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TÓPICOS ESPECIAIS EM CIRURGIA GERAL SEMIOLOGIA DO ABDOME INTRODUÇÃO ROTEIRO * A ordem do roteiro do exame de abdome difere dos exames de tórax e do precórdio. Fique atento! Para iniciar o exame: Paciente em decúbito dorsal, cabeça apoiada no travesseiro, braços estendidos ao longo do corpo, pernas descruzadas. O paciente deve estar relaxado. O abdome estará descoberto da linha intermamilar até a região púbica. O examinador deve ficar ao lado direito do paciente. TÉCNICA O exame do abdome inicia-se com a inspeção estática. Para isso, é necessário que o paciente esteja em decúbito dorsal, pernas esticadas, braços estendidos ao lado do corpo. O ventre será despido do apêndice xifoide ao púbis, de forma que as fossas ilíacas e a região inguinal estejam visíveis. Lembramos ainda que o paciente sempre deve ser examinado pelo seu lado direito (a exceção de algumas manobras)! OBSERVAÇÕES Preste muita atenção nos detalhes da técnica. Muitas bancas (principalmente as mais velhas...) gostam de retirar pontos do seu exame físico se esses pequenos passos forem ignorados! Para localizar as estruturas no abdome, podemos dividi-lo didaticamente em 2 maneiras: - A primeira é uma divisão prática, sem enfoque anatômico. Ao traçarmos uma linha vertical e uma horizontal pela cicatriz umbilical, podemos dividi-lo em 4 quadrantes: superior direito, superior esquerdo, inferior direito e inferior esquerdo. - Podemos dividir o abdome de forma mais detalhada, de forma que se obtenham regiões com melhor definição anatômica. Para isso utilizaremos 4 linhas (2 linhas verticais e 2 horizontais) para definir 9 regiões. As linhas verticais são as linhas hemiclaviculares, que partem da metade da clavícula, cruzam o mamilo e se prolongam atém metade do ligamento inguinal. A primeira linha horizontal é traçada justamente entre os pontos em que as linhas hemiclaviculares cruzam com o rebordo costal. A segunda será traçada entre as espinhas ilíacas anterossuperiores, finalizando a divisão. As regiões obtidas são os hipocôndrios (direito e esquerdo), os flancos (direito e esquerdo), as fossas ilíacas (direita e esquerda), o epigastro, o mesogastro (região umbilical) e o hipogastro (região suprapúbica). Veja a FIGURA 1! Figura 1 - Ilustração das nove regiões abdominais. HD = Hipocôndrio direito; HE = Hipocôndrio esquerdo; LD = Região lombar (ou flanco) direito; LE = Região Lombar (ou flanco) esquerdo; ID = fossa ilíaca direita; IE = Fossa ilíaca esquerda. ALTERAÇÕES Preparado o paciente, o que devemos procurar na ectoscopia dessa área? Primeiramente, observamos alterações grosseiras, como a forma do abdome. Existem algumas formas de abdome classicamente descritas nos tratados de semiologia. As principais são: ● Atípico – abdome normal, sem alterações! ● Batráquio - nas ascites pequenas e moderadas, quando o paciente deita, o líquido livre no peritônio tende a se acumular nos flancos, promovendo proeminências laterais sem que haja grande aumento do diâmetro anteroposterior. Segundo alguns semiotas, esse aspecto lembra um sapo quando virado de barriga para cima (do grego bátrakhos = sapo). Quanta imaginação! Figura 2 ● Globoso – ao contrário do abdome em batráquio, ele é difusamente aumentado. É comumente encontrado em pessoas com obesidade central proeminente (ex.: sind. metabólica, sind. de Cushing) e nas grandes ascites. Figura 3 ● Em avental - é clássico dos grandes obesos. O tecido adiposo torna-se tão abundante que uma prega de tecido passa a encobrir genitália externa do paciente. ● Gravídico – dispensa apresentações. É comum observarmos nesses a hiperpigmentação da linha alba e o surgimento de estrias. ● Escavado – Achado comum nos pacientes desnutridos graves e com síndrome consumptiva. Figura 4 Após a análise grosseira do abdome, devemos buscar ativamente: Cicatrizes – Através do estudo de cicatrizes de incisões prévias podemos imaginar a que tipo de cirurgia o paciente foi submetido. A presença das mesmas pode ainda sugerir de bridas nos casos de obstrução intestinal. Massas visíveis – As massas abdominais, por vezes, são facilmente visualizadas. Como possuem uma etiologia variada, sua propedêutica será descrita ao longo do capítulo. Circulação colateral – A visualização de circulação colateral na parede abdominal sugere sempre um estado patológico. As principais causas são as síndromes de obstrução das veias cavas e a hipertensão porta. SAIBA MAIS As três síndromes de circulação colateral mais comuns possuem um quadro bem distinto e são facilmente diferenciadas ao exame físico. Síndrome de veia cava superior – Ocorre quando há compressão ou trombose da veia. Manifesta-se com turgência jugular bilateral não pulsátil, cianose e edema de face, pescoço e tronco além da circulação colateral que possui sentido de cima para baixo. Síndrome da veia cava inferior - Também é causada por compressão ou obstrução da veia. Aqui, os principais achados são o edema de membros inferiores e a circulação colateral predominante na parte inferior do abdome, com sentido de baixo para cima. Síndrome de hipertensão porta – Devido ao grande aumento de pressão na veia porta, seja por alterações hepáticas, trombose ou fístulas, o sangue drenado por essa via tenderá a circular por áreas com menor resistência, as anastomoses porto-cava. Dessa forma, além dos achados clássicos dessa síndrome, como a ascite e a esplenomegalia, encontraremos circulação colateral evidente nos seguintes sítios anastomóticos: Esôfago (varizes esofagianas), Plexo venoso anal (hemorroidas) e região periumbilical (circulação colateral secundária à recanalização da veia umbilical). Por vezes, essa circulação adquire um aspecto concêntrico característico, conhecido como “cabeça de medusa” (caput medusae). Movimentos peristálticos – Tanto o peristaltismo fisiológico quanto o patológico podem ser perceptíveis a um olhar atento. Movimentos lentos e de grande amplitude (“preguiçosos”) sugerem obstrução. A topografia e a direção dos movimentos nos auxiliarão a identificar o órgão acometido. Como a peristalse é efêmera, muitas vezes é difícil encontrá-la no momento do exame. Assim, podemos provocá-la para uma melhor avaliação através de pequenos piparotes com o dedo ou borrifando éter ou água gelada sobre o local. Lesões elementares de pele – Algumas lesões de pele manifestam-se caracteristicamente no abdome. É caso das estrias comuns (na gravidez e grandes ascites), das estrias violáceas (sind. Cushing) e da roséola tífica (febre tifoide). TÉCNICA A inspeção dinâmica é dedicada a refinar os dados adquiridos na ectoscopia e por vezes revelar alterações ainda não percebidas. É essencial na propedêutica das massas abdominais e não deve ser esquecida! Ela consiste na contração da musculatura da parede e aumento da pressão intra-abdominal. Uma maneira eficiente de atingir esse objetivo é pedir que o paciente, em decúbito dorsal, levante as duas pernas sem flexionar os joelhos (manobra de Smith e Bates). Podemos ainda pedir que paciente se levante sem o auxílio dos braços (como se fizesse um “abdominal”) ou mesmo que realize uma expiração forçada contra a glote fechada (manobra de Valsalva). ALTERAÇÕES Com que objetivo eu vou realizar a inspeção dinâmica? Nós sabemos que as massas da parede abdominal, como lipomas, tumores de parede, hérnias, eventrações e diástase dos retos tornam-se mais evidentes durante a realização dessas manobras, enquanto que as massas intra-abdominais tendem a desaparecer. Durante essa parte do exame também observamos atentamente a repercussão dos movimentos respiratórios no abdome. Dentro desse contexto, é interessante observar o comportamento das massas intra-abdominais. De uma forma geral, massas em órgãos peritonizados (ex.: câncer gástrico) tendem a ser móveiscom a respiração. Já massas retroperitoniais (hipernefroma, câncer de pâncreas) parecem não sofrer alteração. 2) AUSCULTA TÉCNICA Você deve estar estranhando essa mudança de ordem! Nos exames da tireoide, do tórax e do precórdio a ausculta era sempre a última a ser realizada! No entanto, no exame do abdome é fundamental que essa ordem seja invertida. Isso se deve ao fato de que o principal achado que procuramos na ausculta abdominal, a peristalse, pode ser estimulada pela palpação e pela percussão, o que falsearia seu achado ao exame físico. Primeiramente, devemos auscultar os quatro quadrantes abdominais em busca de peristaltismo. Normalmente encontraremos 1 peristalse para cada 2 ou 3 incursões respiratórias, cerca de 5 por minuto. O achado de peristaltismo aumentado com timbre metálico é compatível com peristalse de luta por obstrução intestinal. Peristaltismo aumentado isoladamente pode ser encontrado nas gastroenterites e síndromes de hipermotilidade intestinal (ex.hipertireoidismo). Para se afirmar que não há peristalse (silêncio intestinal / íleo paralítico) devemos auscultar por 3 minutos cada quadrante. Você deve estar se perguntando: “Quem perde 12 minutos auscultando o abdome de um paciente?” A resposta é: - Ninguém! É por isso que encontramos muitas vezes no prontuário a brilhante saída pela tangente: “Não auscultei peristalse”. ALTERAÇÕES Devemos ainda auscultar outras áreas específicas: Hipocôndrio direito: Podemos encontrar sopros contínuos por neovascularização tumoral (hepatocarcinoma), “Hum” venoso por congestão hepática (IVD, pericardite constritiva) e atrito capsular devido a infarto hepático. Hipocôndrio esquerdo: É possível escutar atrito capsular devido a infarto esplênico. O som é bem parecido com atrito hepático ou pleural: rude, grosseiro, variando com a respiração. Lembra o “roçar de duas botas de couro”. A criatividade dos semiotas parece não ter limites! Região periumbilical: Conforme já vimos, nos casos de hipertensão porta pode haver recanalização da veia umbilical e formação de uma rede de colaterais próxima ao umbigo. Essa rede pode produzir um sopro contínuo à ausculta. Esse fenômeno de recanalização costuma ser cobrado nas provas práticas pelo seu epônimo, de domínio obrigatório para cirurgiões e clínicos: “Síndrome de Cruveillier Baumgarten”. Artérias renais, aorta e ilíacas comuns: Podemos encontrar sopros sistólicos nessas artérias devido à formação de estenoses ou aneurismas. Agora onde eu encontro elas? Para auscultar a aorta devemos traçar uma linha paramediana à esquerda, seguindo do umbigo ao gradil costal. As a. renais podem ser encontradas no cruzamento de uma linha horizontal que passa pelo umbigo com as bordas do reto abdominal. As ilíacas exigem um pouco mais de imaginação. A traçarmos uma linha que vai do umbigo a tuberosidade anterossuperior do ilíaco, encontramos a artéria quando a linha cruzar com o reto abdominal. Para você que “viajou” nos focos de ausculta abdominal, observe essa imagem resumida. Figura 5 TÉCNICA A percussão deve ser realizada nas nove zonas do abdome na mesma ordem que se procedeu a ausculta. A percussão de vísceras sólidas, como o baço e o fígado, produzem sons maciços e a de vísceras ocas, sons timpânicos. ALTERAÇÕES A percussão do hipocôndrio esquerdo será descrita mais detalhadamente adiante, no exame do baço. De outro lado, durante a realização da percussão da loja hepática a presença de timpanismo ao invés de macicez pode ocorrer em duas situações distintas: a primeira seria quando estamos realizando a hepatimetria e a flexura direita do cólon encontra-se sobre a superfície hepática, o que chamamos de sinal de Chilaiditi; a segunda seria, quando estamos diante de um paciente com perfuração de víscera oca (pneumoperitônio), em que o ar tende a ocupar as porções infradiafragmáticas, gerando timpanismo no nível do fígado (sinal de Jobert). Já o contrário também é possível. A obtenção de um som maciço na topografia de uma víscera oca indica presença de uma massa, líquido livre ou existência de um líquido preenchendo o órgão. É nesse momento do exame que devemos realizar a busca dos sinais de ascite. São três os métodos mais aceitos: Macicez móvel de decúbito – Com o paciente em decúbito dorsal, percute- se ao longo de uma linha horizontal que passa pelo umbigo do paciente. O limite entre a zona timpânica (alças intestinais) e a zona maciça (líquido livre na cavidade) é marcado. Pede-se que o paciente assuma o decúbito lateral para o lado oposto da percussão. Se zona anteriormente maciça tornar-se timpânica, é sinal que há ascite. Não entendeu? Quando há líquido livre na cavidade, as alças, cheias de ar, ficam boiando na superfície. Por isso, no decúbito dorsal, a percussão da região periumbilical é timpânica e os flancos ficam maciços. Contudo, quando trocamos o decúbito, as alças passam a boiar no flanco que está para cima, enquanto que o líquido livre ocupa o resto do abdome. Dessa maneira, o flanco que estava maciço, passa a emitir um som timpânico. Sinal do piparote – Ainda em decúbito dorsal coloca-se a mão espalmada de um lado do abdome e procede-se um leve piparote do lado oposto. O objetivo é sentir a propagação do mesmo pelo líquido ascítico. Para evitar que o piparote progrida pela parede abdominal, é pedido que outro examinador ou o próprio paciente coloque a borda cubital da mão comprimindo suavemente o ventre na linha média. Apesar de ser um sinal clássico da semiologia, só é positivo em grandes ascites, sendo os outros métodos mais eficientes. Semicírculos de Skoda – É um método para diferenciar líquido livre na cavidade de líquido septado. Com o paciente em decúbito dorsal, percute-se todo o abdome a partir de linhas convergentes para o mesmo ponto para delimitar os limites entre o timpanismo e a macicez. Se a concavidade for voltada para cima estaremos diante de um líquido livre. No caso contrário, trata-se de um derrame septado, cisto anexial, bexigoma ou aumento uterino. A descrição desse método é feita exclusivamente devido a sua cobrança nas provas práticas. Na vida real, utilizamos a macicez móvel de decúbito e a ultrassonografia de abdome para esclarecer dúvidas diagnósticas. Outros métodos – Existem maneiras mais sensíveis de perceber ascite ao exame físico como o toque retal e a pesquisa do sinal da poça (percussão abdominal com paciente apoiado com as mãos e joelhos no leito). Na prática, solicitamos uma ultrassonografia de abdome para avaliar ascites de pequeno volume. Figura 6 PALPAÇÃO SUPERFICIAL TÉCNICA Para iniciar a palpação, é necessário certificar-se que o paciente encontra-se na posição correta (descrita na inspeção) e relaxado. Erros frequentes aqui são a realização da palpação do lado errado do leito ou examinar o paciente com pernas cruzadas, dobradas ou mãos atrás da cabeça. Você deve procurar aquecer suas mãos e sempre indagar ao paciente se ele está sentido algum tipo de dor ou desconforto abdominal. Caso a resposta seja positiva, a área referida deverá ser a última a ser palpada. Não se esqueça de lavar as mãos antes e após o exame! Uma boa relação com o paciente é essencial para a realização de uma palpação abdominal correta. A defesa abdominal voluntária (causada pela ansiedade, dúvida e medo) pode ser um contraponto à realização do exame. O primeiro passo a ser realizado é a palpação superficial. Você deslizará sua mão dominante espalmada pelo abdome do paciente, de forma suave e sem movimentos abruptos. Em cada sítio haverão 2 a 3 flexões na linha das articulações metacarpofalangianas de forma que serão realizadas pequenas depressões na parede abdominal. Essa técnica nos permite analisar de forma grosseira a sensibilidade cutânea, a espessura da parede além de sua continuidade e tensão. Ficam evidentes nessapalpação as tumorações parietais. Se ainda restarem quaisquer dúvidas sobre uma massa, as manobras da inspeção dinâmica podem ser aplicadas nesse momento. Entendi, mas existe alguma ordem específica a ser seguida? Não existe propriamente um roteiro a ser seguido, contanto que todas as nove áreas do abdome sejam examinadas. Uma sugestão interessante é examinar em “caracol”, iniciando-se na fossa ilíaca direita e terminando no mesogastro, como mostra a figura a seguir: Figura 7 PALPAÇÃO PROFUNDA TÉCNICA A seguir, você procederá à palpação profunda, na mesma sequência que realizou a superficial. Procure sempre “automatizar” seu exame, com uma sequência lógica prédefinida na cabeça, fazendo as alterações necessárias a cada caso. Na palpação profunda um pouco mais de pressão é realizada, de forma que se vença a resistência da parede abdominal. É importante que toda a mão seja utilizada e não somente os dedos. Nessa situação, a palpação pode ser bimanual com as mãos sobrepostas (fazendo um ângulo aberto para o examinador) ou justapostas (paralelas), de forma que enquanto a mão superior é responsável pela força, a inferior (dominante) ficará encarregada de sentir as estruturas. ALTERAÇÕES Nessa parte do exame, alterações intra-abdominais são o foco. Alterações intra-abdominais? Como assim? Encare a palpação profunda como o estágio final da propedêutica das massas intracavitárias! Nela serão definidas as seguintes características: morfologia, mobilidade, sensibilidade, pulsatilidade e localização. Morfologia: Aqui definiremos a forma e o volume. Você já sabe que massas regulares e bem delimitadas e de consistência fibroelástica são sinais de benignidade em qualquer massa presente no corpo humano. Da mesma forma, estruturas de contorno irregular, de difícil delimitação e consistência pétrea possuem uma etiologia maligna provável. Mobilidade: Conforme já discutimos, massas com origem em estruturas peritonizadas ou subdiafragmática são móveis a respiração (ex.: fígado, baço, estômago, omento, jejuno, íleo, cólon transverso) e aquelas que possuem origem retroperitonial não (rins, pâncreas, aorta, veia cava inferior). Sensibilidade: É realmente importante saber se massa dói? Antigamente acreditava-se que massas dolorosas eram sinônimo de doença inflamatória. No entanto, tumores com invasão de plexo nervoso podem provocar dores muito piores! Dessa maneira, é sempre bom associar esse dado ao tempo de evolução da doença e a anamnese para que ele seja mais confiável. Pulsatilidade: CUIDADO! Massa pulsátil não é obrigatoriamente um aneurisma!!! Em pessoas com pouco tecido adiposo a aorta pode ser facilmente palpada, o que acaba induzindo muitos ao erro. Existe alguma forma de diferenciar uma aorta normal para uma dilatação aneurismática ao exame físico? Sim! Observe o sentido da pulsação. Se ela possuir somente o eixo anteroposterior, provavelmente se trata de uma artéria sem doença. Se a pulsação se propagar para todos os lados é praticamente certo que estamos diante de um aneurisma. A presença de frêmito (manifestação tátil do sopro), também é indicativa de doença subjacente. Localização: A localização da massa é um dos dados mais importantes (se não o mais importante) e por vezes nos permite fazer suposições diretas sobre a sua etiologia. Algumas localizações clássicas de massa abdominal: ● Junção da parte lateral do reto abdominal com o hipocôndrio direito: Localização anatômica da vesícula biliar. A palpação de uma estrutura fibroelástica bem delimitada nessa localização praticamente não possui outro diagnóstico diferencial. Sabemos que uma vesícula indolor palpável em um contexto de icterícia sugere a presença de tumor periampular (regra de Courvosier-Terrier). Outra causa de vesícula palpável é a hidropsia de vesícula. ● Epigastro: Muitas podem ser as etiologias das massas epigástricas. No entanto, a etiologia mais comum e frequentemente negligenciada é a presença do lobo esquerdo do fígado. Isso mesmo! É um erro comum esquecer que o fígado possui dois lobos e achar uma massa “estranha” no epigastro. ● Nódulo periumbilical: A presença de um nódulo umbilical palpável é indicativo de neoplasia intra-abdominal avançada (nódulo de sister Mary- Joseph). A etiologia desse nódulo nada mais é do que a infiltração neoplásica do ligamento umbilical. ● Hipogastro: Uma massa bem definida em hipogastro em um quadro de oligoanúria certamente se trata de um bexigoma! Figura 8 PALPAÇÃO TÉCNICA Durante a evolução da semiologia foram descritos diversos processos de palpação hepática que receberam, obviamente, epônimos respectivos de seus criadores. Apesar da variedade de técnicas, o princípio é basicamente o mesmo, variando somente o ato realizado pela mão auxiliar. Com o paciente na posição de exame apropriada, pede-se para que ele respire profundamente, de preferência pela boca. Com a mão direita espalmada e orientada de forma paralela ao rebordo costal você deve iniciar a palpação na fossa ilíaca direita em direção ao rebordo, na linha hemiclavicular. Procure aprofundar sua mão na parede com borda livre do indicador nos momentos de expiração (menor tensão abdominal) e tente sentir se a borda do fígado toca sua mão durante a inspiração (momento em que o fígado é empurrado para baixo pelo diafragma). O movimento será repetido até que a borda hepática seja encontrada, mesmo que seja sob o rebordo costal. SAIBA MAIS O que fazer com a mão esquerda? Você pode optar por simplesmente não utilizá-la, o que caracterizaria uma palpação simples. No entanto, é mais comum que se aprendam nas enfermarias de clínica médica os métodos bimanuais. Você poderá rechaçar o fígado posteriormente com a mão esquerda, empurrando-o dorsalmente na sua direção (processo de Chauffard). Caso você execute essa manobra com o polegar abduzido, forçando a borda inferior do fígado, você terá uma nova manobra com novo epônimo (processo de Glenard)! Outras opções são realizar uma pequena pressão sobre o hipocôndrio direito durante a palpação (processo de Fleckel) ou juntar a mão esquerda à direita e proceder ao exame com a ponta dos dedos (palpação em garra ou processo de Mathieu). Não dê bola para os epônimos! Nenhum processo é superior ao outro. Na prática, use aquele que você sabe fazer melhor! OBSERVAÇÕES E nos casos das grandes ascites, como palpar o fígado? Devido à grande tensão na parede abdominal gerado por ascites tensas, o exame convencional fica prejudicado. Nessa situação, podemos tentar realizar a manobra de rechaço hepático. Com a mão direita “empurramos” a região subcostal direita para baixo. O fígado, lançado para trás, sofrerá um rechaço e voltará à superfície, tocando a mão do examinador. Essa manobra é possível devido à grande quantidade de líquido livre no peritônio. ALTERAÇÕES Uma vez palpado o fígado, as seguintes características devem ser avaliadas: ● Borda hepática: A borda do fígado geralmente é fina, “cortante”. Uma borda romba sugere congestão hepática. ● Presença de dor: A palpação hepática pode até induzir desconforto, mas geralmente é indolor. A presença de estímulo álgico é compatível com distensão da cápsula de Gleasson por congestão, infarto ou invasão neoplásica. ● Consistência: O fígado possui normalmente uma consistência fibroelástica. Pode encontrar-se mais amolecido na presença de esteatose ou hepatite fulminante. Podemos também observar endurecimento nos casos de cirrose, fibrose, amiloidose, etc. A consistência pétrea sugere neoplasia maligna primária ou metastática. ● Superfície e forma: Podemos avaliar se a superfície hepática é lisa ou possui nodulações sugestivas de cirrose. Lembramos que a cirrose alcoólica é geralmente micronodular (cirrose micronodular de Laennec) sendo dificilmente distinguida ao exame físico. Buscamos também apresença de alterações focais da forma que sugiram massas ou abscessos. ● Quantificar a que distância: Você deve aferir a que distância o fígado é palpável do rebordo costal na linha hemiclavicular. Quando palpável somente sobre o rebordo, não se esqueça de descrever o achado. E a mobilidade? Não é importante? Pense um pouco. O fígado localiza-se diretamente embaixo do diafragma. A exceção de uma parada respiratória ou paralisia do diafragma, o fígado não terá sua mobilidade afetada! Pronto, vamos à hepatimetria? Se você não sentiu falta de nada, é provável que tenha cometido um erro bem comum! Lembre-se que o fígado tem 2 lobos, e que o lobo esquerdo também precisa ser avaliado. A palpação nesse caso é bem parecida. Mudaremos somente os pontos de referência. O exame deve ser iniciado a partir da altura da cicatriz umbilical e seguir a linha média como guia, até chegar ao apêndice xifoide. HEPATIMETRIA TÉCNICA Nada mais é do que uma estimativa do comprimento dos lobos hepáticos. Para aferir a medida do lobo direito, tomaremos a linha hemiclavicular ipsilateral como referência. Como eu descubro onde está a margem superior do fígado? Fácil! Você percutirá o tórax ao longo da LHD. Quando o som do atimpanismo pulmonar for substituído pela macicez/submacicez hepática você terá encontrado o limite superior. E a margem inferior? Aqui existem algumas maneiras de defini-la: ● Encontrá-la da mesma forma que a margem superior. Percutindo-se de baixo para cima, ela será delimitada quando o timpanismo das alças abdominais for substituído pela macicez/submacicez hepática. ● Simplesmente palpar a margem inferior do fígado, definindo seguramente sua posição. ● Podemos ainda fazer o mais difícil. Com a ajuda do estetoscópio começamos a passar uma caneta ou mesmo o dedo radiadamente a partir do esteto. Quando o timbre do som mudar, você provavelmente estará sobre o fígado. Você deve estar se perguntando: “Quem descreveu essa manobra não tinha o que fazer? Isso cai?” As respostas a suas perguntas: Provavelmente não... Uma vez delimitadas as margens, é só fazer uso da fita métrica. O lobo direito hepático varia normalmente de 8 a 12 cm. A hepatimetria do lobo esquerdo também deve ser realizada. Para efeito da mesma, consideramos o apêndice xifoide como a margem superior do lobo. OBSERVAÇÕES O estudo da hepatimetria permite o diagnóstico clínico da hepatomegalia. A palpação hepática de forma isolada não consegue realizá-lo uma vez que delimita somente a margem inferior do órgão. Por exemplo, em um paciente com diafragma retificado (DPOC) podemos facilmente palpar seu fígado abaixo do rebordo costal sem que o mesmo apresente necessariamente uma hepatomegalia. ALTERAÇÕES - Entram aqui as diversas causas de hepatomegalia: ICC, esteatose, neoplasias hepáticas, neoplasias hematológicas, amiloidose, sarcoidose, doenças do metabolismo intermediário, sind. de mononucleose, esquistossomose, calazar, malária, etc. - Uma causa importante de aumento isolado do lobo esquerdo é a esquistossomose. - Lembramos que a presença de um lobo direito < 7 cm associado a um aumento da consistência do lobo esquerdo é um dos poucos sinais patognomônicos de cirrose. PERCUSSÃO DO ESPAÇO DE TRAUBE TÉCNICA O espaço de Traube é definido pela área situada no hipocôndrio esquerdo entre a 6ª costela, linha axilar anterior e o rebordo costal *. Como essa área é geralmente ocupada pela flexura esplênica do cólon e pelo fundo gástrico, sua percussão geralmente resulta na produção de sons timpânicos. No entanto, se houver crescimento do baço, a percussão dessa área pode se mostrar maciça ou submaciça. *Algumas bibliografias sugerem que os limites do espaço de Traube são: 5º espaço intercostal, linha axilar média e rebordo costal. OBSERVAÇÃO A realização da percussão antes da palpação é importante devido ao seguinte fato: antes de se tornar palpável, o baço torna o espaço de Traube maciço. Além disso, somente o exame dessa área demonstrou uma sensibilidade e especificidade que chegam até 78% e 82% respectivamente. Para você ter ideia, essas porcentagens são similares ao diagnóstico de IAM pelo ECG! Cabe ainda lembrar que o espaço de Traube não é telefone para estar “ocupado” ou escravo para ficar “livre”. Durante sua descrição refira o som aferido na percussão. Ex.: “Espaço de Traube timpânico a percussão”. SAIBA MAIS Existe uma maneira de sensibilizar ainda mais o exame do espaço de Traube. Depois de traçarmos uma linha que segue da articulação esterno- clavicular esquerda até a borda livre da 11ª costela (linha de Piorry) dividiremos o espaço referido em duas metades. Somente som aferido da metade medial deverá ser levado em consideração no exame físico. Isso se deve ao fato de que o baço cresce em direção à fossa ilíaca contralateral, ocupando a metade medial do espaço, e deslocando a flexura esplênica do cólon lateralmente. Dessa maneira, a metade lateral do espaço de Traube pode ter uma percussão timpânica mesmo que haja esplenomegalia! PALPAÇÃO TÉCNICA A semelhança com a palpação do fígado, o paciente deverá ser corretamente posicionado e instruído a respirar ativamente pela boca. Posicionado ao lado direito do leito, o examinador deve exercer uma leve pressão sobre o hipocôndrio esquerdo com a mão esquerda enquanto inicia a palpação com borda do indicador da mão direita. O exame deve ser iniciado na fossa ilíaca direita, já que o baço cresce no sentido da fossa ilíaca contralateral. A mão será aprofundada durante a expiração e a borda do órgão pode ser sentida de encontro à mão no momento da inspiração. Outra forma de realizar o exame é a realização da palpação bimanual (em garra/processo de MathieuCardarelli). Para isso, é necessário se colocar do lado oposto do leito e seguir a mesma linha de raciocínio. OBSERVAÇÕES Por vezes, a palpação de esplenomegalia não deixa dúvidas, sendo até a chanfradura do baço identificada. No entanto, não é raro ficarmos com uma grande dúvida após a realização do exame: “Será que palpei mesmo o baço?”. Para elucidar essa questão podemos lançar mão da posição de Schuster, uma posição intermediária entre o decúbito lateral direito e o decúbito dorsal. Com a pelve do paciente em completo decúbito lateral direito (perna direita estendida e perna esquerda flexionada sobre a pelve) e cintura escapular e decúbito dorsal parcial (braço direito estendido ao longo do corpo e braço esquerdo diante do tórax ou sobre a cabeça), nos posicionamos de frente para o paciente e procedemos à mesma técnica de palpação esplênica, da fossa ilíaca direita em direção ao hipocôndrio esquerdo. Figura 9: Posição de Schuster. Existe uma outra descrição da posição de Schuster, adotando decúbito lateral direito, que é utilizada por alguns tratados de Semiologia. ALTERAÇÕES Todo baço palpável já é considerado uma esplenomegalia. Para que seja detectável à palpação, o baço deve ter tido seu tamanho duplicado (antigamente acreditava-se que fosse 4 vezes o tamanho original). Você deve buscar ativamente pelas seguintes informações: ● Forma – O achado da chanfradura (incisura) esplênica nos ajuda a diferenciá-lo de outras massas. ● Consistência – Fibroelástica ou “mole” sugere crescimento agudo – Doenças infecciosas (malária, endocardite, febre tifoide). Um baço “duro” é encontrado no crescimento crônico (síndrome de hipertensão porta e neoplasias). ● Superfície – Pouco acessível ao exame tradicional. De forma geral, é lisa. O encontro de nodulações ou massas é sugestivo de neoplasia, geralmente metastática. ● Mobilidade – Praticamente inútil. Vide exame do fígado. ● Distância do gradil costal – A distância da margem esplênica ao gradil costal na linha hemiclavicular esquerda determinará o tamanho da esplenomegalia. Aumentos maiores que 8 cm caracterizam uma esplenomegaliade grande monta. O que é a esplenomegalia de grande monta? → Existem algumas definições disponíveis para o que seria a esplenomegalia de grande monta. O Harrison, por exemplo, diz que temos uma esplenomegalia de grande monta quando estamos diante de um baço que estende-se além de 8 cm da margem costal esquerda e/ou pesa mais de 1.000 gramas. Outras referências chamam de esplenomegalia de grande monta o baço que ultrapassa a linha média ou atinge a fossa ilíaca. As principais causas de esplenomegalia, de acordo com o Harrison, encontram-se na tabela abaixo: CAUSAS DE ESPLENOMEGALIA DE GRANDE MONTA LEUCEMIA MIELOIDE CRÔNICA LINFOMAS LEUCEMIA DE CÉLULAS PILO SAS MIELOFIBROSE COM METAPLA SIA MIELOIDE POLICITEMIA VERA DOENÇA DE GAUCHER LEUCEMIA LINFOCÍTICA CRÔNI CA SARCOIDOSE ANEMIA HEMOLÍTICA AUTO IMUNE HEMANGIOMATOSE ESPLÊNICA DIFUSA ** Outras referências ainda citam como causas de esplenomegalia de grande monta: o calazar, malária hiper-reativa, esquistossomose, a síndrome da esplenomegalia tropical, a betatalassemia major e a infecção pelo complexo Micobacteriuma vium em pacientes portadores de SIDA. EXAME DO RIM TÉCNICA Com o advento da ultrassonografia, a palpação renal foi praticamente abandonada. No entanto, para o diagnóstico diferencial das massas abdominais é interessante conhecer uma manobra: O rechaço renal (processo de Guyon). Com o paciente relaxado, em decúbito dorsal, coloca-se a mão esquerda no ângulo costovertebral para realizar sucessivas impulsões. Com a mão direita, em palpação profunda no flanco, tentamos sentir se a massa é nitidamente empurrada. Quando positiva, essa técnica nos permite sugerir uma origem renal/ adrenal da alteração. As principais causas de massa palpável em topografia renal são: tumores renais e adrenais, hidronefrose acentuada e doença renal policística (nessa última, múltiplas nodulações podem ser notadas). SAIBA MAIS Apesar de a palpação renal não ser muito realizada na prática, visto que os rins normalmente não são palpáveis (exceto em situações patológicas, como na doença renal policística), nas provas de residência tudo é possível! Por isso, descrevemos abaixo outras duas manobras que podem ser utilizadas como ferramentas na palpação dos rins: Manobra de Israel: Após colocarmos o paciente em decúbito lateral contralateral ao lado que se pretende palpar inicialmente e com os membros superiores sob a cabeça, executamos um movimento de “pinça” com as duas mãos no sentido anteroposterior. Método de Goelet: Colocar o paciente de pé, com o joelho do lado que se pretende palpar fletido e apoiado sobre uma cadeira. Em seguida, devemos executar um movimento de rechaço sobre o dorso do paciente com uma das mãos, enquanto a outra busca o polo inferior do rim. 6) EXAME NO ABDOME AGUDO ALTERAÇÕES - Poucas etiologias de abdome agudo se manifestam com uma ectoscopia clara ao exame. - Devemos ficar atentos a sinais de hemorragia retroperitoneal nos casos suspeitos de pancreatite. Eles podem se manifestar como equimoses periumbilicais (manchas de Halsted-Cullen), nos flancos (manchas de Gray-Turner) ou mesmo na base do pênis (mancha de Fox). Hérnias estranguladas também podem demonstrar sinais de inflamação cutânea visíveis ao exame físico. - A observação da atitude do paciente no leito também é importante nessa situação. Pacientes com irritação peritoneal tendem a ficar quietos no leito e evitam a movimentação da musculatura abdominal. A posição genupeitoral (prece maometana) pode ser sugestiva de pancreatite. A cólica nefrética tem como característica a ausência de alívio em qualquer posição. ALTERAÇÕES - Ausência de peristalse a ausculta sugere íleo paralítico, como nessa situação. - Em casos suspeitos de obstrução intestinal podemos auscultar hiperperistaltismo e peristalse de luta (timbre metálico). - Quando há ar na cavidade peritoneal (pneumoperitônio) podemos auscultar nitidamente as bulhas cárdicas durante o exame abdominal (Sinal de Claybrook). PALPAÇÃO É a principal parte do exame durante a pesquisa do abdome agudo. Deve-se sempre pesquisar sinais de peritonite e realizar as manobras para pesquisa da etiologia de suspeição do abdome agudo. Como identificar peritonite? Devemos procurar os sinais de irritação peritoneal e defesa muscular: Sinais de irritação peritoneal: ● Descompressão dolorosa - Representa o aumento da dor abdominal causado pela retirada súbita da mão do examinador, após a palpação abdominal com os dedos estendidos. ● Percussão simples - Por vezes o processo de peritonite é evidente (abdome em tábua) e pesquisa da descompressão dolorosa só trará mais dor ao paciente. Nesses casos, uma simples percussão pode selar o diagnóstico de irritação peritoneal. ● Pesquisa da dor em choque (Sinal de Markle) - Pede-se ao paciente que fique na ponta dos pés e depois solte o corpo sobre os calcanhares. O movimento da parede abdominal pode levar à localização da dor pelo paciente. ● Manobra de Valsalva - Apesar de não ser específica, a manobra de Valsalva pode promover dor nos pacientes com irritação peritoneal. Sinais de defesa muscular:: É o aumento do tônus muscular à palpação abdominal que pode ser um reflexo de defesa (involuntário) ou voluntário. O que mais nos importa é a defesa involuntária, em que o paciente permanece com o tônus aumentado, mesmo em repouso, e pode significar peritonite. O aumento involuntário difuso do tônus de toda parede abdominal é conhecido como “abdome em tábua” e é encontrado comumente nas peritonites difusas e nas perfurações de vísceras ocas. Para evitar a rigidez por contração voluntária, uma técnica útil seria “distrair o paciente” com algum assunto, enquanto realiza o exame. Quando o abdome ainda assim se mantiver rígido, pode ser solicitado que mantenha a boca aberta e encolha os joelhos. Uma última tentativa pode ser realizada pela palpação do abdome com o estetoscópio durante a ausculta. Nesta parte do exame, o paciente não costuma perceber que a finalidade é a mesma da palpação e não faz contração voluntária da parede abdominal. Nos casos de defesa abdominal verdadeira, como palpar a região do abdome desejada? É possível diminuir a resistência da parede abdominal antepondo à borda cubital da mão esquerda à região a ser examinada, palpando-a então com a mão direita (manobra de Galambos). Pesquisados os sinais de Peritonite o exame deve ser voltado para provável etiologia do abdome agudo. A seguir identifique a principal hipótese diagnóstica nos casos clínicos e veja os sinais que devem ser pesquisados: