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Instâncias Psíquicas: ID, EGO e SUPEREGO

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Nesta aula continuamos a falar da instâncias psíquicas da segunda tópica (o ID, EGO e SUPEREGO).
O SUPEREGO é importantíssimo, a sua constituição assim como do ID e do EGO.
O funcionamento do SUPEREGO é importantíssimo para o aparelho psíquico, aliás não existe instância mais ou menos importante do que a outra instância.
Essas três instâncias funcionam para que apresentemos o nosso comportamento, os nossos sentimentos, os nossos pensamentos.
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Enquanto o ID existe desde o nascimento e o EGO começa a se desenvolver pouco tempo depois, o SUPEREGO se desenvolve no decorrer da infância, através das experiências da criança, dos ensinamentos dos pais, do ambiente cultural.
Essa representação do ID, EGO e SUPEREGO como diabinho (ID) ou um anjinho (superego) e o EGO no meio.
Apesar de muitas representações do SUPEREGO serem como esta o fato é que ele vai se constituir de acordo com o ambiente cultural, ou seja, nem sempre ele será um “ anjinho”.
A ideia dos SUPEREGOS de todo mundo serem “anjinhos” é uma ideia um pouco simplista, é óbvio que o SUPEREGO vai se formar em função da introjeção, da identificação como o superego dos pais, etc., também tem relação com a comunidade, com as leis sobre quais estamos submetidos, mas tem uma relação com esse pai, com essa mãe ou essa pessoa que faz o papel de pai, essa pessoa que faz o papel de mãe e isso vai variar muito, a forma como SUPEREGO vai cobrar do o EGO o seu funcionamento, a sua retidão, a sua moral, vai variar em função das primeiras relações que a pessoa tiver dessa família, do respeito que tiver dentro dessa família.
Exemplo: Pode imaginar uma situação de uma criança que é criada em um ambiente pouco favorecido em termos de afeto e de respeito, numa família muito desestruturada, onde o pai é ausente, a mãe usa drogas e depois espanca e a criança sofre abusos, etc. e ela vai para a rua muitas vezes.
Muitas dessas crianças que vemos pelas ruas estão fugidas de casa, elas fogem da casa delas pelos abusos que ela sofre em casa e elas preferem o abuso e o sofrimento da rua, do que o abuso de casa porque sofrer abuso de pai e mãe é mais complicado do que a violência das ruas.
O fato é que essa criança foi criada no desrespeito, sem limite porque ninguém tem limite e esse superego estruturou de alguma forma até porque ela vive num país, vive numa comunidade, vive num mundo que tem regras, então de alguma forma essa SUPEREGO se estruturou e essa criança quando virar adulto como é que ela vai ser, ela vai ter o mesmo respeito que você tem pelo outro, pela vida humana, dificilmente isso vai acontecer, o respeito pela vida humana, o respeito pelo direito do outro, pelo limite do outro é alguma coisa que você vai construir de acordo com as suas relações afetivas e se ela não foi respeitada e não vivenciou o respeito, não teve esse contato com o respeito dos adultos que estavam com ela, ela também possivelmente vai ter pouco respeito pelo outro, é de se imaginar isso embora não seja uma coisa que gostamos de pensar, mas é de se imaginar esse tipo de coisa.
Quando você vai e conhece um presídio por exemplo onde normalmente estão pessoas que cometeram alguns atos ilícitos, a maior parte das pessoas são novas, o fato de morrer, de perder a vida, de tirar a vida do outro, não diz muita coisa, talvez para nós sim, mas essas pessoas são constituídas de outra forma, então o psicopedagogo tem que trabalhar essa questão e analisar a partir dessa questão.
O psicopedagogo tem que é trabalhar isso também com os pais daquelas crianças da escola, os pais daquela criança que ele atende, várias situações na psicopedagogia isso é necessário.
Exemplo: O psicopedagogo tem uma hora para atender a criança de 15h às 16h e essa mãe tem que cumprir esse horário e muitas vezes quem não cumpre a mãe, não é a criança que não tem limite, a mãe também não tem limite, o psicopedagogo precisa dar um limite também para essa mãe para que isso começa a andar.
O psicopedagogo vai entender e vai trabalhar com essas relações difíceis muitas vezes.
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O SUPEREGO representa o ramo moral do nosso funcionamento, contendo os ideais pelos quais lutamos e as punições (culpa) que esperamos quando violamos o nosso código ético.
Essa imagem da sombra colocando o dedo no rosto da pessoa, é bem a cara da culpa.
Muitas vezes não precisamos do outro para dizer que estávamos errado, nós mesmos nos culpamos por aquilo que foi feito, pela falha que foi cometida, pela forma fora da regra ou da ética do que cometemos, porque o nosso SUPEREGO cobra do nosso EGO que tenhamos uma postura ética, uma moralidade, nós mesmos nos culpamos, não precisa de outra pessoa para dizer que fizemos errado, nós mesmos estamos nos cobrando uma outra postura e essa culpa angustia muito, essas exigências do SUPEREGO acabam afligindo o EGO.
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O SUPEREGO funciona para controlar o comportamento, de acordo com as regras da sociedade.
Oferece recompensas (orgulho, amor-próprio) para o “bom” comportamento.
O SUPEREGO oferece punições (culpa, sentimentos de inferioridade, acidentes) para o “mau” comportamento.
Essa é uma relação entre o SUPEREGO e o EGO.
É óbvio que a pessoa gosta quando a elogia, porém mais do que isso normalmente a pessoa gosta quando ela se sente bem, quando faz alguma coisa que é de acordo com aquilo que se espera de um professor, de um psicopedagogo, de uma mãe, de um pai, mas a pessoa se sente orgulhosa, isso é uma coisa que é uma recompensa que o SUPEREGO dá.
E a punição normalmente é na forma de culpa, às quando a pessoa está muita culpada, muitas vezes a pessoa até fala sobre isso, a pessoa chega internalizar isso porque na verdade está aqui dentro da cabeça.
Essa culpa é bastante forte normalmente quando o SUPEREGO é estruturado dentro de uma moral, de uma ética social é bastante grande.
Mas atenção: o que é o “bom” ou o “mau" comportamento é diferente para cada sociedade, para cada comunidade e mesmo para cada família.
Uma família muito desestruturada com drogas, com violência é difícil essa estruturação, ela vai se estruturar, tem regras e todos os tipos na nossa sociedade até como vestimos, como andamos, como falamos, tem uma série de regras que vamos seguir. 
De alguma esse SUPEREGO vai se estruturar, mas vai variar de acordo com a família, com essas relações.
 
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Diferente do EGO que tenta realizar os desejos do ID, o SUPEREGO pode fazer uma oposição direta ao ID, tentando obstruir seus desejos.
Ele pode fazer. Não necessariamente o faz.
O SUPEREGO pode ser “corrompido” pelo ID.
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O código moral é uma tentativa da sociedade de reprimir e até inibir a expressão das pulsões primitivas, desses desejos primitivos.
Ser bom geralmente significa ser obediente, ser mau significa, normalmente, ser desobediente.
A pessoa “virtuosa” normalmente inibe seus impulso.
A pessoa “pecadora” os satisfaz.
Isso não tem nada a ver com nenhuma espécie religiosidade, é só uma forma de falar, a pessoa que é legal, que é bacana é aquela que obedece, aquela que controla todos os seus impulsos e a pessoa que é “pecadora” é a pessoa transgressora, é aquela que satisfaz, tem vontade de pegar o carrinho do outro vai lá e pega.
Isso normalmente é visto como mau e a pessoa que controla sua vontade de pegar o carrinho é visto como bom.
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Mas o ID pode “corromper” o SUPEREGO.
Isso acontece, por exemplo, quando alguém em um ataque de fervor moralista toma medidas agressivas contra alguém supostamente “pecador” ou “transgressor".
A pessoa condena a violência, condena a transgressão, mas tem um ataque de moralidade e vai lá e aplica bastante violência com aquele sujeito, a pessoa faz aquilo que diz que não é para fazer.
Quando o EGO e, em particular, o SUPEREGO não cumprem sua função de modo apropriado, fatores do ID pode escapar e serem vistos. 
De alguma forma o SUPEREGO e o EGO não conseguiram controlar esse impulso e aí ele escapa na forma de violência nesse caso.
Isso acontece, por exemplo, nos atos falhos, que é um termo bastante conhecido no Freud que o ato falho acontece de diversasformas na língua, nas palavras, isso acontece muito.
Esquecer, por um momento, o nome de um amigo pode significar conflito inconsciente com este amigo e não somente um problema de memória.
Não é só um problema de memória, é um problema que você não quer lembrar, a memória por exemplo é bastante influenciada pelos aspectos afetivos, você tem um conflito com alguém por algum motivo tanto faz, uma dificuldade vai possivelmente prejudicar a sua memória e aí em vez de chamar Maurício que era o nome da pessoa você chama Marlon que é outra pessoa, é um problema de memória ou você quer ver o Marlon e não o Mauricio.
Os atos falhos são desse nível é uma escapadela do desejo do ID.
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Começar uma aula por exemplo dizendo: “ Então ... encerrando ...”.
O lapso, neste caso, seria a tradução do desejo inconsciente de encerrar e, não de iniciar a aula.
O desejo reprimido obteve satisfação por uma fresta nas defesas do SUPEREGO.
Porque o seu SUPEREGO está dizendo que você tem que trabalhar, você trabalha no lugar X e aí você vai dizer que está indo trabalhar na praia e logo depois você que não é praia, você está indo para o lugar X, num lapso linguístico você apresenta esse ato falho, uma escapada do ID, o desejo é ir para a praia e você tem que trabalhar, o SUPEREGO diz pro EGO que a hora é de trabalhar, o EGO sabe dessa realidade, eles entram num acordo, de que agora não vai dar para ir a praia, a praia só no final de semana ou nas férias, só que aquela força continua existindo, o desejo continuar existindo e aí ele sai de um determinado ponto, aparece que pode ser por exemplo num momento de ato falho.
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O sonho também nada mais é do que o resultado da luta entre o ID e o SUPEREGO.
O conjunto de conteúdos que forma o sonho traduz a trama de desejos não satisfeitos contidos no inconsciente da pessoa.
Sonhar é uma realização de desejo reprimido.
Trata-se de realização imperfeita e incompleta porque a ação do SUPEREGO impede que as imagens oníricas explicitem com clareza o desejo inconsciente.
O sonho normalmente parece quando acordamos muito confuso, muitas pessoas desconhecidas, conhecidas, situações estranhas, o SUPEREGO não deixa o desejo aparecer totalmente e o EGO vai tentar dar uma organizada sempre quando você acorda, o sonho é uma realização de desejo, é um desejo inconsciente, é uma força da produção do inconsciente, então ele é desorganizado, é desorganizado pela lógica que vivemos que é a lógica do princípio da realidade, é a lógica do EGO.
O sonho é meio desorganizado, é uma produção que escapa um pouco dessa cobrança e aparece no sonho.
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A falta de clareza do sonho é exigência feita pelo SUPEREGO que libera as energias do ID desde que elas tem sua forma alterada e não cheguem ao plano tal como elas realmente são.
O SUPEREGO garante dessa forma, o cumprimento de sua função repressora, ao mesmo tempo em que alivia, um pouco, a pressão oriunda do ID.
Na medida em que você sonha que aparece aquele conteúdo ali, você tem uma realização de um desejo ainda que de forma confusa, imperfeita, mas alivia um pouco a tensão que existe no ID para que aquilo saia de alguma forma e aí você que está voando, você sonha que está em outro país, em outro momento, em outra época, com outras pessoas fazendo coisas bem estranhas, bem diferentes e tudo meio “imperfeito” o que alivia um pouco a tensão do ID e resolve momentaneamente nessa questão.
Obviamente isso não vai resolver a sua vida, mas tem um alívio dessa tensão do ID.
No método de atendimento, no tratamento psicanalítico, o Freud propõe, os analistas, os psicanalistas propõe a análise do sonho, exatamente porque ele tem conteúdos ocultos, são coisas que latentes ali, não é o fato de você está voando que é importante, é o que que isso significa na vida da pessoa, voar pode ser se desprender, soltar, mudar, tem uma série de desejos que podem estar relacionados a isso dependendo da história do sujeito porque sempre o psicopedagogo vai tentar obviamente entender os passos do sujeito que levaram o sujeito a ter aquele sonho no caso da psicanálise.
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O mecanismo de defesa chamado de sublimação também expressa o resultado das tensões entre o ID e o SUPEREGO.
Energias reprimidas transformam-se são canalizadas para um único objetivo, possibilitando ao EGO exercer uma atividade socialmente aceita. 
Na medida que você tem desejos por exemplo de destruir, agressivos, alguma coisa e você resolve escrever, então você escreve histórias de terror, você vira escritor de histórias de terror, lá você mata nos personagens, você tem espíritos, qualquer coisa que seja bem agressiva, você transforma aquele desejo, isso é que a sublimação, que é muito difícil do EGO lidar, o EGO vai lidar, os mecanismos de defesa servem para defender o EGO tanto das coisas externas, dos traumas que você vive que são muito desorganizadores para o EGO, mas também dos desejos que são os desorganizadores, o desejo de destruir, de matar as pessoas, maltratar as pessoas podem ser muito desorganizadores para o EGO, que tem que lidar com a realidade que vai dizer que isso não é possível.
O mecanismo de defesa sublimação transforma isso numa produção de livros de terror, você acaba fazendo um acordo do desejo do ID, com o EGO e SUPEREGO, mais resolve essa tensão do ID.
O sujeito destaca-se em um determinado setor da vida social - artística, esportiva ou intelectual - em função da concentração de energia psíquica que ali se forma.
Você vai pegar a energia que está no inconsciente, está sempre forçando para sair para ser realizado e vai transformar aquilo uma coisa que é socialmente aceitável como por exemplo escrever livro de terror que é uma coisa que tem lá seu valor, as pessoas gostam, etc.
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A neurose também expõe a relação entre o ID e o SUPEREGO. 
O sintoma neurótico é aquela formação de compromisso, um desequilíbrio que se manifesta na vida consciente da pessoa, é o resultado visível de desejos que reprimidos pelo SUPEREGO, tornam-se inconscientes e procuram uma “válvula de escape” para acender ao plano consciente.
E e aí aparece muitas vezes na forma de sintomas de ansiedade, de dores de cabeça, de dores de estômago, etc. que quando a pessoa está focada naquilo, parece que é só aquilo.
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Entre diferentes pessoas, o ID seria visto como um componente comum da mente. 
EGOS e SUPEREGOS podem diferir consideravelmente.
O SUPEREGO é formado ao final da fase fálica, com a resolução do Complexo de Édipo, quando a criança internaliza as normas e as leis representadas pela figura paterna.
A figura paterna é a figura de autoridade, não necessariamente é o pai biológico, mas é uma figura de autoridade, a figura que diz o limite, que dá lei, que dá ordem, essa figura é a figura paterna.
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O final da fase fálica é um momento decisivo na constituição do SUPEREGO.
O SUPEREGO incorpora a partir daí, certas normas fundamentais, certas proibições decisivas.
Entre elas, o horror ao incesto e o impedimento de odiar os pais.
Isso é uma coisa que se forma, o Freud fala bastante sobre isso nesse final da fase fálica, logicamente sabe que é infelizmente acontecem situações onde o incesto acontece ou ódio dos pais, nós temos diferenças nesse SUPEREGO e nesses EGOS, mas de forma geral esse impedimento do incesto e do ódio dos genitores é fundamentado nessa fase.
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Os verdadeiros sentimentos ligados à fase fálica ficam ocultos no inconsciente, reprimidos por ação dessas normas morais, sobre quais outras são erguidas no decorrer da vida da pessoa porque aquela autoridade que deu limite no início, o pai ou a mãe depende da constituição familiar, também depois você vai ter um professor, vai ter um empregador, vai ter o patrão, você vai aprendendo a lidar com autoridade.
Mas os conteúdos do inconsciente não ficam lá docilmente.
Eles exercem poderosa pressão para manifestar-se à luz do EGO para chegar ao plano consciente. 
Isso não ocorre nos anos que imediatamente se seguem.
Os conflitos vão eclodir mais tarde, no início da puberdade.
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Eu coloquei dois filmesadolescente especificamente, um deles é um pouco mais antigo (1995) que é o “Diário de um Adolescente” com Leonardo DiCaprio ainda novinho, ele é um adolescente bastante problemático, o filme é baseado em fatos reais, ele é um adolescente bastante problemático, ele não tem pai e a mãe é solteira, ele não tem limite e ele acaba se envolvendo com drogas e por conta das drogas com a prostituição, tem umas cenas muito interessante para falar sobre essa imposição da regra. 
E o segundo filme é o “ As Vantagens de Ser Invisível”, de 2012, que também fala sobre esse relacionamento adolescente, as dificuldades desses limites, o menino que sofre bullying de alguma forma porque ele é diferente, é mais quieto.
É bem interessante vermos para ter esse olhar psicopedagógico, psicanalítico, começar a entender essas relações, esses conceitos a partir desses filmes como casos clínicos.
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O ID, EGO e SUPEREGO trabalham juntos na criação de um comportamento.
O ID cria as demandas, o EGO acrescenta as necessidades da realidade e o SUPEREGO acrescenta moral à ação que é tomada. 
O ID, EGO e SUPEREGO vão se relacionar sempre de uma forma ou de outra mais harmoniosamente ou menos harmoniosamente, mas vamos ter sempre o ID e o EGO se relacionando.

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