuração utilizado para avaliar situações de saúde, além de ser utilizado como base para o planejamento, execução, gerenciamento e avaliação de ações e serviços de saúde. Os principais indicadores de saúde que servem para avaliar o cenário epidemiológico de uma população e estimar o seu nível de desenvolvimento social e econômico, tendo em vista que vários indicadores de saúde expressam indiretamente a falta de infraestrutura e organização dos serviços de saúde, bem como a falta de educação e informação em saúde por parte da sociedade. No entanto, para que um indicador tenha todas essas aplicações, ele precisa atender a certos critérios. · Consistência interna · Integralidade ou completitude · Uso e efetividade · Mensuridade · Relevância Indicadores de saúde – Data Sus Para que sejam efetivamente utilizados, os indicadores precisam ser organizados, atualizados, disponibilizados e comparados com outros indicadores. Os indicadores de saúde podem ser classificados como negativos (taxa de mortalidade) e positivos (expectativa de vida). Categorias dos indicadores de saúde Mortalidade: a medida de mortalidade tem sido tradicionalmente utilizada como indicador de saúde há mais de um século .Historicamente, é o primeiro indicador utilizado em avaliação de saúde coletiva; e ainda hoje, o mais empregado. Isso pode ser explicado pelas facilidades operacionais, pois a morte é definitiva, ao contrário da doença, e cada óbito tem que ser registrado .Inicialmente, a mensuração de tal medida estava a cargo da igreja católica na Europa. Só a partir do século XVII é que a regulamentação do registro sistemático de fatos vitais passou a ser efetuada progressivamente pelo Estado. Atualmente, está consolidada esta atribuição para os Estados, e, em geral, cabe aos Serviços de Saúde realizar a notificação, mensuração e avaliação da causa morte. O coeficiente geral de mortalidade, ou taxa de mortalidade geral, refere-se a toda população, e não ao total de óbitos. Trata-se de um indicador muito utilizado para descrever e comparar as condições de saúde das populações, para definir prioridades na investigação epidemiológica e para avaliar a eficácia de medidas de saúde. No entanto, pode sofre influência da distribuição etária da população, o que pode elevar a TMG em situações onde tal mortalidade é esperada. Existe diversas classificações de TME (Taxa de Mortalidade Específica) Taxa de mortalidade infantil no Brasil por regiões, 2000-2011 Morbidade: é a taxa de portadores de determinada doença em relação à população total estudada, em determinado local e em determinado momento. Indicadores nutricionais: utilizados para a avaliação das condições de saúde e nutrição de populações. Como exemplo, podemos citar: a proporção de recém nascidos com baixo peso ao nascer e a proporção de crianças com peso e altura inferiores para o esperado, expressa pelo peso/idade e, mais especificamente, peso/altura e altura/idade. É importante notar que alguns dos dados utilizados para gerar esses indicadores são coletados na rotina da Unidade de Saúde da Família. Indicadores demográficos: são indicadores cruciais para a construção e compreensão de outros indicadores de saúde, pois trabalham com dados demográficos como fonte primária de informação. Alguns exemplos desses indicadores são: população total, razão de gênero, taxa de crescimento da população, proporção de idosos na população, razão de nascidos vivos estimados e informados, etc. Indicadores sociais ou socioeconômicos: utilizados como indicadores sanitários indiretos, são fundamentais para compreender os fatores de risco para determinados agravos. Podemos citar no elenco desses indicadores: a taxa de analfabetismo, escolaridade da população por faixa etária, produto interno bruto, proporção de pessoas com baixa renda, entre outros. Indicadores ambientais: também conhecidos como indicadores sanitários, estão diretamente relacionados às condições socioeconômicas. Como exemplo, podemos citar: cobertura de saneamento básico e abastecimento de água e a coleta de lixo. Indicadores de serviços de saúde: refletem o que ocorre no âmbito da assistência à saúde e podem ser subdivididos em 3 grupos: Letalidade: é uma medida da gravidade da doença. Expressa o poder que uma doença ou agravo à saúde tem de provocar a morte nas pessoas acometidas. É calculada dividindo-se o número de óbitos por determinada doença pelo número de casos da mesma doença. Algumas doenças apresentam letalidade nula, como, por exemplo, escabiose; enquanto para outras, a letalidade é igual ou próxima de 100%, como a raiva humana. Taxa de ataque: Sobrevida: constitui uma variável que relaciona tempo e evento: ela mede o tempo entre o início da observação até a ocorrência de um evento. Recursos Tutoria 5 1)Caracterizar o SUS como o sistema de saúde do Brasil, descrevendo seus princípios doutrinários e organizativos. O Sistema Único de Saúde (SUS) é um dos maiores e mais complexos sistemas de saúde pública do mundo, abrangendo desde o simples atendimento para avaliação da pressão arterial, por meio da Atenção Primária, até o transplante de órgãos, garantindo acesso integral, universal e gratuito para toda a população do país. Com a sua criação, o SUS proporcionou o acesso universal ao sistema público de saúde, sem discriminação. A atenção integral à saúde, e não somente aos cuidados assistenciais, passou a ser um direito de todos os brasileiros, desde a gestação e por toda a vida, com foco na saúde com qualidade de vida, visando a prevenção e a promoção da saúde. A gestão das ações e dos serviços de saúde deve ser solidária e participativa entre os três entes da Federação: a União, os Estados e os municípios. A rede que compõe o SUS é ampla e abrange tanto ações quanto os serviços de saúde. Engloba a atenção primária, média e alta complexidades, os serviços urgência e emergência, a atenção hospitalar, as ações e serviços das vigilâncias epidemiológica, sanitária e ambiental e assistência farmacêutica. Sus – a expressão pura e genuína do interesse geral da sociedade Doutrinários Universalização: a saúde é um direitode cidadania de todas as pessoas e cabe ao Estado assegurar este direito, sendo que o acesso às ações e serviços deve ser garantido a todas as pessoas, independentemente de sexo, raça, ocupação ou outras características sociais ou pessoais. Art. 196. A saúde é direito de todos e dever do Estado, garantido mediante políticas sociais e econômicas que visem à redução do risco de doença e de outros agravos e ao acesso universal e igualitário às ações e serviços para sua promoção, proteção e recuperação (BRASIL, 1988, p. 63). Equidade: o objetivo desse princípio é diminuir desigualdades. Apesar de todas as pessoas possuírem direito aos serviços, as pessoas não são iguais e, por isso, têm necessidades distintas. Em outras palavras, equidade significa tratar desigualmente os desiguais, investindo mais onde a carência é maior. Integralidade: este princípio considera as pessoas como um todo, atendendo a todas as suas necessidades. Para isso, é importante a integração de ações, incluindo a promoção da saúde, a prevenção de doenças, o tratamento e a reabilitação. Juntamente, o princípio de integralidade pressupõe a articulação da saúde com outras políticas públicas, para assegurar uma atuação Inter setorial entre as diferentes áreas que tenham repercussão na saúde e qualidade de vida dos indivíduos. Resolutividade é definido como a exigência de que, quando um indivíduo busca atendimento ou quando surge um problema de impacto coletivo sobre a saúde, o serviço correspondente esteja capacitado para enfrentá-lo e resolvê-lo até o nível de sua complexidade Princípios Organizativos Regionalização e Hierarquização: os serviços devem ser organizados em níveis crescentes de complexidade, circunscritos a uma determinada área geográfica, planejados a partir de critérios epidemiológicos e com definição e conhecimento da população a ser atendida. A regionalização é um processo de articulação entre os serviços que já existem, visando o comando unificado dos mesmos. Já a hierarquização deve proceder à divisão de níveis de atenção e garantir formas de acesso a serviços que façam parte da complexidade requerida pelo caso, nos limites dos recursos disponíveis numa dada região. Descentralização e Comando Único: descentralizar é redistribuir poder e responsabilidade entre os três níveis de governo. Com relação à saúde, descentralização objetiva prestar serviços com maior qualidade e garantir o controle e a fiscalização por parte dos cidadãos. No SUS, a responsabilidade pela saúde deve ser descentralizada até o município, ou seja, devem ser fornecidas ao município condições gerenciais, técnicas, administrativas e financeiras para exercer esta função. Para que valha o princípio da descentralização, existe a concepção constitucional do mando único, onde cada esfera de governo é autônoma e soberana nas suas decisões e atividades, respeitando os princípios gerais e a participação da sociedade. Participação Popular: a sociedade deve participar no dia-a-dia do sistema. Para isto, devem ser criados os Conselhos e as Conferências de Saúde, que visam formular estratégias, controlar e avaliar a execução da política de saúde. 2) Comparar o antigo modelo de saúde (INPS, SUDS) e o novo (UBS, ESF, ACS), indicando as principais mudanças. INPS - Instituto Nacional de Previdência Social SUDS - Sistemas Unificados e Descentralizados de Saúde nos Estados UBS – Unidade Básica de Saúde ESF - Estratégia Saúde da Família ACS - Agente Comunitário de Saúde Antecedentes do SUS Antes do SUS não se tinha um modelo de saúde organizado, era voltado mais para o capital – evita mão de obra trabalhadora e não na saúde do indivíduo Antes da criação do Sistema Único de Saúde (SUS), o Ministério da Saúde (MS), com o apoio dos estados e municípios, desenvolvia quase que exclusivamente ações de promoção da saúde e prevenção de doenças, com destaque para as campanhas de vacinação e controle de endemias. Todas essas ações eram desenvolvidas com caráter universal, ou seja, sem nenhum tipo de discriminação com relação à população beneficiária. Na área de assistência à saúde, o MS atuava apenas por meio de alguns poucos hospitais especializados, nas áreas de psiquiatria e tuberculose, além da ação da Fundação de Serviços Especiais de Saúde Pública (FSESP) em algumas regiões específicas, com destaque para o interior do Norte e Nordeste. Essa ação, também chamada de assistência médico-hospitalar, era prestada à parcela da população definida como indigente, por alguns municípios e estados e, principalmente, por instituições de caráter filantrópico. Essa população não tinha nenhum direito e a assistência que recebia era na condição de um favor, uma caridade. A grande atuação do poder público nessa área se dava através do Instituto Nacional de Previdência Social (INPS) que depois passou a ser denominado Instituto Nacional de Assistência Médica da Previdência Social (INAMPS) - autarquia do Ministério da Previdência e Assistência Social. O INPS foi o resultado da fusão dos institutos de aposentadorias e pensões de diferentes categorias profissionais organizadas (bancários, comerciários, industriários, dentre outros), que posteriormente foi desdobrado em Instituto de Administração da Previdência Social (IAPAS), Instituto Nacional de Previdência Social (INPS) e Instituto Nacional de Assistência Médica da Previdência Social (INAMPS). Este último, tinha a responsabilidade de prestar assistência à saúde de seus associados, o que justificava a construção de grandes unidades de atendimento ambulatorial e hospitalar, como também da contratação de serviços privados nos grandes centros urbanos, onde estava a maioria dos seus beneficiários. A assistência à saúde desenvolvida pelo INAMPS beneficiava apenas os trabalhadores da economia formal, com “carteira assinada”, e seus dependentes, ou seja, não tinha o caráter universal que passa a ser um dos princípios fundamentais do SUS. Desta forma, o INAMPS aplicava nos estados, através de suas Superintendências Regionais, recursos para a assistência à saúde de modo mais ou menos proporcional ao volume de recursos arrecadados e de beneficiários existente. Portanto, quanto mais desenvolvida a economia do estado, com maior presença das relações formais de trabalho, maior o número de beneficiários e, consequentemente, maior a necessidade de recursos para garantir a assistência a essa população. Dessa forma, o INAMPS aplicava mais recursos nos estados das Regiões Sul e Sudeste, mais ricos, e nessas e em outras regiões, em maior proporção nas cidades de maior porte. Nessa época, os brasileiros, com relação à assistência à saúde, estavam divididos em três categorias, a saber: · Os que podiam pagar pelos serviços (médico particular) · Os que tinham direito a assistência prestada pelo INAMPS · Os que não tinham nenhum direito. Pode-se verificar que proporcionalmente a Região Sudeste, mais rica, foi a que recebeu mais recursos e que as Regiões Norte e Nordeste, mais pobres, foram a que menos receberam. Esses recursos eram utilizados para o custeio das unidades próprias do INAMPS (Postos de Assistência Médica e Hospitais) e, principalmente, para a compra de serviços da iniciativa privada. Com a crise de financiamento da Previdência, que começa a se manifestar a partir de meados da década de 70, o INAMPS adota várias providências para racionalizar suas despesas e começa, na década de 80, a “comprar” serviços do setor público (redes de unidades das Secretarias Estaduais e Municipais de Saúde), inicialmente por meio de convênios. A assistência à saúde prestada pela rede pública, apesar do financiamento do INAMPS apenas para os seus beneficiários, preservou o seu caráter de universalidade da clientela. Também, nessa época, o INAMPS passa a dar aos trabalhadores rurais, até então precariamente assistidos por hospitais conveniados com o FUNRURAL, um tratamento equivalente àquele prestado aos trabalhadores urbanos. Mesmo com a crise que já se abatia sobre o INAMPS, essa medida significou uma grande melhoria nas condições de acesso dessa populaçãoaos serviços de saúde, particularmente na área hospitalar. No final da década de 80, o INAMPS adotou uma série de medidas que o aproximaram ainda mais de uma cobertura universal de clientela, dentre as quais se destaca o fim da exigência da Carteira de Segurado do INAMPS para o atendimento nos hospitais próprios e conveniados da rede pública. Vídeo Aula Antes: Ou você tinha dinheiro e pagava pelo médico ou procurava instituições de caridades promovidas principalmente pela igreja católica Lei Eloy de Chaves – que formou a CAPS (caixa de aposentadorias e pensões) - o trabalhador depositava 3% do salário nessas CAPS, o governo e o empregador também depositava um dinheiro. Quando esse trabalhador ficasse doente, poderia retirar esse dinheiro e usar para pagar sua saúde. E se ele não utiliza-se esse dinheiro, poderia usar la na frente para a sua aposentadoria. ( feita por grandes empresas ferroviários e marítimos) Intermediário: campanhas de vacinação -- ações pontuais voltadas para determinadas situações Com a entrada do Getúlio vaga, trocou o nome para IAPS(Institutos de Aposentadoria e Pensões) – como tinha muita gente trabalhador e pouca aposentado – começou a construir muitos hospitais ( mas atendia somente os servidores do estado); tinha hospitais dos bancários (que atendia só bancários) - somente o trabalhador formal Com a ditadura a militar – continua basicamente a mesma ideia, mas com maior participação estatal e a inserção de novas categorias (empregados domésticos, autônomos e rurais) ( o empregador passar a dar 8% e o empregado 8%)- mesma lógica que o fundo de garantia. Essas novas categorias tinham que pagar o valor total . Quando o INPS começa a fica com pouco dinheiro, o governo muda para INAMPS – cria um teto pra pagamento dos procedimentos e das consultas Esse processo culminou com a instituição do Sistema Unificado e Descentralizado de Saúde (SUDS), implementado por meio da celebração de convênios entre o INAMPS e os governos estaduais. Assim, podemos verificar que começava a se construir no Brasil um sistema de saúde com tendência à cobertura universal, mesmo antes da aprovação da Lei 8.080 (também conhecida como Lei Orgânica da Saúde), que instituiu o SUS. Isso foi motivado, por um lado, pela crescente · crise de financiamento do modelo de assistência médica da Previdência Social e, por outro, · à grande mobilização política dos trabalhadores da saúde, de centros universitários e de setores organizados da sociedade, que constituíam o então denominado “Movimento da Reforma Sanitária”, no contexto da democratização do país. SUS ATUAL Lei Orgânica da Saúde (Lei 8.080/1990) A Lei Orgânica da Saúde, sancionada em 1990, regula as ações e serviços de saúde em todo o território nacional e estabelece, entre outras coisas, os princípios, as diretrizes e os objetivos do Sistema Único de Saúde (SUS) Caracterizada com comando único em cada esfera de governo e define o Ministério da Saúde como gestor no âmbito da União. Estabelece entre os princípios do SUS a “universalidade de acesso aos serviços de saúde em todos os níveis de assistência”. Objetivos: " Art.5º . São objetivos do Sistema Único de Saúde – SUS I - a identificação dos fatores condicionantes e determinantes da saúde; 11 - a formulação de política de saúde destinada a promover, nos campos econômico e social, a observância do disposto no § 1 º do artigo 2º desta lei; 111 - a assistência às pessoas por intermédio de ações de promoção, proteção e recuperação da saúde, com a realização integrada das ações assistenciais e das atividades preventivas. Art.2º. A saúde é direito fundamental do ser humano, devendo o Estado prover as condições indispensáveis ao seu pleno exercício. § 1º. O dever do Estado de garantir a saúde consiste na formulação e execução de políticas econômicas e sociais que visem à redução de riscos de doenças e de outros agravos e no estabelecimento de condições que assegurem acesso universal e igualitário às ações e aos serviços para a sua promoção, proteção e recuperação. Lei 8142 – resultados dos movimentos sociais em 93 foi promulgada a lei Dispõe sobre a participação da comunidade na gestão do Sistema Único de Saúde – que iremos aprofundar mais no objetivo 4 Agente Comunitário da Saúde(ACS): Oficialmente implantado pelo Ministério da Saúde em 1991, o então Programa de Agentes Comunitários de Saúde (PACS) teve início no fim da década de 1980 como uma iniciativa de algumas áreas do Nordeste (e outros lugares, como o Distrito Federal e São Paulo). Na época, a iniciativa visava a buscar alternativas para melhorar as condições de saúde de suas comunidades. Era uma nova categoria de trabalhadores, formada pela e para a própria comunidade, atuando e fazendo parte da saúde prestada nas localidades. Antes desses programas havia uma nítida separação entre os profissionais e os pacientes, entre as equipes e as comunidades, entre os agentes e os seus meios de trabalho, sendo tal situação reproduzida tanto no setor público como no privado. Assim, estruturar serviços com base nas equipes de saúde contribui para a quebra da divisão do processo de trabalho, para a responsabilização pelos problemas apresentados e para a superação da inérci ESF - (destaca-se pela integralidade dos cuidados) O Programa de Agentes Comunitários de Saúde (PACS) teve início em 1991, com intenção de aumentar a acessibilidade ao sistema e incrementar as ações de prevenção e promoção da saúde. Em 1994, o Ministério da Saúde lançou o PSF - Programa Saúde da Família como política nacional de atenção básica, com caráter organizativo e substitutivo, fazendo frente ao modelo tradicional de assistência primária A Estratégia de Saúde da Família teve sua implantação iniciada em 1994, com nome de PSF as ações são estruturadas no trabalho em equipe e buscam humanizar as práticas de saúde, com o objetivo de obter a satisfação do usuário através do estreito relacionamento dos profissionais com a comunidade Esses programas têm suas normas e diretrizes definidas pela portaria GM/MS nº. 1.886, que os reconhece como importante estratégia para o aprimoramento e consolidação do Sistema Único de Saúde, a partir da reorientação da assistência ambulatorial e domiciliar. A ESF é colocada como uma alternativa para a organização de sistemas de saúde, segundo os princípios do SUS. A estratégia de Saúde da Família como forma de territorialização permite a demarcação de um espaço concreto de atuação da equipe de Saúde, tendo o núcleo familiar como base e unidade para o desenvolvimento de sua atuação. Permite: · compreender a dinâmica do núcleo familiar, suas relações na sociedade, inclusive o modo social de produção, e avaliar que determinantes sociais contribuem para um melhor ou pior desenvolvimento do processo de saúde nessa comunidade · capacidade de conhecer a realidade epidemiológica · utilizar as ferramentas informatizadas já disponíveis e traduzir temas para uma linguagem acessível à sua comunidade · é possível a construção de metas e pactos visando uma vida saudável e com saúde para os seus membros, com avaliação dos impactos produzidos a tempos determinados. · buscam humanizar as práticas de saúde, com o objetivo de obter a satisfação do usuário através do estreito relacionamento dos profissionais com a comunidade Por sua possibilidade de garantia de acesso, se mostra estrategicamente importante como a PORTA DE ENTRADA pela atenção básica no sistema de saúde, sendo capaz de acompanhar e garantir o acesso aos demais níveis de complexidade do sistema na medida que cada caso requerer, sem perder o vínculo original e a individualidade necessária. A ESF não é uma peça isolada do sistema de saúde, mas um componente articulado com todos os níveis. Dessa forma, pelo melhor conhecimento da clientela e pelo acompanhamento detido dos casos, o programa permite ordenar os encaminhamentos e racionalizar o uso da tecnologia e dos recursos terapêuticos mais caros. A ESF não isola a alta complexidade, mas a coloca articuladamente à disposição de todos. Com basenessas premissas, a Estratégia de Saúde da Família representa tanto uma: · estratégia para reverter a forma que existia de prestação de assistência à saúde · como uma proposta de reorganização da atenção básica como eixo de reorientação do modelo assistencial, respondendo a uma nova concepção de saúde não mais centrada somente na assistência à doença, mas, sobretudo, na promoção da qualidade de vida e intervenção nos fatores que a colocam em risco – pela incorporação das ações programáticas de uma forma mais abrangente e do desenvolvimento de ações intersetoriais. A Estratégia Saúde da Família (ESF) é composta por equipe multiprofissional que possui, no mínimo, médico generalista ou especialista em saúde da família ou médico de família e comunidade, enfermeiro generalista ou especialista em saúde da família, auxiliar ou técnico de enfermagem e agentes comunitários de saúde (ACS) Caracteriza-se pela sintonia com os princípios da universalidade, equidade da atenção e integralidade das ações. Estrutura- se, assim, na lógica básica de atenção à saúde, gerando novas práticas e afirmando a indissociabilidade entre os trabalhos clínicos e a promoção da saúde. Uma das maiores dificuldades na implementação da ESF diz respeito à carência de profissionais para atender a esta nova realidade. A publicação do “Manual para Organização da Atenção Básica”, em 1998, foi outro passo na demarcação da importância da atenção básica para a organização dos sistemas de saúde. Para além do arcabouço jurídico- legal, avançou-se na definição de responsabilidades e na estratégia organizativa. Nesse documento, a Atenção Básica é destacada pela sua importância no processo de REORGANIZAÇÃO dos sistemas municipais de saúde, sendo definida como “um conjunto de ações, de caráter individual ou coletivo, situadas no primeiro nível de atenção dos sistemas de saúde, voltadas para a promoção da saúde, a prevenção de agravos, o tratamento e a reabilitação”. É importante destacar que o Manual contempla orientações sobre o repasse, aplicação, acompanhamento e controle dos recursos financeiros da Atenção Básica, repassados pelo Ministério da Saúde. Com a criação do Departamento de Atenção Básica (DAB), reforçou-se a importância da Estratégia de Saúde da Família e buscou-se a integração de áreas técnicas e outros programas existentes relacionados à atenção básica. Algumas secretarias dos estados e municípios também reformularam seus organogramas, definindo para a Atenção Básica esse papel articulador das várias iniciativas que compõe o seu escopo Ainda hoje conhecidas como postos de saúde – surgiram na década de 1980 no contexto de organização dos serviços, como possibilidade de maior eficácia de tratamento (resolutividade nas questões referentes à saúde). Com a responsabilidade de uma determinada área geográfica, às Unidades cabiam as ações básicas de promoção, prevenção e recuperação, utilizando-se, quando necessário, da referência e contra-referência aos outros níveis de atenção, segundo a complexidade considerada em cada caso. A Atenção Básica tem como fundamentos e diretrizes: I - Ter território adstrito sobre o mesmo, de forma a permitir o planejamento, a programação descentralizada e o desenvolvimento de ações setoriais e intersetoriais com impacto na situação, nos condicionantes e nos determinantes da saúde das coletividades que constituem aquele território, sempre em consonância com o princípio da equidade; II - Possibilitar o acesso universal e contínuo a serviços de saúde de qualidade e resolutivos, caracterizados como a porta de entrada aberta e preferencial da rede de atenção, acolhendo os usuários e promovendo a vinculação e corresponsabilização pela atenção às suas necessidades de saúde. III-Adscrever os usuários e desenvolver relações de vínculo e responsabilização entre as equipes e a população adscrita, garantindo a continuidade das ações de saúde e a longitudinalidade do cuidado. A adscrição dos usuários é um processo de vinculação de pessoas e/ou famílias e grupos a profissionais/equipes, com o objetivo de ser referência para o seu cuidado. IV - Coordenar a integralidade em seus vários aspectos, a saber: integrando as ações programáticas e demanda espontânea; articulando as ações de promoção à saúde, prevenção de agravos, vigilância à saúde, tratamento e reabilitação e manejo das diversas tecnologias de cuidado e de gestão necessárias a estes fins e à ampliação da autonomia dos usuários e coletividades; trabalhando de forma multiprofissional, interdisciplinar e em equipe; realizando a gestão do cuidado integral do usuário e coordenando-o no conjunto da rede de atenção V - Estimular a participação dos usuários como forma de ampliar sua autonomia e capacidade na construção do cuidado à sua saúde e das pessoas e coletividades do território, no enfrentamento dos determinantes e condicionantes de saúde, na organização e orientação dos serviços de saúde a partir de lógicas mais centradas no usuário e no exercício do controle social. Diferenças entre antes e agora: somente para o cura – não era valorizada a saúde do trabalho, todas as ações eram voltadas para evitar que se perdesse mão-de-obra. Hoje essas assistências médicas visam o bem estar do indivíduo – o prolongamento da vida 3) Identificar as esferas de gestão e a política de financiamento do SUS, descrevendo seus aspectos principais. Esferas de gestão Os princípios e diretrizes do SUS, dispostos na Constituição Federal e na Lei Orgânica, estabelecem que a gestão do Sistema Único de Saúde (SUS) seja fundamentada na distribuição de competências entre a União, os estados e os municípios. Dessa forma, cabe às três esferas de governo, de maneira conjunta, definir mecanismos de controle e avaliação dos serviços de saúde, monitorar o nível de saúde da população, gerenciar e aplicar os recursos orçamentários e financeiros, definir políticas de recursos humanos, realizar o planejamento de curto e médio prazo e promover a articulação de políticas de saúde Os gestores do SUS ficam assim responsáveis por executar a política de saúde de maneira a garantir a toda a população o pleno usufruto do direito à saúde. Comissões de tripartite Política de Financiamento Fonte: Mudanças no Financiamento da Saúde/ Confederação Nacional de Municípios – CNM -2018 Capítulo III – Da Aplicação de Recursos em Ações e dos Públicos de Saúde/ Conselho Nacional de Secretaria de Saúde O financiamento do SUS e a origem dos recursos financeiros se realizam da seguinte forma: Municípios e Distrito Federal: 15% do produto da arrecadação dos impostos a que se refere o art. 156 e dos recursos de que tratam os arts. 158 e 159 (Emenda 29/2000). Estados e Distrito Federal: 12% do produto da arrecadação dos impostos a que se refere o art. 155 e dos recursos de que tratam os arts. 157 e 159, deduzidas as parcelas que forem transferidas aos respectivos Municípios (Emenda 29/2000). União: A Emenda do Teto dos Gastos Públicos (EC 95/2016), instituiu o Novo Regime Fiscal no âmbito dos Orçamentos Fiscal e da Seguridade Social da União com vigência de 20 anos. Com isso, a regra de investimento em saúde pela União mudou novamente. Em 2018, a União aplicará o montante de execução financeira do exercício de 2017, corrigido apenas pela variação do IPCA (Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo. E assim será pelos próximos 20 anos. FINANCIAMENTO Gastos Públicos com Saúde Os gastos com ações e serviços de saúde, atualmente no Brasil, são de aproximadamente 8,0% do PIB, sendo os gastos públicos responsáveis por 3,1% (1,6% corresponde à União, 0,7% aos Estados e 0,8% aos Municípios) e o privado por 4,89% (3,84% corresponde às famílias e 1,05% às empresas privadas) do PIB. Ou seja, 38,75% dos gastos ficaram por conta da administração pública (União, Estados e Municípios), e 61,25% ficaram por conta do setor privado. Segundo a OMS, quando comparamos os gastos públicos em saúde no Brasil com outros países de sistema universal como o SUS, temos: Brasil: US$512 por pessoa; Inglaterra US$3.031;França US$3.813; Alemanha US$3.819; Canadá US$3.982; Espanha US$2.175; Austrália US$4.052; e Argentina US$576. A Origem dos Recursos do SUS O financiamento do SUS é uma responsabilidade comum da União (Governo Federal), dos Estados, Distrito Federal e Municípios. Além das contribuições sociais, arrecadadas pelo Governo Federal, o SUS é financiado a partir dos seguintes tributos: Para os estados: Imposto sobre Transmissão Causa Mortis e Doação (ITCD), Imposto sobre a Circulação de Mercadorias e Serviços de Transporte Interestadual e Intermunicipal e de Comunicação (ICMS), Imposto sobre Propriedade de Veículos Automotores (IPVA) e Imposto de Renda Retido na Fonte (IRRF). As transferências constitucionais e legais são: Cota-Parte do Fundo de Participação do Estado (FPE) e Cota-Parte do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI-Exportação). Para os municípios: Imposto Predial e Territorial Urbano (IPTU), Imposto sobre Transmissão de Bens Intervivos (ITBI), Imposto sobre Serviços de Qualquer Natureza (ISS), Imposto de Renda Retido na Fonte (IRRF) e Imposto Territorial Rural (ITR). As transferências constitucionais e legais são: Cota-Parte do Fundo de Participação dos Municípios (FPM), Cota- -Parte Imposto sobre a Propriedade Territorial Rural (ITR), Cota-Parte do Imposto sobre Propriedade de Veículos Automotores (IPVA), Cota-Parte do Imposto sobre a Circulação de Mercadorias e Serviços de Transporte Interestadual e Intermunicipal e de Comunicação (ICMS) e Cota-Parte do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI-Exportação). Para o Distrito Federal se aplicam as regras tributárias municipal e estadual. Recursos Mínimos a Serem Aplicados em Saúde A história começa com a Emenda Constitucional nº. 29 do ano 2000. Ela dizia que a União deveria aplicar, como recurso mínimo em ações e serviços públicos de saúde, no período do ano de 2001 até 2004, o correspondente ao valor efetivamente empenhado em ações e serviços públicos de saúde no ano imediatamente anterior, corrigido pela variação nominal do Produto Interno Bruto – PIB do ano em que se elabora a proposta orçamentária. Complementar a diversão das ubs 4) Identificar como é feito o controle social no SUS e sua importância. No período de democratização do país, em uma conjuntura de mobilização política principalmente na segunda metade da década de 1980, o debate sobre a participação social voltou à tona, com uma dimensão de controle de setores organizados na sociedade civil sobre o Estado. A participação social nas políticas públicas foi concebida na perspectiva do ‘controle social’ no sentido de os setores organizados da sociedade participarem desde as suas formulações – planos, programas e projetos –, acompanhamento de suas execuções até a definição da alocação de recursos para que estas atendam aos interesses da coletividade. A área da saúde foi pioneira neste processo devido à efervescência política que a caracterizou desde o final da década de 1970 e à organização do Movimento da Reforma Sanitária que congregou movimentos sociais, intelectuais e partidos de esquerda na luta contra a ditadura com vistas à mudança do modelo ‘médico-assistencial privatista’ (Mendes, 1994) para um sistema nacional de saúde universal, público, participativo, descentralizado e de qualidade. A participação no Sistema Único de Saúde (SUS) na perspectiva do ‘controle social’ foi um dos eixos dos debates da VIII Conferência Nacional de Saúde, realizada em 1986. Nessa conferência, a participação em saúde é definida como “o conjunto de intervenções que as diferentes forças sociais realizam para influenciar a formulação, a execução e a avaliação das políticas públicas para o setor saúde” (Machado, 1987, p. 299). O ‘controle social’ é apontado como um dos princípios alimentadores da reformulação do sistema nacional de saúde e como via imprescindível para a sua democratização. É garantido aos cidadãos a participação social no Sistema Único de Saúde na Lei nº8142/90, que dispõe sobre a participação da comunidade na gestão do Sistema Único de Saúde (SUS) e sobre as transferências intergovernamentais de recursos financeiros na área da saúde. A participação da população pode se dar de duas formas: nos Conselhos de Saúde e nas Conferências de Saúde. O controle social traz a possibilidade de a sociedade civil interagir com o governo para estabelecer prioridades e definir políticas de saúde que atendam às necessidades da população, tendo como estratégia para sua viabilização os canais de participação institucional, tais como os conselhos de saúde e as conferências de saúde. · O Conselho de Saúde é responsável por definir as diretrizes norteadoras para elaboração do Plano de Saúde, aprovar ou reprovar o Plano de Saúde e o Relatório de Gestão, fiscalizar a execução das Políticas Públicas de saúde além de formular e propor estratégias para a execução destas, consubstanciar a participação organizada da sociedade na administração da saúde, entre outras atribuições. O Conselho é composto de forma paritária: 50% usuários (representantes de entidades e movimentos sociais) e 50% prestadores de serviços, representantes do governo e profissionais de saúde. A Lei Complementar nº141/12 Art 44 garante ao cidadão que o gestor do SUS de cada ente da Federação disponibilizará ao Conselho de Saúde um programa permanente de educação em saúde para qualificar a participação social nas atribuições do Conselho. Os Conselhos de Saúde foram constituídos para formular, fiscalizar e deliberar sobre as políticas de saúde · As Conferências de Saúde são instâncias colegiadas com a missão de avaliar a situação de saúde e propor diretrizes para a formulação da política de saúde nos três níveis de governo, as conferências são abertas para a participação da população. Ocorrem a cada 4 anos. Uma ferramentas para participar efetivamente da elaboração/execução das políticas públicas de saúde, garantindo políticas mais eficazes, eficientes e com maior efetividade para a população. ( não tem força de lei). 16ª Conferência Nacional de Saúde - Democracia e Saúde -2019 Conselhos locais - 5) Caracterizar os níveis de atenção à saúde e sua resolutividade (capacidade de resolver um problema) Níveis de atenção: dinamizar os atendimentos divide-se os atendimentos em três níveis. A Atenção Primária é constituída pelas Unidades Básicas de Saúde (UBS), pelos Agentes Comunitários de Saúde (ACS), pela Equipe de Saúde da Família (ESF) e pelo Núcleo de Apoio à Saúde da Família (NASF) Princípios Primeiro Contato: deve ser a porta de entrada, ou seja, o ponto de entrada de fácil acesso ao usuário para o sistema de serviços de saúde. Longitudinalidade: É uma relação pessoal de longa duração entre profissionais de saúde e usuários em suas Unidades Básicas de Saúde, independente do problema de saúde ou até mesmo da existência de algum problema. Integralidade: exige o reconhecimento das necessidades de saúde da população e os recursos para abordá-las. Coordenação: é um “estado de estar em harmonia numa ação ou esforço em comum” → Centralização na família: requer mudança na prática das equipes de saúde, através da abordagem familiar, intervenções personalizadas ao longo do tempo, a partir da compreensão da estrutura familiar. Orientação comunitária: Diz respeito também ao envolvimento da comunidade na tomada de decisão, através d s do controle social, com a instituição de Conselhos Locais e Municipais de Saúde e Conferências de Saúde. A Atenção Secundária é formada pelos serviços especializados em nível ambulatorial e hospitalar, com densidade tecnológica intermediária entre a atenção primária e a terciária, historicamente interpretada como procedimentos de média complexidade. Destina-se a desenvolver atividades assistenciais nas quatro especialidades médicas básicas clínica médica, gineco-obstetrícia, pediatria e clínica cirúrgica, além de especialidades estratégicas, nas modalidades de atenção ambulatorial, internação, urgência e reabilitação (ex: unidades mistas, ambulatórios gerais, hospitais locais e hospitaisregionais) A Atenção Terciária ou alta complexidade designa o conjunto de terapias e procedimentos de elevada especialização. Organiza também procedimentos que envolvem alta tecnologia e/ou alto custo, como oncologia, cardiologia, oftalmologia, transplantes, parto de alto risco, traumato-ortopedia, neurocirurgia, diálise (para pacientes com doença renal crônica), otologia (para o tratamento de doenças no aparelho auditivo). Envolve ainda a assistência em cirurgia reparadora (de mutilações, traumas ou queimaduras graves), cirurgia bariátrica (para os casos de obesidade mórbida), cirurgia reprodutiva, reprodução assistida, genética clínica, terapia nutricional, distrofia muscular progressiva, osteogênese imperfeita (doença genética que provoca a fragilidade dos ossos) e fibrose cística (doença genética que acomete vários órgãos do corpo causando deficiências progressivas). Entre os procedimentos ambulatoriais de alta complexidade estão a quimioterapia, a radioterapia, a hemoterapia, a ressonância magnética e a medicina nuclear, além do fornecimento de medicamentos excepcionais, tais como próteses ósseas, marca-passos e etc. Nessa esfera, os profissionais são altamente capacitados para executar intervenções que interrompam situações que colocam a vida dos pacientes em risco. Trata-se de cirurgias e de exames mais invasivos, que exigem a mais avançada tecnologia em saúde. Dito de outra maneira, o nível terciário visa à garantia do suporte mínimo necessário para preservar a vida dos pacientes nos casos em que a atenção no nível secundário não foi suficiente para isso. Mais uma vez, a personalização do atendimento em saúde se faz muito importante, tendo em vista a fragilidade com que o paciente se apresenta quando a sua vida encontra-se realmente ameaçada, seja por um quadro de doença crônica ou por uma sequela grave de um acidente. Cabe aos gestores conduzir os processos da rotina hospitalar de forma integrada, permitindo a excelência no atendimento aos pacientes em todos os níveis nos quais o sistema de saúde do Brasil está organizado. RESOLUTIVIDADE: Considera-se resolutividade a resposta satisfatória que o serviço fornece ao usuário quando busca atendimento a alguma necessidade de saúde. Essa resposta não compreende, exclusivamente, a cura de doenças, mas, também, o alívio ou a minimização do sofrimento, a promoção e a manutenção da saúde. Atenção primária :Em relação à obtenção de resolutividade, evidenciou-se que 34,4% dos usuários consideravam que o serviço sempre resolvia seus problemas, 26,9% disseram obter resolutividade na maioria das vezes, 32,3%, às vezes e 6,5% nunca encontravam resolutividade para seus problemas de saúde. A soma de percentuais de usuários que consideraram que o serviço sempre ou na maioria das vezes resolvia seus problemas atingiu 61,3%. A visão dos usuários sobre resolutividade da assistência está relacionada com aquilo que eles identificam como sendo a solução para os seus problemas de saúde. Desse modo, a resolutividade da assistência está associada à realização de encaminhamentos para atendimentos especializados 6) Descrever o sistema de encaminhamento (acolhimento, referência e contra referência) no SUS, exemplificando seu funcionamento. – a formação médica mais humanizada; formação mais de 35 anos e procurou a UPA ( setor secundário) não é voltado para esse tipo de atendimento O QUE É ACOLHIMENTO? Acolhimento é uma diretriz da Política Nacional de Humanização (PNH), que não tem local nem hora certa para acontecer, nem um profissional específico para fazê-lo: faz parte de todos os encontros do serviço de saúde. O acolhimento é uma postura ética que implica na escuta do usuário em suas queixas, no reconhecimento do seu protagonismo no processo de saúde e adoecimento, e na responsabilização pela resolução, com ativação de redes de compartilhamento de saberes. Acolher é um compromisso de resposta às necessidades dos cidadãos que procuram os serviços de saúde. Acolhimento com classificação de risco A classificação de risco é um dispositivo da PNH (Política Nacional de Humanização), uma ferramenta de organização da "fila de espera" no serviço de saúde, para que aqueles usuários que precisam mais sejam atendidos com prioridade, e não por ordem de chegada. E quem precisa mais? Os usuários que têm sinais de maior gravidade, aqueles que têm maior risco de agravamento do seu quadro clínico, maior sofrimento, maior vulnerabilidade e que estão mais frágeis. E como saber quem precisa mais? A classificação de risco é feita por enfermeiros, de acordo com critérios pré-estabelecidos em conjunto com os médicos e os demais profissionais. A classificação de risco não tem como objetivo definir quem vai ser atendido ou não, mas define somente a ordem do atendimento. Todos são atendidos, mas há atenção ao grau de sofrimento físico e psíquico dos usuários e agilidade no atendimento a partir dessa análise. O Protocolo de Manchester é método que auxilia na identificação rápida das pessoas e melhor organizar o fluxo de pacientes que procuram atendimento de saúde, possibilitando atendimento prioritário aos casos de mais gravidade, excluindo o atendimento por ordem de chegada. Pelo STM (Sistema de Triagem de Manchester) existem cinco níveis de prioridade clínica. A cada nível é atribuído uma cor, nome e tempo máximo aceitável até o atendimento médio: vermelho - emergente-atendimento imediato; laranja - muito urgente-atendimento em até 10 minutos; amarelo - urgente-atendimento em até 60 minutos; verde - pouco urgente-atendimento em até 120 minutos azul - não urgente-atendimento em até 240 minutos branco - para classificar pacientes com eventos ou situações/queixas não compatíveis com o serviço de urgência, como, por exemplo, pacientes admitidos para procedimentos eletivos, retornos, atestados, entre outros). Referência e contrarreferência O SUS hierarquiza o sistema público de saúde em três níveis: baixa (unidades básicas de saúde), média (hospitais secundários e ambulatórios de especialidades) e alta complexidade (hospitais terciários). O paciente é atendido nas unidades de saúde de um ou outro nível, conforme a necessidade e a complexidade de seu quadro clínico. Assim, pacientes de alta complexidade atendidos, por exemplo, em unidades básicas de saúde ou em hospitais secundários, podem ser encaminhados (referência) para hospitais de alta complexidade (hospitais terciários). Depois de ter sua necessidade atendida e seu quadro clínico estabilizado, o paciente é reencaminhado (contrarreferência) para uma unidade de menor complexidade, para dar seguimento ao tratamento. O modelo SUS de hierarquização do sistema e de referência e contrarreferência do paciente procura garantir ao cidadão acesso aos serviços do sistema público de saúde - desde o mais simples até o mais complexo -, de acordo com as reais necessidades do tratamento. Esse sistema vem, então, para otimizar o funcionamento do sistema de saúde, proporcionando ao usuário adequado atendimento a partir do conhecimento pregresso do seu estado de saúde e tratamentos passados. Assim, um serviço de saúde informará ao outro a respeito dos procedimentos realizados e as possíveis condutas a serem seguidas. Percebe-se que, apesar da existência de um sistema de referenciamento, os serviços de emergência estão cada vez mais funcionando como porta de entrada do sistema de saúde, recebendo todos os tipos de pacientes desde os realmente graves até os casos mais simples, que poderiam e deveriam ser resolvidos na atenção primária à saúde (APS). Partindo desse pressuposto, vê-se que o sistema de referência e contrarreferência deve funcionar de maneira hierarquizada, a fim de adequar o fluxo dos usuários aos níveis de complexidade de atendimento, tendo o setor primário como a porta de entrada no sistema e sucessivamente o secundário e terciário, quando necessário ao usuário. E, desta maneira, o paciente grave deve procurar como porta de entrada o setor terciário, adequado ao seu estado de saúde. Evitando grandes prejuízos a todo o sistemade saúde, pois reproduz o modelo assistencial centrado na doença e resulta, por vezes, em prejuízos no acompanhamento clínico de pessoas com doenças crônicas.8 Dessa maneira, a rede de referência e contrarreferência é um sistema que se desenvolve em quatro componentes que funcionam de maneira integrada: (1) sendo a Atenção primária a saúde que coordena a rede, que vincula a população; (2) atenção secundária, os ambulatórios especializados e os hospitais de média e alta complexidade; (3) os sistemas logísticos, regulação, transporte sanitário, registro eletrônico em saúde; (4) e os de apoio, assistência farmacêutica, apoio diagnóstico terapêutico.9 Na tentativa de organizar o serviço de urgência e emergência o governo do estado implantou o Sistema de Triagem de Manchester (STM) como instrumento norteador para a triagem de pacientes. Referência – aumenta o grau de complexidade Contrarreferência- diminui o grau de complexidade No processo de qualificação do modelo de assistência, o acolhimento tem se configurado como uma das principais diretrizes operacionais para asseverar e materializar os princípios do SUS, particularmente os da integralidade da atenção à saúde, universalização do acesso e equidade. É importante ressaltar que a proposta do acolhimento está articulada com outras propostas de mudança no processo de trabalho e gestão dos serviços de saúde, visando à humanização desses serviços. Da mesma forma, é preciso compreender que o sentido e a prática do acolhimento são abrangentes e perpassam os mais variados campos e processos de produção de saúde que implicam, ainda, a produção de subjetividades.1 Entende-se que ações e serviços de saúde devem estar adaptados às circunstâncias locais, à população para a qual se destina, aos recursos disponíveis e aos atores participantes. Assim, as boas práticas no campo da saúde incluem, na sua formulação e desenvolvimento, além dos fundamentos teóricos (evidências científicas), a compreensão do ambiente e do contexto no qual se localizam. Levam em conta, também, as crenças, valores e princípios éticos daqueles que constroem e dos que são alvo das ações e serviços, focando na promoção e melhoria das condições de vida e saúde da população. A promoção do vínculo com os usuários, pela implementação de práticas de acolhimento, agendamento por área de abrangência, busca ativa de casos e a atuação dos Agentes Comunitários de Saúde (ACSs) são consideradas potencializadoras do cuidado direcionado às necessidades dos usuários. Na visão dos gestores, a escuta seguida de orientação traz satisfação para o usuário e resolubilidade no momento em que eles demandam o centro de saúde. Ainda neste campo, o bom trato ao usuário e o bom relacionamento com a comunidade são valorizados na medida em que esclarecem ao usuário as rotinas e procedimentos, fluxos e limites de atendimento. Na perspectiva das boas práticas, o acolhimento converte-se num ponto de intersecção entre diferentes sujeitos: gestores, profissionais da saúde e usuários, e diferentes práticas de cuidado na AB. Os resultados encontrados permitem analisar os significados de acolhimento enquanto boa prática, nas diferentes dimensões estudadas: diálogo, postura e reorganização dos serviços de saúde. No entanto, vale ressaltar que o exercício da alteridade e do acolhimento-diálogo pressupõe um campo de tensões, de negociações e de gerenciamento de conflitos. É nesse sentido que a falta de preparo dos profissionais, relatada pelos usuários entrevistados, além de gerar um mal atendimento, desencadeia, muitas vezes, atitudes intolerantes, e até mesmo agressivas, entre trabalhadores e usuários. Na perspectiva dos gestores e profissionais da saúde, para gerenciar tais conflitos é imprescindível a disponibilidade para uma escuta ativa, qualificada e resolutiva, que acolha o outro e as referências que o orientam. Dessa forma, a escuta da fala de quem presta a assistência e de quem a recebe é um fator importante para viabilizar o atendimento e proceder com os encaminhamentos adequados 7) Identificar os sistemas complementar e suplementar de saúde no Brasil. No que concerne à participação complementar da iniciativa privada na saúde, vale dizer que o Estado brasileiro ainda não possui as condições necessárias para cumprir integralmente o seu dever de garantir a saúde da população. Faltam hospitais, laboratórios, clínicas médicas, enfim, há carência estrutura básica para o atendimento universal da população. Resta assim, ao Estado Brasileiro, através da União, dos Estados e dos Municípios, utilizar-se de parceiros privados para a consecução dos seus objetivos constitucionais O Estado utiliza-se da iniciativa privada para aumentar e complementar a sua atuação em benefício da saúde da população. Ao firmar convênios e contratos com diversas pessoas jurídicas de direito privado que realizam ações e serviços de saúde o Estado Brasileiro as insere no âmbito das ações e serviços públicos de saúde, igualando-as àquelas prestadas diretamente por seus órgãos e entidades. Por firmarem contratos ou convênios com o Sistema Único de Saúde, integram esse Sistema e submetem-se a todas as suas diretrizes, princípios e objetivos, notadamente a gratuidade, integralidade e universalidade. Trata-se das instituições jurídicas voltadas às ações e serviços de saúde complementares ao SUS. Assim, os hospitais, as clínicas, os laboratórios, as organizações não governamentais, as organizações sociais de interesse público, enfim, todo o conjunto de pessoas jurídicas de direito privado que tiver firmado contrato ou convênio com os órgãos e entidades que compõem o SUS serão consideradas, para todos os fins, instituições-organismos do SUS 1. Saúde Complementar A atuação da iniciativa privada na área da saúde será considerada complementar quando for desenvolvida nos termos do art. 199 da CF, que prevê que as instituições privadas poderão participar de forma complementar ao Sistema Único de Saúde, segundo diretrizes deste, mediante contrato de direito público ou convênio, tendo preferência as entidades filantrópicas e as sem fins lucrativos. A saúde complementar deve ser compreendida, assim, por meio das ações e serviços de saúde que, embora sejam prestadas por pessoas jurídicas de direito privado, são consideradas ações e serviços públicos de saúde em razão da existência de uma relação jurídica específica, concretizada por contratos ou convênios firmados entre essas pessoas jurídicas e a União, os Estados ou os Municípios.. b) Saúde Suplementar (serviços privados) De outro lado, as ações e serviços privados de saúde também podem ser prestados por meio de planos de saúde, oferecidos por operadoras de planos de saúde, no campo que se convencionou nomear de saúde suplementar. A saúde suplementar é o setor que abriga os serviços privados de saúde prestados exclusivamente na esfera privada. Representa uma relação jurídica entre prestador de serviço privado de saúde e consumidor, organizada por meio de planos de saúde, conforme previsto nas Leis Federais 9.961, de 28 de janeiro de 2000, e 9.656/1998. Na saúde suplementar, as ações e serviços desenvolvidos não possuem vínculo com o SUS, exceto, obviamente, os vínculos advindos das normas jurídicas emanadas dos órgãos de regulação do Sistema (Ministério da Saúde, Secretarias de Saúde, Agência Nacional de Vigilância Sanitária, Agência Nacional de Saúde Suplementar, entre outros). Embora os princípios e diretrizes que regem o sistema público de saúde (SUS) devam orientar a regulação incidente sobre o setor privado, a lógica intrínseca a este setor fazem com que princípios como a universalidade e a integralidade não sejam assimilados plenamente quando tratamos do campo da saúde suplementar. A Agência Nacional de Saúde Suplementar - ANS, órgão regulador da saúde suplementar no Brasil, vem normatizando o setor para que este passe a cumprir a sua função social da forma mais harmônica possível com os princípios e diretrizes do SUS, mas ainda há muito a caminhar.