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Direito Penal I
Ismaili Donassan 
Divisões
· Do artigo 1 ao 120 – Parte geral.
· Do artigo 121 ao final – Parte especial.
Concepção do Direito Penal 
	Direito penal é o conjunto de princípios e leis destinados a combater o crime e a contravenção penal, mediante a imposição de sanção penal.
	O direito penal é segmento do ordenamento jurídico que tem a função de selecionar os comportamentos humanos mais graves e perniciosos a coletividade, capazes de colocar em risco valores fundamentais para a convivência social, assim em consequência, respectivas sanções, além de estabelecer todas as regras complementares e gerais a sua correta e justa aplicação.
· Contravenção penal – até 2 anos de pena – T.C.O.
· Crime – pena mais de 2 anos – I.P.
· Sursis processual – Todo crime com pena mínima até 2 anos
Da função ético social do Direito Penal
	O direito penal desempenha a função educativa em relação aos cidadãos, fomentando valores éticos sociais, mesmo no tocante a bens que ainda não tenham sido assumidos pela sociedade como fundamentais.
O direito penal, motiva os indivíduos a não violarem suas normas, mediante a ameaça de imposição de sanção na hipótese de ser lesado um bem jurídico. 
Objeto do Direito Penal
	O direito penal pode dirigir os seus comandos legais, mandando ou proibindo que se faça algo, ao homem, pois somente este é capaz de executar ações com consciência do fim. Assim, lastreia-se o direito penal na voluntariedade da conduta humana, na capacidade do homem para um querer final. Desse modo, o âmbito da normatividade jurídico penal limita-se as atividades finais humanas.
Direito penal como proteção dos bens jurídicos 
O direito penal tem como função a proteção dos bens jurídicos. Apenas os interesses mais relevantes são disciplinados pelo direito penal, como por exemplo, a vida, o patrimônio, a honra e etc.
Analogia 
Crime é um:
Fato Típico + antijurídico + culpável
· Tem que estar escrito no código penal;
· Tem que ser ilícito;
· Tem que ser maior de idade e culpável.
Analogia: consiste em aplicar-se uma hipótese não regulada por lei disposição relativa a um caso semelhante. Artigo 4º da LINDB. 
Na analogia, o fato não é regido por qualquer norma, e, por essa razão, aplica-se uma de caso análogo. Ex.: o art. 128, inciso II do CP. Dispõe que o aborto praticado por medico não é punido “se a gravidez resulta de estupro e o aborto é precedido de consentimento da gestante ou, quando incapaz, de seu representante legal. ”
Analogia ≠ Interpretação analógica 
As leis penais apresentam diversas divisões, podem ser:
· Incriminadoras: são as que criam crimes e culminam penas.
· Não incriminadora: são as que não criam crimes e nem trazem penas.
Dividem-se em: 
· Permissivas: autorizam a pratica de condutas típicas, ou seja, são as causas de exclusão de ilicitude. Ex.: art. 23, 24, 25, 128 e 142 do CP.
· Exculpantes: estabelece a não culpabilidade do agente ou ainda a impunidade de determinados delitos. Ex.: doença mental, menoridade, prescrição e perdão judicial. 
Pena concreta ≠ Pena abstrata 
Encontram-se comumente na parte geral, mas também pode ser identificada na parte especial do código penal. Por exemplo os artigos 312, parágrafo 3º, primeira parte.
· Penal: sem lei, sem crime.
Reparação de dano antes da sentença e art. 342, parágrafo 2º (retratação antes da sentença do processo em que ocorrem o ilícito no crime de falso testemunho.
· Culpa: negligência, imperícia.
· Negligência: não fez o que deveria ser feito.
· Imperícia: fez o que não deveria fazer.
· Interpretativas: esclarece o conteúdo de outras leis penais.
Ex.: art. 150 e 327 do CP.
· Peculato: funcionário público pode fazer. 
· De aplicações finais ou complementares: delimitam-se o campo de validade das leis incriminadoras.
· Diretivas: são as que estabelecem os princípios de determinada matéria. 
Ex.: princípio da reserva legal (art. 1º do CP).
· Integrativas ou de extensão: são as que complementam a tipicidade no tocante ao nexo causal nos crimes omissivos impróprios a tentativa e a participação (art. 13, parágrafo 2º, art. 14, II e artigo. 29, caput, respectivamente).
· Completas e perfeitas: apresentam todos os elementos da conduta criminosa.
Ex.: 157, caput, do CP.
· Incompletas ou imperfeitas: reservam a complementação da definição da conduta criminosa a uma outra lei, a um ato da administração pública ou ao julgador. São as leis penais em branco, nos dois primeiros casos, e os tipos penais abertos, no último.
Princípios 
São os valores fundamentais que inspiram a criação e a manutenção do sistema jurídico. Os princípios têm a função de orientar o legislador ordinário, e o aplicador do direito penal, no intuito de limitar o poder punitivo estatal mediante a imposição e garantias aos cidadãos.
Princípio da legalidade 
(Princípio da reversa legal, princípio da estrita legalidade e princípio da anterioridade)
	Encontram-se em previsão, no art. 5º, XXXIX, da CF, bem como o art. 1º do CP. Trata-se de clausula pétrea.
Preceitua, a exclusividade da lei para a criação de delitos e contravenções penais, juntamente com a cominação de penas. De fato, não a crime sem lei que o defina, nem pena sem cominação legal.
28/02/2018
Princípio da anterioridade
Mesmo fundamento da CF, decorre também do art. 5º, XXXIX, da CF e do art. 1º do CP. A lei produz efeitos a partir da data em que entra em vigor. Não se aplica a comportamentos passados, salvo para beneficiar o réu (art. 5º XL). É proibida a aplicação da lei Penal inclusive aos fatos praticados durante seu período de Vacatio Legis. Embora já publicada e formalmente valida, a lei não estará em vigor e não alcançara as condutas praticada em tal período. 
Prazo penal ≠ Prazo processual penal.
Princípio da insignificância (bagatela)
O princípio da insignificância é uma causa da exclusão da tipicidade. Sua presença acarreta na atipicidade do fato. Com efeito, a tipicidade penal é constituída pela união da tipicidade formal com a tipicidade material. Na sua incidência, opera-se tão somente a tipicidade formal (juízo de adequação entre o fato praticado na vida real e o modelo de crime descrito na norma penal). Falta então a tipicidade material (lesão ou perigo de lesão ao bem jurídico). 
Requisitos Objetivos
São 4 os requisitos objetivos exigidos pelo princípio da insignificância.
· Mínima ofensividade da conduta;
· A ausência de periculosidade da ação;
· Reduzido o grau de reprovabilidade da conduta/comportamento;
· Inexpressividade da lesão jurídica.
Cumulativo: na ausência de 1, não se aplica o princípio da insignificância.
Requisitos Subjetivos
Os requisitos subjetivos não dizem respeito ao fato. Ao contrário, relacionam-se ao agente e a vítima do fato descrito em lei como crime ou contravenção penal.
Vejamos:
· Condição pessoal do agente: aqui 3 situações merecem analise, o reincidente, o criminoso habitual e o militar.
· Reincidente: para o STF, é vedada a incidência do princípio da insignificância. Para o STJ é possível a aplicação desse princípio ao reincidente. 
Reincidente é a pessoa que já foi condenada por um crime e agora é condenada por outro.
· Reincidente genérico: crimes distintos.
· Reincidente especifico: o mesmo crime.
· Criminoso habitual: é aquele que faz pratica de delitos como seu meio de vida. A ele não se permite a incidência do princípio da insignificância, pois a lei penal seria inócua (sem eficácia) se tolerada a reintegração do mesmo crime seguidas vezes, em frações que, isoladamente, não superasse um determinado valor tido como irrelevante, mas o excedesse em sua totalidade.
· Militares: é vedada a utilização do princípio nos crimes cometidos por militares, em face da elevada reprovabilidade da conduta, da autoridade e da hierarquia que regulam a autuação castrense, bem como do desprestígio do estado, responsável pela segurança pública. 
· Condição da vítima: a configuração do princípio da insignificância também depende das condições do ofendido.Há que se conjugar a importância do objeto material para a vítima, levando-se em consideração, a sua condição econômica, o valor sentimental do bem, como também as circunstâncias e o resultado do crime, tudo de modo a determinar subjetivamente, se ouve lesão relevante.
Portanto, a análise da extensão do dano causado ao ofendido é imprescindível para a pertinência do princípio da insignificância. 
O valor sentimental do bem para a vítima impede a utilização da insignificância, ainda que o objeto material do crime não apresente relevante aspecto econômico.
Princípio da Intervenção Mínima 
	No campo penal, o princípio da reserva legal não basta para salva guardar o indivíduo. O estado, respeitada a previa legalidade dos delitos e das penas, pode criar tipos penais iníquos, contrário ao que é justo, ao que é mal, e instituir penas vexatórias a dignidade da pessoa humana. 
A intervenção mínima tem como destinatários principais o legislador e o interprete do direito. Recomenda moderação no momento de eleger as condutas dignas de proteção penal abstendo-se de incriminar qualquer comportamento. Somente deveram ser castigados aqueles que não puderem ser contidos por outros ramos do direito. 
Deste princípio decorrem outros dois:
· Princípios da fragmentariedade: 
Nem todos os ilícitos configuram em fração penal, mas apenas os que atentam contra valores fundamentais para manutenção e progresso do ser humano e da sociedade. Em resumo, todo ilícito penal será também ilícito perante os demais ramos do direito, mas a reciproca não é verdadeira. 
Pode-se afirmar que, em razão de seu caráter fragmentário, o direito penal é a última etapa de proteção ao bem jurídico. 
· Princípios da subsidiariedade: 
A atuação do direito penal é cabível unicamente quando os outros ramos do direito e os demais meios estatais de comando social tiverem se revelado impotentes para o controle da ordem pública. Em outras palavras, o direito penal funciona como executor de reserva, entrando em cena somente quando outros meios estatais de proteção mais brandos, e, portanto, menos invasivos da liberdade individual não forem suficientes para a proteção dos bens jurídicos. 
Princípio da proporcionalidade
Também conhecido como princípio da razoabilidade ou da convivência das liberdades públicas, a criação de tipos penais incriminadores deve constituir-se em atividade vantajosa para os membros da sociedade, eis que impõe um ônus a todos os cidadãos, decorrente da ameaça de punição que a eles acarreta.
Esse princípio possui três destinatários:
· O legislador (proporcionalidade abstrata);
· O juiz da ação penal (proporcionalidade concreta);
· Os órgãos da execução penal (proporcionalidade executora).
Princípio da humanidade
Decorre da dignidade da pessoa humana, consagrada pelo artigo 1º, inciso III da CF/88. Foi com base nesse princípio que o STF declarou inconstitucional o regime integralmente fechado para o cumprimento da pena privativa de liberdade nos crimes hediondos e equiparados.
Crime hediondo: é o crime considerado de extrema gravidade. Em razão disso, recebe um tratamento diferenciado e mais rigoroso do que as demais infrações penais. É considerado crime inafiançável e insuscetível de graça, anistia ou indulto.
Princípio da ofensividade ou da lesividade
Não há infração penal quando a conduta não tiver oferecido ao menos perigo de lesão ao bem jurídico. Este princípio atende a manifesta exigência de delimitação do direito penal, tanto em nível legislativo como no âmbito jurisdicional.
Princípio da presunção de inocência 
O princípio da presunção de inocência é um instituto previsto no artigo 5º, inciso LVII da CF/88. Refere-se a uma garantia processual atribuída ao acusado pela pratica de uma infração penal, oferecendo-lhe a prerrogativa de não ser considerado culpado por um ato delituoso até que a sentença penal condenatória transite em julgado. Esta situação, em tese, evita a aplicação errônea das sanções punitivas previstas no ordenamento jurídico. Ainda garante ao acusado um julgamento de forma justa em respeito à dignidade da pessoa humana.
Princípio da extra atividade ou ultra atividade 
Extra atividade é a possibilidade de a lei penal, depois de revogada continuar a regular fatos ocorridos durante a vigência (ultra atividade) ou retroagir para alcançar fatos ocorridos antes de sua entrada em vigor (retroatividade). De acordo com o artigo 5º, inciso XL da CF/88, onde nos traz que “a lei penal não retroagirá, salvo para beneficiar o réu”.
Princípio da consunção ou da ausência
A norma definidora de um crime constitui meio necessário ou fase normal de preparação ou de execução de outro crime, ou seja, há consunção quando fato previsto em determinada norma é compreendido em outra, mais abrangente, aplicando-se somente está. Neste sentido o crime consumado absolve o crime tentado, o crime é absolvido pelo crime de dano.
Princípio do “No bis in idem”
Um dos princípios fundamentais do direito penal nacional e internacional é o princípio da vedação a dupla incriminação conhecido como “no bin in idem”. Tal princípio proíbe que uma pessoa seja processada, julgada e condenada mais de uma vez pela mesma conduta.
“No bis in idem” – “Não se responde por um crime duas vezes”
Ex.: art. 157 do CP + art. 129 do CP.
Tipicidade pode ser Formal ou Material.
Lei Penal Intermediaria 
É possível, em caso de sucessão de leis penais, haver a aplicação de uma lei intermediaria mais favorável ao réu, ainda que não seja a lei em vigor quando da pratica da infração penal ou a lei vigente a época do julgamento. 
Ex.: ao tempo da conduta estava em vigência a lei A, sucedida pela lei B, encontrando-se em vigor ao tempo da sentença a lei C. Nada a impede a aplicação da lei B, desde que se trate entre todas elas a mais favorável ao agente. Em síntese a lei penal intermediaria é simultaneamente dotada de retroatividade e ultratividade. 
Lei Penal Temporária e Lei Penal Excepcional 
	Lei penal temporária é aquela que tem sua vigência pré-determinada no tempo, isto é, o seu termo final é explicitamente previsto em data certa do calendário. É o caso da lei 12.663/2012 conhecida como Lei Geral da Copa do Mundo de 2014, cujo art. 36 contém a seguinte redação: “Os tipos penais previstos neste capitulo terão vigência até o dia 31/12/2014. ” 
	Lei excepcional, por outro lado é a que se verifica quando a sua duração está relacionada a situações de anormalidade. Ex.: crime punido com reclusão de 6 meses a 2 anos, tomar banho com mais de 10 min de duração, durante o período de racionamento de energia.
(São alto revogáveis, por esse motivo são classificadas como leis intermitentes. 
Leis penais em branco e o conflito de leis no tempo
	A lei penal em branco é aquela cujo o preceito secundário é completo, mas o preceito primário necessita de complementação. Há previsão precisa da sanção, mas a narrativa da conduta criminosa é incompleta. O complemento pode constituir-se em outra lei ou ato da administração pública.
· Primário: descreve o crime.
· Secundário: descreve a pena a ser aplicada. 
O problema relativo ao assunto consiste em saber se, uma vez alterado o complemento da lei penal em branco, posteriormente há a realização da conduta criminosa, ou seja, com a infração penal já consumada e beneficiando o agente deve operar-se a retroatividade. Alterar-se não existia uma situação de anormalidade. Quando o complemento se inserir em um contexto de anormalidade, excepcionalidade, a sua modificação ainda que beneficia ao réu, não pode retroagir. Fundamenta-se essa posição na ultratividade das leis penais excepcionais, alicerçada no art. 3º, do CP.
	A lei penal em branco no preceito primário é chamada de lei penal em branco própria (executivo) ou impropria (legislativo), ou seja, o complemento do preceito primário pode se dar através do executivo ou do legislativo. Quando é o preceito secundário que exige um complemento, é chamado de lei penal ao avesso, ao revés ou invertida. A exemplo disso é a lei 2.889/56 (lei do genocídio), esta define o crime, masquando vai definir a pena remete ao Código Penal. Aqui no preceito secundário somente o legislador obrigatoriamente pode definir. 
Conflito aparente de leis penais
	Dá-se o conflito aparente de leis penais quando a um único fato se revela possível em tese a aplicação de dois ou mais tipos legais, ambos instituídos por leis de igual hierarquia e originarias da mesma fonte de produção, e também em vigor ao tempo da pratica da infração penal.
Requisitos:
· Unidade de fato;
· Pluralidade de leis penais;
· Vigência simultânea de todas elas.
Para fazer a adequação típica do fato, veremos a seguir:
· Princípio da alternatividade: 
A pratica de mais de um núcleo de tipo penal, caracteriza crime único, por que existe uma alternatividade do núcleo, umbilicalmente ligada a outra.
Ex.: art. 33 da lei 11.343/2006 (drogas).
· Princípio da especialidade:
Tem todos os elementos da norma geral, mas especifica. Prevalece a especifica. Ex.: infanticídio, homicídio culposo de transito, dentre outros.
· Princípio da subsidiariedade:
O tipo penal subsidiário descreve um crime autônomo com pena menos grave, com o crime que está previsto na norma primeira, ou seja, o crime mais grave. Funciona como um soldado de reserva, ou seja, se não aplicou a norma primaria, cai na reserva. 
Ex.: art. 314, 325 e 337. Esses artigos representam a subsidiariedade expressa, pois a própria lei traz em seu bojo. E a subsidiariedade tácita ela não integra de forma expressa na legislação.
Por exemplo, o crime de constrangimento ilegal (art.146) e ameaça (art. 147).
A ameaça está embutida no constrangimento ilegal, então não se aplica o constrangimento ilegal + ameaça, a ameaça é subsidiário ao constrangimento ilegal, não conseguiu alcançar o constrangimento ilegal, cai no crime de ameaça.
· Princípio da consunção: 
Crime mais grave absorve o menos grave.
Tempo do crime (art. 4 do CP)
Aqui surgem três teorias:
· Atividade: o crime ocorre no momento da conduta, não importando o resultado. Seja ação ou omissão.
· Resultado ou evento: o crime acontece no momento da consumação, independente da conduta.
· Ubiquidade: chamada de teoria mista, pois tanto faz que o tempo do crime se dê na atividade ou no resultado.
O nosso código adotou a teoria da atividade. A lei penal a ser aplicada é a lei que estava em vigor no momento da atividade.
Ex.: crime dia 20/09 o agente tinha 17 anos, respondera como menor de idade.
Sumula 711 – crime continuado ou permanente. Ex.: sequestro.
Nos casos do crime permanentes e continuados que são os que permanecem a atividade, por exemplo, um sequestro em que tenha uma atividade e consumação a cada dia enquanto não cessa a atividade o crime continua, ou seja, se o agente começa o sequestro com 17 anos de idade, e faz 18 anos durante o sequestro responde como maior de idade. No caso da prescrição, por força do art. 111, inciso I, está se inicia não da atividade da conduta, mas do resultado (consumação).
Territorialidade (art. 5 do CP)
Deriva-se do território.
No que tange a territorialidade, ela tem objetivo de trazer a validade da lei penal. A regra é que a lei brasileira seja aplicada aos crimes cometidos no Brasil. As exceções estão no Brasileiro que comete crime no Brasil.
Haja vista que o art. 5 do CP adotou o princípio da territorialidade temperada, pois não é absoluta, existem exceções.
No que tange o parágrafo 1º, este nos mostra o território em forma de extensão.
Embarcações 
· Brasileira ou a serviço do País.
· Mercantes ou privados: auto mar e espaço aéreo correspondente.
Aeronaves
· Brasileira: mesma regra acima.
· Estrangeiras: natureza pública ou a serviço do País (princípio da bandeira)
· Natureza privada: se estiver em pouso ou voo no Brasil/lei brasileira.
Lugar do crime (art. 6 do CP)
No que tange o lugar do crime, o CP adotou a teoria da ubiquidade, onde ocorreu a ação ou a omissão. Esta teoria já feita para indicar a territorialidade da aplicação da lei penal.
L – Lugar
U – Ubiquidade
T – Tempo
A – Atividade
Nos crimes a distância (conduta em um País e resultado em outro)
Onde a doutrina traz a carta bomba. No Brasil pela teoria da ubiquidade tanto pode ser punido no Brasil ou no local do resultado. 
Ex.: Se o Brasil tivesse adotado a teoria da atividade e, por exemplo, o Paraguai tivesse adotado a teoria do resultado, e o paraguaio envia a carta bomba para o Brasil, o agente estaria impune.
Crimes conexos
Crime relacionado com algum fato.
Ex.: o agente furta uma carta bomba, faz virar uma bomba e envia para outro País. 
Crime conexo não é um crime só, vai ser julgado apenas onde ocorreu, não tem, unidade. Se o furto se deu no Paraguai, responderá por este no local, pois não teve atos de execução no Brasil.
Crimes plurilocais
Mesmo País, porém, cidades diferentes. Aqui onde se consumou ou onde foi o último ato de execução.
Exceções: no caso de homicídio onde ocorreu a maioria dos atos de execução.
 
Extraterritorialidade (art. 7 do CP)
A lei brasileira será aplicada no exterior. 
No que tange a territorialidade a lei brasileira é aplicada em todo nosso território. Na extraterritorialidade é a possibilidade da aplicação da lei penal brasileira no estrangeiro.
O art. 7 possui dois incisos. 
No inciso I, temos a extraterritorialidade incondicionada e no inciso II a condicionada. Ou seja, no inciso I não há condicionantes para a aplicação da lei penal brasileira, qualquer desses crimes, aplicasse a lei penal brasileira. No caso de contravenção penal cometido no exterior não é objeto da aplicação da lei penal brasileira (art. 2 da LCP). No crime do inciso I independente se o agente foi condenado ou absolvido no exterior, ele estará sujeito as leis penais brasileira.
Os crimes com situações incondicionadas são, contra vida ou a liberdade do presidente da República, praticado contra o patrimônio ou a fé pública dos entes federativos (união, estado, município, DF), empresas públicas, sociedades de economias mistas, autarquias e fundações (desde que instituídas pelo poder público). 
Também os crimes praticados contra a administração pública no exterior ou por quem está ao seu serviço. Crimes de genocídio cometidos no estrangeiro por agente brasileiro ou domiciliado no Brasil. 
Nos crimes do inciso II, o réu precisa estar no território brasileiro ou ter entrado no Brasil, que o fato que ele praticou seja punível onde teve a sua atividade, que o crime esteja no rol que aceita extradição, que o réu não tenha sido absolvido ou já tenha cumprido a pena no estrangeiro e que não tenha sido perdoado ou extinta a punibilidade (extinta em qualquer País). Ex.: prescrição.
Essas condições são cumulativas. 
Ex.: está no Brasil, mas no local onde ele cometeu não é crime, então ele não é condenado. 
Os crimes no art. 7 são praticados por brasileiros, aeronaves ou embarcações brasileiras, seja mercantil ou privada. 
E por estrangeiros contra brasileiros, vai ser aplicada a lei brasileira mesmo que no exterior. 
E também os crimes que o Brasil se obrigou por tratado ou convenção.
Pena cumprida no estrangeiro (art. 8 do CP)
Este artigo evita a dupla punição (No bis in idem). Na extraterritorialidade condicionada, se o agente cumprir a pena no estrangeiro, não importa mais para o Brasil, ele não punirá mais. Mas na incondicionada temos as penas idênticas, ou seja, mesmo crime com mesma pena, o agente terá uma compensação. E quando as penas forem diferentes, as penas serão atenuadas (diminuídas). Ex.: se o agente praticou um crime contra o presidente do Brasil em solo Argentino, e lá foi condenado a 8 anos de reclusão, do qual já cumpriu 6, e posteriormente foge para o Brasil vindo aqui ser condenado a 10 de reclusão faltará o cumprimento de 4 anos.
Eficácia da sentença estrangeira
É possível homologar uma sentença estrangeira no Brasil. 
A primeira condição, é que a sentença estrangeira produza as mesmas consequências das leis estrangeiras aqui no Brasil. 
A segunda condição, está descrita na sumula 420 do STF, onde diz que não se homologa sentença estrangeira sem prova de transito em julgado,para que surtam efeitos no Brasil.
Pode o Brasil também homologar a sentença para efeitos civis (art. 9, inciso I), ou seja, para reparar o dano, restituir coisa apreendida e para que essa sentença seja homologada, ocorrendo o efeito civil tem que ter um pedido da parte interessada (art. 9, parágrafo único, alínea A do CP). 
No que tange a aplicação de medida de segurança (art. 9, inciso II), também é necessário condicionante se tiver tratado de extradição com o País de origem ou se não tiver, o ministro da justiça tem que requisitar.
A competência para homologar é do STJ (art. 105, inciso I, alínea i da CF). Depois de homologada esta sentença ela terá força de título executivo judicial. No caso de sentença de divórcio, quando a sentença vem para o Brasil, para validar tem que ser traduzida de forma juramentada, por tradutor juramentado e um advogado encaminhar até o STJ, e ambas as partes estarem cientes.
Contagem de prazo (art. 10 do CP)
O artigo 10 do CP dividiu-se em duas partes. A primeira parte nos traz o seguinte: o dia do começo inclui-se na computa do prazo. Aqui, já temos clareza que estamos falando do prazo penal e não do processual, que exclui o início e inclui o final. Vale ressaltar que mesmo fracionado este dia, computa-se por inteiro. Por exemplo, uma pessoa presa as 23:57, para o prazo penal já é computado como dia inteiro. 
O prazo penal é improrrogável, mesmo que termine em dia não útil, exemplo: se o termino é no domingo este será computado. 
O prazo penal mesmo sendo improrrogável, pode ser suspenso ou interrompido, por exemplo, pela prescrição, onde o recebimento da denúncia interrompe a prescrição (art. 117, inciso I, e art. 109).
· Prazo penal inclui o primeiro dia inteiro e exclui o último – art. 10
· Prazo processual penal exclui o início e inclui o último – art. 798
A parte 2 desse artigo nos traz: contam-se os dias os meses e os anos pelo calendário comum, calendário este usado por nós brasileiro (calendário gregoriano). O dia é contado da meia noite de um dia até meia noite do outro. Com relação aos meses e os anos no direito penal, será contado por inteiro, sem fracionar.
O mês no direito penal é contado até a véspera do mesmo dia 10/02, o prazo será contado até dia 09/03. Os prazos penais mexem com o direito de liberdade, direito de punição do processual civil e prazo penal. 
Está descrita no art. 798 do CPP. Atentarem-se as sumulas 310 e 710 do STF.
Suspensão é diferente de interrupção;
· Na suspensão de prazo prescricional, o prazo suspende e ele volta a correr considerando aquilo que já foi cumprido e já foi computado. 
· Na interrupção de prazo prescricional, o prazo inicia-se do zero, começa tudo de novo, não computa o que já ocorreu. (Art. 117 do CP).

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