Buscar

Resumos do Manual de Direito Internacional Privado de Maristela Basso

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 3, do total de 30 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 6, do total de 30 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 9, do total de 30 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Prévia do material em texto

Universidade Federal de Uberlândia 
Instituto de Economia e Relações Internacionais 
Graduação em Relações Internacionais 
Curso de Direito Internacional Privado 
 
Aluna: Beatriz Guilherme Carvalho 
Matrícula: 11711RIT006 
Atividade Avaliativa: Resumo das páginas 225 a 246 do Manual de Direito Internacional 
Privado, por Maristela Basso 
 
1.6 Litispendência internacional: o princípio da não simultaneidade em direito internacional 
privado 
De 1973 para 2015, o artigo 24 do Código de Processo Civil atualizou a matéria de 
litispendência (quando há um litígio pendente de julgamento por um juiz), afirmando que 
ações intentadas perante tribunal estrangeiro não induzem litispendência e nem impedem o 
conhecimento do juiz acerca da causa, exceto em casos de disposições contrárias a tratados 
internacionais e acordos bilaterais vigentes no Brasil. Dessa maneira, quando há alguma 
pendência de causa em jurisdição brasileira, é permitida a homologação de sentença judicial 
estrangeira para produzir efeitos no Brasil. 
Entretanto, de acordo com o ​princípio da não simultaneidade ​em direito internacional 
privado, por mais que um fato misto/multinacional envolva mais de uma jurisdição, ele só é 
julgado pela qual é submetida em primeiro lugar e onde sua decisão terá validade e surtirá 
efeito. Diante disso, fala-se do direito da “sede-do-fato” que se refere ao centro de gravidade 
da ordem jurídica considerada para avaliação do fato. 
Para exemplificar, pode-se considerar um casal estrangeiro que, sem possuir 
residência ou bens no Brasil, solicita o divórcio aqui. Nesse caso, a autoridade judiciária 
brasileira se desocupa de um fato que não lhe gera nenhum efeito jurídico ou econômico. 
 
1.6.1 O art. 24 no novo CPC (antigo art. 90 do CPC de 1973) e o princípio da não 
simultaneidade 
O artigo 24 do novo Código de Processo Civil parece contrariar o ​princípio da não 
simultaneidade ​em direito internacional privado. Tendo em vista o objetivo de obtenção de 
justiça, é possível a ação de qualquer país onde o fato possua efeitos irradiados, desde que o 
juiz aplique o direito da sede do fato. No entanto, analisando sob a perspectiva do artigo 24, 
este mostra-se fraco diante do preceito internacional, pois em face de um processo 
anteriormente tramitado no exterior, preserva-se autoridade estrangeira; ou em caso de 
sucessividade de processos na mesma causa, a sentença do segundo só será válida se de 
acordo com a resolução do primeiro; por fim, nada impede que a resolução de um processo 
estrangeiro se aplique nacionalmente, mesmo que o processo nacional já esteja em curso, pois 
este seria arquivado. 
Do contrário, no Mercosul, o artigo 22 do Protocolo de Las Leñas sobre Cooperação e 
Assistência Jurisdicional em Matéria Civil, Comercial, Trabalhista e Administrativa assegura 
o respeito à coisa julgada e afasta a possibilidade de litispendência por estabelecer o ​princípio 
da não simultaneidade​. Este artigo não revogou o preceito estabelecido pelo antigo CPC, mas 
implicou um compromisso nos poderes judiciários brasileiro, argentino, paraguaio e uruguaio 
quanto às decisões proferidas nesses países. O artigo do novo CPC, por sua vez, aplica-se a 
sentenças de todos os países que não fazem parte do Mercosul. 
O Regulamento da Comunidade Europeia nº 44-2001 reforça ainda mais o ​princípio 
da não simultaneidade​, ao dispor que em processos com a mesma causa submetidas a 
tribunais em diferentes Estados-membros, o tribunal acionado em segundo lugar suspende sua 
instância até que a competência do primeiro seja estabelecida; e então, o segundo declara-se 
incompetente. Além disso, o artigo 28 (1) prescreve a suspensão da instância do segundo 
tribunal a que ações de causas conexas é submetida. 
 
1.6.2 Não simultaneidade x não sucessividade 
O ​princípio da não simultaneidade não significa que um mesmo fato misto não possa 
ser apreciado sucessivamente, isto é, podem ser obtidas desfechos diferentes, semelhantes ou 
iguais de acordo com o ​princípio de autonomia e soberania da autoridade jurídica​. 
Portanto, o direito internacional privado objetiva a determinação de qual das relações 
jurídicas com pontos de contato entre diferentes jurisdições deve ser aplicada conforme sua 
natureza jurídica. 
 
2 Como o juiz nacional deve interpretar e aplicar o direito estrangeiro 
Na aplicação do direito estrangeiro, deve-se considerar principalmente os critérios de 
interpretação utilizados pelo juiz nacional. Diante de tal processo, este não deve se prender à 
hermenêutica de sua própria ordem jurídica. De acordo com Luiz Antônio Severo da Costa, a 
lei estrangeira deve ser interpretada “no estado de espírito dessa legislação”, tendo em vista o 
contexto em que se dão o sentido e o conteúdo dos termos, conceitos e institutos jurídicos. 
Logo, os critérios para interpretação do direito estrangeiro devem partir do país de 
origem de tal e o juiz nacional deve agir como se fosse do país em questão. Embora exista a 
possibilidade de entendimento diverso do juiz nacional em relação ao estudo do direito 
estrangeiro a análise de seus precedentes, ele ainda deve atuar de maneira equivalente, como 
se fosse juiz no país de cuja legislação se trata, aproximando-se ao máximo. E, haja vista a 
dificuldade desta tarefa, as partes que produzem as provas do direito estrangeiro devem 
colaborar para que sejam concretas e sólidas, a fim de facilitar o entendimento no 
endereçamento de questões aos tribunais estrangeiros via diplomacia. 
 
3 Os recursos cabíveis contra a não aplicação, aplicação errônea e má interpretação do direito 
estrangeiro 
Se aplicado inadequadamente segundo seus sistemas e critérios de hermenêutica, 
cabem recursos, visto que o direito internacional é tão adequado ao país quando sua ordem 
jurídica interna. Da mesma forma, a má aplicação do direito estrangeiro representa um 
ferimento das normas brasileiras de direito internacional privado. Assim, o Artigo 412 do 
Código Bustamante complementa o CPC brasileiro pois determina a validade do recurso de 
cassação ao direito internacional nas mesmas condições em que esta pode ser feita no direito 
nacional. 
 
4 Estudo de caso: a competência da justiça brasileira e a Convenção de Haia sobre Sequestro 
Internacional de Menores 
A Convenção de Haia, foi concebida em 1980 com o intuito de proteger crianças dos 
efeitos danosos do sequestro. Sua principal característica está no Artigo 12, o qual prevê o 
retorno imediato da criança ao país de residência habitual da família, a não ser que a parte que 
se opõe comprove o retorno como meno favorável do que a situação na qual ela se encontra. 
Contudo, foi necessária uma revisão, haja vista um aumento de sequestros por parte de 
genitores com guarda dos filhos (aspecto desconsiderado previamente); e, dessa forma, foi 
criada a Comissão Especial de Revisão, a fim de impossibilitar a aplicação irrestrita 
internamente aos Estados-membros. 
 
4.1 Análise Conjunta da Convenção de Haia e da Convenção da ONU sobre os direitos 
das crianças 
No ano de 2006, aconteceu a quinta reunião da comissão de revisão,a qual 
estabeleceu a aplicação da Convenção de Haia, tendo em vista o melhor interesse da criança, 
coerente à Convenção das Nações Unidas sobre os Direitos da Criança. 
Um dos riscos ao qual o menor está sujeito é da desconstrução do núcleo familiar, 
quando a mãe está impossibilitada de retornar ao país de origem e o pai não tem condições de 
cuidar da criança sozinho. Isso recorreu de precedentes, pois a Convenção não tem permissão 
para criar uma família artifical ou substituir o papel da mãe. 
 
4.2 Controvérsias (nacionais e internacionais) sobre a aplicação da Convenção de Haia 
Há duas correntes que mostram papéis primordiais à Convenção de Haia: a primeira 
coloca a função principal da convenção como coibição do sequestro internacional, 
restringindo a interpretação das exceções do Artigo 13. Entretanto, alguns acreditam na 
aplicação irrestrita da Convenção. A segunda corrente indica o interesse primordial como 
resguardar o melhor interesse da criança e, por isso, sua aplicação só é feita quando o retorno 
mostra-se como o melhor para a criança. 
 
4.3 Aplicação com restrições da Convenção de Haia 
Por não ser possível teorizar todos os casos quando o objeto de proteção é, além da 
criança e a defesa de seus interesses, também o bem-estar da família que se desfez, 
preveem-se restrições nos artigos 12 e 13 que reafirmam o objetivo de resguardar os 
interesses e a integridade da criança. 
 
4.4 Ação Direta de Inconstitucionalidade que tramita no STF contra a Convenção de 
Haia 
Alguns preceitos da convenção não são convergentes à opinião da sociedade 
brasileira, pois acreditam que são contrários à Constituição Nacional. Por exemplo, de acordo 
com a ADIN, o retorno obrigatório do menor viola garantias fundamentais estabelecidas pela 
Constituição Federal. 
 
4.5 O poder-dever do juiz no caso concreto e a Convenção de Haia 
A restrição interpretativa da Convenção não fere os direitos dos Estados contratantes, 
nem a reciprocidade em atos internacionais, já que é possível a decisão do dispositivo legal 
por parte da autoridade local, podendo-se até negar a aplicação da Convenção. 
Pela Convenção ser integrada ao leque de leis nacionais, esta integra um sistema 
harmônico de direitos e obrigações. Esta deve sempre ser aplicada em concordância com os 
princípios que regem o sistema jurídico brasileiro. As eventuais divergências ocorrem caso a 
caso e a mais grave é a que determina o retorno imediato da criança ao país de origem e as 
que confundem-se com o instituto processual da “antecipação da tutela”. 
 
4.6 A confusão entre a “antecipação da tutela” do CPC e a figura do “retorno 
imediato” da Convenção de Haia 
Retorno imediato se refere ao processo administrativo adotado pela autoridade central 
a fim de garantir o regresso da criança ao país de origem. Este deve se dar definitivamente em 
situação jurídica que não caiba recursos posteriores, nem restrições à Convenção. O remédio 
jurídico da “tutela antecipada”, por sua vez, determina por parte do juiz o genitor mais 
capacitado a cuidar do menor. 
 
5 Os principais elementos de conexão do sistema de direito internacional privado brasileiro 
5.1 O domicílio: para as relações de estado e capacidade das pessoas e o direito de 
família 
O Artigo 7 da Lei de Introdução às Normas do Direito Brasileiro indica uma regra de 
solução de conflitos de leis dentro do sistema legal brasileiro no direito internacional privado, 
bem como afirma a determinação das regras sobre o começo e o fim da personalidade, do 
nome, da capacidade e dos direitos de família de acordo com a lei do país de domicílio da 
pessoa, e trata de casamentos entre estrangeiros no país, de domicílio entre os cônjuges, de 
regime de bens e de casos de divórcio fora do país. 
 
5.1.1 Âmbito de aplicação do art. 7º da Lei de Introdução às Normas do Direito 
Brasileiro 
A fim de determinar o direito das relações, envolvendo estado, capacidade da pessoa e 
direitos de família, o Artigo 7 considera a lei do local de domicílio (​lex domicilii​). Na sua 
promulgação, em 1942, ele substituiu a lei da Nacionalidade da Pessoa, argumentando-se a 
lex domicilii como o critério mais apropriado à disciplina das relações, haja vista o centro de 
gravidade colocado do domicílio. 
De acordo com Savigny, a lei regente de uma relação jurídica é a mais próxima de sua 
natureza (natural ou estrangeira). O espaço em que se dá essas relações jurídicas é conhecido 
como “sede da relação jurídica”. E, sob essa perspectiva, o domicílio submete o sujeito, 
independentemente de sua origem ou nacionalidade, a determinado ordenamento jurídico. 
O estado da pessoa é o conjunto de atributos integrantes de sua individualidade 
jurídica, aos quais são reconhecidos determinados direitos e impostos deveres jurídicos. 
Capacidade é a aptidão de exercício de certos direitos e de realização de negócios 
jurídicos. Para o direito internacional privado, capacidade é tida como um atributo atual da 
pessoa, orientando-se para a aquisição de direitos no âmbito privado. A partir daí a pessoa 
está legitimada a exercer direitos e contrair obrigações. 
 
5.1.2 Fundamentos históricos e valorativos do domicílio como regra de 
conexão no direito internacional privado e o contexto brasileiro 
Lex patriae ​ou lei da nacionalidade é adotada como regra de conexão para 
determinação do direito passível de aplicação ao estatuto pessoal. 
Em países com forte tradição de onda migratória, a lei do domicílio foi adotada como 
regra de conexão a fim de determinar o direito aplicável ao estado e à capacidade das pessoas 
e direito de família. ​Lex domicilii ​é mais flexível e adaptável a situações fáticas com relação à 
mobilidade internacional, independente da sua nacionalidade. Ela adquire maior ou menor 
amplitude nas jurisdições, sobretudo em estados com ondas imigratórias históricas, de força 
de trabalho, de alocação de capitais e investimentos e de intenso comércio transfronteiriço. 
O direito brasileiro buscou adequar-se a essa lógica, por meio da Lei de Introdução de 
1942, ajustando o direito nacional às tendências já perseguidas na América Latina e a adoção 
do domicílio como regra de conexão para o estatuto pessoal. Apenas em 1979, na Convenção 
Interamericana sobre Domicílio das Pessoas Físicas no Direito Internacional Privado, houve o 
estabelecimento de critérios, como o local da residência habitual, o local do centro principal 
de negócios, o local de simples residência. 
 
5.1.3 Regras de Conexão do Domicílio e da nacionalidade na determinação do 
direito aplicável às relações jurídicas relativas ao estado da pessoa, capacidade e direitos da 
família 
Ao optar-se pela lei da nacionalidade como critério de determinação do direito 
aplicável ao estatuto pessoal, desconsidera-se a mobilidade internacional de pessoas, cada vez 
mais frequente. Nesse sentido, a doutrina clássica sustenta as vantagens para adoção da ​lex 
domicilii como regra de conexão, o que aponta para a preservação da autonomia individual 
quanto à escolha do local de estabelecimento da pessoa, com ânimo definitivoou com 
interesse de fixação de sede principal de negócios. 
A lei do Estado no qual um casal fixa seu domicílio logo após a contração das núpcias, 
conhecido como “domicílio conjugal”, estende-se aos filhos não emancipados e incapazes, 
pois são considerados efeitos protetivos objetivados originalmente. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Universidade Federal de Uberlândia 
Instituto de Economia e Relações Internacionais 
Graduação em Relações Internacionais 
Curso de Direito Internacional Privado 
 
Aluna: Beatriz Guilherme Carvalho 
Matrícula: 11711RIT006 
Atividade Avaliativa: Resumo das páginas 247 a 271 do Manual de Direito Internacional 
Privado, por Maristela Basso 
 
5.1.4 Indeterminação do domicílio e sucessividade de elementos de conexão para a 
escolha da lei aplicável 
A Lei de Introdução às Normas do Direito Brasileiro considera a ​lex domicilii como 
regra de conexão na determinação do direito material aplicável às relações jurídicas 
envolvendo estado, capacidade e direito de família da pessoa. Embora, a dificuldade em situar 
o domicílio da pessoa, decorrente por exemplo da cumulatividade ou pluralidade de locais 
estabelecidos como centro de atividade na vida privada, prejudique a aplicação do processo, é 
impossível a inexistência do domicílio, apenas sua indeterminação. 
Dessa forma, o legislador pode utilizar critérios supletivos para indicar a lei aplicável 
em casos de domicílio indeterminável. Justifica-se o artigo 7º, parágrafo 8º da LINDB, o qual 
afirma que será considerada a lei do local de sua residência como domicílio legal da pessoa. 
Este mesmo fragmento da Lei rejeita a multiplicidade de domicílios, recorrendo ao “concurso 
sucessivo” de elementos de conexão relativamente ao local da residência e o local em que a 
pessoa se encontra. Em ordem, aplica-se a lei do local do domicílio, do local da residência e 
do local onde a pessoa se encontra. 
O critério de “local onde a pessoa se encontra” mostra-se problemático, pois pode 
sugerir incentivos para deslocamento do domicílio da pessoa com vistas a intuitos 
simulatórios ou mesmo fraudulentos. Para remediar casos de indeterminação desse último 
critério ou de deslocamento voluntário, há o princípio de “domicílio originário” que diz 
respeito àquele adquirido logo após o nascimento com vida, transmitido de pai para filho. 
Além disso, há as figuras da “residência habitual” e “residência atual” como elementos 
de conexão subsidiários para determinação da lei aplicável. 
5.1.5 Lei aplicável às relações jurídicas de direitos de família e para o casamento 
realizado no Brasil 
Para o tratamento do casamento, o legislador busca assegurar a liberdade na 
declaração de vontade dos nubentes por meio de normas jurídicas que objetivam tutelar 
relações da vida social. Ressalta-se então como um “processo de habilitação”, haja vista o 
negócio em si que se enceta e os efeitos socialmente relevantes que dele decorrem. 
Historicamente e em ordens jurídicas como a LINDB de 1942, a Lei Suíça de Direito 
Internacional Privado de 1987 e o Código Bustamante, aplica-se e prevê-se a validade do 
matrimônio de acordo com a lei do local da celebração (​lex loci celebrationis​). Mais 
especificamente a jurisdição brasileira afirma que toda relação matrimonial constituída no 
exterior em conformidade com a forma estabelecida pela lei do local de celebração do 
casamento, será reconhecida como válida. 
 
5.1.6 Celebração de casamento de estrangeiros perante autoridades diplomáticas e 
consulares 
A LINDB de 1942 estabelece uma regra alternativa à ​lex loci celebrationis ​por adotar 
a lei da nacionalidade dos nubentes como regra de conexão a determinar a lei aplicável ao 
casamento celebrado por autoridades diplomáticas ou consulares. Isto significa que 
estrangeiros podem recorrer às missões diplomáticas e consulados de seu Estado de origem 
para celebração do casamento, haja vista que tais autoridades têm o dever de salvaguardar os 
interesses de seus nacionais. Entretanto, é necessário haver harmonia entre o direito do Estado 
de origem da autoridade e o direito local onde o ato se realiza, e também que ambos os 
nubentes não sejam da nacionalidade do local. 
 
5.1.7 Regimes de bens no casamento e lei aplicável - técnica de determinação do 
domicílio conjugal 
A lei do local de domicílio conjugal funciona como lei disciplinadora das relações 
patrimoniais decorrentes do casamento, devido à unidade do regime matrimonial de bens do 
casal. A jurisprudência brasileira interpreta, por sua vez, o domicílio conjugal como o país 
onde os cônjuges se estabelecem logo após a realização do casamento. Isso reflete a ordem 
pública que normatiza o “ajustamento dos bens do casal ao ambiente jurídico e econômico em 
que escolheram viver”. 
Nesse sentido, mostra-se uma liberalidade de escolha da lei aplicável ao regime de 
bens, pois é permitida a celebração do casamento em determinado Estado a fim de incidir 
sobre ele a lei local. Além disso, também é possível a modificação do regime matrimonial 
após a celebração do ato nupcial, desde que mediante autorização judicial sobre pedido 
motivado pelos cônjuges e constatada a inexistência de prejuízos a direitos de terceiros. Essa 
norma garantida pela Lei brasileira busca assegurar a liberdade do casal de gerenciamento do 
patrimônio conjugal e proteger direitos de terceiros, vinculando à publicidade exigida no 
direito brasileiro por registro competente. 
 
5.1.8 O divórcio ocorrido no estrangeiro e seu reconhecimento no Brasil 
O direito brasileiro admite o divórcio a partir da Lei nº 6.515 de 26 de dezembro de 
1977, modificada em particular por situações envolvendo homologação de sentenças 
estrangeiras do ato. Por sua vez, a Constituição Federal de 1988 afirma que a admissão do 
divórcio entre cônjuges sendo pelo menos um brasileiro só se dará após um ano da data da 
sentença no estrangeiro. 
 
5.2 O lugar da situação do bem - ​Lex rei sitae​: para os direitos reais 
De acordo com o artigo 8º da LINDB, a qualificação de bens e regulação de suas 
relações, aplica-se a lei do país em que se situam. Ainda, especifica-se quanto à propriedade e 
quanto à posse, sendo àquela aplicada a lei do país de domicílio do proprietário e a esta, a lei 
do domicílio da pessoa com quem se encontra a coisa apenhada. 
 
5.2.1 O tratamento dos bens no direito internacional privado 
A ​lex sitae é uma importante regra de conexão para determinar a lei aplicável e a 
disciplina jurídica dos bens dentro do direito internacional privado. A norma presente na 
LINDB traduz a aplicação do princípio da territorialidade, o qual atrai o direito do local em 
que o bem se situa, sobretudo os imóveis. Logo, a sede das relações jurídicas de direitos reais 
encontra-se no local de situação da coisa, uma vez que Estado e territorialidade são 
inseparáveis. 
A tese unitarista de Savigny sobre o conflito de leis no espaço em matéria de direitos 
das coisas busca uma tentativa de não distinção ou separação das coisas móveis e imóveis 
para efeitos de localização e determinação do direitoaplicável. E, já que a única exceção seria 
àqueles bens que ocupam local indeterminado no espaço, a determinação seria de acordo com 
a vontade do proprietário ou seu domicílio (como em casos de bagagens despachadas por 
viajantes ou mercadorias despachadas por um comerciante). 
 
5.2.2 O conflito entre a lei aplicável ao contrato e aquela aplicável ao imóvel 
situado no Brasil 
5.2.2.1 O direito material aplicável à retomada de imóvel situado no Brasil 
e o direito aplicável ao contrato escolhido pelas Partes 
Há duas hipóteses diferentes da lei aplicável: ao contrato ou relação obrigacional e ao 
imóvel objeto do contrato. Isto é, nem todas as questões analisadas em um processo, com base 
em um contrato internacional, devem ser tratadas a partir do direito material das obrigações 
escolhido pelas partes ou daquele indicado pela norma de direito internacional privado 
destinado a tais. A lei escolhida pelas partes ou determinada pela norma de solução de 
conflitos fornece as regras para solução de controvérsias com relação ao contrato. 
Com a reintegração da posse do bem, não se trata mais do direito das obrigações mas 
do direito real - diferentes matérias jurídicas. Disto, parte a diferenciação entre posse e 
propriedade, a qual o Novo CPC brasileiro afirma a qualificação e a regulação das relações 
entre os bens com base na lei do país onde se situam (regra ​lex rei sitae​). No direito 
internacional privado, esta regra é de conexão para determinar a lei aplicável e a disciplina 
jurídica dos bens. 
 
5.2.2.2 A competência exclusiva do juiz togado brasileiro para as ações 
sobre imóveis situados no Brasil: a ordem pública e o art. 23 do Novo CPC 
De acordo com o artigo 12º, parágrafo 1º da Lei de Aplicação Geral das Normas do 
Direito Brasileiro, a autoridade jurídica brasileira terá competência em casos de réu 
domiciliado no Brasil ou aqui ser o local de cumprimento da obrigação. Ela é reforçada pelo 
artigo 314 do Código Bustamante, a qual afirma que “a lei de cada estado contratante 
determina a competência dos tribunais, assim como a sua organização, as formas de processo 
e a execução das sentenças e os recursos contra suas decisões.” 
É necessário diferenciar competência concorrente e competência exclusiva a fim de 
determinar a eficácia das sentenças estrangeiras na ordem jurídica brasileira, onde só serão 
reconhecidas as decisões estrangeiras que não prejudiquem a competência do juiz brasileiro 
pela demanda de outra jurisdição. 
A LAGNDB e o CPC funcionam como normas com objetivo de ordem pública 
interna, unilaterais e imperativas, pois excluem a competência estrangeira em ações relativas a 
imóveis situados no Brasil e vice-versa. 
 
5.2.2.3 As medidas processuais adequadas à retomada de imóvel situado 
no Brasil e a imperiosa aplicação do direito processual civil brasileiro: a inafastabilidade 
da ​Lex Fori 
É fundamental ter claro a qual direito estrangeiro as partes se referem na escolha do 
direito aplicável à solução das controvérsias no contrato. Este direito, apontado pelas partes 
ou pela norma de solução do conflito de leis é sempre o direito privado comum nacional ou 
estrangeiro. 
As regras de direito processual observadas pelo juiz são as de ​lex fori​, do lugar onde a 
ação foi proposta para não comprometer a lógica e o funcionamento do Direito. 
 
5.2.3 “Bens sem localização permanente” e lei do domicílio do proprietário 
A ​lex domicilii ​é considerada como regra de conexão supletiva para determinar a lei 
aplicável às relações jurídicas de direito real quando os bens são sujeitos a um regime de 
trânsito e mobilidade intensos, dificultando sua localização no espaço para efeitos aplicativos 
das normas da jurisdição do seu local de situação. Para facilitar então, a LINDB afasta a ​lex 
rei sitae em favor da regra ​mobilia sequentur personam​, relacionando os bens ao sujeito a 
quem sua titularidade é ou está atribuída. 
Além disso, a ​lex loci protecionis é acionada em casos de “bens móveis sem 
localização permanente”, remetendo o direito aplicável à lei do local em que a proteção dos 
bens é invocada, pois é onde se manifestam sua utilidade econômica e social (como os bens 
protegidos por direitos de propriedade intelectual). 
 
5.2.4 Os direitos reais sobre garantia, penhor e lei do domicílio do possuidor 
A LINDB especifica a lei aplicável ao penhor como disciplinada pela lei do local do 
domicílio daquele com a posse direta da coisa empenhada envolvendo sua garantia real. Esse 
favorecimento da ​lex domicilii ​em relação à ​lex sitae se dá pela natureza dos direitos 
constituídos sobre a coisa empenhada e a necessidade da tradição do bem móvel pelo devedor 
ao credor pignoratício. 
 
5.2.5 Navios, aeronaves e embarcações 
Navios, embarcações e aeronaves são considerados bens móveis de natureza especial 
devido à sua tendência de circulação transfronteiriça e de pouca fixação em determinado 
território. Por isso, disciplina-se a lei de seu abandeiramento ou de matrícula, ou seja, onde 
foram registrados os direitos proprietários. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Universidade Federal de Uberlândia 
Instituto de Economia e Relações Internacionais 
Graduação em Relações Internacionais 
Curso de Direito Internacional Privado 
 
Aluna: Beatriz Guilherme Carvalho 
Matrícula: 11711RIT006 
Atividade Avaliativa: Resumo das páginas 275 a 291 do Manual de Direito Internacional 
Privado, por Maristela Basso 
 
5.3 O lugar da constituição da obrigação - ​“Locus regit actum” ou ​“ius loci 
celebrationis”​: para o direito das obrigações 
 
5.3.1 Lei aplicável às obrigações no direito internacional privado 
O artigo 9º da LINDB apresenta o elemento de conexão para o direito das obrigações, 
sendo uma das mais importantes no âmbito do direito internacional privado. Ele afirma que 
para qualificar e reger as obrigações, a lei aplicável é do local onde foram constituídas (​locus 
regit actum​). 
Podem ser identificados diferentes direitos materiais aplicáveis às relações jurídicas 
obrigacionais, de modo que se qualificam de acordo com a lei do local de constituição das 
obrigações (​lex loci​). 
Ainda que o artigo 9º estabeleça a lei do local de constituição da obrigação, podem 
haver casos em que o contrato seja celebrado em um país estrangeiro e executado no Brasil. 
Isso ocorre quando o centro de gravidade do fato político, onde há a maior irradiação de 
efeitos jurídicos e econômicos do contrato, não é o local de constituição da obrigação. 
 
5.3.2 Autonomia da vontade e lei aplicável às obrigações contratuais 
Autonomia da vontade significa a liberdade das partes em autorregular seus interesses, 
determinando o conteúdo das obrigações constituídas. No Direito Internacional Privado, é a 
opção dada às pessoas de desempenhar a escolha e a determinação da lei aplicável a certas 
relações jurídicas. Já nos contratos, dá-se no meio entre a liberdade de escolha do direito 
aplicável pelas partes e os limites estabelecidos pelos ordenamentos jurídicos (internos e 
internacionais) dos Estados nos quais tais obrigações serãoexecutadas. 
O art. 9º da Lei Geral de Aplicação das Normas Jurídica estabelece um limite formal à 
autonomia da vontade uma limitação formal sobre a autonomia da vontade, o qual é criticado 
por ser omisso à admissão da liberdade das partes como regra de conexão para determinação 
do direito aplicável às obrigações. 
 
5.3.2.1 O princípio da “autonomia da vontade” no contexto das 
arbitragens internacionais do comércio e a regra do art. 9º da Lei de Introdução 
às Normas do Direito Brasileiro 
É relevante observar que em face de alguma controvérsia, no âmbito do poder 
judiciário, em matéria de determinação da lei aplicável em relação obrigacional, o juiz deve 
considerar a “local onde a obrigação se constituiu”. Além disso, o âmbito de aplicação da 
arbitragem alargou-se e se dispôs sobre a escolha dos árbitros quando as partes recorrem a 
órgão arbitral, a interrupção da prescrição pela instituição da arbitragem, a concessão de 
tutelas cautelares e de urgência nos casos de arbitragem. 
 
5.3.2.2 Observância dos princípios da interpretação consistente e evolutiva 
A liberdade de escolha das normas procedimentais reguladoras e administrativas da 
arbitragem se constitui de uma vantagem às partes. 
De acordo com a Lei da Arbitragem, o agente deve expressar sua autonomia sempre 
que o litígio for submetido à arbitragem. Diante disso, a autonomia da vontade não tem 
limites, com exceção para casos de fraude à lei ou ofensa à ordem pública. Além disso, essa 
Lei admite a utilização de princípios gerais de direito, usos e costumes e regras internacionais 
de comércio. 
 
5.3.3 Obrigações a serem executadas no Brasil e lei aplicável: o problema das 
obrigações de fundo 
O artigo 9º da LINDB consagra que a ​lex loci contractus e ​lex loci executionis devem 
ser satisfeitas para que a norma encontre aplicação, principalmente em contratos cuja validade 
no direito brasileiro dependa de forma prevista em lei. Além disso, sobre a validade de um 
negócio jurídico celebrado no estrangeiro cujas obrigações se destinem à execução no Brasil, 
estabelece um critério complementar através de dois requisitos: (i) a aplicação da lei do local 
em que a obrigação se constitui; e (ii) a observância da forma essencial do ato conforme 
prevista pelo direito brasileiro. 
 
5.3.4 Necessidade de adaptação da regra de conexão para a determinação da lei 
aplicável em matéria contratual: uma dose de criticismo 
Muitos argumentam que a LINDB de 1942 é anacrônica e não acompanha a evolução 
normativa no âmbito do direito internacional privado, sobretudo quando se pretende 
determinar a lei aplicável em matéria contratual. Os contratos internacionais do comércio e a 
emergência da disciplina do Direito do Comércio Internacional nas últimas décadas trouxeram 
constatações sobre a mudança de postura dos legisladores nacionais na formulação de 
contratos concernentes ao trânsito econômico. 
O Projeto de Lei nº 269/2004 sobre Aplicação das Normas Jurídicas propõe uma 
modificação à regra vigente pela LINDB, buscando uma composição entre diferentes critérios 
para determinar a lei aplicável às obrigações. Neste, a vontade é regra de conexão para a lei 
aplicável, de acordo com o princípio dos vínculos mais estreitos. Logo, a escolha dela se dá 
em função da conduta efetiva das partes e da interação das cláusulas contratuais estabelecidas 
pelas partes. 
A Lei de Arbitragem afirma a possibilidade de escolha da lei aplicável por meio do 
mecanismo para a solução de litígios futuros. No entanto, a opção legislativa encontrada para 
esta associa-se à liberdade das partes em escolher as regras aplicáveis à arbitragem e do 
direito material aplicável ao contrato. Diante disso, a autonomia das partes no que tange a 
arbitragem está vinculada à ordem pública que considera nula frente qualquer violação. 
Para que não haja fraude ou desvios as partes têm a opção de ofertar o contrato no país 
onde a lei será aplicada. Por sua vez, o direito material aplicável aos contratos leva em conta o 
local de residência do proponente. Entretanto, Haroldo Valladão vale-se de uma crítica à 
dificuldade de determinação do local de residência e, por isso, o local de oferta do contrato 
deve ser o local de constituição das obrigações. 
 
5.3.5 A “nova lex mercatoria” como opção para lei aplicável aos contratos? 
Adota-se a nova ​lex mercatoria na pretensão de validade doutrinária e jurisprudencial, 
haja vista à dinâmica e prática de comércio internacional contemporâneas. Ela se constitui de 
um conjunto de normas concebidas sob as circunstâncias de trânsito econômico internacional. 
Além da proposta de criação de um “direito transnacional do comércio”, a nova ​lex 
mercatoria provoca uma reflexão na educação de um novo tipo de jurista, mais atento aos 
valores de justiça e de equilíbrio de interesse entre as partes. A racionalidade dos juízes 
indica, portanto, uma nova política legislativa em prol de uma harmonização normativa em 
processos de contratos internacionais do comércio. Como exemplo, tem a incorporação das 
normas pelo direito brasileiro da Convenção de Viena sobre Venda e Compra Internacional de 
Mercadorias, da Convenção Interamericana sobre Direito Aplicável aos Contratos 
Internacionais e dos Princípios da UNIDROIT sobre Princípios Aplicáveis aos Contratos 
Internacionais do Comércio. 
Diante disso, a nova ​lex mercatoria juntamente com o direito positivo e o direito 
comparado se tornam instrumentos para tomada de consciência das legislações e culturas 
estrangeiras, buscando assegurar uma ordem internacional mais justa e uma ordem jurídica 
social melhor no plano doméstico. 
O critério da autonomia da vontade ainda é o mais apropriado para ajustar a liberdade 
das partes em relação à escolha do direito aplicável ao contrato. Esse critério implica três 
cláusulas: a arbitral (a fim de dirimir os eventuais conflitos), a de lei aplicável (determinante 
do direito material/substancial) e a de foro (de localização da proposta da ação ou da 
realização da arbitragem). 
A Lei de Arbitragem funciona nacionalmente também, permitindo aos contratos 
internos uma “desnacionalização” por meio da escolha da ​lex mercatoria​. 
 
5.4 O lugar do último domicílio do falecido ou desaparecido: para o direito das sucessões 
A ​lex domicilii regula a sucessão por porte ou por ausência de uma pessoa, 
desconsiderando a situação dos bens. 
 
5.4.1 As concepções unitarista e pluralista no DIPr sobre direitos sucessórios 
O direito das sucessões busca determinar as regras que servirão ao gerenciamento de 
bens de uma pessoa após sua morte. Para o tratamento de casos a nível internacional, criou-se 
a “lei pessoal” do defunto, englobando toda a totalidade de direitos transmitidos aos herdeiros 
e considerando que os bens integram o patrimônio da pessoa em questão como situados no 
domicílio do proprietário. 
Pode-se interpretar a doutrina através da teoria unitarista, que diz que a sucessão deve 
ser sempre submetida a um único direito em razão da incapacidade de dissociação do todo, 
submetendo as relações deste à lei nacional.Bem como pela teoria da pluralidade sucessória, 
a qual afirma que que não deve haver a aplicação de uma única lei, uma vez que o assunto 
tangencia interesses estrangeiros. Logo, faz-se necessário que a cada bem seja 
individualmente aplicada a lei do território onde ele esteja localizado. 
A lei brasileira considera a teoria unitarista, preferindo a pessoa do defunto a buscar a 
justificativa do direito aplicável na natureza ou situação dos bens individualmente. Logo, 
aplica-se a ​lex domicilii ​na determinação da lei, ajustando a regra a partir do “último 
domicílio”. O Código Bustamante, por sua vez, deixa livre aos Estados-membros a 
determinação da lei aplicável, desde que seja com base na “lei pessoal”. 
A lei do último domicílio indica a lei aplicável no momento da morte, definindo a 
instituição e a substituição da pessoa sucessível, a ordem de vocação hereditária, o alcance 
dos direitos atribuídos aos herdeiros e aos legatários, os limites à liberdade de testar, as quotas 
reservadas aos herdeiros necessários na constituição da legítima, a causa determinante da 
deserdação, a colação dos bens, a redução das disposições testamentárias, a partilha e o 
pagamento de dívidas contraídas pelo espólio. 
O pluralismo se coloca como alternativa à crítica à abordagem unitarista que não 
abrange os diferentes princípios de ordenamentos domésticos quando se envolve elemento 
estrangeiro. Ele admite tanto a lei do último domicílio quanto a lei brasileira em caso de 
indivíduos nascidos no Brasil. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Universidade Federal de Uberlândia 
Instituto de Economia e Relações Internacionais 
Graduação em Relações Internacionais 
Curso de Direito Internacional Privado 
 
Aluna:​ Beatriz Guilherme Carvalho 
Matrícula:​ 11711RIT006 
Atividade Avaliativa: Resumo das páginas 295 a 323 do Manual de Direito Internacional 
Privado, por Maristela Basso 
 
5.4.2 Sucessão testamentária e aspectos de direito internacional privado 
Disciplinada pelo direito civil material do local de último domicílio, a sucessão 
legítima se dá de acordo com particularidades, como a “capacidade de testar”. A LINDB de 
1942 refere-se à mesma lei, mas o tratamento da capacidade jurídica do testador refere-se 
também ao seu estatuto pessoal. 
 
5.4.2.1 Validade extrínseca e intrínseca do testamento celebrado no 
exterior 
A validade extrínseca do testamento é analisada segundo o direito do local em que o 
negócio jurídico se celebra, determinando também a lei aplicável à vontade do testador. Logo, 
o juiz verifica a legalidade de testamento realizado no estrangeiro de acordo com o direito do 
local de realização do ato. 
O direito internacional convencional consagra tal regra pela adoção da Convenção de 
Haia de 1964 sobre Conflito de Leis Envolvendo a Forma das Disposições Testamentárias, a 
qual estabelece elementos de conexão alternativos em relação ao direito aplicável: a 
nacionalidade do falecido no momento de expressão de sua última vontade, o último 
domicílio, o local de residência habitual no momento do ato, o domicílio no momento da 
morte e o local dos bens (imóveis). 
A apreciação da validade extrínseca de um testamento estrangeiro parte da constatação 
das normas de direito material do ordenamento do Estado em que o testamento se realiza, 
podendo a determinação de duas testemunhas no Código Civil de 2002 ser adaptada. Já em 
relação aos requisitos de validade intrínseca do testamento, o juiz observa o conteúdo das 
disposições de última vontade, as cláusulas, sua admissibilidade e efeitos decorrentes, a partir 
da perspectiva do local de último domicílio do testador. Diante disso e do artigo 10º da 
LINDB de 1942, discorre-se acerca dos limites materiais do ato testamentário, atendo-se à 
vontade do testador. 
Testamentos particulares realizados no exterior são submetidos ao juiz nacional que, 
primeiro, avalia a validade do negócio e, então, a substância do testamento. 
Em alguns países, a vontade do testador se limita por normas imperativas de ordem 
pública. Já os países com ampla liberdade para testar, o domiciliado dispõe de todos os bens 
desde que não viole a ordem pública. 
Dessa forma, a um testamento celebrado no exterior aplica-se a lei do local em que foi 
realizado para determinar sua validade extrínseca e a lei do local do último domicílio do 
testador para determinar sua validade intrínseca. 
 
5.4.3 Efeitos econômicos da concepção unitarista e a “lei do último domicílio do 
falecido” 
A proximidade da lei do local do último domicílio à realidade econômica que a pessoa 
desejava manter para seus herdeiros explica a permanência dos bens na categoria de 
universitas​, representando a projeção econômica do patrimônio e a proteção da sua 
integralidade anterior à concretização do ato. 
É no Estado de último domicílio cujas normas materiais do ordenamento jurídico 
disciplinam as relações jurídicas sucessórias sobre a herança. Neste caso, o direito aplicável 
diz respeito ao local do último domicílio, pois foi onde se pretendeu estabelecer suas últimas 
atividades econômicas. Logo, os aspectos processuais são encarregados ao juiz do último 
domicílio, conforme a LINDB de 1942. 
A morte é, para o direito internacional brasileiro, o momento de abertura da sucessão, 
tornando-se também elemento da ordem pública internacional. 
 
5.4.4 Proteção da condição da mulher e dos filhos brasileiros no DIPr: o alcance 
normativo do art. 10 da Lei de Introdução às Normas do Direito Brasileiro e da 
Constituição de 1988 
De acordo com a Constituição Federal, o direito à sucessão de bens ao estrangeiro 
situado no Brasil é protegido, seguindo-se o direito em favor dos filhos e do cônjuge 
brasileiros. Isso busca corrigir quaisquer divergências quanto ao resultado via aplicação de 
normas indiretas de direito internacional privado. 
 
5.4.5 Domicílio do herdeiro ou legatário e capacidade para a sucessão 
O direito aplicado à condição do herdeiro é referente ao Estado em que ele viva, 
identificando-se a “capacidade de suceder”. Os direitos decorrentes da sucessão em caso de 
morte são regulados pela lei do último domicílio do testador. 
 
5.5 O lugar da constituição das sociedades e fundações: para as pessoas jurídicas 
 
5.5.1 Pessoa jurídica de direito estrangeiro no direito internacional privado - 
determinação da ​lex societatis 
A LINDB de 1942 endereça a lei aplicável à constituição, funcionamento, 
administração e gerência e a extinção da pessoa jurídica. Incluem-se nessa categoria os entes 
coletivos de direito privado em suas formas organizativas como sociedade, fundações, 
associações e cooperativas. 
A política legislativa brasileira tende à “teoria da constituição” para endereçar as 
questões relacionadas à determinação da lei de regência das pessoas jurídicas, afastando-se da 
“teoria da sede”, a qual se fundamenta na aplicação da lei do principal local de atividades 
operacionais da empresa. Diante disso, mantém-se a lei do local de constituição como regra 
de conexão aplicável à disciplina das sociedades, fundações e associações de direito 
estrangeiro. consagrando-a como critériodefinidor da ​lex societatis no sistema brasileiro de 
direito internacional privado. 
 
5.5.2 Implicações do reconhecimento da pessoa jurídica de direito estrangeiro 
A LINDB de 1942 reconhece a pessoa jurídica de direito estrangeiro o que implica na 
admissão da lei do local de constituição da sociedade, fundação, associação e demais formas 
organizativas como a lei de regência de sua criação, funcionamento e extinção, de acordo, 
portanto, com o direito daquele Estado em que seus atos constitutivos tenham sido registrados 
ou arquivados. Esse princípio supera a ideia ultrapassada de que o reconhecimento da pessoa 
jurídica de direito estrangeiro no território nacional constitui riscos à soberania do Estado. 
 
5.5.3 Regime jurídico do funcionamento de filiais, agências e estabelecimentos da 
pessoa jurídica de direito estrangeiro no Brasil 
A fixação da pessoa jurídica de direito estrangeiro no território brasileiro é 
condicionada à aprovação dos atos constitutivos pelo governo brasileiro, submetendo suas 
filiais, agências ou estabelecimentos ao direito doméstico (sem a perda da “nacionalidade” do 
ente coletivo). Caso não se estabeleça filiais, as relações negociais no país estrangeiro 
submetem-se à legislação do local de origem. 
A ligação entre o ente coletivo e o ordenamento jurídico do Estado em que seus atos 
constitutivos foram registrados é considerada pelo direito doméstico. Logo, difere-se: 
enquanto a sociedade empresária segue o direito brasileiro, credores domiciliados no país e a 
comunidade de interesses externos são protegidos para se relacionar com a pessoa jurídica no 
trânsito econômico. 
Cabe ao poder executivo autorizar ou não o funcionamento, incluindo-se na 
solicitação: a sujeição dos atos em território nacional às leis e tribunais brasileiros; a limitação 
de exercer apenas as atividades aprovadas; a dependência da autorização do Executivo para 
qualquer alteração nas regras anteriores, a obrigação do arquivamento dos documentos de 
autorização; a publicação de informações consolidadas de cada exercício social. 
A CF também limita a atuação nos segmentos midiáticos, restringindo a titularidade às 
pessoas jurídicas constituídas sob as leis brasileiras e com sede no país, com um mínimo de 
participação societária envolvida pertencente a brasileiros natos ou naturalizados há mais de 
10 anos. 
 
5.5.4 Aquisição de bens imóveis no território nacional por sujeitos de direito 
internacional público: Estados e organizações internacionais 
5.5.4.1 Regra geral e a proibição de aquisição de bens imóveis em 
território nacional 
Proíbe-se em geral os Estados e organizações internacionais de adquirir imóveis 
suscetíveis a desapropriação no território brasileira. Além de justificar a impossibilidade de 
aquisição, pelo Estado estrangeiro, de direitos proprietários relativamente a bens situados no 
território nacional, ressalvadas as hipóteses nas quais aquele possa ser destinatários de direitos 
sucessórios, tais como legados. 
 
5.5.4.2 Aquisição de bens imóveis pelo Estado estrageiro para fins 
diplomáticos e consulares 
Em função da necessidade de estabelecimento de prédios destinados às embaixadas e 
consulados no Brasil, a regra geral da proibição de aquisição pelo Estado estrangeiro de bens 
e imóveis situados em território nacional pode ser flexionada. Assim, a norma estabelece uma 
autorização expressa aos Estados estrangeiros para aquisição de “prédios necessários à sede 
dos representantes diplomáticos ou dos agentes consulares”. Há, em primeiro lugar, uma 
preocupação da regra em relação ao princípio do direito internacional público sobre a 
proteção do exercício das atividades diplomáticas pelos Estados e garantia de sua manutenção 
nos territórios domésticos. 
 
6. A natureza do direito estrangeiro aplicado 
“ O direito estrangeiro a ser aplicado deve ser sempre o direito privado comum 
estrangeiro (o direito substancial/ material estrangeiro), pois isto acarretaria a aplicação da 
técnica do “retorno” ou “devolução”, não admitida expressamente pelo direito brasileiro, no 
art. 16 da Lei de Introdução às Normas do Direito Brasileiro [...].” (p.315) 
 
6.1 Aspectos gerais da aplicação do direito estrangeiro, conflito de classificação e a 
técnica do reenvio 
Em caso de conflito de leis no espaço pode utilizar-se a lei substancial doméstica, a 
análise do juiz ou a lei substancial estrangeira. Mas existe uma indagação se o direito 
estrangeiro seria fato ou direito no ordenamento nacional. 
A imperatividade das normas do direito internacional privado leva à constatação de 
que a lei estrangeira diz respeito ao direito material/substancial, a partir do qual direitos 
subjetivos e obrigações são criados. No caso brasileiro, LINDB expressa que o juiz deve 
adotar uma postura de observância, dando alguma resposta ao conflito de leis no espaço. 
Considerar o direito estrangeiro como simples “fato” poderia significar o 
esvaziamento completo do sentido e alcance do direito internacional privado. 
A LINDB ainda resolve questões da aplicação do direito estrangeiro, em especial os 
casos que geram efeito em mais de uma ordem jurídica. Segundo a regra proibitiva desta Lei, 
o reenvio não pode ser considerado pelo juiz nacional quando se depara com a aplicação do 
direito estrangeiro. 
Para a solução de conflitos de leis no espaço, segue-se o processo de: 1) reconhecer 
que o fato contém elementos estrangeiros; 2) entender que os elementos estrangeiros que se 
associam ao fato geram conflitos de leis no espaço; 3) definir a natureza jurídica do fato 
analisado com base na lex fori do direito do país onde a questão foi levada à apreciação do 
Poder Judiciário; 4) determinar a regra de solução de conflito de leis segundo a natureza 
jurídica do fato em análise; 5) a partir do passo anterior chega-se ao elemento de conexão e 
deste ao direito aplicável; 6) entender que o direito indicado deve solucionar o problema e não 
criar outro; 7) aplicar o direito rigorosamente indicado pela norma de solução de conflito. 
A norma nacional de solução de conflito de leis nacional não pode indicar uma norma 
de solução de conflitos estrangeira, se isso ocorresse a norma de direito internacional privado 
não cumpriria sua função de solucionar o conflito de leis no espaço e sim criaria outro 
conflito. 
 
6.2. A questão do reenvio no direito internacional privado e sua abordagem teórica 
A resolução de casos que envolvem conflitos de leis no espaço depende da 
interpretação do juiz nacional. Esses conflitos podem ser aparentes, positivos ou negativos, 
envolvendo a determinação da lei aplicável. O negativo se dá frente a diferentes elementos 
jurídicos que apontam para jurisdições distintas quanto à solução do caso. 
O problema do reenvio ou devolução, originado nas teorias de direito internacional 
privado após um caso ocorrido na França, hoje fica solucionado neste da seguinte maneira: 
devolve-se à ​lex fori ​a solução do caso com conexão internacional apreciado pelo juiz, 
aplicando-se o direito do foro ou outro direito por aquele indicado (em casos de reenvio de 
primeiroou segundo graus). 
Contudo, o problema reside na hipótese de concorrência de qualificação nos casos 
tratados, ou seja, de conexão internacional. Desse modo, através do método de resolução 
supracitado é possível que, muitas vezes, soluções não equitativas sejam alcançadas, 
devendo-se, aplicar a lei através de critérios de justiça. 
 
6.3. Proibição do reenvio no direito internacional privado brasileiro 
Tal questão nunca foi pacífica na doutrina, uma vez que admitia-se o reenvio de 
primeiro e segundo graus. Porém, a tese que foi consagrada com a promulgação da LINDB de 
1942 determina que o juiz brasileiro atenderá às disposições do direito estrangeiro competente 
pela reciprocidade. Além disso, assegura-se a aplicação do direito estrangeiro pelo juiz 
nacional, tendo em vista o direito material estrangeiro e não o sistema de direito internacional 
privado de outro Estado que não o seu. Fica evidente, assim, o absurdo que seria admitir-se 
que as normas de conflito de leis no espaço, uma vez que concernentes ao direito público 
interno de um Estado, adquiram sentido pela interpretação de outro Estado. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Universidade Federal de Uberlândia 
Instituto de Economia e Relações Internacionais 
Graduação em Relações Internacionais 
Curso de Direito Internacional Privado 
 
Aluna:​ Beatriz Guilherme Carvalho 
Matrícula:​ 11711RIT006 
Atividade Avaliativa: Resumo das páginas 338 a 357 do Manual de Direito Internacional 
Privado, por Maristela Basso 
 
9 A Jurisprudência Dos Nossos Tribunais 
Esta seção dedica-se à análise casos levados aos nossos tribunais e o comportamento 
dos juízes em relação ao Direito Internacional Privado. 
STJ. SEC 4789/US. SENTENÇA ESTRANGEIRA CONTESTADA 2009/0216957-7 
Caso entre cidadão estadunidense residente e domiciliado nos EUA e cidadã brasileira 
residente e domiciliada em São Paulo requerem a guarda do filho do casal, menor e nascido 
nos EUA, no Superior Tribunal do Estado da Califórnia em maio de 2009. O relatório trazia 
uma nota de impugnação por ofensa à ordem pública e à soberania, por não reconhecimento 
da jurisdição brasileira e por contrariedade dos interesses do menor garantidos pelo direito da 
pátria. Como o menor e a mãe encontravam-se no Brasil no momento processual da sentença, 
o STJ não considerou competente a apreciação da questão da guarda pela justiça americana 
(artigo 7º da LINDB). A sentença proibia a mãe de recorrer à jurisdição brasileira, 
estabelecendo multa em caso de busca por alteração do julgado nos EUA; no entanto, essa 
cláusula ofende a soberania nacional e a ordem pública. Com base na legitimidade de ação da 
medida judicial pertinente a fim de garantir a segurança do menor, por parte de qualquer 
parente ou do Ministério Público em caso de abuso de poder ou falta com deveres paternos ou 
atos lesivos aos interesses do menor, o STJ denegou o pedido de homologação da sentença 
estrangeira, pois nenhuma decisão estrangeira pode restringir as medidas de preservação de 
interesses do infante. 
Para que uma sentença estrangeira tenha eficácia no Brasil é necessário: juiz 
competente, citação das partes na forma adequada, sentença autenticada pelo cônsul brasileiro 
e traduzida por tradutor juramentado. não ofensa à soberania, à ordem pública e aos bons 
costumes. 
A competência internacional dos tribunais brasileiros é analisada à luz dos critérios 
previstos em artigos do CPC e tratados internacionais de que o Brasil é parte (sobretudo em 
litígios envolvendo partes no Mercosul). 
Requerente pede homologação de sentença de divórcio proferida na Vara de Órfãos, 
Sucessões e Família da Comarca de Barnstable, do Estado de Massachusetts, EUA. No 
entanto, o requerido foi citado e permanece em silêncio, o que leva à nomeação de curador. 
Depois de um tempo, ele oferece contestação com as seguintes alegações: ausência das 
condições de homologação, existência da ação do divórcio antes do pedido de homologação 
da sentença estrangeira no STJ. 
O Parecer do Ministério Público oferece boa análise do caso. Em seguida, o “parquet” 
constata que “alcançado no curso da ação de homologação da sentença estrangeira o prazo 
exigido para que a sentença de divórcio venha a produzir seus efeitos no Brasil “, e já tendo 
passado de um a dez meses da data da sentença, não haveria como rejeitar-se o pedido feito 
pela requerente. 
Da mesma forma, afirma não ter conexão entre os litígios, já que os pedidos são 
distintos. A partir disso, o STJ concluiu que não havia inexistência de impedimento de ordem 
instrumental ou substancial à concessão do pedido de homologação da sentença estrangeira. 
Em caso de casamento envolvendo dois brasileiros ou um brasileiro e um estrangeiro 
em outro país o mais correto seria fundamentar a partir do art. 18 da LINDB, segundo o qual, 
tratando-se de brasileiros as autoridades brasileiras consulares tem competência para realizar. 
Em caso de bens situados fora do Brasil não terão regime regulado pela lei brasileira, 
o caso analisado, de um imóvel situado na Alemanha, sob o qual os apelantes justificavam 
que a decisão sob o imóvel era contrária a lei brasileira, não podia prosperar para o relator, e 
já havia se tornado ato jurídico perfeito na Alemanha. Conclui que o pedido dos apelantes 
causaria invasão da soberania da Alemanha e do direito alemão. 
Processo envolvendo transporte internacional fora extinto sem julgamento de mérito 
pois se entendeu que tal documento não poderia ser considerado como título de crédito já que 
as assinaturas do capitão e do carregador não haviam sido recolhidas. A apelante alega que as 
regras do Código Comercial são inaplicáveis, pois o Decreto n. 19.473/30 permite a assinatura 
do conhecimento do transporte pelo empresário ou representante. 
O relator expõe que as bases deste tipo de negócio são os art. 575 e seguintes do 
Código Comercial, que tratam das formalidades exigidas para o conhecimento do transporte, e 
menciona a assinatura do carregador e do capitão, o Decreto supracitado fora revogado por 
Decreto Presidencial. retirando qualquer previsão sobre requisito formal de assinatura no 
conhecimento de transporte. 
​O conhecimento de transporte pode ser considerado título executivo extrajudicial, 
mediante prova de entrega da mercadoria. 
No caso de ação indenizatória por danos materiais, morais e por lucros incessantes em 
decorrência de acidente de trânsito ocorrido em território estrangeiro entre réu brasileiro e 
autor estrangeiro evidencia-se relação jurídica plurilocalizada e conectada por diversos 
elementos estrangeiros. 
Inicialmente discute-se a competência da justiça brasileira para julgar o litígio, 
baseando essa escolha na análise de três leis distintas. A Lei de Introdução às Normas do 
Direito Brasileiro atrai a jurisdição nacional, independentemente da nacionalidade ou 
domicílio do autor e local do delito, considerando o domicílio (brasileiro) do réu. O Código de 
Processo Civil define a competência do juiz brasileiro para o julgamento de causas cujo réuesteja domiciliado em território nacional. Por último, o Protocolo de São Luiz revela 
igualmente a competência da justiça brasileira para julgamento do caso, permitindo também 
que o autor escolha o foro do local onde aconteceu o acidente, o foro do domicílio do 
demandado ou o foro de seu próprio domicílio. 
Assim, a jurisdição brasileira é concorrentemente competente para decidir o conflito, 
deixando em aberto ao autor a escolha do foro mais conveniente. Ressalta-se também que a 
competência de outras cortes não é afastada. Para os fins desta determinação é irrelevante: o 
local do ilícito extracontratual, e a nacionalidade do autor e seu domicílio. 
Sobre a decisão do mérito da causa, as obrigações se regerão pela lei do local em que 
se constituírem (não havendo qualquer referência à contratualidade ou extracontratualidade da 
obrigação). A aplicação do direito estrangeiro tem emprego independentemente da arguição 
do autor e o direito material a ser aplicado é o da ​lex loci delicti​. 
Em seu art. 1º, o Protocolo de São Luiz estabelece qual será o direito aplicável ao 
litígio de responsabilidade civil emergente de acidentes de trânsito que tenha ocorrido em 
algum dos Estados-partes quando participam ou são atingidos por cidadãos de outro 
Estado-Parte, dispondo, também, em seu art. 7º, a definição da jurisdição competente para 
julgar o litígio. Dessa forma, percebemos que existe uma convergência entre os parâmetros 
trazidos pelas 3 legislações citadas, deixando a legislação brasileira em posição competente 
para a decisão do conflito. Nota-se que no caso relatado, a determinação da competência pode 
ser aferida de acordo com i) local do litígio atual ii) nacionalidade do autor e seu domicílio. 
O Protocolo de São Luiz é acrescentado à incidência da LINDB e se faz responsável 
pela definição do direito aplicável ao mérito em situação de danos emergentes de acidentes de 
trânsito. Em seu art. 3º, traz a regra geral de que o direito aplicável será aquele do 
Estado-Parte do local do sinistro, mas também, no art. 5º diz-se que independentemente do 
direito aplicável serão levadas em conta as regras de segurança e circulação em vigor do local 
do acidente. 
No que diz respeito à aplicação do direito processual brasileiro, as provas produzidas 
devem permanecer abrigadas na legislação pátria, dessa forma, fica a competência do juiz 
brasileiro quando as obrigações tiverem de ser cumpridas no Brasil. Logo, é configurada 
hipótese de competência internacional da autoridade judiciária brasileira, visto que a cláusula 
de eleição de foro não afasta a competência da jurisdição brasileira. 
Já na homologação da competência estrangeira, há a discussão para a arguilidade de 
preliminar de nulidade de citação por edital apresentada por curador especial. É citado um 
pedido de homologação da sentença estrangeira no Brasil, sob a autoridade judiciária 
brasileira, com cidadão norte americano, tendo realizado casamento no Brasil, colocando a 
posição da Defensoria Pública da União a favor na nulidade da citação por edital. Porém o 
Superior Tribunal de Justiça já juntou a jurisprudência de casos similares e entendeu que 
havia de ter o preenchimento de todos os requisitos formais para a homologação. 
 
10 Reflexões (atuais) sobre a escolha do procedimento arbitral como método de solução 
de controvérsias de natureza patrimonial (mitos e realidades) 
Com base na prática arbitral interno e internacional, de algumas de suas 
particularidades, tais como o excesso de flexibilidade e de informalidade indispensáveis ao 
processo arbitral, sem as quais o instituto da arbitragem não lograria as funções pretendidas. 
Da essência da arbitragem são inerentes os atributos da “celebridade” e da “desformalização” 
fundamentais para determinar o espaço de negociações no qual seja possível satisfazer as 
partes envolvidas no conflito, bem como reduzir o tempo de espera pela decisão adequada, 
oportuna e equitativa. 
A duração de um processo arbitral é consideravelmente menor do que um processo 
jurídico. Um dos critérios orientadores das partes na escolha da solução arbitral repousa 
exatamente na celeridade proporcionada pela desformalização do processo, mas muitas vezes 
funcionam como fatores de emperramento do processo. A sentença arbitral, via de regra, só 
poderá ser impugnada caso seja configurada uma das hipóteses relacionadas nos arts. 14 e 15 
da Lei número 9.307/96. Além disso, a arbitragem não tem caráter formal e contencioso que 
permeia tradicionalmente a jurisdição estatal. 
Mesmo conhecidos os princípios e fundamentos do instituto da arbitragem, ainda 
encontramos na prática inúmeros problemas relacionados ao procedimento arbitral tanto no 
que diz respeito comportamento das partes e dos árbitros, quanto aos desvios procedimentais 
que afetam a arbitragem comprometendo seus princípios atributos.