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Rio de Janeiro, 25 de outubro de 2021. Publicação em forma de artigo/nota técnica com o objetivo de obter a aprovação na disciplina de Redes Industriais do curso de pós graduação em Automação e Eletrônica Industrial da Faculdade Unyleya. Protocolos de Redes Industriais PROFINET e PROFIBUS PA: Comparativo de características técnicas, princípio de funcionamento, meio físico de comunicação, vantagens, desvantagens e tipos de aplicações. Lihoy Aguiar Bellissimo1 Resumo As redes industriais estão em constante evolução e a necessidade de protocolos flexíveis, robustos e compatíveis com a maioria dos dispositivos de mercado se faz necessária. Nesse artigo vamos analisar os protocolos PROFIBUS PA e o protocolo PROFINET sob o aspecto técnico e de maneira comparativa abordando suas vantagens e desvantagens e as suas principais características. Palavras-chave: Redes Industriais. Comparativo entre protocolos de redes industriais. PROFIBUS PA e PROFINET. Abstract Industrial networks are constantly evolving and the need for flexible, robust and compatible protocols with most devices on the market is necessary. In this article, we will analyze the PROFIBUS PA and PROFINET protocols from a technical aspect and in a comparative way, approaching their advantages and disadvantages and their main characteristics. Keywords: Industrial Networks. Comparison between industrial network protocols. PROFIBUS PA and PROFINET. 1 Graduado em Engenharia de Elétrica pela UNESA. Mestrando em Instrumentação Científica pelo CBPF. Pós graduando em Automação e Eletrônica Industrial pela UNYLEYA. Engenheiro do departamento de Automação e Instrumentação da SCHOTT Tubbing Brasil. E-mail: lihoy.bellissimo@schott.com 2 1. Introdução Este artigo tem por objetivo relatar de forma geral algumas características e comparativos, diferenças, meio físico de comunicação e exemplos de aplicação dos protocolos PROFINET e PROFIBUS PA nas redes de industriais de comunicação. Para o desenvolvimento do artigo foi necessário realizar uma pesquisa aprofundada em publicações da área de redes industriais e consulta ao PROFIBUS & PROFINET International (PI) Institute - https://www.profibus.com/ . 2. Introdução a Redes Industriais Com a presença de diversos dispositivos eletroeletrônicos na área industrial e a necessidade de interconecta-los no chão de fábrica foi necessário lidar com desafios como a comunicação de milhares de dispositivos, alta demanda de tráfego de dados, confiabilidade e performance das redes de comunicação industrial. O aumento da disponibilidade operacional dos equipamentos industriais, a necessidade de transacionar dados entre diversos dispositivos de comandos, controle e sensoriamento, somando a necessidade de trafegar dados de instrumentos do chão de fábrica para controladores e PLCs (Programmable Logic Controllers) transformou as redes industriais no centro das atenções da evolução tecnológica e pesquisa na área das comunicações industriais. A tendência na digitalização dos processos industriais vem corroborando para uma necessidade da evolução das pesquisas na área de conexões industrias, desde uma gama de meios físicos atraentes para a diversidade de aplicações em chão de fábrica como, por exemplo: • Cabo de pares trançados: O material mais comum para uso nos cabos de pares trançado é o cobre, quando dois fios de cobre muito próximos conduzem sinais elétricos, ocorre uma certa quantidade de interferência eletromagnética, chamada de diafonia. Trançar os fios de cobre reduz a emissão de diafonia e de interferências e ruídos eletromagnéticos externos indesejados, figura 1. https://www.profibus.com/ 3 • Fibra ótica: Os sistemas de comunicação através do uso de fibra ótica empregam pulsos de luz em vez de correntes elétricas para transmitir os dados, proporcionando isolamento elétrico entre os dispositivos interconectados. O uso de pulsos de luz também permite altas taxas de transmissão de dados e são usados em áreas classificadas com risco de explosão, onde não podem ser empregados dispositivos que possam geral centelhas elétricas sob quaisquer circunstâncias, fig. 2. Figura 1 - Cabo de par trançado, exemplo modelo UTP 12187A. Fonte: Rede Industrial e Tecnologias de Controle, slides 6 e 9. [1] Figura 2 – Fibra ótica, exemplo de multimode optical fiber. Fonte: Rede Industrial e Tecnologias de Controle, slides 17 e 20. [1] 4 • Wireless: São tecnologias de rádio frequência confiáveis capazes de suportar as condições extremas presentes em plantas industriais. Entre os benefícios que apresentam as redes wireless, estão os custos de instalação reduzidos devido a economia com a utilização de cabos, conexões e infraestrutura física para levar cabos ou fibras, figura 3. 3. Protocolos de comunicação de redes industriais Os sistemas de comunicação de redes industriais permitem a coleta de informações dos mais diversos tipos e finalidades de uma planta industrial e de maneira interoperável, neste sentido, os protocolos de comunicação de redes industriais como o Fieldbus da Foundation fieldbus, o Profibus, o HART, o DeviceNet, a Asi, entre outros, puderam melhorar a performance dos bits e bytes transmitidos entre equipamentos, máquinas e instrumentos de campo, com ganho qualitativo e quantitativo no tráfego de dados dos dispositivos interconectados. Além dos dispositivos conectados ao barramento de campo temos a presença de diversos outros equipamentos, desde sistemas de aquisição dados a controladores, IHMs, CLPs, computadores em estações de trabalho locais e remotas, servidores e sistemas de gerenciamento corporativo locais e na nuvem que podem ser acessados em qualquer lugar do mundo com acesso a internet, permitindo assim, por exemplo, que gestores globais tenham acesso a dados de produção e equipes de manutenção das máquinas e equipamentos de forma remota realizem diagnósticos, updates e suporte as equipes locais, figura 4. Figura 3 – Conexão Wireless, sem cabo. Exemplo de conexão por antenas. Fonte: Rede Industrial e Tecnologias de Controle, slide 40. [1] 5 4. O protocolo PROFIBUS PA O PROFIBUS PA (Process Automation) é usado com ênfase para sistemas de automação principalmente voltados a instrumentação, sensores e atuadores de chão de fábrica, permitindo ligar até 32 dispositivos por segmento sem segurança intrínseca (IS) ou até 9 dispositivos com segurança intrínseca (condição ou arranjo usado para áreas classificadas, devido a necessidade de isolamento dos conectores, corrente e tensão previamente estabelecidos e normatizados). Utiliza-se de protocolos de segurança definidos por normas internacionais de transmissão de dados como MBP-IS (Manchester Coded Bus Powered - Intrinsically Safe, IEC 61158-2) para comunicar com dispositivos que se comunicam com o mesmo protocolo, os chamados “PA-Devices”. O padrão MBP é uma transmissão síncrona com uma taxa de transmissão definida de 31,25 kbit/s, caso se deseje interligar esta rede de baixa velocidade a uma rede de alta velocidade (DP) ou a um CLP, deve-se utilizar um dispositivo de acoplador, conversor de protocolos PA/DP. Figura 5. Esta tecnologia permite alimentar os dispositivos diretamente, usando o barramento de dois fios e apresenta segurança intrínseca, atendendo às principais demandas das indústrias químicas e petroquímicas para segurança, podendo ser usado em áreas potencialmente explosivas, pois atende ao modelo FISCO (Fieldbus Figura 4 - Níveis da pirâmide de automação. Fonte: Redes Industriais [2]. 6 Intrinsically Safe Concept) definido pelo Federal Physical Technical Institute da Alemanha. 5. O protocolo PROFINET O PROFINET é um protocolo de rede industrial padronizado pelo PROFIBUS InternationalInstitute de acordo com as normas IEC 61158-5 e a IEC 61158-6, existem dois tipos de redes PROFINET, figura 6: 1. PROFINET IO (Input, Output): Utilizado em aplicações em tempo real, ultra rápidas. 2. PROFINET CBA (Component Based Automation): Utilizado em aplicações onde o tempo não é crítico, por exemplo, em aplicações onde é necessário empregar conversões para o protocolo PROFIBUS-DP. Figura 5 – Topologia de rede PROFIBUS PA. Fonte: SEIXAS FILHO [3], página 5. Figura 6 – PROFINET em modelos distintos de operação. Fonte: Redes Industriais [2], fig. 12 do artigo. 7 O PROFINET é uma evolução e surgiu como resultado de uma tendência na tecnologia de automação, com as fábricas cada vez mais super conectadas as redes Ethernet, flexíveis e inteligentes. Suas capacidades abrangentes atendem as demandas de mercado que precisam ser compatíveis quanto aos protocolos de comunicação e consequentemente na tecnologia de automação, adotando diversos níveis de gerenciamento desde o campo até os níveis corporativos usando o padrão Ethernet comumente usado nos computadores e dispositivos de uma grande quantidade de fabricantes em um protocolo e sistema aberto, é compatível com os principais protocolos já adotados pelos sistemas de TI como TCP/UDP/IP e integração em sistemas PROFIBUS sem a necessidade de muitas adaptações, figura 7. 6. Considerações Finais Os protocolos de redes industriais estão em constante evolução e o protocolo que possibilita grande flexibilidade e integração com a maior quantidade de dispositivos será o mais utilizado no mercado. Analisando os dois protocolos e realizando um comparativo, temos que o protocolo PROFIBUS PA possui grande confiabilidade para áreas classificadas, porém, baixa compatibilidade com dispositivos atuais, necessitando de diversos mecanismos de compatibilidade para Figura 7 – Integração do protocolo PROFINET nas redes industriais. Fonte: Fonte: Redes Industriais [2], fig. 13 do artigo. 8 ser integrado as redes industriais modernas. Pelo contrário o protocolo PROFINET caminha para uma maior integração com o mercado e traz uma realidade de compatibilidade com as redes Ethernets e protocolos já amplamente adotados pela maioria dos fabricantes comerciais do mercado de TI. Como comparativo entre os protocolos de redes industriais podemos analisar ainda as principais diferenças citadas pelo próprio Instituto PROFIBUS, figura 8. Referências [1] Rede Industrial e Tecnologias de Controle. Disponível em: https://www.politecnica.pucrs.br/professores/tergolina/Redes_e_Protocolos_Industria is/APRESENTACAO_-_Aula_03_Meios_de_Transmissao.pdf . Acesso em: 20 de outubro de 2021. [2] Redes Industriais. Disponível em: https://www.smar.com/brasil/artigo- tecnico/redes-industriais . Acesso em: 20 de outubro de 2021. Figura 8 – Comparativo entre as redes PROFIBUS e PROFINET. Fonte: THE DIFFERENCE BETWEEN PROFIBUS AND PROFINET [4]. https://www.politecnica.pucrs.br/professores/tergolina/Redes_e_Protocolos_Industriais/APRESENTACAO_-_Aula_03_Meios_de_Transmissao.pdf https://www.politecnica.pucrs.br/professores/tergolina/Redes_e_Protocolos_Industriais/APRESENTACAO_-_Aula_03_Meios_de_Transmissao.pdf https://www.smar.com/brasil/artigo-tecnico/redes-industriais https://www.smar.com/brasil/artigo-tecnico/redes-industriais 9 [3] SEIXAS FILHO, Constantino. Profibus. [4] THE DIFFERENCE BETWEEN PROFIBUS AND PROFINET. Disponível em https://us.profinet.com/the-difference-between-profibus-and-profinet/ . Acesso em: 20 de outubro de 2021. O Protocolo Profibus PA. Automacaoindustrial.info. Disponível em https://www.automacaoindustrial.info/redes-industriais/ . Acesso em: 20 de outubro de 2021. PEREIRA, Ricardo Santos et al. Estudo da comunicação acíclica dentro de uma rede industrial utilizando Profibus PA. 2019. CORDEIRO, José Augusto Fernandes. Estudo dos principais protocolos de redes industriais utilizadas no Brasil: AS-I, MODBUS e PROFIBUS. 2019. PERES, RAFAEL DE PAULA. REDES DE COMUNICAÇÃO PROFIBUS. BÉLAI, Igor; DRAHOŠ, Peter. The industrial communication systems profibus and PROFInet. Applied Natural Sciences, v. 1, p. 329-336, 2009. http://alvarestech.com/temp/smar/www.delt.ufmg.br/seixas/PaginaSDA/Download/DownloadFiles/R3_Profibus.pdf https://us.profinet.com/the-difference-between-profibus-and-profinet/ https://www.automacaoindustrial.info/redes-industriais/ https://clyde-dev.dr.ufu.br/handle/123456789/28144 https://clyde-dev.dr.ufu.br/handle/123456789/28144 https://monografias.ufop.br/handle/35400000/2412 https://monografias.ufop.br/handle/35400000/2412 http://monografias.ufop.br/handle/35400000/2412 https://citeseerx.ist.psu.edu/viewdoc/download?doi=10.1.1.468.7320&rep=rep1&type=pdf https://citeseerx.ist.psu.edu/viewdoc/download?doi=10.1.1.468.7320&rep=rep1&type=pdf