Modelo de queixa crime

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EXCELENTÍSSIMO SENHOR JUIZ DE DIREITO DA VARA DOS JUIZADOS ESPECIAIS CRIMINAIS DA COMARCA DE SANTOS, ESTADO DE SÃO PAULO
 
 
 
Processo nº. ______/_____
 
 
 
Oscar de Oliveira, brasileiro, casado, sindico, portador da cédula de identidade, Registro Geral nº._________________, inserido no Cadastro de Pessoas Físicas do Ministério da Fazenda nº.____________________, residente e domiciliado na Av. Ana Costa, nº 500, Bairro XX, Código de Endereçamento Postal ___________, na cidade de Santos, Estado de São Paulo, por sua advogada e procuradora que a esta subscreve (procuração anexa), vem respeitosamente á presença de Vossa Excelência apresentar QUEIXA CRIME contra honra, com fundamento no artigo 100, §2º, artigo 103, artigo 145 do Código de Penal.  
 
DOS FATOS 
No dia 12 de abril de 2021, as 19 horas, ocorreu assembleia ordinária para aprovação de contas e eleição do síndico do Condomínio Pacífico, presidida por Antonio Carlos Roma. 
Finalizada a exposição de prestação de contas pelo atual síndico Oscar de Oliveira, morador da unidade 11, diversos condôminos levantaram algumas questões quanto a investimentos e gastos do condomínio. Em dado momento, o condômino proprietário da unidade 22, Ricardo Araújo, questionou sobre reformas para a próxima gestão, tendo Oscar solicitado para aguardar a finalização da aprovação de contas para debaterem este assunto, próximo da pauta. Neste momento Ricardo se exaltou e disse que nenhum homem iria mandar calar sua boca, e que Oscar é um vagabundo desempregado que vive às custas do condomínio. André de Souza, proprietário da unidade 44, passou a dizer que o aumento da taxa condominial se dava pois Oscar estava lesando os condôminos ganhando dinheiro à custa do condomínio. 
Diante dos ânimos alterados, o presidente da assembleia, morador da unidade 55, Antonio Carlos Roma, bem como a preposta da administradora do condomínio, Sra. Lurdez Damaceno, deliberaram por anotar todos acontecimentos e expressões proferidas na ata, decidindo pelo encerramento da assembleia. 
DO DIREITO 
Para a configuração dos crimes contra a honra, exige-se a demonstração mínima do intento positivo e deliberado de ofender a honra alheia (dolo específico), o denominado animus diffamandi vel injuriandi. É correto dizer que os querelados agiram com dolo ao proferirem as ofensas contra o querelante.
Ao afirmar que a taxa condominial se dava pois o querelante estava ganhando dinheiro as custas do condomínio, o querelado ofendeu de forma dolosa a honra do querelante aludindo fato inverídico. 
Diante disso, é inescusável que o Querelado incorreu no crime de difamação.  
Art. 139 - Difamar alguém, imputando-lhe fato ofensivo à sua reputação
Válidas as colocações de Cleber Rogério Masson, quando, no tocante ao crime de difamação, leciona que: 
“Constitui-se a difamação em crime que ofende a honra objetiva e, da mesma forma que a calúnia, depende da imputação de algum fato a alguém. Esse fato, todavia, não precisa ser criminoso. Basta que tenha a capacidade de macular a reputação da vítima, isto é, o bom conceito que ela desfruta na coletividade, pouco importando se verdadeiro ou falso...”
Em outro momento o querelado se manifestou chamando o querelante de “vagabundo desempregado que vive à custas do condomínio”. Nesse diapasão, dessa feita se concretizou o crime de injúria. Cometera esse delito quando, assacando sua fúria contra o aquele, chamou-o de “vagabundo”.  Há, destarte, uma qualidade negativa asseverada contra o Querelante. Assim, sem dúvida, ofender à dignidade e o decoro do mesmo.
Art. 140 - Injuriar alguém, ofendendo-lhe a dignidade ou o decoro:
Acerca do crime de injúria, ensina Luiz Regis Prado que:
“A nota característica da injúria é a exteriorização do desprezo e desrespeito, ou seja, consiste em um juízo de valor negativo, apto a ofender o sentimento e dignidade da vítima. Pode fazer referências às condições pessoais do ofendido (v. g., corpo, bagagem cultural, moral) ou à sua qualificação social ou capacidade profissional. Distingue-se a injúria da calúnia e da difamação por não significar a imputação de fato determinado – criminoso ou desonroso --, mas sim a atribuição de vícios ou defeitos morais, intelectuais ou físicos...”
Verifica-se que as colocações fáticas feitas pelo Querelante tendem a atribuir aos Querelados a concorrência para o crime de difamação (CP, art. 139) e crime de injúria (CP, art. 140). As penas máximas cominadas a esses delitos correspondem, respectivamente, a 01(um) ano e (06) meses. 
Se as penas fossem somadas, o Querelado poderia ser condenado em até 01(um) ano e 06(seis) meses de detenção. Isso, por si só, por conta do concurso de crimes (CP, art. 69), já excluiria do rol das chamadas “infrações de menor potencial ofensivo”, acarretando, assim, na competência dos Juizados Especiais. 
LEI DOS JUIZADOS ESPECIAIS CÍVEIS E CRIMINAIS (Lei 9.099/95)
Art. 61. Consideram-se infrações penais de menor potencial ofensivo, para os efeitos desta Lei, as contravenções penais e os crimes a que a lei comine pena máxima não superior a 2 (dois) anos, cumulada ou não com multa.
Nesse sentido:
CONFLITO NEGATIVO DE COMPETÊNCIA. CRIME DE DANO QUALIFICADO CUJA PENA ULTRAPASSA O DETERMINADO NO ARTIGO 61 DA LEI Nº 9099/95. DECLÍNIO DE COMPETÊNCIA PARA VARA CRIMINAL.
Destarte, mister se faz a condenação dos querelados pelo crime de difamação e injuria, tipificados respectivamente nos artigos 139 e 140, ambos do Código Penal. 
DO PEDIDO 
Diante do exposto, é a presente para querer:
A) A juntada de procuração outorgando poderes especiais a advogada que ora subscreve, nos termos previstos no artigo 44 do Código de Processo Penal;
B) O recebimento, o processamento e a autuação da presente queixa crime;
C) A citação dos querelados;
D) A condenação dos querelados pela prática do crime de difamação, tipificado nos artigos 139 e 140, ambos do Código Penal;
Termos em que
Com os documentos inclusos
Pede Deferimento,
 
Santos, 10 de outubro de 2021
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                           Advogada
                           OAB/SP nº.