Prévia do material em texto
18/03/2021 UNIP - Universidade Paulista : DisciplinaOnline - Sistemas de conteúdo online para Alunos. https://online.unip.br/imprimir/imprimirconteudo 1/42 CONTEÚDO 4 - TOXICOLOGIA DOS MEDICAMENTOS A incidência anual de intoxicações por medicamentos referidas aos Centros de Informações e Assistência Toxicológica (CIATs) é a mais freqüente, comparada com os de envenenamentos por animais peçonhentos e intoxicações por domissanitários, agrotóxicos, raticidas, produtos químicos industriais e outros. É importante lembrar que a notificação aos CIATs não é obrigatória e que o atraso no envio desses dados ao Sistema Nacional de Informações Tóxico-Farmacológicas - SINITOX (www.fiocruz.br/sinitox) é significativo. No entanto, essa ordem de incidência de intoxicação pelos diferentes fatores de risco se repete todos os anos. ELEMENTOS BÁSICOS DE ATENDIMENTO Como em todos os casos de atendimento clínico de emergência, a história clínica dos casos de intoxicação por medicamentos (anamnese) constitui um passo importante para o tratamento do paciente. Mas, como descrito na literatura, 50% das histórias colhidas inicialmente não correspondem à realidade, o que não significa que sejam intencionalmente modificadas. Os erros mais comuns são a quantidade de medicamentos que existia na embalagem, o nome do produto e a dosagem do produto. EM RELAÇÃO AO PACIENTE É IMPORTANTE SABER: Idade do paciente – pacientes com idades nos extremos da vida são mais sensíveis às intoxicações por medicamentos. Crianças e pessoas idosas têm necessidade de um cálculo diferenciado na avaliação da dose de medicamento absorvido, devido às diferenças do metabolismo do produto (imaturidade ou desgaste). Peso – Pacientes com pouco peso, têm menor volume de distribuição e maior possibilidade de desenvolver quadros clínicos graves, enquanto que pacientes obesos, por disporem de um volume de distribuição maior, apresentam um risco menor intoxicação grave. Doenças de base – Algumas doenças podem criar uma maior sensibilidade aos medicamentos, como por exemplo, as patologias hepáticas crônicas que alteram a transformação do produto, ou as anomalias renais que reduzem a excreção urinária. Local onde o paciente foi encontrado – Em todas as situações é importante buscar-se a relação entre o local e a disponibilidade de algum medicamento, tal como neurolépticos em quartos, produtos consumidos durante as refeições e a cozinha, etc. 18/03/2021 UNIP - Universidade Paulista : DisciplinaOnline - Sistemas de conteúdo online para Alunos. https://online.unip.br/imprimir/imprimirconteudo 2/42 Tempo decorrido entre a ingestão e o atendimento – Esta informação tem importância para a conduta terapêutica de urgência, como o uso de carvão ativado ou a lavagem gástrica. Se o tempo útil da realização desses procedimentos for ultrapassado, o tratamento, a evolução e o prognóstico serão modificados. Tempo decorrido entre a ingestão e o início dos sintomas – Associado à informação acima, este dado também pode dar informações quanto às características, o prognóstico e a evolução da intoxicação. Casos onde o tempo decorrente entre a ingestão e a aparição dos sintomas é curto sugerem gravidade. Bem diferente daqueles onde o início do quadro clínico é insidioso e o tempo decorrente da ingestão mais longo. Uso concomitante de medicamentos – Nestes casos, pode ocorrer, interação medicamentosa onde o efeito conjugado dos produtos pode diminuir ou aumentar, complicando a evolução do paciente. Tentativas anteriores de suicídio – O paciente pode ter antecedentes de tentativas de suicídio com o mesmo medicamento, como usar um outro produto com o intuito de conseguir seu objetivo. Via de contato – Os produtos têm vias de absorção mais eficazes que outras e este conhecimento pode evitar procedimentos desnecessários e diminuir o tempo de internação. EM RELAÇÃO AO PRODUTO É IMPORTANTE SABER: Quais os produtos que estavam à disposição? É necessário identificar os produtos consumidos pelos diferentes moradores de uma casa ou dos lugares freqüentados pelo intoxicado, sobretudo se o paciente está inconsciente ou desorientado. Quanto ingeriu? A quantidade ingerida vai determinar a gravidade da intoxicação. A avaliação do risco toxicológico depende desta informação. É possível ter acesso à embalagem? A embalagem permite uma melhor identificação do produto em causa. Quanto medicamento existia na embalagem antes da ingestão? na avaliação de risco toxicológico a quantidade ingerida vai determinar a gravidade da situação. ANTIDEPRESSIVOS INIBIDORES DA SEROTONINA Os antidepressivos inibidores seletivos de recaptação da serotonina são medicamentos de maior índice terapêutico, com menos efeitos colaterais e/ou tóxicos e por isso de utilização mais segura que o tricíclicos. As referências de doses tóxicas e letais mostram que estas são bastante altas, justificando o alto índice terapêutico. Os produtos de utilização mais comuns são: 18/03/2021 UNIP - Universidade Paulista : DisciplinaOnline - Sistemas de conteúdo online para Alunos. https://online.unip.br/imprimir/imprimirconteudo 3/42 a. a Fluoxetina (Prozac®) com dose tóxica maior que 600 mg e dose letal maior que 2 g; b. a Paroxetina (Aropax®) com dose tóxica > 850 mg e sem descrição de óbitos; c. a Sertralina (Zoloft®) com dose tóxica > 1g e casos graves > 2g, sem relatos de óbitos; d. o Citalopram (Cipramil®) com dose tóxica e dose letal não estabelecidas, porém a dose letal podendo ser de mais de 2 g; e. a Fluvoxamina (Luvox®) com dose tóxica > 1g, sem descrição de óbitos f. a Venlafaxina (Efexor®) com dose tóxica > 1 g, sem descrição de óbitos Toxicocinética Sua absorção digestiva é lenta, levando de 4 a 8 h, e diminuida ainda mais pela alimentação (fluoxetina e sertralina). O pico plasmático<éobtido em 2 a 10 h e a meia-vida varia de ao a 46 h segundo o produto. A insuficiência hepatocelular e a insuficiência cardíaca, que reduzem o fluxo sanguíneo hepático aumentam a permanência no sangue. Seus metabólitossão inativos, com exceção dos da fluoxetina cujo derivado principal, a norfluoxetina, é um inibidor seletivo de recaptação da serotonina clinicamente ativo. A dose ingerida igual, os pacientes idosos apresentam concentrações plamáticas de fluoxetina e paroxetina superiores às dos sujeitos mais jovens. TOXICODINÂMICA O objetivo do tratamento antidepressivo é o de aumentar a taxa de neurotransmissores monoaminados (dopamina, serotonina, noradrenalina) na sinapse neuronal. Os inibidores seletivos de recaptação da serotonina atuam inibindo a recaptura da serotonina (5-hidroxitriptamina ou 5-HT) de modo específico. A serotonina é sintetizada no neurônio pré-sináptico a partir do triptofano; as fibras nervosas serotoninérgicas inervam grande parte do cérebro e liberam a serotonina por ruptura de vesículas celulares que se fundem com a membrana citoplasmática. Na fenda sináptica, o mediador se dirige para os receptores específicos da membrana neuronal pré e pós-sináptica. Os receptores específicos da serotonina são numerosos: 5HT1, 5HT2, 5HT3, 5HT4, 5HT5, 5HT6, e 5HT7. Dentro do grupo 5HT1 existem os subtipos 5HT1A, 5HT1B, 5HT1D, 5HT1E, e 5HT1F. Existem três subtipos 5HT2 - o 5HT2A, o 5HT2B, e 5HT2C-, assim como dois subtipos 5HT5 - o 5HT5a e o 5HT5B. A maioria destes receptores está acoplada a proteínas G de membrana que afetam a atividade da adenilciclase ou da fosfolipase Cq. A classe dos receptores 5HT3 corresponde a canais iônicos. A síndrome serotoninérgica se vê em pacientes que tomam antidepressivos inibidores seletivos de recaptação da serotonina, medicamento usado para tratar a depressão, o transtorno do pânico e o transtorno obsessivo-compulsivo. Ela aparece também com derivados usados para tratamento da enxaqueca (sumatriptano). No entanto, a síndrome resulta mais freqüentemente de uma interação de drogas, quando dois ou mais agentes que aumentam a neurotransmissão serotoninérgica por diferentes mecanismos são administrados em combinação, ou em overdose. 18/03/2021 UNIP- Universidade Paulista : DisciplinaOnline - Sistemas de conteúdo online para Alunos. https://online.unip.br/imprimir/imprimirconteudo 4/42 Ela é a conseqüência da estimulação excessiva dos receptores centrais e periféricos e seu diagnóstico não é dificultado pela falta de especificidade dos sinais clínicos. O modo de funcionamento do sistema serotoninérgico está diretamente ligado à complexidade dos receptores da serotonina e às diversas modificações que resultam da ativação desse sistema. OS SINTOMAS MAIS COMUNS NA SUPERDOSAGEM SÃO: a. sinais anticolinérgicos, com sonolência, náuseas e vômitos, taquicardia, hipertensão, tremores, depressão do nível de consciência, convulsões, hipertermia, mucosas secas, retenção urinária e midríase; b. alterações de eletrocardiograma semelhantes às dos antidepressivos tricíclicos c. a síndrome serotoninérgica, que pode ser dividida didaticamente em: i. leve, com manifestações de tremores, confusão mental, incoordenação, movimentos coréicos e midríase; ii. moderada, com inquietude, agitação psicomotora, hiperreflexia, ataxia, rubor e diaforese; iii. grave, com delírio, trismo, rigidez muscular, hipertermia, mioclonia e diarréia. DO PONTO DE VISTA CLÍNICO: Algumas manifestações podem representar maior gravidade – o coma, as crises epiléticas e a hipertermia, a evolução de outros pode servir como medida de melhora ou piora clínica – os tremores musculares, as mioclonias, a rigidez, a confusão mental ataxia e as convulsões. TRATAMENTO O tratamento da intoxicação por antidepressivos inibidores seletivos da recaptação da serotonina é semelhante ao tratamento dos antidepressivos tricíclicos e inclui: a. aspiração de vias aéreas e oxigenação; b. descontaminação gastrintestinal com lavagem gástrica e uso do carvão ativado; c. suporte das funções vitais; d. controle da hipertermia com medidas físicas; e. controle de agitação e convulsões com benzodiazepínicos; f. tratamento da rigidez muscular: também com diazepam. ANTIDEPRESSIVOS TRICÍCLICOS Os antidepressivos tricíclicos são medicamentos desenvolvidos para o tratamento da depressão, mas também utilizados como coadjuvantes do tratamento de dor crônica, na profilaxia da enxaqueca, na abstinência à cocaína e nos casos de enurese noturna em crianças. 18/03/2021 UNIP - Universidade Paulista : DisciplinaOnline - Sistemas de conteúdo online para Alunos. https://online.unip.br/imprimir/imprimirconteudo 5/42 Este grupo de medicamentos aparecia pouco no painel das intoxicações, pois eram drogas quase que exclusivamente de uso por neurologistas; porém com o surgimento dos antidepressivos inibidores da recaptação da serotonina, que apresentam menos efeitos colaterais, acabaram por ser mais utilizados pelos clínicos e ginecologistas, por exemplo. O custo mais alto dos antidepressivos inibidores da recaptação da serotonina também facilitou o incremento do uso dos antidepressivos tricíclicos e o aumento dos casos de intoxicação. Uma outra característica desse grupo de drogas é seu índice terapêutico baixo, que reflete a segurança relativa de um medicamento. Geralmente ele é calculado a partir da curva dose/resposta obtida em animais de experimentação e se refere à relação DL50/DE50. Os principais antidepressivos tricíclicos são os de primeira geração: a imipramina e a amitriptilina. TOXICOCINÉTICA Este grupo de fármacos tem uma absorção lenta e irregular por via oral quando em altas doses, devido a seus efeitos anticolinérgicos que retardam a atividade gastrointestinal e o tempo de esvaziamento gástrico. A distribuição no organismo é rápida com ligação a proteínas plasmáticas em torno de 75%. O metabolismo dos antidepressivos tricíclicos é hepático, pelas enzimas microssômicas, e os produtos têm recirculação enterohepática de pouca importância toxicológica. As concentrações plasmáticas atingem um pico em 2 a 8 horas, porém podem ser retardadas e atingir o pico em 12 horas. A meia-vida depende do produto: a imipramina tem meia-vida de 18 horas e a amitriptilina de19 horas, mas outros compostos, como a protriptilina, chegam a uma meia vida de 80 horas. Eles têm excreção renal, com aparecimento de 2 a 3 % da droga inalterada na urina. TOXICODINÂMICA Os efeitos dos medicamentos desse grupo são mais notáveis no sistema nervoso central e periférico, com bloqueio dos sítios dos receptores de dopamina e inibição da recaptura de norepinefrina e serotonina com consequente aumento da concentração desses neurotransmissores na fenda sináptica. Produzem também um antagonismo competitivo dos receptores muscarínicos, alfa-adrenérgicos, serotoninérgicos e histamínicos. Interfere também na condução nervosa pelo bloqueio dos canais de sódio quando em altas concentrações. A causa mais frequente de óbitos por esses medicamentos é sua toxicidade cardíaca, explicada pela diminuição da condução elétrica cardíaca, bloqueio dos receptores muscarínicos, bloqueio dos receptores alfa-adrenérgicos induzindo vasodilatação, 18/03/2021 UNIP - Universidade Paulista : DisciplinaOnline - Sistemas de conteúdo online para Alunos. https://online.unip.br/imprimir/imprimirconteudo 6/42 cardiotoxicidade induzida pela acidose metabólica concomitante, efeito depressor direto do miocárdio, entre outros. As manifestações clínicas dependem da dose ingerida, porém o número de comprimidos ingerido não é indicador de gravidade na intoxicação. Tem início em 30 a 40 minutos após a ingestão e pode ser uma síndrome bastante complexa, porém com manifestações anticolinérgicas evidentes. Didaticamente podemos dividir em fases de intoxicação aguda: A primeira fase, que aparece no primeiro dia de intoxicação, se caracteriza por manifestações anticolinérgicas como mucosas secas, hipertermia, hiperemia, visão turva, taquicardia, excitação, delírios, alucinações, mioclonias, convulsões do tipo tônico-clônicas e outras distonias, além de midríase. A segunda fase aparece após o primeiro dia e pode durar até o terceiro dia, com um quadro de depressão dos estímulos neuroquímicos, com o aparecimento de diminuição do nível de consciência até coma, grau variável de depressão respiratória com conseqüente hipóxia, hiporreflexia, hipotensão e hipotermia. A terceira fase, que aparece após 72 horas, tem como característica o retorno do quadro de agitação, delírios e marcada síndrome anticolinérgica As manifestações cardíacas podem surgir nas primeiras horas de intoxicação, mas com manifestações clínicas mais importantes nas fases subseqüentes, em geral nos casos mais graves e incluem arritmias como taquicardia sinusal que é um achado freqüente, taquicardia ou fibrilação ventricular; bradiarritmias são menos freqüentes, mas tem prognóstico reservado. Também encontramos condução anormal com prolongamento do PR,QRS e QT, bloqueio atrio-ventricular de graus variados. A hipotensão é inicialmente por vasodilatação, mas pode evoluir por depressão miocárdica direta com posterior choque cardiogênico, edema agudo do pulmão e óbito. Alguns exames complementares podem ser úteis no acompanhamento do caso de intoxicação, como o hemograma, glicemia e eletrólitos, uréia e creatinina para avaliação da função renal, CPK, CK-MB e DHL para avaliar lesão miocárdica, provas de função hepática, gasometria arterial, ECG ou, de preferência, monitorização cardíaca em casos graves, e radiografia de tórax. O tratamento é basicamente sintomático e de manutenção. A descontaminação gastrintestinal deve ser realizada com lavagem gástrica que pode ser indicada até 24 horas após a ingestão devido ao retardo do esvaziamento gástrico pelos efeitos anticolinérgicos. O uso do carvão ativado é estimulado normalmente em dose única, pois doses repetidas não têm eficácia comprovada. As alterações como agitação, delírio e alucinações, decorrentes do efeito anticolinérgico não são tratadas com anticolinesterásicos como a fisostigmina, e 18/03/2021 UNIP - Universidade Paulista : DisciplinaOnline - Sistemas de conteúdo online para Alunos. https://online.unip.br/imprimir/imprimirconteudo7/42 também se deve evitar o uso de neurolépticos, pois há risco de agravar os efeitos anticolinérgicos. Normalmente o uso de benzodiazepínicos como o diazepam controla bem essas manifestações, assim como as convulsões. A hipertermia responde bem a medidas físicas e, no quadro de coma, devem ser aplicadas as medidas habituais de suporte que foram descritas na intoxicação por barbitúricos. Em relação às alterações cardiovasculares, é importante fazer um eletrocardiograma de entrada para eventual comparação posterior. As alterações devem ser tratadas como entidades clínicas cardíacas de rotina. Por exemplo, nas taquicardias supraventriculares, o uso de bicarbonato com a alcalinização geralmente normaliza o paciente, mas, às vezes, há necessidade do uso de beta-bloqueadores ou bloqueadores do canal de cálcio; nos distúrbios de condução, o bicarbonato ou o marca-passo podem ser úteis; em arritmias ventriculares, deve-se usar lidocaína nos casos refratários ao bicarbonato; finalmente, nos casos de hipotensão, cristalóide e aminas vasoativas podem ser necessárias. O suporte respiratório é sempre importante. O suporte nutricional também pode ser útil. ANTIPSICÓTICOS Os antipsicóticos ou neurolépticos são medicamentos inibidores das funções psicomotoras, as quais podem encontrar-se aumentadas em estados de excitação e de agitação; eles também reduzem os distúrbios neuro-psíquicos chamados de psicóticos, tais como os delírios e as alucinações. A biodisponibilidade dos produtos é variável, para uma posologia idêntica, a concentração plasmática varia de um paciente para o outro, a diferença podendo ser de 1 a 20. Os neurolépticos são drogas lipossolúveis e, com isso, se acumulam facilmente no Sistema Nervoso Central. A meia-vida dos produtos é, em geral, longa, explicando a indicação de uma única dose por dia, e as tomadas sucessivas vão causando um armazenamento do produto Na cessação do tratamento, os efeitos diminuem progressivamente em alguns dias ou semanas. Para uma mesma concentração plasmática, os efeitos terapêuticos variam de pessoa para pessoa. Os antipsicóticos são metabolizados no fígado e a transformação gera vários metabólitos, alguns clinicamente ativos. A ação desses medicamentos se dá por bloqueio competitivo e reversível dos receptores dopaminérgicos. Os receptores da dopamina mais conhecidos são o D1 e o D2 (ambos pós- sinápticos), além dos receptores localizados no corpo do neurônio dopamínico e no terminal pré-sináptico. A atividade terapêutica dos antipsicóticos parece estar relacionada, principalmente, com o bloqueio da dopamina nos receptores pós- sinápticos do tipo D2. Eles bloqueiam ainda os receptores da acetilcolina periféricos e centrais. 18/03/2021 UNIP - Universidade Paulista : DisciplinaOnline - Sistemas de conteúdo online para Alunos. https://online.unip.br/imprimir/imprimirconteudo 8/42 Estes efeitos justificam a sintomatologia encontrada na intoxicação por medicamentos neurolépticos como, por exemplo: a. efeitos anticolinérgicos: taquicardia, mucosas secas, midríase, rubor, etc.; b. bloqueio alfa-adrenérgico: hipotensão e miose; c. e, sobretudo o bloqueio dos receptores dopaminérgicos: reações extrapiramidais. A manifestação clínica mais comuns da intoxicação por neurolépticos é a impregnação neuroléptica ou síndrome extrapiramidal, resultante da ação do medicamento na via nigro-estriatal, onde parece haver um equilíbrio entre as atividades dopaminérgicas e colinérgicas. Neste caso, há um bloqueio dos receptores dopaminérgicos e, conseqüentemente, uma predominância da atividade colinérgica, com aparição dos sintomas extra-piramidais: a. em doses terapêuticas, podem ocorrer reações distônicas, feitas de espasmos musculares breves ou sustentados, geralmente com movimentos lentos e anormais, torcicolo, espasmos musculares, crises oculógiras, rigidez e sinal da roda dentada; b. as intoxicações leves levam o paciente a apresentar, além das distonias, sedação, acatisia (compulsão em manter o corpo em movimento, principalmente as pernas), miose, hipotensão ortostática, taquicardia, pele e boca secas e retenção urinária. É comum o aparecimento de uma síndrome extrapiramidal que exclui distonias, acatisia, parkinsonismo, tremor perioral e discinesia tardia; c. em casos graves, nota-se o aparecimento de convulsões, coma profundo com abolição dos reflexos, depressão respiratória e distúrbios da termorregulação. No eletrocardiograma observa-se alterações dos segmentos QT, QRS, PR e ST, além de alteração de onda TU (link com imagem ECG.grafico); d. a síndrome neuroléptica maligna é um quadro extremamente grave, que também pode ocorrer com doses terapêuticas pelo fato de não ser dose dependente. Ela se traduz por uma alteração da consciência, rigidez, hipertermia, rabdomiólise e acidose lática, além de taquicardia e hipertensão. A mortalidade é alta e o óbito ocorre em 20-30% dos casos. O tratamento é sintomático e de manutenção dos sinais vitais, associadas à assistência respiratória e à lavagem gástrica até 6 horas após a ingestão, devido ao retardo do esvaziamento gástrico. Usa-se carvão ativado em dose única ou múltipla e catárticos salinos no caso de aplicação de doses seriadas de carvão. A diurese forçada tem pouco valor e a diálise não é indicada. O tratamento da distonia aguda pode ser feito com difenidramina na dose de 1 a 2 mg por kg de peso, via intramuscular ou endovenosa lenta, até o máximo de 50 mg por dose. Até pouco tempo, no Brasil, a difenidramina injetável não estava disponível e outros produtos foram mais utilizados, como diazepam oral, muscular ou endovenoso nas doses usuais de 10 mg, biperideno (Akineton®) intramuscular, em 3 a 5 mg por dose, em adultos, ou 0,04 mg por kg por dose, em crianças. A via endovenosa é utilizada em casos graves. Não devem ser ultrapassadas 4 doses em 24 horas. O tratamento da síndrome neuroléptica maligna inclui medidas sintomáticas e de suporte, alcalinização para prevenção da insuficiência renal aguda gerada pela 18/03/2021 UNIP - Universidade Paulista : DisciplinaOnline - Sistemas de conteúdo online para Alunos. https://online.unip.br/imprimir/imprimirconteudo 9/42 rabdomiólise, diminuição da temperatura por medidas físicas, pois antitérmicos não são muito efetivos. Outros medicamentos podem ser utilizados, como o dantrolene sódico, na dose de 2 a 3 mg/ kg/dia, em 4 doses, podendo chegar até 10 mg/kg/dia, e com uma dose de manutenção oral de pelo menos 1 mg/kg de 4 em 4 horas durante 48 horas. A bromocriptina é usada em doses de 2,5 a 10 mg por via oral, aumentada para 20 mg/dia se não houver melhora em 24 horas. CARBAMAZEPINA A carbamazepina é um antiepilético de uso via oral com estrutura química semelhante aos antidepressivos tricíclicos. Além do seu efeito no tratamento das crises convulsivas, também pode ser utilizado no tratamento de neuralgia do trigêmeo e nas desordens bipolares afetivas. É um medicamento freqüentemente envolvido em tentativas de suicídio, provavelmente pelo fato de ser um medicamento amplamente distribuído, e de forma gratuita, em postos de saúde e hospitais públicos. As intoxicações geralmente são de leves a moderadas, mas os óbitos são comuns quando existe associação, principalmente com medicamentos depressores do sistema nervoso central ou álcool. A clínica esperada é semelhante à da intoxicação por antidepressivos tricíclicos, mas nota-se o predomínio das manifestações neurológicas, como sonolência, confusão mental, ataxia, movimentos coreiformes, nistagmo e convulsões. Ocorrem com frequência oscilações do nível de consciência que podem evoluir, nos casos graves, até o coma. Como nas intoxicações por antidepressivos tricíclicos, os sinais anticolinérgicos cardíacos aparecem com frequência: taquicardia, prolongamento do intervalo QT, retardo na condução e até bloqueio átrio-ventricular. Alguns exames podem auxiliar no diagnóstico, além, é claro, dos níveis de carbamazepina séricos. È o caso de algumas análises bioquímicas como os testes de função hepática e renal,a glicemia, os eletrólitos sangüíneos, a gasometria arterial, e a dosagem da CPK e da CK-MB. O eletrocardiograma é interessante para avaliar alterações cardíacas, principalmente as arritmias. Análises toxicológicas específicas em geral não são necessárias, exceto em suspeita de ingestão de outros fármacos associados, para diagnóstico e avaliação de risco toxicológico. O tratamento é semelhante ao realizado no caso de intoxicações por antidepressivos tricíclicos, com ênfase nas medidas gerais e de suporte. A remoção extra-corpórea não é indicada, exceto em casos graves que não respondem bem às medidas de suporte ou de associação com outros medicamentos, com indicação de diálise. BARBITÚRICOS Os barbitúricos constituem o grupo de drogas com maior morbi-mortalidade, em comparação com outros medicamentos, porém, o seu uso como sedativo-hipnótico diminuiu muito devido à falta de especificidade de efeitos no sistema nervoso central, ao seu baixo índice terapêutico, quando comparado aos benzodiazepínicos, e ao grande número de interações medicamentosas. Mesmo assim, as indicações 18/03/2021 UNIP - Universidade Paulista : DisciplinaOnline - Sistemas de conteúdo online para Alunos. https://online.unip.br/imprimir/imprimirconteudo 10/42 terapêuticas para o medicamento restam importantes devido às suas propriedades anticonvulsivantes e sedativo-hipnóticas. A dose de 8 mg/kg de fenobarbital pode provocar efeitos tóxicos, isto é, num adulto de 70 kg, aproximadamente 560 mg podem constituir uma dose tóxica e consequentemente, gerar sintomas clínicos. Os barbitúricos estão divididos produtos de ação ultra-curta, curta, intermediária e longa, de acordo com seu tempo de meia-vida. Atualmente, três barbitúricos são comercializados no Brasil: fenobarbital, pentobarbital e tiopental. Estes dois últimos, respectivamente de ação curta e ultra- curta, são injetáveis e utilizados em ambiente hospitalar, como centros cirúrgicos ou centros de terapia intensiva (CTI). O fenobarbital, de ação longa, é o barbitúrico mais conhecido e amplamente utilizado como anticonvulsivante. Ele aumenta o limiar de aparição da crise convulsiva. È interessante notar a longa meia-vida do fenobarbital (de 80 a 120 h). A absorção por via oral é completa, porém lenta ao nível intestinal. Eles têm grande afinidade por tecidos com alto teor lipídico e a ligação com as proteínas é muito variável. O metabolismo é hepático, através do sistema enzimático microssomal, e produz metabólitos inativos. A excreção é renal, e 25% do fenobarbital é eliminado de forma inalterada na urina. Por esta razão, sua excreção renal pode ser significativamente aumentada por diurese osmótica e/ou alcalinização urinária. Os barbitúricos deprimem a atividade de todos os tecidos excitáveis de maneira reversível e o sistema nervoso central é particularmente sensível à sua ação. No sistema nervoso central, em doses terapêuticas, eles potencializam a ação inibitória sináptica mediada pelo ácido gama-aminobutírico (GABA), principalmente no nível dos canais de cloro. Doses mais altas podem ser consideradas GABA- miméticas. No sistema nervoso periférico, eles atuam por depressão seletiva ganglionar e pela diminuição da excitação nicotínica produzida pelos ésteres da colinesterase. No sistema respiratório, deprimem o impulso respiratório e os mecanismos responsáveis pelo ritmo da respiração, com pouco efeito sobre os reflexos protetores. No sistema cardiovascular, doses hipnóticas modificam pouco a freqüência cardíaca e a pressão arterial, porém doses mais elevadas diminuem a contratilidade miocárdica e deprimem a musculatura lisa dos vasos. No sistema digestório, os barbitúricos diminuem o tônus da musculatura de todo o trato gastrintestinal retardando assim o tempo de esvaziamento gástrico e a velocidade do transito intestinal. FENOBARBITAL 18/03/2021 UNIP - Universidade Paulista : DisciplinaOnline - Sistemas de conteúdo online para Alunos. https://online.unip.br/imprimir/imprimirconteudo 11/42 O fenobarbital foi o primeiro anticonvulsivante orgânico eficaz, com toxicidade relativamente pequena e baixo custo. As doses hipnóticas em adultos são de 100 a 200 mg e, em crianças, de 5 a 8 mg por kg. A utilização em adultos de doses até 600 mg podem ser necessárias. As doses tóxicas para o fenobarbital em adultos são de 18 a 36mg por kg e, em crianças, de 10 mg por kg. Essas doses são capazes de produzir efeitos principalmente no sistema nervoso central e no aparelho respiratório. A dose letal estimada para o fenobarbital é de 5 a 10 gramas, se a ingestão for isolada. Em associação com outros depressores do sistema nervoso central, e principalmente com álcool, a dose letal pode ser menor. Didaticamente, a intoxicação por barbitúricos pode ser dividida em leve, moderada e grave. A intoxicação leve tem como características clínicas o aparecimento de depressão do nível de consciência, com sonolência e confusão mental, alterações na marcha, aparecimento de ataxia e de alterações do equilíbrio; a linguagem pode ser incompreensível e alterações visuais subjetivas podem aparecer. O paciente reage quando solicitado, mas de maneira pouco intensa. Os reflexos podem estar diminuídos e observam-se alterações pupilares ou respiratórias. A intoxicação moderada cria uma maior depressão do nível de consciência do paciente, com sono profundo ou torpor, pouca resposta aos estímulos dolorosos, sem resposta aos comandos verbais, reflexos diminuídos e distúrbios respiratórios leves. Na intoxicação grave, o paciente apresenta-se em coma geralmente profundo, podendo ocorrer alterações pupilares de tipo midríase ou miose, ou alternância desses estados, pupilas fixas ou fotorreagentes. O paciente não reage à dor, seus reflexos tendinosos diminuem, não há deglutição e graus variados de depressão respiratória podem ser encontrados. Esse estado pode evoluir para uma midríase bilateral sem reação à luz, parada respiratória, respiração de Cheyne-Stokes, secreção brônquica excessiva evoluindo com broncopneumonia, hipóxia e hipercapnia, hipotensão e choque e óbito. Algumas análises laboratoriais confirmam o diagnóstico da intoxicação por barbitúricos. Podem ser realizadas análises quantitativas ou qualitativas do produto. As análises qualitativas são, de um modo geral, menos custosas e visam o estabelecimento de um diagnóstico diferencial, eliminando uma intoxicação por depressores do sistema nervoso central. Essas análises são indicadas principalmente em pacientes com quadros graves, com mais ênfase em idosos e crianças. As análises quantitativas visam o diagnóstico da intoxicação por barbitúrico, com ênfase na mensuração da concentração da substância no sangue, permitindo a avaliação de risco toxicológico e do tempo de hospitalização, além da necessidade de medidas dialíticas. Os níveis de referência são: a. de 10 a 20 µg/mL – nível terapêutico como anticonvulsivante; b. níveis maiores que 30 µg/mL – compatíveis com um quadro tóxico que pode evoluir para o aparecimento de nistagmo, ataxia e sonolência; c. de 60 a 80 µg/mL – intoxicação moderada; 18/03/2021 UNIP - Universidade Paulista : DisciplinaOnline - Sistemas de conteúdo online para Alunos. https://online.unip.br/imprimir/imprimirconteudo 12/42 d. acima de 80µg/mL – intoxicação grave, inclusive em pacientes com maior tolerância ao produto. A dosagem da alcoolemia pode ajudar nos quadros graves pelo efeito potencializador da depressão do sistema nervoso central e da depressão do aparelho respiratório, e em caso de suspeita de associação de produtos. Outras análises podem fornecer medidas indiretas da intoxicação por barbitúricos e auxiliar na avaliação do caso clínico, na avaliação do risco e na necessidade de tratamento de complicações, entre outros. O hemograma, a dosagem dos eletrólitos, a glicemia, os exames de urina do tipo I, as provas de funções hepática e renal, a gasometria arterial, são alguns dos exames complementares necessários. A avaliação de complicações como a broncopneumonia pode requerer aradiografia de tórax. O diagnóstico diferencial, pode exigir tomografias computadorizadas ou ressonância magnética. A resolução de um caso de intoxicação barbitúrica está baseada no tratamento sintomático e de suporte. Quando o paciente está em coma, as medidas de suporte para manter as funções vitais tornam-se importantíssimas. Devem ser aspiradas as secreções das vias aéreas, pois muitos pacientes podem apresentar complicações tipo pneumonia por aspiração, insuficiência respiratória por rolha de secreção, etc. Em alguns casos, há necessidade de intubação e ventilação mecânica. A correção dos desequilíbrios hidro-eletrolíticos é sempre necessária. A hipotensão e o choque podem ser corrigidos com administração de fluidos endovenosos ou, se for necessário, aminas vasoativas. As medidas físicas dão bons resultados no caso de alterações de temperatura corporal. É necessário identificar infecções secundárias, principalmente do aparelho respiratório. Os procedimentos toxicológicos específicos devem seguir ou serem concomitantes do tratamento geral e variam em função das indicações e contra-indicações. A lavagem gástrica pode ser indicada. No entanto, deve-se recordar que na intoxicação barbitúrica há, freqüentemente, uma diminuição da velocidade de esvaziamento gástrico assim como do trânsito intestinal, o que justifica realizar este procedimento mesmo após as primeiras 2 horas. Isto se verifica sobretudo nos casos de ingestão de grandes quantidades de comprimidos. Em alguns casos, a lavagem pode ser feita mesmo além das primeiras 24 horas após a ingestão. O uso do carvão ativado é um procedimento importante, inclusive com uso de doses múltiplas, visto que os barbitúricos apresentam ciclo entero-hepático. As doses podem ser dadas até de 4 em 4 horas, por um período de 2 dias. O uso de catárticos salinos é útil concomitante ao uso do carvão ativado em doses repetidas. 18/03/2021 UNIP - Universidade Paulista : DisciplinaOnline - Sistemas de conteúdo online para Alunos. https://online.unip.br/imprimir/imprimirconteudo 13/42 O aumento da diurese com alcalinização da urina, através da administração de bicarbonato de sódio, deve ser estimulado, pois aumenta sobremaneira a excreção do fenobarbital. A alcalinização da urina está indicada para os fármacos que têm baixa ligação protéica, geralmente até 50%. No caso do fenobarbital, a ligação protéica é baixa, em torno de 40%. O pKa do fenobarbital é de 7,3, o que é considerado baixo. O aumento do pH urinário (mais básico), aumenta a eliminação do fenobarbital em 5 a 10 vezes do normal. Isto é realizado em doses iniciais de 1 a 2 mEq por kilo de peso, por via endovenosa, no período de 2 horas ou até o pH sanguíneo alcançar 7,45 na gasometria arterial. A dose de manutenção da alcalinização é de 1 a 1,5 mEq por kilo de peso, diluído em 1 litro de solução de glicose a 5%, que pode ser infundida na velocidade de 2 a 3 mL por kg por hora. Deve-se controlar o gotejamento dessa solução para manter débito urinário superior a 2 mL por kg de peso por hora e, também, manter o pH urinário entre 7,5 e 8,0 (medir com fita a cada 2 h). Na apresentação do bicarbonato de sódio na solução de 8.4% adota-se a seguinte aproximção: 1mEq = 1mL de solução. O potássio sérico deve ser mantido acima de 4.0mEq/L, pois a alcalinização não é efetiva na hipocalemia. Desta forma, é comum o uso de KCl, na solução de glicose a 5% e bicarbonato, durante o procedimento de alcalinização. Pode-se lançar mão de outros métodos de eliminação forçada: o aumento da diurese com diuréticos de alça deve ser utilizado com a alcalinização para evitar complicações, principalmente nos pacientes que têm as funções renais e cardiovasculares preservadas. Métodos dialíticos podem ser utilizados em pacientes com insuficiência renal ou com intoxicação grave e risco de vida, principalmente a hemodiálise e a hemoperfusão. BENZODIAZEPÍNICOS Os benzodiazepínicos são produzidos através da condensação de derivados do ácido malônico e da ureia. Os benzodiazepínicos são utilizados como sedativos, hipnóticos, anticonvulsivantes, relaxantes muscular, coadjuvantes anestésicos e ansiolíticos. Esta extensa lista de indicações terapêuticas explica a grande incidência de intoxicações por esses fármacos. O uso de benzodiazepínicos pode ser oral, intramuscular, endovenoso, ou retal. Independentemente da via de administração eles passam rapidamente para o sangue, alcançando concentrações plasmáticas máximas em 30 minutos até cerca de 2 horas (em crianças, o pico plasmático é mais rápido). Ao chegar na corrente sanguínea, a maioria dos benzodiazepínicos se liga fortemente a proteínas plasmáticas (por exemplo, o diazepan se liga numa proporção de 98-99%) e se distribue uniformemente pelos tecidos. Eles atravessam a barreira hematocerebral com relativa facilidade - a concentração no líquor é aproximadamente igual à concentração da substância livre no plasma e podem acumular-se na gordura corporal, pois são lipossolúveis. 18/03/2021 UNIP - Universidade Paulista : DisciplinaOnline - Sistemas de conteúdo online para Alunos. https://online.unip.br/imprimir/imprimirconteudo 14/42 A velocidade da distribuição depende da perfusão tecidual, da ligação às proteínas e das características físico-químicas de cada droga. O volume de distribuição é de, aproximadamente, 1,5 L/kg. A biotransformação dos benzodiazepínicos é hepática, com oxidação pelos sistemas enzimáticos microssomais (citocromo P450) – relacionado a uma extensa lista de interações medicamentosas. Subprodutos inativos e ativos são originados, esses últimos com efeitos sobre o sistema nervoso central. Eles também podem ser conjugados ao ácido glicurônico, dando origem a subprodutos inativos. A excreção é principalmente pela via urinária, como subprodutos livres (cerca de 2% é eliminado sob a forma inalterada) ou conjugados inativos. A meia-vida desses produtos é variável e depende do agente, o que permite uma classificação de acordo com o tempo de ação do produto: a. ação ultra-curta (efeito quase imediato – exemplo: tiamilal), b. ação curta (meia-vida inferior a 6 horas – exemplo: triazolam), c. ação intermediária (meia-vida de 6 a 24 h – exemplo: estazolam, lorazepam), d. ação longa.(meia-vida superior a 24 horas – exemplo: diazepam). Os benzodiazepínicos têm como sítio principal de ação o sistema nervoso central, porém seu mecanismo de ação não está completamente esclarecido. Cada um de seus diversos efeitos pode decorrer de uma mesma ação unitária em diferentes sistemas ou, com menor probabilidade, de ação diferencial em receptores específicos para cada efeito. Seu mecanismo de ação mais conhecido é devido à facilitação e potencialização do efeito inibitório mediado pelo ácido gama-aminobutírico (GABA), ao se fixar em sítios específicos do sistema nervoso central (receptor GABA-benzodiazepínico) com uma afinidade que está estreitamente relacionada com a potência neurodepressora. O uso desse produto pode levar à dependência física após uso prolongado ou utilização de doses muito elevadas. Quando há interrupção abrupta do uso dos benzodiazepínicos podem ocorrer sintomas de abstinência mais graves do que quando a interrupção é gradual. De um modo geral o uso dos benzodiazepínicos é cercado de uma relativa segurança. Em relação à absorção por via oral, seu índice terapêutico é elevado, o que também justifica a sua larga utilização. Crianças e idosos são mais sensíveis aos seus efeitos e isto pode ser potencialmente perigoso levando em consideração que uma grande população de idosos utilizam esses medicamentos e nem sempre eles são prescritos levando em consideração essa informação. E finalmente, os óbitos são raros, e geralmente estão associados com outros medicamentos depressores do sistema nervoso central ou depressores do sistema respiratório, ou até mesmo com outros produtos que também tenham esses efeitos, como por exemplo, o álcool. É característica de depressão do sistema nervoso central, com depressão do grau de consciência de grauvariado levando a sonolência, letargia, sedação, confusão 18/03/2021 UNIP - Universidade Paulista : DisciplinaOnline - Sistemas de conteúdo online para Alunos. https://online.unip.br/imprimir/imprimirconteudo 15/42 mental, ataxia e amnésia. Pode ocorrer ação de intensidade variável em relação à depressão respiratória; alguns efeitos no sistema cardiovascular, como hipotensão, hipotermia e bradicardia; alterações pupilares, como midríase, nistagmo e diplopia. Raramente a depressão do sistema nervoso central é intensa á ponto de evoluir para coma profundo. Manifestações musculares podem ocorrer como hipotonia, hiporreflexia e pode ocorrer também dificuldade de fala. Em alguns pacientes podem ocorrer reações paradoxais do tipo de excitabilidade, com presença de excitação, euforia, nervosismo, irritabilidade e insônia. Inclui inicialmente a assistência respiratória e manutenção dos sinais vitais, como em todas as emergências clínicas. Em caso de ingestão, a descontaminação está indicada, porém deve-se evitar a indução de vômitos, pois o efeito depressor do sistema nervoso central começa precocemente. Após proceder a avaliação de risco toxicológico do paciente, em alguns casos poderá ser indicado apenas o uso de carvão ativado quando a exposição é em doses menores, de baixo risco, ou em outros casos, a lavagem gástrica e posterior uso do carvão ativado, principalmente na superdosagem onde o risco do paciente é alto. O Catártico está indicado na maior parte das vezes em que o paciente usa o carvão ativado em doses múltiplas. O tratamento continua com medidas sintomáticas e de suporte. No caso de hipotensão, medidas posturais podem reverter, mas pode também ser necessário utilizar fluidos endovenosos e vasopressores, assim como a manutenção do equilíbrio hidro-eletrolítico; Na hiperexcitabilidade paradoxal não é indicado o uso de barbitúricos porque pode exacerbar o quadro ou prolongar e intensificar o quadro de depressão respiratória. Na crise de abstinência o indicado é utilizar doses decrescentes de benzodiazepínicos de curta duração. Antídoto: flumazenil. O antídoto para a intoxicação benzodiazepínica é o flumazenil: antagonista específico. Ele bloqueia os efeitos centrais das substâncias que agem nos receptores benzodiazepínicos, por inibição competitiva, e reverte a sedação provocada por essas substâncias, com melhora do efeito respiratório. No entanto, este medicamento não substitui a assistência respiratória. É importante ressaltar que o flumazenil não altera a farmacocinética dos benzodiazepínicos, nem antagoniza os efeitos de outros medicamentos que atuam no sistema nervoso central, tais como os barbitúricos, os opiáceos, o etanol, etc. As indicações do uso do flumazenil são: intoxicações graves onde não se conhece o agente causador funcionando como teste terapêutico, intoxicações graves por benzodiazepínicos, intoxicações por benzodiazepínicos associadas à outros agentes depressores, que podem causar tanto depressão importante no sistema nervoso 18/03/2021 UNIP - Universidade Paulista : DisciplinaOnline - Sistemas de conteúdo online para Alunos. https://online.unip.br/imprimir/imprimirconteudo 16/42 central quanto depressão importante do sistema respiratório levando à insuficiência respiratória, e finalmente, intoxicações benzodiazepínicas graves em crianças e idosos. O nome comercial mais conhecido do produto é Lanexat®, mas atualmente existem outros nomes comerciais, como Flumazen®, e Flumazil®, com as mesmas características de apresentação. As ampolas são de 5 mL, com 0,5 mg (1 mL = 0,1mg) Sua via de administração é sempre endovenosa e deve ser diluído em solução de glicose a 5%, Ringer Lactato, ou cloreto de sódio a 0,9%, e ser administrado lentamente. Para os casos de abordagem de pacientes inconscientes com causa desconhecida, podem ser utilizados em doses de 0,1mg por minuto (1 mL/min) em adultos, até melhora da consciência ou completar 3mg, e em crianças 0,01mg/kg até melhora da consciência ou completar 1mg. Podem ser administrados também em dose de 0,3 mg, com doses subseqüentes repetidas, mas requer boa experiência com o produto de parte do médico. Após a dose inicial, em caso de retorno da sonolência, pode ser necessário estabelecer um aporte em infusão com doses de 0,1 à 0,4 mg por hora, e ajuste individual da velocidade de infusão. Segundo literatura do fabricante, a dose de 100 mg/dia já foi utilizada em pacientes adultos sem sintomas de superdosagem. O flumazenil não deve ser administrado em pacientes que utilizaram concomitantemente antidepressivos tricíclicos, porque podem aumentar a possibilidade de arritmias cardíacas. Em pacientes sem diagnóstico e com sintomas de convulsões e arritmias cardíacas deve ser utilizado com cautela. CARBAMAZEPINA A carbamazepina é um antiepilético usado por via oral, cuja estrutura química é semelhante à dos antidepressivos tricíclicos. Sua ação se faz por blocagem dos canais de sódio das membranas dos neurônios, logo, por redução da atividade das células nervosas. Além do efeito no tratamento de crises convulsivas, ela também pode ser utilizada no tratamento de neuralgia do trigêmeo e nas desordens bipolares afetivas. É um medicamento freqüentemente envolvido em tentativas de suicídio, provavelmente pelo fato de ser um produto distribuído amplamente e de forma gratuita pelos postos de saúde e hospitais públicos. As intoxicações geralmente são de leves a moderadas, mas os óbitos são comuns quando existe associação, principalmente com medicamentos depressores do sistema nervoso central ou álcool. A clínica esperada é semelhante àquela da intoxicação por antidepressivos tricíclicos, mas nota-se o predomínio de manifestações neurológicas, tais como sonolência, 18/03/2021 UNIP - Universidade Paulista : DisciplinaOnline - Sistemas de conteúdo online para Alunos. https://online.unip.br/imprimir/imprimirconteudo 17/42 confusão mental, ataxia, movimentos coreiformes, nistagmo e convulsões. Com freqüência ocorrem oscilações do nível de consciência que podem evoluir em casos graves até ao coma. Como nas intoxicações por antidepressivos tricíclicos os sinais anticolinérgicos aparecem com freqüência, como taquicardia, prolongamento do intervalo QT, retardo na condução e até bloqueio átrio-ventricular. Alguns exames podem auxiliar no diagnóstico, além, é claro, dos níveis de carbamazepina séricos, como por exemplo, algumas análises bioquímicas, tais como os testes de função hepática e renal, a dosagem da glicemia, dos eletrólitos sangüíneos, da gasometria arterial, das creatinoquinases (CK e CKMB). O eletrocardiograma é interessante para avaliar alterações cardíacas, principalmente as arritmias. Análises toxicológicas específicas em geral não são necessárias, exceto em caso de suspeita de ingestão de outros fármacos associados, para o diagnóstico e a avaliação do risco toxicológico. O tratamento é semelhante ao realizado nas intoxicações por antidepressivos tricíclicos, com ênfase nas medidas gerais e de suporte. A remoção extra-corpórea não é indicada, exceto nos casos graves que não respondem bem às medidas de suporte ou se houver associação com outros medicamentos e indicação de diálise. Os salicilatos são ainda bastante utilizados, principalmente em crianças, como analgésicos e antipiréticos. O ácido acetilsalicílico (AAS) é encontrado no mercado comumente associado a anti-histamínicos, descongestionantes nasais sistêmicos, cafeína e outros fármacos. A intoxicação aguda por salicilatos é mais freqüente em crianças por ingestão acidental; em adultos, ocorrem por tentativas de suicídio. Os salicilatos agem no centro termo-regulador do hipotálamo, exercendo ação antipirética em pacientes febris, mas não têm ação hipotérmica na temperatura corpórea normal. São eficazes na artralgia por exercem ação analgésica e diminuem a permeabilidade dos tecidos inflamados. A dose fatal é estimada em 200 a 500 mg/kg. Crianças menores de três anos são mais suscetíveis do que adultos às ações tóxicas dos salicilatos . A doseletal média de AAS por via oral é de 20 a 30 gramas em adultos; efeitos tóxicos aparecem quando 10 g ou mais são ingeridos, em dose única ou dividida, num período de 12 a 24 horas. Efeitos tóxicos não são comuns com níveis séricos inferiores a 30 mg/dL. São absorvidos no estômago e no intestino delgado alto. A ingestão de grandes quantidades de comprimidos possibilita a formação de concreções gástricas (bezoares) que agem como medicamentos de liberação lenta, tendo absorção contínua e prolongada, por 12 horas ou mais. As aplicações de ácido salicílico na pele lesada resultam em absorção sistêmica significativa. Em 30 minutos após a ingestão, são atingidos níveis significativos de salicilatos, mas a forma farmacêutica e a interação com outros fármacos alteram a velocidade de absorção. O volume de distribuição é de 0,15 a 0,2 L/kg, em doses terapêuticas, aumentando muito em doses tóxicas, sendo encontrados na saliva, leite materno, líquor, fluido 18/03/2021 UNIP - Universidade Paulista : DisciplinaOnline - Sistemas de conteúdo online para Alunos. https://online.unip.br/imprimir/imprimirconteudo 18/42 sinovial, rins, fígado, pulmões e coração. Ligam-se às proteínas plasmáticas (50- 80%), especialmente à albumina. A meia-vida plasmática é de 2-3 horas em doses baixas; pode ser de 15-30 horas em doses tóxicas. O salicilato é hidrolisado a ácido salicílico por esterases hepáticas e em menor extensão na mucosa gastrintestinal, plasma, eritrócitos e líquido sinovial. Os três principais produtos de biotransformação são o ácido salicilúrico (conjugado com glicina), salicilfenólico e acilglicurônico (conjugado com ácido glicurônico). A excreção é feita na urina como ácido salicílico livre (10%), ácido salicilúrico (75%), salicilfenólico (10%) e acilglicurônico (5%) e ácido gentísico (< 1%). A excreção dos salicilatos depende de filtração glomerular, secreção ativa nos túbulos proximais e reabsorção passiva nos túbulos distais; o pKa do ácido salicílico é 3, portanto a eliminação da fração livre é muito variável, depende da dose e do pH urinário. Em urina alcalina, mais de 30% do fármaco ingerido são excretados na forma livre; em urina ácida esses níveis diminuem a 2%. O ácido salicílico é o responsável pelos efeitos terapêuticos e tóxicos, que resultam de sua ação no metabolismo celular: 1) Desacoplamento da fosforilação oxidativa mitocondrial, com inibição das desidrogenases específicas do ciclo de Krebs e das aminotransferases; 2) Aceleração do metabolismo, com aumento da demanda periférica de glicose; 3) Produção, acúmulo e excreção de ácidos orgânicos - aumento do ânion gap e conseqüente distúrbio do equilíbrio ácido-básico. DIAGNÓSTICO 1) Manifestações clínicas - Equilíbrio ácido-básico e hidroeletrolítico: alcalose respiratória, acidose metabólica, aumento de ânion gap, cetonemia, cetonúria, hipo ou hipernatremia; - SNC: cefaléia, zumbido, diminuição da acuidade auditiva, vertigem, torpor; irritabilidade, confusão, agitação, delírios, convulsões, coma; edema cerebral, síndrome de secreção inapropriada de hormônio antidiurético; - Coagulação sangüínea: hipoprotrombinemia, inibição dos fatores VII, IX e X da coagulação, disfunção plaquetária; - Gastrintestinal: náusea, vômitos, piloroespasmo, gastrite e sangramento; - Fígado: elevação de enzimas, hipoglicemia ou hiperglicemia (mobilização de glicogênio); - Estado hipermetabólico: hipertermia, hiperpnéia, sudorese, vasodilatação; - Cardiovascular: hipovolemia, arritmias, colapso cardiovascular; 18/03/2021 UNIP - Universidade Paulista : DisciplinaOnline - Sistemas de conteúdo online para Alunos. https://online.unip.br/imprimir/imprimirconteudo 19/42 - Reações anafiláticas: necrose cutânea, dermatite de contato, eczema, angioedema; - Pulmões: edema pulmonar não cardiogênico; - Musculatura esquelética: rabdomiólise, com conseqüente mioglobinúria; - Rins: necrose tubular aguda, proteinúria, retenção de sódio, água e ácido úrico. 2) Exames complementares - Análises hematológicas e bioquímicas: hemograma, ionograma, gasometria arterial, uréia, creatinina, eletrólitos, glicemia, CK-MG, DHL e coagulograma; - Imagem: se houver suspeita de concreções gástricas, obter radiografia contrastada de estômago. Esse procedimento deve ser considerado em pacientes cujos níveis de salicilatos não diminuem ou continuam a se elevar durante o tratamento. 3) Análises toxicológicas - Teste imediato: a adição de nitrato férrico na urina resulta em coloração púrpura quando há salicilatos; - Cromatografia em Camada Delgada (CCD): pode ser utilizada como triagem; - Quantitativa: obter a salicilemia e relacionar com o tempo de ingestão. O nomograma de Done relaciona a salicilemia, o tempo decorrido da ingestão de uma dose única de salicilatos e a gravidade da intoxicação. É importante lembrar que esse nomograma é válido para pH sanguíneo fisiológico (7,4), exposições agudas, e se o sangue analisado for coletado após 6 horas pós-ingestão. Também não tem utilidade se forem ingeridas grandes quantidades de comprimidos e houver formação de concreções gástricas. a. não intoxicado: 45 mg/dL; b. intoxicação leve: 45-65 mg/dL; c. intoxicação moderada: 65-90 mg/dL; d. intoxicação grave: 90-120 mg/dL; e. geralmente letal > 120 mg/dL. 4) Diagnóstico diferencial: Síndrome de Reye, septicemia, encefalite, meningite bacteriana, síndrome comicial (convulsão comicial ou crise tônico-clônica], traumatismo cranioencefálico. 18/03/2021 UNIP - Universidade Paulista : DisciplinaOnline - Sistemas de conteúdo online para Alunos. https://online.unip.br/imprimir/imprimirconteudo 20/42 TRATAMENTO 1) Descontaminação gastritestinal Lavagem gástrica e carvão ativado em doses repetidas, com o cuidado de associar catárticos para facilitar o trânsito intestinal. 2) Suporte - Desidratação: administração parenteral de fluidos e eletrólitos; - Hipertermia: controle com medidas físicas, como compressas frias; - Hipoglicemia: administrar glicose; - Convulsões: controlar com diazepam por via endovenosa; - Sangramentos: vitamina K; sangue fresco ou plaquetas podem ser necessários; - Rabdomiólise: prevenir, controlando agitação, hipertermia e convulsões. 3) Remoção extracorpórea - Alcalinização do sangue: bicarbonato de sódio a 1-2 mEq/kg/hora por via endovenosa, mantendo pH sangüíneo de 7,4 e pH urinário entre 7,5 e 8,0. - Hemodiálise ou hemoperfusão: quando a salicilemia for superior a l20 mg/dL, após 6 horas da ingestão ou em caso de acidose refratária, edema pulmonar, insuficiência renal, alterações persistentes do sistema nervoso central e progressiva deterioração do quadro apesar das medidas de suporte e alcalinização. A evolução está na dependência direta da instituição precoce de medidas de tratamento, principalmente descontaminação gastrintestinal e correção das alterações metabólicas. As intoxicações graves, com acidose persistente e quadros neurológicos intensos têm prognóstico sombrio. TEOFILINA A teofilina é uma substância que, quando combinada à etilenodiamina forma aminofilina, ainda muito utilizada no tratamento de distúrbios respiratórios. Contudo, as apresentações farmacêuticas contendo aminofilina encontram-se em fase de redução do uso devido à relação risco-benefício desfavorável. Ela pode gerar efeitos tóxicos agudos em doses únicas elevadas, tanto por via oral ou intravenosa, como na infusão endovenosa rápida. A toxicidade crônica é mais comum após ingestão continuada de múltiplas doses, especialmente em menores de 3 anos de idade e usuários maiores de 60, os quais estão propensos à acumulação do fármaco. A teofilina possui um baixo índice terapêutico, ou seja, sua dose tóxica está muito próxima da dose terapêutica. 18/03/2021 UNIP - Universidade Paulista : DisciplinaOnline - Sistemas de conteúdo online para Alunos. https://online.unip.br/imprimir/imprimirconteudo 21/42 A teofilina é uma substância da classe das metilxantinas que tem similaridade molecular com a nicotina, a cafeína e a teobromina (metilxantinapresente no chocolate). Os mecanismos de ação propostos para as metilxantinas incluem a inibição de fosfodiesterases com aumento da concentração de AMP cíclico e antagonismo da adenosina. A teofilina tem efeito estimulante sobre o sistema nervoso central e o músculo cardíaco, além de relaxar a musculatura brônquica e ter efeito diurético. O efeito diurético concomitante à ocorrência de vômitos parece ser o responsável pelos distúrbios eletrolíticos. Após a intoxicação por teofilina, há um aumento das catecolaminas circulantes, fenômeno associado ao quadro clínico simpaticomimético observado. Acredita-se que a estimulação de receptores beta-2 esteja especialmente associada ao aparecimento de hipocalemia. As manifestações clínicas são leves: a. náusea, vômitos, dor abdominal, diarréia b. cefaléia, irritabilidade, insônia c. taquicardia, hipotensão d. rabdomiólise, insuficiência renal e. hiperglicemia, distúrbios eletrolíticos, acidose metabólica f. arritmias cardíacas g. convulsões e choque cardiogênico As análises bioquímicas devem incluir a dosagem de eletrólitos, testes de função hepática e renal, glicemia, gasometria arterial, e avaliação da creatinoquinase. O eletrocardiograma é indicado para monitorizar as possíveis arritmias. As análises toxicológicas são feitas por cromatografia em camada delgada e análise quantitativa do nível sérico de teofilina, e outros agentes tóxicos, se necessário, no intuito de detectar ingestões ocultas e associações de produtos. Outros exames compreenderão a tomografia computadorizada de crânio, punção lombar e cultura de líquido cefalorraquidiano, para avaliar a alteração do estado mental e estabelecer diagnósticos diferenciais. Ele se baseia essencialmente em medidas de controle e suporte. A descontaminação por lavagem gástrica está indicada, mesmo que a ingestão tenha acontecido há algumas horas. Isto se deve ao fato de que a teofilina geralmente forma concreções gástricas em casos de superdosagem. O carvão ativado deve ser realizado em doses repetidas. A correção dos distúrbios eletrolíticos se dá pela reposição de potássio, fosfato e magnésio, e deve ser feita com cuidado. Atenção particular será dada ao risco de hipercalemia, freqüente após a queda dos níveis de teofilina. 18/03/2021 UNIP - Universidade Paulista : DisciplinaOnline - Sistemas de conteúdo online para Alunos. https://online.unip.br/imprimir/imprimirconteudo 22/42 Em caso de hipotensão, aportar tratamento de suporte, com fluidoterapia endovenosa, posição de Trendelemburg e drogas vasopressoras. Os benzodiazepínicos são a primeira opção para o tratamento das convulsões. Os barbitúricos e a fenitoína podem ser utilizados em casos refratários. As taquiarritmias associadas ao uso de teofilina podem ser tratadas com verapamil ou esmolol, embora o uso de beta-bloqueadores seja problemático para os pacientes asmáticos. O emprego de adenosina deve ser considerado. Não há antídoto específico. A remoção extra-corpórea por hemoperfusão com carvão ativado está indicada em casos graves. A hemodiálise é menos efetiva. A letalidade média é estimada em 10% e eleva-se de modo notável nos casos em que ocorre convulsão, arritmia, insuficiência cardíaca e rabdomiólise. A letalidade esperada é de 50% nos casos em que um estado de mal epiléptico se instala. IMIDAZOLINAS As imidazolinas são substâncias utilizadas em medicamentos descongestionantes tópicos para uso nasal e oftálmico (nafazolina, tetrizolina, oximetazolina, xilometazolina). São causas comuns de intoxicação em crianças, as quais são mais suscetíveis de apresentar manifestações clínicas após ingestão de pequenas quantidades, ou mesmo após a absorção sistêmica quando o produto é de uso tópico. A clonidina, um anti-hipertensivo de ação central, e a brimonidina, agente antiglaucoma, também são consideradas imidazolinas. Novos herbicidas imidazolinônicos, como o imazapir, por exemplo, podem provocar uma síndrome semelhante à das imidazolinas e o amitraz, que é um agrotóxico acaricida do grupo das formamidinas, também provoca um quadro clínico muito semelhante. São agonistas de receptores alfa-2 adrenérgicos centrais e periféricos. Embora o efeito terapêutico desejado seja o de vasoconstrictor periférico, a ação central é a responsável pelos efeitos sistêmicos. A estimulação alfa-2 inibe o tônus simpático, provocando depressão do sistema nervoso central, hipotensão e bradicardia. Pode ocorrer estimulação de receptores alfa-1 periféricos, levando a uma hipertensão paradoxal transitória, que se observa no estágio inicial da intoxicação. Além da ação agonista em receptores alfa-2 adrenérgicos, esses agentes podem ter ação agonista em receptores imidazólicos, descritos recentemente na literatura. Os efeitos cardiovasculares mediados pelos dois tipos de receptores são semelhantes, ainda que a sedação pareça ser menor com substâncias mais específicas para receptores imidazólicos. As manifestações clínicas mostram uma depressão do sistema nervoso central (sonolência, torpor e coma), hipotensão, bradicardia, bradipnéia, hipotermia, miose, palidez e sudorese. Casos graves podem evoluir com insuficiência respiratória e 18/03/2021 UNIP - Universidade Paulista : DisciplinaOnline - Sistemas de conteúdo online para Alunos. https://online.unip.br/imprimir/imprimirconteudo 23/42 bloqueio atrioventricular. A hipotensão grave evoluindo com isquemia miocárdica é uma complicação possível, porém rara, assim como o infarto cerebral e a hemorragia subaracnóide, que são relatados no uso crônico. Uma conjuntivite química e um edema nasal podem ocorrer como “efeito rebote” e durar alguns dias. Outros efeitos incluem ataxia, tremores, alucinações e psicose. Geralmente, o início dos sintomas ocorre dentro da primeira hora após a ingestão, os efeitos máximos entre 6 e 12 h e a recuperação em 24 h. Análises bioquímicas abarcam a dosagem de eletrólitos, testes de função hepática e renal, glicemia e gasometria arterial. O eletrocardiograma é preconizado para monitorizar arritmias. As análises toxicológicas se fazem por cromatografia em camada delgada e análise quantitativa para salicilatos e paracetamol, com vistas a detectar possíveis ingestões ocultas. Outros exames, tais como tomografia computadorizada de crânio, punção lombar e cultura de LCR são utilizados para avaliar a alteração de estado mental. A sintomatologia clínica pode ser similar à síndrome tóxica causada por opiáceos e opióides, barbitúricos e benzodiazepínicos, entre outras substâncias. As causas não tóxicas de depressão do sistema nervoso central, incluindo hipóxia, hipotermia, estado pós-ictal, infecção, trauma e distúrbios eletrolíticos também geram quadros análogos. Ele se baseia essencialmente em medidas de controle e suporte. A descontaminação por lavagem gástrica tem eficácia discutível. Geralmente são ingeridas quantidades pequenas e a hospitalização ocorre depois de iniciada a depressão do sistema nervoso central. O uso de carvão ativado em dose única pode ser útil até a primeira hora pós-ingestão. Deve-se dar suporte respiratório, hemodinâmico e nutricional; pacientes com apnéia podem necessitar oxigenoterapia e estimulação tátil repetida. Em caso de hipertensão, é recomendável que não seja instituído tratamento específico, pois geralmente a hipotensão profunda sucede ao quadro hipertensivo. Se a hipertensão for grave, nitroprussiato pode ser útil, pois sua ação anti-hipertensiva é de curta duração. O uso de fentolamina ou de outros antagonistas alfa adrenérgicos é desaconselhável, devido à ampla variabilidade de efeitos clínicos encontrados. A hipotensão deve ser controlada com hidratação parenteral, posição de Trendelemburg e, se necessário, aminas vasopressoras. Uma bradicardia importante pode ser tratada com atropina; se persistir, pode-se usar isoproterenol. 18/03/2021 UNIP - Universidade Paulista : DisciplinaOnline - Sistemas de conteúdo online para Alunos. https://online.unip.br/imprimir/imprimirconteudo 24/42 Nos quadros com hipotermia, deve-seutilizar medidas de aquecimento do paciente e do ambiente. Não há antídoto específico. Relatou-se que o uso de naloxona poderia reverter os efeitos tóxicos das imidazolinas, todavia não foi realizado nenhum estudo clínico controlado. Pode-se usar em pacientes com depressão respiratória e do nível de consciência. A dose inicial é de até 2 mg por via endovenosa, que pode ser repetida mais uma vez, embora geralmente o potencial efeito benéfico seja limitado e transitório. Apesar de agirem em receptores distintos, tanto a atropina quanto a naloxona bloqueiam canais iônicos de potássio. Todavia, deve-se ressaltar que esses medicamentos não impedem, apenas atenuam, a hiperpolarização neuronal decorrente do efluxo de íons potássio mediada pelos receptores alfa-2 adrenérgicos e imidazólicos. Portanto, a observação clínica dos pacientes deve prosseguir mesmo que haja melhora do quadro inicial. SULFATO FERROSO Os sais de ferro são amplamente usados no tratamento da anemia, como complemento nutricional no período pré-natal e suplemento vitamínico no uso diário. É uma das causas mais frequentes de intoxicação na infância devido a sua grande disponibilidade e ao pouco conhecimento da toxicidade. Diversas formas farmacêuticas estão disponíveis, com concentrações variadas de diversos sais de ferro. A dose letal aguda em animais é de 150 a 200 mg/kg de ferro elementar. A menor dose letal já relatada em crianças foi de 600 mg. Doses inferiores a 20 mg/kg geralmente não produzem sintomas de intoxicação; doses de 20 a 40 mg/kg podem causar episódios auto-limitados de vômitos, dor abdominal e diarreia; a ingestão de mais de 40 mg geralmente causa manifestações graves, e mais de 60 mg/kg são potencialmente fatais. A) Ação corrosiva direta na mucosa, com hemorragia, necrose e perfuração, com perda de líquidos do trato digestivo, o que pode resultar em desidratação grave. B) Ação sistêmica: a quantidade de ferro absorvida que excede a capacidade de ligação proteica causa disfunções celulares, resultando em acidose lática e necrose. O íon ferroso é convertido a íon férrico, sendo liberado hidrogênio livre; o ferro concentrado na mitocôndria desacopla a fosforilação oxidativa e resulta na formação de radicais livres e peroxidação lipídica, o que aumenta a acidose metabólica e contribui para a morte celular. MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS - 1ª fase: logo após a ingestão – vômitos e diarréia, freqüentemente sanguinolentos; perdas intensas de fluidos e sangue no trato gastrintestinal podem resultar em choque, insuficiência renal aguda e óbito. 18/03/2021 UNIP - Universidade Paulista : DisciplinaOnline - Sistemas de conteúdo online para Alunos. https://online.unip.br/imprimir/imprimirconteudo 25/42 - 2ª fase: os pacientes que sobrevivem à primeira fase, passam por um período de latência de aproximadamente 12 horas, com aparente melhora dos sinais e sintomas. - 3ª fase: súbita piora do quadro com coma, choque, convulsões, acidose metabólica, alterações da coagulação, falências hepática e renal, seguindo-se a morte. Pode ocorrer sepse por Yersinia enterocolítica. - 4ª fase: superada a fase anterior, observam-se sinais de cicatrização das lesões do trato gastrintestinal, podendo ocorrer estenose pilórica e obstrução intestinal. EXAMES COMPLEMENTARES Os exames revelam, frequentemente, os seguintes sinais: - Contagem de leucócitos no sangue periférico, acima de 15000 células por mm3; - Glicemia, acima de 150 mg/dL; - Raio-X simples de abdômen: imagens radiopacas de comprimidos sugerem a ingestão de ferro. Se esses exames resultarem normais, não houver vômitos espontâneos e diarréia, a intoxicação grave será pouco provável. - Dosagem de ferro no soro (nível sérico - NS): o NS < 450 mg/dL – sintomas gastrintestinais, decorrentes de ação local; o NS = 450-500 mg/dL – possível ocorrência de manifestações sistêmicas; o NS = 800-1000 mg/dL – intoxicação grave. Observações - Determinar o NS a cada 4-6 horas e repetir a dosagem após 8-12 horas da exposição em casos de suspeita de ingestão de formas farmacêuticas de liberação lenta (retard). - A capacidade total de ligação do ferro não é confiável nos casos de intoxicação aguda, e não deve ser usada para estimar os níveis de ferro livre. Outras análises laboratoriais: contagem de eritrócitos, dosagem de eletrólitos, uréia, creatinina, testes de função hepática e de coagulação sangüínea. 18/03/2021 UNIP - Universidade Paulista : DisciplinaOnline - Sistemas de conteúdo online para Alunos. https://online.unip.br/imprimir/imprimirconteudo 26/42 Poderão ser observados em casa os pacientes que tenham ingerido pequenas doses (até 20 mg/kg) ou doses moderadas (20-40 mg/kg), a condição de permanecerem assintomáticos ou com sintomas gastrintestinais leves e auto-limitados, por um período de seis horas. Aqueles que tiverem ingerido grandes quantidades deverão ser hospitalizados e rapidamente tratados, da seguinte forma: 1) Emergência e medidas de suporte - Manutenção das funções vitais: cardio-vascular e respiratória; - Desidratação: reposição de fluidos e eletrólitos por via parenteral; - Acidose metabólica: bicarbonato de sódio endovenoso; - Hipotensão grave e choque: posição de Trendelemburg, fluidos endovenosos e, se necessário, aminas vasoativas; - Crises epilépticas: anticonvulsivos usuais; - Coma: controle geral das condições vitais e suporte nutricional. 2) Descontaminação gastrintestinal - Indução de vômitos: não é recomendada. - Lavagem gástrica: pode ser útil nos casos de formas líquidas ou mastigáveis; não é eficaz nos casos de ingestão de comprimidos, drágeas ou cápsulas inteiras. Observações: Não utilizar soluções que contenham fosfato, pois podem causar graves hiperfosfatemia, hipernatremia e hipocalcemia. O uso da lavagem gástrica com bicarbonato não tem eficácia comprovada e com deferoxamina pode aumentar a absorção do ferro. 3) Carvão ativado: não é recomendado, pois não adsorve o ferro; utilizar apenas se houver ingestão concomitante de doses tóxicas de outras substâncias que possam ser adsorvidas pelo carvão ativado. 4) Irrigação intestinal: é muito eficaz na ingestão de comprimidos e pode ser considerada como método de escolha para descontaminação gastrintestinal após ingestão de grandes quantidades dessa forma farmacêutica. Há relato de eficácia com a sua utilização de forma repetida, por cinco dias. 5) Remoção extracorpórea 18/03/2021 UNIP - Universidade Paulista : DisciplinaOnline - Sistemas de conteúdo online para Alunos. https://online.unip.br/imprimir/imprimirconteudo 27/42 - Hemodiálise: não é eficaz na remoção do ferro, mas pode ser útil na eliminação de complexos solúveis com deferoxamina; - Exsangüíneotransfusão: é de eficácia questionável. 6) Antídoto (deferoxamina – Desferal®): é um quelante do ferro que forma sais solúveis do metal permitindo sua excreção pelos rins. A eliminação desses sais torna a urina avermelhada ou da cor de vinho tinto, aspecto que serve como indicador da eficácia do antídoto. Tem indicação em pacientes gravemente enfermos (acidose grave, choque) ou com NS > 500 µg/dL. Modo de administração: - Intravenosa: 10-15 mg/kg/h em infusão contínua; pode causar hipotensão se administrada em rápida velocidade, in bolus. A dose máxima diária recomendada é de 6g; doses maiores, algumas vezes bem toleradas, são úteis em casos de ingestão de quantidades muito altas de ferro. - Intramuscular: pode ser feita como uma dose-teste em suspeitas de intoxicação, enquanto se aguarda a dosagem sérica do ferro - 50 mg/kg de peso corpóreo, no máximo 1g. Esta via não é recomendada para tratamento. Mesmo tratados adequadamente, os pacientes podem evoluir com seqüelas de lesão do trato gastrintestinal, síndrome do desconforto respiratório (SARA) e quadro de sepse por Yersinia enterocolítica. Medidas e prevenção Os medicamentos devem ficar em locais fechados e longe do alcance das crianças. Não deixe medicamentos em “mesinha de cabeceira” ou em gavetas de armáriosbaixos; Não dê vidros contendo remédios para uma criança brincar; Evite tomar remédios na frente de crianças. Elas poderão imitar você; Não pratique a auto-medicação e não use medicamento orientado por leigos, vizinhos, parentes, amigos ou balconistas de farmácias; Quando der medicamento a uma criança, diga que é remédio. Não use remédios como “bala” ou “doce”; Ensine as crianças a tomarem medicamentos somente quando forem consultadas por médico e quando você ou o responsável der; 18/03/2021 UNIP - Universidade Paulista : DisciplinaOnline - Sistemas de conteúdo online para Alunos. https://online.unip.br/imprimir/imprimirconteudo 28/42 Nunca deixe comprimidos ou drogas soltas. Se cair no chão, procure até encontrar. Crianças pequenas colocam tudo que encontram na boca; Mantenha os produtos nos seus vidros originais. Não use frascos vazios de um medicamento para guardar outro, pois você poderá esquecer deste fato e utilizá-lo de forma errada; Nunca dê ou tome remédio no escuro ou se estiver sonolento. Acenda a luz para evitar trocas perigosas. Se usar óculos, esteja com eles ao manipular ou usar um medicamento; No momento da administração, confira a dose. Use o medidor para os remédios líquido. Cuidados da hora da compra Somente compre um remédio que seja prescrito por médico. Verifique se o nome do produto comprado corresponde ao nome do produto receitado pelo médico. Cada prescrição é individual e tem considerações diferentes para cada caso. Jamais aceite ou compre um medicamento por sugestão de parentes, amigos ou vizinhos. Só compre medicamentos em farmácias e drogarias, de preferência onde você já conhece. Nunca compre medicamentos em feiras ou camelôs, sob a forma de “garrafadas”. Cuidado com medicamentos em promoção ou liquidação. Verifique o prazo de validade, as características da embalagem e o aspecto do produto. Observe o prazo de validade e nunca aceite medicamentos com data vencida. Nunca aceite substituições da receita sem a autorização do médico. Não compre medicamentos com embalagens ou frascos amassados, tampas violadas, com vazamentos ou alteração de cor. Cuidados depois que o tratamento terminou Se você acha que o medicamento ainda pode ter alguma utilidade num futuro próximo, tampe-o muito bem, no seu frasco original, em armário trancado à chave. Se o médico recomendar seu uso novamente, antes de usá-lo, verifique a data de validade. Não guarde restos de medicamentos, principalmente antibióticos que têm um curto prazo de validade depois de aberto. Produtos com aspecto velho ou com rótulo ilegível devem ser sempre desprezados. 18/03/2021 UNIP - Universidade Paulista : DisciplinaOnline - Sistemas de conteúdo online para Alunos. https://online.unip.br/imprimir/imprimirconteudo 29/42 Medidas preventivas para profissionais de saúde Ao prescrever a receita, use letra legível e oriente seu paciente quanto ao uso, possíveis efeitos colaterais, intervalos de dose, etc; Tenha cautela na indicação da quantidade, especialmente os pediatras; Oriente a manter medicamentos protegidos da luz, umidade e calor; Evite a polimedicação. Atente para possíveis interações dos medicamentos com alimentos, cigarro, álcool e outros medicamentos; Se possível, evite a prescrição de medicamentos para serem tomados à noite ou de madrugada, para evitar erros; Evite acidentes. Informe ao seu paciente se o medicamento prescrito é inadequado para dirigir ou operar máquinas; Oriente profissional especializado para os adeptos da fitoterapia e homeopatia; Oriente descarte correto de remédios, especialmente os com tempo de validade curto, após abertos. Abaixo, modelo de formulário para notificação de intoxicação humana - ANVISA. Abaixo, farmacologia da intoxicação. Abaixo, material expondo relação de antídos. REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA OGA, S. Fundamentos de Toxicologia. 4. ed. São Paulo: Atheneu, 2014. http://ltc-ead.nutes.ufrj.br/toxicologia/mV.intro.htm (Acessado em 29/02/2016) http://ltc-ead.nutes.ufrj.br/toxicologia/mV.im.sero.htm(Acessado em 29/02/2016) http://ltc-ead.nutes.ufrj.br/toxicologia/mV.im.tric.htm (Acessado em 29/02/2016) https://online.unip.br/Arquivo?id=67346.pdf https://online.unip.br/Arquivo?id=67347.pdf https://online.unip.br/Arquivo?id=67348.pdf 18/03/2021 UNIP - Universidade Paulista : DisciplinaOnline - Sistemas de conteúdo online para Alunos. https://online.unip.br/imprimir/imprimirconteudo 30/42 http://ltc-ead.nutes.ufrj.br/toxicologia/mV.im.neuro.htm(Acessadoem 29/02/2016) http://ltc-ead.nutes.ufrj.br/toxicologia/mV.im.barb.htm(Acessado em 29/02/2016) http://ltc-ead.nutes.ufrj.br/toxicologia/mV.im.benz.htm(Acessadoem 29/02/2016) http://ltc-ead.nutes.ufrj.br/toxicologia/mV.im.carb.htm(Acessado em 29/02/2016) http://ltc-ead.nutes.ufrj.br/toxicologia/mV.im.para.htm(Acessado em 29/02/2016) http://ltc-ead.nutes.ufrj.br/toxicologia/mV.sali.htm (Acessado em 29/02/2016) http://ltc-ead.nutes.ufrj.br/toxicologia/mV.teof.htm (Acessado em 29/02/2016) http://ltc-ead.nutes.ufrj.br/toxicologia/mV.imid.htm (Acessado em 29/02/2016) http://ltc-ead.nutes.ufrj.br/toxicologia/mV.sulf.htm (Acessado em 29/02/2016) http://ltc-ead.nutes.ufrj.br/toxicologia/mV.medpre.htm(Acessadoem 29/02/2016) Exercício 1: A toxina botulínica é um dos mais potentes venenos conhecidos. Um de seus sorotipos (tipo A) vem sendo utilizado com sucesso no tratamento de certos espasmos musculares e de hiperidrose, além de ter uso cosmético, segundo a mídia. Alguns dos efeitos indesejados da aplicação local da toxina botulínica são: dificuldade em falar e engolir (disfagia), secura na boca e garganta, ptose e visão alterada. Esses sintomas podem ser observados também no botulismo devido à ingestão de alimentos contaminados com toxina botulínica. No botulismo, os sintomas acima são acrescidos de fraqueza muscular generalizada, podendo ocorrer paralisia muscular do tipo flácida, além de retenção urinária e hipotensão sem taquicardia reflexa. Em relação aos sintomas acima, a toxina botulínica: A) Inativa a transmissão sináptica em gânglios simpático e parassimpático, mas não impede a transmissão na junção neuromuscular esquelética. B) Altera a função do sistema nervoso autônomo ao inibir a atividade da colinesterase. C) Impede a recaptação de noradrenalina, prevalecendo, conseqüentemente, ações simpáticas em vários órgãos. 18/03/2021 UNIP - Universidade Paulista : DisciplinaOnline - Sistemas de conteúdo online para Alunos. https://online.unip.br/imprimir/imprimirconteudo 31/42 D) Impede a transmissão nervosa neuromuscular, mas não altera o sistema parassimpático, apenas o sistema simpático. E) Impede a exocitose de vesículas sinápticas em terminações sinápticas que liberam acetilcolina na periferia. Comentários: Essa disciplina não é ED ou você não o fez comentários Exercício 2: Monitorização terapêutica associa-se à determinação de níveis plasmáticos do fármaco. Não são todos os fármacos que demandam o controle terapêutico. Abaixo, expressam-se classes de fármacos e fármacos específicos que, quando o paciente se expõe a eles, precisam ser monitorados. Das alternativas expostas abaixo, assinale a que está incorretamente associada à monitorização terapêutico. A) Necessitam de controle terapêutico fármacos com baixo índice terapêutico. B) Fármacos com baixo índice terapêutico apresentam concentração plasmática efetiva distante do nível plasmático tóxico. C) Fármaco no nível plasmático efetivo não tem ação terapêutica. D) O lítio é um exemplo de ármaco de baixo índice terapêutico. E) Digitálicos e salicilatos (no tratamento da artrite reumatoide juvenil) são fármacos de baixo índice terapêutico. 18/03/2021 UNIP - Universidade Paulista : DisciplinaOnline - Sistemas de conteúdo online para Alunos. https://online.unip.br/imprimir/imprimirconteudo 32/42 Comentários: Essa disciplina não é ED ou você não o fez comentários Exercício 3: O Carbolitium® (carbonato de lítio) é indicado no tratamento de episódios maníacos nos transtornos bipolares;